Quando você pensa na palavra ''guarda-costas'', o que vem à sua mente? Para mim, são caras grandes e musculosos com uma carranca em seus rostos que protegem celebridades e políticos. Ou, ocasionalmente, penso em Kevin Costner tomando o controle da vida de Whitney Houston, enquanto ela canta ''I Will Always Love You''. A realidade é que, enquanto a maioria dos guarda-costas se encaixam nos estereótipos que mencionei acima, há um outro lado do trabalho que muitas pessoas não conhecem ou entendem. O documentário de Jaren Hayman (disponível no catálogo da Netflix) dá ao público uma visão real e pungente de uma das profissões mais arriscadas do mundo, quebrando a percepção estereotipada do que um guarda-costas é ou deveria ser. Apesar de um pouco preguiçoso na edição, vale a pena dar uma conferida neste documentário e aprender um pouco mais sobre os bastidores dos guarda-costas pessoais.
Não dava nada para esta comédia romântica holandesa mas acabei me surpreendendo positivamente. Embora seja muito previsível, é muito divertido acompanhar as histórias avulsas de seus personagens: os dois irmãos que acidentalmente encontram um DJ mundialmente famoso, o jovem que se apaixona por uma mulher de meia-idade insegura, a jovem garota dormindo com o marido da irmã, o astro do rock aposentado, etc. No geral, é uma galeria de personagens agradáveis que rende momentos deliciosos. Não espere uma atuação fantástica e belos diálogos aqui. ''Loving Ibiza'' é um filme de verão leve que vai agradar especialmente aqueles que procuram um passatempo ágil e despretensioso.
Filme leve, mágico, poético, inspirador e musicalmente divertido. Consegue trazer ótimas mensagens de ambientalismo, ativismo, tolerância e inclusão de uma forma lúdica. Esta pérola do cinema hindu (escondida no catálogo Netflix) merece ser conhecida por todos!
Kate Winslet sendo dirigida pelo icônico Woody Allen? Já me fisguei logo de cara! ''Roda Gigante'' é um filme denso, cuidadoso nos detalhes, bem estruturado, teatral e o retorno triunfante de Woody Allen, ainda envolto de muita polêmica envolvendo assédio sexual que, querendo ou não, ''ajudou'' a promover seu recente trabalho. Kate Winslet está absurdamente soberba interpretando uma mulher neurótica cheia de conflitos pessoais. Sua complexa Ginny é de se aplaudir de pé. Os monólogos poderosos de sua personagem são um espetáculo à parte. James Belushi também se destaca no elenco em uma atuação surpreendentemente dramática e potente. Justin Timberlake, por sua vez, não consegue esconder apatia diante das câmeras, entregando um personagem insosso ao lado de uma nada convincente Juno Temple. Para finalizar, merece destaque a fotografia de Vittorio Storaro, sendo uma das melhores parcerias artísticas do cineasta, nos presenteando com uma deslumbrante paleta de cores que ajuda não só contar a história mas também transmitir sentimentos de seus personagens.
Uma pérola escondida no catálogo Netflix que merece sua atenção. Reviravoltas mirabolantes e uma forma genial de contar a história fazem desse thriller hindu um grande achado. RECOMENDADÍSSIMO!
Que decepção hein, Sr. Victor! Jogou a mitologia do Jeepers Creepers no vaso sanitário com essa sequência EXCRETÁVEL! Podem enterrar a franquia e prender o diretor.
Frequentemente num elenco tão extenso e numa série de comédia familiar com muitas temporadas, as personalidades se perdem ao passar dos anos e as principais características de seus personagens acabam destoando dos anos anteriores. No entanto, o roteiro pueril de ''Full House'' e a dedicação dos atores conseguem manter as qualidades individuais de cada membro da ''equipe Tenner'' e como interagem um com o outro. Se nas temporadas anteriores vimos a evolução positiva dos personagens, nesta quinta são apresentadas as conquistas e jornada pessoal de cada um. Joey conseguiu um emprego de apresentador em um programa infantil, Jesse finalmente assina contrato com uma gravadora e grava um clipe, D.J consegue sua carteira de motorista e Becky deu à luz aos gêmeos Nicky e Alex. Novidades essas deram um novo alento à série, rendendo bons momentos, divertidas situações e episódios com um certo nível de maturidade, como o sensível ''The Volunteer'', que fala sobre os primeiros estágios da doença de Alzheimer. Apesar de um lampejo ou outro de criatividade, ''Full House'' ainda não aprendeu a lidar com o excesso de imaturidade, deixando um clima infantiloide pouco cativante na maioria dos episódios.
À medida que a série vai avançando em suas temporadas eu me sinto como se já fizesse parte da família Tanner. A gente vai se envolvendo tanto com os personagens de tal forma que cada episódio vai se tornando cada vez mais palpável ao enaltecer o conceito de “família”, tão propagado na série e em seus discursos moralistas. O casamento de Jess e Becky e o engraçado episódio ''Secret Admirer'' foram umas das melhores coisas dessa temporada.
Neste terceiro ano de ''Full House'' a série apresenta um bom processo de amadurecimento, não só do roteiro, mas também de seus personagens centrais. É uma experiência gostosa acompanhar o crescimento do trio de irmãs, rendendo bons episódios com alguns temas importantes no bojo da fase da pré-adolescência, como o difícil processo de adaptação a uma nova escola, bullying, o primeiro namorado, etc. Parece que é aqui nesta temporada que a série começa a engrenar, mantendo um bom ritmo apesar de algumas derrapadas que em nada compromete a diversão descompromissada da história.
Tão divertida e inocente quanto à primeira temporada, o segundo ano de ''Full House'' continua estruturalmente a mesma coisa, uma simplória continuação das aventuras da família Tanner e mais uma boa pitada de fofura e meiguice do adorável trio de irmãs. Impossível não torcer pelo casal Jesse e Rebecca que, apesar de todos clichês possíveis, contribui muito para que o espectador crie empatia pelos personagens, mantendo o romance e as confusões amorosas sempre palpáveis. A figura paterna representada por Danny, Jesse e Joey continua rendendo bons momentos e lições edificantes que se tornam uma via fecunda para uma eficiente discussão comportamental no núcleo familiar. Existe uma certa graça e prazer nostálgico em cada episódio mas ainda sim, convenhamos, a série não traz um roteiro enxuto e interpretações inspiradas nesta temporada, mas ainda sim é muito agradável e gostoso de assistir.
