É um dos melhores filmes sobre o Brasil Colonial. Retrata os conflitos sociais no contexto da decadência do ciclo do ouro, apresentando as relações de abuso, corrupção e as formas de resistência entre homens brancos, negros e indígenas. O filme não apresenta uma leitura tradicional sobre a história de Tiradentes, pois se preocupa em reconstruir o contexto sociocultural e econômico que levou o alferes Joaquim a integrar movimento dos conjurados contra a Coroa Portuguesa.
"O cansaço está no final dos atos de uma vida mecânica, mas inaugura ao mesmo tempo o movimento da consciência. Ele a desperta e desafia a continuação. A continuação é o retorno inconsciente à mesma trama ou o despertar definitivo. No extremo do despertar vem, com o tempo, a consequência: suicídio ou restabelecimento" (Camus, in: O Mito de Sísifo).
Visão distópica de um futuro onde o alto desenvolvimento científico contrasta com a precaridade das condições existenciais dos seres humanos terrestres. Numa realidade onde se acentuam os conflitos de classes e as lógicas da produtividade, os direitos humanos são suprimidos e a ciência médica é instrumentalizada para o controle e desigualdade social. É um bom filme para os pensadores das ciências humanas, na medida em que se pode colocar em questão as problemáticas socioeconômicas da nossa atualidade, que por ora são niveladas pelos discursos políticos e midiáticos.
"Ora as costas deste homem dormem. Todo ele, que caminha adiante de mim com passada igual à minha, dorme. Vai inconsciente. Vive inconsciente. Dorme, porque todos dormimos. Toda a vida é um sonho. Ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que quer, ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas crianças do Destino. Por isso sinto, se penso com esta sensação, uma ternura informe e imensa por toda a humanidade infantil, por toda vida social dormente, por todos, por tudo".
Há sempre de nascer beleza mesmo nos terrenos mais sinuosos... E quando há sensibilidade em "serzinhos" de fortaleza, a amizade e suas dignas referências restabelecem as forças vitais dos caminhos dolorosos. "Merci, Gladys"
É um filme é simples, embora seu enredo se construa sob a complexidade da paixão, descoberta da sexualidade e divergências de valores... Há muita densidade nos diálogos e imagens, e o retrato do afeto em Adèle é puramente intenso e sincero em relação as adversidades vivenciadas. As cenas de sexo foram realmente demasiadas, e isso rendeu uma onda de críticas sobre a intencionalidade do cineasta. Acho que essa polêmica não passa de um moralismo, embora não desconsidere a pitada de sensacionalismo do diretor no intento de sua notoriedade em relação a massa de curiosos; ou até na proposta ativista de naturalizar o sexo lésbico (?). Alguns apontam que o filme engendra uma visão heteronormativa na relação de Emma e Adèle. Isso é plausível, mas sabemos que todos sujeitos estão suscetíveis aos papéis sociais normativos, o que significa que as representações de gênero também estão presentes nas relações homossexuais. Por outro, considero uma questão mais importante: entre Adèle e Emma o conflito se desdobra sobre as visões de mundo, expectativas e desejos, ou seja, sob os "sentidos" que cada uma vislumbra para si. Daí a divergência de valores, que talvez seja o ponto central para a dissolução das relações amorosas.
No horizonte dos limoeiros a insensatez procedente dos muros culturais e conflitos políticos é poeticamente denunciada. E no olhar cansado de uma mulher solitária, revive a eterna sensibilidade do amor e a esperança nos gritos de justiça...
Uma homenagem ao imaginário dos filmes franceses da década de 60, em que o Brasil era representado como um universo pararelo, paradisíaco e livre na mentalidade dos europeus. Um filme divertido e gostosinho de assistir!
