Juan Lopes

Não tem uma vez que assisto o filme e não me desespero junto de Claire ou me angustio com Justine. Ambas as personagens estão muito bem interpretadas e sempre me fazem sentir exatamente o que sentem.
Pra mim é o ápice de Von Trier e se redime por seus outros filmes, principalmente do trauma que Anticristo me causou.

Puramente psicológico. Uma filha com necessidade de afeto, o que a faz levar uma vida que seja aprovada pela mãe, essa por sua vez parece não aprovar cada fato da vida da filha, uma mãe que tem certos traços narcisistas. Fácil ver que a filha lutou diariamente atrás da atenção da mãe e que seu ato desesperado para conseguir tenha sido a fuga para longe dela e o resultado vemos com a chegada da mãe ali.
De acordo que vemos todos os muros que as separam desabar, o rancor e o remorso emergem. A cena final deixa claro o desfecho da noite de lágrimas, gritos e roupa suja lavada:

Um épico do diretor que mostra uma relação familiar que danifica os aspectos humanos, de ambos.

Definitivamente, obra mestre de Bergman. Visivelmente é um filme onde ele não tem medo do que estava fazendo e consecutivamente fez o que queria e desejava da obra.
Tecnicamente, a obra é o ápice do diretor. Na história, ele parecia abordar de forma sutil todos os assuntos que já tocou ou viria a tocar, deixando como sempre um espaço maior para a crítica religiosa.
Porém o foco grandioso da obra fica por conta das crianças (mais especificamente Alexander), sua muralha do imaginável e da inocência em compreender as "intenções" dos adultos. Não é meu filme favorito do diretor, mas sem sombra de dúvida preciso concordar que este pode ser seu opus magna.