Filme provocante com sátira feroz e humor absurdo. É super atual, mas não tanto quanto pensei já que a analogia da narrativa dele é para com o aquecimento global, e não para com o COVID-19, como eu pensava. Embora que faz todo o sentido, se pensarmos o cometa como uma ameaça que é negada por uns, politizada por outros e minimizada por muitos (por que só vai se consumar numa catástrofe daqui a seis meses, ou no caso do aquecimento global décadas no futuro). A direção de Mckay é boa e as atuações competentes, embora o destaque fique para o texto e a edição - que coloca entrecortada com a trama, imagens de animais, pessoas e lugares sem aparente relação com a história. É uma textura super interessante que bombardeia o espectador, tal qual a internet, que é tão íntegra para a vida do indivíduo moderno, faz conosco. O texto em si, me divertiu bem mais que o esperado, conseguindo até me tirar risadas. Alguns ficaram deprimidos com a proximidade dos acontecimentos com nossa realidade. Não posso dizer que isso tenha acontecido comigo. Em conclusão, filme bom, que eu só me interessei em ver por que revoltou uma parcela bem específica da população brasileira nas redes sociais hauhahua Provável que não teria me interessado muito se não fosse isso, então agradeço a esse grupo pelo ultraje.
É bom como obra isolada (mesmo se meio ambíguo e fortemente enigmático) devido a força das atuações, direção de arte e fotografia, mas não adapta de maneira fiel o texto original, por vezes indo contra ele e em detrimento de si mesmo como filme. Gosto do tom do filme, mais sombrio e místico, em contraposição com o leve romance de cavalaria de autoria desconhecida. Mas nisso de criar uma atmosfera mais mística o roteiro opta pelo obscuro, deixando de fora várias explicações e acontecimentos. Vou me limitar a duas partes (que contém SPOILERS do filme, então leia se já tiver assistido ou se não ligar pra isso): a primeira é sobre a aventura de Gawain, que foi arquitetada pela "mãe" do personagem, para que ele provasse sua posse das cinco virtudes do cavaleiro (i.e.: generosidade, castidade, amizade, cortesia e devoção). No original isso é dito. Não é uma interpretação de alguns, não. Enquanto que na adaptação de Lowery essa faceta da história fica turva, tão turva que se torna uma prova sobre vencer a covardia apenas, parece. É ao menos o que se dá a entender, quando o personagem se desfaz do feitiço de proteção. Não manter esse aspecto da história é bizarro e deixa a coisa toda muito mais confusa que o necessário. A segunda parte está na personagem do Cavaleiro Verde. Essa personagem é amplamente descrita como grande, forte e até bela no romance de cavalaria. Ele também no fim da história revela ser o Lorde Bertilak (o cara que acolhe ele perto da capela verde), que concordou em ajudar a feiticeira para o teste de Gawain. Lorde Bertilak originalmente joga o jogo de troca de presentes com Gawain por três dias. Em todos, a Senhora Bertilak tenta seduzi-lo e ele resiste (seria o teste de castidade). Como cavaleiro ele não pode recusar muito na cara porque seria falta de cortesia, então ele aceita à contragosto receber beijos dela. Sempre que o Lorde Bertilak retorna da caçada, Gawain de bom grado, e com certo entusiasmo, beija o grande, forte e belo Lorde. No primeiro dia, dá um, no segundo dois e no terceiro três. Muitos estudiosos da literatura inglesa sempre viram isso como uma forte exploração sexual para os padrões medievais, tornando-se uma das características mais poderosas do texto (junto da moral óbvia da história de que a gente não precisa ser perfeito no que faz, o importante é tentar - isso fica consolidado ao fim da história, já que Gawain falha em algumas etapas do teste, mas é acolhido ainda assim). Enfim, é uma sacanagem sem tamanho reduzir isso dos beijos do Lorde a um único momento e ainda o apresenta-lo de forma extremamente forçada e predativa. Isso sem contar o fato de que nunca fica 100% claro no filme que o Cavaleiro Verde e Lorde Bertilak são a mesma pessoa. De qualquer forma é um filme lindo e muito bem feito. Uma pena não ter se atido mais ao texto de origem. Poderia certamente ser a melhor adaptação que já tivemos de alguma das Lendas Arturianas se o tivesse feito.
Bom filme sobre a força das relações entre as pessoas (e maquinas), que não se complica em querer ser mais do que é, como ocorreu nos filmes dois e três. Gosto de como os personagens foram atualizados, em especial os dois que tiveram suas aparências mudadas. O novo Smith ficou sensacional: aquele cara do trampo que a gente odeia, mas que ainda assim fica querendo pagar de amigão. Bem legal como a tensa relação deles adquire um tom mais amistoso, dado o vínculo que o terapeuta deu a eles. O Morpheus achei que ia odiar, mas gostei até bastante. Ele equilibra o humor desajeitado e bizarro do Smith e a fala messiânica do Moprheus clássico, que é a proposta dessa nova personagem - ser a junção dos dois, feita pelo Neo. O filme tem uma introdução muito boa, um meio em que dá uma patinada (até ficar claro que a missão é juntar Neo e Trinity) e um final satisfatório, que deixa brecha pra sequências e spin-offs. Sobre o final especificamente, ri demais com ele. Quem não manja das discussões online não saberia, mas parece que muitos machistas odiavam a Trinity na trilogia original pq ela "tirava o foco" do Neo na missão. Pessoal falava igual ao terapeuta kkkkkk Achei uma resposta divertida da criadora. Enfim, recomendo pra quem gosta dos personagens e das reflexões, que foram bem atualizadas (embora a julgar pelos comentários ninguém tá falando muito delas, ou dizendo que elas não existem até).
