Homenageando os trabalhos de Lovecraft, de "Dagon", passando por "Montanhas da loucura" até "Terror em Innsmouth" e inspirando-se no fenômeno cultural que o próprio escritor se tornou, virando parte de sua própria mitologia, Carpenter busca aqui emular o mesmo senso de desespero e claustrofobia dos textos Lovecraftianos. Se sua fotografia e seus efeitos visuais são ainda hoje convincentes, o roteiro tem uma série de falhas que nenhum dos trabalhos de Lovecraft teria, e que poucos trabalhos de Carpenter os tem infelizmente. No intuito de transformar o espectador também em parte da história, aumentando a paranóia, o filme precisaria de mais alguns minutos de duração para justificar os atos esdrúxulos de seus protagonistas.
Se levarmos em consideração que os personagens do filme são personagens escritos por Sutter Cane, seus livros realmente eram mal escritos e mal elaborados, com personagens que vêm uns aos outros e os ingnoram em momentos cruciais, entre situações sem sentido que não se justificam, a história é guiada por situações pouco convincentes. A começar pelo detetive que "recorta" a capa dos livros e vê nelas um mapa, sendo que não há lógica alguma em seus recortes e não há conexão nenhuma entre as imagens cortadas - o que dá a entender é que o próprio detetive as cortou nesse formato porque sim - até o momento em que ele vê sua companheira fugindo do hotel com seu carro e resolve ir beber ao invés de procurar por ela numa cidade aparentemente vazia,
o roteiro é cheio de inconsistências que passam "despercebidas" devido à atmosfera de confusão que o diretor quer emular. Um interessante filme de horror com vários pontos positivos, mas longe da qualidade primorosa de "Enigma de outro mundo" ou "A Bruma assassina".
Não ganhar o Oscar não significa nada. Já foi dito abertamente que são poucas as vezes em que os acadêmicos de fato assistem o box de indicados à melhor longa de animação. Assim foi com Frozen, assim é com Kaguya. Mais uma obra prima do cinema japonês, e de Isao Takahata que já agraciou ao mundo com "Túmulo dos Vagalumes" anos atrás. Ótima escolha no estilo da animação agora que Miyazaki não está mais presente para desenhar os storyboards, a arte de Takahata, tão singular e tão pouco exercitada ganha sua melhor representação neste filme. Trilha sonora impecável, roteiro gracioso e personagens emocionantes e envolventes, cinema maduro e complexo como nenhum dos outros indicados formulaicos e repletos de tropismo. "Enquanto a animação japonesa já alcançou o céu, o ocidente ainda engatinha". Jóia rara da animação 2D à mão.
Lindo argumento com um roteiro muito interessante mas nada de brilhante no trabalho de Tyldum. Utilizando o mais simples da linguagem cinematográfica, o filme jamais arrisca ou foge a zona de conforto, apoiando-se nas mais simples das artimanhas, entrega um filme emocionante pela atuação de seus contratados e a bela trilha sonora de Desplat, que fez um trabalho lindo este ano tanto em Imitation game quanto em Budapeste Hotel. Talvez o menos inspirado de todos os filmes do oscar, prosaico e extremamente britânico em sua formatação em alguns momentos, o jogo da imitação é bem sucedido ao manter o o clima de suas sequências e ser fiel ao seu ritmo, mas a linearidade de seu roteiro e a algumas escolhas nivelam o trabalho por baixo. Bom filme.
Oscar para Tom Cross por favor. São poucos que juntam um retalho de cenas e as transformam em Jazz. Trabalho impecável do começo ao fim, como um solo de bateria, acompanha as nuances da batida e acelera, e retrai-se com o caminhar da música. Excitante em todos os aspectos, com os super closes bem dirigidos de Chazelle e o ritmo sensacional, Cross entrega um desfecho poderoso para um filme que é puro jazz. Violência e paixão.
Por permitir que você fique mais tempo que o esperado no momento, acaba por permitir que se torne íntimo, faça parte da cena. Ao suspender o corte, suspende por alguns instantes a ideia de história contada para virar momento no tempo. Fazer objeto de desejo não só dos olhos de Donato, ou Konrad, mas também do seu, as curvas que surgem na tela, nas ondas, nas areia, nas montanhas, entre a neve, ou dentro do quarto. Podemos quase enjoar-se com o mover do barco, e tremer com a força do vento. Não só para contemplar, pois para isso precisamos de alguns segundos, mas para pertencer, e para isso, custa-se um pouco mais.
Criados para um mundo competitivo, a geração que cresceu iluminada pela tela das televisões e o neon lúgrebe dos computadores tem para si metas as vezes inalcançáveis. Treinados para vencer obstáculos e diariamente alimentados com a ide ia de que se é mais especial que qualquer um, a pressão de tornar-se "alguém" só aumentou com o advento dos televisores e computadores, que nos trazem informação sobre o quanto pode-se fazer com uma vida, e quanto não estamos fazendo com a nossa. Estruturado dentro desses parâmetros, Lou Bloom é um homem que tem de si uma visão única e deturpada, resultado da impressão que o conhecimento superficial adquirido na internet e na televisão lhe permite. Capaz de tudo para alcançar seus objetivos, como um predador, Lou escala para o lugar que acredita que seja seu por direito. Numa atuação soberba de Jake Gyllenhaal e um trabalho de fotografia e direção consistentes, "O Abutre" é não só sobre Lou e sua jornada de ascensão, mas o valor da informação, seja ela superficial, forjada ou amoral, para esta geração que se alimenta de todo e qualquer acontecimento possível, até mesmo da carniça, para saciar seus ímpetos.
Resultado de um amadurecimento no cinema de Kevin Smith, "Tusk" é o mais estruturado de seus trabalhos e o que mais representa sua evolução como cineasta. Conhecido por seu texto repleto de humor e crítica à juventude, o diretor que eternamente lida com amadurecimento em seus filmes entrega uma sátira à geração das centopeias humanas, dos jogos mortais, Iphones, hashtags, e podcasts, produto este que deu origem ao argumento original da trama. Retratando de forma cômica os absurdos processados pela geração atual de jovens, o filme que tem atuações consistentes de todas as suas partes, e o melhor uso de mixagem de som até então nos trabalhos de Smith, narra a história de um homem sequestrado para ser transformado em monstro e aproveita-se da liberdade do cinema para evocar clichês pastelões, como o detetive de Quebec, farsesco até na maquiagem, o psicopata com passado cruel, o triângulo amoroso entre melhores amigos, e até mesmo o final exageradamente emocional serve para fazer graça. Guiando o espectador entre cenas de Suspense, comédia, romance, terror, horror e pitadas de trash, Smith comprova que aprendeu a usar os artifícios do cinema à seu favor, e não depender somente da qualidade de seu texto. Personificado pelo velho anacrônico e sádico, Smith dança com seu filme morsa exibindo os pontos que o costuraram de tal forma, e é na exibição destes tropismos que Tusk triunfa como o sumo da atual mente de Smith, que vê seu "eu antigo" como patético e vergosonho, e regojiza-se com suas novas habilidades em divertir ao criticar o público.
Um filme com alma. Com um primor pelos detalhes que transpira em cada curva, fica nítida a paixão de cada um dos envolvidos pelo projeto. Animação feita com esmero e muita qualidade. Direção de arte impecável, trilha sonora primorosa e um roteiro que diverte e emociona. Personagens envolventes e cativantes desde sua primeira aparição. Difícil não admirar um trabalho feito com tanto carinho. Jorge R. Gutierrez mostranto competência em seu primeiro trabalho.
