Revendo Battlestar Galactica do começo até o fim... e é incrível como a qualidade dos roteiros do programa DESPENCA na terceira temporada. O Ron Moore simplesmente desiste de tentar construir um universo coerente e não faz ideia de onde quer levar sua história. É mistério idiota em cima de mistério idiota só pelo choque, sem nenhum planejamento ou lógica narrativa, e a mensagem conservadora anti-ciência e pró-misticismo da série só vai ganhando mais força. Nunca vou entender por que essa série só passou a ser criticada depois do episódio final.
O espectador médio esqueceu como é o “Cinema de ação” – e não por culpa dele. Na última década Hollywood se embriagou com as facilidades oferecidas pela computação gráfica e o que antes era uma ferramenta para criar elementos impossíveis virou uma muleta tão prevalente que anestesiou o público.
Aqui vai uma ideia insana: e se alguém pegasse o orçamento milionário que é normalmente despejado em computação gráfica… e aplicasse esses milhões de dólares em design de produção, figurino, maquiagem, dublês e efeitos especiais práticos?
Deixe para George Miller (Oscar de melhor filme de animação por Happy Feet: O Pinguim, 2006) - um veterano de 70 anos de idade retornando com uma franquia de mais de três décadas - colocar essa teoria em prática e mostrar aos novinhos como é que se faz.
Se você não é um cinéfilo aficionado, é bem possível que nunca tenha assistido algum filme da trilogia Mad Max. Concluída em 1985 com o subestimado Além da Cúpula do Trovão (1985), a franquia curiosamente sumiu da discussão popular, apesar dos três filmes serem alguns dos mais influentes do Cinema. A partir de Mad Max 2 (1981), Miller fundiu elementos de faroeste, ficção científica e filmes de ação para criar uma estética pós-apocalíptica única, com desertos infinitos e cenas de ação caóticas em que gangues de lunáticos amantes de couro e espinhos se digladiam nas estradas.
“Mad Max: Estrada da Fúria” é, de algumas maneiras, um retorno às origens que acaba parecendo um avanço gigante porque os cineastas modernos se afastaram tão completamente dos princípios básicos do Cinema de ação. O filme é, essencialmente, uma longa perseguição de duas horas cujas sequências de combate veicular são conduzidas por George Miller e pela montadora Margaret Six com um ritmo de ópera à base de crack.
De longe, o melhor filme da franquia. É o primeiro que procura realmente entrar na cabeça do protagonista, fugindo de algumas das tendências mais misóginas da série ao trazer um James Bond em formação - violento, embrutecido e mesmo masoquista - e investigar o que há dentro do personagem além do arquétipo adolescente e simplório do herói macho alfa irresistível. Traz a mais memorável e complexa personagem feminina da série - o rótulo de "Bond girl" nunca foi tão reducionista quanto quando aplicado à Vesper Lynd de Eva Green, que tem uma narrativa própria tão forte que poderia até ser contada em um filme separado centrado na personagem.
Poderia passar sem uma ou duas das sequências de perseguição excessivamente longas. Além disso, as cenas de pôquer provavelmente são confusas para quem não conhece o jogo e por isso acabam interrompidas de forma artificial por algumas cenas de ação. O foco em realismo também relega os visuais memoráveis e o apelo retrô da franquia para segundo plano, o que não deixa de ser decepcionante.
Ainda assim, é uma história que abre novas possibilidades para o personagem (até agora desperdiçadas nas sequências), ao mesmo tempo em que conta uma trágica história autocontida sobre a formação de um monstro. E Daniel Craig já é o melhor James Bond.
A trajetória de Mason é notável principalmente pela ausência de um arco temático com conclusão: Boyhood pode muito bem ser a narrativa coming of age definitiva não só pela dimensão e escopo da história mas também por reconhecer que o fim da adolescência e início da vida adulta raramente chegam acompanhados de grandes revelações ou transformações pessoais, mas apenas mais incertezas em relação ao futuro.
Nesse sentido, apesar de Mason eventualmente se transformar em um jovem irritantemente pretensioso e enfastiado – o que compromete bastante o ritmo do último ato do filme, embora esta seja uma escolha até realista e inusitada – o desabrochar de sua adolescência funciona como uma representação dos desafios da população norte-americana no novo século: após deixar o ninho materno e ser forçado a escolher que tipo de adulto irá se tornar na faculdade, Mason se vê perdido e sem rumo, mas confiante de que ainda vai encontrar seu lugar em um mundo cada vez mais complexo.