Atuações, coreografia e fotografia muito boas, como já se espera de um filme da saga. Isso dito, achei estranho ele ter sido lançado depois do quarto filme, já que se assistindo em ordem de lançamento o filme com título de "O final" é uma despedida da saga muito melhor que este, de título "A origem". Como foram gravados juntos uma inversão na ordem de lançamentos, com um pouco de edição, teria sido o bastante para não deixar esse gosto estranho na boca que ficou ao assistir os minutos finais do filme. É uma despedida atípica, em que vimos um personagem, que ainda não é o Kenshin que conhecemos, fazendo uma promessa a si mesmo, enquanto vive um dos momentos mais miseráveis de sua vida. Os finais felizes ficam no filme anterior, assim como os personagens mais queridos e famosos da saga.
Gostei do filme e, sem saber que ele era um remake da adaptação de um livro, tinha achado super progressivo para algo lançado em 2004. Depois de dar uma pesquisada vi que essa iteração da história se leva um pouco menos a sério, o que sem ver ou ler o livro achei "okay", até divertido para ser sincero. Mas como em "Corra!" de Jordan Peele (filme que geral, eu incluso, parece associar a esse kkk) vejo como uma estética mais virada para o terror/suspense faria maravilhas para narrativa. Isso dito, gosto das atualizações feitas. Principalmente a adição do casal gay, que satiriza aquela ideia conservadora de "tudo bem um cara ser gay, mas precisa ser tão espalhafatoso? afeminado?". Muito legal mesmo, mas poderia ter sido melhor executado para se encaixar com o tema de "submissão da figura feminina pela masculina" que parece ser o central do filme. Por exemplo, seria interessante retratar um casal no LGTB+ no qual ambas as partes não apresentassem características típicas da hiper-masculinidade (violência) ou hiper feminilidade (subserviência). Stepford então agiria para transformar uma dessas duas pessoas em uma figura submissa e afeminada. Acho que super iria escancarar como a sociedade "aceita" melhor os relacionamentos não normativos quando eles executam papéis normativos na relação. Huhauhauhauhauha peço desculpas a quem estiver lendo, pela fanfic acima. Quem sabe no próximo remake, né? O filme é bom, divertido, mas peca em algumas partes (principalmente o clímax que embora eu meio que tenha entendido a ideia, foi executado com tanta pressa que ficou péssimo). Vou procurar ler o livro e ver a trilogia dos anos 70 e recomendo o mesmo para geral!
O cineasta Frank Capra, durante a segunda guerra produziu para o governo estadunidense uma série de documentários propaganda (o intuito era exibi-los às tropas) sobre os países que constituíam o eixo. Assunto de um deles, o Japão e seu povo, foram retratados de forma caricata, desumanizada e vilanesca. Como propaganda de guerra, o retrato pintado por Capra serviria para inflamar os soldados americanos, para que estes então demonstrassem mais agressão no confronto com os orientais. Lost in Translation pinta uma realidade japonesa, esta que eu, em toda minha sinceridade, falho em entender o propósito. Extremamente fetichista e igualmente caricata, é um ponto do filme que incomoda e é impossível ignorar. O filme tem como tema identidade. Se perder e buscar a si mesmo. O texto poderia usar a ambientação para reforçar essa ideia, enquadrar a tensão que se dá entre a intensidade e a sobriedade imprimidas na identidade japonesa. Ao contrário esta é usada aqui quase exclusivamente para gozação. (O momento que Bill e Charlotte zoam as diferenças fonéticas entre os povos japonês e estadunidense é tenebrosa. Mostra grande insensibilidade e até um subtexto de superioridade ante a outras culturas e etnias.) Claro que seria mais fácil focar em outros aspectos do filme (como a fotografia, que é boa) se os personagens não fossem, também, pobres caricaturas de si mesmos. Os protagonistas podem ser resumidos em "ator frustado com crise de meia idade" e "garota quirky cheia de sonhos". O jogo de cena é competente mas não esconde, eles não tem substância e seriam intragáveis senão pelas atuações.
Enfim, não me arrependo de ter visto, mas duvido que algum dia terei vontade de revê-lo em sua completude.
Muito mais tenebroso que qualquer filme de terror. Este é um filme triste por si, mais ainda se levarmos em conta o episódio VIII, muito mais se lembrarmos que se trata de um filme numerado (tive que acrescentar isso, pois não quero incluir Solo, que nem vi, nessa matemática) da franquia Star Wars. A razão é simples, o filme se ocupa - antes de pensar em entregar uma narrativa coesa - com a mesquinha tarefa apagar tudo o que foi feito no título anterior. Sendo que abraçar, melhorar e aprofundar aquilo que havia sido feito era muito menos complicado e certo de sair algo pelo menos razoável que agradaria ao menos uma metade do público (a primeira versão do roteiro desse filme seguia essa linha, dê uma procurada). Eu poderia escrever um parágrafo para cada atrocidade nesse filme, mencionando o retorno completamente repentino de Palpatine, o parentesco tirado do nada, os múltiplos novos personagens (o tempo usado ao apresentá-los poderia ter sido usado para algo útil), o fansevice desprovido de alma, o péssimo uso da trilha sonora, o desfecho forçado... mas a verdade é que, sinceramente, eu quero é esquecer que isso foi real.
