O diretor Jonathan Demme procura nos mostrar a realização de um casamento por uma ótica à qual não estamos acostumados em filmes, isto é, como se estivéssemos acompanhando um documentário ou um reality show. Dessa maneira, o diretor nos coloca no meio dessa família instável e problemática, como se fossemos "penetras" em toda essa história, acompanhando os acontecimentos de forma crua e realista.
O problema é que o aspecto mais interessante do filme também é, por outro lado, o seu ponto mais negativo, pois, nessa tentativa de imprimir um realismo à trama, a obra também se torna excessivamente monótona e chata. Essa lentidão dura até a metade da película, a partir da qual o drama familiar começa a se elevar, prendendo mais a atenção do espectador. No entanto, logo depois tudo retorna à monotonia e, ao término, é apresentado um final previsível e pouco ousado.
O filme vale pela atuação da Anne Hathaway e por algumas cenas interessantes ao longo da história, mas ficou a sensação de que foi muito lento durante a maior parte do tempo e de que faltou muita coisa para tornar o enredo mais completo. É um filme esquecível.
Assisti apenas por curiosidade, já com expectativas baixas e o filme não me surpreendeu: é tão ruim, previsível e superestimado quanto eu imaginava anteriormente. Nem todo o hype construído nas mídias e o marketing dos produtores é capaz de mascarar que o filme tem, na verdade, poucas coisas a serem elogiadas, muitos problemas no roteiro e uma trama tão profunda quanto um pires.
Sendo justo, elogio a escolha do elenco - Margot Robbie e Gosling, sobretudo, estão perfeitos em seus respectivos papéis - e os aspectos visuais, mas os pontos positivos, infelizmente, param por aí. Após um início até divertido e interessante, o filme não consegue, ao longo do resto da trama, manter uma regularidade e nem desenvolver bem as suas personagens, indo por caminhos previsíveis e pouco criativos. Mesclando comédia com momentos dramáticos, a produção não consegue convencer nem como uma coisa e nem como outra, isto é: como comédia, não é engraçado e, como drama, não é dramático o suficiente.
Além disso, também se perde muito - e muito por culpa da diretora, que aparentemente fez isso de maneira intencional - em uma militância forçada, fazendo um filme sobre bonecas se transformar mais em um panfleto feminista do que qualquer outra coisa - como muito bem comentaram anteriormente por aqui, até parece que o enredo foi escrito por twitteiros e não por roteiristas profissionais. No entanto, se houvesse esse mesmo discurso no filme, acompanhado com um roteiro bem elaborado e uma história interessante, até dava para suportar, porém não é isso que acontece em "Barbie".
Em conclusão, a sensação final é de que o filme foi, pelo menos para mim, uma grande perda de tempo.
Sem dúvidas, "Oldboy" não é para qualquer um e, com certeza, também não é o filme que eu imaginava que seria. Esperava, por exemplo, mais cenas de ação, e recebi, por outro lado, uma interessante trama que foca mais no lado do thriller. No caso, um grande mistério é construído desde o início e o protagonista passa a maior parte da história procurando descobrir a verdade por trás de tudo que passou e as motivações que levaram a toda essa situação - e o telespectador acompanha a desmontagem desse bem elaborado quebra cabeça.
No entanto, vale destacar que, embora não tenha tantas cenas de ação como imaginava antes de assistir, as poucas que existem são brutais, sanguinárias, muito bem feitas e, por conta disso, marcantes - sobretudo, a célebre cena da luta no corredor. O mais impressionante, na verdade, é que qualquer violência que tais cenas apresentem, ainda assim não chegam sequer perto de serem tão chocantes e perturbadoras quanto o plot twist final do filme, que fecha todo o quebra cabeça montado ao longo do enredo e realmente deixa o telespectador de boca aberta.
Infelizmente, "Oldboy" tem diversos furos de roteiro - alguns mais e outros menos importantes - e fatos não muito bem explicados, tais quais como Woo-jin conseguiu se tornar tão poderoso e como criou Mi-do durante tanto tempo. Além disso, para um plano tão bem arquitetado, pareceu-me bastante arriscado apostar em uma coincidência, como a de Dae-su ir exatamente ao restaurante em questão. E, na cena final, o porquê do protagonista ser ajudado pela mulher que o hipnotizou também não me pareceu muito sólido. Os pontos positivos da obra compensam esses erros, mas não posso negar que me incomodaram um pouco.
E, quanto ao término do filme, verifiquei, após uma rápida pesquisa, que o diretor realmente buscou deixar a cena final ambígua, o que considero um acerto, pois, para qualquer que seja o desfecho, ele é igualmente trágico. Se Dae-su continua se lembrando do que aconteceu, significa que terá de viver com isso para o resto da vida. No entanto, se ele não se lembra mais do teor incestuoso da relação, talvez seja até pior, pois ela continuará indefinidamente.
A maior lição dessa trágica história talvez seja a de que a vingança é, de fato, uma causa perdida e, após alcançada, a única coisa que existe em seguida é o vazio. A violência, nesse caso, seria uma prisão tão insensata quanto o quarto horrível em que Dae-su estava preso, mas com única diferença: sem perspectiva de libertação.
Um ótimo filme para quem deseja conhecer mais do cinema sul-coreano e "sair da mesmice" das produções hollywoodianas. Porém, aviso: tem que ter estômago para assistir.
Também sou um daqueles que não assistiu o clássico de Akira Kurosawa, então não conseguirei avaliar se o remake faz jus à obra original. No entanto, posso dizer que "Living" é, sem dúvida, um filme sensível e com uma temática simples, porém tocante, de um homem comum e burocrático que busca aproveitar da melhor maneira possível os últimos meses de vida. E, ao fazê-lo, não somente se sente mais feliz consigo mesmo, mas também consegue ajudar as pessoas ao seu redor e deixar uma marca positiva.
A atuação de Bill Nighy é ótima e uma aula de como um ator não precisa de excessos - o famoso overacting - para representar bem o seu personagem, mas pode expressar suas emoções de forma contida. No entanto, se a grande performance do ator é o ponto alto da obra, por outro lado ficou a sensação de que o filme coloca demasiadamente nas costas de Nighy o sucesso da história. Em outras palavras: sem o ator na tela, o filme não possui outros personagens interessantes, nem diálogos marcantes ou cenas que mereçam algum maior elogio, mas gira completamente em torno da personagem principal.
Pode desagradar àqueles que não gostam de uma narrativa mais lenta e, sem dúvida, tem os seus problemas no roteiro e nas personagens secundárias, mas, no geral, o filme é bom e traz uma mensagem bonita.
Depois de trabalhos um tanto decepcionantes em "Tenet" e "Dunkirk", "Oppenheimer" marca o retorno triunfal de Nolan, um dos meus diretores favoritos, ao patamar que nos acostumamos a vê-lo, em uma obra muito bem produzida e visualmente impactante.
Apesar das três horas de duração, devo dizer, indo na contramão de muitos, que em momento algum me senti entediado ou cansado, pois o diretor conseguiu, de maneira inteligente, manter o filme sempre a um bom ritmo. Aqui a história não fica presa a situações monótonas, mas consegue, seja com diversos momentos de tensão ou seja com suas constantes alternâncias no tempo, prender bem a atenção do espectador e dissecar acontecimentos importantes da vida do famoso físico americano unindo precisão histórica e dramaticidade. E, apesar de ser um filme biográfico, vai além de descrever a vida do indivíduo em questão e nos faz aprender mais sobre fatos relevantes da história da humanidade e refletir sobre questões importantes, como, por exemplo, a utilização de armas de destruição em massa.
Um aspecto interessante é que Oppenheimer, a figura central de toda essa trama, não é aqui idealizado e nem a sua figura colocada como herói ou vilão. No filme, é mostrada toda a complexidade de sua personalidade, isto é, de um lado a genialidade e, do outro, todos os seus defeitos, dúvidas e decepções que carrega ao longo da vida pessoal e profissional. E obviamente essa construção da personagem passa muito pela atuação gigantesca de Cillian Murphy - que é acompanhada de outras excelentes performances, sobretudo a de Robert Downey Jr.
É também impossível deixar de mencionar os brilhantes aspectos técnicos. É como se estivéssemos acompanhando uma grande ópera envolvendo personagens históricos, com um visual e trilha sonora hipnotizantes. Nolan, um diretor tão conhecido por seus diálogos e roteiros, aqui usa também bastante o poder da imagem para nos mostrar tudo aquilo, como a intensidade da força nuclear, que é difícil explicar com palavras.
Único aspecto negativo possa ser a presença de Jean Tatlock e Katherine Oppenheimer na história, pois ambas, muito importantes na vida do físico, são aqui reduzidas a personagens meramente secundárias e que não contribuem, de fato, com os dois principais temas do enredo: o papel do cientista na criação da bomba e a perseguição que sofreu nos anos posteriores à guerra. Talvez em uma série, com vários episódios, os papéis de ambas poderiam ser melhor explicados, mas, mesmo em um filme de longa duração, as duas pareceram aqui peças que não se encaixavam com o restante do quebra cabeça.
A proposta do filme é bem interessante: a de mostrar como a busca desenfreada pelo dinheiro e por pertencer a uma elite pode atrapalhar a vida pessoal de alguém, corroer as relações familiares e, no final das contas, sequer conseguir alcançar o objetivo almejado - e, aliás, até realizar o contrário, isto é, prejudicar o indivíduo financeiramente.
Um dos protagonistas da história, Rony, teve uma infância com diversas dificuldades, o que o fez tornar um adulto com grande vontade de ser rico e compensar tudo o que não teve quando jovem. Da mesma maneira, também procuraria fornecer, aos seus filhos, todas as benesses que seus pais não puderam dar a ele.
