O ponto alto é quando ele comenta sobre as pessoas que acharam o segundo episódio chato, monótono. "Tá, mas você já olhou pra sua vida????" kkkkkk ai gente.
Fui ver esse filme do Cronenberg depois de ler diversas críticas negativas. Eu sou muito fã de sua obra de horror e sentia falta desse traço em suas obras mais recentes. Fui de coração aberto e confesso que disposta a passar pano pra algo que eu esperava ser bem ruim. Me enganei. O filme é maravilhoso, principalmente pra gente que estava com saudades do velho Cronenberg, como eu. O filme é uma sátira, uma reflexão esculachada sobre arte e o apelo por demonstrar aquilo que vem de dentro do artista, mas não da sua alma, espírito, mente, subjetividade ou outra abstração qualquer: do seu corpo. Há coisa mais íntima e profunda? Mais pessoal? Mais único do que um tumor? Algo que represente melhor a criação e a destruição, a vida e a morte, o prazer e a dor? Crimes do futuro me lembrou principalmente The Brood, mas agora com arte no lugar do processo terapêutico.
Eu não conhecia nada sobre o filme quando fui ver, então não tinha expectativa. Acabei gostando muito! Me lembrou filmes como Videodrome, Tesis e até o mais recente Rent-a-Pal, por ser um filme de metalinguagem envolvendo fitas cassete obscuras. É um filme com tom nostálgico, pra quem viveu a época das locadoras e das lendas urbanas sobre crimes estimulados pelo cinema. A personagem principal é interessante, mesmo que não haja muita profundidade. O que o espectador precisa saber, tá ali.
Atuações incríveis, achei que a atriz que faz a Amanda era a Meryl Streep até, haha. A fotografia também é linda. O roteiro não traz grandes surpresas, nem grandes explicações sobre o que tá acontecendo. É um recorte rápido sobre uma mulher tentando fugir da culpa e da solidão, procurando algo que misture prazer e amparo. Um drama psicológico com algum terror. Meu favorito do ano.
Estou impressionada com a quantidade de gente que gostou desse filme. Não tem nada de convincente, no máximo ele serve como uma comédia involuntária, se você achar engraçado se constranger.
As pessoas tem se contentado com muito pouco quando um filme toca em temas ligados a opressões. Não se importam se eles são apresentados desse jeito forçado e caricato e levam para o pessoal quando alguém critica.
Eu me considero uma mulher feminista, acho que estupro e machismo são assuntos muito importantes. Mesmo assim, me recuso a fingir que gostei de algo tão raso.
Battlefield Earth ultrapassa os limites do gênero de filme tão-ruim-que-é-bom. Infelizmente, ele é tão ruim, mas tão ruim, que é ruim mesmo. Nada se salva ou diverte, é tudo só péssimo. Mas sabe o que mais me surpreende nesse filme? Não é a ruinzeza do roteiro, das atuações, dos cortes, da iluminação e da maquiagem ( e tudo isso é bastante ruim, o filme ganhou 19 prêmios, cada um premiando a ruindade de algum desses detalhes), mas que quando o John Travolta foi publicizar o filme, ele o anunciou como "A Lista de Schindler das ficções científicas". Sinceramente, pq eu nem sei o que pensar. Minha primeira reação é ficar ofendida, apesar de não saber muito bem porque. Como assim A Lista de Schindler das ficções científicas? Qual seria A Lista de Schindler das comédias românticas? Enfim, a única lição que dá pra tirar desse filme no final é: você acordou hoje sentindo que a sua vida não tem sentido ou valor? Pois pergunte a si mesmo "eu alguma vez já comparei as merdas que eu fiz com A Lista de Schindler?", se a resposta for negativa, então ainda tá tudo bem.
Premissa interessante, atuações muito fracas, trilha sonora mal escolhida, resolução arrastada. Não chega a ser horrível, mas, definitivamente, não é bom.
Eu gosto muito da reflexão do título, sobre os significados da palavra Possessão. É um filme sobre ciúmes, sentimento de posse, ao mesmo tempo que é sobre uma possessão demoníaca e sobre como todas essas coisas se confundem. É um filme claustrofóbico pq ele é exatamente sobre uma não liberdade, um sentimento de estar preso, de estar sob a posse de algo e de possuí-la de uma maneira totalizante, sufocante, irrevogável. Pra mim, o filme é sobre coisas ruins que não se pode largar e que não te largam. Um dos melhores filmes de terror psicológico já feitos, sem dúvida.
