"Eu te amo, Billie. - Você não me ama, ama apenas o meu cérebro. - Ele também."
Cada momento de Billie(Judy Holliday) e Paul(William Holden) juntos é apaixonante. O normal seria esperar uma comédia que focasse num romance tradicional entre os dois, mas somos envolvidos por um filme que é todo baseado numa troca sobre aprendizado e como enxergamos o mundo. De um lado um mergulho de cabeça no conhecimento(que abre a mente, dando assim uma nova perspectiva sobre a própria vida, o universo em volta e os valores mais importantes que devem prevalecer numa existência em sociedade); do outro alguém que inevitavelmente se fascina por uma mulher que é oposta a realidade que ele convive, alguém que exala pureza, verdade e vontade de crescer. Uma relação muito bela e humana entre os dois personagens principais nasce, cresce e nos conquista diante dos nossos olhos.
O estereótipo da "loira burra" é desconstruído com enorme elegância. Poucas coisas são tão belas e reveladoras quanto a real descoberta do que queremos e a justa valorização de si mesmo(a).
Longa divertido e delicioso.
Billie merece mais. Todas as mulheres merecem mais.
O ditado da época dos nossos avós(ou tataravós, tão importantes na família Haywood) define bem o espírito que contamina e pune praticamente todos os personagens(humanos e não humanos) do filme. Numa era em que tudo precisa ser registrado para o mundo e muito se explora de tudo que for possível em prol do próprio sucesso, "Não! Não Olhe!" coloca essa ideia em prática num filme no qual os vencedores são aqueles que, apesar de também terem ambição, conseguem manter os pés e os olhos(literalmente) focados no chão no momento mais importante. Coube aos Haywood novamente "domar a situação" e serem pioneiros: duas coisas que eles sabem fazer muito bem.
Jordan Peele entrega um filme b(no melhor sentido da expressão) que nos faz lembrar de grandes trabalhos do mestre John Carpenter. "Não! Não Olhe!" poderia tranquilamente se passar por uma obra do anos 80, o mais novo trabalho do diretor une sobrenatural, terror e uma atmosfera de aventura deliciosa numa trama muita direta e envolvente. A alternância habilidosa entre planos fechados, que mostram bem a sensação de medo, e planos/espaços bem abertos, que entregam grandiosos e empolgantes momentos de tensão, atesta que estamos vendo em ação um diretor muito talentoso e cada vez mais seguro no domínio de sua arte.
Daniel Kaluuya e Keke Palmer estão ótimos! Necessitamos de mais atuações desses dois em obras de Jordan Peele.
Filme rico em gêneros e cheio de paixão por cinema. Uma das joias do ano.
A maior força não pertence ao ser que domina todas as forças. E sim a quem aprende a sentir tudo. Ao atravessar universos entende-se que a salvação não está fora, nos seus muitos mirabolantes poderes antes desconhecidos e atraentes caminhos não traçados, a resposta vem de dentro: a mesma está diretamente ligada a quem faz seu coração bater com maior intensidade.
Nada é certo. Mas todos os pequenos momentos, decisões e sentimentos valem. Tudo importa.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" abraça sem nenhum medo seu lado blockbuster e suas incontáveis possibilidades. O filme brinca com gêneros(ação, sci-fi, comédia, romance) e metalinguagem de maneira bastante atraente. A obra bebe de muitas fontes, porém possui originalidade e brilho muito próprios.
O visual surpreende e desconcerta. Há cenas criativas e sequências impensáveis(o filme literalmente aproveita todas as brechas possíveis para introduzir elementos inesperados), mas a obra se consolida como algo de fato especial quando nos comove no final. A roupagem impressiona, contudo o coração do longa está nos belos sentimentos dos personagens e nas sinceras reflexões de sua protagonista.
Adorei a atuação do trio principal(especialmente). Palmas para Michelle Yeoh(O Tigre e o Dragão), Ke Huy Quan(Indiana Jones e o Templo da Perdição), Stephanie Hsu(The Marvelous Mrs. Maisel) e, também, para a grande Jamie Lee Curtis - que não precisa de apresentações.
A parte 2 olha o passado, faz uma reflexão sobre o presente e planeja o futuro próximo com seus próprios parâmetros de justiça. O czar que o povo necessita? Não importa. O destino de todos está em suas implacáveis mãos.
Um olhar bem de perto da centralização de poder de uma nação, das mudanças que afetam e das traições de figuras sedentas por comando. Grandioso e belamente teatral. O nascimento de uma era.
O fascínio pela arte abraça o grotesco e rejeita o monótono. A arte aqui perverte e excita. Dor e prazer caminham juntos. A exploração absoluta do corpo faz com que a mente se abra e transcenda de maneira inimaginável. Mergulhar neste caminho de suposta evolução tem seu preço: para uns a glorificação; para outros o fim.
Nas mãos de Cronenberg o sexo e a beleza interior ganham novas possibilidades e significados. Outro grande trabalho deste cineasta que não cansa de nos maravilhar com seus longas super autorais, obras que sem dúvida não poderiam ser de outra pessoa.
Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart estão muito muito bem. P.S.: Vamos combinar que ter essas duas talentosas atrizes juntas num filme já é meio caminho andado para que o mesmo seja atraente.
