O filme nos dá dicas de que a era em que se passa é entre 1600 e 1800, devido aos músicos e vestimentas do náufrago. Isso nos dá a ideia de que essa ilha poderia demorar um tanto ainda a ser descoberta ou reivindicada por alguma nação. Ou seja: O náufrago estava realmente isolado do resto do mundo. A tartaruga provavelmente não foi a responsável pelas destruiçôes das jangadas. Ela só foi vista na terceira vez, possivelmente por acaso, sendo então o alvo de toda a ira do náufrago. Ou se ela destruiu, então o fez por compaixão, sabendo que o náufrago não sobreviveria ao mar aberto. Toda a construção familiar que surgiu pós enlace homem-tartaruga é uma chance dada pela vida (ou tartaruga; ou Deus; ou a própria ilha - depende de cada interpretação) ao náufrago de não ter uma existência miserável.
O filme está no nível do que o diretor tem feito desde "A Vila": Enredo fraco; Roteiro idem; Direção de elenco canastrona; Suspense? Onde? Mas um mérito o diretor teve neste filme. Conseguiu criar um novo nicho:
Inevitável comparação a outros filmes com a mesma estrutura narrativa. No caso desse, um "Peppermint Candy" com menos sucesso na realização, mas igualmente interessante na narrativa.
Os documentários são tão bem feitos, bem filmados e bem montados que você acha estar assistindo um filme. Você acaba se apegando aos animais de uma forma que jamais sentiu em outros documentários sobre a vida selvagem. Cada tomada parece captar o que cada animal está sentindo e intuindo. Traz uma empatia diferente em relação a eles.
E isso é muito poderoso!
Sabemos que na luta por sobrevivência do mundo selvagem não há heróis ou vilões, mas a abordagem aqui é tão mais ampla que você passa a torcer por um "final feliz" nas histórias de cada espécie retratada. Excelente!
Quando minha família comprou um video-cassete, lembro que o primeiro filme que aluguei foi UM TIRA DA PESADA 2. O segundo filme foi KOYAANISQATSI.
Eu devia ter entre 11 e 12 anos. Aluguei por causa da sinopse, mas principalmente pelas imagens da capa do VHS. E desde então, e até hoje, jamais vi um espetáculo audiovisual tão esplendoroso. O diretor consegue mesclar perfeitamente cenas quase banais e cotidianas, com outras tomadas de lugares históricos, mas sempre com uma sensação de que "algo está errado". A intenção é sempre de mostrar a ação humana durante seu tempo no planeta. As imagens simplesmente hipnotizam o espectador. A trilha sonora composta por Philip Glass é uma das peças musicais mais lindas que conheço. Gosto de pedalar em estradas de terra ouvindo música, e certamente esta trilha é uma das que mais ouço nesses momentos.
Se fosse pra escolher os 10 melhores filmes que já vi, KOYAANISQATSI estaria entre eles.
A ajuda do Paul ao assassino não faz sentido. O próprio assassino estar vivo, já que foi dito que na cena do crime na praia ele havia se matado. O personagem do jornalista que não existe, mas com quem todo mundo conversa, inclusive no seu "emprego". A submissão da atriz para como o diretor.
Não tem um fio de meada pra seguir. O final é simplesmente jogado na tela sem ter uma explicação razoável. O filme poderia servir como uma homenagem ao teatro, mas duvido que diretores e atores se sentiriam bem representados pelo autor das peças e por seus atores, todos vistos como loucos ou antiéticos.
Ele queria criticar e frisar que estávamos lá pela violência gráfica, que queríamos apenas ver o sangue, a agressão. Só que eu odiei a experiência justamente porque não queria nem mesmo ter visto a sugestão da violência envolvida, já que não a temos de forma explícita na tela. Confesso que não sei porque assisti a esse longa, já que nunca gostei de filmes com elementos de tortura e agressão pesada. Nunca gostei, mesmo, de ver a morte violenta causada de propósito e com sadismo na tela do cinema.
Sendo assim fico sem saber como analisá-lo. Se por um lado odiei TUDO o que se passou na tela, por outro lado é absolutamente genial que essa história tenha sido contada dessa maneira. E jamais irei querer assisti-lo novamente.
