Tirando as previsíveis e irritantes cenas de Bang! Bang! Pow! Pow! Boom! Boom! (dignas de qualquer filme blockbuster atualmente), é um bom passatempo de ficção científica, mas longe de ser um dos melhores do gênero.
Ainda que o filme não fosse em língua portuguesa e não tivesse como plano de fundo Portugal, seria fácil fácil dizer que 'Singularidades de uma Rapariga Loura' era obra de Manoel de Oliveira. A peculiar técnica cinematográfica, a crítica sutil à sociedade e a gama de simbologias estonteantes se fazem presentes, tornando a estória de Eça de Queirós mais atual e rica do que nunca. Aliás, a brilhante e surreal mistura de objetos e comportamentos do início do século passado com as do atual é um show a parte neste filme.
Considerando as particularidades culturais e pessoais de cada viajante, definitivamente pode-se dizer que o filme é baseado em fatos reais, como o próprio diretor enfatiza nos créditos iniciais. Simples, meio amador e quase um documentário , o filme é diversão garantida para todos os viajantes low-budget do mundo e talvez também para aqueles quem um dia se tornarão. Não é por acaso que Last Stop for Paul saiu arrastando vários prêmios em festivais de cinema independentes por ai.
Depois de ver 13 filmes do mestre italiano, jurava que dificilmente veria outro que me deixasse no mais alto patamar de deslumbre do início ao fim. Felizmente estava puramente enganado. Cidade das Mulheres é sem medo de dizer uma das mais extraordinárias experiências que o cinema já me ofereceu. É engraçado, bizarro, hipnotizante, inteligente, além de seu tempo...divino. Em suma, Felline em absoluta ação. Em êxtase por tempo indeterminado...
Em seus exatos 34 segundos de filme, Manoel de Oliveira adverte:
"Este filme, embora se passe como realidade de um bairro pobre e popular, não será mais do que a antiga fábula dos anacronismos e diferenças sociais do Mundo de hoje".
A Caixa é uma provocante parábola neo-realista, com alguns traços surrealistas, onde a deficiência humana que fica mais evidente e contundente, não é cegueira visual, mas sim a moral.
O mundo ainda vai continuar tendo muita gente querendo meter a mão nas caixas dos ceguinhos...
Elogio ao Amor, Nossa Música e Filme Socialismo são os últimos filmes de Godard e tomara (Deus?!) que não sejam os últimos. São trabalhos inesquecíveis, únicos e reflexivos. Sem dúvida, reflexos de toda a desilusão com nossa própria História, vivida (no caso de JLG, 80 anos) e/ou lida. Se eu choro por dentro ao vê-los, por fora eu dou risadas. Sim, compreender o mundo ainda é uma das minhas maiores fontes de felicidade...
P.S.: Para quem ainda não viu Um Filme Falado', fica a dica. Teria Godard sido influenciado por Manoel de Oliveira? Veja e compare! ;)
Não é raro encontrar filmes chilenos recentes que ocorrem à época de Allende a Pinochet. O fabuloso Machuca é um deles. Sob uma perspectiva que em muitos filmes seria puro clichê, o filme se desenvolve muito bem e deixa clara sua mensagem/denúncia. Sinto falta de produções brasileiras assim. O resultado a gente vê nas ruas....
Trabalho de Mikhail Kalatozov produzido entre as obras-primas 'Quando Voam as Cegonhas' e 'Eu Sou Cuba'. Difícil assim não encontrar similariedades entre uma e outra, seja tecnica, filosofica e politicamente. O resultado é um deleite para os olhos, semelhante ao efeito que somente um diamente poderia causar nas retinas do espectador. Não é por nada que até Francis Coppola tirou dinheiro do bolso para ajudar na restauração deste filme em 1995...
Se eu já tinha a sensação de que algo ficou faltando nas aulas de História e Geografia que eu assisti e nas viagens que já fiz pelo mundo, Um Filme Falado deixou isso bem claro e cristalino. Intrigante, contemplativo e emocionante, é arte para se sentir. Uma pedra lapidada em formato de filme. Uma pequena estória sobre nossa grande História.
Martin Sulík deu vida ao diário(ou seria a dor?) de Pavel Jurácek de uma forma toda especial, de mecher profundamente com a alma. Aliás, o que esse diretor tcheco faz que não mecha com o nosso mais puro âmago?
Numa era dominada pelo cinema comercial, blockburter, caçá níquel ou seja lá o que for, "Vocês, Os Vivos" é prova de que nada está perdido, pelo contrário, o cinema como arte vai muito bem, obrigado!