PS: Importante salientar o comprometimento dos atores (o Kylo Ren de Adam Driver sendo a melhor parte dessa trilogia), profissionais de efeito especial e fotografia. Fizeram tudo o que podiam para honrar a franquia.
Contos de Terramar, ou Gedou Senki, assim como a recente versão fílmica de A Torre Negra, do Stephen King, é uma adaptação de várias tramas, personagens, conceitos e momentos colhidos de diferentes livros da saga (Pela aclamada e agora finada Ursula K. le Guin) em uma roupagem totalmente nova. A ideia, evidentemente, é dar algo novo para os fãs que já conhecem os livros, e uma experiência que traduza a força dos mesmos para quem nunca tocou o trabalho da autora. No papel, uma boa abordagem. Se "alguém" podia fazer dar certo, este era o Studio Ghibli. Na época, porém, o estúdio e seu fundador-diretor estavam focados em Castelo Animado. Ficou decidido que o filho de Miyazaki assumiria a direção do projeto. Goro Miyazaki, tinha uma tarefa e tanto pela frente: adaptar uma aclamada saga fantástica, lidar com as expectativas de carregar o sobrenome de um dos maiores produtores de animação do mundo. Isso não é tudo. Goro também nunca tinha dirigido um filme antes. Quando jovem ele tinha tentado seguir os passo do pai, mas se frustrou no campo e foi cursar agronomia. Ao fim do curso, ele trabalhou como pintor de paisagens, antes de voltar para sombra da asa do pai, quando administrou o museu do estúdio e começou a fazer storyboards para filmes do mesmo. Pouco depois, ele recebeu o projeto. Esse contexto ajuda a entender que Goro, mesmo talentoso, não era experiente o suficiente para atender as expectativas do pai, dos fãs do estúdio e dos leitores do original. Ele também precisa se provar como artista. Não é surpresa que o filme, mesmo com quase duas horas de duração, sofra para apresentar conceitos de motivações de personagem de maneira eficaz. O ritmo, bom até o fim do segundo ato, se torna caótico ao fim, trazendo novos conceitos, não amarrando ideias introduzidas até ali, entregando reviravoltas sem set-ups eficazes. Isso dito, há sequências, gestos e diálogos em que a direção do Goro se iguala, e as vezes, supera a do pai (como na sequência musical). Enfim, é um bom filme, com muitos problemas, mas um bom filme.
Já tinha visto que constava no prime video da amazon tem algum tempo, mas por não saber que era de Scorsese, e pelo fato de o terem colocado na categoria "comédia" do serviço, não tinha chamado a atenção. Agora vendo que o filme estava sendo ligado a "Joker" (que achei bom, apesar de não ter atendido às expectativas criadas com base na mídia) resolvi dar um checada. Uma ótima ideia, sem dúvida. "O Rei da Comédia" é incrível, um filme sobre idolatria, sonhos, show biz e obsessão. A direção de Scorsese aqui é impecável, entregando os desconfortos e absurdos da jornada de Pupkin da forma mais competente possível. De Niro está ótimo, personificando um cidadão que não sente, ou escolhe não sentir, as pressões do mundo real. Uma parceria que dá força ao todo do filme, certamente. PS: O filme é sensacional e, depois de vê-lo, inevitavelmente achei "Joker" menos poderoso. Todd Phillips traz semelhanças demais, o que acaba subtraindo do mérito que eu estava atribuindo ao homem. De qualquer forma, agradeço, pois do contrário eu teria demorado para descobrir que, ao contrário do que as categorias do prime video comunicavam, o filme se tratava de um drama de primeira.
Geralmente consigo gostar desse tom polêmico e provocativo do Chappelle. Mas piadas em cima de vítimas de assédio e estupro? Essas não deu pra rir não.
É okay, mas olha... me senti um pouco enganado hahaha As semelhanças que o filme tem com o livro, podem ser contadas nos dedos das mãos, o que é uma pena. O original conta com dilemas mais fortes (sexualidade, negação, vício, abstinência, solidão, sociedade, loucura) e personagens mais interessantes (não entendo o por quê de terem inventado aquela mãe e a criança). Enfim, não assista esperando reflexões sobre o lugar do homem no mundo e você provavelmente vai se divertir com uma ação legal (isto é, para o padrão do ano de lançamento).
Documentário incrível sobre um dos atletas mais impressionantes da humanidade. Tanto que qualquer comentário que eu tente redigir sobre essa obra vai parecer raso, por isso ao invés disso vou simplesmente recomendar um outro trabalho para quem ficou fascinado com a escalada free solo e a personalidade intrigante de Alex Honnold.
Trata-se do mangá The Climber (ou Kokou no Hito) inspirado num real alpinista japonês que também praticava free solo e tinha problemas para se relacionar socialmente. Contando com uma arte incrível e uma escrita madura; ao meu ver complementa em muito os temas deste documentário, ajudando-nos a entender melhor a modalidade e as razões motivadoras de alguém que escolheu ingressar em tal empreitada.
O documentário tem imagens bonitas e alguns depoimentos (aqueles em japonês) interessantes. Mas infelizmente a "narrativa" construída é uma cacofonia. Muito disso acredito que se deve a perspectiva do diretor, de querer por em confronto tecnologia (especificamente os avanços com inteligência artificial) e o homem, o que funcionaria se o recorte escolhido não tivesse sido para com mestres artesãos japoneses.