Saló é uma reflexão artística e profunda sobre fascismo. O que ela tem de sutil na crítica, ela tem de não sutil nas imagens. A maneira como ele coloca a sexualidade, libertadora e bela quando ligada a afeto, mas feia e suja quando ligada a dominação e impessoalidade. Mostra um fascismo tão indecente que chega a ser pornográfico. E uma sexualidade tão reprimida que só pode ser exercida quando sob regras, que não permitam as pessoas gozarem por completo.
Eu tava lendo sobre a produção do filme e as pessoas contam que as gravações eram leves e até divertidas. Só descobriram que o filme era muito sinistro quando ele foi lançado. Teve gente que participou do filme e nem quis ver. É diferente de Vá e Veja, por exemplo, que deixou o ator tão perturbado que ele começou a ter cabelos brancos. Como Pasolini conseguiu fazer isso? Eu achei brilhante.
Particularmente, eu não gosto de filme sem sutileza que só existe com o intuito de passar uma importante mensagem de vida. Achei O Poço pretensioso na mesma medida em que é raso. Tem filmes que criticam as sociedades de classes sociais com mais complexidade, como Parasita. E se for pela violência e situação claustrofóbica absurda, prefiro Cubo.
Podia ser um filme melhor, não fosse um problema bem marcante e significativo, que foi a maneira como Clint Eastwood retratou Kathy Scruggs. Importante pensar sobre isso principalmente nesse momento do nosso país. Vou colar aqui um pedaço de um texto que escrevi em outra rede social:
(...)Que Clint Eastwood é um ótimo diretor de cinema, provavelmente você já sabia. E os recursos que ele usa pra emocionar o espectador passam, dentre outras coisas, por uma minuciosa construção de personagens. O personagem principal, por exemplo, é um homem simpático, modesto, ingênuo e com alguns pequenos defeitos, que o tornam bastante humano. A mãe é amorosa e um pouco triste. O advogado é sagaz e bondoso, com um apurado senso de justiça.
Já a jornalista que fez a reportagem é uma vagabunda. Em todos os piores sentidos possíveis, inclusive, claro, no sexual. O filme não só a mostra tentando seduzir o agente do FBI pra conseguir informações, como deixa claro que ela fazia isso corriqueiramente, eu diria que até oficialmente, como parte do trabalho.
Fiquei encucada com esse detalhe e resolvi pesquisar sobre Kathy Scruggs, a jornalista retratada na história. Encontrei uma notícia da CNN que conta que há um pedido judicial para que a Warner adicione um aviso no final do filme: o jornal não nega que ela tenha cometido um erro terrível, mas não existe nenhuma evidência de que ela tenha trocado sexo por furos de reportagem. Amigos e familiares ficaram abalados. Kathy Scruggs não pode sequer defender a si mesma, pois faleceu em 2002. (...)
Não é legal combater fake news com mais fake news.
É um filme sobre as várias possibilidades de maternidade. Fiquei bastante impressionada com a profundidade com que são apresentados os personagens, vale muito a pena.
o filme todo é de uma beleza inexplicável, é interessante pensar que ele se passa num fragmento tão pequeno da vida eterna dos dois que tudo ali é quase irrelevante, o que não os impede de viver tudo intensamente.
Depois que o efeito dos remédios é cortado, as pessoas passam a sentir a libido voltar junto. Sim, não há dúvidas de que é importante incentivar que elas exerçam a própria sexualidade de uma maneira saudável, como qualquer outra pessoa. Mas a solução arranjada no filme me deixou triste. As duas mulheres que também são da cooperativa, e que também pararam de usar os remédios como os homens, também deviam ter suas necessidades sexuais levadas em consideração, mas isso nem é mencionado. Na discussão acerca do tema, uma mulher inclusive fala "os homens tem necessidades", ora, mas e as mulheres? Depois disso, a decisão é tomada a partir da fala de um dos associados que diz algo com relação aos patrocinadores, que pagam pelos materiais que eles usam e logo, poderiam pagar também por mulheres. As mulheres são colocadas no mesmo patamar que os objetos que eles usam para fazer o piso. O desejo das que são parte da cooperativa já havia sido negado, e o de outras é tomado como mercadoria.