Até o twist na metade, o filme se mantém como um suspense até competente. Mas após a revelação bem óbvia, o filme se torna previsível e arrastado até o final, além de passar uma mensagem absurdamente misógina com suas personagens femininas odiáveis e caricaturais e a trama sobre
uma esposa rancorosa que assassina, manipula e finge ter sido estuprada diversas vezes.
São duas horas e meia de filme que justificam plenamente aos olhos do espectador o momento em que um marido bate a cabeça da esposa contra a parede. O cinema em que eu estava chegou a vibrar. Terrível, uma das piores experiências que já tive vendo um filme.
Texto que resume bem o caráter misógino de Gone Girl: http://bolasnaparede.com/2014/10/08/por-que-gone-girl-e-um-filme-misogino/
Decepcionante (porém nada surpreendente) que a maioria dos resenhistas aqui não tenha entendido porra nenhuma do filme.
Se tem um sentimento que pode definir a experiência de ver essa quarta sequência feita direta para vídeo de um filme de ação mediano de 1992, é surpresa: quem em sã consciência esperaria uma participação tocante e até mesmo poética (especialmente em sua última cena) de Dolph Lundgren, que deixa uma impressão forte com pouquíssimo tempo de tela? O diretor John Hyams aproveita o baixo orçamento com eficácia admirável, e até as limitações de um lançamento direto para vídeo, como o pouco tempo de projeção dos atores mais famosos ou o número restrito de locações, são usadas em favor da narrativa.
A trama, simples e direta, consegue explorar o conceito dos soldados zumbis da franquia com um pouco mais de complexidade do que havia sido tentado antes. Os soldados universais são personificações da guerra eterna, e mesmo quando seus líderes e criadores estão todos mortos após alcançar seus objetivos antes do término do filme, eles continuam lutando. É só isso que conhecem. Até mesmo o confuso Unisol de Van-Damme acaba se revelando um personagem ambíguo: você torce por ele apenas por sua programação conduzi-lo a salvar vítimas, mas continua temendo a violência descontrolada que se encontra ali dentro.
Soldado Universal: Regeneration foi uma surpresa agradável, um perfeito sucessor dos filmes de ação sucintos e brutais de John Carpenter (que ganha uma referência direta na trilha sonora à base de sintetizador), e mal posso esperar para ver o que essa equipe conseguiu produzir com um orçamento (um pouquinho) mais folgado e mais liberdade criativa em Day of Reckoning.
OBS: A cronologia faz perfeito sentido se você considerar que este filme é uma sequência direta do original, descartando todas as outras continuações (incluindo o segundo filme, ao contrário do que o título brasileiro leva a crer).
Gravity Falls é o The Wire dos desenhos animados: uma série que apenas os mais aficionados veem, mas cuja qualidade está a milhas de distância da concorrência.
O filme traz uma das marcas mais peculiares do Cinema coreano, que são as mudanças de tom estranhas e aleatórias, passando de aterrorizante para hilário e deprimente no espaço entre uma cena e outra, o que pode incomodar espectadores pouco acostumados com a produção desse país. Mas com uma corajosa falta de preocupação em seguir os clichês de filmes hollywoodianos, em que todos os protagonistas estão a salvo, Bong Joon-Ho consegue criar uma história de monstro gigante surpreendentemente impactante, tensa e emocional. Merece elogios também o subtexto de crítica à intervenção americana na Coreia do Sul, o sentimento de ceticismo com o governo e o foco no heroísmo humano de uma família proletária.
Gosto especialmente do fato de que a filha sequestrada do protagonista, embora inicialmente pareça apenas com o arquétipo da Vítima, no final se revela tão heroica quanto seus parentes, sacrificando a vida para salvar o garotinho.
Optando por não se concentrar numa metáfora sobre a tragédia nuclear - ao contrário do original de 1954, que era, do começo até o último segundo, um filme sobre Hiroshima e Nagasaki - Gareth Edwards cria aqui um exemplar puro e eficiente do gênero de monstros gigantes. Os kaijus do filme são forças da natureza, impossíveis de serem controlados, e só outra força da natureza (o Godzilla) consegue pará-los.