"Viúva Negra" jamais chega a empolgar e convencer durante suas pouco mais de duas horas. A ação, o desenrolar da trama e o suspense são bastante genéricos. Felizmente, o lado familiar(a inusitada família é bem desajustada) da obra que abraça sua protagonista e os outros personagens principais e a questão da exploração humana(tão forte do lado do vilão) enriquecem o longa. Gosto bem do elenco.
Falta a "Marighella" uma melhor articulação, desde o início, para que se sinta a importância de estar do outro lado. Falta entender a ideia que move tudo. Falta também, talvez, um pouco mais do lado humano do protagonista(embora o filme tenha, sim, momentos sensíveis nesse sentido).
Wagner Moura esteve envolvido e protagonizou dois dos filmes de maior sucesso de público no Brasil, ambos thrillers que discutem importantes questões sociais por meio dessa abordagem de gênero. Por isso, entende-se sua opção por conduzir seu primeiro longa como diretor através da ação.
Claramente poderia ser melhor, mas "Marighella" consegue ser um exemplar digno e atemporal sobre a ditadura e aqueles que deixam suas vidas de lado para lutar por algo maior para os outros e para o seu país.
Um lendário diretor contando com primor uma lendária história. Romance e horror juntos numa obra hipnotizante, de fascinante atmosfera. O sentimento imortal desafia o passar dos séculos e o impossível.
Filme intenso. Obra de deliciosos exageros. Calculados exageros no tom, nas composições dos atores e no visual chamativo(da direção de arte, dos figurinos, cenários e também das presenças sobrenaturais).
Coppola entrega um longa que nos anos 90, hoje(em 2022) ou em qualquer época conversa bastante com uma maneira muito clássica de se contar uma grande história. Terrível maldição. Belo e super palpável amor.
O ótimo elenco é uma atração à parte. Ver nomes como Anthony Hopkins, Gary Oldman, Winona Ryder(numa época que participava de grandes filmes em todos os anos) e Keanu Reeves juntos é um prazer. E não se pode esquecer dos conhecidos rostos coadjuvantes(caso de Monica Belucci).
Um dos trabalhos mais memoráveis de Francis Ford Coppola.
Um cenário bem particular e uma trama criativa. Uma história que toca em questões bem interessantes(como o uso da fé dos outros para benefício próprio e o impacto do alcoolismo). A construção das relações entre os personagens me agrada pouco, por conta disso muitas das atitudes dos mesmos eu achei pouco convincentes ou meio abruptas. Esse fator fez com que eu me envolvesse menos com a obra do que poderia. Apesar disso, os personagens e os caminhos que o longa toma acabam fazendo o todo funcionar.
O remake do Del Toro melhora muitas coisas(certamente considero o filme de 2021 superior), mas ainda assim, pra mim, foi bacana perceber ao término que a carga emocional e o tom de tragédia são maiores aqui. O final bastante dramático reflete o enorme peso das escolhas, trata-se de um duro golpe causado pela ambição desmedida que fez com que o protagonista passasse por cima de todos.
A vontade insaciável de mudar de vida, alcançar sucesso e se tornar uma grande estrela. A busca por criar algo que exploda e inove, que rompa as barreiras da época.
Um filme movido por desejos. De sexo, juventude e viver o que não se viveu. Vontades inquietam e fazem com que se realize coisas que vão contra aquilo que a sociedade e os bons costumes(religiosos ou não) aceitam de bom grado. Profundas vontades transformam noites tranquilas em realidades infernais. Fervores transformam figuras aparentemente frágeis em monstros.
Direção segura, ritmo muito bem conduzido e uma atmosfera bastante atraente. Gosto bem das sequências violentas e de toda a construção inicial que estabelece a história.
Grande homenagem aos slashers dos anos 70. Já temos um delicioso exemplar do gênero em 2022. Ti West me surpreendeu.
(Belo) Maldito fodido filme de terror. Mia Goth é uma estrela.
Não se trata apenas de um divórcio com foco maior num casal, a separação aqui afeta igualmente os filhos(até mais eles, inclusive). Os efeitos das mudanças atingem todos de maneiras diferentes e bem particulares, mas naqueles que estão crescendo perder a segurança de um cotidiano já conhecido naturalmente desestabiliza mais.
Decepção, momentos de raiva e tristeza. Os sentimentos conflitantes atestam o quanto este é um filme humano. Sinto o tempo todo que o longa passa longe de atingir o nível que poderia, Baumbach refinou muito seu cinema em termos de direção e roteiro com o passar dos anos, mas ainda sim "A Lula e a Baleia" funciona como um competente drama familiar.
Um filme que combina muito com a ideia de Soderbergh de sempre buscar inovar e/ou conversar com o mundo atual tanto em temas quanto em aspectos narrativos.
A ambientação e o cotidiano em meio a realidade da covid-19 é muito crível, convence ao mostrar as sequelas que afetam psicologicamente e também as relações. Dentro desse cenário de isolamento, insegurança e maior uso/dependência da tecnologia no mundo pandêmico nasce o thriller que carrega a trama.
Revelações impactantes, conspirações e uma atmosfera de crescente perigo tornam "Kimi" bastante atraente. As cenas na rua(quando a protagonista precisa vencer seus medos para lidar com algo maior) são muito bem dirigidas, sentimos a gigantesca dificuldade da personagem principal em cada momento.
Precisamos de uma certa dose de otimismo e boa vontade para gostar do final que envolve os três patetas, mas ver Angela(a ótima Zoë Kravitz) vencendo de diferentes formas por ela e por tantas outras pessoas(especialmente mulheres) acaba nos deixando com um sorriso no rosto.
