A vida de Lung está em descompasso em relação às pessoas ao seu redor. Enquanto os demais desejam por significativas mudanças, ele demonstra certa apatia, sendo o único que não pensa em mudanças para sua vida e, também, ciente da realidade dos outros lugares. Assim, parecia aceitar a realidade de sua vida, não tendo perspectiva que um dia tudo pudesse mudar para melhor. Ao contrário de Chin, sua namorada, que alimentando em si essa esperança, desejava partir para os EUA, casar-se com Lung. Mas contraditoriamente, Lung, apesar de não querer mudar sua própria vida, acreditava que poderia ajudar e melhorar a de seus amigos.
Tapei Story é ao mesmo tempo simples, tocante e profundo que retrata a vida de um homem preso ao passado e uma mulher em busca de um futuro melhor. Podemos perceber que há falta de comunicação contínua e recíproca entre algumas pessoas da trama, reinando o monólogo expressado amargamente e um interlocutor sem emoção. Pessoas tristes, perdidas, angustiadas, apáticas que estão em busca de mudanças, num ambiente urbano marcado pelo distanciamento humano.
O desfecho e início estão interligados, Lung após ser esfaqueado relembra o passado glorioso no beisebol. Enquanto Chin, como pretendera antes de comprar seu apartamento, se tornou assistente pessoal da Sra. Mei.
Num país de inexpressiva indústria e produção cinematográfica, idem ao seu órgão de fomento, não é se de estranhar que 7 Caixas (Siete Cajas) seja o longa-metragem referencial do cinema paraguaio. Isso não significa que tal filme seja ruim, longe disso; ou que de fato não mereça esse status, pois nesse pauperismo para com sua sétima arte é mais do que compreensível que sim! Mas não deveria! Não deveria simplesmente porque o cinema paraguaio ainda se encontra bastante relegado, e suas produções ocorrem de maneira muito esporádicas, assim estando muito distante dos respectivos cinemas incipientes da América Latina: Uruguai, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Equador.
Houve demasiadamente adoção de subterfúgios para prender o espectador. Isso chega a irritar! O enredo está inflado de clichês, sendo cada cena subsequente extremamente previsível. O argumento é pouquíssimo convincente. Apresenta personagens muito caricatos e mal desenvolvidos. A trama se dá através de incidentes grotescos, na qual são sucedidas por outros incidentes bizarros, brutescos e improváveis. 7 Caixas sustenta-se unicamente por sua ótima qualidade técnica: particularmente aos movimentos de câmeras e excessiva sonoplastia, que indiscutivelmente foi capaz de satisfazer o espectador moldado na estética do espetáculo de Hollywood. Observa-se muito mais formas pré-forjadas do que conteúdo "sui generis". Apesar disso, é recomendável para aqueles cinéfilos que tem interesse em conhecer a filmografia latino-americana.
As personagens principais de Siete Cajas sempre são interceptadas pelas personagens coadjuvantes. Nunca não há pausa para o espectador resfolegar, pois a aposta dessa película é restritamente sua desenfreada ação. A cada cena, mas sem critério algum, a trama segue na artificialidade escancarada! Personagens imaturos e pouco convincentes, espécie de ventríloquos. O diretor é uma espécie de ilusionista fajuto, que tenta hipnotizar o espectador diante de suas emaranhadas imagens em movimentos, cuja carece de lógica e mais do que isso, destituído de essência!
E contraditoriamente o desfecho é a personagem de Victor rindo da própria desgraça, ao ter sua imagem que fora gravada enquanto refém, exibida no noticiário televisivo.
Película de ótima qualidade, que a faz ser uma das legítimas representantes do expressivo cinema argentino. Atuações inquestionáveis, Ricardo Darín como sempre em ótimo desempenho artístico, assim como os demais atores. Roteiro e argumentos consistentes que foram bem aproveitados no enredo, direção firme que priorizou o conteúdo ao invés da técnica, esta sempre em sintonia com a trama. Sem dúvidas, está entre os dez melhores filmes da Argentina. Considero que não houve forçamento de barra do desenrolar das cenas; em nenhum momento transpareceu que “Nove Rainhas” nos vendesse algo artificial, apesar do desfecho ter me causado uma "pane". Desfecho este, que para aqueles mais atentos percebeu, que não houve descompasso com a trama.
Após saber que a personagem de Marcos (Ricardo Darín) fora enganado pelo seu comparsa Juan, isso no desfecho, fiquei raciocinando em exatamente qual ponto do filme isso se deu. Achei impossível que fosse logo ao início, naquela primeira cena sequência, pois pensei: será que o Juan teria a expertise em tramar todo esse miraculoso plano? E se fosse mesmo ao início, porque ele precisaria de Marcos para aplicar esse golpe? Pois ficou muito evidente que Juan teria capacidade de realizar tal golpe sozinho.
A princípio, o mais lógico para mim, seria que Juan tramara esse golpe em cima de Marcos após este ir ao hotel, a pedido de sua irmã Valéria (namorada do Juan, que só será revelado ao expectador no final), para resolver uma pendência com Sandler, um exímio falsificador de documentos. Mas não, tudo indica que Juan, em parceira com sua namorada, criou sua rede desde o início para aplicar um golpe em cima do também golpista Marcos. Este que também tentaria golpeá-lo diversas vezes, mas sempre sem êxito, pois Juan sempre estava um passo a sua frente “prevendo” seus movimentos. Possivelmente sua namorada Valéria, que é irmã de Marcos e por desavenças de longa data para com ele, tenha pedido Juan para sacanear o irmão.
Todos os infortúnios e êxitos da dupla parecem ter sido propositalmente orquestrados por Juan: vacilo intencional ao tentar dar dois golpes seguidos na loja de conveniências, que seria decisivo para aproximar-se de Marcos; ligação da Valéria para Marcos, informando sobre um antigo sócio que o queria vê-lo no hotel onde ela trabalha; pseudo conquista da confiada da mãe de Sandler, este que os “enviaram” para pegar um envelope contendo o selo falso guardado na casa dela, mas ela só confiou e entregou-o para o Juan, impressionando ainda ais a figura de Marcos, que ficava cada vez mais surpreso com suas habilidades peculiares das quais não possuía; venda de um selo falsificado para o magnata Gandolfo; interceptação de sua mala por ladrões (seus contratados) numa moto logo após a dupla golpista ter chegado ao um acordo com o comprador desse selo, porém tal selo foi integramente rasurado após ser lançado no rio por um dos ladrões; definição do preço e compra do selo original na mão da irmã do falsário Sandler a ser revendido ao Gandolfo; sua namorada sabendo da ganância do irmão, fora indiretamente responsável por ele pegar e apostar (na qual perderia) toda sua economia para compra do selo original, boa parte dessa poupança de Marcos fora conseguida após ele próprio se manifestar (fraudulentamente) como único e legítimo herdeiro da família deixada pelo avó; Juan também fizera um acordo, por fora, com o comprador, sugerindo-lhe incluir na compra o “combo” Valéria; sua namorada aproveitando essa ocasião decidira desmascarar o irmão Marcos diante do caçula Federico; pedira à Valéria que além de receber a quantia exata em espécie referente a venda do selo original pegasse também um cheque (simbólico) para supostamente receber num banco específico, muito provável que ele sabia da falência e declaração deste banco no dia seguinte, assim não despertaria nenhuma suspeitas de traição por parte de Marcos.