Encerrando a segunda trilogia da terra média nos cinemas, Peter Jackson entrega em sua última visita ao universo uma aventura repleta de ação e belas sequências, mas carente do peso emocional que o trouxera até aqui. Fica evidente neste último filme a falta do texto de Tolkien como força motriz do roteiro, e os diversos roteiristas que costuraram esta trama parecem conflitar no tom que desejam dar aos personagens. Como uma colcha de retalhos de momentos épicos, toda e qualquer passagem da trama é grandiosa e afetada. Produto do imaginário exagerado de Jackson, que já havia mostrado seu gosto pelo excesso em "Um Olhar do Paraíso", "A Batalha dos cinco exércitos" carece de momentos pequenos com grandes mensagens, essenciais para unir o espectador, e tão cruciais no texto de Tolkien. Devido a escala megalomaníaca da aventura, cabe ao espectador apenas observar e "divertir-se", como se o convite à terra média desta vez se restringisse apenas à contemplação. Uma conclusão satisfatória para a trilogia, e uma ótima aventura na terra média, "A Batalha dos Cinco Exércitos" é o mais fraco da franquia, e deixa a claro a excelência do texto de Tolkien comparado às capacidades literárias dos roteiristas em questão.
Trabalhando no escopo oposto de filmes de contemplação dos mecanismos do universo como "2001" e "Gravidade", "Interstellar", novo filme de Christopher Nolan, assemelha-se mais à filmes mais família como "Contatos imediatos de terceiro grau" e "Contato". Escrito inicialmente para Steven Spielberg, Nolan aproveita-se de suas qualidades técnicas para experimentar no gênero da ficção científica. Preocupado em explicar os detalhes científicos meticulosos para saciar os fãs do gênero e explicar os passos da trama, o diretor acaba por nivelar sua obra ao entretenimento "inteligente", por assim dizer. Envolvidos pelas artimanhas visuais e embalados pela trilha sonora de Hanz Zimmer que tenta criar um híbrido entre Ligetti, Phillip Glass e Jhon Williams para alcançar a grandeza da escala, deixamos nos guiar pela estrutura e o ritmo vívidos da trama para um desfecho previsível, mas não menos emocionante. Mais um ótimo trabalho do diretor, com as mesmas qualidades, mas com os mesmos defeitos.
Muito bom filme, ótimo ritmo, cenas de ação eletrizantes e efeitos especiais utilizados com delicadeza. A trama funciona bem para o longa, mas infelizmente não consegue fechar as pontas deixadas pela franquia. Se o filme já começa com Xavier vivo, quando seu eu fora destroçado no Terceiro filme, além da Moira ter trinta anos nos anos sessenta e ter a mesma idade nos anos 2000 no final do terceiro. Se o seu final "resolve" reiniciando tudo, o gap entre "Primeira Classe" - "Origens Wolverine" e "X-Men" continua mal arranjado, mas isto não faz do filme algo ruim de forma alguma. Excelente trilha sonora, atuação e o peso épico correto que o "O Confronto Final" merecia. Emocionante para os fãs da franquia, é o melhor dos filmes sobre os "X-Men". A cena pós créditos foi só um easter egg?
Marc Webb ainda tem muito a aprender. Se o dinamismo ajudara seu trabalho inicial, tornando "500 dias com ela" muito mais divertido do que um término de relacionamento realmente é, na franquia "Homem-Aranha", onde este detalhe deveria brilhar, acaba tornando claro a ineficiência da fórmula. Entre diversos diálogos ágeis e cenas sequencias que duram poucos minutos na tela, "A Ameaça de electro" parece um emaranhado de esquetes "espetaculares", tão espectaculares que falta espaço para tornar crível todos os acontecimentos em tela, e o roteiro da dupla Orci e Kurtrzman é tão raso que por mais inteligentes e naturais que os diálogos pareçam, não estão levando seus personagens a lugar algum. Com uma atuação crível de Sally Field e o esforço dos demais envolvidos, o segundo filme da nova trilogia desfavorece seu protagonista em todos os pontos. Se as sequências de ação computadorizada são bem construídas, estariam elas melhores independentes de seu background. Em busca da dinamicidade e agilidade, vilões são enfiados em sequencia na tela para balancear a mesmice das cenas do casal. Fica para o clímax do filme um acontecimento considerado um dos mais chocantes da história dos quadrinhos - e mais conhecidos também, eliminando o fator supresa - que apesar de toda a gravidade da situação, não é o suficiente para salvar a trama, e é ofuscado pela rasa conexão que o roteiro nos entrega. Se a criticada trilogia de Sam Raimi tem seus deslizes - muitos deles mal interpretados por ignorarem o viés trash típico dos trabalhos de Raimi - a franquia de Webb parece ser um aglomerado deles. Sofrível.
Muito divertido, cumpre seu papel. Dinâmico em sua direção e desenvolvimento, apoia-se em clichês dos gêneros em que se embasa para sustentar sua trama absurda. Utiliza-se do habitual humor light para dar o tom marvel à aventura. Trama previsível e de fácil assimilação, com cenas divertidas e bem coreogragafadas. Apesar do altíssimo nível da computação gráfica, seu uso do 3D deixou à desejar, nada que realmente faça a diferença de sua versão 2D. Visualmente estonteante e com uma ótima trilha sonora, o filme conta com boas sacadas dentre as frases de efeito e os coadjuvantes rasos. Filme nível vingadores, mas longe de Thor 2 e Capitão américa 2, provando que ainda é complicado lidar com mais de um protagonista em tela e trazer o peso certo para cada um dos dramas. Vale o ingresso, pipoca da melhor qualidade.
Marcado por seus personagens à deriva, seus dramas intimistas, e suas conclusões enigmáticas que tornaram 2013 um ano característico para o cinema atual, deixara para o ano que viria o papel de dar continuidade à transição que iniciara. Dentre os nove indicados à categoria de “Melhor Filme” no Oscar®, dramas, comédias, ficções científicas e histórias reais definiram uma nova tendência no cinema onde seus personagens voltam a tomar controle de suas tramas. Em alguns casos, para tomar as rédeas de sua vida de volta, é necessário revisitar o passado e fazer as pazes, como demonstra o novo trabalho de Alexander Payne, “Nebraska”.
Um Road-movie em aparência, “Nebraska” partilha do gênero a ideia do percorrer grandes distâncias em busca da transformação pessoal. Gênero que teve sua ascensão nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, durante o crescimento da produção de automóveis e a cultura Hippie nos anos 70, e bebe da fonte da Odisseia grega e sua jornada pelos mares, caracteriza-se pela trama crescente que propõe aos seus protagonistas confrontos e obstáculos para superação de seus dilemas. Filmes como “Easy Rider” de Dennis Hopper, “Thelma & Louise” de Ridley Scott, “Road Movie” de Joseph Strick, “Bonnie & Clyde” de Arthur Penn e “Paris, Texas” de Wim Wenders pontuam o gênero e trazem a estrada como cenário da jornada de seus heróis, ou anti-heróis.
Acostumado aos dramas familiares e a utilizar-se do humor ácido para cutucar suas feridas, o diretor Alexander Payne - que já havia sido indicado na categoria alguns anos atrás por “Os Descendentes” e já havia comprovado sua competência ao receber o prêmio de melhor roteiro duas vezes, tanto com “Os Descendentes” quanto com “Sideways – Entre umas e Outras” – retorna à premiação com uma obra que além de aproveitar-se dos aprendizados de sua carreira e permanecer sempre na zona de conforto que criara para si, busca também um resgate do antigo cinema americano para encontrar o seu.
