Gosto de vários filmes do Jarmusch, mas Permanent Vacation achei uma punheta sem graça de adolescente arrogante. Ainda assim deve-se considerar seu contexto, é a estreia de um diretor e diante da decadência da juventude "alternativa" na época inicial do neoliberalismo e da pós modernidade. Mesmo sendo o conceito do filme, é uma história chata. Só de comparação, O Diabo, Provavelmente feito em 1977 por Robert Bresson é muito melhor.
Acho que é até uma opinião conservadora da minha parte, mas tenho a impressão que esse filme só faz sentido para quem é pouco acostumado com o verdadeiro cinema japonês de samurai.
Uma das melhores retratações da Revolução Russa no audiovisual com destaque para o papel de Lenin e Trotski como estrategistas na guia de levar os trabalhadores a alcançarem o poder, assim as intenções contra-revolucionárias e traidoras de Stalin que retrocedeu o movimento e impôs uma burocracia tirana. Curiosamente, a direita ainda não veio aqui pra encher o saco nos comentários, mas os stalinos fizeram esse papel. Eles se merecem.
DEMOCRACIA EM VERTIGEM: Entre a repulsa ao golpe e os limites da narrativa pestista
por Amanda Navarro, Esquerda Diário
O filme “Democracia em vertigem”, com roteiro e direção de Petra Costa, foi lançado na Netflix no último 19 e conquistou setores progressistas da sociedade, ensejando a retomada das discussões em torno do golpe. Em tempos de vazamento das informações da Lava Jato, o golpe de 2016 volta com força ao debate e ao imaginário de todos os setores, impondo inclusive que parte da própria esquerda, aquela que legitimou as ações arbitrárias da Lava Jato sob o semblante de “luta contra a corrupção”, tenha de retomar a controvérsia e buscar se relocalizar diante dos fatos. Nesse sentido, o documentário de Petra Costa demonstra perfeito timming ao nos relembrar dos caminhos tortuosos da política nacional nos últimos anos. Construído por meio de relatos pessoais da autora intercalados pela situação política do país desde que nascera, ainda sob a ditadura civil-empresarial-militar, o filme, mesmo que traga à baila uma questão fundamental, carrega consigo um tom dramático e uma quase ausência de crítica ao papel que o PT cumpriu desde o processo de redemocratização até o golpe e seus desdobramentos. O pilar de onde parte todo o filme-documentário é a redemocratização e disto se desdobram todas as análises de Petra ao longo da narrativa. Fica evidente que a produção emana o sentimento de “resgatar a democracia em ruinas” logo nos primeiros momentos: com imagens do Palácio da Alvorada, Petra Costa inicia o filme afirmando temer que a “democracia no Brasil seja apenas um sonho efêmero”. Retomando os processos de luta da década de 80, onde o país foi invadido por centenas de greves operárias massivas contra a ditadura, Petra se apoia inteiramente na Constituinte de 88 como o pilar da verdadeira democracia, e nem por um minuto questiona a "redemocratização" do país como fruto de um pacto entre militares e burguesia para dar vazão à insatisfação da classe trabalhadora com o regime militar. É deste marco que o filme parte para avaliar, sob uma visão maniqueísta da política brasileira, os desdobramentos que nos levaram à eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Com imagens de Lula, aos 33 anos, se colocando como um dos principais líderes sindicais deste processo, a impressão que passa é de um mártir que irá conduzir o país a uma verdadeira democracia com participação das diferentes camadas da sociedade, e principalmente, a classe trabalhadora. Petra narra que, na época, eram 443 parlamentares e apenas 2 representavam a classe trabalhadora e com imagens de lula sendo erguido por pessoas, ela completa dizendo que para seus pais, ex-militantes do PCB, Lula carregava consigo um ideal dos trabalhadores como futuros sujeitos políticos e abrindo caminho para a democracia.
As massivas greves de 80 tornam-se no filme-documentário uma mera “cereja do bolo” da redemocratização brasileira, enquanto as energias fundamentais estão concentradas na figura de Lula e na criação do Partido dos Trabalhadores. Ainda que não seja o foco, vale ressaltar a falta de visão crítica sobre um debate fundamental: o papel conciliador que Lula desempenhou durante este intenso processo de luta de classes, conciliando com patronais e com a burguesia e traindo greves dos metalúrgicos do ABC.
É ignorando este fato histórico fundamental que o filme coloca que, após disputar 3 eleições seguidas, apenas em 2002 o PT opta por coligações para se eleger e conciliar. Assim, o filme coloca a primeira “desilusão” com a possibilidade de uma democracia real, com representatividade coerente dos trabalhadores: Lula buscava fazer alianças com partidos da burguesia oligarca do Brasil. Depois, em seu governo seguinte, o PT inicia uma nova aliança, agora com o maior partido do parlamento, cuja existência é intrínseca e construída como acordo desde a constituinte de 88: o PMDB. Ainda assim, os próprios recortes escolhidos de campanhas de Lula desde 89 mostram a adaptação progressiva de um discurso mais “pró-operário” para um discurso “pró-burguês" e nacional-desenvolvimentista, que durante todos os governos da figura petista se materializou em outras dezenas de formas. “Os bancos nunca lucraram tanto como em meus governos” é uma das máximas em que se mostrou depois que este sonho de “trabalhadores” como sujeito políticos, não passava de uma ilusão na democracia burguesa, e de que seria possível jogar o jogo pelas regras dos capitalistas e obter resultados transformadores.
No momento seguinte, Petra não coloca a questão fundamental do momento político que atravessou o segundo governo Lula, e a situação econômica e política do país em sua narrativa parecem não ter ligação alguma com o boom econômico que invadiu a América Latina, impulsionado pela demanda chinesa por commodities, e que ganhou ainda mais relevância nos primeiros anos após a grande crise nos Estados Unidos de 2008. De fato, a miséria foi reduzida e através de programas de transferência de renda, políticas de ampliação à educação como o PROUNI e REUNI, foram sendo implementadas. Na realidade, este pequeno salto não teve custo zero aos trabalhadores, como se comprovaria posteriormente. O boom econômico possibilitou políticas que na prática impactavam a vida dos mais pobres, porém estavam intimamente ligadas ao pagamento religioso da dívida pública e ao enriquecimento de centenas de empresas nacionais, como a Odebretch, e fomento do agronegócio no Brasil. Nas palavras de um dos homens entrevistado por Petra: é o governo dos ricos que dá aos pobres as migalhas. Além disso, não se coloca em nenhum momento que este aumento das condições econômicas da classe trabalhadora se deu em base ao endividamento através da facilitação de crédito, para fazer lucrar ainda mais os banqueiros, e também ao aumento de trabalhos precários, uma vez que houve um aumento 85% número de terceirizados no governo petista.
Ao não fazer tais ligações, estas contradições, entre as coligações com partidos da direita tradicional e as melhoras na situação econômica da classe trabalhadora, assumem novamente uma uma visão maniqueísta. Fica evidente que a falta de exposição destes elementos fundamentais da luta de classes e da situação econômica internacional, bem como do papel fundamental que o imperialismo cumpriu, atribui um caráter da luta entre o “bem e o mal”. Por exemplo, sobre a descoberta do Pré-Sal, o filme-documentário afirma que “o que parecia uma benção, logo se tornaria uma maldição”. Se é possível avaliar em termos de “maldição ou benção”, não seria a descoberta de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e sim, como esta se tornaria objeto de disputa do imperialismo diante do fato de que a Petrobras é uma petrolífera estatal. Assim, a “maldição”, na realidade, é a espoliação capitalista que se tornaria cada dia mais evidente e mais necessária diante da brutal crise que arrastava os países imperialistas, em especial os estados unidos.