Tom Wilkinson é uma força da natureza. Em todas as vezes que atua (mesmo só sua voz) ele rouba a cena.
O filme mostra uma situação simplificada de uma grande corporação fazendo o que faz de melhor: obter seus lucros em cima da exploração e literal envenenamento de recursos naturais e alimentícios. Provavelmente uma crítica bem clara a Monsanto e outras empresas que são eticamente - e criminalmente - condenáveis.
Mas não é exatamente sobre isso. É sobre o background dos personagens. As motivações e o que os separa de ser um profissional ou um humano. Nos seus ramos de atuação profissional nem sempre ética, verdade ou moral estão sempre com o mesmo peso. Os três personagens principais estão cada um na sua própria balança entre a conduta profissional e a humanidade dos atos. E passamos de um filme que estuda até onde vai o limite de uma conduta profissional para um tratado crítico humanitário que envolve dramas pessoais entre vícios e epifanias.
Há menos de um ano terminei o livro "A Sexta Extinção - Uma História Não Natural", de Elizabeth Kolbert. O livro recebeu, entre outras premiações, o Pulitzer de não-ficção de 2015. A autora sugeria que, desde que o primeiro humano migrou de continente o planeta já passava a vivenciar o período antropoceno.
Com muito menos explicações científicas, mas com o advento de imagens - belíssimas, por sinal - o documentário "Antropoceno - A Era Humana" causa comoção semelhante. O filme, diferente do livro, não busca solução ou mesmo criar conscientização a quem o assiste. Mas assusta com tantas imagens que o livro, por limitações óbvias, não tem condições de mostrar. O filme ainda cita a superpopulação de grandes áreas urbanas como um dos agentes causadores de parte dessa condição atual do planeta, coisa que o livro não faz. Embora no livro haja excelente e detalhada pesquisa, e explicações embasadas de como chegamos a esse momento.
Se quiséssemos - como humanos conscientes de que vivemos num planeta de recursos finitos - uma mudança significativa nessa rota de destruição inevitável já teríamos que ter mudado de postura há pelo menos uma geração atrás.
Mas agora a catástrofe é real e irremediável. E caminhando a passos cada vez mais largos. O cenário é altamente pessimista.
Tenho pena dos que nasceram há menos de 10 anos.
E acho que antes do capitalismo implodir, a raça humana vai ter que prestar contas ao planeta de forma muito, muito cara.
Para ver no cinema, assim como tantos outros filmes em que a experiência só faz sentido se for vivida no ambiente adequado, com tela grande e som de qualidade. Na tela de um computador - ou mesmo na TV - ele dificilmente terá impacto.
Quando assisto um filme, uma parte de mim quer um roteiro impecável, com explicações plausíveis e resoluções críveis para cada cena e/ou cada fala. Dou espaço para subjetivismos e simbolismos, porém não deve ser simplesmente um amontoado de referências pobres ou mal construídas. Há que se montar uma história capaz de me explicar e convencer as motivações dos personagens, e que as situações sejam verossímeis com suas idiossincrasias e com a história proposta.
(Um exemplo: certo personagem nunca viveu ou sequer presenciou violência física. E então, numa situação limite, precisa matar ou ferir outro personagem para continuar sua saga. E na cena seguinte a isso já está fazendo piadas ou agindo como se nada diferente houvesse ocorrido. De uma hora pra outra se tornou um personagem praticamente diferente. Não vive o trauma, e a mudança que isso ocorreria no resto de sua vida torna a nova experiência vivida como algo trivial ou banal. Isso não se sustenta, não me convence. E o filme, nesse momento, já perdeu minha boa vontade).
Por outro lado eu também tenho vontade de ver algo "novo". A vontade de ter uma experiência cinematográfica que poucas vezes tive antes. Algo que tenha a marca do diretor, ou que a montagem e/ou a fotografia (ou figurino, efeitos sonoros/visuais, etc) sejam marcantes o suficiente pra serem consideradas partes intrínsecas e primordiais da história contada.