Não adianta querer tornar livres as pessoas dos manicômios se uma grande parte delas ainda não o será: as mulheres.
Achei a ideia do silêncio uma coisa muito interessante. A história de Ada tem inicio exatamente onde a filha desanda a contar e a incansavelmente "ouvir": havia um marido muito amado com quem ela diz não precisar nunca conversar pois ele a entendia sempre, mesmo na ausência de palavras. O marido morre e ela deixa de falar, resultado de um choque. Agora, mais do que nunca seria importante falar, já que ninguém mais a entenderia como o marido, mas é exatamente quando ela fica em silêncio. Quem fala por ela é a filha: uma voz infantil (assim como a da sua cabeça/ alma). Uma voz imatura, que nega a sexualidade e por fim, em relação a isso a trai. Em conjunto disso, também perde a única maneira de se expressar de maneira genuína e não infantilizada que possuía: o piano. Ela simbolicamente morre com o piano, pra então virar de fato mulher. O piano (e ela) é sacrificado em nome da volta a sexualidade e consequentemente, da voz.
(é uma ideia meio não acabada e a primeira coisa que pensei. seria legal discutir esse filme)
Me irritava esse Nicolas cage fazendo esse papel de pessoa que não responde ninguém e fica fazendo mistério. No filme inteiro tem gente correndo atrás dele perguntando o que ta acontecendo e ele quieto com cara de quem não é obrigado a dizer nada. Alguem devia ter feito escândalo ou dado uns tapa nesse homem, dai sim eu ia achar verossímil
Eu acho por muitas vezes incômoda a posição em que o Lars Von Trier coloca as mulheres nos seus filmes. Mas eu gostei de ninfomaníaca. Gostei da Joe. Li uma crítica dizendo que o filme é misógino, porque bate na tecla de quê a mulher nasceu para pecar e sofrer. A mim parece que nascemos todos, independente do nosso gênero, pra isso. Ela admitir que é má, me parece uma atitude libertadora frente a uma cultura que demoniza o sexo, principalmente pra mulher. Pra mim, o que houve de mais erótico no filme não foram as cenas de sexo em si, mas a situação em que ele se passa: Um homem encontra uma mulher machucada, aparentemente sem condições de se proteger, de cuidar de si mesma. Ele a leva pra casa e pergunta o que aconteceu antes mesmo de saber seu nome. Durante todo o filme, não há emoção de nenhuma das partes, só racionalização. O cenário se encaixa perfeitamente em cada capítulo da história. Ela, diante de um total desconhecido começa com "Descobri minha buceta aos dois anos de idade" o que não gera surpresa no ouvinte ou hesitação no tom de voz da locutora. É como se tudo tivesse sido devidamente ensaiado previamente, mesmo tendo ela dito que não sabia por onde começar. É como uma fantasia que se passa na cabeça de alguém, onde reina a certeza do que o outro sente e vai dizer, onde não há perigo real. Não sei se a fantasia é da Joe, envolvendo um homem que não deseja ninguém, senão ela; ou de Seligman, com uma mulher que deseja a todos, senão ele.
Ficção Americana
3.8 380 Assista AgoraUm Bamboozled repaginado
O Reino
4.0 73Não achei nem bom, nem ruim. Vou continuar assistindo porque quero ver onde chega a última temporada, depois de tantos anos.
A melhor parte são os comentários do Lars no final dos episódios.
O ponto alto é quando ele comenta sobre as pessoas que acharam o segundo episódio chato, monótono. "Tá, mas você já olhou pra sua vida????" kkkkkk ai gente.
Crimes do Futuro
3.2 265Fui ver esse filme do Cronenberg depois de ler diversas críticas negativas. Eu sou muito fã de sua obra de horror e sentia falta desse traço em suas obras mais recentes. Fui de coração aberto e confesso que disposta a passar pano pra algo que eu esperava ser bem ruim. Me enganei. O filme é maravilhoso, principalmente pra gente que estava com saudades do velho Cronenberg, como eu.