Rodado em preto e branco e recheado de transições e cortes não mais tão utilizados no cinema, preocupa-se em enaltecer os detalhes da velha América e da antiga maneira de fazer cinema sempre com humor jocoso e ácido, típico de seus trabalhos. Com planos parados e uma fotografia que carrega a apatia e animosidade de um Estados Unidos esquecido, o diretor em parceria com roteirista estreante Bob Nelson, contam a história de Woody Grant (Bruce Dern), um idoso que acredita ter ganho um milhão de dólares após receber um panfleto de promoção de uma revista. Com o intuito de retirar seu dinheiro, Woody decide ir até Nebraska, mesmo que sua família esteja de todas as maneiras tentando impedi-lo. Após ser repetidamente resgatado por seu filho David (Will Forte), acaba sendo levado de carro pelo filho de forma a resolver o problema, mas é aí que eles realmente começam.
Juntos dentro do carro, David conduz uma viagem ao estado de origem de sua família e ao passado de seu pai, um homem fechado e tacanho que nunca partilhara com os filhos nenhuma informação a respeito de sua vida. Lado a lado e com a estrada a sua frente, o filme que parece seguir o caminho dos Road-movies em busca da redenção logo chega a Nebraska onde o contato com o passado, e os antigos desafetos e familiares desencadeiam a trama. Com personagens cativantes e com momentos artificiais que servem ao ode que diretor tenta fazer aos maneirismos do antigo cinema, “Nebraska” é antes de tudo, a história de um homem que quer de volta a rédea de sua vida.
Entre uma mulher controladora e desbocada que não mede esforços para difamar cada um dos membros da sua família, amigos que sempre se aproveitaram de sua inocência e familiares que sempre crucificaram seus vícios, Woody é um homem sempre guiado pela vida e sua angústia é clara em seus cabelos bagunçados, seu rosto perdido e sua tendência alcoólatra. Ao lado do filho que trás a tona seus antigos conflitos, Woody, o homem que deixara para trás as origens e se perdera-se no processo, vai em busca de sua Nebraska, e o prêmio de um milhão, o ouro no fim do arco íris, aos poucos vai tomando outros formatos.
Entre casas coloniais “feitas para durar”, ferrovias solitárias na imensidão das fazendas americanas, e seu pálido preto e branco, “Nebraska” assim como “Álbum de Família” faz muito lembrar “A última sessão de Cinema”, filme dos anos 60 lembrado sempre como o último de sua geração a seguir os antigos moldes. Como uma forma de libertarem-se ao reconciliarem-se com as origens, estes filmes definem de forma pontual a transição no cinema. Apesar de emular o passado, e trazer em sua roupagem esta névoa inebriante que nos leva aos anos 50 com sua música country e suas camisas xadrez sobre as cadeiras de balanço na beira da estrada, o filme de Payne tem em seu humor cítrico e na franqueza ao expor seus personagens aos dramas que os constrangem uma roupagem atual e característica dos filmes deste ano.
Apesar de não tão revolucionário em suas técnicas cinematográficas e não ousar ao manter linear sua narrativa, “Nebraska” conquista seu espaço dentre os melhores filmes por vestir tão bem os conceitos do cinema atual ao abraçar o passado. Sua trajetória é tão satisfatória quanto seu desfecho e seu ritmo lento pontuado de forma inteligente com humor e uma boa trilha sonora oferecem além de uma reflexão uma boa experiência cinematográfica. No banco do carona, assistimos Woody, David, Payne e Nelson nos guiar estrada a fora, primeiro ao antigo cinema, para acenar pela janela e com respeito dizer tchau, e seguir viagem.
Infelizmente, perderam a oportunidade de fazer uma boa ficção científica. Raso em todas as suas camadas, que não são muitas, o filme deixa a desejar a todo momento. Se o início do filme é rápido demais para explorar a relação dos três protagonistas e aproveitar a atuação dos atores de peso, seu desenrolar é deveras prolongado e a cada cena o filme perde seu peso. Rebecca Hall se esforça para suportar sua personagem, mas fica difícil quando o texto a faz uma mulher indecisa e volátil o tempo todo. As consequências de tal alterações no mundo são mal exploradas, para não dizer, nunca exploradas e a ficção científica de verdade é deixada de lado para dar espaço à ação e efeitos especiais que pouco acrescentam. O diretor de fotografia de Nolan, que estréia na direção neste filme, aproveita-se pouco da oportunidade para mostrar sua qualidade visual e entrega um filme similar visualmente à seus trabalhos anteriores. Se a premissa não fosse interessante e os atores esforçados, ficaria difícil seguir a trama até o final, visto que o filme parece perder-se em quais questões exatamente queria mostrar. "Levantar questões" não resume-se à jogar frases de efeito na tela e explicar cada conceito do roteiro, mas construir uma estrutura que dê argumentos suficientes para manter a questão viva, o que não é o caso. "Transcendence" lembra ficções científicas dos anos noventa e oitenta, que pouco conheciam do assunto e muito especulavam à respeito, sem ir a lugar algum, criando uma série de informações muito mal embasadas. Para gostar, não basta "pensar fora da caixa" você precisa ter fé e acreditar que toda a baboseira mal explicada apresentada em cena é verdade. Muita ficção com pouca cientificidade, ficou só no promessa.
Em poucos minutos uma arma surge na tela. Antes de ser pressionado, a presença do gatilho na cena representa um futuro iminente; o lançar de projeteis vai começar a qualquer momento. Coadjuvante no cinema desde seus primórdios, a arma de fogo é elemento presente em comédias, dramas, até mesmo animações infantis. Habituados a sua presença, alternamos entre seu símbolo de violência para seu símbolo de proteção, ou perigo, mas aceitamos seu controverso papel na cultura da humanidade.
Das pistolas empunhadas pelos bandidos em “O grande roubo do Trem” de 1903, tiroteios no deserto como os de “Onde começa o inferno” de 1959 e os filmes de espionagem de James Bond e sua paixão por sua pistola Walter PPK. 38 em “007 Contra o Satânico Dr. No” de 1962, as armas de fogo só viriam a ser protagonistas e gerar para si um gênero próprio apenas no inicio dos anos 70 nos Estados Unidos com o surgimento dos filmes de ação, que tem seu ápice nos final dos anos 80 e que hoje mistura características dos filmes de aventura e os filmes policiais para dar continuidade ao gênero numa época onde as armas não são mais tão queridas.
Sob a sombra das caixas de munição, grandes rifles e muitos músculos, o gênero que se iniciara sutilmente no inicio dos anos setenta apenas com um papel mais essencial na trama às armas de fogo, ganha seus galãs, frases de efeito, clichês e maneirismos típicos no fim dos anos 80 onde o advento do Home Vídeo contribui para o surgimento de produções de baixo orçamento e sua disseminação em vídeo locadoras. Do sutil “Sob o domínio do Medo” de Sam Peckinpah em 1971, onde a arma de fogo representa o símbolo máximo de poder masculino e gerou controvérsias por seu conteúdo violento e realista, para os protagonistas preocupados com sua força física para suportar armas maiores, o gênero desenvolveu uma desvalorização da vida e do papel da arma do fogo dentro da sociedade.
Produto de uma era otimista no governo americano durante a presidência de Reagan, os filmes de ação e sua falta de peso ideológico, crítica social e repletos de humor e sarcasmo, ganham uma crítica mascarada de comédia satírica com o filme do diretor Paul Verhoeven em 1987, “Robocop”. Recheado com a violência o sexo típicos do gênero, o filme de Verhoeven funde homem e arma em um único ser, símbolo máximo da justiça e protetor do bom cidadão americano, a máquina que executa com precisão e senso de humor cruel, luta com a consciência do policial que a empunha, Alex Murphy, aleijado em combate e fundido com metal que busca vingança pela destruição de sua família.
