O tênue fio que mantém minha sanidade foi incrivelmente desasbilizado. Toquei na loucura por algumas vezes durante o filme até me sentir plenamente confortável com a possibilidade de perder a razão. A arte é isso, é trazer as sombras que não são nada mais que você mesmo! Parabéns aos desgraçados que fizeram parte dessa master piece 👏👏👏
Documentário claramente republicano. Deram ao Buckley ares de protagonista. O cara não falou absolutamente nada de interessante. Poderiam ter explorado muito mais o conhecimento do Gore Vidal sobre questões internas, já que foi ele quem mais se aproximou do conceito de intelectual e, dos dois, quem se interessava pela sanidade mental do país.
Não adianta buscar uma só interpretação em algo que permita várias; nenhum dos arranjos formados que tente dar uma inteligibilidade é lógico pois não há lógica quando se tem, de início, uma linearidade e se insere repentinamente elementos isolados que mais empobrecem que outra coisa. Essa é a grande diferença entre A Origem e Amnésia: o primeiro se perdeu na própria complexidade lynchiana e o segundo detalhadamente concatenado sem que nada o comprometesse.
Em pensar que as elucidações têm origem no próprio povo judeu (Berek Joselewicz, Shlomo Sand, Ilan Pappé) não dos próprios árabes, suprimidos pela grande mídia, e muito menos por esta tomada por um racismo disfarçado de condescendência pós-holocausto. Há muito mais coisas envolvendo esse conflito como o surgimento do inexplicável "acordo compensatório" iniciado com Balfour, declaração assinada antes mesmo da existência da Alemanha nazista: Balfour - 1917, Segunda G.M - 1939 à 1945. No fim das contas, nada tem a ver com o ocorrido, só precisavam de uma desculpa pra não causar reações irreprimíveis.
Quando se fala em conflito de classes automaticamente nos remetemos ao marxismo, e quem conhece sabe que a definição nada tem a ver com o que foi exposto no filme.
Primeiro porque a supressão de toda forma de sistema (metaforizada pela destruição das máquinas) está associada ao anarquismo, segundo porque marxismo não "prega" apaziguamento entre opressor e oprimido e nem a inserção de uma classe em outra como costumam propagar alguns desavisados e, sim, a eliminação da plutocracia. Por último, esse argumento maniqueísta por trás da revolução em que a Maria má dá o grande impulso à revolta dos trabalhadores (???) tá mais ligado a um princípio genético da moral, a religiões abraâmicas ou a sei lá o quê. De fato, um grande desserviço.
"Ah, mas não foi a intenção basear toda a obra no marxismo", nem em Marx, nem em Rousseau... provavelmente a intenção tenha sido apenas dramatizar algumas soluções utópicas no que tange à Revolução Industrial e seus efeitos, mesmo porque não há coerência entre uma doutrina qualquer e o filme, o que há é a velha romantização cinematográfica. Mas é claro que há cenas que fazem alusão como a dos trabalhadores se ajoelhando exaustos e esperando uma providência divina, extremamente relacionada com a famigerada frase "a religião é o ópio do povo" e o próprio argumento da produção não deixam dúvidas quanto às referências.
No mais, o diretor foi realmente visionário como dizem; os efeitos surpreendentes pra época, a configuração do social pro séc. XXI bastante verossímil, os objetos utilizados etc, foram bem mais certeiros que os prenunciados em "De volta para o futuro".
Esse filme é interessante, entre outras coisas, não só por citar a infeliz interferência da Igreja na humanidade, mas por contrapor a visão determinista e distorcida da sociedade sobre as grupos que a compõem como, por ex., as categorias de gênero, ou seja, os vilões são, contrariando uma perspectiva conservadora, os indivíduos que preenchem perfeitamente os pré-requisitos de uma reputação ilibada.