Os governos de Dilma já se iniciam diante deste cenário de crise, e enfrentam o levante de Junho de 2013, que Petra coloca como algo que iria mudar o curso da política Brasileira e de fato mudou. Opondo imagens de grupos lutando contra a presença de partidos nos atos, queimando bandeiras do PT e grupos em defesa da “democracia”, Petra deixa a impressão de que ali estaria o germe do que mais tarde chamaríamos de “onda bolsonarista”. Esta possibilidade se aproxima da narrativa de que junho existia em si um elemento que daria curso ao bolsonarismo, que por sua vez é típica do petismo, que busca esconder os duros ataques que Dilma implementava aos trabalhadores e à juventude. Junho de 2013 foi um dos principais levantes na luta de classes desde 1980, encabeçado principalmente pela juventude, que terminou congregando uma série de reivindicações para além do aumento do transporte, e que levou ao fim da etapa da restauração burguesa e ao início de uma etapa de crise orgânica no país. Ignorar os elementos fundamentais de junho e os levantes de trabalhadores que vieram em 2014, como os garis no Rio de Janeiro, é servil ao partido que foi responsável por abrir espaço para que a direita pudesse se construir e se fortalecer na indignação crescente das massas aos ajustes e ataques em curso. A luta do “bem”, que toma corpo como os “defensores da democracia” e o mal, “a direita fisiológica desde a ditadura”, prossegue até chegar à narrativa petista do golpe. Assim, atribuiu ao Aécio Neves, que perdeu as eleições de 2014 para Dilma, como o “libertador de forças obscuras” ao requerer o impeachment de Dilma ao questionar a legitimidade das eleições.
Com um rico acervo de entrevistas com Dilma Roussef, Petra atribui à ex-presidente uma máscara muito mais à esquerda do que de fato se viu. Ex-guerrilheira, Dilma fala sobre tortura que enfrentou, e isto combinado à imagem da votação do Impeachment onde Jair Bolsonaro faz saudações ao Coronel Brilhante Ustra, torturador de Dilma, nos traz de volta a garganta o ódio latente aos ratos da ditadura. Petra indica que o golpe teve seus presságios por Dilma retirar cargos do PMDB, por implementar medidas anti-corrupção e por atacar os banqueiros. Entretanto, esta visão embeleza a figura de Dilma, que avançava com cortes na educação, cultura e na saúde, e a partir disso, coloca no centro do golpe o PT e não a classe trabalhadora. O golpe de 2016 esteve à serviço de garantir ataques mais profundos e mais rápidos do que o Dilma Rousseff era capaz de fazer, inclusive pressionada pela própria base do PT e sua crescente impopularidade.
A Lava Jato também é parte do filme-documentário, trazendo à luz novamente os áudios vazados, o famoso powerpoint dos procuradores contra Lula e os discursos de Moro, que hoje soam ainda mais sínicos e irônicos. Ainda que muito falada, a Lava Jato aparece através do relato de sua mãe como um instrumento que em um primeiro momento pareceria ter resultado positivo, entretanto depois se comprovou como uma arma contra a democracia, com viés parcial e partidário. A lava-jato, que atacou a Petrobras afim de tornar ainda mais atraente e facilitar as vendas às grandes petroleiras imperialistas, como Exxon e Shell, acabou cumprindo o papel de dar cabo ao golpe que na realidade foi a ferramenta para garantir que os ataques contra a classe trabalhadora pudessem sem implementados ao passo que desejava a burguesia. A partir disto, manipulando inteiramente as eleições e sequestrando o direito básico e legítimo da população decidir em quem votar, a prisão arbitrária de Lula não estava à serviço, em um primeiro momento, de eleger Bolsonaro, e sim de garantir que fosse eleita a figura da direita capaz de aplicar os ataques, que até o primeiro turno se concretizava na persona de Geraldo Alckmin (PSDB). Entretanto, pela lacuna deixada em 2013, onde não havia uma direção capaz de dar uma resposta verdadeiramente revolucionária capaz de enfrentar os ataques do governo contra os trabalhadores, o canalizador desta insatisfação foi Bolsonaro, que se vendeu como um “outsider” e congregou em si todo o ódio anti-petista latente.
De 2013 até hoje, intensos processos de luta tomaram as ruas do país e passam pouco notáveis, ou até mesmo não passam, aos olhos de Petra. O levante de mulheres contra o PL 5069 em 2015, que atacaria ainda mais as mulheres e representava um verdadeiro retrocesso ao direito ao aborto em casos atualmente legalizados, não aparece no filme-documentário. Milhares de mulheres tomaram as ruas contra Eduardo Cunha, autor do projeto, mentor do golpe na Câmara e presidente da casa na época, pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Tampouco, o filme retoma a Greve Geral do dia 28 de abril, contra a reforma da previdência de Temer ou as centenas de ocupações de secundaristas em defesa da educação e contra os ataques dos governos em 2015 e 2016. O tom dramático que segue quase linear ao longo do filme-documentário poderia se equilibrar se Petra tivesse optado por escolher mostrar que a força da classe trabalhadora e da juventude, que rechaçavam o golpe e as figuras da extrema-direita reacionária, estava pulsante.
Outro importante agente deste cenário político ignorado por Petra são as centrais sindicais. Sem nenhuma menção, ainda que breve, ao papel traidor da CUT, dirigida pelo PT e pela CTB, dirigida pelo PCdoB, é impossível entender até o final o que significou este processo de 2013 até o atual cenário político. A burocracia sindical é o agente da burguesia no seio da classe trabalhadora, que desde as greves de 80 agiu ativamente para separar as pautas políticas das pautas econômicas, restringindo a luta dos trabalhadores à pequenas conquistas cotidianas, sem questionar a profunda relação com a situação política. Durante o gradualismo lulista, as greves se restringiam às conquistas salariais e econômicas da classe, para negociar migalhas com os patrões que lucravam como nunca. A partir de 2013, uma crise política profunda se abriu no país, respaldada pelo aumento crescente dos ataques econômicos contra a população, então o papel traidor das centrais sindicais tornou-se ainda mais evidentes. A CUT e a CTB não mobilizaram os trabalhadores contra o golpe institucional que veio para aprofundar os ataques de Dilma e tampouco mobilizou os trabalhadores contra a reforma trabalhista, que foi aprovada por Temer, mesmo com sua baixa popularidade. Agora, diante da reforma da previdência, a mãe de todas as reformas, o papel de freio que cumpre a burocracia continua primando, minando as greves e separando esta luta contra a defesa da educação, impedindo a força imparável da aliança entre juventude e trabalhadores.