Em suma, o desfecho da trama: é revelado que na verdade o selo original pertencia ao Juan, ele combinara com Sandler para fazer uma réplica e deixar o original na casa de sua irmã, para assim viabilizar o golpe (pessoal) em cima de Marcos, a pedido de sua namorada Valéria que não tem boas relações com o irmão golpista.
Natan é filho de Roberta, uma italiana, e Jorge, um mexicano remanescente dos povos maias, que se conheceram durante viagem no México. Quando o casal se separou, Roberta decide retornar à Itália juntamente com o pequeno Natan. Jorge decide passar um último tempo com seu filho, levando-o à sua terra natal, num vilarejo localizado no mar, para lhe mostrar seu modo de viver. Ao chegar, Nestor, pai de Jorge, esperavam-lhes, e após reformarem a casa – espécie de palafita sobre o mar –, passam todos os três a viverem juntos. A rotina diária consiste em acordar cedo e sair ao mar para pescar, da qual boa parte da pescaria é vendida para um barco mercante e a outra porção é destinada para própria subsistência.
Apesar de estarem distante da metrópole percebemos que aquele vilarejo marítimo mantem contato com o mundo globalizado. O boné que o avô usa tem em sua estampa o símbolo do Superman. Outra coisa que pode ser observado é o processo atualização que o vilarejo sofreu: o avô possui um rádio comunicador para se informar sobre a condição do tempo.
É incrível como se dá a harmoniosa interação deles, e dos demais vilarejos, com a fauna local. Gaivotas que sobrevoam a palafita no momento em que eles estão manuseando os pescados da tarde. A presença de crocodilos, ao redor da palafita, que esperam os bagaços dos peixes lhes serem jogados. A ave que adentra a casa em busca de insetos. Nessa cena o Jorge ensina ao Natan o nome da ave migratória da África, “Bulbucos íbis”, conhecida como “carrapateira”. De desconfiada a ave passa a se acostumar com a presença humana que lhes dão os insetos em seu bico. Ainda no alto mar a carrapateira calmamente, em pé no assoalho do barco, pega carona.
Eles chegam à praia de uma ilha próxima, e vemo-los lavando o casco do seu barco. Ali, próximo da areia, também há crocodilos. E a população local reage naturalmente com a presença dessas feras.
O filme, implicitamente, menciona a necessidade de se ter paciência. Em duas cenas vemos isso. Na primeira quando Nestor diz ao seu filho Jorge que para os que gostam do mar ali é um lugar ideal, mas pra quem não gosta será muito infeliz se permanecer. No segundo momento foi quando Natan tenta pegar a ave apressadamente, o pai responde-lhe “devagar, filho” e adiante “tem que ser delicado, é uma ave”. Podemos perceber o respeito que eles têm com outros seres que também vivem naquele vilarejo. Ao se acostumar ali, a ave foi batizada de “Blanquita”. Contudo, depois disso nunca mais foi vista.
Nos momentos finais, o pequeno Natan jogou uma garrafa com papel e flor dentro, e perguntou ao seu pai se ela irá para Itália ou para o México. E na última cena, vemos Natan e sua mãe já na Itália.
Anjo do Mal deve ser analisado em duas perspectivas: na época de seu lançamento e doravante a isso. Primeiramente, deve ser analisado na época de lançamento, em 1953, nos primórdios da neurose da Guerra Fria, que dividira o mundo em duas ideologias políticas-econômicas (capitalismo x comunismo). Esse filme representa bem a neurose do pavor e patriotismo dos estadunidenses num período que reinava a incerteza se o inimigo soviético iria atacar ou não diretamente seu país. A trama central envolve uma película fotográfica contendo uma fórmula químico-matemática, que seria repassada aos comunistas que já planejavam sair dos EUA. Talvez, o diretor preferiu sutilmente — mesmo que sua obra, a priori, soa está em prol do discurso anticomunista — deixar que o público tirasse suas próprias conclusões sobre a temática. A cena mais sutil está na fala da informante Moe dirigida ao canalha comunista: “O que sei sobre comunistas? Nada! Só sei uma coisa: Não gosto deles”.
Porém, esse filme sobrevive no século XXI sem aquela mesma essência de seu lançamento, sobretudo com o fim da bipolarização política do mundo, marcado pela queda do Muro de Berlim, em 1989. Um dos fatores limitantes foi por ter optado pelo gênero noir. Como esse gênero costuma dualizar os personagens, assim abre margem para distorção do caráter dos mesmos. Percebe-se nisso algumas lacunas existentes: no modo como retrata a ingenuidade/passividade amorosa da personagem Candy, a malandragem ardilosa do Skip e a altíssima periculosidade do comunista Joey. Houve a retratação dos personagens sem um dissecamento mais profundo de suas condutas, facilmente o público pode ser que optara por compactuar com aquela mensagem propositalmente explicitada (discurso anticomunista, o “bem” contra o “mal”: um final feliz), e assim, reduziria Anjos do Mal em um mero e simplista filme-propaganda do Estado estadunidense. Entretanto a isso, o fato é que o roteiro e o enredo são bastante limitados. Salvo pela boa direção de Samuel Fuller, Anjos da Mal não passa de um filme regular, mas que apesar disso poderia ter sido um pouco melhor.
Essa é a marca de Fuller, que sempre tende ancorar em questões secundárias para desenvolver a questão primária. Mas infelizmente desvirtuou/ofuscou outras essências desse filme. Independente disso quem conhece outras obras desse cineasta sabe da sua qualidade.
Este é um tipo de filme que, por ser esteticamente autoral, é imprescindível que o espectador já tenha tido contado com outras obras desses cineastas (Ethan e Joel Coen). Estes que procuram forjar o máximo possível o ridículo e impossível em suas cenas, que muitas das vezes não se encaixam; mas se trata da assinatura cinematográfica dos Coen: humor alternativo, nonsense e seco. Pra quem acompanha a filmografia dos caras vale a pena assistir "Ave, César!", já para os marinheiros de primeira viagem sugiro não começar por esse filme, pois não compreenderam.
"Ave, César!" foi o décimo sétimo (17) filme dos irmãos Coen que assisto, então digo que está longe de ser o melhor e como também de ser o pior. É mediano, nota 6/10!
