O ritmo é bom, os efeitos também, e a comédia, apesar de infantil, acaba engatando da metade pra frente. Pontos pra direção de arte, que transmitiu bem a ambiência retrofuturista e excêntrica de toda uma época de jogos, de Portal a Bioshock. Algumas das atuações deixam a desejar, mas o ruim mesmo é o enredo que, segurando umas relevações bobas até o último episódio, nos deixa com um desfecho insosso e já prepara o terreno pra, ironicamente, tirar assinaturas da fanbase como dinheiro de abrigos nucleares.
Não achei que precisasse de uma versão surrealista, vitoriana e feminista do clássico de Mary Shelley, mas aqui estamos. Design de produção esplêndido, um roteiro no mínimo ousado, a fotografia mais que impecável: é difícil achar algo de errado com um filme que, sem dúvida, já se lança a ser um dos melhores do Yorgos. Não fossem as freirinhas de quinta e os nerdolas de sempre, o filme estaria muito melhor classificado - mas é a vida na bozolândia.
Nos primeiro episódios, a série passa a impressão de ser mais uma daquelas produções de ação centradas nas idas e vindas de conflitos samurais genéricos. Nada mais enganoso: a partir do terceiro episódio, ela se aprofunda em aspectos culturais do Japão Feudal, para finalmente mostrar suas intenções e desaguar em um estudo apaixonado deste personagem tão importante quanto elusivo, o Lorde Toranaga. Além dessa estrutura narrativa ousada - uma série de samurai sem ação em que o protagonista não é, na prática, o protagonista -, Shogun ainda conta com excepcional rigor histórico e refinamento de diálogo, o que só acrescentou às atuações nada menos que espetaculares do trio principal: Anna Sawai como Mariko, Cosmo Jarvis como Anjin, e Hiroyuki Sanada como Toranaga. Simplesmente extraordinário, uma das melhores séries do ano.
Espécie de Tempos Modernos francês sobre a ascendente sociedade de consumo, é um filme certamente difícil pra nossa nova sensibilidade dispersa, mas eu fiquei bastante contente de ter terminado. O Tati conseguiu criar uma obra cômica mas ácida, lenta mas agitada, coreografada mas caótica, cinzenta mas vibrante: uma espécie de desfile de coisas sutilmente ligadas, de pessoas vagamente atentas, de espaços inutilmente modernos, e que mesmo assim encontram aquele vago charme francês.
É realmente um feito você montar esses sets e trucagens quase como se fossem tableau vivants dos anos 60... mas infelizmente o pouco de estrutura narrativa que usaram é bastante monótona.
O argumento é interessante, mas isso é mérito mais do livro que da série, né? De resto, a produção e a atuação são boas, mas o enredo não se sustenta depois da revelação da trama: de ficção científica passamos a drama médico, épico de guerra, suspense investigativo... escolha um e chame de seu. Até umas pitadas de existencialismo respingam nos últimos episódios da série. Ou seja, fica bastante claro que, quanto mais os diretores tentaram se afastar do livro, mais batido e inconsistente ficava a história. Mais uma prova da incapacidade da dupla dinâmica do David Benioff e D.B Weiss em realizarem algo sozinhos.
Faltou adaptação nessa adaptação. Para além de sintetizar e articular as tramas principais em uma temporada bem mais curta que a do desenho, esse novo roteiro parece não ter sido adaptado para live action, para cenas reais, para personagens filmados, deixando um gostinho de artificialidade em quase todas as interações. Não ajuda nesse engessamento a triste seleção de elenco, que tenta com sucesso variável disfarçar a falta de qualidade com excesso de carisma. Não à toa, está se falando de que a série parece um grande cosplay, no que tenho de concordar. Fora isso, no entanto, a série é sim boa, tem um jeitinho maratonável, e segue fielmente - caninamente, diria - a história original, tendo tudo para cair no gosto dos fãs.
Nada a dizer sobre a direção de arte e fotografia do Terayama que, aqui como no resto da sua filmografia, é primorosa e já valeria por si. O que mais me alegrou, porém, foi notar as sutis ligações do Pastoral com os filmes-ensaios que surgiam na mesma época entre a França e a Alemanha. A rebeldia narrativa do Terayama se aproxima bastante de um Marker ou um Kluge, mas, como se sofresse entre a vontade de ver e a incapacidade de ser, o tom do diretor japonês será ao mesmo tempo radical e agônico. Ao meu ver, Pastoral é um filme que casa muito bem com Joguem Seus Livros: se um trata de uma certa inconformidade subjetiva e até cultural do diretor, o outro se atira de cabeça na irresolução sociopolítica de uma geração criada entre os demônios da guerra, os atavismos da cultura japonesa e os tratores da modernização vertiginosa do país. Diálogo de relógios que não se sobrepõem: o familiar de parede e madeira, e o individual de pulso e metal.