Gostei muito mais do senso de escala desse filme do que de Pacific Rim: aqui os monstros se movem lentamente e lutam como verdadeiros wrestlers, enquanto no filme de Del Toro a direção era frenética demais. Além disso, a ideia de atrasar o confronto entre os kaijus funcionou muito bem: se o Godzilla aparecesse logo no começo lutando contra os MUTOs, o confronto final não teria nenhum impacto e seria repetitivo. Edwards tem uma estratégia curiosa de começar o filme no chão, a partir do ponto de vista dos personagens humanos, e ir cada vez mais se distanciando deles e se aproximando dos monstros até a apocalíptica luta final.
Os efeitos especiais são impecáveis e a fotografia traz imagens que eu queria emoldurar e colocar no quarto. O principal problema do filme é
a morte do Bryan Cranston logo no começo deixar um gosto meio amargo na boca do espectador, devido ao talento imenso do ator. Aaron Taylor-Johnson, por mais que eu simpatize com o personagem dele, simplesmente não tem a mesma presença e carisma, e os personagens que sobram não são bem desenvolvidos.
O protagonista do indie Blue Ruin é um atípico espectro da vingança no Cinema. Um homem de classe média que abandonou sua vida anterior, Dwight poderia ser o personagem principal de um drama contemplativo sobre a vida errante após um trauma pessoal. Mas o longa de Jeremy Saulnier abandona rapidamente sua ambientação inicial de cinema arthouse e embarca em uma narrativa que, ao mesmo tempo em que se encaixa de forma confortável no subgênero do thriller de vingança, apresenta uma abordagem complexa e multifacetada cujos ingredientes confluem de forma surpreendente em um verdadeiro manifesto pacifista.
Um filme belíssimo que eu colocaria acima de todos os lançamentos com atores reais de 2009 que vi, mas isso todo mundo já se acostumou a esperar da Pixar. Mais surpreendente é o sentimento de aventura e descoberta que os artistas do estúdio imprimem em cada fotograma desse filme - Up é tudo que Indiana Jones 4 deveria ter sido, e mais.
Abordando de forma sensível e lírica temas pesados como a solidão da velhice e o luto, Up é uma história tocante sobre reconectar-se com uma pessoa amada através de uma jornada e, no caminho, redescobrir seu próprio senso de aventura.
Vai ser interessante acompanhar como Guardiões será encaixado com as outras propriedade criativas da franquia. Hoje é até difícil lembrar, mas antes de Vingadores, muitos tinham o pé atrás com a ideia de um universo cinematográfico compartilhado. É fantástico que a Marvel tenha decidido abraçar a esquisitice de personagens e histórias de gêneros tão diversos coexistindo no mesmo mundo, um sentimento que é salientado pela cena pós-créditos. Porque se até o personagem que faz uma aparição especial nessa cena pode aparecer num filme do estúdio, então o céu é realmente o limite para esse universo.
Enredo sem lógica, com uma visão decepcionante e banal do inferno que não consegue esconder o orçamento baixíssimo (e que provavelmente teria ficado melhor apenas em nossa imaginação, como no primeiro filme). Ainda neutraliza completamente todo o terror provocado pelos cenobitas ao transformá-los em meros humanos.
Há algo de errado comigo se eu me identifico muito mais com os técnicos cínicos que estão atrás das telas tentando evitar o fim do mundo do que com os jovens egoístas que tentam a todo custo sobreviver mesmo sabendo que isso vai trazer uma nova era de horror ao planeta?
Se você não queria que eu torcesse por eles, Drew Goddard, então que não escalasse Richard Jenkins, Amy Acker e Bradley Whitford para os papeis. Porque é até covardia com os atores que fazem as vítimas :D
Um filme absolutamente nojento. Deodato e os outros canalhas que fizeram a película mataram e torturaram diversos animais de verdade para produzir esse lixo, que sequer tem algum aspecto que o redima ao menos como cinema, com um roteiro previsível e direção de filme pornô amador.
Frozen é um filme de princesa bastante atípico. A trama tem não apenas uma, mas duas protagonista femininas, ambas com caracterizações fortes e distintas e que fogem do estereótipo da donzela em apuros; o filme é o primeiro da Disney a ser dirigido por uma mulher, a também roteirista Jennifer Lee; acima de tudo, Frozen é uma animação blockbuster, direcionada para crianças e feita por um dos maiores estúdios do planeta, cuja trama serve como veículo para uma temática profundamente e indubitavelmente gay.