No entanto, se por um lado é perfeitamente compreensível e até benéfico que um pai queira prover sua prole da melhor maneira possível, até mesmo esse desejo pode, se levado ao extremo, ser negativo. No caso de Rony, esse pensamento faz com que ele arrisque tudo, mude-se de volta à sua terra natal e aposte todas as fichas em acordos ousados em uma empresa. Além disso, faz o máximo esforço não somente para ser rico, mas também para parecer rico, a fim de impressionar potenciais clientes e ajudar nos negócios.
O problema é que, quando alguém vive excessivamente de aparências, isso acaba por destruir lentamente a pessoa, pois ela fica consumida por suas próprias mentiras, não conseguindo sequer entender mais quem ela realmente é. E, se isso não bastasse, a busca desenfreada por garantir todo o luxo à sua família, acaba por fazer com que Rony esquecesse de elementos essenciais que um pai deve dar aos filhos e a esposa, acima do dinheiro e dos status: amor e atenção.
Essa mensagem deixada pelo filme é muito poderosa, no entanto, infelizmente não foi tão bem executada. A verdade é que "O Refúgio", na tentativa de ser realista, é demasiadamente lento e entedia o espectador com inúmeras cenas em que nada acontece. Isso sem falar de várias partes da história não serem bem explicadas ou até serem descartáveis à trama principal, como a cena final do cavalo e o passado familiar de Rony, dando a sensação de que a história é apresentada de maneira incompleta.
A minha opinião é que a obra poderia ter sido bem melhor desenvolvida se houvesse mais ousadia, por parte dos roteiristas e do diretor, de mostrar algo a mais. Realismo é bom, mas realismo em excesso é prejudicial. Se os espectador quiser realismo de verdade ele vai se preocupar com os problemas da própria vida e não com os problemas de personagens fictícios, então é bom que o filme proporcione momentos além do que estamos acostumados a ver no dia a dia, caso contrário inevitavelmente vai se tornar entediante.
Com esse título e essa sinopse, é inegável que "Urso do Pó Branco" chama bastante a atenção e, meramente por curiosidade, decidi assistir. O filme, em resumo, é uma mistura de terror, comédia e, sobretudo no final, um pouquinho de drama, o que combina com a história bizarra - e apenas levemente baseada em fatos reais, pois, na realidade, o urso morre de overdose logo após ingerir a droga.
Se o espectador assistir de forma descontraída, é possível, de certa maneira, deixar passar os inúmeros furos de roteiro e cenas desnecessárias e se divertir. No entanto, não dá para ignorar, após analisar com mais tranquilidade, que Elizabeth Banks, cuja carreira como diretora ainda não decolou, comete um grande erro ao não abraçar, por completo, as bizarrices da história e, ao invés disso, perder muito tempo com arcos e personagens descartáveis.
As melhores cenas dessa maluca produção são as envolvendo, por razões óbvias, o urso sob efeito das drogas, com todo o gore que elas podem fornecer, que é exatamente o que todos aqueles que decidiram ver o filme gostariam de presenciar. Em outras palavras: os melhores momentos do filme são aqueles em que o filme não se leva muito à sério e incorpora os absurdos do enredo.
Como foi comentado por aqui anteriormente, se literalmente toda a história se baseasse nos traficantes, ou turista e moradores locais, passando por perrengues contra um urso drogado e isso fosse bem explorado com humor negro, o filme seria bem melhor e um grande clássico trash. No final das contas, acabou sendo uma boa tentativa desperdiçada.
Comecei assistindo com expectativas baixas, e surpreendeu-me positivamente não somente por seus aspectos técnicos, mas sobretudo por realizar, entre erros e acertos, uma espécie de "releitura" da história do Homem Morcego, com uma abordagem mais noir, investigativa e humana do herói. Mesmo que a sua história, tanto pelos quadrinhos quanto pelas adaptações anteriores, já seja bastante conhecida, é apresentada, em "The Batman", com um grande ar de mistério, como se estivéssemos redescobrindo um personagem que nos acostumamos tanto a ver nas telas.
Aqui temos um Batman ainda nos primeiros anos de sua trajetória na luta contra o crime, o que explica as dúvidas dele acerca de si próprio e muitos dos erros que comete ao longo do filme. Ele ainda está aprendendo em como realizar aquilo que se tornará basicamente a sua "vida" pelos próximos anos, sendo primeiro motivado meramente pelo desejo de vingança, mas aos poucos começando a encontrar outras motivações que o impulsionem a prosseguir em sua caminhada. E este é o ponto que talvez algumas pessoas não compreenderam bem e criticaram o filme por isso: aqui, pelo menos ao meu ver, não se está querendo tornar o Batman aquilo que ele não é ou distorcer o personagem, mas, na verdade, mostrar como ele começou sua caminhada como vigilante e foi, aos poucos, tornando-se aquele Batman que todos nós conhecemos e nos acostumamos, logo é por esse motivo que, nesta história, ele está diferente.
Tinha muito receio quanto ao Robert Pattinson como Bruce Wayne, mas ele entrega uma boa atuação, assim como o resto do elenco. Paul Dano é um ótimo ator e aqui cumpre bem o papel que lhe foi pedido, mas a forma como retrataram o Charada ganha pontos apenas pela ousadia em mostrar esse vilão de uma maneira diferente, pois, pessoalmente, não me agradou muito. Da mesma maneira, o seu "plano" final não foi dos mais empolgantes ou inusitados e poderia ter sido melhor elaborado - e, sendo ele o vilão principal, isso também comprometeu o filme.
Um outro ponto negativo foi a lentidão em vários momentos, o que acabou resultando em um filme de duração maior do que deveria ter e um tanto arrastado. Não peço que o filme seja "corrido" e nem se apresse em detalhar sua história, mas claramente poderia ter sido, no mínimo, encurtado uma meia hora, em especial retirando aquela parte relacionada ao passado do Thomas Wayne, que foi desnecessária, irrelevante e apenas tomou tempo da película.
Sendo assim, "The Batman" não é nem uma obra-prima como muitos erroneamente disseram - e está muito longe dos melhores filmes do Homem Morcego, mas também não é horrível como vi alguns comentários dizendo. O diretor Matt Reeves, apesar de também ter sido um tanto previsível em algumas partes, ousou em mostrar uma abordagem diferente acerca dos primeiros anos do herói, e isso naturalmente é arriscado e pode dividir opiniões, mas, no geral, creio que o filme teve mais acertos do que erros e entregou bons momentos - embora, ressalto, não precisava ser tão longo.
Mesmo sendo uma animação antiga, "A Máscara do Fantasma" ainda se destaca pela sua qualidade, seja na parte técnica em si da animação, seja na trilha sonora ou na história apresentada. Aqui somos apresentados a um Batman já maduro e ciente de suas obrigações como o vigilante noturno de Gotham, mas que acaba sendo confrontado por um vilão que o obriga a encarar, sem trocadilhos, antigos "fantasmas" do seu passado, incluindo episódios que quase o fizeram desistir de sua luta contra o crime.
Um dos pontos mais interessantes do filme é como acompanhamos duas narrativas ao mesmo tempo, a do Batman atual buscando investigar um caso difícil e praticamente sem rastros, e a de Bruce Wayne mais jovem e ainda sem ter sequer iniciado sua trajetória como o Homem-Morcego, e como ambas acabam se cruzando. Em um certo momento, a história pode parecer um pouco confusa, mas, com a surpreendente revelação da identidade do vilão no final, tudo acaba se encaixando como um bom quebra cabeça.
A ressalva que faço é com relação a presença do Coringa. Embora seja sempre um ótimo personagem, e aqui muito bem interpretado pela voz de Mark Hamill, a sua participação nessa história acaba sendo a única peça "fora do lugar", como se estivesse se intrometendo em uma história a qual não pertence, mas que deveria focar principalmente em Batman e o Máscara Fantasma. O Joker até poderia ser incluído no enredo, mas, da maneira que fizeram aqui, não me pareceu a melhor forma.
Bastante fiel às HQs e com um roteiro bem amarrado, "Batman: Ano Um" é mais um bom filme de animação da DC Comics - que costuma acertar muito mais em suas versões animadas do que live action, diga-se. A história nos mostra o início da trajetória de Bruce Wayne como Batman, com todos os seus erros e aprendizados, assim como também o surgimento de outros personagens importantes no universo dos quadrinhos, como a Mulher Gato, Harvey Dent e, de uma maneira bem breve ao final, o Coringa.
No entanto, o grande foco aqui não é no Homem Morcego, que acaba se tornando um coadjuvante, mas em Jim Gordon e na sua caminhada desde um policial recém chegado em Gotham até se tornar capitão e obter reconhecimento da população e imprensa locais - o que acaba sendo um dos obstáculos enfrentados pelo seu chefe contra as tentativas de afastá-lo da polícia. O filme aborda as dificuldade enfrentadas por Gordon ao ser um dos poucos policiais honestos em um meio extremamente corrupto e sujo, assim como também os problemas pessoais enfrentados por ele quanto ao relacionamento com a esposa grávida. A narrativa não busca retratá-lo como um herói perfeito, e sim como um homem que busca fazer o bem, mas tem defeitos.
O único ponto negativo talvez seja a duração. Por ser um filme muito curto, acredito que faltou um melhor desenvolvimento a algumas personagens. No final, ficamos com a sensação de querer mais, e eu tranquilamente aceitaria mais uma hora desta boa película, embora entenda que a curta duração é uma tendência dentre quase todos os filmes animados da DC.
O mundo da política é podre e cheio de pessoas sem escrúpulos e que fariam de tudo pelo poder. Em resumo, é isso que nos mostra "Affairs of State", que centra sua narrativa no protagonista Michael Lawson, que costumava trabalhar no escritório de um senador, mas agora está desempregado e buscando retornar à política. Na tentativa de voltar a trabalhar para algum político, ele mira alto e sonha em obter uma vaga no gabinete do senador e candidato à presidência John Baines. Para alcançar esse objetivo, tem de trilhar um caminho sujo, que inclui desde dormir com doadoras de campanha idosas a buscar "podres" de candidatos adversários. No entanto, no final das contas, o que complica sua vida é um inesperado relacionamento com a esposa do senador e todos os acontecimentos que acompanham sua entrada não somente na campanha, mas no seio da família do candidato.