Independentemente das opiniões sobre a trama - que realmente não é tão boa -, esse filme do Komasa é de uma intuição tremenda. Se pensarmos que antecede até mesmo o Congresso Futurista (2013), que à época era uma ficção científica no mais puro sentido de ficção, esse filme se torna quase premonitório das problemáticas que a vivência juvenil em ambientes digitais engendrou.
Me lembrou o inesquecível Anéis de Poder da Amazon: nada a reclamar em cenário, efeito e etcs, mas uma escrita tão sofrida que deixa tudo previsível e insosso.
Se a trama fosse tão bem amarrada quanto o plano sequência, seria um excelente filme. Minha impressão, no entanto, é de que ficou um estranho vazio entre a estrutura policial e dramática, que acabou aparando o personalismo tanto do argumento quanto dos personagens.
Excelente. Único aviso que eu daria é que se trata de uma produção de intriga palaciana sem ação alguma. Quem prefere anime de espadinha, eu recomendo Ninja Scroll.
Monótono e prolixo. Na próxima, poderiam escolher arqueólogos menos vaidosos e roteiristas menos dramáticos, porque a série parece mais um grande afago de ego que um documentário de cunho pedagógico. As frases de efeito óbvias, as cenas toscamente roteirizadas, os comentários superficiais: absolutamente nada transmite sinceridade ou seriedade. A impressão que fica é de uma arqueologia coach: é tudo a "maior descoberta da história", o "sonho de qualquer arqueólogo", o "resultado de toda uma vida", e assim sucessivamente sem nenhum embasamento histórico. Deviam reassistir Segredos de Saqqara e tentar entender o que se perdeu entre essas duas produções....
Poxa, prum filme em que a protagonista é uma narratóloga, o desenvolvimento do enredo é bem precário. Tem aí algumas ligações entre as duas partes do filme - cada história do suposto djinn remete a algum aspecto do relacionamento anterior dela -, mas elas são tão mal trabalhadas que a impressão maior que fica é a de um enredo genérico, ou pior, indeciso. Coisa que impressiona, porque o trabalho de câmera é primoroso, e eles definitivamente não economizaram em atuação, cenografia e figurino. Vai entender..
Mais um belo filme do Zhang Yimou. Os figurinos e os cenários são de encher os olhos, e a fotografia sóbria soube equilibrar a teatralidade da coisa toda. O filme tem uma aura inesquecível de tragédia shakespeareana, e o enredo cumpre bem essa promessa. No mais, baixei querendo um wuxia qualquer, mas fico feliz que o diretor tenha abandonado um pouco suas famosas cenas de luta pra focar em maquinações de corte. Caiu bem no seu estilo.
O argumento dos sete mestres sempre me convence (El Topo, Ninja Scroll, Hero, etc), mas aqui ele parece quase secundário... O primeiro terço do filme é desperdiçado em picuinha, e as lutas de verdade acabaram ficando corridas, sem desenvolvimento lateral algum. O que salva são, de fato, as coreografias, que não dá pra falar mal de nada.
Fallout (1ª Temporada)
4.2 243 Assista AgoraO ritmo é bom, os efeitos também, e a comédia, apesar de infantil, acaba engatando da metade pra frente. Pontos pra direção de arte, que transmitiu bem a ambiência retrofuturista e excêntrica de toda uma época de jogos, de Portal a Bioshock. Algumas das atuações deixam a desejar, mas o ruim mesmo é o enredo que, segurando umas relevações bobas até o último episódio, nos deixa com um desfecho insosso e já prepara o terreno pra, ironicamente, tirar assinaturas da fanbase como dinheiro de abrigos nucleares.
O Sangue de Zeus (2ª Temporada)
4.1 11 Assista AgoraRuim demais, bicho.
