É um documentário que traz o debate necessário sobre o novo perfil da classe trabalhadora. É o capital encontrando novas formas de super exploração utilizando a máscara do empreendedorismo e trabalho autônomo. É o "trabalhe por mais horas sem garantia de direitos e sem expectativas de futuro" disfarçado de "Faça seu horário e seja seu próprio chefe". O futuro dá medo.
O amadurecimento dos personagens sem perder a essência foi algo incrível de acompanhar. Cada episódio é um turbilhão de emoções, risadas e choros em menos de 30 minutos de episódio. De fato é uma série impecável e muito bonita.
Humor existencial, é engraçado e machuca ao mesmo tempo. Personagem principal repleta de erros humanos, sentimentos que muitos sentem mas poucos assumem.
Acredito que existem outros filmes mais interessantes com o tema parecido. Senti que os personagens tinham personalidades interessantes e eram bem complexos mas que foram abordados de forma rasa. Fora que a história se passa rápido demais, num piscar de olhos o filme já acaba. Um desperdício de tema e atores.
O que torna o filme mais bonito é como tudo é completamente cotidiano. É a facilidade em se encontrar nos personagens, nos diálogos e nas diversas situações do desenrolar da trama.
Começando pela briga do casal no trem, quando a Celine muda de lugar ao se sentir incomodada por não conseguir ler seu livro, e ao sentar perto do Jesse ambos tentam identificar o que o outro está lendo, mesmo sem se conhecer. Ou a cena em que os dois estão na cabine de música, visivelmente um interessado pelo outro, mas ainda rola aquela timidez de primeiro encontro. Onde ele olha para ela e ela desvia o rosto e ao olhar para ele, ele também desvia o rosto. E fica aquele clima de duas pessoas que se querem mas não possuem coragem o suficiente para tentarem fazer algo.
É bonito também o fato dos dois personagens serem completamente diferentes um do outro mas é exatamente isso que constrói os diálogos... Pontos de vistas opostos mas que agregam um ao outro.
Celine, uma mulher sonhadora mas não muito. É daquelas mulheres que se permitem sonhar alto mas que mantém as pontinhas dos dedos dos pés na realidade. Já Jesse, um homem super realista que não se permite sonhar tão alto mas que arrisca tirar um pouco dos pés do chão ao dar as mãos para Celine.
Esse filme desperta uma vontade de se apaixonar "a moda antiga", de se interessar por alguém de forma inesperada (sem o uso de aplicativos ou redes sociais), de apenas chegar em determinado lugar e sem querer acabar trocando olhares e sorrisos e se pegar refletindo devaneios que vão desde o sentido da vida até histórias de infância.
É daqueles filmes que te fazem ficar quase duas horas com um sorriso bobo no rosto.
Esteticamente falando esse filme me remete a um vazio, uma solidão, um espaço não preenchido, talvez pela magoa que um irmão carrega do outro ou a falta de um sentido maior na vida. Muitos talvez não gostem por se tratar de um "drama parado", pois é um filme com poucos diálogos, e o que cada personagem sente precisa ser lido em suas expressões e ações. Inclusive por conta disso, eu gostei muito da atuação do Sigurður Sigurjónsson, ator que interpretou o personagem Gummi, pois o olhar dele entregava toda a trama. Não foi necessário muitas palavras ou acontecimentos para entendermos o que Gummi sentia ou pensava sobre.
Era nítido a sua preocupação ao desconfiar da doença, sua tristeza ao precisar sacrificar as ovelhas, sua preocupação com o irmão (sempre que ia observar na janela para saber se estava tudo bem), seu medo quando o irmão se aproximava.
É muito interessante pensar também no que a ovelha representa pra trama. O filme inteiro gira em torno das ovelhas mas as ovelhas pouco representam o que o filme quer passar. Acho isso genial: tornar sentimentos abstratos em uma figura material.
- Matar as ovelhas? Por que não nos matam?
- O que será de nós no inverno sem as ovelhas?
- Sem as ovelhas, somos apenas eu e você.
Posso estar viajando, mas pra mim as ovelhas representam o cuidado, o afeto e o amor.
As ovelhas, logicamente, dependem de seus donos pra sobreviver. Mas seus donos precisavam delas como razão para viver.
As ovelhas representam o medo da solidão no inverno rigoroso da Islândia aos que vivem só. Acredito que no final elas não eram mais tão necessárias, pois ambos não estavam mais só.