Com cenas extremamente violentas e pontos altos de humor e crítica social, “Robocop” e seus exageros, tanto no roteiro quanto em montagem e execução, funciona perfeitamente na época em que se situa, e apesar de fazer mais sucesso no exterior do que dentro de casa, ajuda a consolidar a franquia e perpetua-se no público americano por seu alto nível de violência e humor.
Readaptado este ano por José Padilha, diretor conhecido por seus trabalhos em “Ônibus 174” e a série de filmes “Tropa de Elite”, “Robocop” veste o preto da força tática policial e abandona o humor para dar lugar a uma análise das consequências do homem máquina. Preocupado em pontuar todos os pontos de vista e desdobramentos de tal avanço nas políticas de segurança, o diretor brasileiro abandona o humor e estilização da violência e do sexo, marcas de Verhoeven, e preocupa-se em trabalhar o humano dentro da máquina, mas não como ele se vê, mas como o mundo o situa na sociedade.
A ação, comedida e veloz, funciona de forma precisa e pouco emociona ou diverte, o humano dentro da lata parece mais robótico que seu equivalente de 87, muito mais limitado em movimento, mas repleto de personalidade. Dirigindo muito bem o elenco, que conta com atuações consistentes de Gary Oldman, Michael Keaton e Jackie Earle Haley, e utilizando-se dos recursos provenientes da produção de alto custo norte americana, Padilha entrega um produto de qualidade técnica e precisão de estética e ritmo comprovando ao cinema americano que é capaz de cumprir as exigências do cinema, mas talvez não do mercado.
Sua crítica muito mais pontual e clara que a de seu predecessor, quando livre de seu alívio cômico habitual, ganha um gosto amargo e didático de lição de moral a ser dada. Integrando detalhes de seus trabalhos anteriores, e acostumado a criticar sem evocar soluções de seus espectadores, Padilha falha com o público americano, o que explica sua morna recepção nas bilheterias e na crítica especializada, mas não perde seu brilho como realização de um diretor brasileiro no exterior e não esquece suas origens.
A visão de Padilha sobre a arma humana é brasileira em sua origem. Mesmo após seu protagonista receber a aceitação do público ao efetuar uma prisão, o diretor e o roteiro do estreante Joshua Zetumer fazem questão de demonstrar o quão manipulado um oficial público pode ser. Utilizando-se da palavra “Sistema” e “Programação” longe de seus significados tecnológicos, Zetumer e Padilha retomam a crítica do homem comandado para executar, e critica novamente a posição do policial na linha de frente.
Apesar da qualidade técnica e das críticas bem executadas, o resultado final de Padilha carece de características que o perpetuem como uma obra de peso. Também produto de sua era, “Robocop” foge de seu propósito inicial de divertir ao criticar e perde-se ao tentar sair do gênero que o caracteriza buscando uma sobriedade que destoa dos absurdos da trama, e não entregar uma solução às questões levantadas durante sua duração. Mais preocupado em levantar as questões do que respondê-las, Padilha entrega um filme sem propósitos e sem pontos de vista para se firmar. Um bom filme, mas nada além disso, “Robocop” deixa claro que talvez não fosse a hora do policial do futuro vestir a roupa preta.
pior filme que eu vi em 2014, até pompéia é melhor. tudo é desculpa pra lembrar o primeiro, todas as desculpas forçadas fotografia mal emulada do primeiro, cenas desnecessárias, personagens que só aparecerem pra fazer ponta, lamentável. no meu lado no cinema tinha gente dormindo e eu pesquei umas duas vezes.
Segunda Feira o Pessoal da imprensa teve acesso ao filme Tansformers 2, antes mesmo de ser lançado aqui no Brasil na terça (23 de Junho) e as críticas não foram nada agradáveis. Todas as críticas que encontrei citavam pontos negativos do filme e sobre sua direção e tudo que eu esperei nas Quatro horas que aguardei para assistir o filme, era que ele fosse melhor do que eu tinha lido, mas foi pior.
Inicialmente,somos apresentados a um ataque Decepticon a uma tribo indígena primitiva, dando a entender que o encontro se passa a muito tempo atrás, certo, já sabíamos que os Decepticons tinham vindo antes para a terra, o fato do Bisavô do Sam Witwicky (Shia Labeouf - Disturbia, A guide to reconizing your saints) ter encontrado Megatron congelado é uma das cenas que demonstra isso no primeiro filme. Tudo escurece e estamos em Xanghai, onde Autobots trabalham em parceria com o exército americano para conter ataques de Decepticons. Enquanto isso, Sam está a caminho de sua Faculdade, tentando colocar sua vida de volta nos eixos, como uma pessoa normal, sem Autobots ou All Spark. Todos os atores estão muito bem familiarizados com seus personagens e muito bem acomodados, os pais de Sam por exemplo, interpretados por Kevin Dunn e Julie White, responsáveis pela parte cômica do filme e para criar o elo entre a vida normal de Sam e o “destino” que ele deve seguir. Ainda neste elo está Megan Fox que neste filme faz o papel de “hot girl” que fica sendo empurrada e carregada pra lá e pra cá com Sam a todo momento. E o filme é basicamente isso, nós vemos o protagonista divido entre a vida normal, proteger e ficar perto das pessoas que você gosta, ou salvar o mundo de um ataque alienígena, vemos robôs lutando, e mais robôs lutando e cenas de romance encaixadas no meio das lutas entre robôs, claro, sempre com um ar jocoso para que você possa esquecer por alguns minutos que eles estão ali no meio de uma batalha de robôs gigantes e armas super avançadas, vemos um bom roteiro ser estragado por uma direção meia boca, com erros de continuismo que chegam a ser cômicos (como a cena já citada em outras resenhas do carro no meio do deserto, corta cena, carro no meio de um descampado com mato e de repente, estamos na cidade!) e as cenas em slow motion toda vez que você fica confuso demais para entender o que está acontecendo na tela. Quando você já está ali cheio de cenas de ação entre robôs e cenas de amor entre a hot girl e desesperado Sam (que basicamente corre o filme inteiro), e começa a se perguntar quando vai chegar o fim do filme, e quando vai ser o maior clímax de todos os clímax do filme, o diretor espreme o final em poucos minutos, quando criamos expectativa para uma luta final interessante, o filme já está acabado e você fica com aquela cara de quem esperava algo melhor, mas o filme não é de todo ruim, pois cumpre seu papel. O papel do filme, pelo meu ver, sempre foi entreter. Você chega, assiste um monte de robôs se batendo e destruindo tudo, admira a computação gráfica, ri um pouco com algumas cenas até bem elaboradas (Julie White Supostamente “chapada” com um brownie recheado com Maconha lhe rende algumas risadas) e pronto, vai pra casa com a cabeça descansada e sem muito o que dizer, e é exatamente isso que Transformers 2 faz, lhe entretem durante sua duração, não é um filme para refletir ou exigir alguma atenção especial do espectador, você só precisa sentar e assistir. Um bom filme para se assistir em família, quando não quer pensar em nada e simplesmente apreciar computação gráfica de qualidade. Thales de Mendonça.
