Alívios cômicos não fazem uma comédia. E, nesse filme, definitivamente a comédia não é o elemento principal. Trata-se de um drama muito do água com açúcar, porém é agradável. Acabamos aprendendo um pouco mais sobre a cultura hebraica, mas nada que seja profundo.
Não espere um filme muito profundo, pois definitivamente não o é. Mas, sinceramente, não faz muita diferença. É um filme gostoso de se ver e ponto. Daqueles que não ofende ninguém, mas também não empolga. Bom de se ver juntinho com a pessoa que se gosta. Fala das imperfeições dos relacionamentos, mas desde o título a mensagem é uma só: é no amor que as coisas se resolvem e é só dele que se precisa. Temos todos os tipos de personagens, rico e pobre, complexo e simples, mas somente os que amam apresentam sentido. Há só uma menina xarope que até agora não entendi o que fez no filme, a sobrinha de Philip, pois não contribuiu em nada.
O primor do filme se encontra nos detalhes: a beleza e o charme de Philip (Brosnan) e a ainda mais charmosa e de sorriso arrebatador de Ida (Dyrholm) rouba as atenções, mas os sub-dramas tem detalhes também preciosos (que infelizmente não dá para contar aqui para se evitar spoilers). Daqueles filmes em que saímos do cinema leve, talvez até acreditando que esse mundo esteja um pouco melhor.
Um impactante final não faz um bom final para um filme. E um bom final, daqueles que amarram bem a história ou que faz-nos ficar pensando horas e mais horas sobre o filme, também não faz um bom filme. "Falsa Loura" é um filme que possui apenas um final que impressiona, o restante é uma série de efemeridades que irão dar tão bruscamente o final. Me deu a sensação de que o filme foi sendo escrito após uma ideia sobre o fim de uma história. Ou seja, alguém teve a ideia de um fim de história e passou o tempo todo a buscar um argumento que justificasse esse final. Problema: não conseguiu.
Não se pode jogar o filme inteiro fora. Se comprarmos um discurso sindicalista, o universo operário é mesmo algo muito estranho para a classe média (sendo que somente a partir da classe média é que se consome cinema). Sua vida segue padrões nada convencionais. Ao invés de shopping, boates insalubres com suas sub-celebridades. Ao invés de estresse com o trânsito, passar horas em um ônibus é rotina da qual já se observa como algo comum. E a criminalidade é o que emprega e melhor remunera.
Coloque todos esses elementos em um liquidificador e bata. O resultado acaba sendo uma mistura infeliz. Os diálogos são sofríveis e os atores dão a nítida impressão que não se prepararam para interpretá-los. O diretor carrega a mão em seu olhar sobre o universo proletário e acaba desrespeitando-o com clichês sobre a cafonice. Uma série de personagens surgem, ganham carga dramática, e simplesmente desaparecem sem maiores explicações. E, por fim, a história não convence.
Juro que não entendi o motivo, mas este filme foi fenômeno de bilheteria em seu país de origem. Talvez por um motivo de época, ou por ser o humor do francês assim mesmo. De qualquer maneira, é um humor de difícil digestão para o público brasileiro.
Seu começo é confuso. Nota-se uma brincadeira com o que realmente era a França ao fim do primeiro século de crise do sistema medieval. Brinca-se de maneira exagerada com vários elementos: a ponta dos sapatos, as vestimentas, a podridão dos dentes, enfim, com a podridão de uma época - que somente os românticos a tratava bem. O que para o francês pode ser um hilário deboche, para o brasileiro não passa de um pastelão de mau gosto.
Quando menos se espera, em meio a toda aquela confusão, um confuso mago esquece uma parte importante de uma fórmula mágica. E, o que deveria levar os protagonistas para um passado recente para corrigir uma burrada provocada por uma bruxa acabou os levando para um futuro bastante distante. E assim, depois de muita sujeira e pastelão gratuíto, começa-se o filme.
Deste ponto em diante o filme perde completamente a responsabilidade para com elementos históricos e passa a brincar com um insólito choque cultural. Seguem comédias de situação com piadas bem elaboradas misturadas com o pastelão "torta-na-cara" que sempre arranca risos. E o resultado final é o de uma comédia até que bem feitinha. Fraquinha, mas bem feitinha.
Os elementos técnicos, como fotografia e trilha sonora são pavorosos. Mas não interferem no filme.