Clay Jeter parece não entender em nível fundamental a filosofia oriental, que diferente da nossa, egocêntrica, coloca um homem como uma parte insignificante do todo. É através da arte de produzir que os takumi se tornam eles mesmos, eles se aperfeiçoam e se dissolvem, como poeira ao vento, na atividade. Essa resignação é bastante difícil de digerir para o ocidental. Nessa perspectiva de "homem branco" não há nada de filosófico em raspar lascas de madeira de um tronco por horas a fim... isso é, para nós, ao contrário, maçante. Esse desdém domina nossa sociedade desde a Grécia antiga, em que o trabalho braçal era coisa para os inferiores, os escravos. Não atoa é no ocidente que a indústria nasce depois, automatizando essa parte do processo.
Em suma, a discussão, colocada como foi pelo documentário, não faz muito muito sentido. Na indústria o homem obviamente vai fazer menos e menos o trabalho manual, mas o artesanato, principalmente o japonês, não morrerá jamais.
Esse vídeo é simplesmente maravilhoso, do texto à estética visual. Porém, o destaque fica para o ator John B.Barrymore, por conseguir entregar esse personagem sem dar uma risadinha sequer, e tudo num único take.
Assisti e soube ao fim que este era um daqueles filmes que você vai pensar por dias. Vai querer rever, ler e conversar sobre. É tanto simbolismo e sensibilidade. A produção é bastante concisa, o que choca, visto que ela é parte nipônica e parte polonesa. A música do Kenji Kawai é ótima, a estética terrosa é linda e as atuações são estranhas como pede a narrativa.
Se você gosta da parte filosófica que Matrix trabalha ao falar da relação ilusão-realidade e quer fazer um curso avançado, esse é o filme para você.
Nada como ver na grande tela um filme indubitavelmente brasileiro no tema, nas figuras que povoam a história e na região em que tudo se dá. Me espanta que uma história sobre abduções, alienígenas e OVNIs não tenha sido produzida por mãos tupiniquins antes (se foi, infelizmente não fiquei sabendo).
Sobre a qualidade técnica do produto, é mediano para bom, ficando o destaque para a iluminação rosa-choque/verde poderosíssima usada em alguns segmentos do filme. Embora não incomode tanto, há problemas com o áudio que as vezes fica desproporcionalmente alto e estourando.
Dito isto, ao sair da sala fiquei com a sensação de que havia assistido a algo promissor, mas paradoxalmente arrastado e apressado. Arrastado por quê o filme se demorou em elementos que no fim não tem muito impacto no "big picture" e apressado por que pareceu faltar um recheio no decorrer do segundo ato para que o fim tivesse o peso pretendido.
Esse filme me pegou pelo emocional legal huahuah A intensidade do primeiro amor, a experiência de ter os pais se divorciando durante sua adolescência, a relação com o irmão mais velho, a função da arte na vida. Muito sobre mim — e toda uma galera, acredito — está bem incapsulado aqui, de forma honesta e clara. Gostei demais.
Um moleque de 11 anos, perito em filosofia existencialista, mercado financeiro, engenharia, economia, medicina e mais áreas do conhecimento é o chefe de uma família desajustada composta por uma mãe frustrada que age como uma adolescente e o irmão mais novo dele que tem como característica principal não ser um gênio. A primeira metade do filme são gags absurdas pautadas por essa base que citei (tem uma cena em que
uma mulher de 30 e poucos anos admite indiretamente ter sentimentos românticos por ele, e uma em que ele literalmente explica para um neurocirurgião a própria doença) e a segunda envereda para uma trama de crime, na qual a mãe, transtornada depois da morte do "menino Einstein", encontra uma fita e um diário que explicam o plano do Henry para o assassinato do vizinho abusador deles.
Esse roteiro é tão bizarro que enquanto eu assistia o filme comecei a teorizar se tudo aquilo não passava de uma simulação ou um sonho e se na verdade o tal Henry não era um extraterrestre ou viajante do tempo. Quem dera eu estivesse certo.
Baseado num conto do incrível Haruki Murakami, é um thriller diferenciado com roupagem e ritmo simultaneamente contemplativo e intrigante. Tem na fotografia um de seus pontos mais fortes, principalmente quando operando o extremo nas cores quentes e frias. Em suma, outro bom filme da safra sul-coreana. Super recomendado.
PS: Não que o filme esteja com as premiações em falta uhauhuah mas achei uma pena ele não estar figurando entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
mas mostra efetivamente a ambição da personagem principal em querer ser a primeira, a mais assistida, com maior número de seguidores. Ela se importa tanto, mais tanto, com isso que o fato de ter que começar tudo do zero — e de que ela pode muito bem perder a conta pro seu alter-ego de novo — não é suficiente para impedi-la.
Enfim, filme legal, provocante e bem filmado.
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Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraFilme provocante com sátira feroz e humor absurdo. É super atual, mas não tanto quanto pensei já que a analogia da narrativa dele é para com o aquecimento global, e não para com o COVID-19, como eu pensava. Embora que faz todo o sentido, se pensarmos o cometa como uma ameaça que é negada por uns, politizada por outros e minimizada por muitos (por que só vai se consumar numa catástrofe daqui a seis meses, ou no caso do aquecimento global décadas no futuro).