O cruzamento da sujeira do mundo político com a infidelidade por parte da esposa do senador, além também de um relacionamento de Michael com a filha de John, funciona bem aqui. Aliás, a história, de uma maneira geral, é interessante, mas peca bastante no desenvolvimento das personagens e na maneira acelerada com a qual o protagonista vai crescendo no meio político e ganhando a confiança de Baines. Sendo assim, estão aqui presentes elementos de uma boa história, mas que talvez pudessem ter sido melhor aproveitados nas mãos de roteiristas e diretores mais habilidosos ou mesmo como uma série, e não em um único filme.
Despretensioso e cheio de reviravoltas e surpresas, "Depois de Horas" talvez seja o filme "menos Scorsese" do diretor, misturando elementos de drama, comédia e suspense.
O protagonista, Paul come o "pão que o diabo amassou" aqui, passando por situações confusas, inesperadas e angustiantes. Scorsese, com toda sua habilidade e trabalhando com um tipo de narrativa diferente ao habitual em sua filmografia, consegue passar essa angústia também ao público. Dessa maneira, ao longo de todos os eventos malucos e surreais que acontecem na trama, somos igualmente aprisionados a esse mundo grotesco e sem causas, apenas com consequências.
Talvez tenha havido um excesso de surrealismo em algumas cenas e este filme, sem dúvida, está longe de ser um dos melhores de sua carreira, mas ainda é um bom, divertido e pouco conhecido filme desse diretor do qual sou fã.
Dentre os diversos pontos positivos deste filme, começo pelos aspectos técnicos. A direção, a trilha sonora, a edição e a fotografia trabalham juntas para criar um clima "neo noir", e imergir o espectador nesse visual estiloso e impactante, como na belíssima cena do elevador no final do filme, que combina com o personagem principal e com a história de uma maneira geral. Interessante também notar como o pop eletrônico em clima oitentista permeia o longa, que não utiliza músicas em cenas que, em qualquer outro filme com carros, seria o normal. Quando o motorista está em uma perseguição, ouvimos apenas o ronco dos motores, o pneu no asfalto e o rádio da polícia, o que aumenta a tensão de forma natural. Não à toa, pelo menos na categoria Edição de Som, o longa foi lembrado no Oscar daquele ano - enquanto foi esnobado em diversas outras categorias.
Em segundo lugar, a história, que é simples, mas muito bem elaborada e contando com momentos de tensão e reviravoltas que prendem a atenção do espectador. O motorista (em grande interpretação de Ryan Gosling) é um homem introspectivo, frio e de poucas palavras (lembrando outros anti heróis do cinema, como Charles Bronson e Clint Eastwood), vivendo uma vida solitária e tendo que depender, não somente do próprio trabalho, mas também de alguns "bicos" em roubos e perseguições para se sustentar. O seu personagem não vive de fato, mas apenas se contenta em sobreviver, sem amigos e sem família, mas apenas com si próprio e sua habilidade na direção. As coisas começam a mudar ao conhecer Irene (Carey Mulligan, também em ótima performance), a doce garçonete e mãe, que cuida sozinha do filho enquanto o marido está na prisão. Ele não somente se apaixona por ela, mas cria um vínculo de afeto e de proteção com o filho dela (Benício), que não se quebra sequer depois do retorno do marido Standard (Oscar Isaac) da prisão. Nesse momento, o personagem passa a ter um propósito além da própria sobrevivência: a proteção daquela família, em especial Irene e Benício. Por isso, decide ajudar o marido a resolver sua situação financeira e, a partir daí, a história começa a se tornar mais tensa, com diversas cenas de violência extrema, perseguições e tiros e com o trabalho do motorista também sendo comprometido por esse contexto.
Ao final, Standard morre, Irene, mesmo aparentemente a salvo dos bandidos, perde o marido e Benício perde o pai, e o motorista sequer pode retornar para ver a amada, tendo que viver, dali pra frente, uma vida de perpétua fuga de criminosos que estarão atrás dele. Mesmo tendo buscado fazer a coisa certa, ajudar aquela família e escapar de sua vida solitária de crime, o motorista, no final das contas, retorna a exatamente o ponto de partida de sua história: sozinho e dirigindo o seu carro, buscando sobreviver. Logo, cumpre-se a fábula do sapo e do escorpião (escorpião este também presente na jaqueta do motorista) citada no filme e que define a história: não importa o caminho que se siga, é impossível fugir de sua própria natureza. Um final melancólico, mas finais tristes também possuem uma incomum beleza, e este aqui é um ótimo exemplo.
Possuindo drama, romance, ótimas cenas ação e uma história simples - porém com diversos simbolismos e bem amarrada - e alternando entre cenas suaves e delicadas com momentos de violência gráfica, "Drive" conquista o espectador de imediato e é um daqueles filmes marcantes, para ver e rever.
É um filme que aborda diferentes temas, como destino, oportunidades e solidão, retratando como nossas vidas podem ser afetadas por eventos, muitas vezes, fora do nosso controle ou da razão. Além disso, também conta com uma bela fotografia, com a cor vermelha presente em diversos momentos, boa trilha sonora e grande atuação do elenco, em especial de Jacob e Trintignant.
Apesar de tantos significados e simbolismos ao longo da trama e de histórias distintas se entrelaçando durante a película, a narrativa, de uma maneira geral, se centraliza na relação entre Valentine e o juiz, com as suas diferenças e semelhanças. Ele busca a verdade, enquanto ela considera que as pessoas possuem o direito a ter segredos. Para ela, as pessoas não são más, apenas fracas, enquanto ele, por sua vez, pensa diferente, até por experiências traumáticas em seu passado. Ela é uma mulher jovem, bonita, correta, elegante e sensível, enquanto ele é um velho melancólico que não se relaciona com ninguém e que passa a maior parte do tempo ouvindo as conversas dos vizinhos para preencher o vazio de sua vida. No entanto, à medida que vão se conhecendo, constroem uma amizade - ou fraternidade - estranha, mas muito bonita. A maneira que a sua relação fraterna é construída e a forma como os diferentes personagens têm suas histórias cruzadas é o ponto forte do filme.
Por outro lado, embora a proposta do diretor seja muito interessante, creio que poderia ter sido melhor executada. O filme, em diversos momentos, não vai a lugar nenhum, assim como não aprofunda muito outros personagens. É bom, cumpre bem o seu papel, mas a ideia por trás da obra acaba sendo melhor do que a obra em si. Fiquei com a sensação de que faltou um "algo a mais".
Divertido, tecnicamente bem produzido e animado por uma excelente trilha sonora de Hans Zimmer, Rango é um filme com uma identidade própria e que, assim como o seu personagem principal, se destaca em meio a outras produções do gênero com um visual único e diferenciado.
Ao contrário da maioria das produções animadas recentes, que divertem os pequenos enquanto entretém com competência os adultos, Rango parece ser direcionado mais ao segundo grupo, com desenhos bastante realistas, crus e secos, sem muita "fofura". Além disso, muitas das piadas são bem inteligentes, sempre com uma segunda intenção, e não serão todos que conseguirão pegar tudo numa primeira vez. O filme também traz referências interessantes a clássicos do cinema - como os filmes de faroeste, em especial a Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, e Chinatown - e um ótimo trabalho de dublagem por parte do elenco, sobretudo Depp.
Acho que o filme se alongou demasiadamente em alguns momentos, em especial no meio para o fim, e algumas cenas foram um pouco desnecessárias, mas, de uma maneira geral, é uma boa diversão para todas as idades, em especial adolescentes e adultos.
É um filme complicado de se avaliar. Por um lado, entendo perfeitamente a proposta do diretor/roteirista de criticar a violência existente nos filmes e na mídia e como ela nos afeta, assim como também compreendo que tentou aqui subverter as expectativas do público quanto ao desfecho dos seus personagens, fugindo do óbvio e do que normalmente ocorre nas produções de Hollywood. No entanto, por outro, é inegável que o filme deixa o espectador extremamente desconfortável, irritado e enojado por todo o terror psicológico pelo qual a família passa e pela psicopatia e frieza dos criminosos, o que acaba nos deixando com uma sensação ruim ao término do filme e com o desejo de não ver de novo o que acabamos de assistir. Ou seja, é um filme que cumpre muito bem o seu objetivo de nos fazer detestar tudo aquilo que é mostrado no filme.
Não me agradou muito a "quebra da quarta parede" e muito menos a cena do controle remoto, que, para mim, encontra-se um pouco deslocada aqui. No entanto, um ponto bastante positivo é como o diretor consegue provocar o terror sem mostrar uma cena sequer de violência. Os momentos mais perturbadores e pesados são exatamente aqueles que ficam de fora da câmera e apenas na nossa imaginação. Ouvimos os tiros e os gritos e vemos o sangue, mas não a cena em si.
Mesmo que fosse contra sua própria proposta, eu, pessoalmente, acho que o filme ficaria melhor sem toda essa metalinguagem e com um final um pouco mais satisfatório. Porém, reconheço o esforço do diretor em torna "Funny Games" algo bem único e diferente de outros filmes do gênero.
Com certeza não irei reassistir e nem recomendo para quem tem estômago fraco, mas não dá pra dizer que o filme é ruim, muito pelo contrário.
Enxuto e simples, mas com um roteiro muito bem elaborado e que aborda temas interessantes e complexos, "Lunar" é, com certeza, um daqueles filmes pouco conhecidos que mereciam uma maior atenção por parte da crítica e do público. Até começa um pouco lento, o que é normal por tratar-se de um filme que durante boa parte consiste de apenas um único personagem em um local isolado, mas, após a cena do acidente, "pega no ritmo", prende a atenção do espectador e acaba até ganhando contornos de um bom suspense em alguns instantes.