Talvez isso tenha feito muito sentido pra mim agora pois assisti esse filme em quarentena ahahaha, dois meses em isolamento social. Fico pensando se o inverno rigoroso na Islândia não acaba sendo uma espécie de isolamento social aos que vivem sozinhos. Se ficar em casa sozinha é difícil por conta dos pensamentos, solidão e devaneios, imagina se fosse no meio de uma tempestade de neve. Sem sol, sem verde, sem pássaros, sem calor humano... Lá ao menos eles tinham as ovelhas ahahahaha.
São tantas as violências vividas pelas personagens. Nas duas nós vemos o espelho da maioria das mulheres, são sofrimentos compartilhados por muitas todos os dias. Guida, garota rebelde, com cede de viver mas impedida pela família conservadora. Jovem já tendo que lidar com a pobreza, violência obstétrica, ser mãe solo, abandonada pela família, tendo que se virar nos cortiços da vida. Ganhando forças e reconstruindo a noção de família com a Filó (uma mulher dando forças para outra). Por outro lado, temos a sua irmã Eurídice, uma artista com sonhos que foram destruídos pelos homens de sua vida, seu pai e seu marido. Mãe contra sua própria vontade, sofria violências sexuais e abuso psicológico por parte de seu marido e perdeu o contato com a pessoa que mais amava graças a seu pai. É triste demais saber que são histórias cotidianas, que se repetem todos e todos os dias, que são dores carregadas por várias mulheres.
Eu esperava muito poder ver as duas se abraçando no final, mas sabemos que na realidade nem sempre o final é feliz.
As cenas do Enrique e do Ignacio vivendo o primeiro romance. O medo do proibido e a ingenuidade de criança <3
"- O que fizemos no cinema não foi certo. - Eu gostei. - Eu também, mas acho que foi pecado e Deus vai nos castigar. - Deus? Eu não creio em Deus. - Então em que acredita? - Sou hedonista. - O que é isso? - Pessoas que gostam de se divertir."
Hunter é uma mulher solitária que foi criada pra ser perfeita, assim como quase todas as mulheres que vem de uma família conservadora. O que parecia ser mais um drama comum da infeliz esposa "bela, recata e do lar" que se casou para virar "mãe" de seu marido ao invés de companheira, na verdade esconde um trauma que faz com que o filme seja mais um drama do que um terror psicológico.
Hunter é uma mulher submissa ao seu marido, tenta não possuir desejos próprios parecendo que foi projetada para agradar ele e sua família, principalmente a sua sogra controladora. Desde o início do filme é possível perceber a intenção do diretor de mostrar o machismo presente na imagem da famosa "família tradicional", onde Hunter não possui espaço para falar nos jantares, não pode expressar uma opinião própria. Sua única preocupação na verdade é engravidar e escolher as cores da cortina. É uma mulher jovem, bonita, perfeita para ser uma "boneca" para o seu marido bem sucedido. Criada por uma família de direita conservadora, a personagem foi fruto de um crime de estupro, e sua mãe foi obrigada a conviver com a criança e o trauma por conta da religião. Já é complicado o suficiente pra uma mulher vir de uma família religiosa, quem dirá conviver com o peso de ter sido o trauma da sua família, a infelicidade de sua mãe. Basicamente a personagem Hunter é uma mulher infeliz, obrigada a conviver com o peso de sua existência, tentando ser perfeita para agradar o seu marido da forma que a sua mãe e a sociedade lhe ensinou. O gatilho que levou ela a sua obsessão foi a gravidez, algo que em sua história toda ela nunca carregou como "algo positivo".
Confesso que eu esperava mais terror psicológico, simbolismo e até mesmo mais cenas agoniantes e gores (Já que o tema é bastante propício para isso) mas aos poucos o filme foi se transformando em um drama familiar. Percebi também que a personagem perdeu a sua personalidade inicial (garota meiga, perfeita e frágil) e se transformou do nada em uma mulher rígida, madura e com vontades próprias. Não sei dizer ao certo se essa mudança de personalidade foi algo positivo, pois foi uma mudança muito repentina e fez com que ela perdesse um pouco a sua essência. Mas ela também pode ter mudado ao descobrir que a razão da sua infelicidade na verdade era a culpa que ela carregava.
Acho a ideia desse filme genial mas acredito que poderia ter sido expressada de uma maneira melhor. Mas ainda sim é muito bom.
Quem é que dá um tempo e pisca e o namorado já tá com outra e quase morando junto? E que tipo de pessoa leva os ex da colega no aniversário dela? Pelo amor, quem teve ideia de incluir isso no roteiro? Kkkkkkkk terrível. E aquela discussão delas bem do nada?
Filme cheio de furos, não sei como aguentei por tanto tempo.
