“Não é que você não entenderia, é que você não sentiria o que eu sinto”
Em um determinado momento no filme, alguém fala sobre esperança ao protagonista. Sempre entendi a esperança como um conceito um tanto perigoso. Viver constantemente no futuro acaba por nos fazer negligenciar o presente. Mas não pude deixar de me perguntar: E quando alguém perde a esperança? Bom, aí essa pessoa é obrigada a voltar os olhos somente para o presente. E quando o presente é doloroso demais, a ideia de um futuro se torna insuportável. É isso que o Badii sente. Não sabemos os motivos (também não importa), mas ele não quer um futuro para si, ele não quer estabelecer relações com ninguém. Ele só quer encontrar alguém que o auxilie com um “trabalho manual”. Ele constantemente usa esse termo para tentar amenizar o peso do que ele deseja e pede das pessoas a quem ele oferece esse “serviço”. Grandes reflexões sobre moral, religiosidade, ética e medo são tiradas desses momentos. O diretor toma a distância necessária para que não julguemos o desejo do protagonista, mas nos aproxima dele o suficiente para que sintamos sua dor, seu vazio. Ele passa por diversas pessoas, e essa presença constante de pessoas em busca de alguma oportunidade de trabalho durante o filme funciona como essa alusão à necessidade humana de procurar um sentido para nossa existência. Vivemos para trabalhar, ou amar, cumprir idealizações ou até mesmo aproveitar as coisas simples da vida. Depositar no cumprimento de tais coisas a nossa felicidade a esvazia. Torna-a uma mera lista de afazeres.
Gosto de Cereja é um dos filmes mais sensíveis a respeito de um tema tão delicado. Uma obra de arte no sentido mais pleno possível.
Existem tantas possibilidades de interpretação sobre esse filme quanto multiversos dentro dele. Mas o que mais me toca é a ideia de cada “poderia ter sido” vivenciada pela protagonista nos levar a pensar nos nossos. No que poderíamos ter feito de diferente, ou dito de maneira diferente. Onde estaríamos se tivéssemos feito determinadas escolhas, renunciado a coisas para conseguir outras. Essa infinidade de nós mesmos que destruímos ao longo do caminho.
É um filme hiperbólico, não só no título, mas em sua essência. Ao mesmo tempo, nos faz contemplar a pequenez de nossa existência com um cuidado muito sensível. Negar o caos que somos não faz com que ele deixe de existir, então quando abraçamos esse “nada importa” muita coisa passa a fazer sentido ou tomar sentidos diferentes.
O centro vazio da rosquinha acaba sendo esse lugar rodeado pela bagunça da vida, onde cada coisa e cada momento viram um grande nada. Parece desesperador, mas dependendo do ponto de vista vira um alento.
Vez por outra a gente se depara com filmes que nos relembram o porquê de amarmos tanto cinema. Acredito que The Fabelmans é um desses casos. Talvez por ser inspirado em sua própria vida, dá pra sentir em cada frame o tanto que o Spielberg colocou o coração nesse filme. Há tanto amor, tanta ternura na construção dessa história que ela enche o coração. Os personagens são tão cativantes (Michelle Williams brilha demais aqui) e é tudo acompanhado de uma trilha sonora linda! Acompanhamos o personagem do Sammy passando pelo seu crescimento e amadurecimento como pessoa que ama o cinema e é transformado por ele. A arte tem esse poder, né? Ela nos cura, nos quebra, nos reconstrói, a gente passa a ver a vida com outros olhos por meio dela, e isso é lindo demais. O amor pela arte e pela produção dos filmes faz com que artistas incomparáveis como o Spielberg existam, e que sorte a nossa que podemos viver na época dele pra apreciar obras como essa.
