Payne nos faz embarcar junto com pai e filho a caminho de Nebraska, conhecendo suas histórias e encontrando personagens incríveis, de fácil identificação, cada qual com seus problemas e sua personalidade, o que torna cada um indispensável para o filme. Com eles, rimos, refletimos e nos emocionamos, em um filme sensível, divertido e cativante, onde no fim temos certeza da importância dos laços familiares.
A trama gira em torno de um par de brincos, e é a partir da venda desse objeto que Max Ophüls tece sua narrativa, baila com sua câmera junto ao casal de amantes e vê ali, na espetacular sequência de colagem das valsas, nascer um amor proibido. Se a sequência de colagens não te fizer ficar com vontade de aplaudir o diretor, a cena onde pedaços rasgados de uma carta de amor viram flocos de neve provavelmente o fará. É Max Ophüls no auge de sua maturidade artística, criando uma tragédia romântica das mais belas.
A cena da cabine é tão linda que nada que eu disser vai ser capaz de descrever com exatidão a beleza e sensibilidade daquele diálogo, dos instantes de silêncio, das atuações e da fotografia que utiliza com perfeição a baixa iluminação do ambiente e os reflexos do vidro fumê.
Ed Wood não teve o talento de Orson Welles, mas a paixão por fazer cinema era a mesma, e ambos, cada qual à sua maneira, desafiaram os executivos de Hollywood para poderem realizar sua arte sem interferência dos estúdios. É com grande ternura e de forma extremamente cativante que Tim Burton nos conta essa história e os dramas pessoais do intitulado pior diretor do mundo, tornando uma tarefa difícil não se encantar pela figura de Edward Wood Jr. e por toda paixão que ele demonstra durante o filme. Assim, mesmo sabendo que seu trabalho será um completo fiasco, não deixamos de torcer por ele nem sequer por um minuto.
Não poderia ser ninguém menos que Tim Burton, sempre fascinado pelos excluídos e incompreendidos, o responsável por eternizar a memória de Ed Wood.
Objetos cortantes e armas de fogo aparecerem na tela dos lugares mais inesperados, fazendo as sombras do filme quase ganharem vida própria ao explorar todas as possibilidades de sua belíssima fotografia em preto e branco e dando ao filme um aspecto de terror, que é reforçado por planos externos fantasmagóricos, onde nuvens escuras, habitações isoladas e sombras desconhecidas tomam conta das paisagens de uma França marcada pela forma com que Robespierre reprimia seus opositores. O filme também passeia pelo noir e o romance, e é nessa mistura de gêneros que Mann desenvolve sua trama repleta de suspense, traições e diálogos afiados, criando um drama histórico que apesar de pouco conhecido, é da melhor qualidade.
Lang conseguiu criar um drama psicológico cheio de suspense e reviravoltas, retratando pessoas que, em meio a sociedade de consumo, desejam ser mais do são, mesmo que tenham que recorrer a métodos imorais para isso. Não é só um dos melhores filmes da fase americana do diretor, como um dos melhores de toda a sua filmografia, e acabou por se tornar um dos grandes clássicos do cinema noir.
Tirando algumas cenas que poderiam ser encurtadas e alguns diálogos descartáveis, o filme é perfeito. A trilha sonora é uma obra-prima à parte, e Argento soube usá-la perfeitamente, o que, aliado a um dos trabalhos de câmera mais instigantes do cinema, resulta em um dos melhores filmes do gênero, com cenas de gelar a espinha e os mais belos assassinatos já filmados.
Assim como o dinheiro e os excessos da vida de Jordan Belfort, o talento de Scorsese também parece inesgotável. Com 71 anos nas costas e um roteiro inteligentíssimo nas mãos, o diretor se mostra mais dinâmico, criativo e insano do que nunca. A incrível atuação de DiCaprio e todo o competente elenco ajudam a conceber as melhores e mais hilárias cenas do ano.
Esse clássico do cinema trash é um filme extremamente engraçado, com cenas onde a bizarrice é gradativa na mesma proporção que a diversão. Em Hollywood, Peter Jackson ainda conseguiria fazer bons filmes, mas nunca com a mesma força criativa.
Emociona e faz refletir, abordando uma velha questão que ainda se mantém universal: pais são aqueles que geram ou os que criam? Koreeda demonstra enorme sensibilidade ao tocar nesse e em outros temas delicados sobre as relações familiares, e mesmo diante da tensa situação apresentada, o filme ainda conta com bons momentos de humor.
O filme testamento do gênero western não poderia ter sido feito por ninguém menos que Sergio Leone, que cria uma obra que valeria a pena só pelos seus minutos iniciais, com os três homens esperando o trem. Mas o diretor consegue fazer com que ao longo de sua duração cada minuto seja indispensável, tamanha perfeição estética que Leone atribui a cada plano. E esses minutos iniciais poderiam ter sido ainda mais brilhantes, pois para interpretar os três homens Leone pretendia usar Clint Eastwood, Lee van Cleef e Eli Wallach (os protagonistas de The Good, the Bad and the Ugly), mas não foi possível devido a indisponibilidade dos atores.