Roy Andersson, a exemplo do que fez em Canções do Segundo Andar, cria uma experiência única, perfeita e ofegante. Uma visão (depressiva?) sobre o que nos faz ser humanos, seres vivos pensantes ou não.
De um lado, o Instituto de França (simbolizando a razão?) e de outro, o Museu do Louvre (simbolizando a emoção?). E são esses dois lados que a famosa Ponte das Artes, em Paris, liga literalmente e simbolicamente; dois lados diferentes, mas complementares. Atualmente ponto de encontro de casais apaixonados, que trancam um cadeado na grade no seu corrimão, jogando a chave no rio Sena, a ponte atualmente é quase um simbolo do amor.
E é através do cinema, utilizando de elementos marcantes de outras artes, como o teatro, a fotografia, a literatura, a arquitetura e a música, que Eugène Green declara fortemente seu amor às artes, à ponte e a Paris, e sutilmente seu ódio a seus algozes.
Trabalho visionário para a época e fundamental para os dias atuais. O Deus da 7ª arte, conhecido também como Godard, provou em 1960 o que diria sarcasticamente muitos anos depois com "tudo o que você precisa para fazer um filme é uma mulher e uma arma" que esses são indispensáveis, mas não a razão de se fazer um novo filme.
Monumental filme de Béla Tarr! Por sinal descobri este brilhante diretor húngaro quando pesquisava filmes da Hungria e dei de cara com fotografia hipnotizante da capa/pôster em que aparece a pequena garota Estike (responsável por uns do momentos mais agoniantes do filme!). Mas quase 8h de filme? Bem, decidi ver primeiro As Harmonias de Werckmeister, que me levou em seguida a ver Almanaque de Outono, Condenação e O Homem de Londres. Todos igualmente arrebatadores! Pronto ou não, finalmente chegou a hora de Satantango, certamente uma das minhas experiências artísticas mais extasiantes, que ouso dizer que é muito mais que cinema. Enfim, uma obra-prima audio-espírito-visual sem tamanho!
P.S.: Essa aparição de Stalker na sua lista de "Quem assistiu a este filme também assistiu" é mais do que apropriada. Obra-prima tem que tá do lado de obra-prima.
Terceiro filme do diretor eslovaco que eu vejo, levemente, na minha opinião, inferior aos outros dois, mas não menos fantástico. Aliás essa entrada quase que natural da fantasia dentro da realidade dos personagens (provenientes de suas cabeças ou das cabeças das pessoas ao seu redor) parece ser uma marca de Martin Sulík. Na verdade, como já havia comentado em O Jardim, a vida é mágica, basta vivermos o mundo de outra maneira. Agradeço a Sulík por me lembrar disso!
Faltou pouco, aliás muito pouco, para que Monamour chegasse a ser um filme pornô do tipo produzido pela Digital Playground. Tirando alguns exageros que para mim pareceu um tanto quanto surreais, mesmo com a libido à flor da pele dos personagens, o filme dá seu recado com toda a malicidade e humor típicos de Tinto Brass.
E o genial Fassbinder "fecha" a triologia BRD com um filme que teria tudo para ser complexo, porém ao contrário é simples e mais do que completo. A partir do drama de Veronika Voss, o cineasta faz homenagem aos primórdios da sétima arte, alfineta a sociedade alemã (ou pelo menos seu caminho pós II Guerra Mundial), desmascara a indústria do cinema, questiona a americanização da cultura e de cara espelha na tela seu próprio drama, sendo ele também dependente químico. Ao terminar o filme, fica claro que o sentimento de Veronika Voss (o significado do termo alemão Sehnsucht é bastanta similar ao brasileiro Saudade, portanto uma tradução mais apropriada para o filme poderia ser "A Saudade de Veronika Voss") não é algo exclusivo dela, mas de todo um mundo rumo à decadência.
Os Inquilinos
3.5 67Sérgio Bianchi já foi encanador antes? hahaha
A Serbian Film: Terror Sem Limites
2.5 2,0KO Cine Privê encontra o Cine Trash...
O Cavalo de Turim
4.2 211Preciso muito ver esse filme, sem dúvida o mais aguardado de 2011.
Planeta dos Macacos: A Origem
3.8 3,2K Assista AgoraTirando as previsíveis e irritantes cenas de Bang! Bang! Pow! Pow! Boom! Boom! (dignas de qualquer filme blockbuster atualmente), é um bom passatempo de ficção científica, mas longe de ser um dos melhores do gênero.
A Balada do Soldado
4.3 48 Assista AgoraTalvez um dos mais belos e profundos filmes anti-guerras que eu já vi. 10 estrelas!!!