Fiz todo esse preâmbulo para tentar explicar o que senti ao assistir "O Farol". Saí do cinema com a sensação de "poderia ter sido melhor...". Mas durante os primeiros minutos após o filme, numa pizzaria, eu já estava procurando referências e explicações para as simbologias apresentadas no filme. Ao mesmo tempo que procurei explicações pra cada cena ou pra cada reação de cada personagem, eu acabei me dando conta que
o filme é centrado sob a perspectiva de apenas um dos personagens. Nada daquilo mostrado precisa necessariamente ter uma resolução verossímil ou crível, até porque à medida que a loucura toma posse dele, todo o resto é subjetivo e não carece de maiores explicações. A "realidade" passou a ser, ela mesma, em si própria, uma fantasia. A "verdade" que procuramos para nos dar a sensação de que vimos algo que faz sentido passa a ser supérflua. Apenas o que o personagem vive e reage deve fazer sentido
.
E isso é uma das principais razões pela qual vou ao cinema. Quando um filme me cativa a ponto de negar minhas próprias conclusões perante o que acabei de ver ("você acha que viu ISSO, mas na real a sua interpretação é apenas mais uma diante de várias outras que cada pessoa terá") eu dou o nome disso de ARTE.
E esse filme é uma obra de arte, mesmo eu tendo saído do cinema ontem dando uma nota 3 a ele. Que passou a ser 4 hoje. Talvez em breve eu possa considerá-lo 5 estrelas (e isso é algo perfeitamente normal, porque nunca somos as mesmas pessoas que éramos ontem. E amanhã seremos diferentes de hoje, graças às experiências vividas dia a dia).
Um catado de referências a obras passadas do próprio diretor. Cada ator já fez o mesmo papel várias vezes. Diálogos profundamente rasos, maquiagem não convincente, filme excessivamente longo e extremamente cansativo. Parece que o diretor quis fazer um cortejo aos amigos de longa data, e apenas isso. Pra mim, o pior filme que o Martin Scorsese já fez.
Certamente um dos melhores filmes que assisti nos últimos dois anos.
Muitos diretores do atual cinema de suspense/terror não conseguem transmitir a mesma aura de tensão que há neste filme. E não é que seja um filme de terror, porém a história te faz morder o punho de tanto nervosismo que ele provoca. E tudo isso tendo um cenário extremamente básico. Arrisco dizer que se o filme fosse apenas um áudio, sem imagens, ainda assim desconfio que seria ótimo. Mas vale dizer que certas tomadas de câmera são importantes pra contextualizar a história. Assim como o subtexto que nos mostra o porquê das atitudes do policial.
E a cena final. A tomada de câmera final. Belíssimo. Cinema em estado artístico puro.
Depois de ter visto "Corra" - que pra mim é o melhor filme de suspense/terror da década - eu fiquei extremamente decepcionado com este "Nós". Tão decepcionado a ponto de quase não sentir mais vontade de procurar novos lançamentos futuros de Jordan Peele como diretor.
Quase nada se salva do filme. Atuações canastronas, direção pretensiosa, roteiro previsível, desenvolvimento nonsense, humor deslocado, simbologias fracas e desfecho risível. Apenas a fotografia merece um comentário positivo. Mas não que seja algo de destaque...
Nem parece o mesmo diretor de "Corra". Talvez seja obra de um doppelgänger, vai saber...
Essa primeira temporada é absolutamente genial e fantástica.
Tendo como protagonistas dois policiais - que pela função e forma são das figuras mais abjetas da sociedade constituída - com personalidades "quebradas" e antagônicas (Rusty Cole é dos meus personagens favoritos de todo o sempre), uma série tida como policial é na verdade um tratado filosófico sobre religião, sociedade e o próprio sentido da vida como pessoa e parte da coletividade.
Como admirador do livro e da microssérie dos anos 90 não vou gastar mais palavras pra comentar a bomba que é essa nova adaptação. O dinheiro que gastei com filme, pipoca e estacionamento podia ter sido gasto com, sei lá, um vinho.