Quando a Ana de Armas foi escolhida para interpretar a Marilyn Monroe, eu não pude deixar de enxergar um paralelo triste entre as duas: Ambas atrizes extraordinárias que viram suas carreiras serem reduzidas à sexualização de seus corpos. Pensei: talvez seja a chance de a Ana de Armas provar de uma vez por todas para a indústria (se é que ela tenha a obrigação de fazê-lo) do talento que tem. É triste que justamente no filme em que ela entrega a sua atuação mais cheia de comprometimento, esse estereótipo seja mais uma vez reforçado. Blonde é um filme que dá voltas e voltas ao tentar(?) criticar uma indústria que consome seus artistas mas acaba se tornando aquilo que busca criticar. São praticamente 3 horas em que a figura de Marilyn é exposta a todos os tipos de violência possíveis sem nenhum propósito, vemos o corpo dela sendo mais uma vez explorado em nome de um filme que parece não respeitar sua memória, só quer exumá-la para fazer sofrê-la mais ainda e ganhar o status de filme cult. Fica a pergunta: até que ponto chocar propositalmente e com o fim em si mesmo é licença da arte para existir. Esse é o resultado da experiência que só prova que quando um homem tenta abordar questões feministas tende a acabar caindo na própria armadilha e soando ainda mais inconsciente do que fez e faz as mulheres sofrerem desde sempre. Um filme, que, em minha opinião soa de extremo desrespeito e mau gosto.
Com o perdão de todos os que gostaram desse filme, devo dizer que poucas vezes vi uma cinebiografia tão sem alma, tão sem criatividade... Sinto que mesmo depois de quase 2 horas e meia (que pareceram muito mais que isso) eu conheci pouquíssimo de quem era Aretha. Uma pena. Jennifer Hudson faz uma interpretação digna, mas infelizmente eu não consegui me conectar em momento algum.
A intolerância ao diferente, o preconceito disfarçado de religiosidade, respeito à natureza... O que esse filme ensina de maneira tão sensível juntamente com uma qualidade incrível na animação faz dele um dos melhores de 2020. Brilhante!
A crítica massacrou esse flme. E ele tem grandes defeitos. É de fato um filme medíocre, que força muito a barra em determinados momentos e se apega no melodrama com muita força, mas é elevado pelas interpretações competentes da Glenn Close e da Amy Adams. Não desgostei, mas é uma pena, poderia ser bem melhor.
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Gosto de Cereja
4.0 224 Assista Agora“Não é que você não entenderia, é que você não sentiria o que eu sinto”
Em um determinado momento no filme, alguém fala sobre esperança ao protagonista. Sempre entendi a esperança como um conceito um tanto perigoso. Viver constantemente no futuro acaba por nos fazer negligenciar o presente. Mas não pude deixar de me perguntar: E quando alguém perde a esperança? Bom, aí essa pessoa é obrigada a voltar os olhos somente para o presente. E quando o presente é doloroso demais, a ideia de um futuro se torna insuportável. É isso que o Badii sente. Não sabemos os motivos (também não importa), mas ele não quer um futuro para si, ele não quer estabelecer relações com ninguém. Ele só quer encontrar alguém que o auxilie com um “trabalho manual”. Ele constantemente usa esse termo para tentar amenizar o peso do que ele deseja e pede das pessoas a quem ele oferece esse “serviço”. Grandes reflexões sobre moral, religiosidade, ética e medo são tiradas desses momentos. O diretor toma a distância necessária para que não julguemos o desejo do protagonista, mas nos aproxima dele o suficiente para que sintamos sua dor, seu vazio. Ele passa por diversas pessoas, e essa presença constante de pessoas em busca de alguma oportunidade de trabalho durante o filme funciona como essa alusão à necessidade humana de procurar um sentido para nossa existência. Vivemos para trabalhar, ou amar, cumprir idealizações ou até mesmo aproveitar as coisas simples da vida. Depositar no cumprimento de tais coisas a nossa felicidade a esvazia. Torna-a uma mera lista de afazeres.
Gosto de Cereja é um dos filmes mais sensíveis a respeito de um tema tão delicado. Uma obra de arte no sentido mais pleno possível.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraExistem tantas possibilidades de interpretação sobre esse filme quanto multiversos dentro dele. Mas o que mais me toca é a ideia de cada “poderia ter sido” vivenciada pela protagonista nos levar a pensar nos nossos. No que poderíamos ter feito de diferente, ou dito de maneira diferente. Onde estaríamos se tivéssemos feito determinadas escolhas, renunciado a coisas para conseguir outras. Essa infinidade de nós mesmos que destruímos ao longo do caminho.
É um filme hiperbólico, não só no título, mas em sua essência. Ao mesmo tempo, nos faz contemplar a pequenez de nossa existência com um cuidado muito sensível. Negar o caos que somos não faz com que ele deixe de existir, então quando abraçamos esse “nada importa” muita coisa passa a fazer sentido ou tomar sentidos diferentes.