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista AgoraHomenageando os trabalhos de Lovecraft, de "Dagon", passando por "Montanhas da loucura" até "Terror em Innsmouth" e inspirando-se no fenômeno cultural que o próprio escritor se tornou, virando parte de sua própria mitologia, Carpenter busca aqui emular o mesmo senso de desespero e claustrofobia dos textos Lovecraftianos. Se sua fotografia e seus efeitos visuais são ainda hoje convincentes, o roteiro tem uma série de falhas que nenhum dos trabalhos de Lovecraft teria, e que poucos trabalhos de Carpenter os tem infelizmente. No intuito de transformar o espectador também em parte da história, aumentando a paranóia, o filme precisaria de mais alguns minutos de duração para justificar os atos esdrúxulos de seus protagonistas.
Se levarmos em consideração que os personagens do filme são personagens escritos por Sutter Cane, seus livros realmente eram mal escritos e mal elaborados, com personagens que vêm uns aos outros e os ingnoram em momentos cruciais, entre situações sem sentido que não se justificam, a história é guiada por situações pouco convincentes. A começar pelo detetive que "recorta" a capa dos livros e vê nelas um mapa, sendo que não há lógica alguma em seus recortes e não há conexão nenhuma entre as imagens cortadas - o que dá a entender é que o próprio detetive as cortou nesse formato porque sim - até o momento em que ele vê sua companheira fugindo do hotel com seu carro e resolve ir beber ao invés de procurar por ela numa cidade aparentemente vazia,
O Conto da Princesa Kaguya
4.4 802 Assista AgoraNão ganhar o Oscar não significa nada. Já foi dito abertamente que são poucas as vezes em que os acadêmicos de fato assistem o box de indicados à melhor longa de animação. Assim foi com Frozen, assim é com Kaguya. Mais uma obra prima do cinema japonês, e de Isao Takahata que já agraciou ao mundo com "Túmulo dos Vagalumes" anos atrás. Ótima escolha no estilo da animação agora que Miyazaki não está mais presente para desenhar os storyboards, a arte de Takahata, tão singular e tão pouco exercitada ganha sua melhor representação neste filme. Trilha sonora impecável, roteiro gracioso e personagens emocionantes e envolventes, cinema maduro e complexo como nenhum dos outros indicados formulaicos e repletos de tropismo. "Enquanto a animação japonesa já alcançou o céu, o ocidente ainda engatinha". Jóia rara da animação 2D à mão.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraLindo argumento com um roteiro muito interessante mas nada de brilhante no trabalho de Tyldum. Utilizando o mais simples da linguagem cinematográfica, o filme jamais arrisca ou foge a zona de conforto, apoiando-se nas mais simples das artimanhas, entrega um filme emocionante pela atuação de seus contratados e a bela trilha sonora de Desplat, que fez um trabalho lindo este ano tanto em Imitation game quanto em Budapeste Hotel. Talvez o menos inspirado de todos os filmes do oscar, prosaico e extremamente britânico em sua formatação em alguns momentos, o jogo da imitação é bem sucedido ao manter o o clima de suas sequências e ser fiel ao seu ritmo, mas a linearidade de seu roteiro e a algumas escolhas nivelam o trabalho por baixo. Bom filme.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraOscar para Tom Cross por favor. São poucos que juntam um retalho de cenas e as transformam em Jazz. Trabalho impecável do começo ao fim, como um solo de bateria, acompanha as nuances da batida e acelera, e retrai-se com o caminhar da música. Excitante em todos os aspectos, com os super closes bem dirigidos de Chazelle e o ritmo sensacional, Cross entrega um desfecho poderoso para um filme que é puro jazz. Violência e paixão.
Praia do Futuro
3.4 934 Assista AgoraPor permitir que você fique mais tempo que o esperado no momento, acaba por permitir que se torne íntimo, faça parte da cena. Ao suspender o corte, suspende por alguns instantes a ideia de história contada para virar momento no tempo. Fazer objeto de desejo não só dos olhos de Donato, ou Konrad, mas também do seu, as curvas que surgem na tela, nas ondas, nas areia, nas montanhas, entre a neve, ou dentro do quarto. Podemos quase enjoar-se com o mover do barco, e tremer com a força do vento. Não só para contemplar, pois para isso precisamos de alguns segundos, mas para pertencer, e para isso, custa-se um pouco mais.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraCriados para um mundo competitivo, a geração que cresceu iluminada pela tela das televisões e o neon lúgrebe dos computadores tem para si metas as vezes inalcançáveis. Treinados para vencer obstáculos e diariamente alimentados com a ide ia de que se é mais especial que qualquer um, a pressão de tornar-se "alguém" só aumentou com o advento dos televisores e computadores, que nos trazem informação sobre o quanto pode-se fazer com uma vida, e quanto não estamos fazendo com a nossa. Estruturado dentro desses parâmetros, Lou Bloom é um homem que tem de si uma visão única e deturpada, resultado da impressão que o conhecimento superficial adquirido na internet e na televisão lhe permite. Capaz de tudo para alcançar seus objetivos, como um predador, Lou escala para o lugar que acredita que seja seu por direito. Numa atuação soberba de Jake Gyllenhaal e um trabalho de fotografia e direção consistentes, "O Abutre" é não só sobre Lou e sua jornada de ascensão, mas o valor da informação, seja ela superficial, forjada ou amoral, para esta geração que se alimenta de todo e qualquer acontecimento possível, até mesmo da carniça, para saciar seus ímpetos.
Tusk, A Transformação
2.5 388 Assista AgoraResultado de um amadurecimento no cinema de Kevin Smith, "Tusk" é o mais estruturado de seus trabalhos e o que mais representa sua evolução como cineasta. Conhecido por seu texto repleto de humor e crítica à juventude, o diretor que eternamente lida com amadurecimento em seus filmes entrega uma sátira à geração das centopeias humanas, dos jogos mortais, Iphones, hashtags, e podcasts, produto este que deu origem ao argumento original da trama. Retratando de forma cômica os absurdos processados pela geração atual de jovens, o filme que tem atuações consistentes de todas as suas partes, e o melhor uso de mixagem de som até então nos trabalhos de Smith, narra a história de um homem sequestrado para ser transformado em monstro e aproveita-se da liberdade do cinema para evocar clichês pastelões, como o detetive de Quebec, farsesco até na maquiagem, o psicopata com passado cruel, o triângulo amoroso entre melhores amigos, e até mesmo o final exageradamente emocional serve para fazer graça. Guiando o espectador entre cenas de Suspense, comédia, romance, terror, horror e pitadas de trash, Smith comprova que aprendeu a usar os artifícios do cinema à seu favor, e não depender somente da qualidade de seu texto. Personificado pelo velho anacrônico e sádico, Smith dança com seu filme morsa exibindo os pontos que o costuraram de tal forma, e é na exibição destes tropismos que Tusk triunfa como o sumo da atual mente de Smith, que vê seu "eu antigo" como patético e vergosonho, e regojiza-se com suas novas habilidades em divertir ao criticar o público.
Festa no Céu
4.0 689 Assista AgoraUm filme com alma. Com um primor pelos detalhes que transpira em cada curva, fica nítida a paixão de cada um dos envolvidos pelo projeto. Animação feita com esmero e muita qualidade. Direção de arte impecável, trilha sonora primorosa e um roteiro que diverte e emociona. Personagens envolventes e cativantes desde sua primeira aparição.