Eu achei muito incrível como o diretor utilizou os efeitos colaterais do LSD na construção das cenas, desde os primeiros efeitos (de quando começa a bater a droga) até o final, quando os personagens vão voltando ao normal.
No começo tudo conforme o planejado. Eles iniciam dançando lindamente, construindo as movimentações ensaiadas e etc. Até que eles começam a interagir e beber da sangria batizada e de repente começam a fazer reflexões cotidianas, sobre desejos, acontecimentos, desavenças e alegrias. É nessas reflexões que começam a aparecer as piores e melhores características de cada personagem. As cores também começam a ficar mais intensas. Mas é quando eles formam um círculo e começam a dançar é que a gente vai sentindo, vendo e percebendo o avanço da droga. No começo da dança é perceptível que todos já estão bem loucos ahahahaha. Mas no começo da pra ver que todos dançam alegremente, as cores ficam vibrantes, a velocidade que os personagens dançam varia bastante, tudo dentro dos padrões do que podemos chamar de uma "boa trip". Até que o efeito vai se intensificando e vemos que os personagens vão perdendo a noção de espaço, uma cor começa a se tornar predominante, os corpos ganham formas monstruosas em seus movimentos, e é nesse momento que a tragédia começa a acontecer ahahahaha.
Sempre que falamos de LSD costumamos ouvir que ele intensifica nosso estado de espírito atual. E é partindo desse pressuposto que eu acredito que o diretor quis construir a trama de cada personagem. Cada personagem foi trabalhado tendo que lidar com seu demônio interior intensificado pelo efeito da droga, ganhando formas, cores e sensações. Esse demônio pode ser um desejo proibido como no caso do irmão pela irmã. Um medo, como o da mãe de não proteger o seu filho. A sexualidade, como no caso da mulher loira que passou o filme inteiro tentando ficar com outra mulher. Ou até o caráter, como no caso daqueles dois homens que tiveram um diálogo naturalizando e até debochando de um estupro.
Enfim, essa foi uma visão geral que eu tive do filme, pode ter sido viagem da minha cabeça? Pode ahahaha, mas foi a interpretação que eu trouxe dele.
A obra é basicamente uma metáfora do fim da adolescência e primeiros obstáculos da vida adulta. Quando entramos em uma universidade e precisamos corresponder as expectativas dos pais e professores, quando nos pegamos em uma competição com a própria irmã, quando precisamos nos enquadrar em algum grupo social, quando nos sentimos obrigados a ter relações sexuais pra "não ficar pra trás". É um drama sobre as "obrigações" que as pessoas sentem (em determinadas culturas) pra se enquadrar no meio social e o quanto isso é difícil pra quem possui uma personalidade introspectiva, como a da Justine.
A diretora poderia abordar isso de maneira clichê com determinada tribo de jovens, com drogas, drama familiar e etc. Mas ela resolveu seguir o caminho da metáfora e abordar esses problemas de maneira perturbadora e gore.
Mais um pra lista de favoritos! Realmente fiquei muito impressionada, pois não li a sinopse e nem comentários a respeito do filme, jurava que mostrava apenas a realidade da diferença hierárquica entre Japão e Coreia, de como a vida da criada era sofrida e como a "dama" japonesa era malvada, mas nossa foi muito além disso!
Mostrou a realidade do tráfico de crianças, de como as mulheres sofrem muita pressão desde que são novas pra serem praticamente "perfeitas" aos olhos dos homens. De como eram (ou são) hipersexualizadas. Mostrou a hierarquia como já havia dito, dos coreanos serem inferiores aos japoneses, o racismo também já que os coreanos possuem a pele um tiquinho mais escura. A única coisa que eu achei esquisita foram as cenas de sexo, achei elas muito completas pra duas meninas que até então desconheciam sua orientação sexual. Mas de resto o filme é perfeito! O roteiro e a fotografia são maravilhosos. É um filme que surpreende, quando você menos espera ele dá uma reviravolta e te impressiona ainda mais. Gostei muito.
Aquele final mostrando cenas da luta de classes em diversos países foi de arrepiar, mostra o quanto o tema é universal e o quanto ainda é muito atual. É uma boa introdução ao pensamento marxista.
De forma cotidiana e simples o filme conseguiu abordar a desigualdade social, abandono paterno, luta por terras, ditadura, violência obstétrica e maternidade compulsória. Um Oscar foi é pouco! Percebi que muitos sentiram falta de um "final" mas acho que a proposta não era essa justamente por ser um filme cotidiano, ele continua mesmo depois que acaba. É a realidade.
