A série é muito boa. Comecei sem muitas expectativas mas acabei passando cada episódio com agonia e raiva. O modo como todo mundo vai perdendo a sanidade com tudo que está acontecendo é muito factível e é difícil até o último episódio saber o que de fato é real e o que não é. As atuações são muito boas, especialmente a do Ashley (Alfred Emory) e da Alison Pill (Betty Wendell). Aquele sorriso desesperado dela chega a dar medo.
Quem acha que a série é "entretenimento pra brancos racistas" simplesmente não entende a importância de retratar momentos de sofrimento e injustiça na história humana. A arte é a melhor forma de criar uma memória coletiva de quão horrendos certos eventos históricos foram. Se hoje todos nós temos uma grande sensibilidade em relação ao antissemitismo é porque crescemos lendo e assistindo coisas sobre o holocausto, sendo lembrados constantemente dos horrores que foram os campos de concentração nazistas. Certamente nenhuma pessoa de origem judia fica feliz e confortável assistindo esses filmes, mas eles continuam sendo importantes. O mesmo ocorre com séries como Them. Ver coisas tão horríveis serem feitas por puro racismo, por mais doloroso que seja para qualquer pessoa negra, é importante para que esses eventos não sejam esquecidos e para que ninguém pense que tocar nas chagas que o racismo ainda deixa na sociedade é só "mimimi". Se você acha a série incomoda demais porque ela te dá "gatilho", não assista, ok, mas isso não diminui a importância objetiva que representações como essa têm.
A primeira é que em alguns momentos os personagens-chave foram bem burros, o que é um pouco inconsistente com a imagem geral que temos deles. O pior exemplo: aquele momento no prostíbulo em que o assassino conversa com o garoto enquanto o John e o inspetor se distraem com uma coisa aleatória. Pior, eles ainda tem uma segunda chance de pegar o cara (que ainda não tinha percebido a presença deles) e desperdiçam fazendo um alvoroço e deixando ele escapar.
A segunda coisa é que não entendi bem a razão do Byrnes e o Capitão Connor continuarem atrás do alienista mesmo depois de descobrirem que o assassino não era nenhum membro de uma família rica. Nos primeiros episódios fica muito claro que os interesses dos policiais corruptos são puramente financeiros. Mas se o próprio Morgan passa a apoiar a investigação, qual o sentido? Especialmente porque eles se tornaram mais violentos do que quando os interesses deles estavam realmente sendo ameaçados.
Quando a Netflix comprou a série o meu medo era exatamente esse... As duas primeiras temporadas são impecáveis, a terceira caiu um pouco de qualidade e essa desceu a ladeira total. Não que a temporada em si seja ruim. Como já disseram aí embaixo, comparada a maior parte das séries disponíveis, eu ainda achei a temporada bem acima da média. Porém, comparada com as outras temporadas (especialmente as duas primeiras) essa temporada deixa muito a desejar. Muitos personagens mal desenvolvidos (a protagonista de Metalhead e a de Crocodile, por exemplo, às vezes tomam atitudes que simplesmente não fazem sentido ou que são no mínimo questionáveis), os episódios acabaram descambando pra uma espécie de trama simples em que você não se vê em conflito emocional, o que me parece ser a essência da série (pensem, por exemplo, na primeira temporada: cada um dos episódios desperta esse conflito. O primeiro faz com que a gente se veja entre aqueles que estariam vidrados na aparição do primeiro ministro na tv; o segundo faz cada um de nós pensar se não teria exatamente a mesma reação em relação a proposta do show de talentos; o último, ao mesmo tempo que nos deixa aflito pela situação do namorado, nos faz questionar se toda aquela situação não é totalmente louca). Mesmo na terceira temporada há episódios em que qualquer um se encontraria em uma saia justa ao tentar dar sentido aos seus sentimentos, vide "Shut up and dance" e "Men against fire".
Em nenhum dos episódios eu senti isso com tanta força quanto no resto da série.
Apesar disso, o último episódio é sensacional. É o que mais se assemelha ao restante da série e eu me senti bastante cativado por cada uma das histórias.
A história da Carrie, por exemplo, tem justamente o que eu esperava que tivesse mais nessa temporada. Ao mesmo tempo em que entendia o lado do Jack de ter ficado de saco cheio dela, também compreendia a sua vontade de continuar existindo, especialmente por sua relação com seu filho. A última parte do ep também mantém bastante dessa complexidade. Ainda que eu entenda os sentimentos da protagonista, achei aquela história dos cookies que perpetuam a dor terrível. Mesmo um fdp como aquele neurocirurgião não merece aquilo, e assim como em White Bear White Christmas, e Shut Up And Dance, parece que é isso que está em jogo.
Enfim, é isso. De certa forma eu já esperava que isso fosse acontecer, mas queria muito que não tivesse acontecido. Se for existir outra temporada em algum momento, que seja daqui muitos anos, com uma boa dose de inspiração.
De longe a minha preferida do gênero. Algumas pessoas podem achar isso cansativo, mas a forma como o drama familiar e as demais esferas sociais vão se conectando e desenvolvendo é sensacional.