Sou imensamente grato pela Netflix ter disponibilizado todas as oito temporadas completas desta nostálgica série de comédia que foi sucesso absoluto nos anos 90. Responsável por lançar a carreira das famosas gêmeas Olsen, ''Full House'' (ou ''Três É Demais'', como é conhecida no Brasil) usa uma fórmula pueril e familiar para nos dar boas lições sobre amadurecimento, amizade e o que é certo e o errado. Foi um deleite relembrar da fofurice da pequena Michelle Tanner e das atuações mirins de Candace Cameron e da carismática Jodie Sweetin. Embora não tenhamos atuações brilhantes e maduras, cada ator consegue se encaixar perfeitamente em seu respectivo personagem. Desde Bob Saget interpretando o amoroso pai a coadjuvante Andrea Barber dando seu carisma a irônica e destrambelhada Kimmy Gibbler — que, para mim, apesar de pouquíssimas aparições nesta temporada, consegue ser uma das melhores e mais divertidas personagens. É claro que ''Full House'' não escapa de alguns furos e deslizes de continuidade, em uma época onde as séries de comédia familiar não tinham tanta popularidade na TV como nos dias de hoje, mas nada que estrague a diversão, sempre cumprindo o seu papel de entreter a família com piadas inofensivas e momentos edificantes. De uma pureza e doçura nostálgica sem igual, ''Full House'' merece uma boa revisitada.
Típica comédia ''Sessão da Tarde'' amparada em uma inofensiva premissa ''carpe diem'' e no frescor da juventude do astro Zac Efron. Previsível, cheio de personagens abobalhados e mensagens moralistas com doses cavalares de pieguice, o longa de Burr Steers tenta ''doutrinar'' o público adolescente nos moldes da cartilha hollywoodiana. Então não espere nada de novo na história de Mike O'Donnell, um homem em crise de meia idade que magicamente revive a adolescência para acertar contas com o destino. Neste remake da obra original de 1986, ''Jovem De Novo'', telefilme da Disney estrelado por Keanu Reeves em um de seus primeiros papéis (a qual, vale registrar, fiquei muito curioso para assistir!), a estrutura extremamente formulaica tenta disseminar um discurso moralizante e superficial ao mesmo tempo que encontra espaço para se tornar um veículo para a promoção de Efron. Promoção essa que só funciona melhor com o público-alvo adolescente da geração ''High School Musical'', a famosa série da Disney que alavancou a carreira do galã teen. A interpretação de Zac Efron aqui não é muito convincente, em nenhum momento o ator passa a sensação de que é um quarentão no corpo de um adolescente, perdendo a chance de entregar boas piadas com a rocambolesca situação. Matthew Perry, o eterno Chandler de ''Friends'', é ofuscado pela jovialidade e carisma de Efron, servindo apenas ao propósito de "escada" para a trama principal. É o personagem geek de Thomas Lennon que compensa a falta de momentos engraçados no filme. Suas piadas nerds e atualizadas com a cultura pop arrancam algumas boas risadas, como na cena onde Ned conversa com a diretora Jane Masterson em um idioma fictício criado pelo mestre da fantasia J.R.R. Tolkien (O Senhor Dos Anéis). Com roteiro assinado por Jason Filardi, o cineasta Burr Steers conduz esta comédia de forma leve e despretensiosa, e ainda sim, apesar de previsível e clichê, consegue oferecer um descompromissado passatempo, principalmente quando não se tem nada pra assistir numa tarde chuvosa de domingo. E se atente à trilha sonora bacana e aos créditos finais que trazem fotos dos integrantes do elenco e da equipe técnica quando tinham 17 anos.
Em um retorno glorioso, a mundialmente famosa série de apocalipse zumbi me proporcionou uma das experiências mais desconcertantes com o brutal ''The Day Will Come When You Won't Be''. TRAUMATIZADO é pouco para descrever o que eu senti ao assistir o imaculável episódio de estréia orquestrado pelo mestre Greg Nicotero. Depois de toda a tensão construída na asfixiante season finale da sexta temporada em torno da chegada do emblemático vilão Negan, o sétimo ano de “The Walking Dead” sanou a ansiedade dos fãs sedentos e já de cara proporcionou uma verdadeira explosão de emoções (e muito gore!). Tendo como grande trunfo o magnífico e extremamente repulsivo personagem vilanesco do até então pouco conhecido Jeffrey Dean Morgan, a sétima temporada desenvolve todo seu potencial logo no primeiro episódio, com uma quantidade acachapante de zelo e um primor técnico irrefutável. As expectativas foram muitíssimo bem correspondidas, entretanto, em um balanço geral, o inevitável ''efeito onda'' compromete o vigor narrativo da temporada. Apesar de entregar um dos melhores episódios já de início, a série segue adiante com arcos desinteressantes, focando em personagens de somenos relevância. A lentidão e perda de fôlego da temporada, por mais inteligível que seja, gerou um verdadeiro teste de paciência ao grande público, desperdiçando boa parte da trama com uma sucessão de episódios cheios de firulas. Além dos problemas previsíveis do percurso e algumas falhas de comando, a temporada precisa lidar com a inconsistência do roteiro. Há uma forte oscilação entre episódios sensacionais e episódios mornos que chega a ser profundamente frustrante. É justo dizer que cada capítulo carrega alguns detalhes positivos, seus altos e baixos não interferem negativamente no conjunto da obra. Dois episódios focados em personagens secundários (7x6: Swear, 7x11: Hostiles and Calamities), apesar de serem detestados pela grande maioria dos fãs, me renderam bons momentos e acrescentou muito para a trama. Tara e Eugene receberam os merecidos destaques nos eficientes episódios solos que no decorrer da série iremos descobrir sua importância na futura e tão esperada ''All Out War''. Eu senti falta dos ''walkers'' ainda serem o foco principal da série. Os dramas pessoais dos sobreviventes estão se repetindo cansativamente desde a última temporada, descambando para um tom novelesco interminável onde nossos queridos amigos zumbis, a ameaça principal que outrora era o empolgante carro-chefe do seriado, são usados cada vez menos para dar espaço para conflitos humanos enfadonhos e eventos cheio de rodeios. Voltando a elencar os pontos positivos da temporada, não podemos esquecer de citar a espetacular aula de atuação de Andrew Lincoln. Sua performance sempre me impressionou ao longo da série, principalmente devido à desconstrução psicológica de seu personagem, mas aqui o ator britânico se superou, entregando uma das sequências mais dramáticas e pungentes da série que certamente será difícil de esquecer. No mesmo patamar de atuação, a impecável Lauren Cohan carrega no olhar e nas expressões melancólicas um crível sentimento de fragilidade e abalo emocional em uma cena de despedida horrível de suportar. Existem muitos outros bons atores que ganharam espaço nesta temporada e é claro que não terei espaço para falar de todos, mas vale destacar a atuação de Josh McDermitt, Alanna Masterson e Austin Amelio. Foi lindo de ver a tigresa Shiva salvando a vida de Carl no último episódio, de ver o imprevisível, sarcástico e sádico Negan nos deixando desconfortável quando entra em cena acompanhado de seu bastão, de ver até mesmo o poético episódio de sacrifício de Sasha. Esses dentre outros tantos bons momentos salvam a série de se afundar completamente na lama, mas ainda sim a temporada vai na "contramão" do esperado pela legião de fãs, carentes de um arco dinâmico, flanando diante de uma trama cheia de enrolação, furos de roteiro e forçação de barra.
