O curta - metragem “Vida Maria” foi lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos, o qual ganhou inúmeros festivais nacionais e internacionais. Esse é um filme 3D que chama a atenção do espectador para algumas cenas, como a troca de olhares da protagonista com o futuro marido, o sol escaldante, a cor pálida da personagem que se torna ainda mais reluzente com o efeito. O filme, de nove minutos, aborda sobre a realidade das mulheres do sertão nordestino. A personagem principal denomina-se Maria, e esta representa as mulheres do contexto sócio cultural daquela região, pois estas estão inseridas em um ciclo vicioso: submissas ao trabalho doméstico, à reprodução de filhos e ao trabalho físico. Essa situação pela qual estas mulheres vivem é devido a uma necessidade de sobrevivência que surge por causa da dificuldade de sustentar e manter uma família e, portanto, o quesito de escolarização torna-se secundário, pois ele, apesar de possuir a capacidade de modificar e construir perspectivas às pessoas, este não é lidado da mesma forma para estas mulheres que não tiveram oportunidades de estudo. Um exemplo disso é apresentado no filme, no instante em que as personagens começam a desenhar o nome no caderno e, as mães, rompem o processo de aprendizado das filhas, repetindo a mesma atitude de suas próprias mães que, sucessivamente, vai se repetindo por diversas gerações. O curta, como um todo, é um espelho da realidade brasileira que nos sensibiliza, nos choca, nos angustia, porque estas mulheres não são capazes, sozinhas, de transformarem as suas origens e, por isso, o desespero ao assistir as cenas que demonstravam o mesmo destino para todas as meninas as quais iniciavam o despertar das palavras e, que, subitamente, deveriam abandonar esta atividade para serem iguais as suas mães, subservientes e conformistas. O filme é similar à obra literária “Morte e Vida Severina”, de João Cabral De Melo Neto, poeta da terceira fase do modernismo, pois retrata o lado negativo do sertão com suas marcas de pobreza e de aridez. O personagem Severino , tanto quanto Maria, está detido em uma única alternativa, em um ciclo vicioso, trabalhar como coveiro ou como rezadeiro, uma vez que ele se associa à morte, ou seja, Severino adquire uma substancia fúnebre sobre ele mesmo devido ao seu contexto sócio cultural precário e, além disso, o nome próprio Severina é utilizado como adjetivo no título para demonstrar um sentido coletivo de que existem diversos sertanejos com vidas semelhantes ao do personagem. Por isso as duas obras comungam um mesmo objetivo, uma mesma mensagem a quem estiver lendo ou vendo. Enfim, a meu ver, o curta “Vida Maria” é essencial para que todas as pessoas assistam, principalmente, os brasileiros que deveriam conhecer esse meio e se posicionarem diante dessa realidade triste e sofrida. E, apesar das partes fortes do filme, que arrepiam, é por meio delas que é possível desenvolver a empatia do espectador e o desejo de mudança para com essas mulheres, Marias do sertão.
Achei super criativo! O homem está tão voltado pra sua própria vida miserável que nem se importa com as demais pessoas, elas são objetos de função "coisal".
Vida Maria
4.3 133O curta - metragem “Vida Maria” foi lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos, o qual ganhou inúmeros festivais nacionais e internacionais. Esse é um filme 3D que chama a atenção do espectador para algumas cenas, como a troca de olhares da protagonista com o futuro marido, o sol escaldante, a cor pálida da personagem que se torna ainda mais reluzente com o efeito. O filme, de nove minutos, aborda sobre a realidade das mulheres do sertão nordestino. A personagem principal denomina-se Maria, e esta representa as mulheres do contexto sócio cultural daquela região, pois estas estão inseridas em um ciclo vicioso: submissas ao trabalho doméstico, à reprodução de filhos e ao trabalho físico. Essa situação pela qual estas mulheres vivem é devido a uma necessidade de sobrevivência que surge por causa da dificuldade de sustentar e manter uma família e, portanto, o quesito de escolarização torna-se secundário, pois ele, apesar de possuir a capacidade de modificar e construir perspectivas às pessoas, este não é lidado da mesma forma para estas mulheres que não tiveram oportunidades de estudo. Um exemplo disso é apresentado no filme, no instante em que as personagens começam a desenhar o nome no caderno e, as mães, rompem o processo de aprendizado das filhas, repetindo a mesma atitude de suas próprias mães que, sucessivamente, vai se repetindo por diversas gerações. O curta, como um todo, é um espelho da realidade brasileira que nos sensibiliza, nos choca, nos angustia, porque estas mulheres não são capazes, sozinhas, de transformarem as suas origens e, por isso, o desespero ao assistir as cenas que demonstravam o mesmo destino para todas as meninas as quais iniciavam o despertar das palavras e, que, subitamente, deveriam abandonar esta atividade para serem iguais as suas mães, subservientes e conformistas. O filme é similar à obra literária “Morte e Vida Severina”, de João Cabral De Melo Neto, poeta da terceira fase do modernismo, pois retrata o lado negativo do sertão com suas marcas de pobreza e de aridez. O personagem Severino , tanto quanto Maria, está detido em uma única alternativa, em um ciclo vicioso, trabalhar como coveiro ou como rezadeiro, uma vez que ele se associa à morte, ou seja, Severino adquire uma substancia fúnebre sobre ele mesmo devido ao seu contexto sócio cultural precário e, além disso, o nome próprio Severina é utilizado como adjetivo no título para demonstrar um sentido coletivo de que existem diversos sertanejos com vidas semelhantes ao do personagem. Por isso as duas obras comungam um mesmo objetivo, uma mesma mensagem a quem estiver lendo ou vendo. Enfim, a meu ver, o curta “Vida Maria” é essencial para que todas as pessoas assistam, principalmente, os brasileiros que deveriam conhecer esse meio e se posicionarem diante dessa realidade triste e sofrida. E, apesar das partes fortes do filme, que arrepiam, é por meio delas que é possível desenvolver a empatia do espectador e o desejo de mudança para com essas mulheres, Marias do sertão.
Almoço de Domingo
4.0 7gostoso de se ver! Animação leve, dinâmica e realista
O Emprego
4.5 355Achei super criativo! O homem está tão voltado pra sua própria vida miserável que nem se importa com as demais pessoas, elas são objetos de função "coisal".
O Paradoxo da Espera do Ônibus
3.8 413"Quanto mais espero, menos esperarei". Esse excesso de pensamentos infundáveis, mas cheios de verdade. Curta simples e engraçado!