Clint Eastwood também chegou a ser cogitado para fazer o papel que acabou sendo de Charles Bronson, mas Leone descartou essa possibilidade, porque não queria que Era uma Vez no Oeste remetesse de alguma maneira à trilogia dos dólares. Leone queria uma obra diferente de suas anteriores, sem abrir mão das características que marcaram seus filmes, mas dando mais profundidade a história, assim criando um drama autêntico em meio a poeira e aos duelos do velho oeste. E a escolha de elenco não poderia ser melhor, é difícil imaginar outros atores interpretando aqueles personagens. Charles Bronson, Jason Robards, Henry Fonda e a belíssima Claudia Cardinale, todos perfeitos em seus papéis.
Recentemente, Ennio Morricone disse que não trabalharia mais com Tarantino, pois o diretor usa suas músicas de forma incorreta. Talvez Morricone tenha ficado mal acostumado devido aos seus anos de contribuição com Leone, pois poucos diretores sabem usar a trilha sonora tão bem quanto o italiano, e Era uma Vez no Oeste é a prova definitiva disso. Leone atribui uma trilha para cada personagem, assim sabemos quando cada um está em cena mesmo antes de ser enquadrado pela câmera, basta ouvir o som de sua gaita e sabemos que o personagem de Charles Bronson está lá, por exemplo. E quando dois personagens estão presentes um novo tema se cria a partir da mistura de suas respectivas trilhas. Sem falar na importância que a gaita ganha no duelo final do filme, uma de suas das melhores cenas.
Junto com Frank morre também toda uma era de filmes de faroeste. Depois desse filme irretocável pouco seria feito pelo gênero, e nada que se igualasse em qualidade. Ironicamente, o início da decadência do próprio velho oeste é retratado no filme. A construção da linha do trem mostra a chegada do progresso ao oeste, o que daria início a uma nova era, onde pistoleiros e foras da lei dariam lugar às promessas de desenvolvimento do capitalismo. Assim, mais do que uma obra-prima do cinema, Era uma Vez no Oeste também é o epitáfio de um gênero que consagrou atores e diretores brilhantes. E há de se compreender o desaparecimento desses filmes, pois, tudo o que tinha para se fazer com o gênero, Leone o fez.
Um belo estudo de personagem de uma mulher em decadência não apenas financeira, mas emocional também. Há algo de novo e diferente a se observar em relação aos outros trabalhos do diretor, o que deixa o filme melhor ainda, mas quem rouba mesmo a cena é Cate Blanchett.
Metalinguístico, nonsense, extramente original, divertido, dispensa qualquer explicação racional e conta com uma sequência inicial brilhante, esse é o filme de Quentin Dupieux, que brinca com o público e crítica Hollywood e seus enlatados de filmes que envenenam o espectador. Tudo isso a partir da história de um pneu (sim, um pneu) assassino, com poderes psicocinéticos, que se apaixona, toma banho e adora assistir TV.
Levantando questões de cunho psicológico, social e político, Kubrick cria sua obra máxima
O texto contém spoilers, ou seja, revela detalhes sobre a trama. Se não assistiu ao filme, leia por sua conta e risco.
Tal como ouvir a 9ª Sinfonía de Beethoven é assistir a Laranja Mecânica: fica a sensação de estar diante de uma das maiores obras de sua respectiva arte. E é ao som da mais bela música clássica e com uma atuação impecável de Malcolm McDowell que Stanley Kubrick nos conta a história de Alex DeLarge, um jovem delinquente que vive em uma Inglaterra futurista, onde a língua falada é uma mistura de inglês, russo e gírias londrinas, e com ela aprendemos novas palavras e expressões, como droog (amigo), horrorshow (incrível), moloko (leite), in-out-in-out (sexo), entre outras.
Anthony Burgess, o autor do livro homônimo em que o filme foi baseado, é o inventor dessa linguagem. Mas uma das palavras que mais tem destaque no filme já existia antes mesmo de sua obra: ultraviolência. Essa violência superior a convencional nos é apresentada não apenas na forma física, que pode ser facilmente reconhecida nos atos de Alex DeLarge e seus droogs, mas também em sua forma psicológica, onde podem ser levantados muitos questionamentos acerca da complexidade do protagonista e da sociedade distópica – que cada vez mais parece mais real – onde se passa o filme.
Alex tira sua diversão de qualquer ato em que ele possa aplicar toda a sua agressividade, sem se importar com as leis que mantém a ordem social ou demonstrar qualquer sentimento humanitário. Ele se diverte livremente durante toda a primeira parte do filme, até que é traído por seus droogs e, então, preso. Na prisão, vemos nosso "humilde narrador" (o filme conta com uma narração em off do próprio protagonista, e é assim que ele se descreve) se tornar adepto da Bíblia, e mesmo quando ele parece estar em plena paz lendo as passagens do livro, sua mente na verdade está imersa nos mais bestiais pensamentos, como na polêmica cena em que ele se imagina flagelando Cristo no caminho da crucificação.