É uma comédia que, apesar do acréscimo sufixo de romântica, não deixa de ser italiana. Também não tem a pretenção de ser felliniana (praticamente única referência que temos sobre comédia italiana aqui do outro lado do Atlântico). E, apesar da água com açúcar tradicional do gênero ter sido mantido, é uma delícia de ver os encontros e desencontros. E na medida em que vão se desenrolando as histórias, vamos nos vendo torcendo para que todas as teorias sobre relacionamento apresentadas no começo do filme sejam, uma a uma, desfeitas. Quando vemos, até mesmo nossas próprias teorias sobre o fim de relacionamento vão para as cucuias.
O filme apresenta uma nova geração de atores italianos (sinceramente, não reconheci nenhum, exceto o maravilhoso Silvio Orlando). Inclusive, até o próprio filme brinca com isso ao ter um dos casais morrendo de tédio ao longo de uma apresentação de uma famosa cantora italiana "das antigas". Interpretações bem italianas, mas que não se rendem à fácil e incômoda "italianisse caricata" e preconceituosa. São todos, a sua maneira, finais de relacionamento bem contadas na telona e que poderia ser reproduzida na vida de qualquer casal ao redor do planeta. Aliás, são histórias que, de tão bem elaboradas, poderiam cada uma delas gerar um filme todo próprio.
A minha única reclamação é a de que o desenrolar da trama demora muito para chegar ao seu fim. As duas horas de exibição cansam um pouco. E tão somente no dia seguinte é que o cansaço passa e a gente se dá conta da mensagem que o filme quer passar. Mas, sem dúvida, um excelente entretenimento.
Baseado em uma série de televisão de grande audiência na França entre 1974 e 1983, "As Brigadas do Tigre", 2006 encerram a série de superproduções francesas do começo do novo milênio (Belphégor, 2001, Vidocq, 2001 e Arsène Lupin,2004). Conta a história de uma brigada móvel criada em 1907 a fim de diminuir a grande onda de crimes que há na França em sua Belle Époque.
Infelizmente, a série não passou no Brasil e é praticamente impossível de achar alguma coisa por um preço acessível para que possamos compará-los por aqui. Uma espécie de "Os Intocáveis" francês, o filme tem consistência em sua trama. Em cada cena, descobre-se uma peça no quebra-cabeças. Além disso, há bastante e interessantes combates entre membros da brigada em meio a anarquistas e polícia parisiense (corrupta e sempre um passo à frente). Até mesmo um sério problema de ritmo que a produções possui é quebrada por muito bem pensados confrontos de tirar o fôlego. Tem um elenco de primeira linha, além da beleza e a grande atuação de Diane Kruger que é de se encher os olhos.
O filme tem problemas para começar e por vezes é um tanto tedioso. Cornillac faz um jovem comandante eternamente carrancudo que não convence, ainda que em combate tem sua atuação marcante. As cores não valorizam muito elementos da Belle Époque e há tropeços históricos irritantes (como a ideia de um policial sentar-se à mesma mesa que um príncipe russo). Porém, o filme é bom sem apelações e banhos de sangue. Não há a irritante morte fácil e a maioria dos combates são físicos - na base do soco. Tem um excesso de personagens que faz com que muita ponta fique solta, mas se deve dar a chance destes personagens serem explicados pela memória daqueles que assistiam a série nos anos 70 e 80.
Um atraente filme policial com o charme de uma Paris do começo do século XX.
Foi quando Tatischeff entrou no cinema e viu uma cena de "Mon Oncle", 1953, foi que percebi a homenagem à Jacques Tati. Até então, eu estava buscando desesperadamente me acostumar com o ritmo absurdamente lento que Chomet tem como marca (lembram-se de As Bicicletas de Belleville, 2003 ?). Neste exato momento, quase se encaminhando ao fim do filme, é que pude perceber duas coisas: primeiro, as pessoas continuam achando que animação é coisa para criança e, segundo, mesmo percebendo que não se trata de uma atração infantil insistem em manter as crianças na sala. Pobres crianças, foram apresentadas a um universo triste, melancólico, do qual elas mesmas são antagonistas.