Outro ponto interessante e que passa despercebido pela maioria é a mudança do posicionamento central do personagem Ignacio(Juan), enquanto Gael, para uma posição secundária do verdadeiro Ignacio após ser descoberta a usurpação. Com isso, Ignacio torna-se menos notório na trama e detentor de menos empatia mesmo com uma morte até mais dramática que a de Zahara. A origem desse distanciamento entre o expectador e o personagem é por conta da estética, da verossimilhança, pela impecável atuação do Gael ou pela breve atuação do Boira? Essa pode ser uma questão intencional da produção para promover um possível confronto de pensamentos supostamente bem resolvidos com temas tão delicados.
Talvez uma bela metáfora pra designar a barbárie como uma ignorância (claro, longe desta ser confundida com a ingenuidade que às vezes encanta como a das crianças, por exemplo).
Russos ensinando que não se faz filme de guerra representando o arrependimento através de heróis de HQ e, muito menos, colocando o Brad Pitt para falar italiano.
Ps.: pelas semelhanças, com certeza Elem Klimov foi influenciado por Vergonha do Bergman.
Imagine um mundo em que o querer não passasse pelo crivo hipócrita da sociedade sectarista, sem um deus para reprimir a felicidade, sem um objetivo banal para determinar os passos de uma passagem tão curta? Não há um ser de boa-fé que não o deseje. Nietzsche e Schopenhauer, referências constantes dessa produção, dedicaram suas literaturas na tentativa de fazer com que os outros nadassem contra a maré do mundo platônico-judaico-cristão que costuma ditar as regras da nossa vida perpetuando-as de uma forma errônea e muito infeliz.
O que se ouve muito é a superestimada popularidade do primeiro filme da trilogia, concordei em parte, até porque, se não fosse verdadeiro tal exagero, as continuações teriam aproximadamente o mesmo número de espectadores do primeiro filme, considerando dados apenas do Filmow. Sobre este ponto não consigo entender muito menos explicar o porquê dessa falta de interesse de quem não acompanhou a sequência.
O enredo do primeiro longa do tipo "ação refinada" cujo o foco é na tensão, nos diálogos, nas atuações, provavelmente tenha sido confundido com "ação arrastada" por quem esperava o famigerado Al Pacino de Scarface ou de Um Dia de Cão, por isso, tenha frustrado quem ansiava por um tiroteio a cada cinco minutos e esteja limitado a apreciar a maneira de se fazer ação das últimas duas décadas. Se O Poderoso Chefão tivesse seguido esse roteiro óbvio não teria sido considerado um grande sucesso e isto se deve também pelos pontos já citados.
Ademais, quem esperava "mais" seja da primeira parte ou da trilogia, com certeza, dentre outras coisas, não deve ter notado a visão crítica de Coppola em assuntos polêmicos e de relevância para todo o mundo como a Igreja retratada no terceiro filme como uma instituição maior e mais perigosa até do que a própria Máfia Italiana, a importância do personagem de Connie em desafiar a tradição patriarcalista em muitos momentos, o interesse dos chefões em manter o governo do ditador cubano Fulgêncio Batista cujo os rebeldes da oposição ganharam a simpatia de D. Vito Corleone...
Enfim, há inúmeros elementos que unidos fizeram com que eu gostasse e compreendesse a riqueza da trilogia de O Poderoso Chefão e que, infelizmente, há quem consiga acompanhá-la dissociando todos esses elementos, talvez por influência da popularidade que significa "quantidade" e nunca deve ser confundida com "qualidade".
O mal da desestatização para quem não sabe ou não quer compreender seja qual for o motivo:
1º. Neoliberalismo significa, a grosso modo, entregar a economia da nação nas mãos dos estrangeiros. Quer dizer, se você exalta o hino nacional, pede intervenção militar no governo para acabar com a corrupção, canta "sou brasileiro com muito orgulho" quando o futebol brasileiro tá ganhando de 4 a 0 da Argentina e viaja para o exterior vestido com a camisa escrito "Ronaldo 9", por favor, pessoa estranha, seja coerente: não defenda privatizações.