Em momento algum o filme torna óbvio aquilo que vai acontecer nos minutos seguintes, e somos constantemente surpresos com os rumos que a história vai tomando, mesmo depois que o "plot" é revelado. Abordando diversos temas, o filme nos faz questionar os interesses da empresa por trás disso tudo e a própria noção do que é um indivíduo, à medida que Sam também passa a questionar sua própria existência e identidade.
E, claro, é importante destacar a grande atuação de Sam Rockwell, em um papel difícil, em que não apenas tem de literalmente atuar sozinho, mas também precisar mostrar diferentes facetas de um mesmo personagem.
Misturando comédia com suspense, "Cova Rasa" nos mostra como o dinheiro, sobretudo uma grande quantia, pode mudar a relação entre amigos, ainda mais se tal amizade não for tão sólida. Em seu primeiro trabalho como diretor, Danny Boyle nos traz uma história com surpresas, reviravoltas e um ritmo muito bem amarrado, que prende a atenção do espectador, faz o tempo passar voando e torna a trama em momento algum entediante, mas peculiar e interessante. O filme tem a sua própria identidade e estilo, mas confesso que, em alguns momentos, lembrou-me muito dos filmes dos Irmãos Coen, dos quais sou fã, no quais pessoas comuns têm suas vidas alteradas por acontecimentos inesperados e que fogem do controle, alternando entre o humor negro e cenas de extrema violência.
Outra coisa que se nota em Cova Rasa é que Juliet, David e Alex são indivíduos desagradáveis e extremamente maldosos. Autocentrados e sempre prontos para disparar críticas egoístas contra os outros, ainda assim eles conquistam a empatia do espectador – algo curioso, uma vez que, considerando suas ações durante o filme, eles não são muito passíveis de pena ou quaisquer outras considerações. Pessoalmente, acabei ficando mais do lado do Alex, mas o mesmo também não é nenhum "santo", muito pelo contrário. As boas atuações do elenco também merecem ser ressaltadas, em especial de McGregor e da bela Kerry Fox.
Um filme subestimado e pouco conhecido, mas muito bom. Recomendado.
O roteiro é recheado de clichês e a história é até confusa em certos momentos, mas, no geral, o filme garante um bom entretenimento, em especial com as cenas de ação e a ótima direção. Destaque para Tom Cruise, acostumado com filmes do gênero, e para a bela Rosamund Pike. Um bom passatempo, mas nada além disso.
O primeiro "bad boy" dentre os futebolistas brasileiros, Heleno de Freitas é, até hoje, um dos personagens mais fascinantes do futebol nacional. Dentro de campo, um artilheiro letal e de grande técnica (pelo menos, até onde a saúde permitiu). Fora, um boêmio, com uma vida conturbada, gastando todo o dinheiro com mulheres, bebidas e drogas. O mais fascinante é que Heleno nasceu em uma família abastada e era, inclusive, formado em Direito. Logo, diferentemente da maioria dos jogadores, não entrou no futebol por necessidade, mas por paixão pelo esporte e pela busca de uma adrenalina e emoções que não teria como advogado, empresário ou qualquer outra profissão que poderia ter escolhido.
A personalidade de Heleno é muito bem interpretada por Rodrigo Santoro, em grande atuação. O visual do filme também me agradou muito, com a película sendo filmada em preto e branco e com boa reconstituição da época (anos 40 e 50). Um dos pontos negativos, como já mencionado em outros comentários, é o ritmo lento em diversos momentos. Além disso, também gostaria que tivessem aprofundado mais a relação do então jogador com a esposa (Alinne Moraes, em também uma boa atuação, que, inclusive, merecia mais tempo na tela).
Um bom filme nacional, que vale ainda mais a pena de ver para os fanáticos por futebol, como eu.
Em primeiro lugar, gostaria de destacar o elenco. Todos os atores principais entregam aqui performances que estão talvez dentre as melhores de suas carreiras, sem qualquer exagero. Reeves está ótimo e Al Pacino encontra-se fenomenal (sobretudo, na cena final). No entanto, o meu grande destaque, nesse quesito, vai para Charlize Theron, até porque, dentre os três, a sua personagem é a que mais exige, em especial se considerarmos as transformações pelas quais Mary Ann passa até chegar ao seu limite. Lembra-me muito, como já mencionaram em outros comentários, a personagem de Mia Farrow em "O Bebê de Rosemary", mas Theron fornece a sua própria identidade na atuação.
Em segundo lugar, o roteiro, adaptado de um livro de mesmo nome, é muito bem escrito. O suspense é bem construído ao longo da história, junto às mudanças que vão ocorrendo na vida do casal Kevin e Mary Ann, e prende a atenção do espectador, que também é surpreendido com as reviravoltas da trama. O filme também aborda, de uma excelente maneira, diversas questões morais e religiosas interessantes, sobretudo com relação ao livre arbítrio. O diabo nos cerca e nos tenta com o mal, de diversas formas diferentes, mas, no final das contas, a decisão é nossa e cabe a cada um de nós decidir que caminho escolher.
O discurso final de Milton é espetacular, em que afirma, corretamente, que Kevin teve, de fato, inúmeras oportunidades para abandonar o caso e passar mais tempo cuidando da esposa, mas preferiu continuar trabalhando para manter a fama do "advogado que sempre vence" e continuar subindo na carreira. Não foi o diabo que fez isso, mas ele próprio, sendo engolido pela sua vaidade.
Outro ponto interessante é quando o diabo fala de ser "o maior dos humanistas" e "fã do homem". O mal aqui não é apresentado como algo sobrenatural e que o diabo trouxe de outro mundo, mas como algo que mora em sentimentos extremamente humanos, como vaidade, ganância, luxúria e arrogância. O homem é imperfeito e pecador, e é através desses pecados que o diabo age, e por isso ele valoriza tanto essas características, pois é a partir delas que ele busca conquistar o mundo. O grande ponto da religião, e aqui falo como católico, é procurar buscar o divino e o transcendental, isto é, acima das imperfeições mundanas e humanas. Enquanto o diabo abraça os defeitos do homem, a palavra de Deus o orienta a buscar algo mais elevado.
Original, divertido e inteligente, "Delicatessen" é um filme que nos traz uma distopia futurística sombria, mas que, ao longo da história, vai se transformando em uma deliciosa comédia de humor negro, repleta de personagens interessantes e cujas narrativas se cruzam no decorrer da película. Destaque também para a fotografia, que confere um visual único à obra.
É o tipo de filme em que o espectador não tem a mínima ideia aonde vai parar e se deixa levar pelas reviravoltas e surpresas da história, prendendo sua atenção. A duração aqui é de cerca de 1 hora e meia, e o tempo passa voando. E a bela Karin Viard,interpretando a mulher do açougueiro, está mais bela do que nunca aqui, além de também mostrar o seu lado cômico.
Uma boa diversão e um interessantíssimo passatempo para quem quiser sair um pouco da mesmice.
Depressivo, dramático e, infelizmente, bastante realista, "O Substituto" nos apresenta a conturbada e solitária vida de um homem tentando lidar com os seus "demônios", ao mesmo tempo que nos mostra as dificuldades enfrentadas por ele, e por outros professores, em uma escola problemática. As vidas pessoal e profissional de Henry (Adrien Brody, em grande atuação), que à princípio encontram-se bem separadas, vão se aproximando ao longo da história e acompanhando os altos e baixos que percorrem a rotina desse professor substituto.
São diversos os temas abordados aqui, como os problemas existentes em escolas públicas de má qualidade (no caso, nas escolas americanas, mas tal questão pode se relacionar também com as escolas aqui do Brasil ou de outros lugares do mundo), a árdua missão encarregada aos educadores em um trabalho desgastante e com pouco reconhecimento, a pressão psicológica pela qual os alunos passam e as suas dificuldades em encontrarem um rumo na vida.
Quanto à Henry, vamos conhecendo mais acerca do seu passado lentamente, à medida em que a história vai nos revelando os seus traumas e as situações prévias pelas quais passou e que influenciaram sua vida, suas escolhas pessoais e profissionais e a personalidade que iria desenvolver. Dentro do professor sereno e que busca orientar os alunos em sala da melhor maneira possível, encontra-se um indivíduo com diversos problemas o atormentando e que também, de certa forma, precisaria de algum tipo de ajuda e suporte. Essa complexidade da personagem é muito bem interpretada por Brody.
O filme passa voando, sobretudo pela forma como a história é contada , isto é, a partir de diversos personagens e com diferentes abordagens. A fotografia e o ótimo elenco também colaboram bastante, é claro.
Demorei muito tempo pra assistir e fui surpreendido positivamente. Combinando um clima "noir" com excelentes cenas de ação e sequências de tirar o fôlego, "John Wick" não é mais um filme padrão do gênero que tem uma fórmula pronta e mastigada, mas uma obra com identidade e visual próprios, algo raro de se ver hoje em dia.
Também me agradou a história, mostrando uma espécie de mundo paralelo do crime organizado, com os seus códigos de honra, regras e estranhas relações, misturando o pessoal e o profissional.
E, claro, também com aquilo que todo filme de ação que se preze precisa ter: tiro, porrada e bomba, e com tudo muito bem executado e encaixado na trama.
"John Wick" cumpre muito bem sua função e é um ótimo entretenimento. Para quem ainda não viu e está com dúvida, digo que vale muito a pena.
O Casamento de Rachel
3.3 511O diretor Jonathan Demme procura nos mostrar a realização de um casamento por uma ótica à qual não estamos acostumados em filmes, isto é, como se estivéssemos acompanhando um documentário ou um reality show. Dessa maneira, o diretor nos coloca no meio dessa família instável e problemática, como se fossemos "penetras" em toda essa história, acompanhando os acontecimentos de forma crua e realista.