O filme apresenta a melancólica vida de Tatischeff, ilusionista em decadência que vê a velha arte sendo substituída por atrações mais joviais. Ele vai perdendo espaço para atrações como bandas de rock em uma Europa pós-guerra. Após aceitar o convite de um bêbado, aparentemente o único a gostar de sua apresentação em Londres, o mágico vai para uma pequena cidade na Escócia onde se apresentará em uma taberna. Lá ele conhece Alice, que ao ver a dura condição de vida da menina, lhe compra sapatos novos. A partir de então Alice se encanta com Tatischeff e foge para acompanhá-lo em sua miserável turnê. Tatischeff não quer estragar a crença que Alice possui nele, e juntos vão morar em Edimburgo - cidade da qual nunca o tempo passa. Já nessa cidade, vão viver entre outros artistas de antigamente em um hotel de frente ao Teatro. Mas Tatischeff tem que assumir novos empregos e aceitar apresentações em lugares cada vez menos glamurosos a fim de sustentar a magia pela qual Alice tanto acredita.
O encontro entre Tati e Chomet é lindo, apesar de muito, mas muito lento. Todo pintado à mão, possui uma qualidade gráfica que nos enche os olhos. Aos poucos, Londres, Paris, Edimburgo vão se tornando lugares comuns a nós. Há críticas sociais em pequenos frascos semióticos como a representação do consumismo nas apresentações do mágico em vitrines. E, mesmo que sejam três idiomas (francês, galês, e inglês), não há legenda - e sinceramente não há a menor necessidade delas. Vamos mergulhando em uma tristeza sem fim, vamos assistindo a velha arte sendo enviada para a sarjeta. Um filme complexo, apesar da sua simples narrativa.
O filme é sobre nada. Isso mesmo. Um nada paranoico presente entre um grupo de idiotas dos mais diversos tipos. Osbourne Cox (Malkovich) não é um agente da CIA, mas um analista de nível três que acaba de pedir sua demissão por não aceitar sua remoção para um posto ainda mais burocrático. Ele tem um iminente fim de casamento com Katie (Swinton), que não é uma aristocrata. Ela, por sua vez, tem um caso extraconjugal com Harry (Clooner) - que na verdade não é um relacionamento como todo extraconjugal. Harry ainda investe em outras desesperadas solteiras que colocam seu perfil em um desses sites de encontro. Um delas é Linda (McDormand), atendente de uma academia que vive em busca de cirurgias plástica para ser o que não é: sexy e perfeita. Ela é companheira de trabalho do idiota Chad (Pitt), que encontra na academia um CD contendo dados contábeis e o primeiro capítulo de um livro de ficção baseada nas memórias de Osbourne Cox - fechando o falso ciclo - mas que Chad e Linda acham ser documentos de espionagem.
Tudo é uma sátira ao gênero Policial/Espionagem. Porém, é de uma sutileza tal que a graça das situações cômicas se perdem com facilidade. A história é enrolada, desnecessariamente. A atuação pateta dos personagens revelam ser uma forma péssima de mal aproveitar um elenco realmente estelar. Mas é um filme premiadíssimo, o que confunde quem deseja resenha-lo. Fiquei o tempo todo me perguntando: afinal, de onde tiraram que o filme é bom?
Pessoas inteligentes dizendo coisas inteligentes não fazem um filme inteligente por si só. Tampouco quando as situações estúpidas a que elas se sujeitam não provocam absolutamente nada no espectador. Nem sequer uma torcida por qualquer um dos idiotas que vivem o nada da trama parece suscitar em quem assiste. A sensação de frustração seja talvez a única coisa que provoca. A cada sequência, alguma coisa vai para o brejo.
Malkovich está muito bem enquanto vemos sua decadência em todos os aspectos, principalmente no figurino. Porém o filme se propõe a ser uma sátira e o único a de fato apresentar alguma sátira ou mesmo comicidade é Brad Pitt.
Alex Lippi (Duris) é um homem exótico, normalmente seria classificado como feio pelas brasileiras. Porém, dada sua postura logo no cartaz do filme, é possível ouvir suspiros até mesmo das mais exigentes desta terra descoberta por Cabral. É exatamente a ideia de Lippi: o embuste enquanto arma de sedução. Segundo ele, há três tipos de mulheres: as felizes, as infelizes, e aquelas que não sabem que são infelizes. E é para o terceiro tipo de mulher que seus serviços são contratados. Lippi é, na verdade, um sedutor de aluguel que costuma ser contratado para dissuadir mulhereres infelizes de se casarem com a fonte de suas frustrações. Como principais aliados, Lippi conta com sua irmã, Melànie (Ferrier), e seu cunhado, Marc (Damiens) - atrapalhados, porém uma espécie de faz-tudo. Porém, os negócios não vão nada bem. Manter o custo de seus personagens é caro, provocando dívidas imensas que o forçarão a um dilema ético: intervir no relacionamento perfeito da riquíssima filha de uma espécie de gangster francês, Juliette van der Becq (Paradis).