O mistério acerca do Capitão Amagai Shuusuke no primeiro episódio e a conspiração envolvendo a jovem princesa Lurichiyo Kasumiōji me devolveu o fôlego para continuar com entusiasmo a acompanhar o anime. Esta temporada filler traz uma reviravolta fantástica, me lembrou muito a ótima saga da Soul Society, entregando um eficiente começo, meio e fim, ao contrário de alguns arcos desinteressantes da linha oficial do anime que insiste em enrolar o espectador. Nesta saga-filler somos presenteados com vilões bem construídos, divertidos combates na Soul Society e planos sendo arquitetados de forma instigante. O arco da Conspiração Kasumiōji tem sim alguns escorregões e momentos entediantes, mas no fim, foi mais gostoso ver esta saga do que o filler dos Bounts.
Uma boa saga que faz jus ao título ''A Luta Feroz'', mas o excesso de explicações e personagens me incomodou bastante. Aliás, o grande defeito desta temporada se encontra justamente nos excessos, deixando a trama carente de novidades e dinamismo. Ao entrarem no palácio ''Las Noches'', o QG do vilão Sousuke Aizen, a jornada de Ichigo e seus amigos rende algumas lutas divertidas, algumas maçantes demais, mas as intermináveis horas de combate me fizeram torcer para que o fim da saga chegasse logo. Como alívio cômico, os estranhos personagens Pesche e DondoChakka, ao lado da tagarela Nel Tu, criam os momentos mais divertidos do anime. Cada fala desses personagens é uma piada que consegue compensar os momentos de tédio. Embora alguns vilões sejam bem construídos e interessantes, como o necrupuloso Ulquiorra, a trama desta saga é arrastada e os acontecimentos se desenrolam de forma lenta e desinteressante.
Conhecido por seus filmes ''cabeça'', cheios de camadas, plot twists surpreendentes e ideias mirabolantes que aproximam temas fantásticos ao mundo real de maneira inesperada, o diretor M. Night Shyamalan triunfa em seu retorno com o soberbo thriller psicológico ''Fragmentado''. Amparado em uma interpretação desafiadora e eficiente de um multifacetado e extraordinário James McAvoy, o cineasta indiano não mede esforços para imergir o espectador em uma trama envolvente e cheia de potencial, técnico e visual, que cativa na maior parte do tempo. Sendo um apreciador de uma boa trilha sonora e estudante de design gráfico entusiasta por tipografia, confesso que fiquei deslumbrado logo de cara com o crédito de abertura, com a tipografia em caixa alta formando o título do filme acompanhado de uma trilha sonora inquietante e entrecortada que diz muito sobre o que estamos prestes a presenciar. James McAvoy, um ator que até então não dava muita atenção, entrega uma atuação fantástica, digna de Oscar, e sem sombra de dúvidas, ''Fragmentado'' seria um filme menor e menos impactante se não fosse sua impressionante dedicação. Quem também brilha em cena é Anya Taylor-Joy. A atriz de beleza hipnótica e olhar profundo já havia demonstrado um bom desempenho no maravilhoso ''A Bruxa'' e aqui ao lado de McAvoy e duas excelentes coadjuvantes (Haley Lu Richardson e Jessica Sula) carrega o filme com firmeza absoluta, já que está presente em praticamente todas as cenas que exigem expressividade e tensão, compondo uma interessante personagem de personalidade forte e eloquente. Mas como nem tudo são flores, Shyamalan perde a mão em vários trechos, principalmente nas incabíveis mancadas no enredo. Não consegui engolir a forma desinteressante e banal como a personagem de Betty Buckley tenta derrotar o vilão e as várias oportunidades desperdiçadas da protagonista para escapar da terrível situação. Enfim, apesar de seus inúmeros pontos positivos e a gloriosa volta por cima do cineasta indiano, o filme não escapa de deixar alguns deslizes aqui e ali, e uma resolução capenga que beira o risível, infelizmente.
O psicologicamente pesado ''Vergonha'' foi o meu primeiro contato e primeiro filme a chamar minha atenção para a filmografia de Ingmar Bergman. Não é à toa o adjetivo ''gênio'' quando se refere ao cineasta sueco, considerado um dos mais influentes do cinema europeu. Esta - uma das menos famosas - obra de Bergman é de uma profundidade dramática ímpar, que tortura tanto o casal Jan e Eva Rosenberg (atuações arrebatadoras de Max von Sydow e Liv Ullman) como o espectador que testemunha um poderoso ensaio existencialista de mérito artístico inquestionável. Sem a intenção de ser um filme histórico tampouco um discurso anti-guerra, ''Vergonha'' é uma obra extremamente humana que usa uma fictícia guerra civil como pano de fundo para desestabilizar o amor entre os personagens bens construídos de Bergman. É uma experiência dilacerante acompanhar a relação entre Jan e Eva se desmantelando em meio à tanta ''vergonha'' provocada pela guerra. A ruína física e psicológica dos personagens é desenvolvida de maneira cirúrgica, bem talhada pelas mãos hábeis de Bergman que utiliza-se de close-up de sua musa Liv Ullmann para ilustrar o efeito de desalento e pavor frente a um terrível período bélico e de intensos conflitos íntimos. O primeiro ato é monótono e até um pouco confuso, mas sua narrativa vai se desenvolvendo de forma lancinante, abrindo espaço para boas cenas dramáticas e performances fortes e avassaladoras da dupla Liv e Max. ''Vergonha'' é uma verdadeira jornada ao estudo bergmaniano sobre a degradação da natureza humana. Belíssima obra-prima que reafirma a genialidade do sueco.
Um discurso comunista dá o tom ao profundo e inteligente drama de Peter Weir. Adaptado do romance de Paul Theroux, ''A Costa do Mosquito'' compõe um extraordinário painel da inconformidade humana perante a sociedade de consumo e mediocridade. O cansaço e obstinação do ótimo e intransigentemente odioso personagem de Harrison Ford inscreve na tela o descontentamento, insubmissão e resistência ao funcionamento contínuo do capitalismo americano. O desapego extremo e doentio a civilização traduzido pela atuação notável de Ford consegue imergir o espectador na agonizante busca da família Fox pelo ''eldorado'', sofrendo percalços mas sempre em constante movimento e trazendo uma eficiente e atemporal crítica social. Destaque para a melancólica performance de River Phoenix (considerado um dos atores mais promissores de sua geração que anos mais tarde veio a falecer de forma precoce) dominando a narrativa de maneira poética e fascinante. Helen Mirren, responsável por uma atuação sutil, exprime perfeitamente bem o sentimento de conformidade e submissão perante as atitudes megalomaníacas do marido e num certo momento acaba explodindo ao sentir na pele o quão mortíferos são os atos imprudentes de Allie. Os coadjuvantes Andre Gregory e Martha Plimpton tem papéis menores, mas contribuem de maneira eficaz para o desenvolvimento da trama. A inóspita locação do longa (filmado em Belize) confere um certo sentimento opressor que cerca o utópico individualismo social tão almejado pelo protagonista, conduzindo os personagens a mais dolorosas provações. Uma obra subestimada do competentíssimo Peter Weir que merece uma boa revisada por manter sua crítica social tão atual e persistente.