O filme documentário traz à luz uma série de fatos e faz uma retrospectiva dos acontecimentos políticos fundamentais que nos trouxeram aqui. E isso não é pouco, tendo em vista que o golpe institucional, judiciário-parlamentar, de 2016 não apenas sobrevive, como apenas se aprofundou de lá para cá, com eleições manipuladas e um Bolsonaro presidente no meio. Assim, Petra joga novamente nas mãos de milhares de brasileiros uma série discussões fundamentais e assisti-lo é necessário. Em pleno governo Bolsonaro, muitos se questionam como chegamos até aqui e recordar todo este caminho é fundamental para tirarmos as lições corretas, e assim, o filme documentário de Petra Costa cumpre tal papel. Entretanto, sem superar a narrativa petista sobre tal processo, não vai até o fundo em desvendar o papel dos acordos e conchavos do PT em pavimentar o caminho para a consolidação desta extrema direita reacionária, como a bancada do Boi, Bala e da Bíblia que hoje buscam se unificar pela aprovação da nefasta reforma da previdência. Com moldes dramáticos e que nos guiam à subjetivização de elementos bastante materiais, que não se dão a partir de índoles ou da eterna luta entre o “bem e o mal”, e sim, entre uma série de alas do jogo político para que seja a classe trabalhadora que pague pela crise capitalista, Petra nos indica que mais do que nunca, é necessário superar a narrativa petista. É urgente que identifiquemos os agentes deste jogo político, denunciando a burocracia e seu papel de freio, bem como a conciliação histórica do PT, para que possamos construir uma alternativa à esquerda do PT, com independência de classe, sobre as bases de uma programa operário e revolucionário para dar uma resposta à crise capitalista.
Para o senso comum das Américas, o Oriente poderia ser resumido aos seus animes e astros de K-pop como os principais produtos de sua indústria cultural. Nada melhor para romper esta superfície estereotipada do que o filme “Parasita”.
por Castor - Esquerda Diário
Produzido na Coréia do Sul, o filme causou impacto e chamou atenção dos espectadores ocidentais, fato raro no mercado cinematográfico, de massas ou mais restrito, dominados por Hollywood e pela Europa. Reflexo disso, pelo menos no Brasil, são as sessões que continuam lotadas, mesmo após um bom tempo em cartaz, somado aos comentários e indicações de amigos, motivo pelo qual, inclusive, me levou a assisti-lo.
Talvez seu sucesso se deva a um fato muito bem retratado: o choque entre a riqueza e a miséria que edificam a sociedade capitalista, retratada pela tensão de suas relações sociais. Um filme que sofre uma metamorfose constante, expressa tanto no seu formato como na trama, criando assim um retrato tragicômico das relações sociais capitalistas.
Nota: Abaixo, o artigo terá spoilers.
Uma alegoria da competição entre trabalhadores
Para começar, vemos uma família pobre, sem perspectiva, numa situação desesperadora, transformar-se, com artifício do humor, em empregados exemplares de classe média. Aproveitar as oportunidades que surgem, malícia e persuasão, assim a família Ki é apresentada. Uma adaptabilidade muito familiar para nós frente a situações também familiares, mesmo o filme sendo feito do outro lado do mundo: dar o seu jeito frente ao desemprego e a precariedade do trabalho, enfrentar a miséria com todo arsenal e experiência de vida.
O filme tira ar dos pulmões pela suas reviravoltas. Uma montanha russa que se transforma da comédia mais debochada para o drama mais desesperador. Na simples abertura de uma sala secreta, o “jeitinho brasileiro” de nossos personagens coreanos, motivo de tão boas risadas - que nos fazem lembrar de personagens como Agostinho Carrara de “A Grande Família” - se transforma num pesadelo completo. A malandragem e sabotagem da família Ki, até então cômica, para conseguir empregos decentes, passando a perna nos outros funcionários da família Parks, sofre uma metamorfose dramática.
O que no início nos foi apresentado como humor passa a ter a sua face mais realista: uma tragédia declarada que só se aprofunda e piora. A família Ki numa competição mortal contra a ex-governanta e seu marido, pelo direito à ficarem nas masmorras da luxuosa residência e os restos da família Parks. Competição esta que retrata muito bem a realidade cruel que os trabalhadores enfrentam em todo o mundo. Diante do desemprego, da precarização do trabalho, o que mais as classes dominantes desejam é que aqueles que só dependem de sua força de trabalho para sobreviver disputem entre si os miseráveis empregos fornecidos, deixando de lado qualquer solidariedade de classe, ou perspectiva de que o inimigo que ameaça seu sustento não é o outro trabalhador, e sim o patrão que só lucra com toda esta situação de miséria. Este fato dramático, sintoma do sistema capitalista, ocorre no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
Acasos de classe
Um temporal, pelo caprichos do clima, significou para a família Parks um passeio frustrado, afinal o rio havia alagado, para a tristeza do filho mais novo; tiveram de voltar para sua mansão, jantar um delicioso prato e uma noite de sexo entre Sr. Park e Yeon-Kyo. Para a família Ki, pelo acaso, significou uma ameaça a seu sustento, o alagamento de sua casa e perda de seus pertences, numa situação desesperadora com o fim num abrigo com centenas de outros pobres que sofreram dura consequências por causa da chuva.
Vemos em São Paulo nas últimas semanas constantes alagamentos trágicos, não por acaso em bairros mais populares, que invadem casas e destroem os pertences de famílias, desde móveis até eletrodomésticos, muitas vezes parcelados e ainda não pagos. Não é raro vidas também terem perda total, além de carros, nessas enchentes. Este fato dramático, sintoma do sistema capitalista, ocorre no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
A consciência despertada pelo olfato
O filho mais novo abastado notara o mesmo cheiro do casal Ki. Em outra cena, dizia Sr Parks que o cheiro de Ki-taek era meio indescritível, tentou comparar com coisas que davam o sentido do nojo, do mofado e sujo, semelhante ao odor sentido nos trens, fato que sua esposa mal sabia notar, pois fazia anos que não andava de trem. Tudo isso aos ouvidos de Ki-taek, escondido embaixo da mesa. No dia seguinte, a esposa abastada, incomodada com o cheiro de Ki-taek, abria a janela do carro. Em todas estas cenas, era perceptível o incômodo do motorista. A raiva foi acumulando-se até que explodiu, em mais uma metamorfose.
Ao final do filme, numa carnificina aberta entre duas famílias pelo direito de servir a família Parks, no belo jardim da mansão - não é necessário mais detalhes - Sr. Parks se incomoda com o cheiro do rival, literalmente mortal, de Ki-taek e sua família. Um impulso incontrolável toma conta do motorista que enfia a faca no peito de Parks. Aquela reação foi em nome tanto de si e sua família, como também em nome do rival: um auto-reconhecimento dos que frequentam os trens, um constante lembrete de sua condição social de miséria, igual também a de seu rival.
Mais uma metamorfose, dessa vez, não mais no estilo do filme, e sim no seu conteúdo. A rivalidade se transforma em consciência e solidariedade. Por trás de toda a competição sangrenta e absurda, Ki-taek se reconhece, por fim, em seu falso inimigo e ataca Parks. No final, Ki-taek fica, literalmente, na mesma condição com aquele que competia: num calabouço, privado de qualquer bem estar.
O filme do começo ao fim debocha da moralidade. Embora incômodo, toda a malandragem da família Ki para conseguir os seus empregos é ofuscada diante da humilhação que a família de Ki-taek passa: seu ápice inaceitável foi simbolizado pela reação olfativa de nojo de Parks. Em todo este confronto, o filme, no final das contas, coloca uma questão: quem são os verdadeiros parasitas? Não se trata de quem é menos “mal” ou “bonzinho” em suas ações.