Apesar das falhas, "Como Arrasar um Coração" é uma delícia de comédia-romântica. Mostra com muito charme Paris e Mônaco - sem nos fazer insignificantes em meio a tanto luxo e riqueza. Arranca risos gostosos e apresenta um frescor para um gênero tão frequentemente mal tratado por Hollywood.
Herculano (Brício) é um astrólogo contratado para selecionar as atrizes que farão parte do elenco de "As Doze Estrelas", novela que será rodada em Paulínia. Após a visita do Destino (Betti), ele irá descobrir um pouco mais sobre cada signo de maneira incorporada em cada mulher. Entre um signo e outro, inúmeras situações surreais irão ocorrer com o astrólogo das estrelas.
Infelizmente, não há como se prolongar na sinopse. O fime acaba sendo uma apresentação de doze belíssimas atrizes, curiosamente cada uma do signo que interpretam (uma exigência do diretor para causar curiosidade, mas que tecnicamente não faz a menor diferença). E justamente por apresentar doze histórias, o desequilíbrio e a falta de ritmo incomoda demais o espectador. Para que a sinopse fosse um pouco mais rica, haveria de contar um pouco de cada uma das personagens - o que faria com que todo o filme fosse contado.
O filme nos dá muito pouco. Os personagens "não zodiacais" são por demais mal desenvolvidos, chegando a desaparecer. Não há como saber se Herculano é um bom astrólogo ou um charlatão. Aliás, ele nem sequer as seleciona, pois se limita a ser um mensageiro. Até mesmo os signos são abordados com uma superficialidade incrível, "exigindo algumas leituras básicas à João Bidu"
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Reuniting the Rubins
3.0 1Alívios cômicos não fazem uma comédia. E, nesse filme, definitivamente a comédia não é o elemento principal. Trata-se de um drama muito do água com açúcar, porém é agradável. Acabamos aprendendo um pouco mais sobre a cultura hebraica, mas nada que seja profundo.
Amor é Tudo o que Você Precisa
3.2 83 Assista AgoraNão espere um filme muito profundo, pois definitivamente não o é. Mas, sinceramente, não faz muita diferença. É um filme gostoso de se ver e ponto. Daqueles que não ofende ninguém, mas também não empolga. Bom de se ver juntinho com a pessoa que se gosta. Fala das imperfeições dos relacionamentos, mas desde o título a mensagem é uma só: é no amor que as coisas se resolvem e é só dele que se precisa. Temos todos os tipos de personagens, rico e pobre, complexo e simples, mas somente os que amam apresentam sentido. Há só uma menina xarope que até agora não entendi o que fez no filme, a sobrinha de Philip, pois não contribuiu em nada.
O primor do filme se encontra nos detalhes: a beleza e o charme de Philip (Brosnan) e a ainda mais charmosa e de sorriso arrebatador de Ida (Dyrholm) rouba as atenções, mas os sub-dramas tem detalhes também preciosos (que infelizmente não dá para contar aqui para se evitar spoilers).
Daqueles filmes em que saímos do cinema leve, talvez até acreditando que esse mundo esteja um pouco melhor.
Falsa Loura
2.9 140Um impactante final não faz um bom final para um filme. E um bom final, daqueles que amarram bem a história ou que faz-nos ficar pensando horas e mais horas sobre o filme, também não faz um bom filme. "Falsa Loura" é um filme que possui apenas um final que impressiona, o restante é uma série de efemeridades que irão dar tão bruscamente o final. Me deu a sensação de que o filme foi sendo escrito após uma ideia sobre o fim de uma história. Ou seja, alguém teve a ideia de um fim de história e passou o tempo todo a buscar um argumento que justificasse esse final. Problema: não conseguiu.
Não se pode jogar o filme inteiro fora. Se comprarmos um discurso sindicalista, o universo operário é mesmo algo muito estranho para a classe média (sendo que somente a partir da classe média é que se consome cinema). Sua vida segue padrões nada convencionais. Ao invés de shopping, boates insalubres com suas sub-celebridades. Ao invés de estresse com o trânsito, passar horas em um ônibus é rotina da qual já se observa como algo comum. E a criminalidade é o que emprega e melhor remunera.