2º. Perdendo a autonomia da economia, se perde também a idiossincrasia do status de "nação"; o governo, aos poucos, vai perdendo o controle da realidade financeira do país, das necessidades do cidadão pois, hipoteticamente em um caso mais agudo, quem rege o país é quem quer superlucrar e/ou desconhece o poder de aquisição do cidadão superinflacionando os preços dos produtos e, ao mesmo tempo, afetando o processo natural monetário lançando a economia para uma crise abissal e obrigando o Estado a iniciar políticas inconstitucionais para reverter a situação, como ocorreu no governo Collor. Mas esse esvaziamento ocorre não só em termos econômicos, como, também, culturais. E é exatamente o que vem acontecendo com o país: a perda da identidade graças a inserção demasiada do capital cercado de culturas confusas.
3º. Para uma empresa multinacional se instalar em um país emergente que necessita alavancar sua economia, vão ser exigidos subsídios (dinheiro do governo), mão de obra mais barata em relação a outros países, facilidades burocráticas, entre outras. É como se fosse um dote pago à família do noivo para poder "desencalhar" a noiva. Sem falar no direito de greve do trabalhador; fez greve: é demitido por justa causa; a CLT da era Vargas não terá mais valor. Neste caso, quem vai defender os direitos trabalhistas de alguém se o Estado, que agora é entregacionista, praticamente não existe? Quem vai regular, fiscalizar o que está errado com as empresas? Órgãos também privados? Os bancos privados vão reger a economia do público?! No mínimo paradoxal, para não dizer irracional um empregado que defende esse "modelo econômico". Somente a autonomia estatal garante apoio, de modo geral, à população!
4º. E, com tudo isso, quem acaba se beneficiando em meio a essa catástrofe é quem possui um ótimo poder aquisitivo, ou seja, quem é patrão. Por que? Porque SUBMETE ainda mais o trabalhador a quaisquer condições, que é exatamente a maravilhosa oportunidade que a "classe capital" ver no neoliberalismo. Mas enquanto a desigualdade reinar, a população pobre for a maioria e a implacável concentração de renda persistir, quem vai mandar na urna é o pobre que, por mais que digam que é sem instrução, ignorante etc., vai pensar de acordo com as suas necessidades e utilizar de forma bem mais sensata a sua parcela na democracia que aquele que defende tamanho atentado contra a nação.
Fiquei com uma sensação de que boa parte dessas 2h10min não foi bem distribuída de acordo com cada parte que compõe a estrutura de um drama se observarmos que o "rising action", que é o momento em que começa a ser construído o clímax, demorou muito a acontecer. A cena que dá início ao rising é a que o Sr. Winter revela tudo à segunda Sra. Winter (não lembro se foi mencionado seu nome de solteira) ocorreu aos noventa minutos de filme. Isso é muito tempo se compararmos à soma do rising mais o clímax, o falling action (queda do clímax) e o dénouement (desfecho).
Ainda procuro saber o porquê de manter praticamente o mesmo título metafórico - O Ladrão de Casaca - da versão em português dos contos de Maurice Leblanc. É muita falta de imaginação.
Não trata somente d'uma mudança no contexto político-econômico, esse fato histórico abalou de forma profunda a cultura a qual milhares de pessoas se identificavam, como mostra na reação de alguns dos personagens frente a derrocada da RDA. Pode ser esta uma minoria que resistia ao avanço de um mundo colorido e vibrante, mas que tinha plena consciência da superficialidade desse novo mundo e da ilusão da vantagem meritocrática em detrimento da igualitária.
Eu não os chamaria de "alienados" conforme descrito. Mesmo porque se há uma resistência desses jovens em cumprir tais regras, é sinal de que há uma autoconsciência social mínima entre eles.
Eles sabem que são segredados da sociedade por serem da periferia, por serem descendentes de árabes, africanos; sabem que há corrupção que interfere na economia, que servem como lucro à mídia, que a polícia não está lá para garantir segurança a ninguém, senão para mantê-los às rédeas do governo.
Se com "alienados" quis dizer "pessoas autoconscientes, mas que não sabem exatamente quais os meios corretos para se chegar a uma solução", pois bem, é um adjetivo que define perfeitamente o mundo como um todo.