Embora o enredo não seja perfeito por ser um pouco confuso, esse filme ainda sim é muito artístico. As ruas cobertas de quadros, o próprio dormitório parecia uma pintura e os diálogos pareciam poemas. Os personagens são completamente intensos, Anna com seu olhar melancólico de quem ama e não é amada, Lise com sua imaturidade, obsessão e idealização otimista sobre o amor e Alex com sua insanidade, um personagem difícil de digerir em alguns momentos por ser coberto de erros humanos. Provavelmente quem assiste esse filme achando que é um sci-fi movie não irá curtir, embora a história ainda tenha uma ficção científica, ela não é exatamente a proposta. É um filme muito mais simbólico, é tudo simbólico na verdade. É tudo sobre amor.
E agora eu peguei a referência que o diretor Noah Baumbach teve na cena em que a Frances corria ao som de David Bowie no filme Frances Ha <3
Pra quem está falando que o filme não é tão bom por se tratar de um enredo já visto antes em outros filmes, como clube da luta e cisne negro, o nome disso é onirismo por privação de sono (quando a pessoa passa a viver um sonho estando acordada). Eu achei bacana o enredo, mesmo já tendo sido usado em outros filmes, porque a maternidade solo causa muito isso, o cansaço causa isso. E muitas vezes, mesmo com a mãe sendo casada, ela acaba assumindo uma maternidade solo. E sabemos que além de mãe a maioria das mulheres também sofrem uma pressão para serem esposas e profissionais, é basicamente uma tripla jornada.
Além de um possível onirismo, a personagem Tully pode também pode representar uma metáfora que mostra o quanto Marlo estava cansada dessa vida de "mãe solo", que sentia falta de sua juventude, sua energia, seu tempo de sobra. A maternidade não é feita para todas as mulheres, mas há uma pressão social que faz com que muitas acreditem que são obrigadas a passarem por isso. E embora existam muitos filmes que abordem o "onirismo" (já que historicamente esse tema atrai a arte), nesse caso eu achei super válido, pois a maternidade é um tema super relevante, que precisa ser debatido e que se encaixa perfeitamente nesse tipo de enredo.
Trata-se das fases da adolescência, da maturidade e do crescimento. É o crescimento de um passarinho que está aprendendo a voar. <3 Eu gosto muito desses filmes/series que retratam o drama que é a fase do amadurecimento, do inicio da vida adulta. É um período de emoções intensas, desejos, aspirações e até depressão e ansiedade por conta das responsabilidades e expectativas. Não acho que o filme tenha acabado cedo ou deixado desejar no final porque a intenção dele não era continuar, eu acho que a intenção era mostrar apenas a intensidade que é a transição para a vida adulta, principalmente para as mulheres.
Esse filme é o retrato falado da desigualdade social e da luta de classes no Brasil. Um país onde a elite e a classe média jamais aceitaram o fim da escravidão e que jamais aceitarão que a classe popular ocupe os espaços que antes eram elitizados. A cena mais linda de todas é a da Val na piscina, a Regina Casé é uma atriz maravilhosa, gostaria muito de vê-la mais vezes atuando nos nossos filmes <3
No começo a Jéssica parece "mimada" mas depois a gente entende que a filha surgiu na vida da Val pra lembra-la de que ambas não são inferiores a ninguém.
Dias Perfeitos
4.2 297 Assista AgoraNa próxima vez é na próxima vez,
Agora é agora.
Edifício Master
4.3 372 Assista AgoraÉ bonito ouvir histórias contadas pelo coração.
Embora alguns personagens sejam dotados de preconceito, porque a proposta é essa: realidade sem idealização.
GIG - A Uberização do Trabalho
4.2 7É um documentário que traz o debate necessário sobre o novo perfil da classe trabalhadora.
É o capital encontrando novas formas de super exploração utilizando a máscara do empreendedorismo e trabalho autônomo.
É o "trabalhe por mais horas sem garantia de direitos e sem expectativas de futuro" disfarçado de "Faça seu horário e seja seu próprio chefe".
O futuro dá medo.
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 889 Assista AgoraO amadurecimento dos personagens sem perder a essência foi algo incrível de acompanhar.
Cada episódio é um turbilhão de emoções, risadas e choros em menos de 30 minutos de episódio.
De fato é uma série impecável e muito bonita.
Fleabag (1ª Temporada)
4.4 627 Assista AgoraHumor existencial, é engraçado e machuca ao mesmo tempo. Personagem principal repleta de erros humanos, sentimentos que muitos sentem mas poucos assumem.
O Mau Exemplo de Cameron Post
3.4 319 Assista AgoraAcredito que existem outros filmes mais interessantes com o tema parecido.