Coloque todos esses elementos em um liquidificador e bata. O resultado acaba sendo uma mistura infeliz. Os diálogos são sofríveis e os atores dão a nítida impressão que não se prepararam para interpretá-los. O diretor carrega a mão em seu olhar sobre o universo proletário e acaba desrespeitando-o com clichês sobre a cafonice. Uma série de personagens surgem, ganham carga dramática, e simplesmente desaparecem sem maiores explicações. E, por fim, a história não convence.
Um filme franzino.
Os Visitantes: Eles Não Nasceram Ontem
3.5 24Juro que não entendi o motivo, mas este filme foi fenômeno de bilheteria em seu país de origem. Talvez por um motivo de época, ou por ser o humor do francês assim mesmo. De qualquer maneira, é um humor de difícil digestão para o público brasileiro.
Seu começo é confuso. Nota-se uma brincadeira com o que realmente era a França ao fim do primeiro século de crise do sistema medieval. Brinca-se de maneira exagerada com vários elementos: a ponta dos sapatos, as vestimentas, a podridão dos dentes, enfim, com a podridão de uma época - que somente os românticos a tratava bem. O que para o francês pode ser um hilário deboche, para o brasileiro não passa de um pastelão de mau gosto.
Quando menos se espera, em meio a toda aquela confusão, um confuso mago esquece uma parte importante de uma fórmula mágica. E, o que deveria levar os protagonistas para um passado recente para corrigir uma burrada provocada por uma bruxa acabou os levando para um futuro bastante distante. E assim, depois de muita sujeira e pastelão gratuíto, começa-se o filme.
Deste ponto em diante o filme perde completamente a responsabilidade para com elementos históricos e passa a brincar com um insólito choque cultural. Seguem comédias de situação com piadas bem elaboradas misturadas com o pastelão "torta-na-cara" que sempre arranca risos. E o resultado final é o de uma comédia até que bem feitinha. Fraquinha, mas bem feitinha.
Os elementos técnicos, como fotografia e trilha sonora são pavorosos. Mas não interferem no filme.
Ah... O Amor!
3.7 40 Assista AgoraÉ uma comédia que, apesar do acréscimo sufixo de romântica, não deixa de ser italiana. Também não tem a pretenção de ser felliniana (praticamente única referência que temos sobre comédia italiana aqui do outro lado do Atlântico). E, apesar da água com açúcar tradicional do gênero ter sido mantido, é uma delícia de ver os encontros e desencontros. E na medida em que vão se desenrolando as histórias, vamos nos vendo torcendo para que todas as teorias sobre relacionamento apresentadas no começo do filme sejam, uma a uma, desfeitas. Quando vemos, até mesmo nossas próprias teorias sobre o fim de relacionamento vão para as cucuias.
O filme apresenta uma nova geração de atores italianos (sinceramente, não reconheci nenhum, exceto o maravilhoso Silvio Orlando). Inclusive, até o próprio filme brinca com isso ao ter um dos casais morrendo de tédio ao longo de uma apresentação de uma famosa cantora italiana "das antigas". Interpretações bem italianas, mas que não se rendem à fácil e incômoda "italianisse caricata" e preconceituosa. São todos, a sua maneira, finais de relacionamento bem contadas na telona e que poderia ser reproduzida na vida de qualquer casal ao redor do planeta. Aliás, são histórias que, de tão bem elaboradas, poderiam cada uma delas gerar um filme todo próprio.
A minha única reclamação é a de que o desenrolar da trama demora muito para chegar ao seu fim. As duas horas de exibição cansam um pouco. E tão somente no dia seguinte é que o cansaço passa e a gente se dá conta da mensagem que o filme quer passar. Mas, sem dúvida, um excelente entretenimento.
Brigadas do Tigre
3.0 11Baseado em uma série de televisão de grande audiência na França entre 1974 e 1983, "As Brigadas do Tigre", 2006 encerram a série de superproduções francesas do começo do novo milênio (Belphégor, 2001, Vidocq, 2001 e Arsène Lupin,2004). Conta a história de uma brigada móvel criada em 1907 a fim de diminuir a grande onda de crimes que há na França em sua Belle Époque.