Violenta e agressiva, essa é a natureza de Alex. Podemos ver isso da primeira à última imagem, em seu olhar intimidador que abre o filme à cena final com seu devaneio carnal ao atestar que está curado. Essa natureza é intrínseca a personalidade do personagem, logo não pode ser mudada, o próprio padre diz isso: “a bondade vem de dentro”. Mas é justamente essa mudança que o Tratamento Ludovico promete realizar. Um método que busca acabar com o instinto violento de criminosos como Alex. Para isso, o paciente é submetido ao uso de drogas em fase de teste e posteriormente obrigado a assistir sessões de filmes que retratam a violência em várias formas possíveis. Nessas sessões o paciente fica impossibilitado de fechar os olhos e tem que continuar assistindo ao filme até que sinta um grande desconforto, enjôo e, por fim, desmaie.
O que o método faz não é acabar com o instinto violento do paciente, mas fazê-lo associar qualquer ato de agressividade a terrível sensação sentida no tratamento, assim ele fica impelido de agir violentamente, mesmo que seja para autodefesa. Até a 9ª Sinfonia de Beethoven e o sexo lhe causam esse desconforto – as alusões à sexualidade são várias durante o filme, basta reparar na quantidade de objetos em forma fálica que são mostrados. “Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser homem”, o padre havia alertado sobre o preço da liberdade que Alex queria, e é na segunda metade do filme que ele sofre com ela.
Nosso protagonista ganha a tão sonha da liberdade, mas então vê os atos que praticou no passado se voltarem contra ele através de suas antigas vítimas. Os personagens da primeira parte do filme agridem nosso protagonista de diversas formas, e Kubrick nos faz refletir: não seria a personalidade de Alex apenas um reflexo da sociedade em que vive? Após a tentativa de suicídio do personagem e a reversão do Tratamento Ludovico, o diretor ainda mostra para o público que, por mais desprezíveis que sejam as atitudes de um indivíduo perante a sociedade, não podemos mudar seu inconsciente e lhe tirar o direito de escolha.
Como se fosse pouco ter abordado todos esses assuntos citadas no texto, Kubrick ainda faz uma crítica política, sempre deixando claro que por trás do Tratamento Ludovico há o interesse de pessoas que pouco se importam com o real resultado desse método e muito menos com o que as cobaias são submetidas, querendo apenas algo para apresentar como o milagre que irá acabar com a criminalidade, para assim garantirem seu poder político. Essa é a essência de Laranja Mecânica, um filme crítico, com mensagens atemporais, que levanta questões de cunho psicológico, social e político, se tornando assim a obra máxima de Stanley Kubrick.
Um retrato pessimista e superficial da natureza humana filmado com grande sadismo por Lars Von Trier
O texto contém spoilers, ou seja, revela detalhes sobre a trama. Se não assistiu ao filme, leia por sua conta e risco.
“Ousado” é um dos adjetivos mais comumente atribuídos a Dogville, e a característica do filme mais evidente e que melhor justifica esse adjetivo é a disposição cenográfica: um grande palco com demarcações teatrais. Essa escolha de cenário, mais do que para impressionar ou causar estranhamento, serve para universalizar Dogville. Apenas marcações no chão representam as moradias, plantações e até mesmo o cachorro, assim, se não nos fossem dadas algumas informações geográficas sobre a cidadezinha e a época em que o filme se passa, Dogville poderia ser qualquer lugar no mundo. Trier nos diz isso através de seu personagem Tom, quando Grace sugere que o local do livro que ele está escrevendo, inspirado na própria cidade, se chame Dogville e Tom responde: “Não funcionaria. Deve ser universal”. Assim entende-se que o antiamericanismo do filme é apenas fachada, uma vez que o diretor mostra não reduzir o que é apresentado apenas a cidadãos americanos em uma cidade americana, mas sim deixa claro que os acontecimentos que ocorrem ali são universais.
Mesmo sem essa escolha cenográfica, não seria difícil perceber que Dogville representa muito mais do que uma cidadezinha. A partir da aceitação de Grace, onde até então todos os personagens aparentam ser extremamente bondosos e receptivos, Lars Von Trier levanta muitos questionamentos morais, sem aprofundá-los muito, mas deixando cada vez mais evidente o retrato pessimista e superficial que o diretor tenta traçar sobre a natureza humana. Após tal bondade dos personagens dar lugar ao que o ser humano tem de pior, Grace é duramente oprimida e explorada, angustiando o espectador.
Essa angustia é despertada pela empatia que Grace desperta no público. Mas seja pela atuação caricata de Nicole Kidman, pela passividade com que a personagem aceita tudo a que é submetida, pelo ritmo que pode afastar alguns após três horas de filme, ou pelo sadismo com que Trier filma tudo isso; por algum desses motivos (ou por todos eles), ao longo do filme, fica cada vez mais difícil empatizar com os acontecimentos cada mais vez mais cruéis que acontecem a Grace. Assim, no final, quando há uma inversão de poderes e a personagem tem a oportunidade de punir os moradores de Dogville, o espectador já se distanciou e não consegue compartilhar do mesmo sentimento de liberdade que a protagonista sente ao se vingar, o que deveria ser o grande clímax do filme.