Um início sólido e de fácil identificação sobre solidão e a dificuldade de criar conexões genuínas dá de cara com uma perigosa realidade. As bizarrices/absurdos e os desejos da elite privilegiadíssima dialogam com a atmosfera estranha.
O clima de desconforto e certas imagens(há uns closes propositalmente meio nojentos) surtem efeito no espectador. Existe um subtexto interessante contido nesses momentos. P.S.: Não duvido algumas pessoas pararem de comer carne após assistirem ao filme.
Talvez falte ao longa uma carga maior de tensão, mas grande parte disso está ligado a essa abordagem que esconde intenções, mostrando assim calmamente os passos dos personagens que buscam pegar ou se vingar de 'suas presas' de forma surpreendente(embora os caminhos não sejam imprevisíveis).
O final funciona muito, compensa em tensão. Não falta força às mulheres. Homens pra quê?
Adorei ver a talentosa e lindíssima Daisy Edgar-Jones num filme com alguma popularidade. A atriz merece destaque depois de sua performance na maravilhosa minissérie "Normal People".
As armas que ameaçam e não protegem. A promessa de segurança dos militares e mais poderosos como desvio de foco dos reais problemas do povo. P.S.: Semelhanças com realidades que conhecemos não são coincidências. Pessoas enjauladas pela falta de possibilidades e recursos. A alienação que paralisa e impede que se enxergue e aja como se deve.
Filme poderoso e riquíssimo, dono de inesquecíveis olhares desesperançosos e silêncios desoladores que dizem muito. Um longa dominado por relações enganosas, exploração e, principalmente, sobre o limite daqueles que não possuem força nem mesmo para lutar por sua sobrevivência.
Um dos mais poderosos exemplares do espetacular cinema brasileiro dos anos 60.
Longe(muuito longe, mesmo) de qualquer abordagem politicamente correta, "Sweet Sweetback's Baadasssss Song" é um filme de poderosa afirmação de raça e também de um subgênero deveras necessário ao cinema dos anos 70.
A exploração da sociedade(inclusive por parte daqueles que também são pretos) como ferramenta de espetáculo. Uma realidade aceita por ser a alternativa possível de sobrevivência. Os estereótipos do viril homem negro estão à serviço do entretenimento (neste filme de caráter muito particular), mas também geram bastante reflexão.
A sociedade que enxerga todos os pretos como figuras absolutamente iguais e descartáveis age com crueldade nesse longa que não dá voltas ao expor esse mal tão gritante. Uma obra que respira resistência, revolta e força. Longa de enorme energia, originalidade, paixão e um desejo enorme de dar o merecido destaque ao povo preto nas telonas.
"Pânico" busca conversar bastante com o mundo e tendências de hoje, cita de maneira divertida aclamadas obras de terror recentes e brinca sem limites com todas as particularidades e repetições tradicionais da franquia. O filme demora a engrenar e muitas coisas não funcionam(alguns momentos são constrangedores), mas a fórmula de sempre consegue entreter. As boas mortes e o envolvente e exagerado final agradam.
A irresistível mistura entre nostalgia(que nos faz gostar muito mais do universo e das figuras do filme) e evolução(nítida: dos personagens, da técnica e da fórmula) explica o grande sucesso de "Top Gun: Maverick".
O bom roteiro usa muito bem os conflitos que são heranças do longa de 1986 e insere uma força dramática bem mais madura nessa obra de 2022. Os personagens de Miles Teller e Jennifer Connelly são belíssimas adições, as relações de ambos com o protagonista são bastante interessantes, acrescentam muito ao longa. Os novos rostos dão vigor e os antigos nos emocionam. O que dizer da participação de Val Kilmer? Deveras emocionante, inesquecível.
As maravilhosas cenas de ação são de tirar o fôlego, muitíssimo bem filmadas. As sequências possuem realmente algo muito particular, nos passam a sensação de que estamos vendo algo novo no cinema. A dedicação exemplar e o risco que desafia todos os limites, que soam "loucura" e tanto caracterizam Cruise, contaminam positivamente o filme.
Apenas através da ação e nas missões os conflitos se resolvem. Passado, presente e futuro se tocam e se entendem após atravessarem caminhos duros, porém belos. O companheirismo se constrói naturalmente e a maturidade permite que se entenda onde e com quem se quer estar.
O grande Maverick parece não ter envelhecido nem um dia, mas Tom Cruise caminhou muito ao longo dos anos. O bom cinema de ação e os blockbusters de hoje em dia, que fogem do padrão recorrente dos filmes de super-heróis, devem demais ao astro. Vida eterna para Cruise e suas franquias "Missão: Impossível" e "Top Gun".
*P.S.: Um defeito? Nós merecíamos ver Jon Hamm e Jennifer Connelly curtindo a praia também.
"Você já pensou no futuro? - Já. - O que quer que você planeje fazer, nunca acontece. Coisas que você nunca pensaria acontecem. Então você só tem que... Ir em frente, sempre em frente. Sempre em frente. Sempre em frente."
Pensar no futuro, entender o passado e melhorar no presente. Johhny e Jesse vivem uma comovente relação que se constrói e cresce de forma muito crível e humana. Joaquin Phoenix e Woody Norman estão ótimos.
