Desde o momento que assisti muitas cenas num me saem da cabeça. Fiquei impressionado com a execução do filme, do roteiro a trilha sonora. A sensibilidade, a construção das camadas e de como as coisas vão se aprofundando de uma forma quase hipnótica.
Assisti ao filme ontem e fiquei aqui digerindo e remoendo. A primeira vista o filme parece algo feito pra ser complicado, mas tire os excessos e o filme fala das relações humanas, em especiais as amorosas, mas desde o título, ele entrega a natureza percebida dessas relações (de forma abrangente). Pendular. A oscilação entre as vontades, o confronto dos quereres, o "nosso" que às vezes torna-se um "seu" ou "meu".
Isso fica claro em cenas como a exigência do escultor por mais espaço, que ressoa na parte em que no meio da coreografia a dançarina esbarra em uma de suas esculturas, ou no querer do escultor em ter um filho e ela não e sua raiva posterior ao saber do aborto. No fim disso, a cena em que ela dança sobre a escultura dele mostra um ponto de equilíbrio, que requer entrega, mas também cautela, como é em uma vida a dois
Esse filme me fez perceber uma ligação entre os filmes de Sophia Coppola (ao menos entre os que já vi). Todo diretor tem seu centro temático, ou sua forma de conduzir temas diferentes ao seu universo particular, sua visão. E eu me perguntava o que havia de semelhantes entre Maria Antonietta e As virgens suicidas, além da Kirsten Dunst. A meu ver, Coppola tenta mostrar, como novamente apresentou em Um lugar qualquer, traços contrastantes como dinheiro e humanidade, e mais uma vez a relação de pais e filhos, assim como nos outros dois filmes. Obviamente esse não é o ponto central de Maria Antonietta. Nesse em especial, um cara rico, bem sucedido profissionalmente, percebe o quanto é vazio. E é incrível como ricos ou pobres (problematizações a parte) todos sentem isso em algum momento da vida. O sentimento de não ser nada e que muitas vezes tentamos, como o personagem do Stephen Dorff, preencher com coisas vãs que muitas vezes só tornam esse sentimento mais profundo.
A gangue nos concede a sufocante oportunidade de experimentar a sensação de incompreensão que deve sentir um surdo-mudo num mundo feito de ruídos, das bocas se mexendo sem que seja ouvida e entendida uma palavra sequer. Os primeiros minutos do filme foram experimentados com certa angústia, mas como já foi dito em outros comentários, com o tempo a mudez do filme é esquecida, dando espaço para uma violência que ultrapassa a linguagem.
Esse filme e Selvática, álbum de Karina Buhr (2015), são duas afrontas maravilhosas à elite brasileira assim como muitas outras podres realidades que aqui se instauraram e parecem estar petrificadas. O tom ácido e irônico encontrado nos dois materiais culturais são protestos que sabem gritar mais alto que panelaços. Não pude deixar de lembrar de músicas como Pic nic, Cerca de prédio e Alcunha de ladrão, que pra mim, compactuam de forma incrível com a linguagem do filme. O nordeste mais uma vez mostrando que sabe afrontar.
A elegância dessa fotografia é um ótimo motivo para assisti-lo, me fazendo lembrar a mesma elegância de filmes como Persona, do Bergman ou A faca na água de Polanski, com uma pureza visual incrível. As atuações também são agradáveis e a sutileza de algumas cenas também dão um caráter muito especial ao conjunto. Um bom filme.
Acho que até agora não vi um filme do Bergman que não tenha me feito pensar nessas questões substanciais da vida, no valor das pessoas, no que acontece após... A fotografia forte cria em cada momento a atmosfera necessária. Nesse filme em especial, ela é personagem importante. Os sonhos também. São ao mesmo tempo o fio condutor e o que despertou, ao menos em mim, pequenas, porém necessárias, reflexões.
"Vai me dizer agora o que posso ou não ser?". Isso não é um filme, é um sentimento. Aliás, muitos: incompreensão, medo, frustração, impotência... Seria incapaz de enumerar todos eles. Tocante.
O pior de assistir esse filme é saber que toda essa manipulação do pensamento das pessoas ocorre realmente. Senti raiva em muitos momentos do filme tanto da policia, quanto da imprensa. Mas enfim, a história é incrível.
O filme carrega uma sensação de perturbação, mas que não se deixa ser à toa: É como um choque que te faz aprender a não colocar o dedo na tomada. E mais que um filme sobre a revolta dos cães, a narrativa funciona como metáfora da marginalização de classes ou raças, da centralização e dominação de uma classe dita superior e por essa razão guarda violência (às vezes intensa e outras nem tanto) em cada segundo. Assisti-lo é como sentir um soco no estômago a cada quadro.
Delicado e rude. Mais rude que delicado como é de se esperar de um filme do Karim. Ao tentar salvar o afogado, quem se afoga é Donato, afoga-se na morte e no amor, duas circunstâncias ásperas e de proporções magistrais sobre a vida humana. É a partir desses temas universais e extremamente íntimos de cada um que se desenvolve um filme surdo e quase mudo. A total ausência, a frieza, e até certa falta de humanidade no sumiço de Donato são transformados em cenas ausentes, em cenas frias, em cenas desumanas, animalescas. A economia nos diálogos dá espaço a imagens que fazem crescer a pergunta: "Mas por que?". Praia do futuro é um filme sobre ressurreição.
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraDesde o momento que assisti muitas cenas num me saem da cabeça. Fiquei impressionado com a execução do filme, do roteiro a trilha sonora. A sensibilidade, a construção das camadas e de como as coisas vão se aprofundando de uma forma quase hipnótica.