O filme retrata essa herança "cultural" do dever patriótico passado de geração a geração. Segue na mesma mesmice dos outros filmes do mesmo gênero, glorifica o patriotismo, algo que muitos americanos não saberiam definir, entretanto é criado para compartilhar de tal sentido. O real sentido do Kyle sobre seus status de herói é ignorado, o próprio sequer nunca se questionou. O processo de desumanização é tratado como algo natural, e mais ainda pela causa da tríplice: Deus, Pátria e Família.
Na verdade, o filme não foge do tema político, este está presente a todo o momento, mas durante todo o tempo está "imperceptível" e de maneira "sútil". Eastwood quis mostrar uma máquina útil, que serviu bem a sua pátria. O protagonista sofreu um processo de desumanização, mas o filme em momento algum explorou tal tema. A dualidade colocada em questão de um mundo onde não há certo ou errado é claramente pretensiosa. É francamente parcial. Legitima a invasão no Oriente Médio, e como sempre omitindo a outra parte da história.
Em suma, o filme é uma clara uma homenagem para um dos filhos que serviu honrosamente à sua pátria. Vide o final. Tal diretor se contradiz ao dizer que esse seu filme é um anti-guerra, mas não mesmo.
Uma simples e modesta obra que conseguiu, sem ser apelativa, se tornar uma deliciosa comédia, desenrolados ao decorrer das suaves e cômicas cenas. Tudo parece ser muito simples, e as vezes carece de lógica. Os desenlaces e desaventuras foram ocorrendo de forma improvável, as vezes sem muito sentido. Há duas formas de analisar o filme: primeiro como sátira em tom crítico contra a política da então ex-Checoslováquia nos tempos em que o mundo estava 'dividido'; no segundo, isento de ideologias, fica cabível de ser assistido no contexto atual como uma simples comédia. Enfim, fica a cargo cada um escolher como queira assisti-lo. Acredito que independente da escolha, ambas irão se confluir em certo momento.
A duas cenas finais são simplesmente hilárias: quando o presidente abre a caixa e vê que levaram até aquilo que seria seu singelo presente; segunda - o bombeiro estava dormindo na cama da vítima de incêndio quando o mesmo chegara para dormir.
Merece o selo "legal de ver". Entretanto, em nada contribui, seja ao fator histórico ou reflexivo. Roteiro fraco, enredo regular, boas atuações, fotografia pesada a fim de compensar as lacunas, discurso pretensioso e por ai vai... O enfoque concentra-se nas cenas de ação, clichês, frases prontas e um final esperado (ou nem tanto). O exagero é 'puramente adrenalina'. O fato é que são raros filmes de guerra que tem como objetivo mostrar aquilo deveria mostrar, e talvez isso seja a maior falha deste filme, carece de nos contar a realidade. Enfim, carece de substância, um filme vazio, esquiva-se de reflexão. Apesar dos contras continua sendo interessante de se ver, mas de qualquer forma e querendo ser justo não merece uma nota acima de regular.
Aqui vemos um filme 'ensaio' de Kubrick, sendo este no mínimo um bom filme, não menos que isso. Pudemos observar como foi o inicio desse cineasta antes da fama, já estava claro de que seu futuro promissor estava sendo trilhado. Kubrick dirigiu, produziu, escreveu e além disso foi o fotógrafo de seu próprio filme. Boa estória, vale a pena conferir.
Aqui novamente vemos Woody Allen se auto-interpretar, em mais uma história parecida, num ambiente parecido (Nova York), os mesmos problemas dos personagens e por ai vai. Quem assistiu "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" deve ter entendido o que expressei aqui. E sem falar que esse personagem é irritante.
Sério que este filme é melhor que o Origens? Como pode um roteiro, direção e enredo tão medíocres. Diante disso só acho que já estar na hora de parar de fazer a saga do Wolverine.
Importantíssimo documentário, rico de informação. Mostra o que se deve mostrar, mesmo tendo alguns depoentes hipócritas, como é o caso do ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto, que também foi o primeiro a dá sinal verde para a intervenção facista-militar e disse que não era sua intenção que isso ocorresse (ditadura). Que aliás foi homenageado dando seu nome a um estádio de futebol, o Mineirão. Lamentável isso, também sou mineiro e de Belo Horizonte, pra mim é revoltante vê o nome desse desumano associado à ditadores deixar de herança seu nome para um lugar que dizem ser do 'povo'.
Mas prefiro falar do João Goulart, que foi um grandioso presidente. Foi o único que realmente tinha os olhos voltados para o povo brasileiro, iria atender umas das principais reivindicações popular, a reforma agrária e urbana. Mas a burguesia sangue sunga forjou de todas as formas e forças um golpe contra a democracia que existia naquele tempo. Jango era um brasileiro que não se intimidava com quem quer que seja, iria até o fim pra realizar suas promessas políticas, mas sobretudo humanas. Foi golpeado por todas as forças reacionárias e se viu forçado partir para o exílio. Impedido que retornar ao seu país, veio à falecer de infarto natural (ou atentado? Operação Condor?). Viva Jango!
O xerife está velho não apenas em relação a sua idade, mas sobretudo ultrapassado por que está preso segundo ele próprio a conceito de ações que julga ser de menor impacto para aquela sociedade de seu condado. Resumindo ele presenciou as mudanças de seu 'velho mundo' e deparou-se com algo que nunca imaginara encontrar, um assassino implacável com graus elevados de psicopatia. E isso justifica o título "Onde os fracos não tem vez" (ou 'Não a lugar para gente fraca/ velhas e ultrapassadas').
O ponto forte desse longa talvez seja os encontros e desencontros no decorrer do enredo. As desventuras foram lançados na tela de um modo tão real e sensível que você não consegue determinar o fim. Além da ótima trilha sonora.
Vidas Secas é a estética do sofrimento de uma família cercada de miséria e que para tentar sobreviver nesse cenário de penúria é obrigado a levar uma vida de seminômades, deslocando de lugar para lugar, em busca de amenizar tal situação. Pessoas que vêem na esperança, uma chance de melhorar quase insignificante suas vidas. Mas onde a incerteza é a pura certeza do futuro.
Ao mesmo tempo em que estão abandonados na pobreza, também teriam que se submeter à condição de ser explorado. No caso do patrão desonesto, a soberba da polícia e os instrumentos do Estado que é decisivo para agravar a miséria de um povo castigado por tantas injustiças sociais e tragédias naturais.
Quando a adversidade natural do sertão atinge o reflexo de uma própria hegemonia da desgraça, os retirantes foram novamente obrigados a rumarem, mas sem nenhuma direção definida. A cena inicial é o espelho da cena final, a família pegou o mesmo caminho para um novo recomeço. Mas entre pensamentos positivos e negativos iriam prosseguir na mesma esperança de alcançar uma vida menos ‘secas’, ou seja, no sentido de levar uma vida menos desumana.