A direção de Mckay é boa e as atuações competentes, embora o destaque fique para o texto e a edição - que coloca entrecortada com a trama, imagens de animais, pessoas e lugares sem aparente relação com a história. É uma textura super interessante que bombardeia o espectador, tal qual a internet, que é tão íntegra para a vida do indivíduo moderno, faz conosco. O texto em si, me divertiu bem mais que o esperado, conseguindo até me tirar risadas. Alguns ficaram deprimidos com a proximidade dos acontecimentos com nossa realidade. Não posso dizer que isso tenha acontecido comigo.
Em conclusão, filme bom, que eu só me interessei em ver por que revoltou uma parcela bem específica da população brasileira nas redes sociais hauhahua Provável que não teria me interessado muito se não fosse isso, então agradeço a esse grupo pelo ultraje.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista AgoraÉ bom como obra isolada (mesmo se meio ambíguo e fortemente enigmático) devido a força das atuações, direção de arte e fotografia, mas não adapta de maneira fiel o texto original, por vezes indo contra ele e em detrimento de si mesmo como filme.
Gosto do tom do filme, mais sombrio e místico, em contraposição com o leve romance de cavalaria de autoria desconhecida. Mas nisso de criar uma atmosfera mais mística o roteiro opta pelo obscuro, deixando de fora várias explicações e acontecimentos.
Vou me limitar a duas partes (que contém SPOILERS do filme, então leia se já tiver assistido ou se não ligar pra isso): a primeira é sobre a aventura de Gawain, que foi arquitetada pela "mãe" do personagem, para que ele provasse sua posse das cinco virtudes do cavaleiro (i.e.: generosidade, castidade, amizade, cortesia e devoção).
No original isso é dito. Não é uma interpretação de alguns, não. Enquanto que na adaptação de Lowery essa faceta da história fica turva, tão turva que se torna uma prova sobre vencer a covardia apenas, parece. É ao menos o que se dá a entender, quando o personagem se desfaz do feitiço de proteção. Não manter esse aspecto da história é bizarro e deixa a coisa toda muito mais confusa que o necessário.
A segunda parte está na personagem do Cavaleiro Verde. Essa personagem é amplamente descrita como grande, forte e até bela no romance de cavalaria. Ele também no fim da história revela ser o Lorde Bertilak (o cara que acolhe ele perto da capela verde), que concordou em ajudar a feiticeira para o teste de Gawain.
Lorde Bertilak originalmente joga o jogo de troca de presentes com Gawain por três dias. Em todos, a Senhora Bertilak tenta seduzi-lo e ele resiste (seria o teste de castidade). Como cavaleiro ele não pode recusar muito na cara porque seria falta de cortesia, então ele aceita à contragosto receber beijos dela. Sempre que o Lorde Bertilak retorna da caçada, Gawain de bom grado, e com certo entusiasmo, beija o grande, forte e belo Lorde. No primeiro dia, dá um, no segundo dois e no terceiro três. Muitos estudiosos da literatura inglesa sempre viram isso como uma forte exploração sexual para os padrões medievais, tornando-se uma das características mais poderosas do texto (junto da moral óbvia da história de que a gente não precisa ser perfeito no que faz, o importante é tentar - isso fica consolidado ao fim da história, já que Gawain falha em algumas etapas do teste, mas é acolhido ainda assim). Enfim, é uma sacanagem sem tamanho reduzir isso dos beijos do Lorde a um único momento e ainda o apresenta-lo de forma extremamente forçada e predativa. Isso sem contar o fato de que nunca fica 100% claro no filme que o Cavaleiro Verde e Lorde Bertilak são a mesma pessoa.
De qualquer forma é um filme lindo e muito bem feito. Uma pena não ter se atido mais ao texto de origem. Poderia certamente ser a melhor adaptação que já tivemos de alguma das Lendas Arturianas se o tivesse feito.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraBom filme sobre a força das relações entre as pessoas (e maquinas), que não se complica em querer ser mais do que é, como ocorreu nos filmes dois e três. Gosto de como os personagens foram atualizados, em especial os dois que tiveram suas aparências mudadas. O novo Smith ficou sensacional: aquele cara do trampo que a gente odeia, mas que ainda assim fica querendo pagar de amigão. Bem legal como a tensa relação deles adquire um tom mais amistoso, dado o vínculo que o terapeuta deu a eles. O Morpheus achei que ia odiar, mas gostei até bastante. Ele equilibra o humor desajeitado e bizarro do Smith e a fala messiânica do Moprheus clássico, que é a proposta dessa nova personagem - ser a junção dos dois, feita pelo Neo.
O filme tem uma introdução muito boa, um meio em que dá uma patinada (até ficar claro que a missão é juntar Neo e Trinity) e um final satisfatório, que deixa brecha pra sequências e spin-offs.
Sobre o final especificamente, ri demais com ele. Quem não manja das discussões online não saberia, mas parece que muitos machistas odiavam a Trinity na trilogia original pq ela "tirava o foco" do Neo na missão. Pessoal falava igual ao terapeuta kkkkkk Achei uma resposta divertida da criadora.
Enfim, recomendo pra quem gosta dos personagens e das reflexões, que foram bem atualizadas (embora a julgar pelos comentários ninguém tá falando muito delas, ou dizendo que elas não existem até).