Senti que os personagens tinham personalidades interessantes e eram bem complexos mas que foram abordados de forma rasa.
Fora que a história se passa rápido demais, num piscar de olhos o filme já acaba.
Um desperdício de tema e atores.
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraO que torna o filme mais bonito é como tudo é completamente cotidiano.
É a facilidade em se encontrar nos personagens, nos diálogos e nas diversas situações do desenrolar da trama.
Começando pela briga do casal no trem, quando a Celine muda de lugar ao se sentir incomodada por não conseguir ler seu livro, e ao sentar perto do Jesse ambos tentam identificar o que o outro está lendo, mesmo sem se conhecer.
Ou a cena em que os dois estão na cabine de música, visivelmente um interessado pelo outro, mas ainda rola aquela timidez de primeiro encontro. Onde ele olha para ela e ela desvia o rosto e ao olhar para ele, ele também desvia o rosto. E fica aquele clima de duas pessoas que se querem mas não possuem coragem o suficiente para tentarem fazer algo.
É bonito também o fato dos dois personagens serem completamente diferentes um do outro mas é exatamente isso que constrói os diálogos... Pontos de vistas opostos mas que agregam um ao outro.
Celine, uma mulher sonhadora mas não muito. É daquelas mulheres que se permitem sonhar alto mas que mantém as pontinhas dos dedos dos pés na realidade.
Já Jesse, um homem super realista que não se permite sonhar tão alto mas que arrisca tirar um pouco dos pés do chão ao dar as mãos para Celine.
Esse filme desperta uma vontade de se apaixonar "a moda antiga", de se interessar por alguém de forma inesperada (sem o uso de aplicativos ou redes sociais), de apenas chegar em determinado lugar e sem querer acabar trocando olhares e sorrisos e se pegar refletindo devaneios que vão desde o sentido da vida até histórias de infância.
É daqueles filmes que te fazem ficar quase duas horas com um sorriso bobo no rosto.
A Ovelha Negra
3.8 88Esteticamente falando esse filme me remete a um vazio, uma solidão, um espaço não preenchido, talvez pela magoa que um irmão carrega do outro ou a falta de um sentido maior na vida.
Muitos talvez não gostem por se tratar de um "drama parado", pois é um filme com poucos diálogos, e o que cada personagem sente precisa ser lido em suas expressões e ações.
Inclusive por conta disso, eu gostei muito da atuação do Sigurður Sigurjónsson, ator que interpretou o personagem Gummi, pois o olhar dele entregava toda a trama. Não foi necessário muitas palavras ou acontecimentos para entendermos o que Gummi sentia ou pensava sobre.
Era nítido a sua preocupação ao desconfiar da doença, sua tristeza ao precisar sacrificar as ovelhas, sua preocupação com o irmão (sempre que ia observar na janela para saber se estava tudo bem), seu medo quando o irmão se aproximava.
É muito interessante pensar também no que a ovelha representa pra trama. O filme inteiro gira em torno das ovelhas mas as ovelhas pouco representam o que o filme quer passar. Acho isso genial: tornar sentimentos abstratos em uma figura material.
- Matar as ovelhas? Por que não nos matam?
- O que será de nós no inverno sem as ovelhas?
- Sem as ovelhas, somos apenas eu e você.
Posso estar viajando, mas pra mim as ovelhas representam o cuidado, o afeto e o amor.
As ovelhas, logicamente, dependem de seus donos pra sobreviver.
Mas seus donos precisavam delas como razão para viver.
As ovelhas representam o medo da solidão no inverno rigoroso da Islândia aos que vivem só.
Acredito que no final elas não eram mais tão necessárias, pois ambos não estavam mais só.
Talvez isso tenha feito muito sentido pra mim agora pois assisti esse filme em quarentena ahahaha, dois meses em isolamento social.
Fico pensando se o inverno rigoroso na Islândia não acaba sendo uma espécie de isolamento social aos que vivem sozinhos.
Se ficar em casa sozinha é difícil por conta dos pensamentos, solidão e devaneios, imagina se fosse no meio de uma tempestade de neve.
Sem sol, sem verde, sem pássaros, sem calor humano...
Lá ao menos eles tinham as ovelhas ahahahaha.
A Vida Invisível
4.3 642Fiquei em prantos ao terminar de assistir esse filme, ele machuca demais mas possui uma intensidade incrível.
São tantas as violências vividas pelas personagens.
Nas duas nós vemos o espelho da maioria das mulheres, são sofrimentos compartilhados por muitas todos os dias.