Apesar de que objetivo do filme foi retratar uma realidade cruel, no caso à prostituição infanto-juvenil, considero que houve certa pretensão. Embora em moldes fictícios, este longa nos mostra no seu desenrolar das cenas a pura realidade e que infelizmente estar bem presente nos dias atuais em nosso país. É um bom filme, porém sua estética num plano geral é um pouco forçado, utilizando se de uma linguagem indefinida a fim de querer agravar no espectador um sentimento de repugnância para essas ações.
Diria que seu sentido é mais descritivo do que crítico, sendo mais passivo de reflexão, optando por presenciar (e distanciar de) toda aquela barbárie e afastando-se em sincrônica ao longo das cenas até seu término. Não mostrou tudo o que queria mostrar, talvez por próprio medo da temática optou por ser modesto.
O filme termina e a sensação que fica é que o caso foi encerrado, não havendo nada mais que podemos fazer para ajudá-la, já que no final esta apesar da resistência acabou aceitando a vida que lhe forjaram. E para nós o que somente nos resta seria lamentarmos por seu infortúnio.
Para quem não conhecia Olga Benário, ficará sem conhecer se apenas tiver assistido essa mini-novelinha. Diretor de novelas em filmes, não me agrada em nada. Ainda mais se tratando de apresentar ao público à importância dessa mulher que é considerada lenda em terras brasileiras.
Esse tal diretor pecou com excessivos closes, elenco que não se encaixaram nos personagens. O pior disso tudo é que os espectadores que mais cobiçavam a estréia desse filme biográfico eram justamente os alemães, pois retratava a vida de uma lendária alemã e que eles desconheciam seus feitos. Mas ficaram decepcionados ao verem que o objetivo principal do filme foi retratar um romance.
Não que este seja um péssimo filme, apenas não atingiu as expectativas mínimas. Enfim utilizou-se de meios errados (e muitos) para chegar a esta produção. Enquanto isso nós ficaremos na espera de uma produção alemã.
Foi inovador e ousado, até demais, correu os riscos e enfrentou os desafios com poucos recursos. Considero que ousaram e muito esse roteiro, acabou forçando demais o caminhar dos acontecimentos e além das muitas reviravoltas que acabaram prejudicando o filme, ficando demasiadamente enrolado e sem um término ‘esperado’, digo até nonsense (acho que vocês me entenderam).
Entretanto, não devemos ser tão exigentes sabendo que este foi o primeiro filme que tentou apresentar (e progredir) um gênero ainda novo do nosso cinema. O certo é que com falhas ou sem falhas, podemos dizer que 2 Coelhos foi um plano piloto e que se saiu bem. E conseguiu fazer algo interessante com um baixo orçamento, porém infelizmente não teve uma receita positiva.
Este foi o marco do cinema nacional, o início de representar qualitativamente o nosso cinema. Para muitos este foi apenas um dos outros lixos produzidos em solo brasileiro. Para uma legião de amantes dos filmes de fora, mas precisamente dos EUA, deste grande parte serem obras tão fúteis como os daqui, ou seja, trocar seis por meia dúzia. O certo é que a maioria dos brasileiros já descarta qualquer hipótese de assistirem os filmes brasileiros, lançando o preconceito de que tudo que é do Brasil é ruim. Tudo ruim eu não diria, mas uma grande leva é justo ser descartável, assim como os de fora, sabendo que quantidade não é sinal de qualidade.
Mas, voltando ao filme. Ele é lento, monótono e, ainda possível é das antigas, com um roteiro simples e enredo tímido. Ai vem às perguntas, por que devo perder meu tempo com isso? Sinceramente se você estiver esperando um filme hollywoodiano de ação (que aliás, não irá preencher nada em sua vida), é melhor procurar outro título. Mas caso está a procura de engrandecer sua cultura, está no lugar certo. O que mais chamou atenção neste filme além do seu acanhado enredo, são as mensagens que passaram ao telespectador seja com indiretas ou com críticas ao sistema tirânicos dos Estados contra a vulnerável sociedade miserável. E também nos mostra o que o desespero fazem com os desamparados do sertão, sem ter opções eles acabam seguindo cegamente qualquer espécie de líder, abdicando de sua capacidade de raciocinar para tornar-se escravos de outros sistemas. Apresenta-nos o rústico sertão, um lugar castigado pela severa irradiação solar; este principalmente foi (e são) punido pelas ações maquiavélicas dos políticos. Onde alguns sertanistas se tornaram ‘filhos’ daquilo das quais foram submetidos, da crueldade e da injustiça, tornou se assim cruéis e injustos.
Este é um filme brasileiro que retrata os problemas daqui, disponibilizou para todos nós sua finalidade que é o desenrolar de uma estória (ou história) e apresentou a realidade dentro de um espaço, o sertão, lugar onde quem tem poder faz o poder acontecer e retiram os direitos daquelas pobres pessoas que já não tinham onde aplicá-los esses tais, terminando os poderosos por tomar suas liberdades e suas vidas!
O filme lançou uma feroz crítica ao sistema imperialista russo dos primórdios do século XX, nos mostrando as ações tiranas da ditadura do czars. Este filme nos remete aquela palavra de ordem "o povo unido jamais será vencido", realmente no posterior dos anos ocorreu exatamente isso. O velho Império caiu, dando lugar para o novo, o Estado (do povo, do social e democrático)... será que foi isso mesmo? E agora, o que era novo ficou velho, então veio a República (dos inúmeros povos que não se consideram russos)... Mas amanhã o será?
Mas, voltando ao filme, o seu objeto é sem dúvida muito bem vindo e informativo. Por outro lado achei o mesmo um pouco lento e cansativo. Pra quem gosta de se contextualizar a respeito dos acontecimentos da história é uma boa.
Nada de Novo no Front
4.0 613 Assista AgoraUm bom filme, mas fica atrás das versões "Sem Novidade no Front" (1930) – que por sinal é uma obra prima – e "Adeus à Inocência" (1979).
História de Taipei
4.0 22 Assista AgoraA vida de Lung está em descompasso em relação às pessoas ao seu redor. Enquanto os demais desejam por significativas mudanças, ele demonstra certa apatia, sendo o único que não pensa em mudanças para sua vida e, também, ciente da realidade dos outros lugares. Assim, parecia aceitar a realidade de sua vida, não tendo perspectiva que um dia tudo pudesse mudar para melhor. Ao contrário de Chin, sua namorada, que alimentando em si essa esperança, desejava partir para os EUA, casar-se com Lung. Mas contraditoriamente, Lung, apesar de não querer mudar sua própria vida, acreditava que poderia ajudar e melhorar a de seus amigos.