Com a objeção do ator Wagner Moura ao rotularem o filme de "gay", fiquei até com vontade de ver o resultado do seu trabalho intensificada pelo fato de alguns dizerem que se trata da história de um irmão que vai em busca de outro, e juguei ser interessante. Mas não foi isso que vi; um enredo forçosamente naturalista, com um casal sem muita sintonia, um Wagner Moura claramente desconfortável por interpretar um cearense - pela questão do baiano ser muito distinto da personalidade do cearense (e tratar de regionalismo não significa dizer que um baiano - principalmente "à la carioca" - é o mesmo que um natural de outras áreas do Nordeste). Com isso, vi um grande profissional beirando ao amadorismo que, no decorrer da produção, foi deixando de lado a identidade artificial.
Em relação à temática, a resposta do público não poderia ser outra senão aquela proporcionada pela condução das cenas e o desenvolvimento do enredo. Não há muito a ser feito quando se tenta analisar o conflito interno do protagonista quando, na verdade, não é isso que se prima. Se o conflito foi o objetivo, houve uma tentativa de êxito na terceira parte da produção com o ressurgimento do irmão interpretado pelo ator Jesuíta Barbosa, a quem merecia um maior destaque na obra.
Quero Ser John Malkovich
4.0 1,4K Assista AgoraO tênue fio que mantém minha sanidade foi incrivelmente desasbilizado. Toquei na loucura por algumas vezes durante o filme até me sentir plenamente confortável com a possibilidade de perder a razão. A arte é isso, é trazer as sombras que não são nada mais que você mesmo! Parabéns aos desgraçados que fizeram parte dessa master piece 👏👏👏
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraCucurrucucu Paloma combinou mais com Moonlight do que com Hable con Ella s2
Salvando o Capitalismo
3.4 28 Assista AgoraÉ nisso aí que dá a parceria dos startup da netflix com o silvio santos.
jequiti
Thor
3.3 3,1K Assista Agora2 1/2 stars pela mitologia nórdica e pelo chris hemswothrothrh sem camisa.
Mentira. É só pela mitologia mesmo.
Nerve: Um Jogo Sem Regras
3.3 1,2K Assista AgoraO filme da baleia azul :b
Quebrando o Tabu
4.0 255Luciano Huck, FHC, Paulo Coelho, baseado amarrado numa bala de FU-ZIL: acho que esse doc não é de esquerda...
Melhores Inimigos
4.1 22Documentário claramente republicano. Deram ao Buckley ares de protagonista. O cara não falou absolutamente nada de interessante. Poderiam ter explorado muito mais o conhecimento do Gore Vidal sobre questões internas, já que foi ele quem mais se aproximou do conceito de intelectual e, dos dois, quem se interessava pela sanidade mental do país.
A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraNão adianta buscar uma só interpretação em algo que permita várias; nenhum dos arranjos formados que tente dar uma inteligibilidade é lógico pois não há lógica quando se tem, de início, uma linearidade e se insere repentinamente elementos isolados que mais empobrecem que outra coisa.
Essa é a grande diferença entre A Origem e Amnésia: o primeiro se perdeu na própria complexidade lynchiana e o segundo detalhadamente concatenado sem que nada o comprometesse.
A História Sionista
4.5 6Em pensar que as elucidações têm origem no próprio povo judeu (Berek Joselewicz, Shlomo Sand, Ilan Pappé) não dos próprios árabes, suprimidos pela grande mídia, e muito menos por esta tomada por um racismo disfarçado de condescendência pós-holocausto. Há muito mais coisas envolvendo esse conflito como o surgimento do inexplicável "acordo compensatório" iniciado com Balfour, declaração assinada antes mesmo da existência da Alemanha nazista: Balfour - 1917, Segunda G.M - 1939 à 1945. No fim das contas, nada tem a ver com o ocorrido, só precisavam de uma desculpa pra não causar reações irreprimíveis.
Metrópolis
4.4 632 Assista AgoraQuando se fala em conflito de classes automaticamente nos remetemos ao marxismo, e quem conhece sabe que a definição nada tem a ver com o que foi exposto no filme.