Depois do excelente e premiadíssimo ''Que Horas Ela Volta?'', a cineasta Anna Muylaert me surpreende mais uma vez com seu impactante ''Mãe Só Há Uma'', discutindo com muita sensibilidade a pluralidade sexual, rótulos, identidade de gênero e relações familiares. Tendo como pano de fundo o famoso caso de sequestro do garoto Pedrinho, o drama de Muylaert chama verdadeiramente atenção por tratar de questões urgentes e delicadas de forma natural e pungente. O estreante Naomi Nero demonstra em vários momentos ser um ator de talento e empresta com competência a densidade psicológica exigida pelo personagem, comprovando que foi uma ótima escolha para o papel do adolescente cheio de dilemas e indefinições. Outro estreante notável é o jovem Daniel Botelho, protagonizando de forma espontânea uma bela cena onde seu personagem Joca conversa banalmente no celular com uma amiga. Fiquei absolutamente maravilhado com a naturalidade presente nesta cena e diz muito o quão brilhante é a capacidade da cineasta extrair toda a essência de seus atores. Mas o verdadeiro triunfo da produção é a atriz Daniela Nefussi, pregando uma peça no espectador ao interpretar magistralmente o papel das duas mães em uma sacada genial que dá todo sentido ao criativo título do filme. Outro destaque no elenco é Matheus Nachtergaele (ótimo como sempre!), personificando a sociedade conservadora (o chamado grupo ''coxinha'') ao dar vida ao pai retrógrado do protagonista. Talvez, minha única ressalva, seja a curtíssima duração do filme, contando com um desfecho abrupto que frustra todos aqueles que também esperavam mais momentos destes maravilhosos personagens de Muylaert. No fim das contas, "Mãe Só Há Uma'' entrega lindamente um drama familiar de qualidade, um verdadeiro relicário de nosso cinema. Merece nossos aplausos.
Encabeçado por um time feminino de primeira, ''Perfeita é a Mãe!'' é uma daquelas comédias que vem a calhar quando não se tem absolutamente nada para fazer. A história ágil e desbocada sobre um grupo de mães ''porra-loucas'' estrelado pela gatíssima Mila Kunis se resume a uma sucessão de boas tiradas cômicas e situações pra lá de hilárias, principalmente quando entra em cena a divertida e depravada Carla. Há um entrosamento entre o trio de amigas que deixa a comédia prazerosa de se assistir. Entretanto, as personagens caem em estereótipos e levantam a bandeira do empoderamento feminino de forma depreciativa, descambando para um tom cômico inadequado. Mesmo com esse e outros deslizes, diversas discussões relevantes permeiam parte da narrativa, como o quão difícil é ser uma mãe ''perfeita'' nos dias de hoje com toda pressão e intempéries que afetam o âmbito familiar. Vale muito mais como passatempo descompromissado, como comédia adulta divertida (e esquecível), mas é pouco, se contarmos a riqueza de seu material que, infelizmente, não foi bem aproveitado.
O adjetivo “ruim” é pouco para descrever esta tentativa fracassada de filme adolescente estilo high school. Só não abandonei o longa pela metade porque sou um cinéfilo perseverante, mas confesso que foram 80 minutos de muito sofrimento com tantos elementos ineficázes espalhados em praticamente todas as cenas. O que encontramos em ''Chatterbox'' (ou traduzindo para o horrível título ''Tagarela'') é um misto de atuações sofríveis e uma história romântica pra lá de cafona. Um elenco recheado de atores desconhecidos (que precisam urgente de uma rinoplastia!) entrega uma performance tão antipática e vazia que é inevitável não causar uma certa rejeição logo de cara. Se você é exigente (ou um adolescente provido cérebro!) e gosta de títulos que tenham conteúdo, passe bem longe desta bomba de Jane Lawalata.
O espectador fica de olhos cheios ao se deparar com esta produção criativa do argentino Juan Solanas. ''Mundos Opostos'' oferece uma história de amor que encanta não só pelo visual deslumbrante como também na originalidade de sua proposta, contando com cenas bem criativas, um enredo envolvente e um talentoso elenco. A ideia dos planetas com forças gravitacionais opostas é deveras interessante para os fãs de ficção científica, mas a trama se perde em superficialismo ao passar muito tempo focando no romance proibido dos protagonistas Adam (Jim Sturgess) e Eden (Kirsten Dunst). Em determinado momento o roteiro esmaga alguns pontos importantes da trama e nos deixa sem algumas explicações, destoando boa parte da narrativa. Apesar de alguns tropeços, o longa acaba sendo compensado pela estética apaixonante e pela abordagem, trazendo boas metáforas e simbolismos para ilustrar diferença entre classes sociais.
Um bom filme de terror que tenta flertar com comédia precisa, antes de tudo, apavorar e fazer rir. E este não cumpre a missão, apesar de alguns resquícios de potencial. ''O Espírito de Goodnight Lane'' possui méritos pelo menos por não exagerar nos clichês fantasmagóricos e não abusar tanto de fórmulas batidas para gerar sustos. Entretanto, o filme do diretor Alin Bijan é prejudicado pelos contratempos habituais do cinema de baixo orçamento e pelo elenco inconsistente, encabeçado por um Billy Zane canastrão e coadjuvantes inexpressivos. O que torna o terror minimamente interessante (e assistível) é a menção ao conhecido psicopata Charles Manson e a metalinguagem envolvendo o mundo cinematográfico. Outra característica positiva da produção é a rapidez com que tudo acontece na trama. As manifestações sobrenaturais não demoram a aparecer e não cansa o espectador como muitos filmes do gênero insistem em fazer. De resto, o terror de Alin Bijan não chega a ser uma obra-prima mas não chega a ser um apocalipse. Vale a conferida.
Bodyguards: Secret Lives From The Watchtower
2.8 1Quando você pensa na palavra
''guarda-costas'', o que vem à sua mente? Para mim, são caras grandes e musculosos com uma carranca em seus rostos que protegem celebridades e políticos. Ou, ocasionalmente, penso em Kevin Costner tomando o controle da vida de Whitney Houston, enquanto ela canta ''I Will Always Love You''.
A realidade é que, enquanto a maioria dos guarda-costas se encaixam nos estereótipos que mencionei acima, há um outro lado do trabalho que muitas pessoas não conhecem ou entendem. O documentário de Jaren Hayman (disponível no catálogo da Netflix) dá ao público uma visão real e pungente de uma das profissões mais arriscadas do mundo, quebrando a percepção estereotipada do que um guarda-costas é ou deveria ser.