A solidão de uma mulher por ser muda e violentada. A solidão de um artista gay que vê seu talento perder espaço para novas tecnologias. A solidão de uma mulher casada que não tem empatia pelo marido. A solidão de um espião que não sabe em quem confiar. A solidão de um soldado que se vê apenas um cumpridor de ordens. E, por fim, a solidão e medo de um ser que não está no seu ambiente natural.
É um belo filme. Bonito e sensível. E como é uma obra de fantasia, o mais importante é sentir ao invés de tentar arrumar explicações lineares. Não o votaria como melhor filme do ano, mas também não acho que seja imerecido.
A Tartaruga Vermelha
4.1 392 Assista AgoraSobre cada ato do filme. Não considero essa parte spoiler, mas escondo mesmo assim caso estejam vendo o filme "no escuro", sem saber do enredo:
O primeiro ato do filme me causou enorme tensão.
No segundo eu me diverti e me joguei na fantasia.
No terceiro ato o filme me derrubou em lágrimas.
Tudo permeado por uma fotografia deslumbrante e uma natureza exuberante. Isso chamo de excelente experiência cinematográfica!
Sobre o que analisei:
O filme nos dá dicas de que a era em que se passa é entre 1600 e 1800, devido aos músicos e vestimentas do náufrago. Isso nos dá a ideia de que essa ilha poderia demorar um tanto ainda a ser descoberta ou reivindicada por alguma nação. Ou seja: O náufrago estava realmente isolado do resto do mundo. A tartaruga provavelmente não foi a responsável pelas destruiçôes das jangadas. Ela só foi vista na terceira vez, possivelmente por acaso, sendo então o alvo de toda a ira do náufrago. Ou se ela destruiu, então o fez por compaixão, sabendo que o náufrago não sobreviveria ao mar aberto. Toda a construção familiar que surgiu pós enlace homem-tartaruga é uma chance dada pela vida (ou tartaruga; ou Deus; ou a própria ilha - depende de cada interpretação) ao náufrago de não ter uma existência miserável.
Batem à Porta
3.1 564 Assista AgoraO filme está no nível do que o diretor tem feito desde "A Vila":
Enredo fraco;
Roteiro idem;
Direção de elenco canastrona;
Suspense? Onde?
Mas um mérito o diretor teve neste filme. Conseguiu criar um novo nicho:
O filme LGBTQIA+ Cristão
Parece que o diretor já não está nem aí. Já deu de Shyamalan. Não tento mais.
Cities of Last Things
3.4 34 Assista AgoraInevitável comparação a outros filmes com a mesma estrutura narrativa.
No caso desse, um "Peppermint Candy" com menos sucesso na realização, mas igualmente interessante na narrativa.
Dinastias (1ª Temporada)
4.6 1Os documentários são tão bem feitos, bem filmados e bem montados que você acha estar assistindo um filme. Você acaba se apegando aos animais de uma forma que jamais sentiu em outros documentários sobre a vida selvagem. Cada tomada parece captar o que cada animal está sentindo e intuindo. Traz uma empatia diferente em relação a eles.
E isso é muito poderoso!
Sabemos que na luta por sobrevivência do mundo selvagem não há heróis ou vilões, mas a abordagem aqui é tão mais ampla que você passa a torcer por um "final feliz" nas histórias de cada espécie retratada. Excelente!
Vi no Discovery Channel.
Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio
4.4 236 Assista AgoraQuando minha família comprou um video-cassete, lembro que o primeiro filme que aluguei foi UM TIRA DA PESADA 2. O segundo filme foi KOYAANISQATSI.
Eu devia ter entre 11 e 12 anos. Aluguei por causa da sinopse, mas principalmente pelas imagens da capa do VHS. E desde então, e até hoje, jamais vi um espetáculo audiovisual tão esplendoroso. O diretor consegue mesclar perfeitamente cenas quase banais e cotidianas, com outras tomadas de lugares históricos, mas sempre com uma sensação de que "algo está errado". A intenção é sempre de mostrar a ação humana durante seu tempo no planeta. As imagens simplesmente hipnotizam o espectador. A trilha sonora composta por Philip Glass é uma das peças musicais mais lindas que conheço. Gosto de pedalar em estradas de terra ouvindo música, e certamente esta trilha é uma das que mais ouço nesses momentos.