Quando se conhece melhor o outro, suas histórias, fraquezas e sentimentos diários tudo passa a fazer um novo sentido - e, nesse ponto, os depoimentos dos muitos jovens complementam/dialogam muito bem com a trama principal que envolve os protagonistas. Os distanciamentos de antes desaparecem e a realidade fica mais leve e fácil de se enfrentar. Belo nascimento de uma verdadeira amizade.
A fotografia e a locação nos fazem lembrar de "Manhattan", obra-prima de Woody Allen, mas acho interessante pensar que talvez o final do clássico de 1979(no qual o protagonista abre seu coração ao usar um gravador) tenha inspirado muita coisa neste filme de 2021. Enfim, apenas um chute.
"O Esquadrão Suicida" abraça o absurdo e nos atrai com seus deliciosos exageros. Trata-se de um filme que realmente não tem medo de arriscar(e muito menos de se ensanguentar). A história mergulha de cabeça no que seu roteiro propõe, não esquece as informações citadas desde o início.
As boas doses de surpresa e o fato das consequências terem real peso(algo raro em filmes como esse) são destaques muito positivos. A sujeira é imensa nos dois lados da história. Numa obra sem mocinhos cabe aos que aprenderam tardiamente a se importar com algo/alguém salvar o dia. Do nada a perder as amizades inesperadas.
James Gunn refez "Os Guardiões da Galáxia", mas com mais humor negro. O envolvente longa sabe rir de si mesmo num grau ainda maior do que o filme da Marvel(embora eu considere o da turma de Peter Quill mais engraçado). Definitivamente, não há dúvida que o cineasta sabe colocar nas telonas equipes com impressionante carisma e entregar entretenimento de alto nível no subgênero dos super-heróis.
Uma viagem super nostálgica e rica pelos pulsantes anos 60(mais precisamente por 1968/69). Linklater coloca na tela todo o espírito de inquietação dos EUA no período, materializa a aguardada conquista do espaço através de uma versão alternativa guiada pelo olhar lúdico de uma criança.
"Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial" nos deleita com suas várias citações a filmes, séries, músicas e acontecimentos históricos/políticos(todas fluem muito genuinamente na trama), as mesmas conversam perfeitamente com o cotidiano mágico do jovem protagonista - uma magia que se manifesta nas pequenas e grandes coisas, graças ao olhar muito sensível de seu realizador.
Longa apaixonado e apaixonante sobre um mundo repleto de possibilidades e transformações.
A salvação e a perdição de quem crê num competente e arriscado filme de gênero. O tormento descomunal da mente atinge o corpo em proporções catastróficas(as cenas são intensas). Quanto mais a solidão se intensifica, mais incontornáveis são as consequências e o destino que virá.
Auto convencimento e autopunição se alternam na busca incessante/desesperada por respostas. A tentativa de salvar o outro e o combate ao "'mal" são apenas projeções das próprias fraquezas e medos.
"Saint Maud" pode pecar um pouco pelo exagero e determinadas escolhas, mas esbanja frescor e força. Rico e interessantíssimo filme.
O massacre de jovens por conta do armamento(tema bastante caro aos EUA) e as consequências naqueles que ficam - em ambos os lados, nos pais daquele que cometeu e e de quem foi vítima. O filme(que se passa quase todo em um ambiente) aparenta em algum momento que se tornará cansativo, mas o bom texto e as ótimas atuações nos seguram, nos emocionam de diferentes formas. "Mass" esbanja sobriedade e sensibilidade. A busca por razões encontra alguma paz, dentro do possível, no ato de compartilhar o que se sente e no entendimento de que a dor continuará, porém as boas lembranças sempre trarão algum conforto aos feridos corações.
A fuga como alívio da mente e liberdade para o espírito.
Um filme cheio de frescor, tanto na forma que nasce a relação/amor dos protagonistas(conversa muito com o nosso mundo atual que encurta distâncias) quanto na própria relação em si(por ter um casal improvável, parecido com poucos vistos no audiovisual).
Há uma boa dose de melancolia, mas também de sobriedade. Não há a menor expectativa de aceitação dos outros e entendimento da sociedade - as pessoas em volta fazem questão de deixar claro que isso não irá acontecer. A busca é por um lugar e realidade em que se possa ser feliz sendo você por inteiro.
Belíssimo exemplar nacional. Nosso cinema resiste, segue encantando ao realizar obras de altíssimo nível mesmo sendo tão afetado pela falta de apoio do governo à cultura do país.
Nascida Ontem
3.7 39 Assista AgoraTão Cukor, Tão Capra.
"Eu te amo, Billie.
- Você não me ama, ama apenas o meu cérebro.
- Ele também."
Cada momento de Billie(Judy Holliday) e Paul(William Holden) juntos é apaixonante.
O normal seria esperar uma comédia que focasse num romance tradicional entre os dois, mas somos envolvidos por um filme que é todo baseado numa troca sobre aprendizado e como enxergamos o mundo.
De um lado um mergulho de cabeça no conhecimento(que abre a mente, dando assim uma nova perspectiva sobre a própria vida, o universo em volta e os valores mais importantes que devem prevalecer numa existência em sociedade); do outro alguém que inevitavelmente se fascina por uma mulher que é oposta a realidade que ele convive, alguém que exala pureza, verdade e vontade de crescer.
Uma relação muito bela e humana entre os dois personagens principais nasce, cresce e nos conquista diante dos nossos olhos.
O estereótipo da "loira burra" é desconstruído com enorme elegância. Poucas coisas são tão belas e reveladoras quanto a real descoberta do que queremos e a justa valorização de si mesmo(a).