Esqueçamos as mentiras, as passadas de perna dos Ki em sua busca por empregos dignos. Em todo o filme, foi na demonstração mais sutil de desprezo que se concentrou a maior crueldade: numa fungada, concentrava-se todo o ódio entre as classes sociais.
A familiaridade no distinto, a distinção no familiar
Para um espectador, habituado aos mesmos e velhos filmes de Hollywood, os quais cresci assistindo, “Parasita” gerou um turbilhão de reflexões contraditórias: uma linguagem tão distinta, uma realidade tão diferente, um filme tão exótico aos meus costumes, gerando reações de familiaridade. Problemas e contradições que podemos ver aqui na esquina de casa, também são fatos do outro lado do mundo.
Isto porque a imensa maioria da população mundial que depende de seu trabalho para sobreviver, mesmo tão divididos entre trabalhos formais e informais, terceirizados e efetivos, pelos muros das fronteiras nacionais ou diferenças culturais, estão conectados pela sua luta diária contra a miséria social, pela sobrevivência e garantia do pão de amanhã. O capitalismo é um sistema mundial, suas contradições se expressam de maneira universal assim como os problemas enfrentados pelos explorados.
Por outro lado, o que me é tão familiar aparece, agora, com total estranheza. Hollywood, NetFlix, novelas, e uma longa lista, tudo aquilo com o qual fomos socializados e crescemos, é o que de fato está do outro lado do mundo, ou melhor, nas ilusões projetadas por aqueles que estão no topo do mundo. Os filmes assistidos por milhões, dos super heróis, dos mocinhos justiceiros, dos romances de princesas e príncipes, dos finais felizes, se desmoronam como aquilo que são: uma ilusão fictícia completamente distante de nossa realidade, na qual lutamos, sofremos, competimos, sem espaço para a “moral”, pela sobrevivência em meio a um sistema que depende da desigualdade social e sempre terá seus dilúvios contra os pobres e a negação dos finais felizes. Por isso também é necessário destruí-lo. Este fato, é válido no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
Análise do filme por Marilsa Taffarel e Leonardo Posternak no Ciclo de Cinema e Psicanálise Sobre Corrupção https://www.youtube.com/watch?v=a69ZSj-bo2Y
Um filme que trabalha com imagens esteticamente lindas e mantém um ritmo de delírio do começo ao fim. Algumas cenas são perturbadoras e sufocantes, como no momento em que o protagonista está se inscrevendo na casa de reabilitação. Outras cenas tornam o filme rico culturalmente, como as apresentações musicais de jazz e de Ravi Shankar, e arquivos de sociedades mais exóticas. Mas a linguagem não convencional e a trilha sonora experimental acabam deixando a obra dispersa e em vários momentos se distancia do espectador. Ainda vale a pena ser conferido por quem curte contracultura, geração beatnik e produções underground.
Eu curto muito Flesh for Frankenstein, é o meu favorito dos que assisti até agora da parceria Warhol e Morrissey. Quando assisti Blood for Dracula, eu tinha a expectativa de ver um filme tão bom quanto, mas me decepcionei um pouco. Blood for Dracula é legal, mas fica muito atrás do filme anterior. Udo Kier faz aqui um vampiro brochante e fanfarrão que ao invés de tocar o terror, passa um bom tempo só tendo convulsões e vomitando sangue. Ainda assim é divertido e melhora muito nos momentos finais.
Texto escrito nas coxas para ganhar uma notinha na matéria de Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB).
Talvez o gosto pela comunicação cause um algum tipo de vício. Principalmente quando se vê os resultados sendo positivamente reconhecidos pelas pessoas que o comunicador admira ou considera como seus semelhantes. E quando passa a incomodar entidades que, dentro de uma hierarquia informal, são colocados como superiores, o sentimento a surgir pode ser o orgulho de uma faísca de revolução.
Acho que isso resume o filme UMA ONDA NO AR, que conta a história real de um grupo de amigos que avançam no sonho de montar uma estação de rádio comunitária numa favela do estado brasileiro de Minas Gerais. A programação da rádio intercala algumas músicas do cotidiano periférico e clássicos da sonoridade brasileira com relatos crônicos de quem mora no bairro.
Essas crônicas incluem desabafos sobre a violência policial, relação entre polícia e tráfico de drogas nas favelas, problemas de saúde de moradores, anúncios do comércio local e até mesmo relacionamentos amorosos de figuras populares da região.
Algumas das narrações que vão sendo transmitidas acabam por incomodar a polícia e o governo que tentam fazer de tudo para enforcar o trabalho de comunicação desenvolvido pela Rádio Favela, sob o argumento de ilegalidade e falta de licença. Positivamente a censura também desperta o interesse de outras mídias em ampliar espaço da rádio.
No final das contas, a aceitação popular é tão grande e chega a ser debatido que a rádio consegue licença para operar e, mais do que isso, acaba sendo destaque de prêmios internacionais e reconhecimento dado pela ONU.
O filme adota uma narrativa bastante popular e acessível, item importante para um de seus principais objetivos que é fazer um espelho entre o cinema e o cidadão da periferia que convive com as crônicas mostradas. Essa questão do reconhecimento é constante do início ao fim e por isso é aproveitada uma linguagem extramente didática entre os personagens principais e figurantes, como policiais e presidiários, por exemplo.
Como resultado final, é possível entender o filme perfeitamente, pois não há grandes falhas no enredo. Tudo é simples e objetivo com começo, meio e fim. Filme realizado por e para pessoas interessadas diretamente em liberdade de expressão.
Alguém aí sabe onde consigo legendas em português para a versão estendida do Re-Animator? Achei até dublado completo no youtube, mas eu queria mesmo a legenda. Valeu...
Dentro da Mente de um Gato
3.9 70 Assista AgoraFaltou explicar o principal: de onde vem tanta safadeza no bicho?
Sade
3.2 5Torrent e Legenda: https:// bit. ly/ 36pcVF6
Férias Permanentes
3.6 57 Assista AgoraSó de comparação, "O Diabo, Provavelmente" do Robert Bresson em 77 é bem melhor.
Férias Permanentes
3.6 57 Assista AgoraGosto de vários filmes do Jarmusch, mas Permanent Vacation achei uma punheta sem graça de adolescente arrogante. Ainda assim deve-se considerar seu contexto, é a estreia de um diretor e diante da decadência da juventude "alternativa" na época inicial do neoliberalismo e da pós modernidade. Mesmo sendo o conceito do filme, é uma história chata.
Só de comparação, O Diabo, Provavelmente feito em 1977 por Robert Bresson é muito melhor.
O Último Samurai
3.9 940 Assista AgoraAcho que é até uma opinião conservadora da minha parte, mas tenho a impressão que esse filme só faz sentido para quem é pouco acostumado com o verdadeiro cinema japonês de samurai.
Eles Se Atreveram - A Revolução Russa de 1917
4.2 20Uma das melhores retratações da Revolução Russa no audiovisual com destaque para o papel de Lenin e Trotski como estrategistas na guia de levar os trabalhadores a alcançarem o poder, assim as intenções contra-revolucionárias e traidoras de Stalin que retrocedeu o movimento e impôs uma burocracia tirana.