Primeiro porque a supressão de toda forma de sistema (metaforizada pela destruição das máquinas) está associada ao anarquismo, segundo porque marxismo não "prega" apaziguamento entre opressor e oprimido e nem a inserção de uma classe em outra como costumam propagar alguns desavisados e, sim, a eliminação da plutocracia. Por último, esse argumento maniqueísta por trás da revolução em que a Maria má dá o grande impulso à revolta dos trabalhadores (???) tá mais ligado a um princípio genético da moral, a religiões abraâmicas ou a sei lá o quê. De fato, um grande desserviço.
"Ah, mas não foi a intenção basear toda a obra no marxismo", nem em Marx, nem em Rousseau... provavelmente a intenção tenha sido apenas dramatizar algumas soluções utópicas no que tange à Revolução Industrial e seus efeitos, mesmo porque não há coerência entre uma doutrina qualquer e o filme, o que há é a velha romantização cinematográfica. Mas é claro que há cenas que fazem alusão como a dos trabalhadores se ajoelhando exaustos e esperando uma providência divina, extremamente relacionada com a famigerada frase "a religião é o ópio do povo" e o próprio argumento da produção não deixam dúvidas quanto às referências.
No mais, o diretor foi realmente visionário como dizem; os efeitos surpreendentes pra época, a configuração do social pro séc. XXI bastante verossímil, os objetos utilizados etc, foram bem mais certeiros que os prenunciados em "De volta para o futuro".
Um Sonho de Liberdade
4.6 2,4K Assista AgoraUm sonho de liberdade ou Como utilizar sua bíblia de forma adequada (inédito).
Má Educação
4.2 1,1K Assista AgoraEsse filme é interessante, entre outras coisas, não só por citar a infeliz interferência da Igreja na humanidade, mas por contrapor a visão determinista e distorcida da sociedade sobre as grupos que a compõem como, por ex., as categorias de gênero, ou seja, os vilões são, contrariando uma perspectiva conservadora, os indivíduos que preenchem perfeitamente os pré-requisitos de uma reputação ilibada.
Outro ponto interessante e que passa despercebido pela maioria é a mudança do posicionamento central do personagem Ignacio(Juan), enquanto Gael, para uma posição secundária do verdadeiro Ignacio após ser descoberta a usurpação. Com isso, Ignacio torna-se menos notório na trama e detentor de menos empatia mesmo com uma morte até mais dramática que a de Zahara. A origem desse distanciamento entre o expectador e o personagem é por conta da estética, da verossimilhança, pela impecável atuação do Gael ou pela breve atuação do Boira? Essa pode ser uma questão intencional da produção para promover um possível confronto de pensamentos supostamente bem resolvidos com temas tão delicados.
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraTalvez uma bela metáfora pra designar a barbárie como uma ignorância (claro, longe desta ser confundida com a ingenuidade que às vezes encanta como a das crianças, por exemplo).
Vá e Veja
4.5 756 Assista AgoraRussos ensinando que não se faz filme de guerra representando o arrependimento através de heróis de HQ e, muito menos, colocando o Brad Pitt para falar italiano.
Ps.: pelas semelhanças, com certeza Elem Klimov foi influenciado por Vergonha do Bergman.
O Gabinete do Dr. Caligari
4.3 524 Assista AgoraQuase cem anos e ainda ser reconhecida como uma boa produção comparada - infelizmente - à configuração do cinema atual?
5 estrelas.
A Excêntrica Família de Antonia
4.3 359Imagine um mundo em que o querer não passasse pelo crivo hipócrita da sociedade sectarista, sem um deus para reprimir a felicidade, sem um objetivo banal para determinar os passos de uma passagem tão curta? Não há um ser de boa-fé que não o deseje.
Nietzsche e Schopenhauer, referências constantes dessa produção, dedicaram suas literaturas na tentativa de fazer com que os outros nadassem contra a maré do mundo platônico-judaico-cristão que costuma ditar as regras da nossa vida perpetuando-as de uma forma errônea e muito infeliz.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista AgoraO que se ouve muito é a superestimada popularidade do primeiro filme da trilogia, concordei em parte, até porque, se não fosse verdadeiro tal exagero, as continuações teriam aproximadamente o mesmo número de espectadores do primeiro filme, considerando dados apenas do Filmow. Sobre este ponto não consigo entender muito menos explicar o porquê dessa falta de interesse de quem não acompanhou a sequência.