Samurai X: A Origem
3.9 61 Assista AgoraAtuações, coreografia e fotografia muito boas, como já se espera de um filme da saga. Isso dito, achei estranho ele ter sido lançado depois do quarto filme, já que se assistindo em ordem de lançamento o filme com título de "O final" é uma despedida da saga muito melhor que este, de título "A origem". Como foram gravados juntos uma inversão na ordem de lançamentos, com um pouco de edição, teria sido o bastante para não deixar esse gosto estranho na boca que ficou ao assistir os minutos finais do filme.
É uma despedida atípica, em que vimos um personagem, que ainda não é o Kenshin que conhecemos, fazendo uma promessa a si mesmo, enquanto vive um dos momentos mais miseráveis de sua vida. Os finais felizes ficam no filme anterior, assim como os personagens mais queridos e famosos da saga.
Mulheres Perfeitas
3.0 479 Assista AgoraGostei do filme e, sem saber que ele era um remake da adaptação de um livro, tinha achado super progressivo para algo lançado em 2004. Depois de dar uma pesquisada vi que essa iteração da história se leva um pouco menos a sério, o que sem ver ou ler o livro achei "okay", até divertido para ser sincero.
Mas como em "Corra!" de Jordan Peele (filme que geral, eu incluso, parece associar a esse kkk) vejo como uma estética mais virada para o terror/suspense faria maravilhas para narrativa.
Isso dito, gosto das atualizações feitas. Principalmente a adição do casal gay, que satiriza aquela ideia conservadora de "tudo bem um cara ser gay, mas precisa ser tão espalhafatoso? afeminado?". Muito legal mesmo, mas poderia ter sido melhor executado para se encaixar com o tema de "submissão da figura feminina pela masculina" que parece ser o central do filme.
Por exemplo, seria interessante retratar um casal no LGTB+ no qual ambas as partes não apresentassem características típicas da hiper-masculinidade (violência) ou hiper feminilidade (subserviência). Stepford então agiria para transformar uma dessas duas pessoas em uma figura submissa e afeminada. Acho que super iria escancarar como a sociedade "aceita" melhor os relacionamentos não normativos quando eles executam papéis normativos na relação.
Huhauhauhauhauha peço desculpas a quem estiver lendo, pela fanfic acima. Quem sabe no próximo remake, né?
O filme é bom, divertido, mas peca em algumas partes (principalmente o clímax que embora eu meio que tenha entendido a ideia, foi executado com tanta pressa que ficou péssimo). Vou procurar ler o livro e ver a trilogia dos anos 70 e recomendo o mesmo para geral!
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraO cineasta Frank Capra, durante a segunda guerra produziu para o governo estadunidense uma série de documentários propaganda (o intuito era exibi-los às tropas) sobre os países que constituíam o eixo. Assunto de um deles, o Japão e seu povo, foram retratados de forma caricata, desumanizada e vilanesca. Como propaganda de guerra, o retrato pintado por Capra serviria para inflamar os soldados americanos, para que estes então demonstrassem mais agressão no confronto com os orientais.
Lost in Translation pinta uma realidade japonesa, esta que eu, em toda minha sinceridade, falho em entender o propósito. Extremamente fetichista e igualmente caricata, é um ponto do filme que incomoda e é impossível ignorar. O filme tem como tema identidade. Se perder e buscar a si mesmo. O texto poderia usar a ambientação para reforçar essa ideia, enquadrar a tensão que se dá entre a intensidade e a sobriedade imprimidas na identidade japonesa. Ao contrário esta é usada aqui quase exclusivamente para gozação. (O momento que Bill e Charlotte zoam as diferenças fonéticas entre os povos japonês e estadunidense é tenebrosa. Mostra grande insensibilidade e até um subtexto de superioridade ante a outras culturas e etnias.)
Claro que seria mais fácil focar em outros aspectos do filme (como a fotografia, que é boa) se os personagens não fossem, também, pobres caricaturas de si mesmos. Os protagonistas podem ser resumidos em "ator frustado com crise de meia idade" e "garota quirky cheia de sonhos". O jogo de cena é competente mas não esconde, eles não tem substância e seriam intragáveis senão pelas atuações.
Enfim, não me arrependo de ter visto, mas duvido que algum dia terei vontade de revê-lo em sua completude.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraMuito mais tenebroso que qualquer filme de terror. Este é um filme triste por si, mais ainda se levarmos em conta o episódio VIII, muito mais se lembrarmos que se trata de um filme numerado (tive que acrescentar isso, pois não quero incluir Solo, que nem vi, nessa matemática) da franquia Star Wars. A razão é simples, o filme se ocupa - antes de pensar em entregar uma narrativa coesa - com a mesquinha tarefa apagar tudo o que foi feito no título anterior. Sendo que abraçar, melhorar e aprofundar aquilo que havia sido feito era muito menos complicado e certo de sair algo pelo menos razoável que agradaria ao menos uma metade do público (a primeira versão do roteiro desse filme seguia essa linha, dê uma procurada).
Eu poderia escrever um parágrafo para cada atrocidade nesse filme, mencionando o retorno completamente repentino de Palpatine, o parentesco tirado do nada, os múltiplos novos personagens (o tempo usado ao apresentá-los poderia ter sido usado para algo útil), o fansevice desprovido de alma, o péssimo uso da trilha sonora, o desfecho forçado... mas a verdade é que, sinceramente, eu quero é esquecer que isso foi real.
PS: Importante salientar o comprometimento dos atores (o Kylo Ren de Adam Driver sendo a melhor parte dessa trilogia), profissionais de efeito especial e fotografia. Fizeram tudo o que podiam para honrar a franquia.