Tapei Story é ao mesmo tempo simples, tocante e profundo que retrata a vida de um homem preso ao passado e uma mulher em busca de um futuro melhor. Podemos perceber que há falta de comunicação contínua e recíproca entre algumas pessoas da trama, reinando o monólogo expressado amargamente e um interlocutor sem emoção. Pessoas tristes, perdidas, angustiadas, apáticas que estão em busca de mudanças, num ambiente urbano marcado pelo distanciamento humano.
O desfecho e início estão interligados, Lung após ser esfaqueado relembra o passado glorioso no beisebol. Enquanto Chin, como pretendera antes de comprar seu apartamento, se tornou assistente pessoal da Sra. Mei.
7 Caixas
3.9 189 Assista AgoraNum país de inexpressiva indústria e produção cinematográfica, idem ao seu órgão de fomento, não é se de estranhar que 7 Caixas (Siete Cajas) seja o longa-metragem referencial do cinema paraguaio. Isso não significa que tal filme seja ruim, longe disso; ou que de fato não mereça esse status, pois nesse pauperismo para com sua sétima arte é mais do que compreensível que sim! Mas não deveria! Não deveria simplesmente porque o cinema paraguaio ainda se encontra bastante relegado, e suas produções ocorrem de maneira muito esporádicas, assim estando muito distante dos respectivos cinemas incipientes da América Latina: Uruguai, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Equador.
Houve demasiadamente adoção de subterfúgios para prender o espectador. Isso chega a irritar! O enredo está inflado de clichês, sendo cada cena subsequente extremamente previsível. O argumento é pouquíssimo convincente. Apresenta personagens muito caricatos e mal desenvolvidos. A trama se dá através de incidentes grotescos, na qual são sucedidas por outros incidentes bizarros, brutescos e improváveis. 7 Caixas sustenta-se unicamente por sua ótima qualidade técnica: particularmente aos movimentos de câmeras e excessiva sonoplastia, que indiscutivelmente foi capaz de satisfazer o espectador moldado na estética do espetáculo de Hollywood. Observa-se muito mais formas pré-forjadas do que conteúdo "sui generis". Apesar disso, é recomendável para aqueles cinéfilos que tem interesse em conhecer a filmografia latino-americana.
As personagens principais de Siete Cajas sempre são interceptadas pelas personagens coadjuvantes. Nunca não há pausa para o espectador resfolegar, pois a aposta dessa película é restritamente sua desenfreada ação. A cada cena, mas sem critério algum, a trama segue na artificialidade escancarada! Personagens imaturos e pouco convincentes, espécie de ventríloquos. O diretor é uma espécie de ilusionista fajuto, que tenta hipnotizar o espectador diante de suas emaranhadas imagens em movimentos, cuja carece de lógica e mais do que isso, destituído de essência!
E contraditoriamente o desfecho é a personagem de Victor rindo da própria desgraça, ao ter sua imagem que fora gravada enquanto refém, exibida no noticiário televisivo.
Nove Rainhas
4.2 463 Assista AgoraPelícula de ótima qualidade, que a faz ser uma das legítimas representantes do expressivo cinema argentino. Atuações inquestionáveis, Ricardo Darín como sempre em ótimo desempenho artístico, assim como os demais atores. Roteiro e argumentos consistentes que foram bem aproveitados no enredo, direção firme que priorizou o conteúdo ao invés da técnica, esta sempre em sintonia com a trama. Sem dúvidas, está entre os dez melhores filmes da Argentina. Considero que não houve forçamento de barra do desenrolar das cenas; em nenhum momento transpareceu que “Nove Rainhas” nos vendesse algo artificial, apesar do desfecho ter me causado uma "pane". Desfecho este, que para aqueles mais atentos percebeu, que não houve descompasso com a trama.
Abaixo, resenha simples:
Após saber que a personagem de Marcos (Ricardo Darín) fora enganado pelo seu comparsa Juan, isso no desfecho, fiquei raciocinando em exatamente qual ponto do filme isso se deu. Achei impossível que fosse logo ao início, naquela primeira cena sequência, pois pensei: será que o Juan teria a expertise em tramar todo esse miraculoso plano? E se fosse mesmo ao início, porque ele precisaria de Marcos para aplicar esse golpe? Pois ficou muito evidente que Juan teria capacidade de realizar tal golpe sozinho.
A princípio, o mais lógico para mim, seria que Juan tramara esse golpe em cima de Marcos após este ir ao hotel, a pedido de sua irmã Valéria (namorada do Juan, que só será revelado ao expectador no final), para resolver uma pendência com Sandler, um exímio falsificador de documentos. Mas não, tudo indica que Juan, em parceira com sua namorada, criou sua rede desde o início para aplicar um golpe em cima do também golpista Marcos. Este que também tentaria golpeá-lo diversas vezes, mas sempre sem êxito, pois Juan sempre estava um passo a sua frente “prevendo” seus movimentos. Possivelmente sua namorada Valéria, que é irmã de Marcos e por desavenças de longa data para com ele, tenha pedido Juan para sacanear o irmão.
Todos os infortúnios e êxitos da dupla parecem ter sido propositalmente orquestrados por Juan: vacilo intencional ao tentar dar dois golpes seguidos na loja de conveniências, que seria decisivo para aproximar-se de Marcos; ligação da Valéria para Marcos, informando sobre um antigo sócio que o queria vê-lo no hotel onde ela trabalha; pseudo conquista da confiada da mãe de Sandler, este que os “enviaram” para pegar um envelope contendo o selo falso guardado na casa dela, mas ela só confiou e entregou-o para o Juan, impressionando ainda ais a figura de Marcos, que ficava cada vez mais surpreso com suas habilidades peculiares das quais não possuía; venda de um selo falsificado para o magnata Gandolfo; interceptação de sua mala por ladrões (seus contratados) numa moto logo após a dupla golpista ter chegado ao um acordo com o comprador desse selo, porém tal selo foi integramente rasurado após ser lançado no rio por um dos ladrões; definição do preço e compra do selo original na mão da irmã do falsário Sandler a ser revendido ao Gandolfo; sua namorada sabendo da ganância do irmão, fora indiretamente responsável por ele pegar e apostar (na qual perderia) toda sua economia para compra do selo original, boa parte dessa poupança de Marcos fora conseguida após ele próprio se manifestar (fraudulentamente) como único e legítimo herdeiro da família deixada pelo avó; Juan também fizera um acordo, por fora, com o comprador, sugerindo-lhe incluir na compra o “combo” Valéria; sua namorada aproveitando essa ocasião decidira desmascarar o irmão Marcos diante do caçula Federico; pedira à Valéria que além de receber a quantia exata em espécie referente a venda do selo original pegasse também um cheque (simbólico) para supostamente receber num banco específico, muito provável que ele sabia da falência e declaração deste banco no dia seguinte, assim não despertaria nenhuma suspeitas de traição por parte de Marcos.
Em suma, o desfecho da trama: é revelado que na verdade o selo original pertencia ao Juan, ele combinara com Sandler para fazer uma réplica e deixar o original na casa de sua irmã, para assim viabilizar o golpe (pessoal) em cima de Marcos, a pedido de sua namorada Valéria que não tem boas relações com o irmão golpista.
