As intenções narrativas de Jodorowky - em especial sobre o corpo, incluindo perseguições, mutilações, deficiências, assassinatos, estupros, androginia (que em termos contemporâneos é descrita como corpo trans ou travestis), etc. - têm uma função importante em sua obra. Vejo-as como uma exposição crítica para além da artística (sendo esta um atributo fundamental no que produz).
Em todos os filmes ele demonstra que sempre esteve além de seu tempo, sendo fundamental para entender sua obra a influência escrachada do cristianismo e seu disciplinamento sobre os corpos. Da metade para o final de Santa Sangre
(quando Fênix assume em sua esquizofrenia os movimentos [mãos] da mãe), em um olhar mais atento percebe-se a crítica à Psicanálise, que nasceu de uma estrutura sociocultural misógina. Um corpo-mente-patológico (masculino) que assume os desejos da mãe (feminino/Eva pecadora), como bem representou a partir do ato teatral da Concha em diante, sendo a Santa Sangre a personificação do pecado e da heresia incorporada na mãe dele.
Até hoje as mulheres são censuradas e julgadas pela falta de resistência de Eva à tentação do fruto proibido, pecadora nata e principal alvo de punição.
Além do combate aos tabus sobre o corpo feminino, é característico nos filmes do Jodo os corpos com deficiência. E eu adoro isso, esse cinema e arte inclusivos! Sujeitos e imagens de sujeitos que nenhum filme comercial e hollywoodiano incluiria, a menos que fossem centrais no argumento. Corpos nus masculinos também são representados no cinema contemporâneo, e sua aparição não é problematizada como é a do corpo feminino. Pode ser que isso esteja ligado à violência desses corpos, e que a nudez, como representativa de sexualidade, demonstre as diferenciações entre as representações de violência desses gêneros. Com isso quero dizer que o corpo feminino no cinema é criticado porque há uma história de abuso e violência sobre ele, bem maior e mais antiga que a do corpo masculino. No entanto, é preciso dizer: masculinidades não hegemônicas importam!
Jodo traz a crítica em uma representação contrária e em tom violento, principalmente na cena em que o pai tatua o filho quando criança para "se tornar homem como ele" e garantir sua virilidade.
A meu ver, as narrativas de Jodorowsky nos convidam a pensar sobre a importância de não perdermos de vista a história. Se nos perdermos estética, artística, cultural e historicamente do que foi produzido e convencionado socialmente sobre os corpos, sobre as mulheres e outros sujeitos da diferença, corremos o risco de apagar a importância do que até hoje nos faz problematizar, criticar e combater todo esse discurso normat(l)izado sobre nós, sujeitos humanos.
Continua sendo meu segundo favorito, depois de La montaña sagrada/Holy Mountain.
O *tempero* de Four Rooms é a união dos quatro diretores, cada um com suas características específicas, implicados em um argumento tragicômico, que traz toda uma pitada de brincadeira e sacanagem com o nosso emocional.
Assisti a este filme por acaso. Alguém conhece outro que trate de forma mais realista sobre a paralisia do sono? Já tive diversos episódios deste distúrbio e achei que no filme foi mal representado por ter levado para o lado paranormal.
Kaufman e seus roteiros densos... Em Anomalisa não poderia ser diferente. As personalidades foram muito bem elaboradas e a trama não foge do que é comum a todo ser humano: relações, projeções e expectativas frustradas; somando a isso um personagem egocêntrico e apático, insatisfeito com a própria vida.
A utilização da voz masculina para todos os personagens me intrigou a princípio, mas aos poucos, com Lisa, fui entendendo a essência. Achei sensível essa forma de discernir a idealização da realidade.
Atuação impecável de Richard Gere! Mostrou bem os sintomas do transtorno, principalmente nos episódios maníacos, mas para mim, embora o transtorno se relacione muito com a afetividade, achei o final romantizado demais. Poderiam ter trabalhado bem melhor os aspectos do tratamento ao invés de fantasiar sobre uma "cura" pelo amor.
Quanta sutileza... Acho que a centralidade do filme está principalmente nas perspectivas das diferentes infâncias que se apresentam em comparação ao mundo adulto. Crianças na responsabilidade de enfrentar situações que caberiam à vida adulta, enquanto os adultos, atormentados, se mostram incapazes de solucionar seus próprios problemas. Os objetos - as coisas insignificantes -, representam os elos entre os personagens e suas vidas que se ligam entre si, ainda que indiretamente. Filme lindo, delicado e emocionante.
Achei o final do filme bem previsível. Mas o que foi a atuação do Owen Wilson? Se tivesse apenas ouvido o filme acreditaria ser o Woody Allen interpretando Gil.
Mais engraçado é perceber os outros dois personagens - Ethan e Zachary - na abertura do filme, onde acontece a briga, e nos créditos, depois de todo o desentendimento entre os casais; os dois meninos aparecem juntos, de bem.
Julgo como fundamental esse detalhe para entender o desfecho tragicômico do filme. Muito bom!
Já tinha conhecimento sobre a lenda de "The Dark Side of the Rainbow", porém não havia assistido. Rendeu fortes arrepios, principalmente a partir da música "The Great Gig in the Sky", onde
há a mudança de cenário monocromático ao colorido - o que coincide fortemente com a ideia dos dois lados do disco e do prisma na capa de "The Dark Side of the Moon".
Genial! Foi para os favoritos, sem sombra de dúvidas!
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Santa Sangre
4.2 150As intenções narrativas de Jodorowky - em especial sobre o corpo, incluindo perseguições, mutilações, deficiências, assassinatos, estupros, androginia (que em termos contemporâneos é descrita como corpo trans ou travestis), etc. - têm uma função importante em sua obra. Vejo-as como uma exposição crítica para além da artística (sendo esta um atributo fundamental no que produz).
