Últimas opiniões enviadas
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Estou assistindo The Boys e posso dizer que a série é inferior em qualidade à HQ, o que é absolutamente normal e já era esperado.
Seria leviano comparar o grau de liberdade narrativa disponível na produção de um gibi obscuro de quinze anos atrás a uma série atual veiculada ao grande público. É óbvio que as possibilidades discursivas são mais abertas nos quadrinhos, inclusive para a violência e conteúdo impróprio, no que reside, aliàs, o caráter contracultural e subversivo dos comics.
De qualquer modo, achei a série divertida e interessante, especialmente porque soube explorar a questão do domínio do marketing na cultura das celebridades e o esvaziamento da personalidade que decorre desse processo.
Os publicitários são apresentados como idiotas pragmáticos, o que realmente são, e o público geral é apresentado como uma multidão de tolos que acreditam em todas as mentiras fabricadas e nutridas pela máquina cultural corporativa; o que é bem acurado.
A série não é tão pesada e doentia quanto o roteiro de Garth Ennis na HQ, mas, ainda assim, talvez pelo conteúdo sadomasô, deverá impressionar alguns.
Não é uma grande série, mas certamente é melhor que a maioria das séries de super-heróis disponíveis.
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Filme de 1994, baseado em conto de Stephen King, "Um Sonho de Liberdade" - "The Shawnshank Redemption" no original - é daqueles filmes obrigatórios.
Embora ficcional, a obra é convincente ao mostrar as fragilidades da burocracia econômica e estatal. Já na prisão, dispondo de conhecimento privilegiado do sistema financeiro e fiscal, o protagonista decide auxiliar na feitura das declarações de imposto de renda dos guardas e na lavagem de dinheiro praticada pelo diretor. Com isso, naturalmente, recebe alguma condescendência das autoridades.
Em certo momento do filme, Dufresne, que foi condenado injustamente, reflete: "Lá fora eu era um santo. Entrei na prisão e me tornei um vigarista". Ao que "Red", seu comparsa, interpretado por Morgan Freeman, responde com uma bela gargalhada.
Outro aspecto interessante do filme é sobre certos usos "acidentais" do conhecimento. A trama, no que tem de alegórica, sugere que o saber adquirido pela curiosidade descompromissada pode se revelar importante quando menos esperamos, como no caso de Dufresne com a Geologia. Isto é: não apenas o conhecimento técnico revelou-se útil, mas também o conhecimento amador, diletante.
Não sendo um homem particularmente poderoso ou magnânimo, e ainda em situação desfavorável, Dufresne realiza feitos inusitados e impressionantes, tudo isso porque possui inteligência, conhecimento e astúcia.
Enfim... É um ótimo filme para assistir, especialmente em família.
Últimos recados
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Edkalume
Oi, John.
De alguma maneira so vi sua mensagem hoje. Se ainda estiver interessado no grupo, me manda seu numero no privado e conversamos no zap. -
Edkalume
Tudo certo, John?
Escrevendo pra saber se você teria interesse de participar de um grupo de whatsapp sobre cinema.
Se sim, me dá um toque e a gente conversa.
Filme Estranho, Bom e Sinistro
Há filmes estranhos e engraçados, que incomodam pelo absurdo, como O Grande Lebowsky (1998) e Quero Ser John Malkovitch (1999), e há filmes que provocam incômodo pelo realismo sombrio com o qual abordam seus temas, como O Operário (2004) e A Caça (2012).
O último bom filme que assisti recentemente - O Sacrificio do Cervo Sagrado, (2017), do diretor grego Yorgos Lanthimos- é do tipo que provoca incômodo do início ao fim, mas não pertence a nenhuma das duas categorias mencionadas acima. Pode ser descrito como um "horror doméstico sobrenatural", porque a trama inclui elementos de horror e de sobrenatural, mas isso é dizer pouco, porque tal descrição não inclui a peculiar estranheza do filme. E sim, é um filme diferentão, daqueles que você lembrará por toda a vida, sempre acompanhado de certo mal-estar.
Traz um tipo de horror psicológico que encontramos em filmes como A Bruxa (2015). A trama aborda a impotência da racionalidade humana - e da Ciência - diante de doenças aparentemente causadas por forças inexplicáveis e terríveis, mas o filme também trata de temas como culpa, família, vingança e responsabilidade. Há muitas camadas de interpretação e muitos artigos na net explorando a riqueza de obra tão estranha e magistral.
O filme é muito bom, mas certamente não para o grande público, por ter muito de monotonia e pelo ritmo calmo como a história progride. De qualquer forma, é obrigatório para quem gosta de saber o que há de bom no cinema alternativo mundial.