Ao Mar
4.1 19Alamar nos faz refletir sobre a vida, difícil de não ser tocado pela sua mensagem humanística.
Natan é filho de Roberta, uma italiana, e Jorge, um mexicano remanescente dos povos maias, que se conheceram durante viagem no México. Quando o casal se separou, Roberta decide retornar à Itália juntamente com o pequeno Natan. Jorge decide passar um último tempo com seu filho, levando-o à sua terra natal, num vilarejo localizado no mar, para lhe mostrar seu modo de viver. Ao chegar, Nestor, pai de Jorge, esperavam-lhes, e após reformarem a casa – espécie de palafita sobre o mar –, passam todos os três a viverem juntos. A rotina diária consiste em acordar cedo e sair ao mar para pescar, da qual boa parte da pescaria é vendida para um barco mercante e a outra porção é destinada para própria subsistência.
Apesar de estarem distante da metrópole percebemos que aquele vilarejo marítimo mantem contato com o mundo globalizado. O boné que o avô usa tem em sua estampa o símbolo do Superman. Outra coisa que pode ser observado é o processo atualização que o vilarejo sofreu: o avô possui um rádio comunicador para se informar sobre a condição do tempo.
É incrível como se dá a harmoniosa interação deles, e dos demais vilarejos, com a fauna local. Gaivotas que sobrevoam a palafita no momento em que eles estão manuseando os pescados da tarde. A presença de crocodilos, ao redor da palafita, que esperam os bagaços dos peixes lhes serem jogados. A ave que adentra a casa em busca de insetos. Nessa cena o Jorge ensina ao Natan o nome da ave migratória da África, “Bulbucos íbis”, conhecida como “carrapateira”. De desconfiada a ave passa a se acostumar com a presença humana que lhes dão os insetos em seu bico. Ainda no alto mar a carrapateira calmamente, em pé no assoalho do barco, pega carona.
Eles chegam à praia de uma ilha próxima, e vemo-los lavando o casco do seu barco. Ali, próximo da areia, também há crocodilos. E a população local reage naturalmente com a presença dessas feras.
O filme, implicitamente, menciona a necessidade de se ter paciência. Em duas cenas vemos isso. Na primeira quando Nestor diz ao seu filho Jorge que para os que gostam do mar ali é um lugar ideal, mas pra quem não gosta será muito infeliz se permanecer. No segundo momento foi quando Natan tenta pegar a ave apressadamente, o pai responde-lhe “devagar, filho” e adiante “tem que ser delicado, é uma ave”. Podemos perceber o respeito que eles têm com outros seres que também vivem naquele vilarejo. Ao se acostumar ali, a ave foi batizada de “Blanquita”. Contudo, depois disso nunca mais foi vista.
Nos momentos finais, o pequeno Natan jogou uma garrafa com papel e flor dentro, e perguntou ao seu pai se ela irá para Itália ou para o México. E na última cena, vemos Natan e sua mãe já na Itália.
Anjo do Mal
3.9 61 Assista AgoraAnjo do Mal deve ser analisado em duas perspectivas: na época de seu lançamento e doravante a isso. Primeiramente, deve ser analisado na época de lançamento, em 1953, nos primórdios da neurose da Guerra Fria, que dividira o mundo em duas ideologias políticas-econômicas (capitalismo x comunismo). Esse filme representa bem a neurose do pavor e patriotismo dos estadunidenses num período que reinava a incerteza se o inimigo soviético iria atacar ou não diretamente seu país. A trama central envolve uma película fotográfica contendo uma fórmula químico-matemática, que seria repassada aos comunistas que já planejavam sair dos EUA. Talvez, o diretor preferiu sutilmente — mesmo que sua obra, a priori, soa está em prol do discurso anticomunista — deixar que o público tirasse suas próprias conclusões sobre a temática. A cena mais sutil está na fala da informante Moe dirigida ao canalha comunista: “O que sei sobre comunistas? Nada! Só sei uma coisa: Não gosto deles”.
Porém, esse filme sobrevive no século XXI sem aquela mesma essência de seu lançamento, sobretudo com o fim da bipolarização política do mundo, marcado pela queda do Muro de Berlim, em 1989. Um dos fatores limitantes foi por ter optado pelo gênero noir. Como esse gênero costuma dualizar os personagens, assim abre margem para distorção do caráter dos mesmos. Percebe-se nisso algumas lacunas existentes: no modo como retrata a ingenuidade/passividade amorosa da personagem Candy, a malandragem ardilosa do Skip e a altíssima periculosidade do comunista Joey. Houve a retratação dos personagens sem um dissecamento mais profundo de suas condutas, facilmente o público pode ser que optara por compactuar com aquela mensagem propositalmente explicitada (discurso anticomunista, o “bem” contra o “mal”: um final feliz), e assim, reduziria Anjos do Mal em um mero e simplista filme-propaganda do Estado estadunidense. Entretanto a isso, o fato é que o roteiro e o enredo são bastante limitados. Salvo pela boa direção de Samuel Fuller, Anjos da Mal não passa de um filme regular, mas que apesar disso poderia ter sido um pouco melhor.
Essa é a marca de Fuller, que sempre tende ancorar em questões secundárias para desenvolver a questão primária. Mas infelizmente desvirtuou/ofuscou outras essências desse filme. Independente disso quem conhece outras obras desse cineasta sabe da sua qualidade.
Ave, César!
3.2 311 Assista AgoraEste é um tipo de filme que, por ser esteticamente autoral, é imprescindível que o espectador já tenha tido contado com outras obras desses cineastas (Ethan e Joel Coen). Estes que procuram forjar o máximo possível o ridículo e impossível em suas cenas, que muitas das vezes não se encaixam; mas se trata da assinatura cinematográfica dos Coen: humor alternativo, nonsense e seco. Pra quem acompanha a filmografia dos caras vale a pena assistir "Ave, César!", já para os marinheiros de primeira viagem sugiro não começar por esse filme, pois não compreenderam.
"Ave, César!" foi o décimo sétimo (17) filme dos irmãos Coen que assisto, então digo que está longe de ser o melhor e como também de ser o pior. É mediano, nota 6/10!
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraSociopata Americano.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraO filme retrata essa herança "cultural" do dever patriótico passado de geração a geração. Segue na mesma mesmice dos outros filmes do mesmo gênero, glorifica o patriotismo, algo que muitos americanos não saberiam definir, entretanto é criado para compartilhar de tal sentido. O real sentido do Kyle sobre seus status de herói é ignorado, o próprio sequer nunca se questionou. O processo de desumanização é tratado como algo natural, e mais ainda pela causa da tríplice: Deus, Pátria e Família.