Longa divertido e delicioso.
Billie merece mais. Todas as mulheres merecem mais.
.
Muito Bom.
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraQuando o olho é maior do que a barriga.
O ditado da época dos nossos avós(ou tataravós, tão importantes na família Haywood) define bem o espírito que contamina e pune praticamente todos os personagens(humanos e não humanos) do filme.
Numa era em que tudo precisa ser registrado para o mundo e muito se explora de tudo que for possível em prol do próprio sucesso, "Não! Não Olhe!" coloca essa ideia em prática num filme no qual os vencedores são aqueles que, apesar de também terem ambição, conseguem manter os pés e os olhos(literalmente) focados no chão no momento mais importante.
Coube aos Haywood novamente "domar a situação" e serem pioneiros: duas coisas que eles sabem fazer muito bem.
Jordan Peele entrega um filme b(no melhor sentido da expressão) que nos faz lembrar de grandes trabalhos do mestre John Carpenter. "Não! Não Olhe!" poderia tranquilamente se passar por uma obra do anos 80, o mais novo trabalho do diretor une sobrenatural, terror e uma atmosfera de aventura deliciosa numa trama muita direta e envolvente.
A alternância habilidosa entre planos fechados, que mostram bem a sensação de medo, e planos/espaços bem abertos, que entregam grandiosos e empolgantes momentos de tensão, atesta que estamos vendo em ação um diretor muito talentoso e cada vez mais seguro no domínio de sua arte.
Daniel Kaluuya e Keke Palmer estão ótimos! Necessitamos de mais atuações desses dois em obras de Jordan Peele.
Filme rico em gêneros e cheio de paixão por cinema. Uma das joias do ano.
.
Excelente.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraO poder infinito das grandes conexões.
A maior força não pertence ao ser que domina todas as forças. E sim a quem aprende a sentir tudo.
Ao atravessar universos entende-se que a salvação não está fora, nos seus muitos mirabolantes poderes antes desconhecidos e atraentes caminhos não traçados, a resposta vem de dentro: a mesma está diretamente ligada a quem faz seu coração bater com maior intensidade.
Nada é certo. Mas todos os pequenos momentos, decisões e sentimentos valem. Tudo importa.
"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" abraça sem nenhum medo seu lado blockbuster e suas incontáveis possibilidades. O filme brinca com gêneros(ação, sci-fi, comédia, romance) e metalinguagem de maneira bastante atraente. A obra bebe de muitas fontes, porém possui originalidade e brilho muito próprios.
O visual surpreende e desconcerta. Há cenas criativas e sequências impensáveis(o filme literalmente aproveita todas as brechas possíveis para introduzir elementos inesperados), mas a obra se consolida como algo de fato especial quando nos comove no final. A roupagem impressiona, contudo o coração do longa está nos belos sentimentos dos personagens e nas sinceras reflexões de sua protagonista.
Adorei a atuação do trio principal(especialmente). Palmas para Michelle Yeoh(O Tigre e o Dragão), Ke Huy Quan(Indiana Jones e o Templo da Perdição), Stephanie Hsu(The Marvelous Mrs. Maisel) e, também, para a grande Jamie Lee Curtis - que não precisa de apresentações.
Um dos grandes filmes do ano.
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Excelente.
Ivan, o Terrível - Parte II
4.1 26O imparável líder.
A parte 2 olha o passado, faz uma reflexão sobre o presente e planeja o futuro próximo com seus próprios parâmetros de justiça.
O czar que o povo necessita? Não importa. O destino de todos está em suas implacáveis mãos.
.
Excelente.
Ivan, o Terrível - Parte I
4.1 50 Assista AgoraA liderança e suas consequências.
Um olhar bem de perto da centralização de poder de uma nação, das mudanças que afetam e das traições de figuras sedentas por comando.
Grandioso e belamente teatral.
O nascimento de uma era.
.
Excelente.
Crimes do Futuro
3.2 265 Assista AgoraO novo. O corpo. O desejo.
O fascínio pela arte abraça o grotesco e rejeita o monótono.
A arte aqui perverte e excita. Dor e prazer caminham juntos.
A exploração absoluta do corpo faz com que a mente se abra e transcenda de maneira inimaginável.
Mergulhar neste caminho de suposta evolução tem seu preço: para uns a glorificação; para outros o fim.
Nas mãos de Cronenberg o sexo e a beleza interior ganham novas possibilidades e significados.
Outro grande trabalho deste cineasta que não cansa de nos maravilhar com seus longas super autorais, obras que sem dúvida não poderiam ser de outra pessoa.
Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart estão muito muito bem.
P.S.: Vamos combinar que ter essas duas talentosas atrizes juntas num filme já é meio caminho andado para que o mesmo seja atraente.
Um dos melhores filmes de 2022.
.
Excelente.
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraSentido e crescimento em família.
"Viúva Negra" jamais chega a empolgar e convencer durante suas pouco mais de duas horas. A ação, o desenrolar da trama e o suspense são bastante genéricos. Felizmente, o lado familiar(a inusitada família é bem desajustada) da obra que abraça sua protagonista e os outros personagens principais e a questão da exploração humana(tão forte do lado do vilão) enriquecem o longa.
Gosto bem do elenco.
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Regular.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraO grito e o sangue dos resistentes.
Falta a "Marighella" uma melhor articulação, desde o início, para que se sinta a importância de estar do outro lado. Falta entender a ideia que move tudo. Falta também, talvez, um pouco mais do lado humano do protagonista(embora o filme tenha, sim, momentos sensíveis nesse sentido).