Infelizmente, a série não passou no Brasil e é praticamente impossível de achar alguma coisa por um preço acessível para que possamos compará-los por aqui. Uma espécie de "Os Intocáveis" francês, o filme tem consistência em sua trama. Em cada cena, descobre-se uma peça no quebra-cabeças. Além disso, há bastante e interessantes combates entre membros da brigada em meio a anarquistas e polícia parisiense (corrupta e sempre um passo à frente). Até mesmo um sério problema de ritmo que a produções possui é quebrada por muito bem pensados confrontos de tirar o fôlego. Tem um elenco de primeira linha, além da beleza e a grande atuação de Diane Kruger que é de se encher os olhos.
O filme tem problemas para começar e por vezes é um tanto tedioso. Cornillac faz um jovem comandante eternamente carrancudo que não convence, ainda que em combate tem sua atuação marcante. As cores não valorizam muito elementos da Belle Époque e há tropeços históricos irritantes (como a ideia de um policial sentar-se à mesma mesa que um príncipe russo). Porém, o filme é bom sem apelações e banhos de sangue. Não há a irritante morte fácil e a maioria dos combates são físicos - na base do soco. Tem um excesso de personagens que faz com que muita ponta fique solta, mas se deve dar a chance destes personagens serem explicados pela memória daqueles que assistiam a série nos anos 70 e 80.
Um atraente filme policial com o charme de uma Paris do começo do século XX.
O Mágico
4.1 320Foi quando Tatischeff entrou no cinema e viu uma cena de "Mon Oncle", 1953, foi que percebi a homenagem à Jacques Tati. Até então, eu estava buscando desesperadamente me acostumar com o ritmo absurdamente lento que Chomet tem como marca (lembram-se de As Bicicletas de Belleville, 2003 ?). Neste exato momento, quase se encaminhando ao fim do filme, é que pude perceber duas coisas: primeiro, as pessoas continuam achando que animação é coisa para criança e, segundo, mesmo percebendo que não se trata de uma atração infantil insistem em manter as crianças na sala. Pobres crianças, foram apresentadas a um universo triste, melancólico, do qual elas mesmas são antagonistas.
O filme apresenta a melancólica vida de Tatischeff, ilusionista em decadência que vê a velha arte sendo substituída por atrações mais joviais. Ele vai perdendo espaço para atrações como bandas de rock em uma Europa pós-guerra. Após aceitar o convite de um bêbado, aparentemente o único a gostar de sua apresentação em Londres, o mágico vai para uma pequena cidade na Escócia onde se apresentará em uma taberna. Lá ele conhece Alice, que ao ver a dura condição de vida da menina, lhe compra sapatos novos. A partir de então Alice se encanta com Tatischeff e foge para acompanhá-lo em sua miserável turnê. Tatischeff não quer estragar a crença que Alice possui nele, e juntos vão morar em Edimburgo - cidade da qual nunca o tempo passa. Já nessa cidade, vão viver entre outros artistas de antigamente em um hotel de frente ao Teatro. Mas Tatischeff tem que assumir novos empregos e aceitar apresentações em lugares cada vez menos glamurosos a fim de sustentar a magia pela qual Alice tanto acredita.
O encontro entre Tati e Chomet é lindo, apesar de muito, mas muito lento. Todo pintado à mão, possui uma qualidade gráfica que nos enche os olhos. Aos poucos, Londres, Paris, Edimburgo vão se tornando lugares comuns a nós. Há críticas sociais em pequenos frascos semióticos como a representação do consumismo nas apresentações do mágico em vitrines. E, mesmo que sejam três idiomas (francês, galês, e inglês), não há legenda - e sinceramente não há a menor necessidade delas. Vamos mergulhando em uma tristeza sem fim, vamos assistindo a velha arte sendo enviada para a sarjeta. Um filme complexo, apesar da sua simples narrativa.
Queime Depois de Ler
3.2 1,3K Assista AgoraO filme é sobre nada. Isso mesmo. Um nada paranoico presente entre um grupo de idiotas dos mais diversos tipos. Osbourne Cox (Malkovich) não é um agente da CIA, mas um analista de nível três que acaba de pedir sua demissão por não aceitar sua remoção para um posto ainda mais burocrático. Ele tem um iminente fim de casamento com Katie (Swinton), que não é uma aristocrata. Ela, por sua vez, tem um caso extraconjugal com Harry (Clooner) - que na verdade não é um relacionamento como todo extraconjugal. Harry ainda investe em outras desesperadas solteiras que colocam seu perfil em um desses sites de encontro. Um delas é Linda (McDormand), atendente de uma academia que vive em busca de cirurgias plástica para ser o que não é: sexy e perfeita. Ela é companheira de trabalho do idiota Chad (Pitt), que encontra na academia um CD contendo dados contábeis e o primeiro capítulo de um livro de ficção baseada nas memórias de Osbourne Cox - fechando o falso ciclo - mas que Chad e Linda acham ser documentos de espionagem.