Na verdade, o filme não foge do tema político, este está presente a todo o momento, mas durante todo o tempo está "imperceptível" e de maneira "sútil". Eastwood quis mostrar uma máquina útil, que serviu bem a sua pátria. O protagonista sofreu um processo de desumanização, mas o filme em momento algum explorou tal tema. A dualidade colocada em questão de um mundo onde não há certo ou errado é claramente pretensiosa. É francamente parcial. Legitima a invasão no Oriente Médio, e como sempre omitindo a outra parte da história.
Em suma, o filme é uma clara uma homenagem para um dos filhos que serviu honrosamente à sua pátria. Vide o final. Tal diretor se contradiz ao dizer que esse seu filme é um anti-guerra, mas não mesmo.
O Baile dos Bombeiros
3.8 45 Assista AgoraUma simples e modesta obra que conseguiu, sem ser apelativa, se tornar uma deliciosa comédia, desenrolados ao decorrer das suaves e cômicas cenas. Tudo parece ser muito simples, e as vezes carece de lógica. Os desenlaces e desaventuras foram ocorrendo de forma improvável, as vezes sem muito sentido. Há duas formas de analisar o filme: primeiro como sátira em tom crítico contra a política da então ex-Checoslováquia nos tempos em que o mundo estava 'dividido'; no segundo, isento de ideologias, fica cabível de ser assistido no contexto atual como uma simples comédia. Enfim, fica a cargo cada um escolher como queira assisti-lo. Acredito que independente da escolha, ambas irão se confluir em certo momento.
A duas cenas finais são simplesmente hilárias: quando o presidente abre a caixa e vê que levaram até aquilo que seria seu singelo presente; segunda - o bombeiro estava dormindo na cama da vítima de incêndio quando o mesmo chegara para dormir.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraMerece o selo "legal de ver". Entretanto, em nada contribui, seja ao fator histórico ou reflexivo. Roteiro fraco, enredo regular, boas atuações, fotografia pesada a fim de compensar as lacunas, discurso pretensioso e por ai vai... O enfoque concentra-se nas cenas de ação, clichês, frases prontas e um final esperado (ou nem tanto). O exagero é 'puramente adrenalina'. O fato é que são raros filmes de guerra que tem como objetivo mostrar aquilo deveria mostrar, e talvez isso seja a maior falha deste filme, carece de nos contar a realidade. Enfim, carece de substância, um filme vazio, esquiva-se de reflexão. Apesar dos contras continua sendo interessante de se ver, mas de qualquer forma e querendo ser justo não merece uma nota acima de regular.
Pecou no encerramento, não tem sentido para aquilo: o soldado alemão omitiu-se diante do inimigo. Qual seria a real pretensão daquilo?
A Morte Passou por Perto
3.3 142Aqui vemos um filme 'ensaio' de Kubrick, sendo este no mínimo um bom filme, não menos que isso. Pudemos observar como foi o inicio desse cineasta antes da fama, já estava claro de que seu futuro promissor estava sendo trilhado. Kubrick dirigiu, produziu, escreveu e além disso foi o fotógrafo de seu próprio filme. Boa estória, vale a pena conferir.
Manhattan
4.1 595 Assista AgoraAqui novamente vemos Woody Allen se auto-interpretar, em mais uma história parecida, num ambiente parecido (Nova York), os mesmos problemas dos personagens e por ai vai. Quem assistiu "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" deve ter entendido o que expressei aqui. E sem falar que esse personagem é irritante.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista AgoraSério que este filme é melhor que o Origens?
Como pode um roteiro, direção e enredo tão medíocres. Diante disso só acho que já estar na hora de parar de fazer a saga do Wolverine.
Jango
4.0 41 Assista AgoraImportantíssimo documentário, rico de informação. Mostra o que se deve mostrar, mesmo tendo alguns depoentes hipócritas, como é o caso do ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto, que também foi o primeiro a dá sinal verde para a intervenção facista-militar e disse que não era sua intenção que isso ocorresse (ditadura). Que aliás foi homenageado dando seu nome a um estádio de futebol, o Mineirão. Lamentável isso, também sou mineiro e de Belo Horizonte, pra mim é revoltante vê o nome desse desumano associado à ditadores deixar de herança seu nome para um lugar que dizem ser do 'povo'.
Mas prefiro falar do João Goulart, que foi um grandioso presidente. Foi o único que realmente tinha os olhos voltados para o povo brasileiro, iria atender umas das principais reivindicações popular, a reforma agrária e urbana. Mas a burguesia sangue sunga forjou de todas as formas e forças um golpe contra a democracia que existia naquele tempo. Jango era um brasileiro que não se intimidava com quem quer que seja, iria até o fim pra realizar suas promessas políticas, mas sobretudo humanas. Foi golpeado por todas as forças reacionárias e se viu forçado partir para o exílio. Impedido que retornar ao seu país, veio à falecer de infarto natural (ou atentado? Operação Condor?). Viva Jango!
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraSimplesmente é o melhor dos Coen. Contém um enredo mais consistente em relação aos anteriores e também aborda-o mais seriamente.
O xerife está velho não apenas em relação a sua idade, mas sobretudo ultrapassado por que está preso segundo ele próprio a conceito de ações que julga ser de menor impacto para aquela sociedade de seu condado. Resumindo ele presenciou as mudanças de seu 'velho mundo' e deparou-se com algo que nunca imaginara encontrar, um assassino implacável com graus elevados de psicopatia. E isso justifica o título "Onde os fracos não tem vez" (ou 'Não a lugar para gente fraca/ velhas e ultrapassadas').
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraO ponto forte desse longa talvez seja os encontros e desencontros no decorrer do enredo. As desventuras foram lançados na tela de um modo tão real e sensível que você não consegue determinar o fim. Além da ótima trilha sonora.
O filme termina e continuamos a imaginar o caminho que Llewyn Davis e também os outros personagens rumaram.
Vidas Secas
3.9 277Vidas Secas é a estética do sofrimento de uma família cercada de miséria e que para tentar sobreviver nesse cenário de penúria é obrigado a levar uma vida de seminômades, deslocando de lugar para lugar, em busca de amenizar tal situação. Pessoas que vêem na esperança, uma chance de melhorar quase insignificante suas vidas. Mas onde a incerteza é a pura certeza do futuro.
Ao mesmo tempo em que estão abandonados na pobreza, também teriam que se submeter à condição de ser explorado. No caso do patrão desonesto, a soberba da polícia e os instrumentos do Estado que é decisivo para agravar a miséria de um povo castigado por tantas injustiças sociais e tragédias naturais.
Quando a adversidade natural do sertão atinge o reflexo de uma própria hegemonia da desgraça, os retirantes foram novamente obrigados a rumarem, mas sem nenhuma direção definida. A cena inicial é o espelho da cena final, a família pegou o mesmo caminho para um novo recomeço. Mas entre pensamentos positivos e negativos iriam prosseguir na mesma esperança de alcançar uma vida menos ‘secas’, ou seja, no sentido de levar uma vida menos desumana.