Concordo que esse filme seja uma apreciação estética, que visa uma nova "forma" de se fazer cinema. Contudo, considero que é possível pensar os significados a partir dos seus perceptos, se bem quiser, sobre o "conteúdo" latente. Ora, percorremos pela "estrada" da vida no jogos interpretativos dos papéis sociais que nos são dados e vendidos. Não temos tempo para "ser" outra "coisa" a não ser aquilo que se desdobra mediante os "compromissos", que acabam delineiando os sentidos da nossa existência. O cansaço subjaz no cotidiano do trabalho, do hábito e a fugacidade das relações afetivas são interpeladas pela escassez do tempo. Do tempo que passa, consome e alerta o próximo "compromisso". E por mais absurdo que pareça, o retorno é primitivo e a consciência emerge das máquinas que guiam a existência sem dono...
"Comportando-se bem ou mal, o tratamento é o mesmo". Assim, o "caos" é justificado nesse filme, que incomoda o nosso moralismo recalcado por provocar risos de situações tão perversas. Não esqueçamos que seres pequeninos também são humanos. Numa realidade árida, onde a existência é desprovida se sentido, a revolta é legitima. Para aqueles com antolhos, o universo é obscuro e o fazer não tem para "onde"...
Fantástico! É um contundente retrato do perverso ideário civilizatório. “O selvagem é um documento humano, um registro dos esforços do homem para se elevar acima do nível da besta”. Assim escreveu Frazer, um dos mais importantes expoentes da antropologia evolucionista. Ora, o progresso é natural e necessário, há uma cultura superior, uma verdade universal a ser instituída! Daí, é legítimo destruir o caminho dos sonhos, silenciar as diferenças culturais e a explorar a natureza até os confins do absurdo.
O filme é uma fábula realística da marginalização dos negros nas primeiras décadas do século XX. A cultura afrobrasileira é bem retrata numa linguagem poética. A capoeira se apresenta como uma forma de resistência e identidade, como ginga "mandingada" para driblar os redutos da opressão social.
Por onde se desdobram as peripécias do processo do conhecer mesmo na restrição de parte das categorias sensorias e ausência de afetividade? Ora, o filme mostra que a linguagem se reinventa e como uma espécie de sobrevivência dá forma a existência quando há uma conexão de sentido, e sobretudo, a relação de alteridade.
Consciência trágica das relações afetivas que caminham nas finas camadas de gelo. O inconsciente que pulsa no medo da mudança. O amor fati nietzscheano que assume o recomeço apesar de tudo...
Qual a relação entre arte e realidade, entre e obra e subjetividade? A arte possui uma intecionalidade absoluta já disposta pela autor ou seus perceptos são intermeios contigentes suscitados no espectador? A obra é simulacro da vida ou revela a latência do possível? A experiência estética pode se desdobrar em significados categorizados, mas como diria Merleau-Ponty, ela, em primeira instância, se configura no entralaçado mudo das vivências. É nesse caminho que o filme percorre, ou não, já que o campo das interpretações é sempre um abismo...
Eis aqui a problemática da alteridade: O "eu" se mistura e se constrói com o "outro" no devir das coisas, da memória, dos desejos. Não há dicotomia nas relações humanas ou qualquer limite que demarque o "eu" - apenas camadas ilusórias ou se bem quiser, máscaras que inventamos e sustentamos para ser "um".
Joaquim
3.6 71 Assista AgoraÉ um dos melhores filmes sobre o Brasil Colonial. Retrata os conflitos sociais no contexto da decadência do ciclo do ouro, apresentando as relações de abuso, corrupção e as formas de resistência entre homens brancos, negros e indígenas. O filme não apresenta uma leitura tradicional sobre a história de Tiradentes, pois se preocupa em reconstruir o contexto sociocultural e econômico que levou o alferes Joaquim a integrar movimento dos conjurados contra a Coroa Portuguesa.
Paris, Texas
4.3 698 Assista AgoraE então, "Paris, Texas" nunca existiu...