Tudo é uma sátira ao gênero Policial/Espionagem. Porém, é de uma sutileza tal que a graça das situações cômicas se perdem com facilidade. A história é enrolada, desnecessariamente. A atuação pateta dos personagens revelam ser uma forma péssima de mal aproveitar um elenco realmente estelar. Mas é um filme premiadíssimo, o que confunde quem deseja resenha-lo. Fiquei o tempo todo me perguntando: afinal, de onde tiraram que o filme é bom?
Pessoas inteligentes dizendo coisas inteligentes não fazem um filme inteligente por si só. Tampouco quando as situações estúpidas a que elas se sujeitam não provocam absolutamente nada no espectador. Nem sequer uma torcida por qualquer um dos idiotas que vivem o nada da trama parece suscitar em quem assiste. A sensação de frustração seja talvez a única coisa que provoca. A cada sequência, alguma coisa vai para o brejo.
Malkovich está muito bem enquanto vemos sua decadência em todos os aspectos, principalmente no figurino. Porém o filme se propõe a ser uma sátira e o único a de fato apresentar alguma sátira ou mesmo comicidade é Brad Pitt.
O filme não é de nada, infelizmente!
Como Arrasar um Coração
3.4 228 Assista AgoraAlex Lippi (Duris) é um homem exótico, normalmente seria classificado como feio pelas brasileiras. Porém, dada sua postura logo no cartaz do filme, é possível ouvir suspiros até mesmo das mais exigentes desta terra descoberta por Cabral. É exatamente a ideia de Lippi: o embuste enquanto arma de sedução. Segundo ele, há três tipos de mulheres: as felizes, as infelizes, e aquelas que não sabem que são infelizes. E é para o terceiro tipo de mulher que seus serviços são contratados. Lippi é, na verdade, um sedutor de aluguel que costuma ser contratado para dissuadir mulhereres infelizes de se casarem com a fonte de suas frustrações. Como principais aliados, Lippi conta com sua irmã, Melànie (Ferrier), e seu cunhado, Marc (Damiens) - atrapalhados, porém uma espécie de faz-tudo. Porém, os negócios não vão nada bem. Manter o custo de seus personagens é caro, provocando dívidas imensas que o forçarão a um dilema ético: intervir no relacionamento perfeito da riquíssima filha de uma espécie de gangster francês, Juliette van der Becq (Paradis).
Apesar das falhas, "Como Arrasar um Coração" é uma delícia de comédia-romântica. Mostra com muito charme Paris e Mônaco - sem nos fazer insignificantes em meio a tanto luxo e riqueza. Arranca risos gostosos e apresenta um frescor para um gênero tão frequentemente mal tratado por Hollywood.
As Doze Estrelas
2.1 31 Assista AgoraHerculano (Brício) é um astrólogo contratado para selecionar as atrizes que farão parte do elenco de "As Doze Estrelas", novela que será rodada em Paulínia. Após a visita do Destino (Betti), ele irá descobrir um pouco mais sobre cada signo de maneira incorporada em cada mulher. Entre um signo e outro, inúmeras situações surreais irão ocorrer com o astrólogo das estrelas.
Infelizmente, não há como se prolongar na sinopse. O fime acaba sendo uma apresentação de doze belíssimas atrizes, curiosamente cada uma do signo que interpretam (uma exigência do diretor para causar curiosidade, mas que tecnicamente não faz a menor diferença). E justamente por apresentar doze histórias, o desequilíbrio e a falta de ritmo incomoda demais o espectador. Para que a sinopse fosse um pouco mais rica, haveria de contar um pouco de cada uma das personagens - o que faria com que todo o filme fosse contado.
O filme nos dá muito pouco. Os personagens "não zodiacais" são por demais mal desenvolvidos, chegando a desaparecer. Não há como saber se Herculano é um bom astrólogo ou um charlatão. Aliás, ele nem sequer as seleciona, pois se limita a ser um mensageiro. Até mesmo os signos são abordados com uma superficialidade incrível, "exigindo algumas leituras básicas à João Bidu"