Difícil não admirar um trabalho feito com tanto carinho. Jorge R. Gutierrez mostranto competência em seu primeiro trabalho.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
3.9 2,0K Assista AgoraEncerrando a segunda trilogia da terra média nos cinemas, Peter Jackson entrega em sua última visita ao universo uma aventura repleta de ação e belas sequências, mas carente do peso emocional que o trouxera até aqui. Fica evidente neste último filme a falta do texto de Tolkien como força motriz do roteiro, e os diversos roteiristas que costuraram esta trama parecem conflitar no tom que desejam dar aos personagens. Como uma colcha de retalhos de momentos épicos, toda e qualquer passagem da trama é grandiosa e afetada. Produto do imaginário exagerado de Jackson, que já havia mostrado seu gosto pelo excesso em "Um Olhar do Paraíso", "A Batalha dos cinco exércitos" carece de momentos pequenos com grandes mensagens, essenciais para unir o espectador, e tão cruciais no texto de Tolkien. Devido a escala megalomaníaca da aventura, cabe ao espectador apenas observar e "divertir-se", como se o convite à terra média desta vez se restringisse apenas à contemplação. Uma conclusão satisfatória para a trilogia, e uma ótima aventura na terra média, "A Batalha dos Cinco Exércitos" é o mais fraco da franquia, e deixa a claro a excelência do texto de Tolkien comparado às capacidades literárias dos roteiristas em questão.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraTrabalhando no escopo oposto de filmes de contemplação dos mecanismos do universo como "2001" e "Gravidade", "Interstellar", novo filme de Christopher Nolan, assemelha-se mais à filmes mais família como "Contatos imediatos de terceiro grau" e "Contato". Escrito inicialmente para Steven Spielberg, Nolan aproveita-se de suas qualidades técnicas para experimentar no gênero da ficção científica. Preocupado em explicar os detalhes científicos meticulosos para saciar os fãs do gênero e explicar os passos da trama, o diretor acaba por nivelar sua obra ao entretenimento "inteligente", por assim dizer. Envolvidos pelas artimanhas visuais e embalados pela trilha sonora de Hanz Zimmer que tenta criar um híbrido entre Ligetti, Phillip Glass e Jhon Williams para alcançar a grandeza da escala, deixamos nos guiar pela estrutura e o ritmo vívidos da trama para um desfecho previsível, mas não menos emocionante. Mais um ótimo trabalho do diretor, com as mesmas qualidades, mas com os mesmos defeitos.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraMuito bom filme, ótimo ritmo, cenas de ação eletrizantes e efeitos especiais utilizados com delicadeza. A trama funciona bem para o longa, mas infelizmente não consegue
fechar as pontas deixadas pela franquia. Se o filme já começa com Xavier vivo, quando
seu eu fora destroçado no Terceiro filme, além da Moira ter trinta anos nos anos sessenta e ter a mesma idade nos anos 2000 no final do terceiro. Se o seu final "resolve"
reiniciando tudo, o gap entre "Primeira Classe" - "Origens Wolverine" e "X-Men" continua
mal arranjado, mas isto não faz do filme algo ruim de forma alguma. Excelente trilha sonora, atuação e o peso épico correto que o "O Confronto Final" merecia. Emocionante para os fãs da franquia, é o melhor dos filmes sobre os "X-Men". A cena pós créditos foi só um easter egg?
O Novo Mundo
3.2 240 Assista Agora"Does the sun see this?"
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraMarc Webb ainda tem muito a aprender. Se o dinamismo ajudara seu trabalho inicial, tornando "500 dias com ela" muito mais divertido do que um término de relacionamento realmente é, na franquia "Homem-Aranha", onde este detalhe deveria brilhar, acaba tornando claro a ineficiência da fórmula. Entre diversos diálogos ágeis e cenas sequencias que duram poucos minutos na tela, "A Ameaça de electro" parece um emaranhado de esquetes "espetaculares", tão espectaculares que falta espaço para tornar crível todos os acontecimentos em tela, e o roteiro da dupla Orci e Kurtrzman é tão raso que por mais inteligentes e naturais que os diálogos pareçam, não estão levando seus personagens a lugar algum. Com uma atuação crível de Sally Field e o esforço dos demais envolvidos, o segundo filme da nova trilogia desfavorece seu protagonista em todos os pontos. Se as sequências de ação computadorizada são bem construídas, estariam elas melhores independentes de seu background. Em busca da dinamicidade e agilidade, vilões são enfiados em sequencia na tela para balancear a mesmice das cenas do casal. Fica para o clímax do filme um acontecimento considerado um dos mais chocantes da história dos quadrinhos - e mais conhecidos também, eliminando o fator supresa - que apesar de toda a gravidade da situação, não é o suficiente para salvar a trama, e é ofuscado pela rasa conexão que o roteiro nos entrega. Se a criticada trilogia de Sam Raimi tem seus deslizes - muitos deles mal interpretados por ignorarem o viés trash típico dos trabalhos de Raimi - a franquia de Webb parece ser um aglomerado deles. Sofrível.
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraMuito divertido, cumpre seu papel. Dinâmico em sua direção e desenvolvimento, apoia-se em clichês dos gêneros em que se embasa para sustentar sua trama absurda. Utiliza-se do habitual humor light para dar o tom marvel à aventura. Trama previsível e de fácil assimilação, com cenas divertidas e bem coreogragafadas. Apesar do altíssimo nível da computação gráfica, seu uso do 3D deixou à desejar, nada que realmente faça a diferença de sua versão 2D. Visualmente estonteante e com uma ótima trilha sonora, o filme conta com boas sacadas dentre as frases de efeito e os coadjuvantes rasos. Filme nível vingadores, mas longe de Thor 2 e Capitão américa 2, provando que ainda é complicado lidar com mais de um protagonista em tela e trazer o peso certo para cada um dos dramas. Vale o ingresso, pipoca da melhor qualidade.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraMarcado por seus personagens à deriva, seus dramas intimistas, e suas conclusões enigmáticas que tornaram 2013 um ano característico para o cinema atual, deixara para o ano que viria o papel de dar continuidade à transição que iniciara. Dentre os nove indicados à categoria de “Melhor Filme” no Oscar®, dramas, comédias, ficções científicas e histórias reais definiram uma nova tendência no cinema onde seus personagens voltam a tomar controle de suas tramas. Em alguns casos, para tomar as rédeas de sua vida de volta, é necessário revisitar o passado e fazer as pazes, como demonstra o novo trabalho de Alexander Payne, “Nebraska”.
Um Road-movie em aparência, “Nebraska” partilha do gênero a ideia do percorrer grandes distâncias em busca da transformação pessoal. Gênero que teve sua ascensão nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, durante o crescimento da produção de automóveis e a cultura Hippie nos anos 70, e bebe da fonte da Odisseia grega e sua jornada pelos mares, caracteriza-se pela trama crescente que propõe aos seus protagonistas confrontos e obstáculos para superação de seus dilemas. Filmes como “Easy Rider” de Dennis Hopper, “Thelma & Louise” de Ridley Scott, “Road Movie” de Joseph Strick, “Bonnie & Clyde” de Arthur Penn e “Paris, Texas” de Wim Wenders pontuam o gênero e trazem a estrada como cenário da jornada de seus heróis, ou anti-heróis.
Acostumado aos dramas familiares e a utilizar-se do humor ácido para cutucar suas feridas, o diretor Alexander Payne - que já havia sido indicado na categoria alguns anos atrás por “Os Descendentes” e já havia comprovado sua competência ao receber o prêmio de melhor roteiro duas vezes, tanto com “Os Descendentes” quanto com “Sideways – Entre umas e Outras” – retorna à premiação com uma obra que além de aproveitar-se dos aprendizados de sua carreira e permanecer sempre na zona de conforto que criara para si, busca também um resgate do antigo cinema americano para encontrar o seu.