Apesar de um pouco preguiçoso na edição, vale a pena dar uma conferida neste documentário e aprender um pouco mais sobre os bastidores dos guarda-costas pessoais.
Loving Ibiza
3.1 4 Assista AgoraNão dava nada para esta comédia romântica holandesa mas acabei me surpreendendo positivamente.
Embora seja muito previsível, é muito divertido acompanhar as histórias avulsas de seus personagens: os dois irmãos que acidentalmente encontram um DJ mundialmente famoso, o jovem que se apaixona por uma mulher de meia-idade insegura, a jovem garota dormindo com o marido da irmã, o astro do rock aposentado, etc. No geral, é uma galeria de personagens agradáveis que rende momentos deliciosos.
Não espere uma atuação fantástica e belos diálogos aqui. ''Loving Ibiza'' é um filme de verão leve que vai agradar especialmente aqueles que procuram um passatempo ágil e despretensioso.
The Wishing Tree
3.2 1Filme leve, mágico, poético, inspirador e musicalmente divertido. Consegue trazer ótimas mensagens de ambientalismo, ativismo, tolerância e inclusão de uma forma lúdica.
Esta pérola do cinema hindu (escondida no catálogo Netflix) merece ser conhecida por todos!
The Secrets of Emily Blair
1.6 17Mais um pra lista dos piores filmes sobre possessão demoníaca presentes no catálogo da Netflix. Um verdadeiro porre!
Roda Gigante
3.3 309Kate Winslet sendo dirigida pelo icônico Woody Allen? Já me fisguei logo de cara!
''Roda Gigante'' é um filme denso, cuidadoso nos detalhes, bem estruturado, teatral e o retorno triunfante de Woody Allen, ainda envolto de muita polêmica envolvendo assédio sexual que, querendo ou não, ''ajudou'' a promover seu recente trabalho.
Kate Winslet está absurdamente soberba interpretando uma mulher neurótica cheia de conflitos pessoais. Sua complexa Ginny é de se aplaudir de pé. Os monólogos poderosos de sua personagem são um espetáculo à parte.
James Belushi também se destaca no elenco em uma atuação surpreendentemente dramática e potente.
Justin Timberlake, por sua vez, não consegue esconder apatia diante das câmeras, entregando um personagem insosso ao lado de uma nada convincente Juno Temple.
Para finalizar, merece destaque a fotografia de Vittorio Storaro, sendo uma das melhores parcerias artísticas do cineasta, nos presenteando com uma deslumbrante paleta de cores que ajuda não só contar a história mas também transmitir sentimentos de seus personagens.
Moh Maya Money
3.3 2Uma pérola escondida no catálogo Netflix que merece sua atenção. Reviravoltas mirabolantes e uma forma genial de contar a história fazem desse thriller hindu um grande achado. RECOMENDADÍSSIMO!
Olhos Famintos 3
1.4 956 Assista AgoraQue decepção hein, Sr. Victor! Jogou a mitologia do Jeepers Creepers no vaso sanitário com essa sequência EXCRETÁVEL!
Podem enterrar a franquia e prender o diretor.
Três é Demais (5ª Temporada)
4.1 19Frequentemente num elenco tão extenso e numa série de comédia familiar com muitas temporadas, as personalidades se perdem ao passar dos anos e as principais características de seus personagens acabam destoando dos anos anteriores.
No entanto, o roteiro pueril de ''Full House'' e a dedicação dos atores conseguem manter as qualidades individuais de cada membro da ''equipe Tenner'' e como interagem um com o outro.
Se nas temporadas anteriores vimos a evolução positiva dos personagens, nesta quinta são apresentadas as conquistas e jornada pessoal de cada um.
Joey conseguiu um emprego de apresentador em um programa infantil, Jesse finalmente assina contrato com uma gravadora e grava um clipe, D.J consegue sua carteira de motorista e Becky deu à luz aos gêmeos Nicky e Alex.
Novidades essas deram um novo alento à série, rendendo bons momentos, divertidas situações e episódios com um certo nível de maturidade, como o sensível ''The Volunteer'', que fala sobre os primeiros estágios da doença de Alzheimer.
Apesar de um lampejo ou outro de criatividade, ''Full House'' ainda não aprendeu a lidar com o excesso de imaturidade, deixando um clima infantiloide pouco cativante na maioria dos episódios.
Três é Demais (4ª Temporada)
4.1 42À medida que a série vai avançando em suas temporadas eu me sinto como se já fizesse parte da família Tanner.
A gente vai se envolvendo tanto com os personagens de tal forma que cada episódio vai se tornando cada vez mais palpável ao enaltecer o conceito de “família”, tão propagado na série e em seus discursos moralistas.
O casamento de Jess e Becky e o engraçado episódio ''Secret Admirer'' foram umas das melhores coisas dessa temporada.
Três é Demais (3ª Temporada)
4.2 48Neste terceiro ano de ''Full House'' a série apresenta um bom processo de amadurecimento, não só do roteiro, mas também de seus personagens centrais.
É uma experiência gostosa acompanhar o crescimento do trio de irmãs, rendendo bons episódios com alguns temas importantes no bojo da fase da pré-adolescência, como o difícil processo de adaptação a uma nova escola, bullying, o primeiro namorado, etc.
Parece que é aqui nesta temporada que a série começa a engrenar, mantendo um bom ritmo apesar de algumas derrapadas que em nada compromete a diversão descompromissada da história.
Três é Demais (2ª Temporada)
4.1 55Tão divertida e inocente quanto à primeira temporada, o segundo ano de ''Full House'' continua estruturalmente a mesma coisa, uma simplória continuação das aventuras da família Tanner e mais uma boa pitada de fofura e meiguice do adorável trio de irmãs.
Impossível não torcer pelo casal
Jesse e Rebecca que, apesar de todos clichês possíveis, contribui muito para que o espectador crie empatia pelos personagens, mantendo o romance e as confusões amorosas sempre palpáveis.
A figura paterna representada por Danny, Jesse e Joey continua rendendo bons momentos e lições edificantes que se tornam uma via fecunda para uma eficiente discussão comportamental no núcleo familiar.
Existe uma certa graça e prazer nostálgico em cada episódio mas ainda sim, convenhamos, a série não traz um roteiro enxuto e interpretações inspiradas nesta temporada, mas ainda sim é muito agradável e gostoso de assistir.
Três é Demais (1ª Temporada)
4.1 205Sou imensamente grato pela Netflix ter disponibilizado todas as oito temporadas completas desta nostálgica série de comédia que foi sucesso absoluto nos anos 90.
Responsável por lançar a carreira das famosas gêmeas Olsen, ''Full House'' (ou ''Três É Demais'', como é conhecida no Brasil) usa uma fórmula pueril e familiar para nos dar boas lições sobre amadurecimento, amizade e o que é certo e o errado.