Essa inversão de poderes não veio de graça, é claro. Tudo aconteceu após a chegada do pai de Grace, que representa algo muito maior do que um poderoso gângster. O diálogo no carro entre pai e filha deixa claro que a protagonista representa Jesus, e seu pai, representando Deus, diz que Grace (Jesus) é arrogante, pois considera ter uma moral elevada em comparação a dos moradores de Dogville (humanidade), assim não usa os mesmos padrões para julgá-los, logo não considera necessário repreendê-los por seus atos. Eis então que Grace recebe uma luz e ouve seu pai, punindo a todos em Dogville, que, como Sodoma e Gomorra, arde em chamas por seus pecados, deixando apenas um sobrevivente, o cão, que não por acaso e completando as analogias bíblicas, tem nome de Moisés.
Acaba o filme, e se não fica a sensação de ter visto uma boa obra, fica ao menos a de ter estar diante de um filme diferente. Um misto de escolhas audaciosas, que ora funcionam, como a disposição cenográfica – de fato é difícil imaginar Dogville funcionando melhor com cenários e locações convencionais –, ora não. Pois mesmo após os personagens saírem de cena, o diretor consegue fazer uma péssima escolha: os créditos finais. Trier falha ao tentar, “artisticamente”, projetar Dogville para o mundo real através de fotografias de época que mostram cidadãos americanos em situações de pobreza, ao som de David Bowie, enquanto correm os créditos. Não soa bem e o filme poderia muito bem acabar sem essa.
Korine tenta retratar uma juventude que busca uma forma de encontrar sua própria identidade, em uma geração onde drogas e sexo já não são um objeto de libertação, mas sim de ostentação. Para isso, o diretor traz um pouco de Malick em sua narrativa, o que faz com que o visual se sobressaia ao conteúdo, e o que fica na cabeça são algumas imagens, como uma canção de Britney Spears sendo cantada por James Franco, em uma atuação irreconhecível, que merece ser lembrada. Há algo de interessante nessas belas imagens, que fazem o filme passar longe da fama de péssimo filme que adquiriu.
Quando o personagem mais cativante é um assassino pedófilo, é porque o filme tem algo de bizarro. Nesse caso, algo bom. William Friedkin entrega mais um trabalho competente, que valeria a pena só pela cena da cozinha e prova que Matthew McConaughey estava desperdiçando talento fazendo comédias românticas.
Asghar Farhadi se mantém imparcial diante da conturbada relação de seus complexos personagens e aborda questões extremamente reais, onde cada ação é carregada de consequências morais e acarreta muitos desdobramentos. Assim o diretor iraniano constrói um drama poderoso, bem atuado, bem escrito, bem dirigido e que, certamente, figura entre os melhores filmes do ano.
A inocência de Lucas é evidente desde o início, então só nos resta acompanhar angustiados os estragados causados em sua vida. Com essa angústia vem também reflexões sobre os danos que falsas acusações e pré-julgamentos podem causar a vida de alguém. A atuação de Mads Mikkelsen é a cereja do bolo desse filme devastador.
Usando uma narrativa não-linear e embalado por uma trilha sonora deliciosa, que é quase um personagem do filme, Alabama Monroe aborda muitos temas e explora muitos sentimentos. Paternidade, câncer infantil, fé, religião, perda e problemas no relacionamento são alguns pontos tocados pelo roteiro que permeiam a vida dos protagonistas, muito bem interpretados por Johan Heldenbergh e Veerle Baetens, conseguindo passar para o público todas as emoções de seus personagens, seja nos momentos de dor ou de felicidade. Assim Felix van Groeningen faz o que poderia ser uma simples história clichê virar um drama intenso, bem conduzido, com momentos genuinamente emocionantes e que, certamente, é um dos melhores filmes do ano.
Kar Wai não se restringe a abordar apenas a carreira de Yip Man dentro das artes marciais, como também se preocupa em mostrar o contexto histórico-político da China durante o período que abrange o filme e as consequências que as mudanças sofridas em seu país trouxeram para a vida do lutador. Assim o diretor consegue ir além do kung fu e suas muitíssimo bem coreografadas cenas de luta e explora os aspectos dramáticos da obra com grande sensibilidade. O resultado é um bom filme, prejudicado por um roteiro confuso e que fica aquém da capacidade de seu realizador, mas que valeria a pena só pelo esteticismo visual e o jeito único de fazer cinema de Kar Wai.
O filme não se reduz a um simples thriller policial, ele vai além e aposta nos dilemas morais dos personagens e até onde eles são capazes de chegar em uma situação extrema. Assim não somente os personagens são feitos de prisioneiros, mas o espectador também, pois é impossível escapar de toda tensão e suspense criados pela trama de mistérios, que culmina em final surpreendente, sem pontas soltas e que atesta a qualidade desse que é um dos melhores filmes do ano.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraPayne nos faz embarcar junto com pai e filho a caminho de Nebraska, conhecendo suas histórias e encontrando personagens incríveis, de fácil identificação, cada qual com seus problemas e sua personalidade, o que torna cada um indispensável para o filme. Com eles, rimos, refletimos e nos emocionamos, em um filme sensível, divertido e cativante, onde no fim temos certeza da importância dos laços familiares.