No Limite do Amanhã chegou aos cinemas praticamente sem nenhum hype e com um marketing fraquíssimo, mas é um filmaço. Com uma premissa coerente que, apesar de já repetida em dezenas de filmes e episódios de TV, consegue encontrar novas formas de surpreender ao adotar mecânicas de jogos de videogame, o sci-fi de ação traz personagens secundários marcantes, um senso de humor invejável e uma protagonista feminina forte não apenas em caracterização mas, mais digno de nota, em FÍSICO, com um corpo imponente típico de uma soldada de elite, e não apenas colírio para os olhos masculinos, algo cada vez mais raro de se ver no cinema de ação.
Mas quem domina o filme é mesmo Tom Cruise. Nunca entendi a rejeição absurda ao ator nos últimos anos, e aqui ele traz carisma e expressividade física para um veículo que faz justiça ao seu talento, retratando de forma extremamente competente a transição de um burocrata covarde e babaca a soldado cansado, num filme que questiona de forma pontual a importância de vidas individuais numa guerra. E foda-se o sofá da Oprah Winfrey.
Battlestar Galactica (3ª Temporada)
4.4 21Revendo Battlestar Galactica do começo até o fim... e é incrível como a qualidade dos roteiros do programa DESPENCA na terceira temporada. O Ron Moore simplesmente desiste de tentar construir um universo coerente e não faz ideia de onde quer levar sua história. É mistério idiota em cima de mistério idiota só pelo choque, sem nenhum planejamento ou lógica narrativa, e a mensagem conservadora anti-ciência e pró-misticismo da série só vai ganhando mais força. Nunca vou entender por que essa série só passou a ser criticada depois do episódio final.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraO espectador médio esqueceu como é o “Cinema de ação” – e não por culpa dele. Na última década Hollywood se embriagou com as facilidades oferecidas pela computação gráfica e o que antes era uma ferramenta para criar elementos impossíveis virou uma muleta tão prevalente que anestesiou o público.
Aqui vai uma ideia insana: e se alguém pegasse o orçamento milionário que é normalmente despejado em computação gráfica… e aplicasse esses milhões de dólares em design de produção, figurino, maquiagem, dublês e efeitos especiais práticos?
Deixe para George Miller (Oscar de melhor filme de animação por Happy Feet: O Pinguim, 2006) - um veterano de 70 anos de idade retornando com uma franquia de mais de três décadas - colocar essa teoria em prática e mostrar aos novinhos como é que se faz.
Se você não é um cinéfilo aficionado, é bem possível que nunca tenha assistido algum filme da trilogia Mad Max. Concluída em 1985 com o subestimado Além da Cúpula do Trovão (1985), a franquia curiosamente sumiu da discussão popular, apesar dos três filmes serem alguns dos mais influentes do Cinema. A partir de Mad Max 2 (1981), Miller fundiu elementos de faroeste, ficção científica e filmes de ação para criar uma estética pós-apocalíptica única, com desertos infinitos e cenas de ação caóticas em que gangues de lunáticos amantes de couro e espinhos se digladiam nas estradas.
“Mad Max: Estrada da Fúria” é, de algumas maneiras, um retorno às origens que acaba parecendo um avanço gigante porque os cineastas modernos se afastaram tão completamente dos princípios básicos do Cinema de ação. O filme é, essencialmente, uma longa perseguição de duas horas cujas sequências de combate veicular são conduzidas por George Miller e pela montadora Margaret Six com um ritmo de ópera à base de crack.
Crítica completa: http://tribunadoceara.uol.com.br/diversao/script/criticas-duas-visoes-diferentes-sobre-mad-max-estrada-da-furia/
007: Cassino Royale
3.8 881 Assista AgoraDe longe, o melhor filme da franquia. É o primeiro que procura realmente entrar na cabeça do protagonista, fugindo de algumas das tendências mais misóginas da série ao trazer um James Bond em formação - violento, embrutecido e mesmo masoquista - e investigar o que há dentro do personagem além do arquétipo adolescente e simplório do herói macho alfa irresistível. Traz a mais memorável e complexa personagem feminina da série - o rótulo de "Bond girl" nunca foi tão reducionista quanto quando aplicado à Vesper Lynd de Eva Green, que tem uma narrativa própria tão forte que poderia até ser contada em um filme separado centrado na personagem.