Guida, garota rebelde, com cede de viver mas impedida pela família conservadora. Jovem já tendo que lidar com a pobreza, violência obstétrica, ser mãe solo, abandonada pela família, tendo que se virar nos cortiços da vida. Ganhando forças e reconstruindo a noção de família com a Filó (uma mulher dando forças para outra).
Por outro lado, temos a sua irmã Eurídice, uma artista com sonhos que foram destruídos pelos homens de sua vida, seu pai e seu marido.
Mãe contra sua própria vontade, sofria violências sexuais e abuso psicológico por parte de seu marido e perdeu o contato com a pessoa que mais amava graças a seu pai.
É triste demais saber que são histórias cotidianas, que se repetem todos e todos os dias, que são dores carregadas por várias mulheres.
Eu esperava muito poder ver as duas se abraçando no final, mas sabemos que na realidade nem sempre o final é feliz.
Deixou foi um vazio bem profundo no peito.
- Já sabe o que é?
- É menino.
- Sorte a dele.
Má Educação
4.2 1,1K Assista AgoraPlot twist divino, é impressionante como esse filme surpreende em cada etapa ahahaha <3
Ele aborda um tema bastante problemático de forma completamente cotidiana.
As cenas do Enrique e do Ignacio vivendo o primeiro romance.
O medo do proibido e a ingenuidade de criança <3
"- O que fizemos no cinema não foi certo.
- Eu gostei.
- Eu também, mas acho que foi pecado e Deus vai nos castigar.
- Deus? Eu não creio em Deus.
- Então em que acredita?
- Sou hedonista.
- O que é isso?
- Pessoas que gostam de se divertir."
O Anjo
3.6 190Nossa esse filme é esteticamente muito lindo!!!! O figurino, a fotografia, a trilha sonora, os atores. A paleta de cores dele é perfeita!!!
Juventude, crimes, rebeldia, romance proibido e anarquia!
- Che e Fidel
- Evita e perón.
Devorar
3.7 369 Assista AgoraHunter é uma mulher solitária que foi criada pra ser perfeita, assim como quase todas as mulheres que vem de uma família conservadora.
O que parecia ser mais um drama comum da infeliz esposa "bela, recata e do lar" que se casou para virar "mãe" de seu marido ao invés de companheira, na verdade esconde um trauma que faz com que o filme seja mais um drama do que um terror psicológico.
Hunter é uma mulher submissa ao seu marido, tenta não possuir desejos próprios parecendo que foi projetada para agradar ele e sua família, principalmente a sua sogra controladora.
Desde o início do filme é possível perceber a intenção do diretor de mostrar o machismo presente na imagem da famosa "família tradicional", onde Hunter não possui espaço para falar nos jantares, não pode expressar uma opinião própria. Sua única preocupação na verdade é engravidar e escolher as cores da cortina.
É uma mulher jovem, bonita, perfeita para ser uma "boneca" para o seu marido bem sucedido.
Criada por uma família de direita conservadora, a personagem foi fruto de um crime de estupro, e sua mãe foi obrigada a conviver com a criança e o trauma por conta da religião.
Já é complicado o suficiente pra uma mulher vir de uma família religiosa, quem dirá conviver com o peso de ter sido o trauma da sua família, a infelicidade de sua mãe.
Basicamente a personagem Hunter é uma mulher infeliz, obrigada a conviver com o peso de sua existência, tentando ser perfeita para agradar o seu marido da forma que a sua mãe e a sociedade lhe ensinou.
O gatilho que levou ela a sua obsessão foi a gravidez, algo que em sua história toda ela nunca carregou como "algo positivo".
Confesso que eu esperava mais terror psicológico, simbolismo e até mesmo mais cenas agoniantes e gores (Já que o tema é bastante propício para isso) mas aos poucos o filme foi se transformando em um drama familiar.
Percebi também que a personagem perdeu a sua personalidade inicial (garota meiga, perfeita e frágil) e se transformou do nada em uma mulher rígida, madura e com vontades próprias.
Não sei dizer ao certo se essa mudança de personalidade foi algo positivo, pois foi uma mudança muito repentina e fez com que ela perdesse um pouco a sua essência.
Mas ela também pode ter mudado ao descobrir que a razão da sua infelicidade na verdade era a culpa que ela carregava.
Acho a ideia desse filme genial mas acredito que poderia ter sido expressada de uma maneira melhor.
Mas ainda sim é muito bom.
Como Ser Solteira
3.3 486 Assista AgoraNossa que filme ruim HUAHAUAHAUA
A personalidade dos personagens é completamente forçada e ultrapassa o "engraçado". Acaba ficando chato inclusive.