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Eles (1ª Temporada)
4.1 553 Assista AgoraA série é muito boa. Comecei sem muitas expectativas mas acabei passando cada episódio com agonia e raiva. O modo como todo mundo vai perdendo a sanidade com tudo que está acontecendo é muito factível e é difícil até o último episódio saber o que de fato é real e o que não é. As atuações são muito boas, especialmente a do Ashley (Alfred Emory) e da Alison Pill (Betty Wendell). Aquele sorriso desesperado dela chega a dar medo.
Quem acha que a série é "entretenimento pra brancos racistas" simplesmente não entende a importância de retratar momentos de sofrimento e injustiça na história humana. A arte é a melhor forma de criar uma memória coletiva de quão horrendos certos eventos históricos foram. Se hoje todos nós temos uma grande sensibilidade em relação ao antissemitismo é porque crescemos lendo e assistindo coisas sobre o holocausto, sendo lembrados constantemente dos horrores que foram os campos de concentração nazistas. Certamente nenhuma pessoa de origem judia fica feliz e confortável assistindo esses filmes, mas eles continuam sendo importantes. O mesmo ocorre com séries como Them. Ver coisas tão horríveis serem feitas por puro racismo, por mais doloroso que seja para qualquer pessoa negra, é importante para que esses eventos não sejam esquecidos e para que ninguém pense que tocar nas chagas que o racismo ainda deixa na sociedade é só "mimimi". Se você acha a série incomoda demais porque ela te dá "gatilho", não assista, ok, mas isso não diminui a importância objetiva que representações como essa têm.
O Alienista (1ª Temporada)
4.0 281 Assista AgoraA série é ótima, mas duas coisas me incomodaram um pouco (ou mais que um pouco):
A primeira é que em alguns momentos os personagens-chave foram bem burros, o que é um pouco inconsistente com a imagem geral que temos deles. O pior exemplo: aquele momento no prostíbulo em que o assassino conversa com o garoto enquanto o John e o inspetor se distraem com uma coisa aleatória. Pior, eles ainda tem uma segunda chance de pegar o cara (que ainda não tinha percebido a presença deles) e desperdiçam fazendo um alvoroço e deixando ele escapar.
A segunda coisa é que não entendi bem a razão do Byrnes e o Capitão Connor continuarem atrás do alienista mesmo depois de descobrirem que o assassino não era nenhum membro de uma família rica. Nos primeiros episódios fica muito claro que os interesses dos policiais corruptos são puramente financeiros. Mas se o próprio Morgan passa a apoiar a investigação, qual o sentido? Especialmente porque eles se tornaram mais violentos do que quando os interesses deles estavam realmente sendo ameaçados.
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista AgoraQuando a Netflix comprou a série o meu medo era exatamente esse... As duas primeiras temporadas são impecáveis, a terceira caiu um pouco de qualidade e essa desceu a ladeira total. Não que a temporada em si seja ruim. Como já disseram aí embaixo, comparada a maior parte das séries disponíveis, eu ainda achei a temporada bem acima da média. Porém, comparada com as outras temporadas (especialmente as duas primeiras) essa temporada deixa muito a desejar. Muitos personagens mal desenvolvidos (a protagonista de Metalhead e a de Crocodile, por exemplo, às vezes tomam atitudes que simplesmente não fazem sentido ou que são no mínimo questionáveis), os episódios acabaram descambando pra uma espécie de trama simples em que você não se vê em conflito emocional, o que me parece ser a essência da série (pensem, por exemplo, na primeira temporada: cada um dos episódios desperta esse conflito. O primeiro faz com que a gente se veja entre aqueles que estariam vidrados na aparição do primeiro ministro na tv; o segundo faz cada um de nós pensar se não teria exatamente a mesma reação em relação a proposta do show de talentos; o último, ao mesmo tempo que nos deixa aflito pela situação do namorado, nos faz questionar se toda aquela situação não é totalmente louca). Mesmo na terceira temporada há episódios em que qualquer um se encontraria em uma saia justa ao tentar dar sentido aos seus sentimentos, vide "Shut up and dance" e "Men against fire".
Em nenhum dos episódios eu senti isso com tanta força quanto no resto da série.
Apesar disso, o último episódio é sensacional. É o que mais se assemelha ao restante da série e eu me senti bastante cativado por cada uma das histórias.
A história da Carrie, por exemplo, tem justamente o que eu esperava que tivesse mais nessa temporada. Ao mesmo tempo em que entendia o lado do Jack de ter ficado de saco cheio dela, também compreendia a sua vontade de continuar existindo, especialmente por sua relação com seu filho. A última parte do ep também mantém bastante dessa complexidade. Ainda que eu entenda os sentimentos da protagonista, achei aquela história dos cookies que perpetuam a dor terrível. Mesmo um fdp como aquele neurocirurgião não merece aquilo, e assim como em White Bear White Christmas, e Shut Up And Dance, parece que é isso que está em jogo.
É uma espécie de San Junipero dessa temporada
Enfim, é isso. De certa forma eu já esperava que isso fosse acontecer, mas queria muito que não tivesse acontecido. Se for existir outra temporada em algum momento, que seja daqui muitos anos, com uma boa dose de inspiração.
The Killing (1ª Temporada)
4.3 331 Assista AgoraDe longe a minha preferida do gênero. Algumas pessoas podem achar isso cansativo, mas a forma como o drama familiar e as demais esferas sociais vão se conectando e desenvolvendo é sensacional.