A Viagem de Chihiro
4.5 2,3K Assista AgoraNada do que acontece é esquecido, mesmo que não se lembre
Pendular
3.6 54Assisti ao filme ontem e fiquei aqui digerindo e remoendo. A primeira vista o filme parece algo feito pra ser complicado, mas tire os excessos e o filme fala das relações humanas, em especiais as amorosas, mas desde o título, ele entrega a natureza percebida dessas relações (de forma abrangente). Pendular. A oscilação entre as vontades, o confronto dos quereres, o "nosso" que às vezes torna-se um "seu" ou "meu".
Isso fica claro em cenas como a exigência do escultor por mais espaço, que ressoa na parte em que no meio da coreografia a dançarina esbarra em uma de suas esculturas, ou no querer do escultor em ter um filho e ela não e sua raiva posterior ao saber do aborto. No fim disso, a cena em que ela dança sobre a escultura dele mostra um ponto de equilíbrio, que requer entrega, mas também cautela, como é em uma vida a dois
Um Lugar Qualquer
3.3 810 Assista AgoraEsse filme me fez perceber uma ligação entre os filmes de Sophia Coppola (ao menos entre os que já vi). Todo diretor tem seu centro temático, ou sua forma de conduzir temas diferentes ao seu universo particular, sua visão. E eu me perguntava o que havia de semelhantes entre Maria Antonietta e As virgens suicidas, além da Kirsten Dunst. A meu ver, Coppola tenta mostrar, como novamente apresentou em Um lugar qualquer, traços contrastantes como dinheiro e humanidade, e mais uma vez a relação de pais e filhos, assim como nos outros dois filmes. Obviamente esse não é o ponto central de Maria Antonietta. Nesse em especial, um cara rico, bem sucedido profissionalmente, percebe o quanto é vazio. E é incrível como ricos ou pobres (problematizações a parte) todos sentem isso em algum momento da vida. O sentimento de não ser nada e que muitas vezes tentamos, como o personagem do Stephen Dorff, preencher com coisas vãs que muitas vezes só tornam esse sentimento mais profundo.
A Gangue
3.8 134A gangue nos concede a sufocante oportunidade de experimentar a sensação de incompreensão que deve sentir um surdo-mudo num mundo feito de ruídos, das bocas se mexendo sem que seja ouvida e entendida uma palavra sequer. Os primeiros minutos do filme foram experimentados com certa angústia, mas como já foi dito em outros comentários, com o tempo a mudez do filme é esquecida, dando espaço para uma violência que ultrapassa a linguagem.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraEsse filme e Selvática, álbum de Karina Buhr (2015), são duas afrontas maravilhosas à elite brasileira assim como muitas outras podres realidades que aqui se instauraram e parecem estar petrificadas. O tom ácido e irônico encontrado nos dois materiais culturais são protestos que sabem gritar mais alto que panelaços. Não pude deixar de lembrar de músicas como Pic nic, Cerca de prédio e Alcunha de ladrão, que pra mim, compactuam de forma incrível com a linguagem do filme. O nordeste mais uma vez mostrando que sabe afrontar.
Ida
3.7 439A elegância dessa fotografia é um ótimo motivo para assisti-lo, me fazendo lembrar a mesma elegância de filmes como Persona, do Bergman ou A faca na água de Polanski, com uma pureza visual incrível. As atuações também são agradáveis e a sutileza de algumas cenas também dão um caráter muito especial ao conjunto. Um bom filme.
Morangos Silvestres
4.4 657Acho que até agora não vi um filme do Bergman que não tenha me feito pensar nessas questões substanciais da vida, no valor das pessoas, no que acontece após... A fotografia forte cria em cada momento a atmosfera necessária. Nesse filme em especial, ela é personagem importante. Os sonhos também. São ao mesmo tempo o fio condutor e o que despertou, ao menos em mim, pequenas, porém necessárias, reflexões.
XXY
3.8 507 Assista Agora"Vai me dizer agora o que posso ou não ser?". Isso não é um filme, é um sentimento. Aliás, muitos: incompreensão, medo, frustração, impotência... Seria incapaz de enumerar todos eles. Tocante.
Week-End à Francesa
3.8 108"Isto não é um livro, é um filme. Um filme é vida". Que filme!
O Beijo no Asfalto
3.8 123O pior de assistir esse filme é saber que toda essa manipulação do pensamento das pessoas ocorre realmente. Senti raiva em muitos momentos do filme tanto da policia, quanto da imprensa. Mas enfim, a história é incrível.
Deus Branco
3.7 178O filme carrega uma sensação de perturbação, mas que não se deixa ser à toa: É como um choque que te faz aprender a não colocar o dedo na tomada. E mais que um filme sobre a revolta dos cães, a narrativa funciona como metáfora da marginalização de classes ou raças, da centralização e dominação de uma classe dita superior e por essa razão guarda violência (às vezes intensa e outras nem tanto) em cada segundo. Assisti-lo é como sentir um soco no estômago a cada quadro.
Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo
3.9 502 Assista AgoraLembro desse filme e só penso que queria ter "uma vida lazer".
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraDelicado e rude. Mais rude que delicado como é de se esperar de um filme do Karim. Ao tentar salvar o afogado, quem se afoga é Donato, afoga-se na morte e no amor, duas circunstâncias ásperas e de proporções magistrais sobre a vida humana. É a partir desses temas universais e extremamente íntimos de cada um que se desenvolve um filme surdo e quase mudo. A total ausência, a frieza, e até certa falta de humanidade no sumiço de Donato são transformados em cenas ausentes, em cenas frias, em cenas desumanas, animalescas. A economia nos diálogos dá espaço a imagens que fazem crescer a pergunta: "Mas por que?". Praia do futuro é um filme sobre ressurreição.