O Substituto
4.4 1,7K Assista Agora"O cansaço está no final dos atos de uma vida mecânica, mas inaugura ao mesmo tempo o movimento da consciência. Ele a desperta e desafia a continuação. A continuação é o retorno inconsciente à mesma trama ou o despertar definitivo. No extremo do despertar vem, com o tempo, a consequência: suicídio ou restabelecimento" (Camus, in: O Mito de Sísifo).
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraEita mundão da solidão! Há tantos abismos nas relações...
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraVisão distópica de um futuro onde o alto desenvolvimento científico contrasta com a precaridade das condições existenciais dos seres humanos terrestres. Numa realidade onde se acentuam os conflitos de classes e as lógicas da produtividade, os direitos humanos são suprimidos e a ciência médica é instrumentalizada para o controle e desigualdade social. É um bom filme para os pensadores das ciências humanas, na medida em que se pode colocar em questão as problemáticas socioeconômicas da nossa atualidade, que por ora são niveladas pelos discursos políticos e midiáticos.
Réquiem - Um Encontro Com Fernando Pessoa
3.3 8Eita, existência desassossegada!
"Ora as costas deste homem dormem. Todo ele, que caminha adiante de mim com passada igual à minha, dorme. Vai inconsciente. Vive inconsciente. Dorme, porque todos
dormimos. Toda a vida é um sonho. Ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que quer, ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas crianças do Destino. Por isso sinto,
se penso com esta sensação, uma ternura informe e imensa por toda a humanidade infantil, por toda vida social dormente, por todos, por tudo".
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista Agora"Rico em trama e criações estéticas, filme de Abdellatif Kechiche é atacado por suposto estímulo ao voyerismo. Alegação é tola".
http://outraspalavras.net/destaques/quem-tem-medo-de-mulher-pelada/
Stella
3.9 108Há sempre de nascer beleza mesmo nos terrenos mais sinuosos... E quando há sensibilidade em "serzinhos" de fortaleza, a amizade e suas dignas referências restabelecem as forças vitais dos caminhos dolorosos. "Merci, Gladys"
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraÉ um filme é simples, embora seu enredo se construa sob a complexidade da paixão, descoberta da sexualidade e divergências de valores... Há muita densidade nos diálogos e imagens, e o retrato do afeto em Adèle é puramente intenso e sincero em relação as adversidades vivenciadas. As cenas de sexo foram realmente demasiadas, e isso rendeu uma onda de críticas sobre a intencionalidade do cineasta. Acho que essa polêmica não passa de um moralismo, embora não desconsidere a pitada de sensacionalismo do diretor no intento de sua notoriedade em relação a massa de curiosos; ou até na proposta ativista de naturalizar o sexo lésbico (?). Alguns apontam que o filme engendra uma visão heteronormativa na relação de Emma e Adèle. Isso é plausível, mas sabemos que todos sujeitos estão suscetíveis aos papéis sociais normativos, o que significa que as representações de gênero também estão presentes nas relações homossexuais. Por outro, considero uma questão mais importante: entre Adèle e Emma o conflito se desdobra sobre as visões de mundo, expectativas e desejos, ou seja, sob os "sentidos" que cada uma vislumbra para si. Daí a divergência de valores, que talvez seja o ponto central para a dissolução das relações amorosas.
Lemon Tree
4.1 104 Assista AgoraNo horizonte dos limoeiros a insensatez procedente dos muros culturais e conflitos políticos é poeticamente denunciada. E no olhar cansado de uma mulher solitária, revive a eterna sensibilidade do amor e a esperança nos gritos de justiça...
A Cor do Paraíso
4.2 194 Assista AgoraA cegueira é a deficiência de quem não percebe que o mundo todo é linguagem...
Copacabana
3.8 78Uma homenagem ao imaginário dos filmes franceses da década de 60, em que o Brasil era representado como um universo pararelo, paradisíaco e livre na mentalidade dos europeus. Um filme divertido e gostosinho de assistir!