Foi um deleite relembrar da fofurice da pequena Michelle Tanner e das atuações mirins de
Candace Cameron e da carismática Jodie Sweetin.
Embora não tenhamos atuações brilhantes e maduras, cada ator consegue se encaixar perfeitamente em seu respectivo personagem. Desde Bob Saget interpretando o amoroso pai a coadjuvante Andrea Barber dando seu carisma a irônica e destrambelhada Kimmy Gibbler — que, para mim, apesar de pouquíssimas aparições nesta temporada, consegue ser uma das melhores e mais divertidas personagens.
É claro que ''Full House'' não escapa de alguns furos e deslizes de continuidade, em uma época onde as séries de comédia familiar não tinham tanta popularidade na TV como nos dias de hoje, mas nada que estrague a diversão, sempre cumprindo o seu papel de entreter a família com piadas inofensivas e momentos edificantes.
De uma pureza e doçura nostálgica sem igual, ''Full House'' merece uma boa revisitada.
17 Outra Vez
3.1 1,1K Assista AgoraTípica comédia ''Sessão da Tarde'' amparada em uma inofensiva premissa ''carpe diem'' e no frescor da juventude do astro Zac Efron.
Previsível, cheio de personagens abobalhados e mensagens moralistas com doses cavalares de pieguice, o longa de Burr Steers tenta ''doutrinar'' o público adolescente nos moldes da cartilha hollywoodiana. Então não espere nada de novo na história de Mike O'Donnell, um homem em crise de meia idade que magicamente revive a adolescência para acertar contas com o destino.
Neste remake da obra original de 1986, ''Jovem De Novo'', telefilme da Disney estrelado por Keanu Reeves em um de seus primeiros papéis (a qual, vale registrar, fiquei muito curioso para assistir!), a estrutura extremamente formulaica tenta disseminar um discurso moralizante e superficial ao mesmo tempo que encontra espaço para se tornar um veículo para a promoção de Efron.
Promoção essa que só funciona melhor com o público-alvo adolescente da geração ''High School Musical'', a famosa série da Disney que alavancou a carreira do galã teen.
A interpretação de Zac Efron aqui não é muito convincente, em nenhum momento o ator passa a sensação de que é um quarentão no corpo de um adolescente, perdendo a chance de entregar boas piadas com a rocambolesca situação.
Matthew Perry, o eterno Chandler de ''Friends'', é ofuscado pela jovialidade e carisma de Efron, servindo apenas ao propósito de "escada" para a trama principal.
É o personagem geek de Thomas Lennon que compensa a falta de momentos engraçados no filme. Suas piadas nerds e atualizadas com a cultura pop arrancam algumas boas risadas, como na cena onde Ned conversa com a diretora Jane Masterson em um idioma fictício criado pelo mestre da fantasia J.R.R. Tolkien (O Senhor Dos Anéis).
Com roteiro assinado por Jason Filardi, o cineasta Burr Steers conduz esta comédia de forma leve e despretensiosa, e ainda sim, apesar de previsível e clichê, consegue oferecer um descompromissado passatempo, principalmente quando não se tem nada pra assistir numa tarde chuvosa de domingo.
E se atente à trilha sonora bacana e aos créditos finais que trazem fotos dos integrantes do elenco e da equipe técnica quando tinham 17 anos.
The Walking Dead (7ª Temporada)
3.6 918 Assista AgoraEm um retorno glorioso, a mundialmente famosa série de apocalipse zumbi me proporcionou uma das experiências mais desconcertantes com o brutal ''The Day Will Come When You Won't Be''.
TRAUMATIZADO é pouco
para descrever o que eu senti ao assistir o imaculável episódio de estréia orquestrado pelo mestre Greg Nicotero.
Depois de toda a tensão construída na asfixiante season finale da sexta temporada em torno da chegada do emblemático vilão Negan, o sétimo ano de “The Walking Dead” sanou a ansiedade dos fãs sedentos e já de cara proporcionou uma verdadeira explosão de emoções (e muito gore!).
Tendo como grande trunfo o magnífico e extremamente repulsivo personagem vilanesco do até então pouco conhecido Jeffrey Dean Morgan, a sétima temporada desenvolve todo seu potencial logo no primeiro episódio, com uma quantidade acachapante de zelo e um primor técnico irrefutável.
As expectativas foram muitíssimo bem correspondidas, entretanto, em um balanço geral, o inevitável ''efeito onda'' compromete o vigor narrativo da temporada. Apesar de entregar um dos melhores episódios já de início, a série segue adiante com arcos desinteressantes, focando em personagens de somenos relevância.
A lentidão e perda de fôlego da temporada, por mais inteligível
que seja, gerou um verdadeiro teste de paciência ao grande público, desperdiçando boa parte da trama com uma sucessão de episódios cheios de firulas.
Além dos problemas previsíveis do percurso e algumas falhas de comando, a temporada precisa lidar com a inconsistência do roteiro. Há uma forte oscilação entre episódios sensacionais e episódios mornos que chega a ser profundamente frustrante.
É justo dizer que cada capítulo carrega alguns detalhes positivos, seus altos e baixos não interferem negativamente no conjunto da obra.
Dois episódios focados em personagens secundários (7x6: Swear, 7x11: Hostiles and Calamities), apesar de serem detestados pela grande maioria dos fãs, me renderam bons momentos e acrescentou muito para a trama.
Tara e Eugene receberam os merecidos destaques nos eficientes episódios solos que no decorrer da série iremos descobrir sua importância na futura e tão esperada ''All Out War''.
Eu senti falta dos ''walkers'' ainda serem o foco principal da série.
Os dramas pessoais dos sobreviventes estão se repetindo cansativamente desde a última temporada, descambando para um tom novelesco interminável onde nossos queridos amigos zumbis, a ameaça principal que outrora era o empolgante
carro-chefe do seriado, são usados cada vez menos para dar espaço para conflitos humanos enfadonhos e eventos cheio de rodeios.
Voltando a elencar os pontos positivos da temporada, não podemos esquecer de citar a espetacular aula de atuação de Andrew Lincoln.
Sua performance sempre me impressionou ao longo da série, principalmente devido à desconstrução psicológica de seu personagem,
mas aqui o ator britânico se superou, entregando uma das sequências mais dramáticas e pungentes da série que certamente será difícil de esquecer.
No mesmo patamar de atuação, a impecável Lauren Cohan carrega no olhar e nas expressões melancólicas um crível sentimento de fragilidade e abalo emocional em uma cena de despedida horrível de suportar.
Existem muitos outros bons atores que ganharam espaço nesta temporada e é claro que não terei espaço para falar de todos, mas vale destacar a atuação de Josh McDermitt, Alanna Masterson e Austin Amelio.