Desejos Proibidos
3.9 27 Assista AgoraA trama gira em torno de um par de brincos, e é a partir da venda desse objeto que Max Ophüls tece sua narrativa, baila com sua câmera junto ao casal de amantes e vê ali, na espetacular sequência de colagem das valsas, nascer um amor proibido. Se a sequência de colagens não te fizer ficar com vontade de aplaudir o diretor, a cena onde pedaços rasgados de uma carta de amor viram flocos de neve provavelmente o fará. É Max Ophüls no auge de sua maturidade artística, criando uma tragédia romântica das mais belas.
Paris, Texas
4.3 698 Assista AgoraA cena da cabine é tão linda que nada que eu disser vai ser capaz de descrever com exatidão a beleza e sensibilidade daquele diálogo, dos instantes de silêncio, das atuações e da fotografia que utiliza com perfeição a baixa iluminação do ambiente e os reflexos do vidro fumê.
Ed Wood
4.0 583 Assista AgoraEd Wood não teve o talento de Orson Welles, mas a paixão por fazer cinema era a mesma, e ambos, cada qual à sua maneira, desafiaram os executivos de Hollywood para poderem realizar sua arte sem interferência dos estúdios. É com grande ternura e de forma extremamente cativante que Tim Burton nos conta essa história e os dramas pessoais do intitulado pior diretor do mundo, tornando uma tarefa difícil não se encantar pela figura de Edward Wood Jr. e por toda paixão que ele demonstra durante o filme. Assim, mesmo sabendo que seu trabalho será um completo fiasco, não deixamos de torcer por ele nem sequer por um minuto.
Não poderia ser ninguém menos que Tim Burton, sempre fascinado pelos excluídos e incompreendidos, o responsável por eternizar a memória de Ed Wood.
A Sombra da Guilhotina
4.0 9Objetos cortantes e armas de fogo aparecerem na tela dos lugares mais inesperados, fazendo as sombras do filme quase ganharem vida própria ao explorar todas as possibilidades de sua belíssima fotografia em preto e branco e dando ao filme um aspecto de terror, que é reforçado por planos externos fantasmagóricos, onde nuvens escuras, habitações isoladas e sombras desconhecidas tomam conta das paisagens de uma França marcada pela forma com que Robespierre reprimia seus opositores. O filme também passeia pelo noir e o romance, e é nessa mistura de gêneros que Mann desenvolve sua trama repleta de suspense, traições e diálogos afiados, criando um drama histórico que apesar de pouco conhecido, é da melhor qualidade.
Almas Perversas
4.2 76 Assista AgoraLang conseguiu criar um drama psicológico cheio de suspense e reviravoltas, retratando pessoas que, em meio a sociedade de consumo, desejam ser mais do são, mesmo que tenham que recorrer a métodos imorais para isso. Não é só um dos melhores filmes da fase americana do diretor, como um dos melhores de toda a sua filmografia, e acabou por se tornar um dos grandes clássicos do cinema noir.
Prelúdio Para Matar
4.0 257 Assista AgoraTirando algumas cenas que poderiam ser encurtadas e alguns diálogos descartáveis, o filme é perfeito. A trilha sonora é uma obra-prima à parte, e Argento soube usá-la perfeitamente, o que, aliado a um dos trabalhos de câmera mais instigantes do cinema, resulta em um dos melhores filmes do gênero, com cenas de gelar a espinha e os mais belos assassinatos já filmados.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraAssim como o dinheiro e os excessos da vida de Jordan Belfort, o talento de Scorsese também parece inesgotável. Com 71 anos nas costas e um roteiro inteligentíssimo nas mãos, o diretor se mostra mais dinâmico, criativo e insano do que nunca. A incrível atuação de DiCaprio e todo o competente elenco ajudam a conceber as melhores e mais hilárias cenas do ano.
Fome Animal
3.9 878Esse clássico do cinema trash é um filme extremamente engraçado, com cenas onde a bizarrice é gradativa na mesma proporção que a diversão.
Em Hollywood, Peter Jackson ainda conseguiria fazer bons filmes, mas nunca com a mesma força criativa.
Pais e Filhos
4.3 211 Assista AgoraEmociona e faz refletir, abordando uma velha questão que ainda se mantém universal: pais são aqueles que geram ou os que criam? Koreeda demonstra enorme sensibilidade ao tocar nesse e em outros temas delicados sobre as relações familiares, e mesmo diante da tensa situação apresentada, o filme ainda conta com bons momentos de humor.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraO filme definitivo de todo um gênero, pois passaram-se 70 anos e ninguém conseguiu fazer um romance tão marcante quanto Casablanca.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraO filme testamento do gênero western não poderia ter sido feito por ninguém menos que Sergio Leone, que cria uma obra que valeria a pena só pelos seus minutos iniciais, com os três homens esperando o trem. Mas o diretor consegue fazer com que ao longo de sua duração cada minuto seja indispensável, tamanha perfeição estética que Leone atribui a cada plano. E esses minutos iniciais poderiam ter sido ainda mais brilhantes, pois para interpretar os três homens Leone pretendia usar Clint Eastwood, Lee van Cleef e Eli Wallach (os protagonistas de The Good, the Bad and the Ugly), mas não foi possível devido a indisponibilidade dos atores.