Wagner Moura esteve envolvido e protagonizou dois dos filmes de maior sucesso de público no Brasil, ambos thrillers que discutem importantes questões sociais por meio dessa abordagem de gênero. Por isso, entende-se sua opção por conduzir seu primeiro longa como diretor através da ação.
Claramente poderia ser melhor, mas "Marighella" consegue ser um exemplar digno e atemporal sobre a ditadura e aqueles que deixam suas vidas de lado para lutar por algo maior para os outros e para o seu país.
.
Simpático.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraUm amor maior do que a morte.
Um lendário diretor contando com primor uma lendária história.
Romance e horror juntos numa obra hipnotizante, de fascinante atmosfera.
O sentimento imortal desafia o passar dos séculos e o impossível.
Filme intenso. Obra de deliciosos exageros. Calculados exageros no tom, nas composições dos atores e no visual chamativo(da direção de arte, dos figurinos, cenários e também das presenças sobrenaturais).
Coppola entrega um longa que nos anos 90, hoje(em 2022) ou em qualquer época conversa bastante com uma maneira muito clássica de se contar uma grande história.
Terrível maldição. Belo e super palpável amor.
O ótimo elenco é uma atração à parte. Ver nomes como Anthony Hopkins, Gary Oldman, Winona Ryder(numa época que participava de grandes filmes em todos os anos) e Keanu Reeves juntos é um prazer. E não se pode esquecer dos conhecidos rostos coadjuvantes(caso de Monica Belucci).
Um dos trabalhos mais memoráveis de Francis Ford Coppola.
.
Excelente.
O Beco das Almas Perdidas
4.0 33 Assista AgoraSelvagem ambição.
Um cenário bem particular e uma trama criativa. Uma história que toca em questões bem interessantes(como o uso da fé dos outros para benefício próprio e o impacto do alcoolismo).
A construção das relações entre os personagens me agrada pouco, por conta disso muitas das atitudes dos mesmos eu achei pouco convincentes ou meio abruptas. Esse fator fez com que eu me envolvesse menos com a obra do que poderia. Apesar disso, os personagens e os caminhos que o longa toma acabam fazendo o todo funcionar.
O remake do Del Toro melhora muitas coisas(certamente considero o filme de 2021 superior), mas ainda assim, pra mim, foi bacana perceber ao término que a carga emocional e o tom de tragédia são maiores aqui. O final bastante dramático reflete o enorme peso das escolhas, trata-se de um duro golpe causado pela ambição desmedida que fez com que o protagonista passasse por cima de todos.
.
Bom.
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraDesejo, subversão e punição.
A vontade insaciável de mudar de vida, alcançar sucesso e se tornar uma grande estrela.
A busca por criar algo que exploda e inove, que rompa as barreiras da época.
Um filme movido por desejos. De sexo, juventude e viver o que não se viveu.
Vontades inquietam e fazem com que se realize coisas que vão contra aquilo que a sociedade e os bons costumes(religiosos ou não) aceitam de bom grado.
Profundas vontades transformam noites tranquilas em realidades infernais. Fervores transformam figuras aparentemente frágeis em monstros.
Direção segura, ritmo muito bem conduzido e uma atmosfera bastante atraente. Gosto bem das sequências violentas e de toda a construção inicial que estabelece a história.
Grande homenagem aos slashers dos anos 70. Já temos um delicioso exemplar do gênero em 2022. Ti West me surpreendeu.
(Belo) Maldito fodido filme de terror. Mia Goth é uma estrela.
.
Muito Bom.
A Lula e a Baleia
3.7 317 Assista AgoraSeparação em família.
Não se trata apenas de um divórcio com foco maior num casal, a separação aqui afeta igualmente os filhos(até mais eles, inclusive). Os efeitos das mudanças atingem todos de maneiras diferentes e bem particulares, mas naqueles que estão crescendo perder a segurança de um cotidiano já conhecido naturalmente desestabiliza mais.
Decepção, momentos de raiva e tristeza. Os sentimentos conflitantes atestam o quanto este é um filme humano.
Sinto o tempo todo que o longa passa longe de atingir o nível que poderia, Baumbach refinou muito seu cinema em termos de direção e roteiro com o passar dos anos, mas ainda sim "A Lula e a Baleia" funciona como um competente drama familiar.
.
Bom.
Kimi: Alguém Está Escutando
2.9 117O medo e a paranoia de hoje.
Um filme que combina muito com a ideia de Soderbergh de sempre buscar inovar e/ou conversar com o mundo atual tanto em temas quanto em aspectos narrativos.
A ambientação e o cotidiano em meio a realidade da covid-19 é muito crível, convence ao mostrar as sequelas que afetam psicologicamente e também as relações.
Dentro desse cenário de isolamento, insegurança e maior uso/dependência da tecnologia no mundo pandêmico nasce o thriller que carrega a trama.
Revelações impactantes, conspirações e uma atmosfera de crescente perigo tornam "Kimi" bastante atraente. As cenas na rua(quando a protagonista precisa vencer seus medos para lidar com algo maior) são muito bem dirigidas, sentimos a gigantesca dificuldade da personagem principal em cada momento.
Precisamos de uma certa dose de otimismo e boa vontade para gostar do final que envolve os três patetas, mas ver Angela(a ótima Zoë Kravitz) vencendo de diferentes formas por ela e por tantas outras pessoas(especialmente mulheres) acaba nos deixando com um sorriso no rosto.