Foi lindo de ver a tigresa Shiva salvando a vida de Carl no último episódio, de ver o imprevisível, sarcástico e sádico Negan nos deixando desconfortável quando entra em cena acompanhado de seu bastão, de ver até mesmo o poético episódio de sacrifício de Sasha. Esses dentre outros tantos bons momentos salvam a série de se afundar completamente na lama, mas ainda sim a temporada vai na "contramão" do esperado pela legião de fãs, carentes de um arco dinâmico, flanando diante de uma trama cheia de enrolação, furos de roteiro e forçação de barra.
Bleach (9ª Temporada)
3.8 13O mistério acerca do Capitão Amagai Shuusuke no primeiro episódio e a conspiração envolvendo a jovem princesa Lurichiyo Kasumiōji me devolveu o fôlego para continuar com entusiasmo a acompanhar o anime. Esta temporada filler traz uma reviravolta fantástica, me lembrou muito a ótima saga da Soul Society, entregando um eficiente começo, meio e fim, ao contrário de alguns arcos desinteressantes da linha oficial do anime que insiste em enrolar o espectador.
Nesta saga-filler somos presenteados com vilões bem construídos, divertidos combates na Soul Society e planos sendo arquitetados de forma instigante.
O arco da Conspiração Kasumiōji tem sim alguns escorregões e momentos entediantes, mas no fim, foi mais gostoso ver esta saga do que o filler dos Bounts.
Bleach (8ª Temporada)
4.3 13Uma boa saga que faz jus ao título ''A Luta Feroz'', mas o excesso de explicações e personagens me incomodou bastante.
Aliás, o grande defeito desta temporada se encontra justamente nos excessos, deixando a trama carente de novidades e dinamismo.
Ao entrarem no palácio ''Las Noches'', o QG do vilão Sousuke Aizen, a jornada de Ichigo e seus amigos rende algumas lutas divertidas, algumas maçantes demais, mas as intermináveis horas de combate me fizeram torcer para que o fim da saga chegasse logo.
Como alívio cômico, os estranhos personagens Pesche e DondoChakka, ao lado da tagarela Nel Tu, criam os momentos mais divertidos do anime. Cada fala desses personagens é uma piada que consegue compensar os momentos de tédio.
Embora alguns vilões sejam bem construídos e interessantes, como o necrupuloso Ulquiorra, a trama desta saga é arrastada e os acontecimentos se desenrolam de forma lenta e desinteressante.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraConhecido por seus filmes ''cabeça'', cheios de camadas, plot twists surpreendentes e ideias mirabolantes que aproximam temas fantásticos ao mundo real de maneira inesperada, o diretor M. Night Shyamalan triunfa em seu retorno com o soberbo thriller psicológico ''Fragmentado''.
Amparado em uma interpretação desafiadora e eficiente de um multifacetado e extraordinário James McAvoy, o cineasta indiano não mede esforços para imergir o espectador em uma trama envolvente e cheia de potencial, técnico e visual, que cativa na maior parte do tempo.
Sendo um apreciador de uma boa trilha sonora e estudante de design gráfico entusiasta por tipografia, confesso que fiquei deslumbrado logo de cara com o crédito de abertura, com a tipografia em caixa alta formando o título do filme acompanhado de uma trilha sonora inquietante e entrecortada que diz muito sobre o que estamos prestes a presenciar.
James McAvoy, um ator que até então não dava muita atenção, entrega uma atuação fantástica, digna de Oscar, e sem sombra de dúvidas, ''Fragmentado'' seria um filme menor e menos impactante se não fosse sua impressionante dedicação.
Quem também brilha em cena é Anya Taylor-Joy. A atriz de beleza hipnótica e olhar profundo já havia demonstrado um bom desempenho no maravilhoso ''A Bruxa'' e aqui ao lado de McAvoy e duas excelentes coadjuvantes (Haley Lu Richardson e Jessica Sula)
carrega o filme com firmeza absoluta, já que está presente em praticamente todas as cenas que exigem expressividade e tensão, compondo uma interessante personagem de personalidade forte e eloquente.
Mas como nem tudo são flores, Shyamalan perde a mão em vários trechos, principalmente nas incabíveis mancadas no enredo.
Não consegui engolir a forma desinteressante e banal como a personagem de Betty Buckley tenta derrotar o vilão e as várias oportunidades desperdiçadas da protagonista para escapar da terrível situação.
Enfim, apesar de seus inúmeros pontos positivos e a gloriosa volta por cima do cineasta indiano, o filme não escapa de deixar alguns deslizes aqui e ali, e uma resolução capenga que beira o risível, infelizmente.
Vergonha
4.3 118O psicologicamente pesado ''Vergonha'' foi o meu primeiro contato e primeiro filme a chamar minha atenção para a filmografia de Ingmar Bergman. Não é à toa o adjetivo ''gênio'' quando se refere ao cineasta sueco, considerado um dos mais influentes do cinema europeu.
Esta - uma das menos famosas - obra de Bergman é de uma profundidade dramática ímpar, que tortura tanto o casal Jan e Eva Rosenberg (atuações arrebatadoras de Max von Sydow e Liv Ullman) como o espectador que testemunha um poderoso ensaio existencialista de mérito artístico inquestionável.
Sem a intenção de ser um filme histórico tampouco um discurso anti-guerra, ''Vergonha'' é uma obra extremamente humana que usa uma fictícia guerra civil como pano de fundo para desestabilizar o amor entre os personagens bens construídos de Bergman.
É uma experiência dilacerante acompanhar a relação entre Jan e Eva se desmantelando em meio à tanta ''vergonha'' provocada pela guerra.
A ruína física e psicológica dos personagens é desenvolvida de maneira cirúrgica, bem talhada pelas mãos hábeis de Bergman que utiliza-se de close-up de sua musa Liv Ullmann para ilustrar o efeito de desalento e pavor frente a um terrível período bélico e de intensos conflitos íntimos.
O primeiro ato é monótono e até um pouco confuso, mas sua narrativa vai se desenvolvendo de forma lancinante, abrindo espaço para boas cenas dramáticas e performances fortes e avassaladoras da dupla Liv e Max.
''Vergonha'' é uma verdadeira jornada ao estudo bergmaniano sobre a degradação da natureza humana. Belíssima obra-prima que reafirma a genialidade do sueco.
A Costa do Mosquito
3.3 57 Assista AgoraUm discurso comunista dá o tom ao profundo e inteligente drama de Peter Weir. Adaptado do romance de Paul Theroux, ''A Costa do Mosquito'' compõe um extraordinário painel da inconformidade humana perante a sociedade de consumo e mediocridade.
O cansaço e obstinação do ótimo e intransigentemente odioso personagem de Harrison Ford
inscreve na tela o descontentamento, insubmissão e resistência ao funcionamento contínuo do capitalismo americano.
O desapego extremo e doentio a civilização traduzido pela atuação notável de Ford consegue imergir o espectador na agonizante busca da família Fox pelo ''eldorado'', sofrendo percalços mas sempre em constante movimento e trazendo uma eficiente e atemporal crítica social.