O enredo do primeiro longa do tipo "ação refinada" cujo o foco é na tensão, nos diálogos, nas atuações, provavelmente tenha sido confundido com "ação arrastada" por quem esperava o famigerado Al Pacino de Scarface ou de Um Dia de Cão, por isso, tenha frustrado quem ansiava por um tiroteio a cada cinco minutos e esteja limitado a apreciar a maneira de se fazer ação das últimas duas décadas. Se O Poderoso Chefão tivesse seguido esse roteiro óbvio não teria sido considerado um grande sucesso e isto se deve também pelos pontos já citados.
Ademais, quem esperava "mais" seja da primeira parte ou da trilogia, com certeza, dentre outras coisas, não deve ter notado a visão crítica de Coppola em assuntos polêmicos e de relevância para todo o mundo como a Igreja retratada no terceiro filme como uma instituição maior e mais perigosa até do que a própria Máfia Italiana, a importância do personagem de Connie em desafiar a tradição patriarcalista em muitos momentos, o interesse dos chefões em manter o governo do ditador cubano Fulgêncio Batista cujo os rebeldes da oposição ganharam a simpatia de D. Vito Corleone...
Enfim, há inúmeros elementos que unidos fizeram com que eu gostasse e compreendesse a riqueza da trilogia de O Poderoso Chefão e que, infelizmente, há quem consiga acompanhá-la dissociando todos esses elementos, talvez por influência da popularidade que significa "quantidade" e nunca deve ser confundida com "qualidade".
O Último Voo do Flamingo
3.3 11O Mia Couto não merecia isso...
Privatizações: A Distopia do Capital
4.2 16O mal da desestatização para quem não sabe ou não quer compreender seja qual for o motivo:
1º. Neoliberalismo significa, a grosso modo, entregar a economia da nação nas mãos dos estrangeiros. Quer dizer, se você exalta o hino nacional, pede intervenção militar no governo para acabar com a corrupção, canta "sou brasileiro com muito orgulho" quando o futebol brasileiro tá ganhando de 4 a 0 da Argentina e viaja para o exterior vestido com a camisa escrito "Ronaldo 9", por favor, pessoa estranha, seja coerente: não defenda privatizações.
2º. Perdendo a autonomia da economia, se perde também a idiossincrasia do status de "nação"; o governo, aos poucos, vai perdendo o controle da realidade financeira do país, das necessidades do cidadão pois, hipoteticamente em um caso mais agudo, quem rege o país é quem quer superlucrar e/ou desconhece o poder de aquisição do cidadão superinflacionando os preços dos produtos e, ao mesmo tempo, afetando o processo natural monetário lançando a economia para uma crise abissal e obrigando o Estado a iniciar políticas inconstitucionais para reverter a situação, como ocorreu no governo Collor.
Mas esse esvaziamento ocorre não só em termos econômicos, como, também, culturais. E é exatamente o que vem acontecendo com o país: a perda da identidade graças a inserção demasiada do capital cercado de culturas confusas.
3º. Para uma empresa multinacional se instalar em um país emergente que necessita alavancar sua economia, vão ser exigidos subsídios (dinheiro do governo), mão de obra mais barata em relação a outros países, facilidades burocráticas, entre outras. É como se fosse um dote pago à família do noivo para poder "desencalhar" a noiva. Sem falar no direito de greve do trabalhador; fez greve: é demitido por justa causa; a CLT da era Vargas não terá mais valor. Neste caso, quem vai defender os direitos trabalhistas de alguém se o Estado, que agora é entregacionista, praticamente não existe? Quem vai regular, fiscalizar o que está errado com as empresas? Órgãos também privados? Os bancos privados vão reger a economia do público?! No mínimo paradoxal, para não dizer irracional um empregado que defende esse "modelo econômico".
Somente a autonomia estatal garante apoio, de modo geral, à população!