Se fosse pra escolher os 10 melhores filmes que já vi, KOYAANISQATSI estaria entre eles.
O Assassino em Mim
3.1 340 Assista AgoraA palavra DESPERDÍCIO deve ser colocada junta a qualquer outra que faça parte da produção de um filme, precedida pela preposição DE.
Navio Fantasma
2.8 824 Assista AgoraConstrangedor.
A Mulher Mais Assassinada do Mundo
2.9 33 Assista AgoraEu não sei o que esse roteirista bebeu. Mas devia estar estragado. O filme é muito ruim. Nada faz sentido.
A ajuda do Paul ao assassino não faz sentido. O próprio assassino estar vivo, já que foi dito que na cena do crime na praia ele havia se matado. O personagem do jornalista que não existe, mas com quem todo mundo conversa, inclusive no seu "emprego". A submissão da atriz para como o diretor.
Não tem um fio de meada pra seguir. O final é simplesmente jogado na tela sem ter uma explicação razoável. O filme poderia servir como uma homenagem ao teatro, mas duvido que diretores e atores se sentiriam bem representados pelo autor das peças e por seus atores, todos vistos como loucos ou antiéticos.
Peppermint Candy
4.0 23Fiquei tão impressionado com o filme, mas tão impressionado, que até fiquei preocupado.
Tempestade: Planeta em Fúria
2.7 596 Assista AgoraO Sharknado dos filmes de espaço sideral
Violência Gratuita
3.4 1,3KEu entendi o filme. Ao menos considero que sim.
E o odiei, ao mesmo tempo que o considero genial.
Ele queria criticar e frisar que estávamos lá pela violência gráfica, que queríamos apenas ver o sangue, a agressão. Só que eu odiei a experiência justamente porque não queria nem mesmo ter visto a sugestão da violência envolvida, já que não a temos de forma explícita na tela. Confesso que não sei porque assisti a esse longa, já que nunca gostei de filmes com elementos de tortura e agressão pesada. Nunca gostei, mesmo, de ver a morte violenta causada de propósito e com sadismo na tela do cinema.
Sendo assim fico sem saber como analisá-lo. Se por um lado odiei TUDO o que se passou na tela, por outro lado é absolutamente genial que essa história tenha sido contada dessa maneira. E jamais irei querer assisti-lo novamente.
Fuga de Los Angeles
3.0 179 Assista AgoraPrêmio Fred Whately de filme mais niilista já visto.
Conduta de Risco
3.5 195 Assista AgoraFIL-MA-ÇO!
Tom Wilkinson é uma força da natureza. Em todas as vezes que atua (mesmo só sua voz) ele rouba a cena.
O filme mostra uma situação simplificada de uma grande corporação fazendo o que faz de melhor: obter seus lucros em cima da exploração e literal envenenamento de recursos naturais e alimentícios. Provavelmente uma crítica bem clara a Monsanto e outras empresas que são eticamente - e criminalmente - condenáveis.
Mas não é exatamente sobre isso. É sobre o background dos personagens. As motivações e o que os separa de ser um profissional ou um humano. Nos seus ramos de atuação profissional nem sempre ética, verdade ou moral estão sempre com o mesmo peso. Os três personagens principais estão cada um na sua própria balança entre a conduta profissional e a humanidade dos atos. E passamos de um filme que estuda até onde vai o limite de uma conduta profissional para um tratado crítico humanitário que envolve dramas pessoais entre vícios e epifanias.
A cena dos
cavalos
O final
apoteótico e redentor
Entra fácil na minha lista de 100 filmes preferidos de todos os tempos.
Através da Sombra
2.3 61 Assista AgoraO ator que faz o papel do Bento não foi creditado aqui: Chama-se Alexandre Varela.
Antropoceno: A Era Humana
4.1 11Há menos de um ano terminei o livro "A Sexta Extinção - Uma História Não Natural", de Elizabeth Kolbert. O livro recebeu, entre outras premiações, o Pulitzer de não-ficção de 2015. A autora sugeria que, desde que o primeiro humano migrou de continente o planeta já passava a vivenciar o período antropoceno.