O filme é uma sátira, uma reflexão esculachada sobre arte e o apelo por demonstrar aquilo que vem de dentro do artista, mas não da sua alma, espírito, mente, subjetividade ou outra abstração qualquer: do seu corpo. Há coisa mais íntima e profunda? Mais pessoal? Mais único do que um tumor? Algo que represente melhor a criação e a destruição, a vida e a morte, o prazer e a dor?
Crimes do futuro me lembrou principalmente The Brood, mas agora com arte no lugar do processo terapêutico.
Lacuna
2.6 13Que interessante, muita gente comentando que viu referências a outros filmes aqui, todos diferentes. Eu lembrei da trilogia das mães do Argento.
Eu acho que o filme tem alguns pontos altos e outros que não convencem. Não chega a ser horrível, mas tampouco é bom.
Censor
3.1 123Eu não conhecia nada sobre o filme quando fui ver, então não tinha expectativa. Acabei gostando muito! Me lembrou filmes como Videodrome, Tesis e até o mais recente Rent-a-Pal, por ser um filme de metalinguagem envolvendo fitas cassete obscuras.
É um filme com tom nostálgico, pra quem viveu a época das locadoras e das lendas urbanas sobre crimes estimulados pelo cinema.
A personagem principal é interessante, mesmo que não haja muita profundidade. O que o espectador precisa saber, tá ali.
Saint Maud
3.5 336Atuações incríveis, achei que a atriz que faz a Amanda era a Meryl Streep até, haha. A fotografia também é linda. O roteiro não traz grandes surpresas, nem grandes explicações sobre o que tá acontecendo. É um recorte rápido sobre uma mulher tentando fugir da culpa e da solidão, procurando algo que misture prazer e amparo. Um drama psicológico com algum terror. Meu favorito do ano.
Bela Vingança
3.8 1,3KEstou impressionada com a quantidade de gente que gostou desse filme. Não tem nada de convincente, no máximo ele serve como uma comédia involuntária, se você achar engraçado se constranger.
As pessoas tem se contentado com muito pouco quando um filme toca em temas ligados a opressões. Não se importam se eles são apresentados desse jeito forçado e caricato e levam para o pessoal quando alguém critica.
Eu me considero uma mulher feminista, acho que estupro e machismo são assuntos muito importantes. Mesmo assim, me recuso a fingir que gostei de algo tão raso.
Transtorno Explosivo
4.0 158 Assista AgoraRaiva e tristeza como se fossem uma coisa só.
A Reconquista
1.7 178Battlefield Earth ultrapassa os limites do gênero de filme tão-ruim-que-é-bom. Infelizmente, ele é tão ruim, mas tão ruim, que é ruim mesmo. Nada se salva ou diverte, é tudo só péssimo.
Mas sabe o que mais me surpreende nesse filme? Não é a ruinzeza do roteiro, das atuações, dos cortes, da iluminação e da maquiagem ( e tudo isso é bastante ruim, o filme ganhou 19 prêmios, cada um premiando a ruindade de algum desses detalhes), mas que quando o John Travolta foi publicizar o filme, ele o anunciou como "A Lista de Schindler das ficções científicas".
Sinceramente, pq eu nem sei o que pensar. Minha primeira reação é ficar ofendida, apesar de não saber muito bem porque. Como assim A Lista de Schindler das ficções científicas? Qual seria A Lista de Schindler das comédias românticas?
Enfim, a única lição que dá pra tirar desse filme no final é: você acordou hoje sentindo que a sua vida não tem sentido ou valor? Pois pergunte a si mesmo "eu alguma vez já comparei as merdas que eu fiz com A Lista de Schindler?", se a resposta for negativa, então ainda tá tudo bem.
Extracted
3.4 49Premissa interessante, atuações muito fracas, trilha sonora mal escolhida, resolução arrastada. Não chega a ser horrível, mas, definitivamente, não é bom.