Clint Eastwood também chegou a ser cogitado para fazer o papel que acabou sendo de Charles Bronson, mas Leone descartou essa possibilidade, porque não queria que Era uma Vez no Oeste remetesse de alguma maneira à trilogia dos dólares. Leone queria uma obra diferente de suas anteriores, sem abrir mão das características que marcaram seus filmes, mas dando mais profundidade a história, assim criando um drama autêntico em meio a poeira e aos duelos do velho oeste. E a escolha de elenco não poderia ser melhor, é difícil imaginar outros atores interpretando aqueles personagens. Charles Bronson, Jason Robards, Henry Fonda e a belíssima Claudia Cardinale, todos perfeitos em seus papéis.
Recentemente, Ennio Morricone disse que não trabalharia mais com Tarantino, pois o diretor usa suas músicas de forma incorreta. Talvez Morricone tenha ficado mal acostumado devido aos seus anos de contribuição com Leone, pois poucos diretores sabem usar a trilha sonora tão bem quanto o italiano, e Era uma Vez no Oeste é a prova definitiva disso. Leone atribui uma trilha para cada personagem, assim sabemos quando cada um está em cena mesmo antes de ser enquadrado pela câmera, basta ouvir o som de sua gaita e sabemos que o personagem de Charles Bronson está lá, por exemplo. E quando dois personagens estão presentes um novo tema se cria a partir da mistura de suas respectivas trilhas. Sem falar na importância que a gaita ganha no duelo final do filme, uma de suas das melhores cenas.
Junto com Frank morre também toda uma era de filmes de faroeste. Depois desse filme irretocável pouco seria feito pelo gênero, e nada que se igualasse em qualidade. Ironicamente, o início da decadência do próprio velho oeste é retratado no filme. A construção da linha do trem mostra a chegada do progresso ao oeste, o que daria início a uma nova era, onde pistoleiros e foras da lei dariam lugar às promessas de desenvolvimento do capitalismo. Assim, mais do que uma obra-prima do cinema, Era uma Vez no Oeste também é o epitáfio de um gênero que consagrou atores e diretores brilhantes. E há de se compreender o desaparecimento desses filmes, pois, tudo o que tinha para se fazer com o gênero, Leone o fez.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraUm belo estudo de personagem de uma mulher em decadência não apenas financeira, mas emocional também. Há algo de novo e diferente a se observar em relação aos outros trabalhos do diretor, o que deixa o filme melhor ainda, mas quem rouba mesmo a cena é Cate Blanchett.
Rubber
3.2 307Metalinguístico, nonsense, extramente original, divertido, dispensa qualquer explicação racional e conta com uma sequência inicial brilhante, esse é o filme de Quentin Dupieux, que brinca com o público e crítica Hollywood e seus enlatados de filmes que envenenam o espectador. Tudo isso a partir da história de um pneu (sim, um pneu) assassino, com poderes psicocinéticos, que se apaixona, toma banho e adora assistir TV.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraLevantando questões de cunho psicológico, social e político, Kubrick cria sua obra máxima
O texto contém spoilers, ou seja, revela detalhes sobre a trama. Se não assistiu ao filme, leia por sua conta e risco.
Tal como ouvir a 9ª Sinfonía de Beethoven é assistir a Laranja Mecânica: fica a sensação de estar diante de uma das maiores obras de sua respectiva arte. E é ao som da mais bela música clássica e com uma atuação impecável de Malcolm McDowell que Stanley Kubrick nos conta a história de Alex DeLarge, um jovem delinquente que vive em uma Inglaterra futurista, onde a língua falada é uma mistura de inglês, russo e gírias londrinas, e com ela aprendemos novas palavras e expressões, como droog (amigo), horrorshow (incrível), moloko (leite), in-out-in-out (sexo), entre outras.
Anthony Burgess, o autor do livro homônimo em que o filme foi baseado, é o inventor dessa linguagem. Mas uma das palavras que mais tem destaque no filme já existia antes mesmo de sua obra: ultraviolência. Essa violência superior a convencional nos é apresentada não apenas na forma física, que pode ser facilmente reconhecida nos atos de Alex DeLarge e seus droogs, mas também em sua forma psicológica, onde podem ser levantados muitos questionamentos acerca da complexidade do protagonista e da sociedade distópica – que cada vez mais parece mais real – onde se passa o filme.
Alex tira sua diversão de qualquer ato em que ele possa aplicar toda a sua agressividade, sem se importar com as leis que mantém a ordem social ou demonstrar qualquer sentimento humanitário. Ele se diverte livremente durante toda a primeira parte do filme, até que é traído por seus droogs e, então, preso. Na prisão, vemos nosso "humilde narrador" (o filme conta com uma narração em off do próprio protagonista, e é assim que ele se descreve) se tornar adepto da Bíblia, e mesmo quando ele parece estar em plena paz lendo as passagens do livro, sua mente na verdade está imersa nos mais bestiais pensamentos, como na polêmica cena em que ele se imagina flagelando Cristo no caminho da crucificação.