O problema é que o aspecto mais interessante do filme também é, por outro lado, o seu ponto mais negativo, pois, nessa tentativa de imprimir um realismo à trama, a obra também se torna excessivamente monótona e chata. Essa lentidão dura até a metade da película, a partir da qual o drama familiar começa a se elevar, prendendo mais a atenção do espectador. No entanto, logo depois tudo retorna à monotonia e, ao término, é apresentado um final previsível e pouco ousado.
O filme vale pela atuação da Anne Hathaway e por algumas cenas interessantes ao longo da história, mas ficou a sensação de que foi muito lento durante a maior parte do tempo e de que faltou muita coisa para tornar o enredo mais completo. É um filme esquecível.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraAssisti apenas por curiosidade, já com expectativas baixas e o filme não me surpreendeu: é tão ruim, previsível e superestimado quanto eu imaginava anteriormente. Nem todo o hype construído nas mídias e o marketing dos produtores é capaz de mascarar que o filme tem, na verdade, poucas coisas a serem elogiadas, muitos problemas no roteiro e uma trama tão profunda quanto um pires.
Sendo justo, elogio a escolha do elenco - Margot Robbie e Gosling, sobretudo, estão perfeitos em seus respectivos papéis - e os aspectos visuais, mas os pontos positivos, infelizmente, param por aí. Após um início até divertido e interessante, o filme não consegue, ao longo do resto da trama, manter uma regularidade e nem desenvolver bem as suas personagens, indo por caminhos previsíveis e pouco criativos. Mesclando comédia com momentos dramáticos, a produção não consegue convencer nem como uma coisa e nem como outra, isto é: como comédia, não é engraçado e, como drama, não é dramático o suficiente.
Além disso, também se perde muito - e muito por culpa da diretora, que aparentemente fez isso de maneira intencional - em uma militância forçada, fazendo um filme sobre bonecas se transformar mais em um panfleto feminista do que qualquer outra coisa - como muito bem comentaram anteriormente por aqui, até parece que o enredo foi escrito por twitteiros e não por roteiristas profissionais. No entanto, se houvesse esse mesmo discurso no filme, acompanhado com um roteiro bem elaborado e uma história interessante, até dava para suportar, porém não é isso que acontece em "Barbie".
Em conclusão, a sensação final é de que o filme foi, pelo menos para mim, uma grande perda de tempo.
Oldboy
4.3 2,3K Assista AgoraSem dúvidas, "Oldboy" não é para qualquer um e, com certeza, também não é o filme que eu imaginava que seria. Esperava, por exemplo, mais cenas de ação, e recebi, por outro lado, uma interessante trama que foca mais no lado do thriller. No caso, um grande mistério é construído desde o início e o protagonista passa a maior parte da história procurando descobrir a verdade por trás de tudo que passou e as motivações que levaram a toda essa situação - e o telespectador acompanha a desmontagem desse bem elaborado quebra cabeça.
No entanto, vale destacar que, embora não tenha tantas cenas de ação como imaginava antes de assistir, as poucas que existem são brutais, sanguinárias, muito bem feitas e, por conta disso, marcantes - sobretudo, a célebre cena da luta no corredor. O mais impressionante, na verdade, é que qualquer violência que tais cenas apresentem, ainda assim não chegam sequer perto de serem tão chocantes e perturbadoras quanto o plot twist final do filme, que fecha todo o quebra cabeça montado ao longo do enredo e realmente deixa o telespectador de boca aberta.
Infelizmente, "Oldboy" tem diversos furos de roteiro - alguns mais e outros menos importantes - e fatos não muito bem explicados, tais quais como Woo-jin conseguiu se tornar tão poderoso e como criou Mi-do durante tanto tempo. Além disso, para um plano tão bem arquitetado, pareceu-me bastante arriscado apostar em uma coincidência, como a de Dae-su ir exatamente ao restaurante em questão. E, na cena final, o porquê do protagonista ser ajudado pela mulher que o hipnotizou também não me pareceu muito sólido. Os pontos positivos da obra compensam esses erros, mas não posso negar que me incomodaram um pouco.
E, quanto ao término do filme, verifiquei, após uma rápida pesquisa, que o diretor realmente buscou deixar a cena final ambígua, o que considero um acerto, pois, para qualquer que seja o desfecho, ele é igualmente trágico. Se Dae-su continua se lembrando do que aconteceu, significa que terá de viver com isso para o resto da vida. No entanto, se ele não se lembra mais do teor incestuoso da relação, talvez seja até pior, pois ela continuará indefinidamente.
A maior lição dessa trágica história talvez seja a de que a vingança é, de fato, uma causa perdida e, após alcançada, a única coisa que existe em seguida é o vazio. A violência, nesse caso, seria uma prisão tão insensata quanto o quarto horrível em que Dae-su estava preso, mas com única diferença: sem perspectiva de libertação.
Um ótimo filme para quem deseja conhecer mais do cinema sul-coreano e "sair da mesmice" das produções hollywoodianas. Porém, aviso: tem que ter estômago para assistir.
Viver
3.3 75Também sou um daqueles que não assistiu o clássico de Akira Kurosawa, então não conseguirei avaliar se o remake faz jus à obra original. No entanto, posso dizer que "Living" é, sem dúvida, um filme sensível e com uma temática simples, porém tocante, de um homem comum e burocrático que busca aproveitar da melhor maneira possível os últimos meses de vida. E, ao fazê-lo, não somente se sente mais feliz consigo mesmo, mas também consegue ajudar as pessoas ao seu redor e deixar uma marca positiva.
A atuação de Bill Nighy é ótima e uma aula de como um ator não precisa de excessos - o famoso overacting - para representar bem o seu personagem, mas pode expressar suas emoções de forma contida. No entanto, se a grande performance do ator é o ponto alto da obra, por outro lado ficou a sensação de que o filme coloca demasiadamente nas costas de Nighy o sucesso da história. Em outras palavras: sem o ator na tela, o filme não possui outros personagens interessantes, nem diálogos marcantes ou cenas que mereçam algum maior elogio, mas gira completamente em torno da personagem principal.
Pode desagradar àqueles que não gostam de uma narrativa mais lenta e, sem dúvida, tem os seus problemas no roteiro e nas personagens secundárias, mas, no geral, o filme é bom e traz uma mensagem bonita.
Oppenheimer
4.0 1,1KDepois de trabalhos um tanto decepcionantes em "Tenet" e "Dunkirk", "Oppenheimer" marca o retorno triunfal de Nolan, um dos meus diretores favoritos, ao patamar que nos acostumamos a vê-lo, em uma obra muito bem produzida e visualmente impactante.
Apesar das três horas de duração, devo dizer, indo na contramão de muitos, que em momento algum me senti entediado ou cansado, pois o diretor conseguiu, de maneira inteligente, manter o filme sempre a um bom ritmo. Aqui a história não fica presa a situações monótonas, mas consegue, seja com diversos momentos de tensão ou seja com suas constantes alternâncias no tempo, prender bem a atenção do espectador e dissecar acontecimentos importantes da vida do famoso físico americano unindo precisão histórica e dramaticidade. E, apesar de ser um filme biográfico, vai além de descrever a vida do indivíduo em questão e nos faz aprender mais sobre fatos relevantes da história da humanidade e refletir sobre questões importantes, como, por exemplo, a utilização de armas de destruição em massa.
Um aspecto interessante é que Oppenheimer, a figura central de toda essa trama, não é aqui idealizado e nem a sua figura colocada como herói ou vilão. No filme, é mostrada toda a complexidade de sua personalidade, isto é, de um lado a genialidade e, do outro, todos os seus defeitos, dúvidas e decepções que carrega ao longo da vida pessoal e profissional. E obviamente essa construção da personagem passa muito pela atuação gigantesca de Cillian Murphy - que é acompanhada de outras excelentes performances, sobretudo a de Robert Downey Jr.
É também impossível deixar de mencionar os brilhantes aspectos técnicos. É como se estivéssemos acompanhando uma grande ópera envolvendo personagens históricos, com um visual e trilha sonora hipnotizantes. Nolan, um diretor tão conhecido por seus diálogos e roteiros, aqui usa também bastante o poder da imagem para nos mostrar tudo aquilo, como a intensidade da força nuclear, que é difícil explicar com palavras.
Único aspecto negativo possa ser a presença de Jean Tatlock e Katherine Oppenheimer na história, pois ambas, muito importantes na vida do físico, são aqui reduzidas a personagens meramente secundárias e que não contribuem, de fato, com os dois principais temas do enredo: o papel do cientista na criação da bomba e a perseguição que sofreu nos anos posteriores à guerra. Talvez em uma série, com vários episódios, os papéis de ambas poderiam ser melhor explicados, mas, mesmo em um filme de longa duração, as duas pareceram aqui peças que não se encaixavam com o restante do quebra cabeça.
Recomendado.
O Refúgio
3.3 69 Assista AgoraA proposta do filme é bem interessante: a de mostrar como a busca desenfreada pelo dinheiro e por pertencer a uma elite pode atrapalhar a vida pessoal de alguém, corroer as relações familiares e, no final das contas, sequer conseguir alcançar o objetivo almejado - e, aliás, até realizar o contrário, isto é, prejudicar o indivíduo financeiramente.
Um dos protagonistas da história, Rony, teve uma infância com diversas dificuldades, o que o fez tornar um adulto com grande vontade de ser rico e compensar tudo o que não teve quando jovem. Da mesma maneira, também procuraria fornecer, aos seus filhos, todas as benesses que seus pais não puderam dar a ele.
No entanto, se por um lado é perfeitamente compreensível e até benéfico que um pai queira prover sua prole da melhor maneira possível, até mesmo esse desejo pode, se levado ao extremo, ser negativo. No caso de Rony, esse pensamento faz com que ele arrisque tudo, mude-se de volta à sua terra natal e aposte todas as fichas em acordos ousados em uma empresa. Além disso, faz o máximo esforço não somente para ser rico, mas também para parecer rico, a fim de impressionar potenciais clientes e ajudar nos negócios.