Possessão
3.9 591Eu gosto muito da reflexão do título, sobre os significados da palavra Possessão. É um filme sobre ciúmes, sentimento de posse, ao mesmo tempo que é sobre uma possessão demoníaca e sobre como todas essas coisas se confundem. É um filme claustrofóbico pq ele é exatamente sobre uma não liberdade, um sentimento de estar preso, de estar sob a posse de algo e de possuí-la de uma maneira totalizante, sufocante, irrevogável. Pra mim, o filme é sobre coisas ruins que não se pode largar e que não te largam. Um dos melhores filmes de terror psicológico já feitos, sem dúvida.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KSaló é uma reflexão artística e profunda sobre fascismo. O que ela tem de sutil na crítica, ela tem de não sutil nas imagens. A maneira como ele coloca a sexualidade, libertadora e bela quando ligada a afeto, mas feia e suja quando ligada a dominação e impessoalidade. Mostra um fascismo tão indecente que chega a ser pornográfico. E uma sexualidade tão reprimida que só pode ser exercida quando sob regras, que não permitam as pessoas gozarem por completo.
Eu tava lendo sobre a produção do filme e as pessoas contam que as gravações eram leves e até divertidas. Só descobriram que o filme era muito sinistro quando ele foi lançado. Teve gente que participou do filme e nem quis ver. É diferente de Vá e Veja, por exemplo, que deixou o ator tão perturbado que ele começou a ter cabelos brancos. Como Pasolini conseguiu fazer isso? Eu achei brilhante.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraParticularmente, eu não gosto de filme sem sutileza que só existe com o intuito de passar uma importante mensagem de vida. Achei O Poço pretensioso na mesma medida em que é raso. Tem filmes que criticam as sociedades de classes sociais com mais complexidade, como Parasita.
E se for pela violência e situação claustrofóbica absurda, prefiro Cubo.
O Caso Richard Jewell
3.7 244Podia ser um filme melhor, não fosse um problema bem marcante e significativo, que foi a maneira como Clint Eastwood retratou Kathy Scruggs. Importante pensar sobre isso principalmente nesse momento do nosso país. Vou colar aqui um pedaço de um texto que escrevi em outra rede social:
(...)Que Clint Eastwood é um ótimo diretor de cinema, provavelmente você já sabia. E os recursos que ele usa pra emocionar o espectador passam, dentre outras coisas, por uma minuciosa construção de personagens. O personagem principal, por exemplo, é um homem simpático, modesto, ingênuo e com alguns pequenos defeitos, que o tornam bastante humano. A mãe é amorosa e um pouco triste. O advogado é sagaz e bondoso, com um apurado senso de justiça.
Já a jornalista que fez a reportagem é uma vagabunda. Em todos os piores sentidos possíveis, inclusive, claro, no sexual. O filme não só a mostra tentando seduzir o agente do FBI pra conseguir informações, como deixa claro que ela fazia isso corriqueiramente, eu diria que até oficialmente, como parte do trabalho.
Fiquei encucada com esse detalhe e resolvi pesquisar sobre Kathy Scruggs, a jornalista retratada na história. Encontrei uma notícia da CNN que conta que há um pedido judicial para que a Warner adicione um aviso no final do filme: o jornal não nega que ela tenha cometido um erro terrível, mas não existe nenhuma evidência de que ela tenha trocado sexo por furos de reportagem. Amigos e familiares ficaram abalados. Kathy Scruggs não pode sequer defender a si mesma, pois faleceu em 2002. (...)
Não é legal combater fake news com mais fake news.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 852O universo é a melhor metáfora sobre a capacidade do vazio de preencher.
The Little Drummer Girl
3.9 18alguém sabe dizer por que tem esse título?
Confissões
4.2 855É um filme sobre as várias possibilidades de maternidade. Fiquei bastante impressionada com a profundidade com que são apresentados os personagens, vale muito a pena.
Amantes Eternos
3.8 781o filme todo é de uma beleza inexplicável, é interessante pensar que ele se passa num fragmento tão pequeno da vida eterna dos dois que tudo ali é quase irrelevante, o que não os impede de viver tudo intensamente.
Coerência
4.0 1,3K Assista AgoraMe lembrou o filme A Outra Terra, que também considero excelente e indico a todos que gostaram desse.