Contos de Terramar
3.5 172 Assista AgoraContos de Terramar, ou Gedou Senki, assim como a recente versão fílmica de A Torre Negra, do Stephen King, é uma adaptação de várias tramas, personagens, conceitos e momentos colhidos de diferentes livros da saga (Pela aclamada e agora finada Ursula K. le Guin) em uma roupagem totalmente nova.
A ideia, evidentemente, é dar algo novo para os fãs que já conhecem os livros, e uma experiência que traduza a força dos mesmos para quem nunca tocou o trabalho da autora. No papel, uma boa abordagem. Se "alguém" podia fazer dar certo, este era o Studio Ghibli. Na época, porém, o estúdio e seu fundador-diretor estavam focados em Castelo Animado. Ficou decidido que o filho de Miyazaki assumiria a direção do projeto.
Goro Miyazaki, tinha uma tarefa e tanto pela frente: adaptar uma aclamada saga fantástica, lidar com as expectativas de carregar o sobrenome de um dos maiores produtores de animação do mundo. Isso não é tudo. Goro também nunca tinha dirigido um filme antes. Quando jovem ele tinha tentado seguir os passo do pai, mas se frustrou no campo e foi cursar agronomia. Ao fim do curso, ele trabalhou como pintor de paisagens, antes de voltar para sombra da asa do pai, quando administrou o museu do estúdio e começou a fazer storyboards para filmes do mesmo. Pouco depois, ele recebeu o projeto.
Esse contexto ajuda a entender que Goro, mesmo talentoso, não era experiente o suficiente para atender as expectativas do pai, dos fãs do estúdio e dos leitores do original. Ele também precisa se provar como artista.
Não é surpresa que o filme, mesmo com quase duas horas de duração, sofra para apresentar conceitos de motivações de personagem de maneira eficaz. O ritmo, bom até o fim do segundo ato, se torna caótico ao fim, trazendo novos conceitos, não amarrando ideias introduzidas até ali, entregando reviravoltas sem set-ups eficazes.
Isso dito, há sequências, gestos e diálogos em que a direção do Goro se iguala, e as vezes, supera a do pai (como na sequência musical).
Enfim, é um bom filme, com muitos problemas, mas um bom filme.
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraJá tinha visto que constava no prime video da amazon tem algum tempo, mas por não saber que era de Scorsese, e pelo fato de o terem colocado na categoria "comédia" do serviço, não tinha chamado a atenção. Agora vendo que o filme estava sendo ligado a "Joker" (que achei bom, apesar de não ter atendido às expectativas criadas com base na mídia) resolvi dar um checada. Uma ótima ideia, sem dúvida.
"O Rei da Comédia" é incrível, um filme sobre idolatria, sonhos, show biz e obsessão. A direção de Scorsese aqui é impecável, entregando os desconfortos e absurdos da jornada de Pupkin da forma mais competente possível. De Niro está ótimo, personificando um cidadão que não sente, ou escolhe não sentir, as pressões do mundo real. Uma parceria que dá força ao todo do filme, certamente.
PS: O filme é sensacional e, depois de vê-lo, inevitavelmente achei "Joker" menos poderoso. Todd Phillips traz semelhanças demais, o que acaba subtraindo do mérito que eu estava atribuindo ao homem. De qualquer forma, agradeço, pois do contrário eu teria demorado para descobrir que, ao contrário do que as categorias do prime video comunicavam, o filme se tratava de um drama de primeira.
Dave Chappelle: Sticks and Stones
3.9 20Geralmente consigo gostar desse tom polêmico e provocativo do Chappelle. Mas piadas em cima de vítimas de assédio e estupro? Essas não deu pra rir não.
Eu Sou a Lenda
3.7 2,1K Assista AgoraÉ okay, mas olha... me senti um pouco enganado hahaha
As semelhanças que o filme tem com o livro, podem ser contadas nos dedos das mãos, o que é uma pena. O original conta com dilemas mais fortes (sexualidade, negação, vício, abstinência, solidão, sociedade, loucura) e personagens mais interessantes (não entendo o por quê de terem inventado aquela mãe e a criança).
Enfim, não assista esperando reflexões sobre o lugar do homem no mundo e você provavelmente vai se divertir com uma ação legal (isto é, para o padrão do ano de lançamento).
Free Solo
4.1 157 Assista AgoraDocumentário incrível sobre um dos atletas mais impressionantes da humanidade. Tanto que qualquer comentário que eu tente redigir sobre essa obra vai parecer raso, por isso ao invés disso vou simplesmente recomendar um outro trabalho para quem ficou fascinado com a escalada free solo e a personalidade intrigante de Alex Honnold.
Trata-se do mangá The Climber (ou Kokou no Hito) inspirado num real alpinista japonês que também praticava free solo e tinha problemas para se relacionar socialmente. Contando com uma arte incrível e uma escrita madura; ao meu ver complementa em muito os temas deste documentário, ajudando-nos a entender melhor a modalidade e as razões motivadoras de alguém que escolheu ingressar em tal empreitada.
TAKUMI: Uma história de 60000 horas sobre a sobrevivência da …
3.4 2O documentário tem imagens bonitas e alguns depoimentos (aqueles em japonês) interessantes. Mas infelizmente a "narrativa" construída é uma cacofonia. Muito disso acredito que se deve a perspectiva do diretor, de querer por em confronto tecnologia (especificamente os avanços com inteligência artificial) e o homem, o que funcionaria se o recorte escolhido não tivesse sido para com mestres artesãos japoneses.