Curiosamente, a direita ainda não veio aqui pra encher o saco nos comentários, mas os stalinos fizeram esse papel.
Eles se merecem.
Sabor do Inferno
2.2 1Assim que eu dar um jeito de converter VHS pra arquivo digital, eu vou disponibilizar download desse filme
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KDEMOCRACIA EM VERTIGEM: Entre a repulsa ao golpe e os limites da narrativa pestista
por Amanda Navarro, Esquerda Diário
O filme “Democracia em vertigem”, com roteiro e direção de Petra Costa, foi lançado na Netflix no último 19 e conquistou setores progressistas da sociedade, ensejando a retomada das discussões em torno do golpe. Em tempos de vazamento das informações da Lava Jato, o golpe de 2016 volta com força ao debate e ao imaginário de todos os setores, impondo inclusive que parte da própria esquerda, aquela que legitimou as ações arbitrárias da Lava Jato sob o semblante de “luta contra a corrupção”, tenha de retomar a controvérsia e buscar se relocalizar diante dos fatos. Nesse sentido, o documentário de Petra Costa demonstra perfeito timming ao nos relembrar dos caminhos tortuosos da política nacional nos últimos anos. Construído por meio de relatos pessoais da autora intercalados pela situação política do país desde que nascera, ainda sob a ditadura civil-empresarial-militar, o filme, mesmo que traga à baila uma questão fundamental, carrega consigo um tom dramático e uma quase ausência de crítica ao papel que o PT cumpriu desde o processo de redemocratização até o golpe e seus desdobramentos.
O pilar de onde parte todo o filme-documentário é a redemocratização e disto se desdobram todas as análises de Petra ao longo da narrativa. Fica evidente que a produção emana o sentimento de “resgatar a democracia em ruinas” logo nos primeiros momentos: com imagens do Palácio da Alvorada, Petra Costa inicia o filme afirmando temer que a “democracia no Brasil seja apenas um sonho efêmero”. Retomando os processos de luta da década de 80, onde o país foi invadido por centenas de greves operárias massivas contra a ditadura, Petra se apoia inteiramente na Constituinte de 88 como o pilar da verdadeira democracia, e nem por um minuto questiona a "redemocratização" do país como fruto de um pacto entre militares e burguesia para dar vazão à insatisfação da classe trabalhadora com o regime militar. É deste marco que o filme parte para avaliar, sob uma visão maniqueísta da política brasileira, os desdobramentos que nos levaram à eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Com imagens de Lula, aos 33 anos, se colocando como um dos principais líderes sindicais deste processo, a impressão que passa é de um mártir que irá conduzir o país a uma verdadeira democracia com participação das diferentes camadas da sociedade, e principalmente, a classe trabalhadora. Petra narra que, na época, eram 443 parlamentares e apenas 2 representavam a classe trabalhadora e com imagens de lula sendo erguido por pessoas, ela completa dizendo que para seus pais, ex-militantes do PCB, Lula carregava consigo um ideal dos trabalhadores como futuros sujeitos políticos e abrindo caminho para a democracia.
As massivas greves de 80 tornam-se no filme-documentário uma mera “cereja do bolo” da redemocratização brasileira, enquanto as energias fundamentais estão concentradas na figura de Lula e na criação do Partido dos Trabalhadores. Ainda que não seja o foco, vale ressaltar a falta de visão crítica sobre um debate fundamental: o papel conciliador que Lula desempenhou durante este intenso processo de luta de classes, conciliando com patronais e com a burguesia e traindo greves dos metalúrgicos do ABC.
É ignorando este fato histórico fundamental que o filme coloca que, após disputar 3 eleições seguidas, apenas em 2002 o PT opta por coligações para se eleger e conciliar. Assim, o filme coloca a primeira “desilusão” com a possibilidade de uma democracia real, com representatividade coerente dos trabalhadores: Lula buscava fazer alianças com partidos da burguesia oligarca do Brasil. Depois, em seu governo seguinte, o PT inicia uma nova aliança, agora com o maior partido do parlamento, cuja existência é intrínseca e construída como acordo desde a constituinte de 88: o PMDB. Ainda assim, os próprios recortes escolhidos de campanhas de Lula desde 89 mostram a adaptação progressiva de um discurso mais “pró-operário” para um discurso “pró-burguês" e nacional-desenvolvimentista, que durante todos os governos da figura petista se materializou em outras dezenas de formas. “Os bancos nunca lucraram tanto como em meus governos” é uma das máximas em que se mostrou depois que este sonho de “trabalhadores” como sujeito políticos, não passava de uma ilusão na democracia burguesa, e de que seria possível jogar o jogo pelas regras dos capitalistas e obter resultados transformadores.
No momento seguinte, Petra não coloca a questão fundamental do momento político que atravessou o segundo governo Lula, e a situação econômica e política do país em sua narrativa parecem não ter ligação alguma com o boom econômico que invadiu a América Latina, impulsionado pela demanda chinesa por commodities, e que ganhou ainda mais relevância nos primeiros anos após a grande crise nos Estados Unidos de 2008. De fato, a miséria foi reduzida e através de programas de transferência de renda, políticas de ampliação à educação como o PROUNI e REUNI, foram sendo implementadas. Na realidade, este pequeno salto não teve custo zero aos trabalhadores, como se comprovaria posteriormente. O boom econômico possibilitou políticas que na prática impactavam a vida dos mais pobres, porém estavam intimamente ligadas ao pagamento religioso da dívida pública e ao enriquecimento de centenas de empresas nacionais, como a Odebretch, e fomento do agronegócio no Brasil. Nas palavras de um dos homens entrevistado por Petra: é o governo dos ricos que dá aos pobres as migalhas. Além disso, não se coloca em nenhum momento que este aumento das condições econômicas da classe trabalhadora se deu em base ao endividamento através da facilitação de crédito, para fazer lucrar ainda mais os banqueiros, e também ao aumento de trabalhos precários, uma vez que houve um aumento 85% número de terceirizados no governo petista.
Ao não fazer tais ligações, estas contradições, entre as coligações com partidos da direita tradicional e as melhoras na situação econômica da classe trabalhadora, assumem novamente uma uma visão maniqueísta. Fica evidente que a falta de exposição destes elementos fundamentais da luta de classes e da situação econômica internacional, bem como do papel fundamental que o imperialismo cumpriu, atribui um caráter da luta entre o “bem e o mal”. Por exemplo, sobre a descoberta do Pré-Sal, o filme-documentário afirma que “o que parecia uma benção, logo se tornaria uma maldição”. Se é possível avaliar em termos de “maldição ou benção”, não seria a descoberta de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e sim, como esta se tornaria objeto de disputa do imperialismo diante do fato de que a Petrobras é uma petrolífera estatal. Assim, a “maldição”, na realidade, é a espoliação capitalista que se tornaria cada dia mais evidente e mais necessária diante da brutal crise que arrastava os países imperialistas, em especial os estados unidos.