O problema é que, quando alguém vive excessivamente de aparências, isso acaba por destruir lentamente a pessoa, pois ela fica consumida por suas próprias mentiras, não conseguindo sequer entender mais quem ela realmente é. E, se isso não bastasse, a busca desenfreada por garantir todo o luxo à sua família, acaba por fazer com que Rony esquecesse de elementos essenciais que um pai deve dar aos filhos e a esposa, acima do dinheiro e dos status: amor e atenção.
Essa mensagem deixada pelo filme é muito poderosa, no entanto, infelizmente não foi tão bem executada. A verdade é que "O Refúgio", na tentativa de ser realista, é demasiadamente lento e entedia o espectador com inúmeras cenas em que nada acontece. Isso sem falar de várias partes da história não serem bem explicadas ou até serem descartáveis à trama principal, como a cena final do cavalo e o passado familiar de Rony, dando a sensação de que a história é apresentada de maneira incompleta.
A minha opinião é que a obra poderia ter sido bem melhor desenvolvida se houvesse mais ousadia, por parte dos roteiristas e do diretor, de mostrar algo a mais. Realismo é bom, mas realismo em excesso é prejudicial. Se os espectador quiser realismo de verdade ele vai se preocupar com os problemas da própria vida e não com os problemas de personagens fictícios, então é bom que o filme proporcione momentos além do que estamos acostumados a ver no dia a dia, caso contrário inevitavelmente vai se tornar entediante.
O Urso do Pó Branco
2.9 331 Assista AgoraCom esse título e essa sinopse, é inegável que "Urso do Pó Branco" chama bastante a atenção e, meramente por curiosidade, decidi assistir. O filme, em resumo, é uma mistura de terror, comédia e, sobretudo no final, um pouquinho de drama, o que combina com a história bizarra - e apenas levemente baseada em fatos reais, pois, na realidade, o urso morre de overdose logo após ingerir a droga.
Se o espectador assistir de forma descontraída, é possível, de certa maneira, deixar passar os inúmeros furos de roteiro e cenas desnecessárias e se divertir. No entanto, não dá para ignorar, após analisar com mais tranquilidade, que Elizabeth Banks, cuja carreira como diretora ainda não decolou, comete um grande erro ao não abraçar, por completo, as bizarrices da história e, ao invés disso, perder muito tempo com arcos e personagens descartáveis.
As melhores cenas dessa maluca produção são as envolvendo, por razões óbvias, o urso sob efeito das drogas, com todo o gore que elas podem fornecer, que é exatamente o que todos aqueles que decidiram ver o filme gostariam de presenciar. Em outras palavras: os melhores momentos do filme são aqueles em que o filme não se leva muito à sério e incorpora os absurdos do enredo.
Como foi comentado por aqui anteriormente, se literalmente toda a história se baseasse nos traficantes, ou turista e moradores locais, passando por perrengues contra um urso drogado e isso fosse bem explorado com humor negro, o filme seria bem melhor e um grande clássico trash. No final das contas, acabou sendo uma boa tentativa desperdiçada.
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraComecei assistindo com expectativas baixas, e surpreendeu-me positivamente não somente por seus aspectos técnicos, mas sobretudo por realizar, entre erros e acertos, uma espécie de "releitura" da história do Homem Morcego, com uma abordagem mais noir, investigativa e humana do herói. Mesmo que a sua história, tanto pelos quadrinhos quanto pelas adaptações anteriores, já seja bastante conhecida, é apresentada, em "The Batman", com um grande ar de mistério, como se estivéssemos redescobrindo um personagem que nos acostumamos tanto a ver nas telas.
Aqui temos um Batman ainda nos primeiros anos de sua trajetória na luta contra o crime, o que explica as dúvidas dele acerca de si próprio e muitos dos erros que comete ao longo do filme. Ele ainda está aprendendo em como realizar aquilo que se tornará basicamente a sua "vida" pelos próximos anos, sendo primeiro motivado meramente pelo desejo de vingança, mas aos poucos começando a encontrar outras motivações que o impulsionem a prosseguir em sua caminhada. E este é o ponto que talvez algumas pessoas não compreenderam bem e criticaram o filme por isso: aqui, pelo menos ao meu ver, não se está querendo tornar o Batman aquilo que ele não é ou distorcer o personagem, mas, na verdade, mostrar como ele começou sua caminhada como vigilante e foi, aos poucos, tornando-se aquele Batman que todos nós conhecemos e nos acostumamos, logo é por esse motivo que, nesta história, ele está diferente.
Tinha muito receio quanto ao Robert Pattinson como Bruce Wayne, mas ele entrega uma boa atuação, assim como o resto do elenco. Paul Dano é um ótimo ator e aqui cumpre bem o papel que lhe foi pedido, mas a forma como retrataram o Charada ganha pontos apenas pela ousadia em mostrar esse vilão de uma maneira diferente, pois, pessoalmente, não me agradou muito. Da mesma maneira, o seu "plano" final não foi dos mais empolgantes ou inusitados e poderia ter sido melhor elaborado - e, sendo ele o vilão principal, isso também comprometeu o filme.
Um outro ponto negativo foi a lentidão em vários momentos, o que acabou resultando em um filme de duração maior do que deveria ter e um tanto arrastado. Não peço que o filme seja "corrido" e nem se apresse em detalhar sua história, mas claramente poderia ter sido, no mínimo, encurtado uma meia hora, em especial retirando aquela parte relacionada ao passado do Thomas Wayne, que foi desnecessária, irrelevante e apenas tomou tempo da película.
Sendo assim, "The Batman" não é nem uma obra-prima como muitos erroneamente disseram - e está muito longe dos melhores filmes do Homem Morcego, mas também não é horrível como vi alguns comentários dizendo. O diretor Matt Reeves, apesar de também ter sido um tanto previsível em algumas partes, ousou em mostrar uma abordagem diferente acerca dos primeiros anos do herói, e isso naturalmente é arriscado e pode dividir opiniões, mas, no geral, creio que o filme teve mais acertos do que erros e entregou bons momentos - embora, ressalto, não precisava ser tão longo.
Batman: A Máscara do Fantasma
3.7 143 Assista AgoraMesmo sendo uma animação antiga, "A Máscara do Fantasma" ainda se destaca pela sua qualidade, seja na parte técnica em si da animação, seja na trilha sonora ou na história apresentada. Aqui somos apresentados a um Batman já maduro e ciente de suas obrigações como o vigilante noturno de Gotham, mas que acaba sendo confrontado por um vilão que o obriga a encarar, sem trocadilhos, antigos "fantasmas" do seu passado, incluindo episódios que quase o fizeram desistir de sua luta contra o crime.
Um dos pontos mais interessantes do filme é como acompanhamos duas narrativas ao mesmo tempo, a do Batman atual buscando investigar um caso difícil e praticamente sem rastros, e a de Bruce Wayne mais jovem e ainda sem ter sequer iniciado sua trajetória como o Homem-Morcego, e como ambas acabam se cruzando. Em um certo momento, a história pode parecer um pouco confusa, mas, com a surpreendente revelação da identidade do vilão no final, tudo acaba se encaixando como um bom quebra cabeça.
A ressalva que faço é com relação a presença do Coringa. Embora seja sempre um ótimo personagem, e aqui muito bem interpretado pela voz de Mark Hamill, a sua participação nessa história acaba sendo a única peça "fora do lugar", como se estivesse se intrometendo em uma história a qual não pertence, mas que deveria focar principalmente em Batman e o Máscara Fantasma. O Joker até poderia ser incluído no enredo, mas, da maneira que fizeram aqui, não me pareceu a melhor forma.
No geral, um bom filme.
Batman: Ano Um
4.0 214 Assista AgoraBastante fiel às HQs e com um roteiro bem amarrado, "Batman: Ano Um" é mais um bom filme de animação da DC Comics - que costuma acertar muito mais em suas versões animadas do que live action, diga-se. A história nos mostra o início da trajetória de Bruce Wayne como Batman, com todos os seus erros e aprendizados, assim como também o surgimento de outros personagens importantes no universo dos quadrinhos, como a Mulher Gato, Harvey Dent e, de uma maneira bem breve ao final, o Coringa.
No entanto, o grande foco aqui não é no Homem Morcego, que acaba se tornando um coadjuvante, mas em Jim Gordon e na sua caminhada desde um policial recém chegado em Gotham até se tornar capitão e obter reconhecimento da população e imprensa locais - o que acaba sendo um dos obstáculos enfrentados pelo seu chefe contra as tentativas de afastá-lo da polícia. O filme aborda as dificuldade enfrentadas por Gordon ao ser um dos poucos policiais honestos em um meio extremamente corrupto e sujo, assim como também os problemas pessoais enfrentados por ele quanto ao relacionamento com a esposa grávida. A narrativa não busca retratá-lo como um herói perfeito, e sim como um homem que busca fazer o bem, mas tem defeitos.
O único ponto negativo talvez seja a duração. Por ser um filme muito curto, acredito que faltou um melhor desenvolvimento a algumas personagens. No final, ficamos com a sensação de querer mais, e eu tranquilamente aceitaria mais uma hora desta boa película, embora entenda que a curta duração é uma tendência dentre quase todos os filmes animados da DC.
Recomendado.
Affairs of State
3.1 1O mundo da política é podre e cheio de pessoas sem escrúpulos e que fariam de tudo pelo poder. Em resumo, é isso que nos mostra "Affairs of State", que centra sua narrativa no protagonista Michael Lawson, que costumava trabalhar no escritório de um senador, mas agora está desempregado e buscando retornar à política. Na tentativa de voltar a trabalhar para algum político, ele mira alto e sonha em obter uma vaga no gabinete do senador e candidato à presidência John Baines. Para alcançar esse objetivo, tem de trilhar um caminho sujo, que inclui desde dormir com doadoras de campanha idosas a buscar "podres" de candidatos adversários. No entanto, no final das contas, o que complica sua vida é um inesperado relacionamento com a esposa do senador e todos os acontecimentos que acompanham sua entrada não somente na campanha, mas no seio da família do candidato.