Violenta e agressiva, essa é a natureza de Alex. Podemos ver isso da primeira à última imagem, em seu olhar intimidador que abre o filme à cena final com seu devaneio carnal ao atestar que está curado. Essa natureza é intrínseca a personalidade do personagem, logo não pode ser mudada, o próprio padre diz isso: “a bondade vem de dentro”. Mas é justamente essa mudança que o Tratamento Ludovico promete realizar. Um método que busca acabar com o instinto violento de criminosos como Alex. Para isso, o paciente é submetido ao uso de drogas em fase de teste e posteriormente obrigado a assistir sessões de filmes que retratam a violência em várias formas possíveis. Nessas sessões o paciente fica impossibilitado de fechar os olhos e tem que continuar assistindo ao filme até que sinta um grande desconforto, enjôo e, por fim, desmaie.
O que o método faz não é acabar com o instinto violento do paciente, mas fazê-lo associar qualquer ato de agressividade a terrível sensação sentida no tratamento, assim ele fica impelido de agir violentamente, mesmo que seja para autodefesa. Até a 9ª Sinfonia de Beethoven e o sexo lhe causam esse desconforto – as alusões à sexualidade são várias durante o filme, basta reparar na quantidade de objetos em forma fálica que são mostrados. “Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser homem”, o padre havia alertado sobre o preço da liberdade que Alex queria, e é na segunda metade do filme que ele sofre com ela.
Nosso protagonista ganha a tão sonha da liberdade, mas então vê os atos que praticou no passado se voltarem contra ele através de suas antigas vítimas. Os personagens da primeira parte do filme agridem nosso protagonista de diversas formas, e Kubrick nos faz refletir: não seria a personalidade de Alex apenas um reflexo da sociedade em que vive? Após a tentativa de suicídio do personagem e a reversão do Tratamento Ludovico, o diretor ainda mostra para o público que, por mais desprezíveis que sejam as atitudes de um indivíduo perante a sociedade, não podemos mudar seu inconsciente e lhe tirar o direito de escolha.
Como se fosse pouco ter abordado todos esses assuntos citadas no texto, Kubrick ainda faz uma crítica política, sempre deixando claro que por trás do Tratamento Ludovico há o interesse de pessoas que pouco se importam com o real resultado desse método e muito menos com o que as cobaias são submetidas, querendo apenas algo para apresentar como o milagre que irá acabar com a criminalidade, para assim garantirem seu poder político. Essa é a essência de Laranja Mecânica, um filme crítico, com mensagens atemporais, que levanta questões de cunho psicológico, social e político, se tornando assim a obra máxima de Stanley Kubrick.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraUm retrato pessimista e superficial da natureza humana filmado com grande sadismo por Lars Von Trier
O texto contém spoilers, ou seja, revela detalhes sobre a trama. Se não assistiu ao filme, leia por sua conta e risco.
“Ousado” é um dos adjetivos mais comumente atribuídos a Dogville, e a característica do filme mais evidente e que melhor justifica esse adjetivo é a disposição cenográfica: um grande palco com demarcações teatrais. Essa escolha de cenário, mais do que para impressionar ou causar estranhamento, serve para universalizar Dogville. Apenas marcações no chão representam as moradias, plantações e até mesmo o cachorro, assim, se não nos fossem dadas algumas informações geográficas sobre a cidadezinha e a época em que o filme se passa, Dogville poderia ser qualquer lugar no mundo. Trier nos diz isso através de seu personagem Tom, quando Grace sugere que o local do livro que ele está escrevendo, inspirado na própria cidade, se chame Dogville e Tom responde: “Não funcionaria. Deve ser universal”. Assim entende-se que o antiamericanismo do filme é apenas fachada, uma vez que o diretor mostra não reduzir o que é apresentado apenas a cidadãos americanos em uma cidade americana, mas sim deixa claro que os acontecimentos que ocorrem ali são universais.
Mesmo sem essa escolha cenográfica, não seria difícil perceber que Dogville representa muito mais do que uma cidadezinha. A partir da aceitação de Grace, onde até então todos os personagens aparentam ser extremamente bondosos e receptivos, Lars Von Trier levanta muitos questionamentos morais, sem aprofundá-los muito, mas deixando cada vez mais evidente o retrato pessimista e superficial que o diretor tenta traçar sobre a natureza humana. Após tal bondade dos personagens dar lugar ao que o ser humano tem de pior, Grace é duramente oprimida e explorada, angustiando o espectador.
Essa angustia é despertada pela empatia que Grace desperta no público. Mas seja pela atuação caricata de Nicole Kidman, pela passividade com que a personagem aceita tudo a que é submetida, pelo ritmo que pode afastar alguns após três horas de filme, ou pelo sadismo com que Trier filma tudo isso; por algum desses motivos (ou por todos eles), ao longo do filme, fica cada vez mais difícil empatizar com os acontecimentos cada mais vez mais cruéis que acontecem a Grace. Assim, no final, quando há uma inversão de poderes e a personagem tem a oportunidade de punir os moradores de Dogville, o espectador já se distanciou e não consegue compartilhar do mesmo sentimento de liberdade que a protagonista sente ao se vingar, o que deveria ser o grande clímax do filme.