Os governos de Dilma já se iniciam diante deste cenário de crise, e enfrentam o levante de Junho de 2013, que Petra coloca como algo que iria mudar o curso da política Brasileira e de fato mudou. Opondo imagens de grupos lutando contra a presença de partidos nos atos, queimando bandeiras do PT e grupos em defesa da “democracia”, Petra deixa a impressão de que ali estaria o germe do que mais tarde chamaríamos de “onda bolsonarista”. Esta possibilidade se aproxima da narrativa de que junho existia em si um elemento que daria curso ao bolsonarismo, que por sua vez é típica do petismo, que busca esconder os duros ataques que Dilma implementava aos trabalhadores e à juventude. Junho de 2013 foi um dos principais levantes na luta de classes desde 1980, encabeçado principalmente pela juventude, que terminou congregando uma série de reivindicações para além do aumento do transporte, e que levou ao fim da etapa da restauração burguesa e ao início de uma etapa de crise orgânica no país. Ignorar os elementos fundamentais de junho e os levantes de trabalhadores que vieram em 2014, como os garis no Rio de Janeiro, é servil ao partido que foi responsável por abrir espaço para que a direita pudesse se construir e se fortalecer na indignação crescente das massas aos ajustes e ataques em curso.
A luta do “bem”, que toma corpo como os “defensores da democracia” e o mal, “a direita fisiológica desde a ditadura”, prossegue até chegar à narrativa petista do golpe. Assim, atribuiu ao Aécio Neves, que perdeu as eleições de 2014 para Dilma, como o “libertador de forças obscuras” ao requerer o impeachment de Dilma ao questionar a legitimidade das eleições.
Com um rico acervo de entrevistas com Dilma Roussef, Petra atribui à ex-presidente uma máscara muito mais à esquerda do que de fato se viu. Ex-guerrilheira, Dilma fala sobre tortura que enfrentou, e isto combinado à imagem da votação do Impeachment onde Jair Bolsonaro faz saudações ao Coronel Brilhante Ustra, torturador de Dilma, nos traz de volta a garganta o ódio latente aos ratos da ditadura. Petra indica que o golpe teve seus presságios por Dilma retirar cargos do PMDB, por implementar medidas anti-corrupção e por atacar os banqueiros. Entretanto, esta visão embeleza a figura de Dilma, que avançava com cortes na educação, cultura e na saúde, e a partir disso, coloca no centro do golpe o PT e não a classe trabalhadora. O golpe de 2016 esteve à serviço de garantir ataques mais profundos e mais rápidos do que o Dilma Rousseff era capaz de fazer, inclusive pressionada pela própria base do PT e sua crescente impopularidade.
A Lava Jato também é parte do filme-documentário, trazendo à luz novamente os áudios vazados, o famoso powerpoint dos procuradores contra Lula e os discursos de Moro, que hoje soam ainda mais sínicos e irônicos. Ainda que muito falada, a Lava Jato aparece através do relato de sua mãe como um instrumento que em um primeiro momento pareceria ter resultado positivo, entretanto depois se comprovou como uma arma contra a democracia, com viés parcial e partidário. A lava-jato, que atacou a Petrobras afim de tornar ainda mais atraente e facilitar as vendas às grandes petroleiras imperialistas, como Exxon e Shell, acabou cumprindo o papel de dar cabo ao golpe que na realidade foi a ferramenta para garantir que os ataques contra a classe trabalhadora pudessem sem implementados ao passo que desejava a burguesia. A partir disto, manipulando inteiramente as eleições e sequestrando o direito básico e legítimo da população decidir em quem votar, a prisão arbitrária de Lula não estava à serviço, em um primeiro momento, de eleger Bolsonaro, e sim de garantir que fosse eleita a figura da direita capaz de aplicar os ataques, que até o primeiro turno se concretizava na persona de Geraldo Alckmin (PSDB). Entretanto, pela lacuna deixada em 2013, onde não havia uma direção capaz de dar uma resposta verdadeiramente revolucionária capaz de enfrentar os ataques do governo contra os trabalhadores, o canalizador desta insatisfação foi Bolsonaro, que se vendeu como um “outsider” e congregou em si todo o ódio anti-petista latente.
De 2013 até hoje, intensos processos de luta tomaram as ruas do país e passam pouco notáveis, ou até mesmo não passam, aos olhos de Petra. O levante de mulheres contra o PL 5069 em 2015, que atacaria ainda mais as mulheres e representava um verdadeiro retrocesso ao direito ao aborto em casos atualmente legalizados, não aparece no filme-documentário. Milhares de mulheres tomaram as ruas contra Eduardo Cunha, autor do projeto, mentor do golpe na Câmara e presidente da casa na época, pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Tampouco, o filme retoma a Greve Geral do dia 28 de abril, contra a reforma da previdência de Temer ou as centenas de ocupações de secundaristas em defesa da educação e contra os ataques dos governos em 2015 e 2016. O tom dramático que segue quase linear ao longo do filme-documentário poderia se equilibrar se Petra tivesse optado por escolher mostrar que a força da classe trabalhadora e da juventude, que rechaçavam o golpe e as figuras da extrema-direita reacionária, estava pulsante.
Outro importante agente deste cenário político ignorado por Petra são as centrais sindicais. Sem nenhuma menção, ainda que breve, ao papel traidor da CUT, dirigida pelo PT e pela CTB, dirigida pelo PCdoB, é impossível entender até o final o que significou este processo de 2013 até o atual cenário político. A burocracia sindical é o agente da burguesia no seio da classe trabalhadora, que desde as greves de 80 agiu ativamente para separar as pautas políticas das pautas econômicas, restringindo a luta dos trabalhadores à pequenas conquistas cotidianas, sem questionar a profunda relação com a situação política. Durante o gradualismo lulista, as greves se restringiam às conquistas salariais e econômicas da classe, para negociar migalhas com os patrões que lucravam como nunca. A partir de 2013, uma crise política profunda se abriu no país, respaldada pelo aumento crescente dos ataques econômicos contra a população, então o papel traidor das centrais sindicais tornou-se ainda mais evidentes. A CUT e a CTB não mobilizaram os trabalhadores contra o golpe institucional que veio para aprofundar os ataques de Dilma e tampouco mobilizou os trabalhadores contra a reforma trabalhista, que foi aprovada por Temer, mesmo com sua baixa popularidade. Agora, diante da reforma da previdência, a mãe de todas as reformas, o papel de freio que cumpre a burocracia continua primando, minando as greves e separando esta luta contra a defesa da educação, impedindo a força imparável da aliança entre juventude e trabalhadores.