O centro vazio da rosquinha acaba sendo esse lugar rodeado pela bagunça da vida, onde cada coisa e cada momento viram um grande nada. Parece desesperador, mas dependendo do ponto de vista vira um alento.
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 517 Assista Agora"We have Star Wars at home"
Star Wars at home:
Os Fabelmans
4.0 389Vez por outra a gente se depara com filmes que nos relembram o porquê de amarmos tanto cinema. Acredito que The Fabelmans é um desses casos.
Talvez por ser inspirado em sua própria vida, dá pra sentir em cada frame o tanto que o Spielberg colocou o coração nesse filme. Há tanto amor, tanta ternura na construção dessa história que ela enche o coração. Os personagens são tão cativantes (Michelle Williams brilha demais aqui) e é tudo acompanhado de uma trilha sonora linda!
Acompanhamos o personagem do Sammy passando pelo seu crescimento e amadurecimento como pessoa que ama o cinema e é transformado por ele. A arte tem esse poder, né? Ela nos cura, nos quebra, nos reconstrói, a gente passa a ver a vida com outros olhos por meio dela, e isso é lindo demais.
O amor pela arte e pela produção dos filmes faz com que artistas incomparáveis como o Spielberg existam, e que sorte a nossa que podemos viver na época dele pra apreciar obras como essa.
Blonde
2.6 443 Assista AgoraQuando a Ana de Armas foi escolhida para interpretar a Marilyn Monroe, eu não pude deixar de enxergar um paralelo triste entre as duas: Ambas atrizes extraordinárias que viram suas carreiras serem reduzidas à sexualização de seus corpos. Pensei: talvez seja a chance de a Ana de Armas provar de uma vez por todas para a indústria (se é que ela tenha a obrigação de fazê-lo) do talento que tem. É triste que justamente no filme em que ela entrega a sua atuação mais cheia de comprometimento, esse estereótipo seja mais uma vez reforçado.
Blonde é um filme que dá voltas e voltas ao tentar(?) criticar uma indústria que consome seus artistas mas acaba se tornando aquilo que busca criticar. São praticamente 3 horas em que a figura de Marilyn é exposta a todos os tipos de violência possíveis sem nenhum propósito, vemos o corpo dela sendo mais uma vez explorado em nome de um filme que parece não respeitar sua memória, só quer exumá-la para fazer sofrê-la mais ainda e ganhar o status de filme cult. Fica a pergunta: até que ponto chocar propositalmente e com o fim em si mesmo é licença da arte para existir. Esse é o resultado da experiência que só prova que quando um homem tenta abordar questões feministas tende a acabar caindo na própria armadilha e soando ainda mais inconsciente do que fez e faz as mulheres sofrerem desde sempre. Um filme, que, em minha opinião soa de extremo desrespeito e mau gosto.
Rebecca, a Mulher Inesquecível
4.2 359 Assista AgoraComo eu queria ter vivido na época do Hitchcock. Me apaixono cada dia mais pelo cinema que esse homem fazia. Gênio!
Respect: A História de Aretha Franklin
3.4 59 Assista AgoraCom o perdão de todos os que gostaram desse filme, devo dizer que poucas vezes vi uma cinebiografia tão sem alma, tão sem criatividade... Sinto que mesmo depois de quase 2 horas e meia (que pareceram muito mais que isso) eu conheci pouquíssimo de quem era Aretha. Uma pena. Jennifer Hudson faz uma interpretação digna, mas infelizmente eu não consegui me conectar em momento algum.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista AgoraQue experiência linda, forte e cheia de simbolismos. David Lowery, eu sou seu fã!
Wolfwalkers
4.3 236 Assista AgoraA intolerância ao diferente, o preconceito disfarçado de religiosidade, respeito à natureza... O que esse filme ensina de maneira tão sensível juntamente com uma qualidade incrível na animação faz dele um dos melhores de 2020. Brilhante!
A Voz Suprema do Blues
3.5 540 Assista AgoraViola Davis eu te amo!
Chadwick, que saudade de você!
Era Uma Vez um Sonho
3.5 448 Assista AgoraA crítica massacrou esse flme. E ele tem grandes defeitos. É de fato um filme medíocre, que força muito a barra em determinados momentos e se apega no melodrama com muita força, mas é elevado pelas interpretações competentes da Glenn Close e da Amy Adams. Não desgostei, mas é uma pena, poderia ser bem melhor.