4º. E, com tudo isso, quem acaba se beneficiando em meio a essa catástrofe é quem possui um ótimo poder aquisitivo, ou seja, quem é patrão. Por que? Porque SUBMETE ainda mais o trabalhador a quaisquer condições, que é exatamente a maravilhosa oportunidade que a "classe capital" ver no neoliberalismo. Mas enquanto a desigualdade reinar, a população pobre for a maioria e a implacável concentração de renda persistir, quem vai mandar na urna é o pobre que, por mais que digam que é sem instrução, ignorante etc., vai pensar de acordo com as suas necessidades e utilizar de forma bem mais sensata a sua parcela na democracia que aquele que defende tamanho atentado contra a nação.
Rebecca, a Mulher Inesquecível
4.2 359 Assista AgoraFiquei com uma sensação de que boa parte dessas 2h10min não foi bem distribuída de acordo com cada parte que compõe a estrutura de um drama se observarmos que o "rising action", que é o momento em que começa a ser construído o clímax, demorou muito a acontecer.
A cena que dá início ao rising é a que o Sr. Winter revela tudo à segunda Sra. Winter (não lembro se foi mencionado seu nome de solteira) ocorreu aos noventa minutos de filme. Isso é muito tempo se compararmos à soma do rising mais o clímax, o falling action (queda do clímax) e o dénouement (desfecho).
Ladrão de Casaca
3.7 260Ainda procuro saber o porquê de manter praticamente o mesmo título metafórico - O Ladrão de Casaca - da versão em português dos contos de Maurice Leblanc. É muita falta de imaginação.
Adeus, Lenin!
4.2 1,1K Assista AgoraNão trata somente d'uma mudança no contexto político-econômico, esse fato histórico abalou de forma profunda a cultura a qual milhares de pessoas se identificavam, como mostra na reação de alguns dos personagens frente a derrocada da RDA. Pode ser esta uma minoria que resistia ao avanço de um mundo colorido e vibrante, mas que tinha plena consciência da superficialidade desse novo mundo e da ilusão da vantagem meritocrática em detrimento da igualitária.
O Ódio
4.2 318 Assista AgoraEu não os chamaria de "alienados" conforme descrito.
Mesmo porque se há uma resistência desses jovens em cumprir tais regras, é sinal de que há uma autoconsciência social mínima entre eles.
Eles sabem que são segredados da sociedade por serem da periferia, por serem descendentes de árabes, africanos; sabem que há corrupção que interfere na economia, que servem como lucro à mídia, que a polícia não está lá para garantir segurança a ninguém, senão para mantê-los às rédeas do governo.
Se com "alienados" quis dizer "pessoas autoconscientes, mas que não sabem exatamente quais os meios corretos para se chegar a uma solução", pois bem, é um adjetivo que define perfeitamente o mundo como um todo.
Praia do Futuro
3.4 935 Assista Agora[spoiler][/spoiler]
Com a objeção do ator Wagner Moura ao rotularem o filme de "gay", fiquei até com vontade de ver o resultado do seu trabalho intensificada pelo fato de alguns dizerem que se trata da história de um irmão que vai em busca de outro, e juguei ser interessante. Mas não foi isso que vi; um enredo forçosamente naturalista, com um casal sem muita sintonia, um Wagner Moura claramente desconfortável por interpretar um cearense - pela questão do baiano ser muito distinto da personalidade do cearense (e tratar de regionalismo não significa dizer que um baiano - principalmente "à la carioca" - é o mesmo que um natural de outras áreas do Nordeste).
Com isso, vi um grande profissional beirando ao amadorismo que, no decorrer da produção, foi deixando de lado a identidade artificial.
Em relação à temática, a resposta do público não poderia ser outra senão aquela proporcionada pela condução das cenas e o desenvolvimento do enredo. Não há muito a ser feito quando se tenta analisar o conflito interno do protagonista quando, na verdade, não é isso que se prima. Se o conflito foi o objetivo, houve uma tentativa de êxito na terceira parte da produção com o ressurgimento do irmão interpretado pelo ator Jesuíta Barbosa, a quem merecia um maior destaque na obra.