O filme documentário traz à luz uma série de fatos e faz uma retrospectiva dos acontecimentos políticos fundamentais que nos trouxeram aqui. E isso não é pouco, tendo em vista que o golpe institucional, judiciário-parlamentar, de 2016 não apenas sobrevive, como apenas se aprofundou de lá para cá, com eleições manipuladas e um Bolsonaro presidente no meio. Assim, Petra joga novamente nas mãos de milhares de brasileiros uma série discussões fundamentais e assisti-lo é necessário. Em pleno governo Bolsonaro, muitos se questionam como chegamos até aqui e recordar todo este caminho é fundamental para tirarmos as lições corretas, e assim, o filme documentário de Petra Costa cumpre tal papel. Entretanto, sem superar a narrativa petista sobre tal processo, não vai até o fundo em desvendar o papel dos acordos e conchavos do PT em pavimentar o caminho para a consolidação desta extrema direita reacionária, como a bancada do Boi, Bala e da Bíblia que hoje buscam se unificar pela aprovação da nefasta reforma da previdência. Com moldes dramáticos e que nos guiam à subjetivização de elementos bastante materiais, que não se dão a partir de índoles ou da eterna luta entre o “bem e o mal”, e sim, entre uma série de alas do jogo político para que seja a classe trabalhadora que pague pela crise capitalista, Petra nos indica que mais do que nunca, é necessário superar a narrativa petista. É urgente que identifiquemos os agentes deste jogo político, denunciando a burocracia e seu papel de freio, bem como a conciliação histórica do PT, para que possamos construir uma alternativa à esquerda do PT, com independência de classe, sobre as bases de uma programa operário e revolucionário para dar uma resposta à crise capitalista.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraPARASITA E SUA METAMORFOSE TRAGICÔMICA
Para o senso comum das Américas, o Oriente poderia ser resumido aos seus animes e astros de K-pop como os principais produtos de sua indústria cultural. Nada melhor para romper esta superfície estereotipada do que o filme “Parasita”.
por Castor - Esquerda Diário
Produzido na Coréia do Sul, o filme causou impacto e chamou atenção dos espectadores ocidentais, fato raro no mercado cinematográfico, de massas ou mais restrito, dominados por Hollywood e pela Europa. Reflexo disso, pelo menos no Brasil, são as sessões que continuam lotadas, mesmo após um bom tempo em cartaz, somado aos comentários e indicações de amigos, motivo pelo qual, inclusive, me levou a assisti-lo.
Talvez seu sucesso se deva a um fato muito bem retratado: o choque entre a riqueza e a miséria que edificam a sociedade capitalista, retratada pela tensão de suas relações sociais. Um filme que sofre uma metamorfose constante, expressa tanto no seu formato como na trama, criando assim um retrato tragicômico das relações sociais capitalistas.
Nota: Abaixo, o artigo terá spoilers.
Uma alegoria da competição entre trabalhadores
Para começar, vemos uma família pobre, sem perspectiva, numa situação desesperadora, transformar-se, com artifício do humor, em empregados exemplares de classe média. Aproveitar as oportunidades que surgem, malícia e persuasão, assim a família Ki é apresentada. Uma adaptabilidade muito familiar para nós frente a situações também familiares, mesmo o filme sendo feito do outro lado do mundo: dar o seu jeito frente ao desemprego e a precariedade do trabalho, enfrentar a miséria com todo arsenal e experiência de vida.
O filme tira ar dos pulmões pela suas reviravoltas. Uma montanha russa que se transforma da comédia mais debochada para o drama mais desesperador. Na simples abertura de uma sala secreta, o “jeitinho brasileiro” de nossos personagens coreanos, motivo de tão boas risadas - que nos fazem lembrar de personagens como Agostinho Carrara de “A Grande Família” - se transforma num pesadelo completo. A malandragem e sabotagem da família Ki, até então cômica, para conseguir empregos decentes, passando a perna nos outros funcionários da família Parks, sofre uma metamorfose dramática.
O que no início nos foi apresentado como humor passa a ter a sua face mais realista: uma tragédia declarada que só se aprofunda e piora. A família Ki numa competição mortal contra a ex-governanta e seu marido, pelo direito à ficarem nas masmorras da luxuosa residência e os restos da família Parks. Competição esta que retrata muito bem a realidade cruel que os trabalhadores enfrentam em todo o mundo. Diante do desemprego, da precarização do trabalho, o que mais as classes dominantes desejam é que aqueles que só dependem de sua força de trabalho para sobreviver disputem entre si os miseráveis empregos fornecidos, deixando de lado qualquer solidariedade de classe, ou perspectiva de que o inimigo que ameaça seu sustento não é o outro trabalhador, e sim o patrão que só lucra com toda esta situação de miséria. Este fato dramático, sintoma do sistema capitalista, ocorre no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
Acasos de classe
Um temporal, pelo caprichos do clima, significou para a família Parks um passeio frustrado, afinal o rio havia alagado, para a tristeza do filho mais novo; tiveram de voltar para sua mansão, jantar um delicioso prato e uma noite de sexo entre Sr. Park e Yeon-Kyo. Para a família Ki, pelo acaso, significou uma ameaça a seu sustento, o alagamento de sua casa e perda de seus pertences, numa situação desesperadora com o fim num abrigo com centenas de outros pobres que sofreram dura consequências por causa da chuva.
Vemos em São Paulo nas últimas semanas constantes alagamentos trágicos, não por acaso em bairros mais populares, que invadem casas e destroem os pertences de famílias, desde móveis até eletrodomésticos, muitas vezes parcelados e ainda não pagos. Não é raro vidas também terem perda total, além de carros, nessas enchentes. Este fato dramático, sintoma do sistema capitalista, ocorre no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
A consciência despertada pelo olfato
O filho mais novo abastado notara o mesmo cheiro do casal Ki. Em outra cena, dizia Sr Parks que o cheiro de Ki-taek era meio indescritível, tentou comparar com coisas que davam o sentido do nojo, do mofado e sujo, semelhante ao odor sentido nos trens, fato que sua esposa mal sabia notar, pois fazia anos que não andava de trem. Tudo isso aos ouvidos de Ki-taek, escondido embaixo da mesa. No dia seguinte, a esposa abastada, incomodada com o cheiro de Ki-taek, abria a janela do carro. Em todas estas cenas, era perceptível o incômodo do motorista. A raiva foi acumulando-se até que explodiu, em mais uma metamorfose.
Ao final do filme, numa carnificina aberta entre duas famílias pelo direito de servir a família Parks, no belo jardim da mansão - não é necessário mais detalhes - Sr. Parks se incomoda com o cheiro do rival, literalmente mortal, de Ki-taek e sua família. Um impulso incontrolável toma conta do motorista que enfia a faca no peito de Parks. Aquela reação foi em nome tanto de si e sua família, como também em nome do rival: um auto-reconhecimento dos que frequentam os trens, um constante lembrete de sua condição social de miséria, igual também a de seu rival.
Mais uma metamorfose, dessa vez, não mais no estilo do filme, e sim no seu conteúdo. A rivalidade se transforma em consciência e solidariedade. Por trás de toda a competição sangrenta e absurda, Ki-taek se reconhece, por fim, em seu falso inimigo e ataca Parks. No final, Ki-taek fica, literalmente, na mesma condição com aquele que competia: num calabouço, privado de qualquer bem estar.
O filme do começo ao fim debocha da moralidade. Embora incômodo, toda a malandragem da família Ki para conseguir os seus empregos é ofuscada diante da humilhação que a família de Ki-taek passa: seu ápice inaceitável foi simbolizado pela reação olfativa de nojo de Parks. Em todo este confronto, o filme, no final das contas, coloca uma questão: quem são os verdadeiros parasitas? Não se trata de quem é menos “mal” ou “bonzinho” em suas ações.
Esqueçamos as mentiras, as passadas de perna dos Ki em sua busca por empregos dignos. Em todo o filme, foi na demonstração mais sutil de desprezo que se concentrou a maior crueldade: numa fungada, concentrava-se todo o ódio entre as classes sociais.