Em todos os filmes ele demonstra que sempre esteve além de seu tempo, sendo fundamental para entender sua obra a influência escrachada do cristianismo e seu disciplinamento sobre os corpos. Da metade para o final de Santa Sangre
(quando Fênix assume em sua esquizofrenia os movimentos [mãos] da mãe), em um olhar mais atento percebe-se a crítica à Psicanálise, que nasceu de uma estrutura sociocultural misógina. Um corpo-mente-patológico (masculino) que assume os desejos da mãe (feminino/Eva pecadora), como bem representou a partir do ato teatral da Concha em diante, sendo a Santa Sangre a personificação do pecado e da heresia incorporada na mãe dele.
Além do combate aos tabus sobre o corpo feminino, é característico nos filmes do Jodo os corpos com deficiência. E eu adoro isso, esse cinema e arte inclusivos! Sujeitos e imagens de sujeitos que nenhum filme comercial e hollywoodiano incluiria, a menos que fossem centrais no argumento. Corpos nus masculinos também são representados no cinema contemporâneo, e sua aparição não é problematizada como é a do corpo feminino. Pode ser que isso esteja ligado à violência desses corpos, e que a nudez, como representativa de sexualidade, demonstre as diferenciações entre as representações de violência desses gêneros. Com isso quero dizer que o corpo feminino no cinema é criticado porque há uma história de abuso e violência sobre ele, bem maior e mais antiga que a do corpo masculino. No entanto, é preciso dizer: masculinidades não hegemônicas importam!
Jodo traz a crítica em uma representação contrária e em tom violento, principalmente na cena em que o pai tatua o filho quando criança para "se tornar homem como ele" e garantir sua virilidade.
A meu ver, as narrativas de Jodorowsky nos convidam a pensar sobre a importância de não perdermos de vista a história. Se nos perdermos estética, artística, cultural e historicamente do que foi produzido e convencionado socialmente sobre os corpos, sobre as mulheres e outros sujeitos da diferença, corremos o risco de apagar a importância do que até hoje nos faz problematizar, criticar e combater todo esse discurso normat(l)izado sobre nós, sujeitos humanos.
Continua sendo meu segundo favorito, depois de La montaña sagrada/Holy Mountain.
Rede de Ódio
3.7 362 Assista AgoraOnde assistiram ao filme? Encontraram torrent?
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraStanley Kubrick se revira agoniadamente!
Grande Hotel
3.4 336 Assista AgoraO *tempero* de Four Rooms é a união dos quatro diretores, cada um com suas características específicas, implicados em um argumento tragicômico, que traz toda uma pitada de brincadeira e sacanagem com o nosso emocional.
O Demônio do Sono
2.2 180 Assista AgoraAssisti a este filme por acaso. Alguém conhece outro que trate de forma mais realista sobre a paralisia do sono? Já tive diversos episódios deste distúrbio e achei que no filme foi mal representado por ter levado para o lado paranormal.
XX
2.7 241As vinhetas *-*
O Preço do Amanhã
3.6 2,9K Assista AgoraUma forte metáfora às relações entre o dinheiro, a sociedade meritocrática e a consequente desigualdade social. Ideia genial, mas pouco explorada.
Anomalisa
3.8 497 Assista AgoraKaufman e seus roteiros densos... Em Anomalisa não poderia ser diferente.
As personalidades foram muito bem elaboradas e a trama não foge do que é comum a todo ser humano: relações, projeções e expectativas frustradas; somando a isso um personagem egocêntrico e apático, insatisfeito com a própria vida.
A utilização da voz masculina para todos os personagens me intrigou a princípio, mas aos poucos, com Lisa, fui entendendo a essência. Achei sensível essa forma de discernir a idealização da realidade.
Gostei e recomendo. :)
Mr. Jones
3.4 78 Assista AgoraAtuação impecável de Richard Gere! Mostrou bem os sintomas do transtorno, principalmente nos episódios maníacos, mas para mim, embora o transtorno se relacione muito com a afetividade, achei o final romantizado demais. Poderiam ter trabalhado bem melhor os aspectos do tratamento ao invés de fantasiar sobre uma "cura" pelo amor.
Coisas Insignificantes
3.8 98Quanta sutileza... Acho que a centralidade do filme está principalmente nas perspectivas das diferentes infâncias que se apresentam em comparação ao mundo adulto. Crianças na responsabilidade de enfrentar situações que caberiam à vida adulta, enquanto os adultos, atormentados, se mostram incapazes de solucionar seus próprios problemas. Os objetos - as coisas insignificantes -, representam os elos entre os personagens e suas vidas que se ligam entre si, ainda que indiretamente.
Filme lindo, delicado e emocionante.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraAchei o final do filme bem previsível. Mas o que foi a atuação do Owen Wilson? Se tivesse apenas ouvido o filme acreditaria ser o Woody Allen interpretando Gil.
Deus da Carnificina
3.8 1,4KMais engraçado é perceber os outros dois personagens - Ethan e Zachary - na abertura do filme, onde acontece a briga, e nos créditos, depois de todo o desentendimento entre os casais; os dois meninos aparecem juntos, de bem.
Julgo como fundamental esse detalhe para entender o desfecho tragicômico do filme. Muito bom!
The Dark Side Of The Rainbow
4.4 57Já tinha conhecimento sobre a lenda de "The Dark Side of the Rainbow", porém não havia assistido. Rendeu fortes arrepios, principalmente a partir da música "The Great Gig in the Sky", onde
há a mudança de cenário monocromático ao colorido - o que coincide fortemente com a ideia dos dois lados do disco e do prisma na capa de "The Dark Side of the Moon".