Com muito menos explicações científicas, mas com o advento de imagens - belíssimas, por sinal - o documentário "Antropoceno - A Era Humana" causa comoção semelhante. O filme, diferente do livro, não busca solução ou mesmo criar conscientização a quem o assiste. Mas assusta com tantas imagens que o livro, por limitações óbvias, não tem condições de mostrar. O filme ainda cita a superpopulação de grandes áreas urbanas como um dos agentes causadores de parte dessa condição atual do planeta, coisa que o livro não faz. Embora no livro haja excelente e detalhada pesquisa, e explicações embasadas de como chegamos a esse momento.
Se quiséssemos - como humanos conscientes de que vivemos num planeta de recursos finitos - uma mudança significativa nessa rota de destruição inevitável já teríamos que ter mudado de postura há pelo menos uma geração atrás.
Mas agora a catástrofe é real e irremediável. E caminhando a passos cada vez mais largos. O cenário é altamente pessimista.
Tenho pena dos que nasceram há menos de 10 anos.
E acho que antes do capitalismo implodir, a raça humana vai ter que prestar contas ao planeta de forma muito, muito cara.
What Did Jack Do?
3.2 139"Não entendi nada", dizem alguns.
Tudo bem, já que não é mesmo pra entender. É pra sentir e apreciar a ambientação e o nonsense do que se vê na tela.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraPara ver no cinema, assim como tantos outros filmes em que a experiência só faz sentido se for vivida no ambiente adequado, com tela grande e som de qualidade. Na tela de um computador - ou mesmo na TV - ele dificilmente terá impacto.
Quando assisto um filme, uma parte de mim quer um roteiro impecável, com explicações plausíveis e resoluções críveis para cada cena e/ou cada fala. Dou espaço para subjetivismos e simbolismos, porém não deve ser simplesmente um amontoado de referências pobres ou mal construídas. Há que se montar uma história capaz de me explicar e convencer as motivações dos personagens, e que as situações sejam verossímeis com suas idiossincrasias e com a história proposta.
(Um exemplo: certo personagem nunca viveu ou sequer presenciou violência física. E então, numa situação limite, precisa matar ou ferir outro personagem para continuar sua saga. E na cena seguinte a isso já está fazendo piadas ou agindo como se nada diferente houvesse ocorrido. De uma hora pra outra se tornou um personagem praticamente diferente. Não vive o trauma, e a mudança que isso ocorreria no resto de sua vida torna a nova experiência vivida como algo trivial ou banal. Isso não se sustenta, não me convence. E o filme, nesse momento, já perdeu minha boa vontade).
Por outro lado eu também tenho vontade de ver algo "novo". A vontade de ter uma experiência cinematográfica que poucas vezes tive antes. Algo que tenha a marca do diretor, ou que a montagem e/ou a fotografia (ou figurino, efeitos sonoros/visuais, etc) sejam marcantes o suficiente pra serem consideradas partes intrínsecas e primordiais da história contada.
Fiz todo esse preâmbulo para tentar explicar o que senti ao assistir "O Farol". Saí do cinema com a sensação de "poderia ter sido melhor...". Mas durante os primeiros minutos após o filme, numa pizzaria, eu já estava procurando referências e explicações para as simbologias apresentadas no filme. Ao mesmo tempo que procurei explicações pra cada cena ou pra cada reação de cada personagem, eu acabei me dando conta que
o filme é centrado sob a perspectiva de apenas um dos personagens. Nada daquilo mostrado precisa necessariamente ter uma resolução verossímil ou crível, até porque à medida que a loucura toma posse dele, todo o resto é subjetivo e não carece de maiores explicações. A "realidade" passou a ser, ela mesma, em si própria, uma fantasia. A "verdade" que procuramos para nos dar a sensação de que vimos algo que faz sentido passa a ser supérflua. Apenas o que o personagem vive e reage deve fazer sentido
E isso é uma das principais razões pela qual vou ao cinema. Quando um filme me cativa a ponto de negar minhas próprias conclusões perante o que acabei de ver ("você acha que viu ISSO, mas na real a sua interpretação é apenas mais uma diante de várias outras que cada pessoa terá") eu dou o nome disso de ARTE.