Poderia passar sem uma ou duas das sequências de perseguição excessivamente longas. Além disso, as cenas de pôquer provavelmente são confusas para quem não conhece o jogo e por isso acabam interrompidas de forma artificial por algumas cenas de ação. O foco em realismo também relega os visuais memoráveis e o apelo retrô da franquia para segundo plano, o que não deixa de ser decepcionante.
Ainda assim, é uma história que abre novas possibilidades para o personagem (até agora desperdiçadas nas sequências), ao mesmo tempo em que conta uma trágica história autocontida sobre a formação de um monstro. E Daniel Craig já é o melhor James Bond.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraQue bosta.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraA trajetória de Mason é notável principalmente pela ausência de um arco temático com conclusão: Boyhood pode muito bem ser a narrativa coming of age definitiva não só pela dimensão e escopo da história mas também por reconhecer que o fim da adolescência e início da vida adulta raramente chegam acompanhados de grandes revelações ou transformações pessoais, mas apenas mais incertezas em relação ao futuro.
Nesse sentido, apesar de Mason eventualmente se transformar em um jovem irritantemente pretensioso e enfastiado – o que compromete bastante o ritmo do último ato do filme, embora esta seja uma escolha até realista e inusitada – o desabrochar de sua adolescência funciona como uma representação dos desafios da população norte-americana no novo século: após deixar o ninho materno e ser forçado a escolher que tipo de adulto irá se tornar na faculdade, Mason se vê perdido e sem rumo, mas confiante de que ainda vai encontrar seu lugar em um mundo cada vez mais complexo.
http://bolasnaparede.com/2014/11/11/boyhood-e-um-ambicioso-epico-intimista/
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraAté o twist na metade, o filme se mantém como um suspense até competente. Mas após a revelação bem óbvia, o filme se torna previsível e arrastado até o final, além de passar uma mensagem absurdamente misógina com suas personagens femininas odiáveis e caricaturais e a trama sobre
uma esposa rancorosa que assassina, manipula e finge ter sido estuprada diversas vezes.
São duas horas e meia de filme que justificam plenamente aos olhos do espectador o momento em que um marido bate a cabeça da esposa contra a parede. O cinema em que eu estava chegou a vibrar. Terrível, uma das piores experiências que já tive vendo um filme.
Texto que resume bem o caráter misógino de Gone Girl: http://bolasnaparede.com/2014/10/08/por-que-gone-girl-e-um-filme-misogino/
Mártires
3.9 1,6KEsse é o melhor filme que eu nunca vou recomendar pra ninguém.
Soldado Universal 3: Regeneração
2.6 148 Assista AgoraDecepcionante (porém nada surpreendente) que a maioria dos resenhistas aqui não tenha entendido porra nenhuma do filme.
Se tem um sentimento que pode definir a experiência de ver essa quarta sequência feita direta para vídeo de um filme de ação mediano de 1992, é surpresa: quem em sã consciência esperaria uma participação tocante e até mesmo poética (especialmente em sua última cena) de Dolph Lundgren, que deixa uma impressão forte com pouquíssimo tempo de tela? O diretor John Hyams aproveita o baixo orçamento com eficácia admirável, e até as limitações de um lançamento direto para vídeo, como o pouco tempo de projeção dos atores mais famosos ou o número restrito de locações, são usadas em favor da narrativa.
A trama, simples e direta, consegue explorar o conceito dos soldados zumbis da franquia com um pouco mais de complexidade do que havia sido tentado antes. Os soldados universais são personificações da guerra eterna, e mesmo quando seus líderes e criadores estão todos mortos após alcançar seus objetivos antes do término do filme, eles continuam lutando. É só isso que conhecem. Até mesmo o confuso Unisol de Van-Damme acaba se revelando um personagem ambíguo: você torce por ele apenas por sua programação conduzi-lo a salvar vítimas, mas continua temendo a violência descontrolada que se encontra ali dentro.