Singularidades de Uma Rapariga Loura
3.2 38Ainda que o filme não fosse em língua portuguesa e não tivesse como plano de fundo Portugal, seria fácil fácil dizer que 'Singularidades de uma Rapariga Loura' era obra de Manoel de Oliveira. A peculiar técnica cinematográfica, a crítica sutil à sociedade e a gama de simbologias estonteantes se fazem presentes, tornando a estória de Eça de Queirós mais atual e rica do que nunca. Aliás, a brilhante e surreal mistura de objetos e comportamentos do início do século passado com as do atual é um show a parte neste filme.
A Última Viagem de Paul
3.8 6Considerando as particularidades culturais e pessoais de cada viajante, definitivamente pode-se dizer que o filme é baseado em fatos reais, como o próprio diretor enfatiza nos créditos iniciais. Simples, meio amador e quase um documentário , o filme é diversão garantida para todos os viajantes low-budget do mundo e talvez também para aqueles quem um dia se tornarão. Não é por acaso que Last Stop for Paul saiu arrastando vários prêmios em festivais de cinema independentes por ai.
Cidade das Mulheres
3.9 41Depois de ver 13 filmes do mestre italiano, jurava que dificilmente veria outro que me deixasse no mais alto patamar de deslumbre do início ao fim. Felizmente estava puramente enganado. Cidade das Mulheres é sem medo de dizer uma das mais extraordinárias experiências que o cinema já me ofereceu. É engraçado, bizarro, hipnotizante, inteligente, além de seu tempo...divino. Em suma, Felline em absoluta ação. Em êxtase por tempo indeterminado...
A Caixa
3.0 2Em seus exatos 34 segundos de filme, Manoel de Oliveira adverte:
"Este filme, embora se passe como realidade de um bairro pobre e popular, não será mais do que a antiga fábula dos anacronismos e diferenças sociais do Mundo de hoje".
A Caixa é uma provocante parábola neo-realista, com alguns traços surrealistas, onde a deficiência humana que fica mais evidente e contundente, não é cegueira visual, mas sim a moral.
O mundo ainda vai continuar tendo muita gente querendo meter a mão nas caixas dos ceguinhos...
Film Socialisme
3.2 128Elogio ao Amor, Nossa Música e Filme Socialismo são os últimos filmes de Godard e tomara (Deus?!) que não sejam os últimos. São trabalhos inesquecíveis, únicos e reflexivos. Sem dúvida, reflexos de toda a desilusão com nossa própria História, vivida (no caso de JLG, 80 anos) e/ou lida. Se eu choro por dentro ao vê-los, por fora eu dou risadas. Sim, compreender o mundo ainda é uma das minhas maiores fontes de felicidade...
P.S.: Para quem ainda não viu Um Filme Falado', fica a dica. Teria Godard sido influenciado por Manoel de Oliveira? Veja e compare! ;)
Machuca
4.3 281Não é raro encontrar filmes chilenos recentes que ocorrem à época de Allende a Pinochet. O fabuloso Machuca é um deles. Sob uma perspectiva que em muitos filmes seria puro clichê, o filme se desenvolve muito bem e deixa clara sua mensagem/denúncia. Sinto falta de produções brasileiras assim. O resultado a gente vê nas ruas....
Gainsbourg - O Homem que Amava as Mulheres
4.0 248Couleur
Café
Que j’aime ta couleur
Café
A Carta Que Não Se Enviou
4.1 18Trabalho de Mikhail Kalatozov produzido entre as obras-primas 'Quando Voam as Cegonhas' e 'Eu Sou Cuba'. Difícil assim não encontrar similariedades entre uma e outra, seja tecnica, filosofica e politicamente. O resultado é um deleite para os olhos, semelhante ao efeito que somente um diamente poderia causar nas retinas do espectador. Não é por nada que até Francis Coppola tirou dinheiro do bolso para ajudar na restauração deste filme em 1995...
Um Filme Falado
3.6 38Se eu já tinha a sensação de que algo ficou faltando nas aulas de História e Geografia que eu assisti e nas viagens que já fiz pelo mundo, Um Filme Falado deixou isso bem claro e cristalino. Intrigante, contemplativo e emocionante, é arte para se sentir. Uma pedra lapidada em formato de filme. Uma pequena estória sobre nossa grande História.
A Última Viagem de Lemuel Gulliver
3.4 1Martin Sulík deu vida ao diário(ou seria a dor?) de Pavel Jurácek de uma forma toda especial, de mecher profundamente com a alma. Aliás, o que esse diretor tcheco faz que não mecha com o nosso mais puro âmago?