Dá Para Fazer
4.4 70O filme é excelente, inspirador, muito necessário para pessoas que estudam ou trabalham com saúde mental. Mas um coisa me incomodou bastante:
Depois que o efeito dos remédios é cortado, as pessoas passam a sentir a libido voltar junto. Sim, não há dúvidas de que é importante incentivar que elas exerçam a própria sexualidade de uma maneira saudável, como qualquer outra pessoa. Mas a solução arranjada no filme me deixou triste. As duas mulheres que também são da cooperativa, e que também pararam de usar os remédios como os homens, também deviam ter suas necessidades sexuais levadas em consideração, mas isso nem é mencionado. Na discussão acerca do tema, uma mulher inclusive fala "os homens tem necessidades", ora, mas e as mulheres?
Depois disso, a decisão é tomada a partir da fala de um dos associados que diz algo com relação aos patrocinadores, que pagam pelos materiais que eles usam e logo, poderiam pagar também por mulheres. As mulheres são colocadas no mesmo patamar que os objetos que eles usam para fazer o piso. O desejo das que são parte da cooperativa já havia sido negado, e o de outras é tomado como mercadoria.
Não adianta querer tornar livres as pessoas dos manicômios se uma grande parte delas ainda não o será: as mulheres.
O Piano
4.0 442Não é o tipo de filme que eu mais adoro, mas é inegavelmente muito bom.
Achei a ideia do silêncio uma coisa muito interessante. A história de Ada tem inicio exatamente onde a filha desanda a contar e a incansavelmente "ouvir": havia um marido muito amado com quem ela diz não precisar nunca conversar pois ele a entendia sempre, mesmo na ausência de palavras. O marido morre e ela deixa de falar, resultado de um choque. Agora, mais do que nunca seria importante falar, já que ninguém mais a entenderia como o marido, mas é exatamente quando ela fica em silêncio.
Quem fala por ela é a filha: uma voz infantil (assim como a da sua cabeça/ alma). Uma voz imatura, que nega a sexualidade e por fim, em relação a isso a trai. Em conjunto disso, também perde a única maneira de se expressar de maneira genuína e não infantilizada que possuía: o piano. Ela simbolicamente morre com o piano, pra então virar de fato mulher. O piano (e ela) é sacrificado em nome da volta a sexualidade e consequentemente, da voz.
(é uma ideia meio não acabada e a primeira coisa que pensei. seria legal discutir esse filme)
A Maldição dos Mortos-Vivos
3.2 143Tava fácil traduzir esse com um titulo menos clichê, que mancada.
Presságio
3.1 1,8KMe irritava esse Nicolas cage fazendo esse papel de pessoa que não responde ninguém e fica fazendo mistério. No filme inteiro tem gente correndo atrás dele perguntando o que ta acontecendo e ele quieto com cara de quem não é obrigado a dizer nada. Alguem devia ter feito escândalo ou dado uns tapa nesse homem, dai sim eu ia achar verossímil
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7KSobre o conjunto da obra:
Eu acho por muitas vezes incômoda a posição em que o Lars Von Trier coloca as mulheres nos seus filmes. Mas eu gostei de ninfomaníaca. Gostei da Joe. Li uma crítica dizendo que o filme é misógino, porque bate na tecla de quê a mulher nasceu para pecar e sofrer. A mim parece que nascemos todos, independente do nosso gênero, pra isso. Ela admitir que é má, me parece uma atitude libertadora frente a uma cultura que demoniza o sexo, principalmente pra mulher.
Pra mim, o que houve de mais erótico no filme não foram as cenas de sexo em si, mas a situação em que ele se passa:
Um homem encontra uma mulher machucada, aparentemente sem condições de se proteger, de cuidar de si mesma. Ele a leva pra casa e pergunta o que aconteceu antes mesmo de saber seu nome. Durante todo o filme, não há emoção de nenhuma das partes, só racionalização. O cenário se encaixa perfeitamente em cada capítulo da história. Ela, diante de um total desconhecido começa com "Descobri minha buceta aos dois anos de idade" o que não gera surpresa no ouvinte ou hesitação no tom de voz da locutora. É como se tudo tivesse sido devidamente ensaiado previamente, mesmo tendo ela dito que não sabia por onde começar. É como uma fantasia que se passa na cabeça de alguém, onde reina a certeza do que o outro sente e vai dizer, onde não há perigo real.
Não sei se a fantasia é da Joe, envolvendo um homem que não deseja ninguém, senão ela; ou de Seligman, com uma mulher que deseja a todos, senão ele.