Destaque para a melancólica performance de River Phoenix (considerado um dos atores mais promissores de sua geração que anos mais tarde veio a falecer de forma precoce) dominando a narrativa de maneira poética e fascinante.
Helen Mirren, responsável por uma atuação sutil, exprime perfeitamente bem o sentimento de conformidade e submissão perante as atitudes megalomaníacas do marido e num certo momento acaba explodindo ao sentir na pele o quão mortíferos são os atos imprudentes de Allie.
Os coadjuvantes Andre Gregory e Martha Plimpton
tem papéis menores, mas contribuem de maneira eficaz para o desenvolvimento da trama.
A inóspita locação do longa (filmado em Belize) confere um certo sentimento opressor que cerca o utópico individualismo social tão almejado pelo protagonista, conduzindo os personagens a mais dolorosas provações.
Uma obra subestimada do
competentíssimo Peter Weir que merece uma boa revisada por manter sua crítica social tão atual e persistente.
Mãe Só Há Uma
3.5 408 Assista AgoraDepois do excelente e premiadíssimo ''Que Horas Ela Volta?'', a cineasta Anna Muylaert me surpreende mais uma vez com seu impactante ''Mãe Só Há Uma'', discutindo com muita sensibilidade a pluralidade sexual, rótulos, identidade de gênero e relações familiares.
Tendo como pano de fundo o famoso caso de sequestro do garoto Pedrinho, o drama de Muylaert chama verdadeiramente atenção por tratar de questões urgentes e delicadas de forma natural e pungente.
O estreante Naomi Nero demonstra em vários momentos ser um ator de talento e empresta com competência a densidade psicológica exigida pelo personagem, comprovando que foi uma ótima escolha para o papel do adolescente cheio de dilemas e indefinições.
Outro estreante notável é o jovem Daniel Botelho, protagonizando de forma espontânea uma bela cena onde seu personagem Joca conversa banalmente no celular com uma amiga. Fiquei absolutamente maravilhado com a naturalidade presente nesta cena e diz muito o quão brilhante é a capacidade da cineasta extrair toda a essência de seus atores.
Mas o verdadeiro triunfo da produção é a atriz Daniela Nefussi, pregando uma peça no espectador ao interpretar magistralmente o papel das duas mães em uma sacada genial que dá todo sentido ao criativo título do filme.
Outro destaque no elenco é Matheus Nachtergaele (ótimo como sempre!), personificando a sociedade conservadora (o chamado grupo ''coxinha'') ao dar vida ao pai retrógrado do protagonista.
Talvez, minha única ressalva, seja a curtíssima duração do filme, contando com um desfecho abrupto que frustra todos aqueles que também esperavam mais momentos destes maravilhosos personagens de Muylaert.
No fim das contas, "Mãe Só Há Uma'' entrega lindamente um drama familiar de qualidade, um verdadeiro relicário de nosso cinema.
Merece nossos aplausos.
Perfeita é a Mãe
3.4 591 Assista AgoraEncabeçado por um time feminino de primeira, ''Perfeita é a Mãe!'' é uma daquelas comédias que vem a calhar quando não se tem absolutamente nada para fazer.
A história ágil e desbocada
sobre um grupo de mães ''porra-loucas'' estrelado pela gatíssima Mila Kunis se resume a uma sucessão de boas tiradas cômicas e situações pra lá de hilárias, principalmente quando entra em cena a divertida e depravada Carla.
Há um entrosamento entre o trio de amigas que deixa a comédia prazerosa de se assistir.
Entretanto, as personagens caem em estereótipos e levantam a bandeira do empoderamento feminino de forma depreciativa, descambando para um tom cômico inadequado.
Mesmo com esse e outros deslizes, diversas discussões relevantes permeiam parte da narrativa, como o quão difícil é ser uma mãe ''perfeita'' nos dias de hoje com toda pressão e intempéries que afetam o âmbito familiar.
Vale muito mais como passatempo descompromissado, como comédia adulta divertida (e esquecível), mas é pouco, se contarmos a riqueza de seu material que, infelizmente, não foi bem aproveitado.
Tagarela
1.8 9O adjetivo “ruim” é pouco para descrever esta tentativa fracassada de filme adolescente estilo high school. Só não abandonei o longa pela metade porque sou um cinéfilo perseverante, mas confesso que foram 80 minutos de muito sofrimento com tantos elementos ineficázes espalhados em praticamente todas as cenas.
O que encontramos em ''Chatterbox'' (ou traduzindo para o horrível título ''Tagarela'') é um misto de atuações sofríveis e uma história romântica pra lá de cafona.
Um elenco recheado de atores desconhecidos (que precisam urgente de uma rinoplastia!) entrega uma performance tão antipática e vazia que é inevitável não causar uma certa rejeição logo de cara. Se você é exigente (ou um adolescente provido cérebro!) e gosta de títulos que tenham conteúdo, passe bem longe desta bomba de Jane Lawalata.
Mundos Opostos
3.4 611 Assista AgoraO espectador fica de olhos cheios ao se deparar com esta produção criativa do argentino Juan Solanas.
''Mundos Opostos'' oferece uma história de amor que encanta não só pelo visual deslumbrante como também na originalidade de sua proposta, contando com cenas bem criativas, um enredo envolvente e um talentoso elenco.
A ideia dos planetas com forças gravitacionais opostas é deveras
interessante para os fãs de ficção científica, mas a trama se perde em superficialismo ao passar muito tempo focando no romance proibido dos protagonistas Adam (Jim Sturgess) e Eden (Kirsten Dunst).
Em determinado momento o roteiro esmaga alguns pontos importantes da trama e nos deixa sem algumas explicações,
destoando boa parte da narrativa.
Apesar de alguns tropeços, o longa acaba sendo compensado pela estética apaixonante e pela abordagem, trazendo boas metáforas e simbolismos para ilustrar diferença entre classes sociais.
O Espírito de Goodnight Lane
1.3 31Um bom filme de terror que tenta flertar com comédia precisa, antes de tudo, apavorar e fazer rir. E este não cumpre a missão, apesar de alguns resquícios de potencial.
''O Espírito de Goodnight Lane'' possui méritos pelo menos por não exagerar nos clichês fantasmagóricos
e não abusar tanto de fórmulas batidas para gerar sustos. Entretanto, o filme do diretor Alin Bijan é prejudicado pelos contratempos habituais do cinema de baixo orçamento e pelo elenco inconsistente, encabeçado por um Billy Zane canastrão e coadjuvantes inexpressivos.
O que torna o terror minimamente
interessante (e assistível) é a menção ao conhecido psicopata Charles Manson e a metalinguagem envolvendo o mundo cinematográfico.
Outra característica positiva da produção é a rapidez com que tudo acontece na trama.
As manifestações sobrenaturais não demoram a aparecer e não cansa o espectador como muitos filmes do gênero insistem em fazer.
De resto, o terror de Alin Bijan não chega a ser uma obra-prima mas não chega a ser um apocalipse.
Vale a conferida.