Clay Jeter parece não entender em nível fundamental a filosofia oriental, que diferente da nossa, egocêntrica, coloca um homem como uma parte insignificante do todo. É através da arte de produzir que os takumi se tornam eles mesmos, eles se aperfeiçoam e se dissolvem, como poeira ao vento, na atividade. Essa resignação é bastante difícil de digerir para o ocidental. Nessa perspectiva de "homem branco" não há nada de filosófico em raspar lascas de madeira de um tronco por horas a fim... isso é, para nós, ao contrário, maçante. Esse desdém domina nossa sociedade desde a Grécia antiga, em que o trabalho braçal era coisa para os inferiores, os escravos. Não atoa é no ocidente que a indústria nasce depois, automatizando essa parte do processo.
Em suma, a discussão, colocada como foi pelo documentário, não faz muito muito sentido. Na indústria o homem obviamente vai fazer menos e menos o trabalho manual, mas o artesanato, principalmente o japonês, não morrerá jamais.
07/27/1978
4.4 4Esse vídeo é simplesmente maravilhoso, do texto à estética visual. Porém, o destaque fica para o ator John B.Barrymore, por conseguir entregar esse personagem sem dar uma risadinha sequer, e tudo num único take.
Avalon
3.5 11Assisti e soube ao fim que este era um daqueles filmes que você vai pensar por dias. Vai querer rever, ler e conversar sobre. É tanto simbolismo e sensibilidade.
A produção é bastante concisa, o que choca, visto que ela é parte nipônica e parte polonesa. A música do Kenji Kawai é ótima, a estética terrosa é linda e as atuações são estranhas como pede a narrativa.
Se você gosta da parte filosófica que Matrix trabalha ao falar da relação ilusão-realidade e quer fazer um curso avançado, esse é o filme para você.
A Pedra da Serpente
2.5 18Nada como ver na grande tela um filme indubitavelmente brasileiro no tema, nas figuras que povoam a história e na região em que tudo se dá. Me espanta que uma história sobre abduções, alienígenas e OVNIs não tenha sido produzida por mãos tupiniquins antes (se foi, infelizmente não fiquei sabendo).
Sobre a qualidade técnica do produto, é mediano para bom, ficando o destaque para a iluminação rosa-choque/verde poderosíssima usada em alguns segmentos do filme. Embora não incomode tanto, há problemas com o áudio que as vezes fica desproporcionalmente alto e estourando.
Dito isto, ao sair da sala fiquei com a sensação de que havia assistido a algo promissor, mas paradoxalmente arrastado e apressado. Arrastado por quê o filme se demorou em elementos que no fim não tem muito impacto no "big picture" e apressado por que pareceu faltar um recheio no decorrer do segundo ato para que o fim tivesse o peso pretendido.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista AgoraEsse filme me pegou pelo emocional legal huahuah A intensidade do primeiro amor, a experiência de ter os pais se divorciando durante sua adolescência, a relação com o irmão mais velho, a função da arte na vida. Muito sobre mim — e toda uma galera, acredito — está bem incapsulado aqui, de forma honesta e clara. Gostei demais.
O Livro de Henry
3.8 312 Assista AgoraUm moleque de 11 anos, perito em filosofia existencialista, mercado financeiro, engenharia, economia, medicina e mais áreas do conhecimento é o chefe de uma família desajustada composta por uma mãe frustrada que age como uma adolescente e o irmão mais novo dele que tem como característica principal não ser um gênio.
A primeira metade do filme são gags absurdas pautadas por essa base que citei (tem uma cena em que
uma mulher de 30 e poucos anos admite indiretamente ter sentimentos românticos por ele, e uma em que ele literalmente explica para um neurocirurgião a própria doença) e a segunda envereda para uma trama de crime, na qual a mãe, transtornada depois da morte do "menino Einstein", encontra uma fita e um diário que explicam o plano do Henry para o assassinato do vizinho abusador deles.
Esse roteiro é tão bizarro que enquanto eu assistia o filme comecei a teorizar se tudo aquilo não passava de uma simulação ou um sonho e se na verdade o tal Henry não era um extraterrestre ou viajante do tempo. Quem dera eu estivesse certo.
Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraBaseado num conto do incrível Haruki Murakami, é um thriller diferenciado com roupagem e ritmo simultaneamente contemplativo e intrigante. Tem na fotografia um de seus pontos mais fortes, principalmente quando operando o extremo nas cores quentes e frias. Em suma, outro bom filme da safra sul-coreana. Super recomendado.
PS: Não que o filme esteja com as premiações em falta uhauhuah mas achei uma pena ele não estar figurando entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Cam
3.1 548 Assista AgoraEsse filme é uma crítica do tempo presente, no qual as pessoas criam um falso eu, vivo a sua própria maneira, nas redes sociais.
O final ao que parece confundiu — ou irritou — muita gente. É confuso, de fato,
mas mostra efetivamente a ambição da personagem principal em querer ser a primeira, a mais assistida, com maior número de seguidores. Ela se importa tanto, mais tanto, com isso que o fato de ter que começar tudo do zero — e de que ela pode muito bem perder a conta pro seu alter-ego de novo — não é suficiente para impedi-la.
Enfim, filme legal, provocante e bem filmado.