Essa inversão de poderes não veio de graça, é claro. Tudo aconteceu após a chegada do pai de Grace, que representa algo muito maior do que um poderoso gângster. O diálogo no carro entre pai e filha deixa claro que a protagonista representa Jesus, e seu pai, representando Deus, diz que Grace (Jesus) é arrogante, pois considera ter uma moral elevada em comparação a dos moradores de Dogville (humanidade), assim não usa os mesmos padrões para julgá-los, logo não considera necessário repreendê-los por seus atos. Eis então que Grace recebe uma luz e ouve seu pai, punindo a todos em Dogville, que, como Sodoma e Gomorra, arde em chamas por seus pecados, deixando apenas um sobrevivente, o cão, que não por acaso e completando as analogias bíblicas, tem nome de Moisés.
Acaba o filme, e se não fica a sensação de ter visto uma boa obra, fica ao menos a de ter estar diante de um filme diferente. Um misto de escolhas audaciosas, que ora funcionam, como a disposição cenográfica – de fato é difícil imaginar Dogville funcionando melhor com cenários e locações convencionais –, ora não. Pois mesmo após os personagens saírem de cena, o diretor consegue fazer uma péssima escolha: os créditos finais. Trier falha ao tentar, “artisticamente”, projetar Dogville para o mundo real através de fotografias de época que mostram cidadãos americanos em situações de pobreza, ao som de David Bowie, enquanto correm os créditos. Não soa bem e o filme poderia muito bem acabar sem essa.
Spring Breakers: Garotas Perigosas
2.4 2,0K Assista AgoraKorine tenta retratar uma juventude que busca uma forma de encontrar sua própria identidade, em uma geração onde drogas e sexo já não são um objeto de libertação, mas sim de ostentação. Para isso, o diretor traz um pouco de Malick em sua narrativa, o que faz com que o visual se sobressaia ao conteúdo, e o que fica na cabeça são algumas imagens, como uma canção de Britney Spears sendo cantada por James Franco, em uma atuação irreconhecível, que merece ser lembrada.
Há algo de interessante nessas belas imagens, que fazem o filme passar longe da fama de péssimo filme que adquiriu.
Killer Joe: Matador de Aluguel
3.6 880 Assista AgoraQuando o personagem mais cativante é um assassino pedófilo, é porque o filme tem algo de bizarro. Nesse caso, algo bom.
William Friedkin entrega mais um trabalho competente, que valeria a pena só pela cena da cozinha e prova que Matthew McConaughey estava desperdiçando talento fazendo comédias românticas.
O Passado
4.0 294 Assista AgoraAsghar Farhadi se mantém imparcial diante da conturbada relação de seus complexos personagens e aborda questões extremamente reais, onde cada ação é carregada de consequências morais e acarreta muitos desdobramentos. Assim o diretor iraniano constrói um drama poderoso, bem atuado, bem escrito, bem dirigido e que, certamente, figura entre os melhores filmes do ano.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraA inocência de Lucas é evidente desde o início, então só nos resta acompanhar angustiados os estragados causados em sua vida. Com essa angústia vem também reflexões sobre os danos que falsas acusações e pré-julgamentos podem causar a vida de alguém. A atuação de Mads Mikkelsen é a cereja do bolo desse filme devastador.
Alabama Monroe
4.3 1,4KUsando uma narrativa não-linear e embalado por uma trilha sonora deliciosa, que é quase um personagem do filme, Alabama Monroe aborda muitos temas e explora muitos sentimentos. Paternidade, câncer infantil, fé, religião, perda e problemas no relacionamento são alguns pontos tocados pelo roteiro que permeiam a vida dos protagonistas, muito bem interpretados por Johan Heldenbergh e Veerle Baetens, conseguindo passar para o público todas as emoções de seus personagens, seja nos momentos de dor ou de felicidade. Assim Felix van Groeningen faz o que poderia ser uma simples história clichê virar um drama intenso, bem conduzido, com momentos genuinamente emocionantes e que, certamente, é um dos melhores filmes do ano.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraSorrentino resgata um pouco de Fellini, sem o mesmo talento, mas também não deixa a desejar e o resultado é, no mínimo, interessante.
O Grande Mestre
3.4 175 Assista AgoraKar Wai não se restringe a abordar apenas a carreira de Yip Man dentro das artes marciais, como também se preocupa em mostrar o contexto histórico-político da China durante o período que abrange o filme e as consequências que as mudanças sofridas em seu país trouxeram para a vida do lutador. Assim o diretor consegue ir além do kung fu e suas muitíssimo bem coreografadas cenas de luta e explora os aspectos dramáticos da obra com grande sensibilidade. O resultado é um bom filme, prejudicado por um roteiro confuso e que fica aquém da capacidade de seu realizador, mas que valeria a pena só pelo esteticismo visual e o jeito único de fazer cinema de Kar Wai.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraO filme não se reduz a um simples thriller policial, ele vai além e aposta nos dilemas morais dos personagens e até onde eles são capazes de chegar em uma situação extrema. Assim não somente os personagens são feitos de prisioneiros, mas o espectador também, pois é impossível escapar de toda tensão e suspense criados pela trama de mistérios, que culmina em final surpreendente, sem pontas soltas e que atesta a qualidade desse que é um dos melhores filmes do ano.