A familiaridade no distinto, a distinção no familiar
Para um espectador, habituado aos mesmos e velhos filmes de Hollywood, os quais cresci assistindo, “Parasita” gerou um turbilhão de reflexões contraditórias: uma linguagem tão distinta, uma realidade tão diferente, um filme tão exótico aos meus costumes, gerando reações de familiaridade. Problemas e contradições que podemos ver aqui na esquina de casa, também são fatos do outro lado do mundo.
Isto porque a imensa maioria da população mundial que depende de seu trabalho para sobreviver, mesmo tão divididos entre trabalhos formais e informais, terceirizados e efetivos, pelos muros das fronteiras nacionais ou diferenças culturais, estão conectados pela sua luta diária contra a miséria social, pela sobrevivência e garantia do pão de amanhã. O capitalismo é um sistema mundial, suas contradições se expressam de maneira universal assim como os problemas enfrentados pelos explorados.
Por outro lado, o que me é tão familiar aparece, agora, com total estranheza. Hollywood, NetFlix, novelas, e uma longa lista, tudo aquilo com o qual fomos socializados e crescemos, é o que de fato está do outro lado do mundo, ou melhor, nas ilusões projetadas por aqueles que estão no topo do mundo. Os filmes assistidos por milhões, dos super heróis, dos mocinhos justiceiros, dos romances de princesas e príncipes, dos finais felizes, se desmoronam como aquilo que são: uma ilusão fictícia completamente distante de nossa realidade, na qual lutamos, sofremos, competimos, sem espaço para a “moral”, pela sobrevivência em meio a um sistema que depende da desigualdade social e sempre terá seus dilúvios contra os pobres e a negação dos finais felizes. Por isso também é necessário destruí-lo. Este fato, é válido no Brasil, na Coréia do Sul, em qualquer canto do mundo.
O Terceiro Homem
4.2 176 Assista AgoraAnálise do filme por Marilsa Taffarel e Leonardo Posternak
no Ciclo de Cinema e Psicanálise Sobre Corrupção
https://www.youtube.com/watch?v=a69ZSj-bo2Y
Dedo na Ferida
4.0 6completo
youtube. com / watch?v=Y_C2PgI2I9Y
A Facada no Mito
3.2 44Desdobramentos do documentário original baseados em comentários e novos vídeos divulgados por testemunhas e apoiadores do candidato:
A facada no mito - Um novo vídeo... uma nova interpretação...
https://www.youtube.com/watch?v=Mcel27CKdmg
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraFinalmente assisti.
Caralho!, que filme nervoso.
Chappaqua - Almas Entorpecidas
3.5 5Um filme que trabalha com imagens esteticamente lindas e mantém um ritmo de delírio do começo ao fim. Algumas cenas são perturbadoras e sufocantes, como no momento em que o protagonista está se inscrevendo na casa de reabilitação. Outras cenas tornam o filme rico culturalmente, como as apresentações musicais de jazz e de Ravi Shankar, e arquivos de sociedades mais exóticas. Mas a linguagem não convencional e a trilha sonora experimental acabam deixando a obra dispersa e em vários momentos se distancia do espectador. Ainda vale a pena ser conferido por quem curte contracultura, geração beatnik e produções underground.
Deus Não Está Morto
2.8 1,4K Assista AgoraAlguém sabe me dizer se esse filme é refilmagem de Um Tira no Jardim de Infância?
Estamira
4.3 375 Assista AgoraAlguém sabe quem é Thomaz?
Quando o filme Estamira acaba aparece a nota "PARA THOMAZ".
Sangue para Drácula
3.4 30Eu curto muito Flesh for Frankenstein, é o meu favorito dos que assisti até agora da parceria Warhol e Morrissey. Quando assisti Blood for Dracula, eu tinha a expectativa de ver um filme tão bom quanto, mas me decepcionei um pouco. Blood for Dracula é legal, mas fica muito atrás do filme anterior. Udo Kier faz aqui um vampiro brochante e fanfarrão que ao invés de tocar o terror, passa um bom tempo só tendo convulsões e vomitando sangue. Ainda assim é divertido e melhora muito nos momentos finais.
O Dia da Besta
3.8 189RIP- Álex Angulo (1953-2014)
O Massacre da Serra Elétrica
3.7 1,0K Assista AgoraThe Minas Gerais Chainsaw Massacre
http://www.itatiaia.com.br/noticia/homem-massacra-desconhecido-com-serra-eletrica-no-interior-de-minas
Uma Onda no Ar
3.3 45Texto escrito nas coxas para ganhar uma notinha na matéria de Políticas de Comunicação, Sociedade e Cidadania da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB).
Talvez o gosto pela comunicação cause um algum tipo de vício. Principalmente quando se vê os resultados sendo positivamente reconhecidos pelas pessoas que o comunicador admira ou considera como seus semelhantes. E quando passa a incomodar entidades que, dentro de uma hierarquia informal, são colocados como superiores, o sentimento a surgir pode ser o orgulho de uma faísca de revolução.
Acho que isso resume o filme UMA ONDA NO AR, que conta a história real de um grupo de amigos que avançam no sonho de montar uma estação de rádio comunitária numa favela do estado brasileiro de Minas Gerais. A programação da rádio intercala algumas músicas do cotidiano periférico e clássicos da sonoridade brasileira com relatos crônicos de quem mora no bairro.
Essas crônicas incluem desabafos sobre a violência policial, relação entre polícia e tráfico de drogas nas favelas, problemas de saúde de moradores, anúncios do comércio local e até mesmo relacionamentos amorosos de figuras populares da região.
Algumas das narrações que vão sendo transmitidas acabam por incomodar a polícia e o governo que tentam fazer de tudo para enforcar o trabalho de comunicação desenvolvido pela Rádio Favela, sob o argumento de ilegalidade e falta de licença. Positivamente a censura também desperta o interesse de outras mídias em ampliar espaço da rádio.
No final das contas, a aceitação popular é tão grande e chega a ser debatido que a rádio consegue licença para operar e, mais do que isso, acaba sendo destaque de prêmios internacionais e reconhecimento dado pela ONU.
O filme adota uma narrativa bastante popular e acessível, item importante para um de seus principais objetivos que é fazer um espelho entre o cinema e o cidadão da periferia que convive com as crônicas mostradas. Essa questão do reconhecimento é constante do início ao fim e por isso é aproveitada uma linguagem extramente didática entre os personagens principais e figurantes, como policiais e presidiários, por exemplo.
Como resultado final, é possível entender o filme perfeitamente, pois não há grandes falhas no enredo. Tudo é simples e objetivo com começo, meio e fim. Filme realizado por e para pessoas interessadas diretamente em liberdade de expressão.
O Dia da Besta
3.8 189Filme completo legendado em português:
http://www.youtube.com/watch?v=cS5XwpwCsw0
O Rato Humano
2.6 90Filme completo no youtube:
[com legendas em português]
http://www.youtube.com/watch?v=Z1DGO-1pUfQ
A Hora dos Mortos-Vivos
3.8 354Alguém aí sabe onde consigo legendas em português para a versão estendida do Re-Animator? Achei até dublado completo no youtube, mas eu queria mesmo a legenda. Valeu...
E Aí... Comeu?
2.6 1,6KDescartável, mas até divertido. Uma cena e outra são até muito boas, mas se esquece do filme todo logo depois que assiste.