O cruzamento da sujeira do mundo político com a infidelidade por parte da esposa do senador, além também de um relacionamento de Michael com a filha de John, funciona bem aqui. Aliás, a história, de uma maneira geral, é interessante, mas peca bastante no desenvolvimento das personagens e na maneira acelerada com a qual o protagonista vai crescendo no meio político e ganhando a confiança de Baines. Sendo assim, estão aqui presentes elementos de uma boa história, mas que talvez pudessem ter sido melhor aproveitados nas mãos de roteiristas e diretores mais habilidosos ou mesmo como uma série, e não em um único filme.
Depois de Horas
4.0 454 Assista AgoraDespretensioso e cheio de reviravoltas e surpresas, "Depois de Horas" talvez seja o filme "menos Scorsese" do diretor, misturando elementos de drama, comédia e suspense.
O protagonista, Paul come o "pão que o diabo amassou" aqui, passando por situações confusas, inesperadas e angustiantes. Scorsese, com toda sua habilidade e trabalhando com um tipo de narrativa diferente ao habitual em sua filmografia, consegue passar essa angústia também ao público. Dessa maneira, ao longo de todos os eventos malucos e surreais que acontecem na trama, somos igualmente aprisionados a esse mundo grotesco e sem causas, apenas com consequências.
Talvez tenha havido um excesso de surrealismo em algumas cenas e este filme, sem dúvida, está longe de ser um dos melhores de sua carreira, mas ainda é um bom, divertido e pouco conhecido filme desse diretor do qual sou fã.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraFilmaço!
Dentre os diversos pontos positivos deste filme, começo pelos aspectos técnicos. A direção, a trilha sonora, a edição e a fotografia trabalham juntas para criar um clima "neo noir", e imergir o espectador nesse visual estiloso e impactante, como na belíssima cena do elevador no final do filme, que combina com o personagem principal e com a história de uma maneira geral. Interessante também notar como o pop eletrônico em clima oitentista permeia o longa, que não utiliza músicas em cenas que, em qualquer outro filme com carros, seria o normal. Quando o motorista está em uma perseguição, ouvimos apenas o ronco dos motores, o pneu no asfalto e o rádio da polícia, o que aumenta a tensão de forma natural. Não à toa, pelo menos na categoria Edição de Som, o longa foi lembrado no Oscar daquele ano - enquanto foi esnobado em diversas outras categorias.
Em segundo lugar, a história, que é simples, mas muito bem elaborada e contando com momentos de tensão e reviravoltas que prendem a atenção do espectador. O motorista (em grande interpretação de Ryan Gosling) é um homem introspectivo, frio e de poucas palavras (lembrando outros anti heróis do cinema, como Charles Bronson e Clint Eastwood), vivendo uma vida solitária e tendo que depender, não somente do próprio trabalho, mas também de alguns "bicos" em roubos e perseguições para se sustentar. O seu personagem não vive de fato, mas apenas se contenta em sobreviver, sem amigos e sem família, mas apenas com si próprio e sua habilidade na direção. As coisas começam a mudar ao conhecer Irene (Carey Mulligan, também em ótima performance), a doce garçonete e mãe, que cuida sozinha do filho enquanto o marido está na prisão. Ele não somente se apaixona por ela, mas cria um vínculo de afeto e de proteção com o filho dela (Benício), que não se quebra sequer depois do retorno do marido Standard (Oscar Isaac) da prisão. Nesse momento, o personagem passa a ter um propósito além da própria sobrevivência: a proteção daquela família, em especial Irene e Benício. Por isso, decide ajudar o marido a resolver sua situação financeira e, a partir daí, a história começa a se tornar mais tensa, com diversas cenas de violência extrema, perseguições e tiros e com o trabalho do motorista também sendo comprometido por esse contexto.
Ao final, Standard morre, Irene, mesmo aparentemente a salvo dos bandidos, perde o marido e Benício perde o pai, e o motorista sequer pode retornar para ver a amada, tendo que viver, dali pra frente, uma vida de perpétua fuga de criminosos que estarão atrás dele. Mesmo tendo buscado fazer a coisa certa, ajudar aquela família e escapar de sua vida solitária de crime, o motorista, no final das contas, retorna a exatamente o ponto de partida de sua história: sozinho e dirigindo o seu carro, buscando sobreviver. Logo, cumpre-se a fábula do sapo e do escorpião (escorpião este também presente na jaqueta do motorista) citada no filme e que define a história: não importa o caminho que se siga, é impossível fugir de sua própria natureza. Um final melancólico, mas finais tristes também possuem uma incomum beleza, e este aqui é um ótimo exemplo.
Possuindo drama, romance, ótimas cenas ação e uma história simples - porém com diversos simbolismos e bem amarrada - e alternando entre cenas suaves e delicadas com momentos de violência gráfica, "Drive" conquista o espectador de imediato e é um daqueles filmes marcantes, para ver e rever.
Recomendado.
A Fraternidade é Vermelha
4.2 440 Assista AgoraÉ um filme que aborda diferentes temas, como destino, oportunidades e solidão, retratando como nossas vidas podem ser afetadas por eventos, muitas vezes, fora do nosso controle ou da razão. Além disso, também conta com uma bela fotografia, com a cor vermelha presente em diversos momentos, boa trilha sonora e grande atuação do elenco, em especial de Jacob e Trintignant.
Apesar de tantos significados e simbolismos ao longo da trama e de histórias distintas se entrelaçando durante a película, a narrativa, de uma maneira geral, se centraliza na relação entre Valentine e o juiz, com as suas diferenças e semelhanças. Ele busca a verdade, enquanto ela considera que as pessoas possuem o direito a ter segredos. Para ela, as pessoas não são más, apenas fracas, enquanto ele, por sua vez, pensa diferente, até por experiências traumáticas em seu passado. Ela é uma mulher jovem, bonita, correta, elegante e sensível, enquanto ele é um velho melancólico que não se relaciona com ninguém e que passa a maior parte do tempo ouvindo as conversas dos vizinhos para preencher o vazio de sua vida. No entanto, à medida que vão se conhecendo, constroem uma amizade - ou fraternidade - estranha, mas muito bonita. A maneira que a sua relação fraterna é construída e a forma como os diferentes personagens têm suas histórias cruzadas é o ponto forte do filme.
Por outro lado, embora a proposta do diretor seja muito interessante, creio que poderia ter sido melhor executada. O filme, em diversos momentos, não vai a lugar nenhum, assim como não aprofunda muito outros personagens. É bom, cumpre bem o seu papel, mas a ideia por trás da obra acaba sendo melhor do que a obra em si. Fiquei com a sensação de que faltou um "algo a mais".
Rango
3.6 1,6K Assista AgoraDivertido, tecnicamente bem produzido e animado por uma excelente trilha sonora de Hans Zimmer, Rango é um filme com uma identidade própria e que, assim como o seu personagem principal, se destaca em meio a outras produções do gênero com um visual único e diferenciado.
Ao contrário da maioria das produções animadas recentes, que divertem os pequenos enquanto entretém com competência os adultos, Rango parece ser direcionado mais ao segundo grupo, com desenhos bastante realistas, crus e secos, sem muita "fofura". Além disso, muitas das piadas são bem inteligentes, sempre com uma segunda intenção, e não serão todos que conseguirão pegar tudo numa primeira vez. O filme também traz referências interessantes a clássicos do cinema - como os filmes de faroeste, em especial a Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, e Chinatown - e um ótimo trabalho de dublagem por parte do elenco, sobretudo Depp.
Acho que o filme se alongou demasiadamente em alguns momentos, em especial no meio para o fim, e algumas cenas foram um pouco desnecessárias, mas, de uma maneira geral, é uma boa diversão para todas as idades, em especial adolescentes e adultos.
Recomendado.
Violência Gratuita
3.8 738 Assista AgoraÉ um filme complicado de se avaliar. Por um lado, entendo perfeitamente a proposta do diretor/roteirista de criticar a violência existente nos filmes e na mídia e como ela nos afeta, assim como também compreendo que tentou aqui subverter as expectativas do público quanto ao desfecho dos seus personagens, fugindo do óbvio e do que normalmente ocorre nas produções de Hollywood. No entanto, por outro, é inegável que o filme deixa o espectador extremamente desconfortável, irritado e enojado por todo o terror psicológico pelo qual a família passa e pela psicopatia e frieza dos criminosos, o que acaba nos deixando com uma sensação ruim ao término do filme e com o desejo de não ver de novo o que acabamos de assistir. Ou seja, é um filme que cumpre muito bem o seu objetivo de nos fazer detestar tudo aquilo que é mostrado no filme.
Não me agradou muito a "quebra da quarta parede" e muito menos a cena do controle remoto, que, para mim, encontra-se um pouco deslocada aqui. No entanto, um ponto bastante positivo é como o diretor consegue provocar o terror sem mostrar uma cena sequer de violência. Os momentos mais perturbadores e pesados são exatamente aqueles que ficam de fora da câmera e apenas na nossa imaginação. Ouvimos os tiros e os gritos e vemos o sangue, mas não a cena em si.
Mesmo que fosse contra sua própria proposta, eu, pessoalmente, acho que o filme ficaria melhor sem toda essa metalinguagem e com um final um pouco mais satisfatório. Porém, reconheço o esforço do diretor em torna "Funny Games" algo bem único e diferente de outros filmes do gênero.
Com certeza não irei reassistir e nem recomendo para quem tem estômago fraco, mas não dá pra dizer que o filme é ruim, muito pelo contrário.
Lunar
3.8 686 Assista AgoraEnxuto e simples, mas com um roteiro muito bem elaborado e que aborda temas interessantes e complexos, "Lunar" é, com certeza, um daqueles filmes pouco conhecidos que mereciam uma maior atenção por parte da crítica e do público. Até começa um pouco lento, o que é normal por tratar-se de um filme que durante boa parte consiste de apenas um único personagem em um local isolado, mas, após a cena do acidente, "pega no ritmo", prende a atenção do espectador e acaba até ganhando contornos de um bom suspense em alguns instantes.