Resistência
3.3 265 Assista AgoraProfundo como um pires de plástico vagabundo, mas é preciso reconhecer que o filme tem uma boa construção de mundo.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraNão achei que precisasse de uma versão surrealista, vitoriana e feminista do clássico de Mary Shelley, mas aqui estamos. Design de produção esplêndido, um roteiro no mínimo ousado, a fotografia mais que impecável: é difícil achar algo de errado com um filme que, sem dúvida, já se lança a ser um dos melhores do Yorgos. Não fossem as freirinhas de quinta e os nerdolas de sempre, o filme estaria muito melhor classificado - mas é a vida na bozolândia.
Xógum: A Gloriosa Saga do Japão (1ª Temporada)
4.1 122 Assista AgoraNos primeiro episódios, a série passa a impressão de ser mais uma daquelas produções de ação centradas nas idas e vindas de conflitos samurais genéricos. Nada mais enganoso: a partir do terceiro episódio, ela se aprofunda em aspectos culturais do Japão Feudal, para finalmente mostrar suas intenções e desaguar em um estudo apaixonado deste personagem tão importante quanto elusivo, o Lorde Toranaga. Além dessa estrutura narrativa ousada - uma série de samurai sem ação em que o protagonista não é, na prática, o protagonista -, Shogun ainda conta com excepcional rigor histórico e refinamento de diálogo, o que só acrescentou às atuações nada menos que espetaculares do trio principal: Anna Sawai como Mariko, Cosmo Jarvis como Anjin, e Hiroyuki Sanada como Toranaga. Simplesmente extraordinário, uma das melhores séries do ano.
Playtime - Tempo de Diversão
4.0 54Espécie de Tempos Modernos francês sobre a ascendente sociedade de consumo, é um filme certamente difícil pra nossa nova sensibilidade dispersa, mas eu fiquei bastante contente de ter terminado. O Tati conseguiu criar uma obra cômica mas ácida, lenta mas agitada, coreografada mas caótica, cinzenta mas vibrante: uma espécie de desfile de coisas sutilmente ligadas, de pessoas vagamente atentas, de espaços inutilmente modernos, e que mesmo assim encontram aquele vago charme francês.
O Fantástico Mundo de Júlio Verne
3.8 3É realmente um feito você montar esses sets e trucagens quase como se fossem tableau vivants dos anos 60... mas infelizmente o pouco de estrutura narrativa que usaram é bastante monótona.
O Problema dos 3 Corpos (1ª Temporada)
3.4 167 Assista AgoraO argumento é interessante, mas isso é mérito mais do livro que da série, né? De resto, a produção e a atuação são boas, mas o enredo não se sustenta depois da revelação da trama: de ficção científica passamos a drama médico, épico de guerra, suspense investigativo... escolha um e chame de seu. Até umas pitadas de existencialismo respingam nos últimos episódios da série. Ou seja, fica bastante claro que, quanto mais os diretores tentaram se afastar do livro, mais batido e inconsistente ficava a história. Mais uma prova da incapacidade da dupla dinâmica do David Benioff e D.B Weiss em realizarem algo sozinhos.
Avatar: O Último Mestre do Ar (1ª Temporada)
3.8 167 Assista AgoraFaltou adaptação nessa adaptação. Para além de sintetizar e articular as tramas principais em uma temporada bem mais curta que a do desenho, esse novo roteiro parece não ter sido adaptado para live action, para cenas reais, para personagens filmados, deixando um gostinho de artificialidade em quase todas as interações. Não ajuda nesse engessamento a triste seleção de elenco, que tenta com sucesso variável disfarçar a falta de qualidade com excesso de carisma. Não à toa, está se falando de que a série parece um grande cosplay, no que tenho de concordar. Fora isso, no entanto, a série é sim boa, tem um jeitinho maratonável, e segue fielmente - caninamente, diria - a história original, tendo tudo para cair no gosto dos fãs.
Lola Montes
4.0 23Um desses filmes que saímos de alma lavada pela beleza.
Meu Nome é Gal
3.1 122 Assista AgoraInfelizmente, é um filme que falha enquanto documentário e falta enquanto poesia.
Pastoral: Morrer no Campo
4.4 20Nada a dizer sobre a direção de arte e fotografia do Terayama que, aqui como no resto da sua filmografia, é primorosa e já valeria por si. O que mais me alegrou, porém, foi notar as sutis ligações do Pastoral com os filmes-ensaios que surgiam na mesma época entre a França e a Alemanha. A rebeldia narrativa do Terayama se aproxima bastante de um Marker ou um Kluge, mas, como se sofresse entre a vontade de ver e a incapacidade de ser, o tom do diretor japonês será ao mesmo tempo radical e agônico. Ao meu ver, Pastoral é um filme que casa muito bem com Joguem Seus Livros: se um trata de uma certa inconformidade subjetiva e até cultural do diretor, o outro se atira de cabeça na irresolução sociopolítica de uma geração criada entre os demônios da guerra, os atavismos da cultura japonesa e os tratores da modernização vertiginosa do país. Diálogo de relógios que não se sobrepõem: o familiar de parede e madeira, e o individual de pulso e metal.