.
Bom.
Fresh
3.5 525 Assista AgoraOs marvados da carne.
Um início sólido e de fácil identificação sobre solidão e a dificuldade de criar conexões genuínas dá de cara com uma perigosa realidade.
As bizarrices/absurdos e os desejos da elite privilegiadíssima dialogam com a atmosfera estranha.
O clima de desconforto e certas imagens(há uns closes propositalmente meio nojentos) surtem efeito no espectador. Existe um subtexto interessante contido nesses momentos.
P.S.: Não duvido algumas pessoas pararem de comer carne após assistirem ao filme.
Talvez falte ao longa uma carga maior de tensão, mas grande parte disso está ligado a essa abordagem que esconde intenções, mostrando assim calmamente os passos dos personagens que buscam pegar ou se vingar de 'suas presas' de forma surpreendente(embora os caminhos não sejam imprevisíveis).
O final funciona muito, compensa em tensão.
Não falta força às mulheres. Homens pra quê?
Adorei ver a talentosa e lindíssima Daisy Edgar-Jones num filme com alguma popularidade.
A atriz merece destaque depois de sua performance na maravilhosa minissérie "Normal People".
.
Bom.
Os Fuzis
4.1 72A fome invisível.
As armas que ameaçam e não protegem. A promessa de segurança dos militares e mais poderosos como desvio de foco dos reais problemas do povo. P.S.: Semelhanças com realidades que conhecemos não são coincidências.
Pessoas enjauladas pela falta de possibilidades e recursos. A alienação que paralisa e impede que se enxergue e aja como se deve.
Filme poderoso e riquíssimo, dono de inesquecíveis olhares desesperançosos e silêncios desoladores que dizem muito. Um longa dominado por relações enganosas, exploração e, principalmente, sobre o limite daqueles que não possuem força nem mesmo para lutar por sua sobrevivência.
Um dos mais poderosos exemplares do espetacular cinema brasileiro dos anos 60.
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Excelente.
Sweet Sweetback's Baadasssss Song
3.4 21O herói possível contra o impossível.
Longe(muuito longe, mesmo) de qualquer abordagem politicamente correta, "Sweet Sweetback's Baadasssss Song" é um filme de poderosa afirmação de raça e também de um subgênero deveras necessário ao cinema dos anos 70.
A exploração da sociedade(inclusive por parte daqueles que também são pretos) como ferramenta de espetáculo. Uma realidade aceita por ser a alternativa possível de sobrevivência. Os estereótipos do viril homem negro estão à serviço do entretenimento (neste filme de caráter muito particular), mas também geram bastante reflexão.
A sociedade que enxerga todos os pretos como figuras absolutamente iguais e descartáveis age com crueldade nesse longa que não dá voltas ao expor esse mal tão gritante.
Uma obra que respira resistência, revolta e força. Longa de enorme energia, originalidade, paixão e um desejo enorme de dar o merecido destaque ao povo preto nas telonas.
Talvez o melhor representante do Blaxploitation.
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Excelente.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraVolta o cão arrependido...
"Pânico" busca conversar bastante com o mundo e tendências de hoje, cita de maneira divertida aclamadas obras de terror recentes e brinca sem limites com todas as particularidades e repetições tradicionais da franquia.
O filme demora a engrenar e muitas coisas não funcionam(alguns momentos são constrangedores), mas a fórmula de sempre consegue entreter. As boas mortes e o envolvente e exagerado final agradam.
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Simpático.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraSiga seus instintos. Cure suas feridas.
A irresistível mistura entre nostalgia(que nos faz gostar muito mais do universo e das figuras do filme) e evolução(nítida: dos personagens, da técnica e da fórmula) explica o grande sucesso de "Top Gun: Maverick".
O bom roteiro usa muito bem os conflitos que são heranças do longa de 1986 e insere uma força dramática bem mais madura nessa obra de 2022. Os personagens de Miles Teller e Jennifer Connelly são belíssimas adições, as relações de ambos com o protagonista são bastante interessantes, acrescentam muito ao longa.
Os novos rostos dão vigor e os antigos nos emocionam. O que dizer da participação de Val Kilmer? Deveras emocionante, inesquecível.
As maravilhosas cenas de ação são de tirar o fôlego, muitíssimo bem filmadas. As sequências possuem realmente algo muito particular, nos passam a sensação de que estamos vendo algo novo no cinema. A dedicação exemplar e o risco que desafia todos os limites, que soam "loucura" e tanto caracterizam Cruise, contaminam positivamente o filme.
Apenas através da ação e nas missões os conflitos se resolvem. Passado, presente e futuro se tocam e se entendem após atravessarem caminhos duros, porém belos.
O companheirismo se constrói naturalmente e a maturidade permite que se entenda onde e com quem se quer estar.
O grande Maverick parece não ter envelhecido nem um dia, mas Tom Cruise caminhou muito ao longo dos anos. O bom cinema de ação e os blockbusters de hoje em dia, que fogem do padrão recorrente dos filmes de super-heróis, devem demais ao astro. Vida eterna para Cruise e suas franquias "Missão: Impossível" e "Top Gun".
*P.S.: Um defeito? Nós merecíamos ver Jon Hamm e Jennifer Connelly curtindo a praia também.
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Muito Bom.
Sempre em Frente
3.9 160"Você já pensou no futuro?