Soldado Universal: Regeneration foi uma surpresa agradável, um perfeito sucessor dos filmes de ação sucintos e brutais de John Carpenter (que ganha uma referência direta na trilha sonora à base de sintetizador), e mal posso esperar para ver o que essa equipe conseguiu produzir com um orçamento (um pouquinho) mais folgado e mais liberdade criativa em Day of Reckoning.
OBS: A cronologia faz perfeito sentido se você considerar que este filme é uma sequência direta do original, descartando todas as outras continuações (incluindo o segundo filme, ao contrário do que o título brasileiro leva a crer).
Gravity Falls (1ª Temporada)
4.6 110 Assista AgoraGravity Falls é o The Wire dos desenhos animados: uma série que apenas os mais aficionados veem, mas cuja qualidade está a milhas de distância da concorrência.
O Hospedeiro
3.6 550 Assista AgoraO filme traz uma das marcas mais peculiares do Cinema coreano, que são as mudanças de tom estranhas e aleatórias, passando de aterrorizante para hilário e deprimente no espaço entre uma cena e outra, o que pode incomodar espectadores pouco acostumados com a produção desse país. Mas com uma corajosa falta de preocupação em seguir os clichês de filmes hollywoodianos, em que todos os protagonistas estão a salvo, Bong Joon-Ho consegue criar uma história de monstro gigante surpreendentemente impactante, tensa e emocional. Merece elogios também o subtexto de crítica à intervenção americana na Coreia do Sul, o sentimento de ceticismo com o governo e o foco no heroísmo humano de uma família proletária.
Gosto especialmente do fato de que a filha sequestrada do protagonista, embora inicialmente pareça apenas com o arquétipo da Vítima, no final se revela tão heroica quanto seus parentes, sacrificando a vida para salvar o garotinho.
http://bolasnaparede.com
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraOptando por não se concentrar numa metáfora sobre a tragédia nuclear - ao contrário do original de 1954, que era, do começo até o último segundo, um filme sobre Hiroshima e Nagasaki - Gareth Edwards cria aqui um exemplar puro e eficiente do gênero de monstros gigantes. Os kaijus do filme são forças da natureza, impossíveis de serem controlados, e só outra força da natureza (o Godzilla) consegue pará-los.
Gostei muito mais do senso de escala desse filme do que de Pacific Rim: aqui os monstros se movem lentamente e lutam como verdadeiros wrestlers, enquanto no filme de Del Toro a direção era frenética demais. Além disso, a ideia de atrasar o confronto entre os kaijus funcionou muito bem: se o Godzilla aparecesse logo no começo lutando contra os MUTOs, o confronto final não teria nenhum impacto e seria repetitivo. Edwards tem uma estratégia curiosa de começar o filme no chão, a partir do ponto de vista dos personagens humanos, e ir cada vez mais se distanciando deles e se aproximando dos monstros até a apocalíptica luta final.
Os efeitos especiais são impecáveis e a fotografia traz imagens que eu queria emoldurar e colocar no quarto. O principal problema do filme é
a morte do Bryan Cranston logo no começo deixar um gosto meio amargo na boca do espectador, devido ao talento imenso do ator. Aaron Taylor-Johnson, por mais que eu simpatize com o personagem dele, simplesmente não tem a mesma presença e carisma, e os personagens que sobram não são bem desenvolvidos.
http://bolasnaparede.com/
Ruína Azul
3.5 130O protagonista do indie Blue Ruin é um atípico espectro da vingança no Cinema. Um homem de classe média que abandonou sua vida anterior, Dwight poderia ser o personagem principal de um drama contemplativo sobre a vida errante após um trauma pessoal. Mas o longa de Jeremy Saulnier abandona rapidamente sua ambientação inicial de cinema arthouse e embarca em uma narrativa que, ao mesmo tempo em que se encaixa de forma confortável no subgênero do thriller de vingança, apresenta uma abordagem complexa e multifacetada cujos ingredientes confluem de forma surpreendente em um verdadeiro manifesto pacifista.
http://bolasnaparede.com/2014/08/21/todas-as-cores-da-vinganca-em-blue-ruin/
Up: Altas Aventuras
4.3 3,8K Assista AgoraUm filme belíssimo que eu colocaria acima de todos os lançamentos com atores reais de 2009 que vi, mas isso todo mundo já se acostumou a esperar da Pixar. Mais surpreendente é o sentimento de aventura e descoberta que os artistas do estúdio imprimem em cada fotograma desse filme - Up é tudo que Indiana Jones 4 deveria ter sido, e mais.