Sala do Suicídio
3.8 275Independentemente das opiniões sobre a trama - que realmente não é tão boa -, esse filme do Komasa é de uma intuição tremenda. Se pensarmos que antecede até mesmo o Congresso Futurista (2013), que à época era uma ficção científica no mais puro sentido de ficção, esse filme se torna quase premonitório das problemáticas que a vivência juvenil em ambientes digitais engendrou.
The Witcher (3ª Temporada)
3.2 100 Assista AgoraMe lembrou o inesquecível Anéis de Poder da Amazon: nada a reclamar em cenário, efeito e etcs, mas uma escrita tão sofrida que deixa tudo previsível e insosso.
Medusa Deluxe
3.2 19 Assista AgoraSe a trama fosse tão bem amarrada quanto o plano sequência, seria um excelente filme. Minha impressão, no entanto, é de que ficou um estranho vazio entre a estrutura policial e dramática, que acabou aparando o personalismo tanto do argumento quanto dos personagens.
Ainda Restarão Robôs nas Ruas do Interior Profundo
3.6 2Como alguém criado no interior, adorei cada segundo desse curta. Impactante e preciso.
Baccano!
4.4 31Uma aula de narratologia. Infelizmente, não muito além disso.
Jogo Mortal
3.2 112 Assista AgoraÉ uma paródia, então quem vier buscando roteiros elaborados e suspenses de matar não vai encontrar não..
Morte no Nilo
3.1 353 Assista AgoraMeh.
Ōoku: Por Dentro do Castelo
3.8 8 Assista AgoraExcelente. Único aviso que eu daria é que se trata de uma produção de intriga palaciana sem ação alguma. Quem prefere anime de espadinha, eu recomendo Ninja Scroll.
Explorando o Desconhecido: A Pirâmide Perdida
3.4 6 Assista AgoraMonótono e prolixo. Na próxima, poderiam escolher arqueólogos menos vaidosos e roteiristas menos dramáticos, porque a série parece mais um grande afago de ego que um documentário de cunho pedagógico. As frases de efeito óbvias, as cenas toscamente roteirizadas, os comentários superficiais: absolutamente nada transmite sinceridade ou seriedade. A impressão que fica é de uma arqueologia coach: é tudo a "maior descoberta da história", o "sonho de qualquer arqueólogo", o "resultado de toda uma vida", e assim sucessivamente sem nenhum embasamento histórico. Deviam reassistir Segredos de Saqqara e tentar entender o que se perdeu entre essas duas produções....
Era Uma Vez um Gênio
3.5 160 Assista AgoraPoxa, prum filme em que a protagonista é uma narratóloga, o desenvolvimento do enredo é bem precário. Tem aí algumas ligações entre as duas partes do filme - cada história do suposto djinn remete a algum aspecto do relacionamento anterior dela -, mas elas são tão mal trabalhadas que a impressão maior que fica é a de um enredo genérico, ou pior, indeciso. Coisa que impressiona, porque o trabalho de câmera é primoroso, e eles definitivamente não economizaram em atuação, cenografia e figurino. Vai entender..
A Sombra do Reino
3.6 37 Assista AgoraMais um belo filme do Zhang Yimou. Os figurinos e os cenários são de encher os olhos, e a fotografia sóbria soube equilibrar a teatralidade da coisa toda. O filme tem uma aura inesquecível de tragédia shakespeareana, e o enredo cumpre bem essa promessa. No mais, baixei querendo um wuxia qualquer, mas fico feliz que o diretor tenha abandonado um pouco suas famosas cenas de luta pra focar em maquinações de corte. Caiu bem no seu estilo.
Heróis do Oriente
4.1 11 Assista AgoraO argumento dos sete mestres sempre me convence (El Topo, Ninja Scroll, Hero, etc), mas aqui ele parece quase secundário... O primeiro terço do filme é desperdiçado em picuinha, e as lutas de verdade acabaram ficando corridas, sem desenvolvimento lateral algum. O que salva são, de fato, as coreografias, que não dá pra falar mal de nada.