Rodado em preto e branco e recheado de transições e cortes não mais tão utilizados no cinema, preocupa-se em enaltecer os detalhes da velha América e da antiga maneira de fazer cinema sempre com humor jocoso e ácido, típico de seus trabalhos. Com planos parados e uma fotografia que carrega a apatia e animosidade de um Estados Unidos esquecido, o diretor em parceria com roteirista estreante Bob Nelson, contam a história de Woody Grant (Bruce Dern), um idoso que acredita ter ganho um milhão de dólares após receber um panfleto de promoção de uma revista. Com o intuito de retirar seu dinheiro, Woody decide ir até Nebraska, mesmo que sua família esteja de todas as maneiras tentando impedi-lo. Após ser repetidamente resgatado por seu filho David (Will Forte), acaba sendo levado de carro pelo filho de forma a resolver o problema, mas é aí que eles realmente começam.
Juntos dentro do carro, David conduz uma viagem ao estado de origem de sua família e ao passado de seu pai, um homem fechado e tacanho que nunca partilhara com os filhos nenhuma informação a respeito de sua vida. Lado a lado e com a estrada a sua frente, o filme que parece seguir o caminho dos Road-movies em busca da redenção logo chega a Nebraska onde o contato com o passado, e os antigos desafetos e familiares desencadeiam a trama. Com personagens cativantes e com momentos artificiais que servem ao ode que diretor tenta fazer aos maneirismos do antigo cinema, “Nebraska” é antes de tudo, a história de um homem que quer de volta a rédea de sua vida.
Entre uma mulher controladora e desbocada que não mede esforços para difamar cada um dos membros da sua família, amigos que sempre se aproveitaram de sua inocência e familiares que sempre crucificaram seus vícios, Woody é um homem sempre guiado pela vida e sua angústia é clara em seus cabelos bagunçados, seu rosto perdido e sua tendência alcoólatra. Ao lado do filho que trás a tona seus antigos conflitos, Woody, o homem que deixara para trás as origens e se perdera-se no processo, vai em busca de sua Nebraska, e o prêmio de um milhão, o ouro no fim do arco íris, aos poucos vai tomando outros formatos.
Entre casas coloniais “feitas para durar”, ferrovias solitárias na imensidão das fazendas americanas, e seu pálido preto e branco, “Nebraska” assim como “Álbum de Família” faz muito lembrar “A última sessão de Cinema”, filme dos anos 60 lembrado sempre como o último de sua geração a seguir os antigos moldes. Como uma forma de libertarem-se ao reconciliarem-se com as origens, estes filmes definem de forma pontual a transição no cinema. Apesar de emular o passado, e trazer em sua roupagem esta névoa inebriante que nos leva aos anos 50 com sua música country e suas camisas xadrez sobre as cadeiras de balanço na beira da estrada, o filme de Payne tem em seu humor cítrico e na franqueza ao expor seus personagens aos dramas que os constrangem uma roupagem atual e característica dos filmes deste ano.
Apesar de não tão revolucionário em suas técnicas cinematográficas e não ousar ao manter linear sua narrativa, “Nebraska” conquista seu espaço dentre os melhores filmes por vestir tão bem os conceitos do cinema atual ao abraçar o passado. Sua trajetória é tão satisfatória quanto seu desfecho e seu ritmo lento pontuado de forma inteligente com humor e uma boa trilha sonora oferecem além de uma reflexão uma boa experiência cinematográfica. No banco do carona, assistimos Woody, David, Payne e Nelson nos guiar estrada a fora, primeiro ao antigo cinema, para acenar pela janela e com respeito dizer tchau, e seguir viagem.
Transcendence: A Revolução
3.2 1,1K Assista AgoraInfelizmente, perderam a oportunidade de fazer uma boa ficção científica. Raso em todas as suas camadas, que não são muitas, o filme deixa a desejar a todo momento. Se o início do filme é rápido demais para explorar a relação dos três protagonistas e aproveitar a atuação dos atores de peso, seu desenrolar é deveras prolongado e a cada cena o filme perde seu peso. Rebecca Hall se esforça para suportar sua personagem, mas fica difícil quando o texto a faz uma mulher indecisa e volátil o tempo todo. As consequências de tal alterações no mundo são mal exploradas, para não dizer, nunca exploradas e a ficção científica de verdade é deixada de lado para dar espaço à ação e efeitos especiais que pouco acrescentam. O diretor de fotografia de Nolan, que estréia na direção neste filme, aproveita-se pouco da oportunidade para mostrar sua qualidade visual e entrega um filme similar visualmente à seus trabalhos anteriores. Se a premissa não fosse interessante e os atores esforçados, ficaria difícil seguir a trama até o final, visto que o filme parece perder-se em quais questões exatamente queria mostrar. "Levantar questões" não resume-se à jogar frases de efeito na tela e explicar cada conceito do roteiro, mas construir uma estrutura que dê argumentos suficientes para manter a questão viva, o que não é o caso. "Transcendence" lembra ficções científicas dos anos noventa e oitenta, que pouco conheciam do assunto e muito especulavam à respeito, sem ir a lugar algum, criando uma série de informações muito mal embasadas. Para gostar, não basta "pensar fora da caixa" você precisa ter fé e acreditar que toda a baboseira mal explicada apresentada em cena é verdade. Muita ficção com pouca cientificidade, ficou só no promessa.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraEm poucos minutos uma arma surge na tela. Antes de ser pressionado, a presença do gatilho na cena representa um futuro iminente; o lançar de projeteis vai começar a qualquer momento. Coadjuvante no cinema desde seus primórdios, a arma de fogo é elemento presente em comédias, dramas, até mesmo animações infantis. Habituados a sua presença, alternamos entre seu símbolo de violência para seu símbolo de proteção, ou perigo, mas aceitamos seu controverso papel na cultura da humanidade.
Das pistolas empunhadas pelos bandidos em “O grande roubo do Trem” de 1903, tiroteios no deserto como os de “Onde começa o inferno” de 1959 e os filmes de espionagem de James Bond e sua paixão por sua pistola Walter PPK. 38 em “007 Contra o Satânico Dr. No” de 1962, as armas de fogo só viriam a ser protagonistas e gerar para si um gênero próprio apenas no inicio dos anos 70 nos Estados Unidos com o surgimento dos filmes de ação, que tem seu ápice nos final dos anos 80 e que hoje mistura características dos filmes de aventura e os filmes policiais para dar continuidade ao gênero numa época onde as armas não são mais tão queridas.
Sob a sombra das caixas de munição, grandes rifles e muitos músculos, o gênero que se iniciara sutilmente no inicio dos anos setenta apenas com um papel mais essencial na trama às armas de fogo, ganha seus galãs, frases de efeito, clichês e maneirismos típicos no fim dos anos 80 onde o advento do Home Vídeo contribui para o surgimento de produções de baixo orçamento e sua disseminação em vídeo locadoras. Do sutil “Sob o domínio do Medo” de Sam Peckinpah em 1971, onde a arma de fogo representa o símbolo máximo de poder masculino e gerou controvérsias por seu conteúdo violento e realista, para os protagonistas preocupados com sua força física para suportar armas maiores, o gênero desenvolveu uma desvalorização da vida e do papel da arma do fogo dentro da sociedade.
Produto de uma era otimista no governo americano durante a presidência de Reagan, os filmes de ação e sua falta de peso ideológico, crítica social e repletos de humor e sarcasmo, ganham uma crítica mascarada de comédia satírica com o filme do diretor Paul Verhoeven em 1987, “Robocop”. Recheado com a violência o sexo típicos do gênero, o filme de Verhoeven funde homem e arma em um único ser, símbolo máximo da justiça e protetor do bom cidadão americano, a máquina que executa com precisão e senso de humor cruel, luta com a consciência do policial que a empunha, Alex Murphy, aleijado em combate e fundido com metal que busca vingança pela destruição de sua família.