Quem é que dá um tempo e pisca e o namorado já tá com outra e quase morando junto?
E que tipo de pessoa leva os ex da colega no aniversário dela? Pelo amor, quem teve ideia de incluir isso no roteiro? Kkkkkkkk terrível. E aquela discussão delas bem do nada?
Filme cheio de furos, não sei como aguentei por tanto tempo.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraFilme muito pesado, agoniante e impactante.
Eu achei muito incrível como o diretor utilizou os efeitos colaterais do LSD na construção das cenas, desde os primeiros efeitos (de quando começa a bater a droga) até o final, quando os personagens vão voltando ao normal.
No começo tudo conforme o planejado. Eles iniciam dançando lindamente, construindo as movimentações ensaiadas e etc.
Até que eles começam a interagir e beber da sangria batizada e de repente começam a fazer reflexões cotidianas, sobre desejos, acontecimentos, desavenças e alegrias. É nessas reflexões que começam a aparecer as piores e melhores características de cada personagem. As cores também começam a ficar mais intensas.
Mas é quando eles formam um círculo e começam a dançar é que a gente vai sentindo, vendo e percebendo o avanço da droga.
No começo da dança é perceptível que todos já estão bem loucos ahahahaha. Mas no começo da pra ver que todos dançam alegremente, as cores ficam vibrantes, a velocidade que os personagens dançam varia bastante, tudo dentro dos padrões do que podemos chamar de uma "boa trip".
Até que o efeito vai se intensificando e vemos que os personagens vão perdendo a noção de espaço, uma cor começa a se tornar predominante, os corpos ganham formas monstruosas em seus movimentos, e é nesse momento que a tragédia começa a acontecer ahahahaha.
Sempre que falamos de LSD costumamos ouvir que ele intensifica nosso estado de espírito atual. E é partindo desse pressuposto que eu acredito que o diretor quis construir a trama de cada personagem.
Cada personagem foi trabalhado tendo que lidar com seu demônio interior intensificado pelo efeito da droga, ganhando formas, cores e sensações.
Esse demônio pode ser um desejo proibido como no caso do irmão pela irmã.
Um medo, como o da mãe de não proteger o seu filho.
A sexualidade, como no caso da mulher loira que passou o filme inteiro tentando ficar com outra mulher.
Ou até o caráter, como no caso daqueles dois homens que tiveram um diálogo naturalizando e até debochando de um estupro.
Enfim, essa foi uma visão geral que eu tive do filme, pode ter sido viagem da minha cabeça? Pode ahahaha, mas foi a interpretação que eu trouxe dele.
Achei a ideia genial.
Grave
3.4 1,1KCara, eu gostei bastante.
Me prendeu do início ao fim e me gerou muita tensão, agonia e desconforto. Gostei muito das cenas gore e da personalidade dos personagens ahahaha.
Depois que você lê a intenção da diretora, o filme acaba fazendo ainda mais sentido e se mostra uma obra inteligentíssima.
A obra é basicamente uma metáfora do fim da adolescência e primeiros obstáculos da vida adulta.
Quando entramos em uma universidade e precisamos corresponder as expectativas dos pais e professores, quando nos pegamos em uma competição com a própria irmã, quando precisamos nos enquadrar em algum grupo social, quando nos sentimos obrigados a ter relações sexuais pra "não ficar pra trás".
É um drama sobre as "obrigações" que as pessoas sentem (em determinadas culturas) pra se enquadrar no meio social e o quanto isso é difícil pra quem possui uma personalidade introspectiva, como a da Justine.
A diretora poderia abordar isso de maneira clichê com determinada tribo de jovens, com drogas, drama familiar e etc. Mas ela resolveu seguir o caminho da metáfora e abordar esses problemas de maneira perturbadora e gore.
Eu AMEI. Ahahaha
O Homem Que Copiava
3.5 902 Assista Agora"Você é doente? kkkkk"
"Sou."
Peep Show (1ª Temporada)
4.2 19 Assista AgoraParece um shitposting em forma de série, é ruim mas é muito boa hahahahaha
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraMais um pra lista de favoritos! Realmente fiquei muito impressionada, pois não li a sinopse e nem comentários a respeito do filme, jurava que mostrava apenas a realidade da diferença hierárquica entre Japão e Coreia, de como a vida da criada era sofrida e como a "dama" japonesa era malvada, mas nossa foi muito além disso!
Mostrou a realidade do tráfico de crianças, de como as mulheres sofrem muita pressão desde que são novas pra serem praticamente "perfeitas" aos olhos dos homens. De como eram (ou são) hipersexualizadas. Mostrou a hierarquia como já havia dito, dos coreanos serem inferiores aos japoneses, o racismo também já que os coreanos possuem a pele um tiquinho mais escura.