Em momento algum o filme torna óbvio aquilo que vai acontecer nos minutos seguintes, e somos constantemente surpresos com os rumos que a história vai tomando, mesmo depois que o "plot" é revelado. Abordando diversos temas, o filme nos faz questionar os interesses da empresa por trás disso tudo e a própria noção do que é um indivíduo, à medida que Sam também passa a questionar sua própria existência e identidade.
E, claro, é importante destacar a grande atuação de Sam Rockwell, em um papel difícil, em que não apenas tem de literalmente atuar sozinho, mas também precisar mostrar diferentes facetas de um mesmo personagem.
Recomendado.
Cova Rasa
3.9 312Misturando comédia com suspense, "Cova Rasa" nos mostra como o dinheiro, sobretudo uma grande quantia, pode mudar a relação entre amigos, ainda mais se tal amizade não for tão sólida. Em seu primeiro trabalho como diretor, Danny Boyle nos traz uma história com surpresas, reviravoltas e um ritmo muito bem amarrado, que prende a atenção do espectador, faz o tempo passar voando e torna a trama em momento algum entediante, mas peculiar e interessante. O filme tem a sua própria identidade e estilo, mas confesso que, em alguns momentos, lembrou-me muito dos filmes dos Irmãos Coen, dos quais sou fã, no quais pessoas comuns têm suas vidas alteradas por acontecimentos inesperados e que fogem do controle, alternando entre o humor negro e cenas de extrema violência.
Outra coisa que se nota em Cova Rasa é que Juliet, David e Alex são indivíduos desagradáveis e extremamente maldosos. Autocentrados e sempre prontos para disparar críticas egoístas contra os outros, ainda assim eles conquistam a empatia do espectador – algo curioso, uma vez que, considerando suas ações durante o filme, eles não são muito passíveis de pena ou quaisquer outras considerações. Pessoalmente, acabei ficando mais do lado do Alex, mas o mesmo também não é nenhum "santo", muito pelo contrário. As boas atuações do elenco também merecem ser ressaltadas, em especial de McGregor e da bela Kerry Fox.
Um filme subestimado e pouco conhecido, mas muito bom. Recomendado.
Jack Reacher: O Último Tiro
3.4 892 Assista AgoraO roteiro é recheado de clichês e a história é até confusa em certos momentos, mas, no geral, o filme garante um bom entretenimento, em especial com as cenas de ação e a ótima direção. Destaque para Tom Cruise, acostumado com filmes do gênero, e para a bela Rosamund Pike. Um bom passatempo, mas nada além disso.
Heleno
3.6 431 Assista AgoraO primeiro "bad boy" dentre os futebolistas brasileiros, Heleno de Freitas é, até hoje, um dos personagens mais fascinantes do futebol nacional. Dentro de campo, um artilheiro letal e de grande técnica (pelo menos, até onde a saúde permitiu). Fora, um boêmio, com uma vida conturbada, gastando todo o dinheiro com mulheres, bebidas e drogas. O mais fascinante é que Heleno nasceu em uma família abastada e era, inclusive, formado em Direito. Logo, diferentemente da maioria dos jogadores, não entrou no futebol por necessidade, mas por paixão pelo esporte e pela busca de uma adrenalina e emoções que não teria como advogado, empresário ou qualquer outra profissão que poderia ter escolhido.
A personalidade de Heleno é muito bem interpretada por Rodrigo Santoro, em grande atuação. O visual do filme também me agradou muito, com a película sendo filmada em preto e branco e com boa reconstituição da época (anos 40 e 50). Um dos pontos negativos, como já mencionado em outros comentários, é o ritmo lento em diversos momentos. Além disso, também gostaria que tivessem aprofundado mais a relação do então jogador com a esposa (Alinne Moraes, em também uma boa atuação, que, inclusive, merecia mais tempo na tela).
Um bom filme nacional, que vale ainda mais a pena de ver para os fanáticos por futebol, como eu.
Advogado do Diabo
4.0 1,4K Assista AgoraFilmaço!
Em primeiro lugar, gostaria de destacar o elenco. Todos os atores principais entregam aqui performances que estão talvez dentre as melhores de suas carreiras, sem qualquer exagero. Reeves está ótimo e Al Pacino encontra-se fenomenal (sobretudo, na cena final). No entanto, o meu grande destaque, nesse quesito, vai para Charlize Theron, até porque, dentre os três, a sua personagem é a que mais exige, em especial se considerarmos as transformações pelas quais Mary Ann passa até chegar ao seu limite. Lembra-me muito, como já mencionaram em outros comentários, a personagem de Mia Farrow em "O Bebê de Rosemary", mas Theron fornece a sua própria identidade na atuação.
Em segundo lugar, o roteiro, adaptado de um livro de mesmo nome, é muito bem escrito. O suspense é bem construído ao longo da história, junto às mudanças que vão ocorrendo na vida do casal Kevin e Mary Ann, e prende a atenção do espectador, que também é surpreendido com as reviravoltas da trama. O filme também aborda, de uma excelente maneira, diversas questões morais e religiosas interessantes, sobretudo com relação ao livre arbítrio. O diabo nos cerca e nos tenta com o mal, de diversas formas diferentes, mas, no final das contas, a decisão é nossa e cabe a cada um de nós decidir que caminho escolher.
O discurso final de Milton é espetacular, em que afirma, corretamente, que Kevin teve, de fato, inúmeras oportunidades para abandonar o caso e passar mais tempo cuidando da esposa, mas preferiu continuar trabalhando para manter a fama do "advogado que sempre vence" e continuar subindo na carreira. Não foi o diabo que fez isso, mas ele próprio, sendo engolido pela sua vaidade.
Outro ponto interessante é quando o diabo fala de ser "o maior dos humanistas" e "fã do homem". O mal aqui não é apresentado como algo sobrenatural e que o diabo trouxe de outro mundo, mas como algo que mora em sentimentos extremamente humanos, como vaidade, ganância, luxúria e arrogância. O homem é imperfeito e pecador, e é através desses pecados que o diabo age, e por isso ele valoriza tanto essas características, pois é a partir delas que ele busca conquistar o mundo. O grande ponto da religião, e aqui falo como católico, é procurar buscar o divino e o transcendental, isto é, acima das imperfeições mundanas e humanas. Enquanto o diabo abraça os defeitos do homem, a palavra de Deus o orienta a buscar algo mais elevado.
Recomendado.
Delicatessen
3.8 278 Assista AgoraOriginal, divertido e inteligente, "Delicatessen" é um filme que nos traz uma distopia futurística sombria, mas que, ao longo da história, vai se transformando em uma deliciosa comédia de humor negro, repleta de personagens interessantes e cujas narrativas se cruzam no decorrer da película. Destaque também para a fotografia, que confere um visual único à obra.
É o tipo de filme em que o espectador não tem a mínima ideia aonde vai parar e se deixa levar pelas reviravoltas e surpresas da história, prendendo sua atenção. A duração aqui é de cerca de 1 hora e meia, e o tempo passa voando. E a bela Karin Viard,interpretando a mulher do açougueiro, está mais bela do que nunca aqui, além de também mostrar o seu lado cômico.
Uma boa diversão e um interessantíssimo passatempo para quem quiser sair um pouco da mesmice.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraDepressivo, dramático e, infelizmente, bastante realista, "O Substituto" nos apresenta a conturbada e solitária vida de um homem tentando lidar com os seus "demônios", ao mesmo tempo que nos mostra as dificuldades enfrentadas por ele, e por outros professores, em uma escola problemática. As vidas pessoal e profissional de Henry (Adrien Brody, em grande atuação), que à princípio encontram-se bem separadas, vão se aproximando ao longo da história e acompanhando os altos e baixos que percorrem a rotina desse professor substituto.
São diversos os temas abordados aqui, como os problemas existentes em escolas públicas de má qualidade (no caso, nas escolas americanas, mas tal questão pode se relacionar também com as escolas aqui do Brasil ou de outros lugares do mundo), a árdua missão encarregada aos educadores em um trabalho desgastante e com pouco reconhecimento, a pressão psicológica pela qual os alunos passam e as suas dificuldades em encontrarem um rumo na vida.
Quanto à Henry, vamos conhecendo mais acerca do seu passado lentamente, à medida em que a história vai nos revelando os seus traumas e as situações prévias pelas quais passou e que influenciaram sua vida, suas escolhas pessoais e profissionais e a personalidade que iria desenvolver. Dentro do professor sereno e que busca orientar os alunos em sala da melhor maneira possível, encontra-se um indivíduo com diversos problemas o atormentando e que também, de certa forma, precisaria de algum tipo de ajuda e suporte. Essa complexidade da personagem é muito bem interpretada por Brody.
O filme passa voando, sobretudo pela forma como a história é contada , isto é, a partir de diversos personagens e com diferentes abordagens. A fotografia e o ótimo elenco também colaboram bastante, é claro.
É melancólico, é pesado, mas é muito bom.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraDemorei muito tempo pra assistir e fui surpreendido positivamente. Combinando um clima "noir" com excelentes cenas de ação e sequências de tirar o fôlego, "John Wick" não é mais um filme padrão do gênero que tem uma fórmula pronta e mastigada, mas uma obra com identidade e visual próprios, algo raro de se ver hoje em dia.
Também me agradou a história, mostrando uma espécie de mundo paralelo do crime organizado, com os seus códigos de honra, regras e estranhas relações, misturando o pessoal e o profissional.
E, claro, também com aquilo que todo filme de ação que se preze precisa ter: tiro, porrada e bomba, e com tudo muito bem executado e encaixado na trama.
"John Wick" cumpre muito bem sua função e é um ótimo entretenimento. Para quem ainda não viu e está com dúvida, digo que vale muito a pena.