Como Estrelas na Terra
4.4 794Um filme que nos ensina o que é ser professor
Holy Motors
3.9 651"Já vi interpretações de que Holy Motors é uma metáfora do cinema. Não sei como, nem onde" (CARAX, 2012). Disponível em:
Holy Motors
3.9 651Concordo que esse filme seja uma apreciação estética, que visa uma nova "forma" de se fazer cinema. Contudo, considero que é possível pensar os significados a partir dos seus perceptos, se bem quiser, sobre o "conteúdo" latente. Ora, percorremos pela "estrada" da vida no jogos interpretativos dos papéis sociais que nos são dados e vendidos. Não temos tempo para "ser" outra "coisa" a não ser aquilo que se desdobra mediante os "compromissos", que acabam delineiando os sentidos da nossa existência. O cansaço subjaz no cotidiano do trabalho, do hábito e a fugacidade das relações afetivas são interpeladas pela escassez do tempo. Do tempo que passa, consome e alerta o próximo "compromisso". E por mais absurdo que pareça, o retorno é primitivo e a consciência emerge das máquinas que guiam a existência sem dono...
A Ilha dos Paqueras
2.3 18De tão ruim chega ser engraçado.
Os Anões Também Começaram Pequenos
3.5 38"Comportando-se bem ou mal, o tratamento é o mesmo". Assim, o "caos" é justificado nesse filme, que incomoda o nosso moralismo recalcado por provocar risos de situações tão perversas. Não esqueçamos que seres pequeninos também são humanos.
Numa realidade árida, onde a existência é desprovida se sentido, a revolta é legitima. Para aqueles com antolhos, o universo é obscuro e o fazer não tem para "onde"...
Onde Sonham as Formigas Verdes
4.0 13Fantástico! É um contundente retrato do perverso ideário civilizatório. “O selvagem é um documento humano, um registro dos esforços do homem para se elevar acima do nível da besta”. Assim escreveu Frazer, um dos mais importantes expoentes da antropologia evolucionista. Ora, o progresso é natural e necessário, há uma cultura superior, uma verdade universal a ser instituída! Daí, é legítimo destruir o caminho dos sonhos, silenciar as diferenças culturais e a explorar a natureza até os confins do absurdo.
Besouro
3.1 551O filme é uma fábula realística da marginalização dos negros nas primeiras décadas do século XX. A cultura afrobrasileira é bem retrata numa linguagem poética. A capoeira se apresenta como uma forma de resistência e identidade, como ginga "mandingada" para driblar os redutos da opressão social.
O Milagre de Anne Sullivan
4.4 217 Assista AgoraPor onde se desdobram as peripécias do processo do conhecer mesmo na restrição de parte das categorias sensorias e ausência de afetividade? Ora, o filme mostra que a linguagem se reinventa e como uma espécie de sobrevivência dá forma a existência quando há uma conexão de sentido, e sobretudo, a relação de alteridade.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraConsciência trágica das relações afetivas que caminham nas finas camadas de gelo. O inconsciente que pulsa no medo da mudança. O amor fati nietzscheano que assume o recomeço apesar de tudo...
Cópia Fiel
3.9 452 Assista AgoraQual a relação entre arte e realidade, entre e obra e subjetividade? A arte possui uma intecionalidade absoluta já disposta pela autor ou seus perceptos são intermeios contigentes suscitados no espectador? A obra é simulacro da vida ou revela a latência do possível? A experiência estética pode se desdobrar em significados categorizados, mas como diria Merleau-Ponty, ela, em primeira instância, se configura no entralaçado mudo das vivências. É nesse caminho que o filme percorre, ou não, já que o campo das interpretações é sempre um abismo...
E Aí... Comeu?
2.6 1,6KQue "nominho" infame hein?
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraEis aqui a problemática da alteridade: O "eu" se mistura e se constrói com o "outro" no devir das coisas, da memória, dos desejos. Não há dicotomia nas relações humanas ou qualquer limite que demarque o "eu" - apenas camadas ilusórias ou se bem quiser, máscaras que inventamos e sustentamos para ser "um".