Com cenas extremamente violentas e pontos altos de humor e crítica social, “Robocop” e seus exageros, tanto no roteiro quanto em montagem e execução, funciona perfeitamente na época em que se situa, e apesar de fazer mais sucesso no exterior do que dentro de casa, ajuda a consolidar a franquia e perpetua-se no público americano por seu alto nível de violência e humor.
Readaptado este ano por José Padilha, diretor conhecido por seus trabalhos em “Ônibus 174” e a série de filmes “Tropa de Elite”, “Robocop” veste o preto da força tática policial e abandona o humor para dar lugar a uma análise das consequências do homem máquina. Preocupado em pontuar todos os pontos de vista e desdobramentos de tal avanço nas políticas de segurança, o diretor brasileiro abandona o humor e estilização da violência e do sexo, marcas de Verhoeven, e preocupa-se em trabalhar o humano dentro da máquina, mas não como ele se vê, mas como o mundo o situa na sociedade.
A ação, comedida e veloz, funciona de forma precisa e pouco emociona ou diverte, o humano dentro da lata parece mais robótico que seu equivalente de 87, muito mais limitado em movimento, mas repleto de personalidade. Dirigindo muito bem o elenco, que conta com atuações consistentes de Gary Oldman, Michael Keaton e Jackie Earle Haley, e utilizando-se dos recursos provenientes da produção de alto custo norte americana, Padilha entrega um produto de qualidade técnica e precisão de estética e ritmo comprovando ao cinema americano que é capaz de cumprir as exigências do cinema, mas talvez não do mercado.
Sua crítica muito mais pontual e clara que a de seu predecessor, quando livre de seu alívio cômico habitual, ganha um gosto amargo e didático de lição de moral a ser dada. Integrando detalhes de seus trabalhos anteriores, e acostumado a criticar sem evocar soluções de seus espectadores, Padilha falha com o público americano, o que explica sua morna recepção nas bilheterias e na crítica especializada, mas não perde seu brilho como realização de um diretor brasileiro no exterior e não esquece suas origens.
A visão de Padilha sobre a arma humana é brasileira em sua origem. Mesmo após seu protagonista receber a aceitação do público ao efetuar uma prisão, o diretor e o roteiro do estreante Joshua Zetumer fazem questão de demonstrar o quão manipulado um oficial público pode ser. Utilizando-se da palavra “Sistema” e “Programação” longe de seus significados tecnológicos, Zetumer e Padilha retomam a crítica do homem comandado para executar, e critica novamente a posição do policial na linha de frente.
Apesar da qualidade técnica e das críticas bem executadas, o resultado final de Padilha carece de características que o perpetuem como uma obra de peso. Também produto de sua era, “Robocop” foge de seu propósito inicial de divertir ao criticar e perde-se ao tentar sair do gênero que o caracteriza buscando uma sobriedade que destoa dos absurdos da trama, e não entregar uma solução às questões levantadas durante sua duração. Mais preocupado em levantar as questões do que respondê-las, Padilha entrega um filme sem propósitos e sem pontos de vista para se firmar. Um bom filme, mas nada além disso, “Robocop” deixa claro que talvez não fosse a hora do policial do futuro vestir a roupa preta.
300: A Ascensão do Império
3.2 1,6K Assista Agorapior filme que eu vi em 2014, até pompéia é melhor.
tudo é desculpa pra lembrar o primeiro, todas as desculpas forçadas
fotografia mal emulada do primeiro, cenas desnecessárias, personagens
que só aparecerem pra fazer ponta, lamentável. no meu lado no cinema tinha gente dormindo e eu pesquei umas duas vezes.
lamentável.
Transformers: A Vingança dos Derrotados
3.1 1,4K Assista AgoraSegunda Feira o Pessoal da imprensa teve acesso ao filme Tansformers 2, antes mesmo de ser lançado aqui no Brasil na terça (23 de Junho) e as críticas não foram nada agradáveis. Todas as críticas que encontrei citavam pontos negativos do filme e sobre sua direção e tudo que eu esperei nas Quatro horas que aguardei para assistir o filme, era que ele fosse melhor do que eu tinha lido, mas foi pior.
Inicialmente,somos apresentados a um ataque Decepticon a uma tribo indígena primitiva, dando a entender que o encontro se passa a muito tempo atrás, certo, já sabíamos que os Decepticons tinham vindo antes para a terra, o fato do Bisavô do Sam Witwicky (Shia Labeouf - Disturbia, A guide to reconizing your saints) ter encontrado Megatron congelado é uma das cenas que demonstra isso no primeiro filme. Tudo escurece e estamos em Xanghai, onde Autobots trabalham em parceria com o exército americano para conter ataques de Decepticons. Enquanto isso, Sam está a caminho de sua Faculdade, tentando colocar sua vida de volta nos eixos, como uma pessoa normal, sem Autobots ou All Spark. Todos os atores estão muito bem familiarizados com seus personagens e muito bem acomodados, os pais de Sam por exemplo, interpretados por Kevin Dunn e Julie White, responsáveis pela parte cômica do filme e para criar o elo entre a vida normal de Sam e o “destino” que ele deve seguir. Ainda neste elo está Megan Fox que neste filme faz o papel de “hot girl” que fica sendo empurrada e carregada pra lá e pra cá com Sam a todo momento.
E o filme é basicamente isso, nós vemos o protagonista divido entre a vida normal, proteger e ficar perto das pessoas que você gosta, ou salvar o mundo de um ataque alienígena, vemos robôs lutando, e mais robôs lutando e cenas de romance encaixadas no meio das lutas entre robôs, claro, sempre com um ar jocoso para que você possa esquecer por alguns minutos que eles estão ali no meio de uma batalha de robôs gigantes e armas super avançadas, vemos um bom roteiro ser estragado por uma direção meia boca, com erros de continuismo que chegam a ser cômicos (como a cena já citada em outras resenhas do carro no meio do deserto, corta cena, carro no meio de um descampado com mato e de repente, estamos na cidade!) e as cenas em slow motion toda vez que você fica confuso demais para entender o que está acontecendo na tela.
Quando você já está ali cheio de cenas de ação entre robôs e cenas de amor entre a hot girl e desesperado Sam (que basicamente corre o filme inteiro), e começa a se perguntar quando vai chegar o fim do filme, e quando vai ser o maior clímax de todos os clímax do filme, o diretor espreme o final em poucos minutos, quando criamos expectativa para uma luta final interessante, o filme já está acabado e você fica com aquela cara de quem esperava algo melhor, mas o filme não é de todo ruim, pois cumpre seu papel.
O papel do filme, pelo meu ver, sempre foi entreter. Você chega, assiste um monte de robôs se batendo e destruindo tudo, admira a computação gráfica, ri um pouco com algumas cenas até bem elaboradas (Julie White Supostamente “chapada” com um brownie recheado com Maconha lhe rende algumas risadas) e pronto, vai pra casa com a cabeça descansada e sem muito o que dizer, e é exatamente isso que Transformers 2 faz, lhe entretem durante sua duração, não é um filme para refletir ou exigir alguma atenção especial do espectador, você só precisa sentar e assistir.
Um bom filme para se assistir em família, quando não quer pensar em nada e simplesmente apreciar computação gráfica de qualidade.
Thales de Mendonça.