Vocês, Os Vivos
3.9 74 Assista AgoraNuma era dominada pelo cinema comercial, blockburter, caçá níquel ou seja lá o que for, "Vocês, Os Vivos" é prova de que nada está perdido, pelo contrário, o cinema como arte vai muito bem, obrigado!
Roy Andersson, a exemplo do que fez em Canções do Segundo Andar, cria uma experiência única, perfeita e ofegante. Uma visão (depressiva?) sobre o que nos faz ser humanos, seres vivos pensantes ou não.
Dolorosa Indiferença
3.5 7Para quem gostou do formidável Os Dias de Eclipse, este filme é um prato cheio, aliás precede o mesmo.
A Ponte das Artes
4.0 39De um lado, o Instituto de França (simbolizando a razão?) e de outro, o Museu do Louvre (simbolizando a emoção?). E são esses dois lados que a famosa Ponte das Artes, em Paris, liga literalmente e simbolicamente; dois lados diferentes, mas complementares. Atualmente ponto de encontro de casais apaixonados, que trancam um cadeado na grade no seu corrimão, jogando a chave no rio Sena, a ponte atualmente é quase um simbolo do amor.
E é através do cinema, utilizando de elementos marcantes de outras artes, como o teatro, a fotografia, a literatura, a arquitetura e a música, que Eugène Green declara fortemente seu amor às artes, à ponte e a Paris, e sutilmente seu ódio a seus algozes.
Simples e brilhante!
Acossado
4.1 510 Assista AgoraTrabalho visionário para a época e fundamental para os dias atuais. O Deus da 7ª arte, conhecido também como Godard, provou em 1960 o que diria sarcasticamente muitos anos depois com "tudo o que você precisa para fazer um filme é uma mulher e uma arma" que esses são indispensáveis, mas não a razão de se fazer um novo filme.
O Tango de Satã
4.3 139Monumental filme de Béla Tarr! Por sinal descobri este brilhante diretor húngaro quando pesquisava filmes da Hungria e dei de cara com fotografia hipnotizante da capa/pôster em que aparece a pequena garota Estike (responsável por uns do momentos mais agoniantes do filme!). Mas quase 8h de filme? Bem, decidi ver primeiro As Harmonias de Werckmeister, que me levou em seguida a ver Almanaque de Outono, Condenação e O Homem de Londres. Todos igualmente arrebatadores! Pronto ou não, finalmente chegou a hora de Satantango, certamente uma das minhas experiências artísticas mais extasiantes, que ouso dizer que é muito mais que cinema. Enfim, uma obra-prima audio-espírito-visual sem tamanho!
P.S.: Essa aparição de Stalker na sua lista de "Quem assistiu a este filme também assistiu" é mais do que apropriada. Obra-prima tem que tá do lado de obra-prima.
Calafate, Zoológicos Humanos
4.4 2Simplesmente perfeito! Tive que segurar a lágrimas no cinema.
Ilusões de Órbita
3.9 5Terceiro filme do diretor eslovaco que eu vejo, levemente, na minha opinião, inferior aos outros dois, mas não menos fantástico. Aliás essa entrada quase que natural da fantasia dentro da realidade dos personagens (provenientes de suas cabeças ou das cabeças das pessoas ao seu redor) parece ser uma marca de Martin Sulík. Na verdade, como já havia comentado em O Jardim, a vida é mágica, basta vivermos o mundo de outra maneira. Agradeço a Sulík por me lembrar disso!
Monamour
3.1 26Faltou pouco, aliás muito pouco, para que Monamour chegasse a ser um filme pornô do tipo produzido pela Digital Playground. Tirando alguns exageros que para mim pareceu um tanto quanto surreais, mesmo com a libido à flor da pele dos personagens, o filme dá seu recado com toda a malicidade e humor típicos de Tinto Brass.
O Desespero de Veronika Voss
4.1 47E o genial Fassbinder "fecha" a triologia BRD com um filme que teria tudo para ser complexo, porém ao contrário é simples e mais do que completo. A partir do drama de Veronika Voss, o cineasta faz homenagem aos primórdios da sétima arte, alfineta a sociedade alemã (ou pelo menos seu caminho pós II Guerra Mundial), desmascara a indústria do cinema, questiona a americanização da cultura e de cara espelha na tela seu próprio drama, sendo ele também dependente químico. Ao terminar o filme, fica claro que o sentimento de Veronika Voss (o significado do termo alemão Sehnsucht é bastanta similar ao brasileiro Saudade, portanto uma tradução mais apropriada para o filme poderia ser "A Saudade de Veronika Voss") não é algo exclusivo dela, mas de todo um mundo rumo à decadência.