E esse filme é uma obra de arte, mesmo eu tendo saído do cinema ontem dando uma nota 3 a ele. Que passou a ser 4 hoje. Talvez em breve eu possa considerá-lo 5 estrelas (e isso é algo perfeitamente normal, porque nunca somos as mesmas pessoas que éramos ontem. E amanhã seremos diferentes de hoje, graças às experiências vividas dia a dia).
Watchmen: O Filme
4.0 2,8K Assista AgoraO único - seguramente o único - filme com temática de supereróis que eu gostei de assistir.
Apesar de não ser um filme SOBRE supereróis, que fique dito.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraAchei constrangedor.
Um catado de referências a obras passadas do próprio diretor. Cada ator já fez o mesmo papel várias vezes. Diálogos profundamente rasos, maquiagem não convincente, filme excessivamente longo e extremamente cansativo. Parece que o diretor quis fazer um cortejo aos amigos de longa data, e apenas isso.
Pra mim, o pior filme que o Martin Scorsese já fez.
Culpa
3.9 355 Assista AgoraCertamente um dos melhores filmes que assisti nos últimos dois anos.
Muitos diretores do atual cinema de suspense/terror não conseguem transmitir a mesma aura de tensão que há neste filme. E não é que seja um filme de terror, porém a história te faz morder o punho de tanto nervosismo que ele provoca. E tudo isso tendo um cenário extremamente básico. Arrisco dizer que se o filme fosse apenas um áudio, sem imagens, ainda assim desconfio que seria ótimo. Mas vale dizer que certas tomadas de câmera são importantes pra contextualizar a história. Assim como o subtexto que nos mostra o porquê das atitudes do policial.
E a cena final. A tomada de câmera final. Belíssimo. Cinema em estado artístico puro.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraDepois de ter visto "Corra" - que pra mim é o melhor filme de suspense/terror da década - eu fiquei extremamente decepcionado com este "Nós". Tão decepcionado a ponto de quase não sentir mais vontade de procurar novos lançamentos futuros de Jordan Peele como diretor.
Quase nada se salva do filme. Atuações canastronas, direção pretensiosa, roteiro previsível, desenvolvimento nonsense, humor deslocado, simbologias fracas e desfecho risível. Apenas a fotografia merece um comentário positivo. Mas não que seja algo de destaque...
Nem parece o mesmo diretor de "Corra". Talvez seja obra de um doppelgänger, vai saber...
True Detective (1ª Temporada)
4.7 1,6K Assista AgoraEssa primeira temporada é absolutamente genial e fantástica.
Tendo como protagonistas dois policiais - que pela função e forma são das figuras mais abjetas da sociedade constituída - com personalidades "quebradas" e antagônicas (Rusty Cole é dos meus personagens favoritos de todo o sempre), uma série tida como policial é na verdade um tratado filosófico sobre religião, sociedade e o próprio sentido da vida como pessoa e parte da coletividade.
It: Capítulo Dois
3.4 1,5K Assista AgoraComo admirador do livro e da microssérie dos anos 90 não vou gastar mais palavras pra comentar a bomba que é essa nova adaptação.
O dinheiro que gastei com filme, pipoca e estacionamento podia ter sido gasto com, sei lá, um vinho.
Que ressaca.
A Forma da Água
3.9 2,7KO filme não é sobre o relacionamento de uma mulher com um ser fantástico. É sobre
solidão
A solidão de uma mulher por ser muda e violentada.
A solidão de um artista gay que vê seu talento perder espaço para novas tecnologias.
A solidão de uma mulher casada que não tem empatia pelo marido.
A solidão de um espião que não sabe em quem confiar.
A solidão de um soldado que se vê apenas um cumpridor de ordens.
E, por fim, a solidão e medo de um ser que não está no seu ambiente natural.
É um belo filme. Bonito e sensível. E como é uma obra de fantasia, o mais importante é sentir ao invés de tentar arrumar explicações lineares. Não o votaria como melhor filme do ano, mas também não acho que seja imerecido.