Anjos do Sol
4.0 409Apesar de que objetivo do filme foi retratar uma realidade cruel, no caso à prostituição infanto-juvenil, considero que houve certa pretensão. Embora em moldes fictícios, este longa nos mostra no seu desenrolar das cenas a pura realidade e que infelizmente estar bem presente nos dias atuais em nosso país. É um bom filme, porém sua estética num plano geral é um pouco forçado, utilizando se de uma linguagem indefinida a fim de querer agravar no espectador um sentimento de repugnância para essas ações.
Diria que seu sentido é mais descritivo do que crítico, sendo mais passivo de reflexão, optando por presenciar (e distanciar de) toda aquela barbárie e afastando-se em sincrônica ao longo das cenas até seu término. Não mostrou tudo o que queria mostrar, talvez por próprio medo da temática optou por ser modesto.
O filme termina e a sensação que fica é que o caso foi encerrado, não havendo nada mais que podemos fazer para ajudá-la, já que no final esta apesar da resistência acabou aceitando a vida que lhe forjaram. E para nós o que somente nos resta seria lamentarmos por seu infortúnio.
Olga
3.8 1,3K Assista AgoraPara quem não conhecia Olga Benário, ficará sem conhecer se apenas tiver assistido essa mini-novelinha. Diretor de novelas em filmes, não me agrada em nada. Ainda mais se tratando de apresentar ao público à importância dessa mulher que é considerada lenda em terras brasileiras.
Esse tal diretor pecou com excessivos closes, elenco que não se encaixaram nos personagens. O pior disso tudo é que os espectadores que mais cobiçavam a estréia desse filme biográfico eram justamente os alemães, pois retratava a vida de uma lendária alemã e que eles desconheciam seus feitos. Mas ficaram decepcionados ao verem que o objetivo principal do filme foi retratar um romance.
Não que este seja um péssimo filme, apenas não atingiu as expectativas mínimas. Enfim utilizou-se de meios errados (e muitos) para chegar a esta produção. Enquanto isso nós ficaremos na espera de uma produção alemã.
2 Coelhos
4.0 2,7K Assista AgoraFoi inovador e ousado, até demais, correu os riscos e enfrentou os desafios com poucos recursos. Considero que ousaram e muito esse roteiro, acabou forçando demais o caminhar dos acontecimentos e além das muitas reviravoltas que acabaram prejudicando o filme, ficando demasiadamente enrolado e sem um término ‘esperado’, digo até nonsense (acho que vocês me entenderam).
Entretanto, não devemos ser tão exigentes sabendo que este foi o primeiro filme que tentou apresentar (e progredir) um gênero ainda novo do nosso cinema. O certo é que com falhas ou sem falhas, podemos dizer que 2 Coelhos foi um plano piloto e que se saiu bem. E conseguiu fazer algo interessante com um baixo orçamento, porém infelizmente não teve uma receita positiva.
Mas me digam que final foi aquele? Sinceramente não gostei, mas e vocês?
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 429 Assista AgoraEste foi o marco do cinema nacional, o início de representar qualitativamente o nosso cinema. Para muitos este foi apenas um dos outros lixos produzidos em solo brasileiro. Para uma legião de amantes dos filmes de fora, mas precisamente dos EUA, deste grande parte serem obras tão fúteis como os daqui, ou seja, trocar seis por meia dúzia. O certo é que a maioria dos brasileiros já descarta qualquer hipótese de assistirem os filmes brasileiros, lançando o preconceito de que tudo que é do Brasil é ruim. Tudo ruim eu não diria, mas uma grande leva é justo ser descartável, assim como os de fora, sabendo que quantidade não é sinal de qualidade.
Mas, voltando ao filme. Ele é lento, monótono e, ainda possível é das antigas, com um roteiro simples e enredo tímido. Ai vem às perguntas, por que devo perder meu tempo com isso? Sinceramente se você estiver esperando um filme hollywoodiano de ação (que aliás, não irá preencher nada em sua vida), é melhor procurar outro título. Mas caso está a procura de engrandecer sua cultura, está no lugar certo. O que mais chamou atenção neste filme além do seu acanhado enredo, são as mensagens que passaram ao telespectador seja com indiretas ou com críticas ao sistema tirânicos dos Estados contra a vulnerável sociedade miserável. E também nos mostra o que o desespero fazem com os desamparados do sertão, sem ter opções eles acabam seguindo cegamente qualquer espécie de líder, abdicando de sua capacidade de raciocinar para tornar-se escravos de outros sistemas. Apresenta-nos o rústico sertão, um lugar castigado pela severa irradiação solar; este principalmente foi (e são) punido pelas ações maquiavélicas dos políticos. Onde alguns sertanistas se tornaram ‘filhos’ daquilo das quais foram submetidos, da crueldade e da injustiça, tornou se assim cruéis e injustos.
Este é um filme brasileiro que retrata os problemas daqui, disponibilizou para todos nós sua finalidade que é o desenrolar de uma estória (ou história) e apresentou a realidade dentro de um espaço, o sertão, lugar onde quem tem poder faz o poder acontecer e retiram os direitos daquelas pobres pessoas que já não tinham onde aplicá-los esses tais, terminando os poderosos por tomar suas liberdades e suas vidas!
Umas das cenas antológicas do cinema nacional.
http://www.youtube.com/watch?v=V2kX_Ln4ats
Zé Rufino o verdadeiro homem que matou Corisco (o diabo loiro) foi apresentado ficticiamente como Antônio das Mortes (o matador de jagunço).
http://tokdehistoria.wordpress.com/2012/01/21/a-entrevista-de-glauber-rocha-com-ze-rufino-o-matador-do-cangaceiro-corisco/
O Encouraçado Potemkin
4.2 343 Assista AgoraO filme lançou uma feroz crítica ao sistema imperialista russo dos primórdios do século XX, nos mostrando as ações tiranas da ditadura do czars. Este filme nos remete aquela palavra de ordem "o povo unido jamais será vencido", realmente no posterior dos anos ocorreu exatamente isso. O velho Império caiu, dando lugar para o novo, o Estado (do povo, do social e democrático)... será que foi isso mesmo? E agora, o que era novo ficou velho, então veio a República (dos inúmeros povos que não se consideram russos)... Mas amanhã o será?
Mas, voltando ao filme, o seu objeto é sem dúvida muito bem vindo e informativo. Por outro lado achei o mesmo um pouco lento e cansativo. Pra quem gosta de se contextualizar a respeito dos acontecimentos da história é uma boa.
Pequeno Grande Homem
3.9 57 Assista AgoraAquela parte do Jack Crabb na fase de pistoleiro foi a melhor, no estilo Chapolin Colorado pagando de "louco".