Abordando de forma sensível e lírica temas pesados como a solidão da velhice e o luto, Up é uma história tocante sobre reconectar-se com uma pessoa amada através de uma jornada e, no caminho, redescobrir seu próprio senso de aventura.
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraVai ser interessante acompanhar como Guardiões será encaixado com as outras propriedade criativas da franquia. Hoje é até difícil lembrar, mas antes de Vingadores, muitos tinham o pé atrás com a ideia de um universo cinematográfico compartilhado. É fantástico que a Marvel tenha decidido abraçar a esquisitice de personagens e histórias de gêneros tão diversos coexistindo no mesmo mundo, um sentimento que é salientado pela cena pós-créditos. Porque se até o personagem que faz uma aparição especial nessa cena pode aparecer num filme do estúdio, então o céu é realmente o limite para esse universo.
http://bolasnaparede.com/2014/08/05/o-universo-ficou-maior-guardioes-da-galaxia/
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraEnredo sem lógica, com uma visão decepcionante e banal do inferno que não consegue esconder o orçamento baixíssimo (e que provavelmente teria ficado melhor apenas em nossa imaginação, como no primeiro filme). Ainda neutraliza completamente todo o terror provocado pelos cenobitas ao transformá-los em meros humanos.
O Segredo da Cabana
3.0 3,2KHá algo de errado comigo se eu me identifico muito mais com os técnicos cínicos que estão atrás das telas tentando evitar o fim do mundo do que com os jovens egoístas que tentam a todo custo sobreviver mesmo sabendo que isso vai trazer uma nova era de horror ao planeta?
Se você não queria que eu torcesse por eles, Drew Goddard, então que não escalasse Richard Jenkins, Amy Acker e Bradley Whitford para os papeis. Porque é até covardia com os atores que fazem as vítimas :D
Holocausto Canibal
3.1 835Um filme absolutamente nojento. Deodato e os outros canalhas que fizeram a película mataram e torturaram diversos animais de verdade para produzir esse lixo, que sequer tem algum aspecto que o redima ao menos como cinema, com um roteiro previsível e direção de filme pornô amador.
Frozen: Uma Aventura Congelante
3.9 3,0K Assista AgoraFrozen é um filme de princesa bastante atípico. A trama tem não apenas uma, mas duas protagonista femininas, ambas com caracterizações fortes e distintas e que fogem do estereótipo da donzela em apuros; o filme é o primeiro da Disney a ser dirigido por uma mulher, a também roteirista Jennifer Lee; acima de tudo, Frozen é uma animação blockbuster, direcionada para crianças e feita por um dos maiores estúdios do planeta, cuja trama serve como veículo para uma temática profundamente e indubitavelmente gay.
http://bolasnaparede.com/2014/06/18/a-parabola-gay-de-frozen/
No Limite do Amanhã
3.8 1,5K Assista AgoraNo Limite do Amanhã chegou aos cinemas praticamente sem nenhum hype e com um marketing fraquíssimo, mas é um filmaço. Com uma premissa coerente que, apesar de já repetida em dezenas de filmes e episódios de TV, consegue encontrar novas formas de surpreender ao adotar mecânicas de jogos de videogame, o sci-fi de ação traz personagens secundários marcantes, um senso de humor invejável e uma protagonista feminina forte não apenas em caracterização mas, mais digno de nota, em FÍSICO, com um corpo imponente típico de uma soldada de elite, e não apenas colírio para os olhos masculinos, algo cada vez mais raro de se ver no cinema de ação.
Mas quem domina o filme é mesmo Tom Cruise. Nunca entendi a rejeição absurda ao ator nos últimos anos, e aqui ele traz carisma e expressividade física para um veículo que faz justiça ao seu talento, retratando de forma extremamente competente a transição de um burocrata covarde e babaca a soldado cansado, num filme que questiona de forma pontual a importância de vidas individuais numa guerra. E foda-se o sofá da Oprah Winfrey.
House of Cards (1ª Temporada)
4.5 609 Assista AgoraTão instigante quanto assistir um homem adulto vencendo uma criança num jogo de video game.
A História de Ricky
4.0 143É como Um Sonho de Liberdade, se o Tim Robbins tivesse o poder de partir pessoas usando os próprios punhos.