- Já.
- O que quer que você planeje fazer, nunca acontece. Coisas que você nunca pensaria acontecem. Então você só tem que... Ir em frente, sempre em frente. Sempre em frente. Sempre em frente."
Pensar no futuro, entender o passado e melhorar no presente.
Johhny e Jesse vivem uma comovente relação que se constrói e cresce de forma muito crível e humana. Joaquin Phoenix e Woody Norman estão ótimos.
Quando se conhece melhor o outro, suas histórias, fraquezas e sentimentos diários tudo passa a fazer um novo sentido - e, nesse ponto, os depoimentos dos muitos jovens complementam/dialogam muito bem com a trama principal que envolve os protagonistas.
Os distanciamentos de antes desaparecem e a realidade fica mais leve e fácil de se enfrentar.
Belo nascimento de uma verdadeira amizade.
A fotografia e a locação nos fazem lembrar de "Manhattan", obra-prima de Woody Allen, mas acho interessante pensar que talvez o final do clássico de 1979(no qual o protagonista abre seu coração ao usar um gravador) tenha inspirado muita coisa neste filme de 2021. Enfim, apenas um chute.
Bonito filme.
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Muito Bom.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraOs mais improváveis heróis.
"O Esquadrão Suicida" abraça o absurdo e nos atrai com seus deliciosos exageros.
Trata-se de um filme que realmente não tem medo de arriscar(e muito menos de se ensanguentar). A história mergulha de cabeça no que seu roteiro propõe, não esquece as informações citadas desde o início.
As boas doses de surpresa e o fato das consequências terem real peso(algo raro em filmes como esse) são destaques muito positivos.
A sujeira é imensa nos dois lados da história. Numa obra sem mocinhos cabe aos que aprenderam tardiamente a se importar com algo/alguém salvar o dia.
Do nada a perder as amizades inesperadas.
James Gunn refez "Os Guardiões da Galáxia", mas com mais humor negro. O envolvente longa sabe rir de si mesmo num grau ainda maior do que o filme da Marvel(embora eu considere o da turma de Peter Quill mais engraçado).
Definitivamente, não há dúvida que o cineasta sabe colocar nas telonas equipes com impressionante carisma e entregar entretenimento de alto nível no subgênero dos super-heróis.
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Muito Bom.
Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial
3.7 56 Assista AgoraA história nunca contada.
Uma viagem super nostálgica e rica pelos pulsantes anos 60(mais precisamente por 1968/69). Linklater coloca na tela todo o espírito de inquietação dos EUA no período, materializa a aguardada conquista do espaço através de uma versão alternativa guiada pelo olhar lúdico de uma criança.
"Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial" nos deleita com suas várias citações a filmes, séries, músicas e acontecimentos históricos/políticos(todas fluem muito genuinamente na trama), as mesmas conversam perfeitamente com o cotidiano mágico do jovem protagonista - uma magia que se manifesta nas pequenas e grandes coisas, graças ao olhar muito sensível de seu realizador.
Longa apaixonado e apaixonante sobre um mundo repleto de possibilidades e transformações.
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Muito Bom.
Saint Maud
3.5 336 Assista AgoraDelírios de fé.
A salvação e a perdição de quem crê num competente e arriscado filme de gênero.
O tormento descomunal da mente atinge o corpo em proporções catastróficas(as cenas são intensas).
Quanto mais a solidão se intensifica, mais incontornáveis são as consequências e o destino que virá.
Auto convencimento e autopunição se alternam na busca incessante/desesperada por respostas.
A tentativa de salvar o outro e o combate ao "'mal" são apenas projeções das próprias fraquezas e medos.
"Saint Maud" pode pecar um pouco pelo exagero e determinadas escolhas, mas esbanja frescor e força. Rico e interessantíssimo filme.
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Muito Bom.
Mass
4.0 70 Assista AgoraA dor do outro.
O massacre de jovens por conta do armamento(tema bastante caro aos EUA) e as consequências naqueles que ficam - em ambos os lados, nos pais daquele que cometeu e e de quem foi vítima.
O filme(que se passa quase todo em um ambiente) aparenta em algum momento que se tornará cansativo, mas o bom texto e as ótimas atuações nos seguram, nos emocionam de diferentes formas.
"Mass" esbanja sobriedade e sensibilidade. A busca por razões encontra alguma paz, dentro do possível, no ato de compartilhar o que se sente e no entendimento de que a dor continuará, porém as boas lembranças sempre trarão algum conforto aos feridos corações.
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Muito Bom.
Deserto Particular
3.8 183 Assista Agora"Por que o Rio?
- Porque é bonito."
A fuga como alívio da mente e liberdade para o espírito.
Um filme cheio de frescor, tanto na forma que nasce a relação/amor dos protagonistas(conversa muito com o nosso mundo atual que encurta distâncias) quanto na própria relação em si(por ter um casal improvável, parecido com poucos vistos no audiovisual).
Há uma boa dose de melancolia, mas também de sobriedade. Não há a menor expectativa de aceitação dos outros e entendimento da sociedade - as pessoas em volta fazem questão de deixar claro que isso não irá acontecer. A busca é por um lugar e realidade em que se possa ser feliz sendo você por inteiro.
Belíssimo exemplar nacional. Nosso cinema resiste, segue encantando ao realizar obras de altíssimo nível mesmo sendo tão afetado pela falta de apoio do governo à cultura do país.
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Excelente.