A única coisa que eu achei esquisita foram as cenas de sexo, achei elas muito completas pra duas meninas que até então desconheciam sua orientação sexual.
Mas de resto o filme é perfeito! O roteiro e a fotografia são maravilhosos.
É um filme que surpreende, quando você menos espera ele dá uma reviravolta e te impressiona ainda mais.
Gostei muito.
O Jovem Karl Marx
3.6 272 Assista AgoraAquele final mostrando cenas da luta de classes em diversos países foi de arrepiar, mostra o quanto o tema é universal e o quanto ainda é muito atual. É uma boa introdução ao pensamento marxista.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraDe forma cotidiana e simples o filme conseguiu abordar a desigualdade social, abandono paterno, luta por terras, ditadura, violência obstétrica e maternidade compulsória.
Um Oscar foi é pouco!
Percebi que muitos sentiram falta de um "final" mas acho que a proposta não era essa justamente por ser um filme cotidiano, ele continua mesmo depois que acaba. É a realidade.
"Nós, mulheres, sempre estamos sozinhas".
Sangue Ruim
4.0 83 Assista AgoraEmbora o enredo não seja perfeito por ser um pouco confuso, esse filme ainda sim é muito artístico. As ruas cobertas de quadros, o próprio dormitório parecia uma pintura e os diálogos pareciam poemas.
Os personagens são completamente intensos, Anna com seu olhar melancólico de quem ama e não é amada, Lise com sua imaturidade, obsessão e idealização otimista sobre o amor e Alex com sua insanidade, um personagem difícil de digerir em alguns momentos por ser coberto de erros humanos.
Provavelmente quem assiste esse filme achando que é um sci-fi movie não irá curtir, embora a história ainda tenha uma ficção científica, ela não é exatamente a proposta. É um filme muito mais simbólico, é tudo simbólico na verdade. É tudo sobre amor.
E agora eu peguei a referência que o diretor Noah Baumbach teve na cena em que a Frances corria ao som de David Bowie no filme Frances Ha <3
Tully
3.9 562 Assista AgoraPra quem está falando que o filme não é tão bom por se tratar de um enredo já visto antes em outros filmes, como clube da luta e cisne negro, o nome disso é onirismo por privação de sono (quando a pessoa passa a viver um sonho estando acordada).
Eu achei bacana o enredo, mesmo já tendo sido usado em outros filmes, porque a maternidade solo causa muito isso, o cansaço causa isso. E muitas vezes, mesmo com a mãe sendo casada, ela acaba assumindo uma maternidade solo.
E sabemos que além de mãe a maioria das mulheres também sofrem uma pressão para serem esposas e profissionais, é basicamente uma tripla jornada.
Além de um possível onirismo, a personagem Tully pode também pode representar uma metáfora que mostra o quanto Marlo estava cansada dessa vida de "mãe solo", que sentia falta de sua juventude, sua energia, seu tempo de sobra. A maternidade não é feita para todas as mulheres, mas há uma pressão social que faz com que muitas acreditem que são obrigadas a passarem por isso.
E embora existam muitos filmes que abordem o "onirismo" (já que historicamente esse tema atrai a arte), nesse caso eu achei super válido, pois a maternidade é um tema super relevante, que precisa ser debatido e que se encaixa perfeitamente nesse tipo de enredo.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraTrata-se das fases da adolescência, da maturidade e do crescimento.
É o crescimento de um passarinho que está aprendendo a voar. <3
Eu gosto muito desses filmes/series que retratam o drama que é a fase do amadurecimento, do inicio da vida adulta. É um período de emoções intensas, desejos, aspirações e até depressão e ansiedade por conta das responsabilidades e expectativas.
Não acho que o filme tenha acabado cedo ou deixado desejar no final porque a intenção dele não era continuar, eu acho que a intenção era mostrar apenas a intensidade que é a transição para a vida adulta, principalmente para as mulheres.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraEsse filme é o retrato falado da desigualdade social e da luta de classes no Brasil.
Um país onde a elite e a classe média jamais aceitaram o fim da escravidão e que jamais aceitarão que a classe popular ocupe os espaços que antes eram elitizados.
A cena mais linda de todas é a da Val na piscina, a Regina Casé é uma atriz maravilhosa, gostaria muito de vê-la mais vezes atuando nos nossos filmes <3
No começo a Jéssica parece "mimada" mas depois a gente entende que a filha surgiu na vida da Val pra lembra-la de que ambas não são inferiores a ninguém.