"Pearl" começa definitivamente de um jeito muito estranho e de uma forma bem fraca, parece que há uma dificuldade de apresentar a narrativa que não existiu em "X". Tem até uma cena que minha sessão inteira ficou indignada com o quão sem lógica e forçada ela foi. Felizmente, o segundo e o terceiro ato são tão bons que elevaram a qualidade do longa de uma maneira excepcional. Mia Goth se prova como uma das, se nao "a", melhor atriz da atual geração, enquanto Ti West cria uma atmosfera assustadora e perturbadora sem muita dificuldade. Em consideração final, "Pearl" é superior a seu antecessor, mas não é aquela obra prima completa que dizem ser porque seu primeiro ato ainda está lá.
É aquele longa que muitos vão odiar ou achar mediano e que eu vou ter orgulho de gostar. Tem um Shyamalan tentando dar o seu melhor na direção (mesmo que pareça meio cansado nos ganchos que cria com o passado), um elenco confortável e muito bem entrosado com seus próprios personagens e, uma trilha sonora definitivamente angustiante. Knock At The Cabin vai ser o filme que vou defender, mas também vou adorar ler as críticas negativas com visões totalmente diferentes da minha, porque é isso que o cinema do Shyamalan provoca.
"Você precisa fazer o que seu coração diz que você deve fazer, porque você não deve sua vida a ninguém."
Spielberg, obrigado por essa obra prima. Que experiência magnífica e espetacular, uma carta de amor ao cinema. Uma carta de amor para a arte. The Fabelmans era um dos meus filmes mais esperados e mesmo com expectativas tão altas, eu sai surpreendido e totalmente emocionado da sala de cinema. São tantas emoções e sentimentos que não consigo descrever o que foi embarcar nas 2h desse filme, mas consigo dizer que foi um momento marcante e valioso. Essa é a primeira vez que eu vejo minha atriz favorita nas telonas, Michelle Williams, e ela tá sensacional e merece muito reconhecimento por esse papel. Só o escuro do cinema sabe o quanto ela me fez chorar só com suas expressões, e o quanto me fez rir e me sentir confortável. E nesse momento, The Fabelmans é meu filme favorito de 2022.
No momento, estou sendo bondoso dando a essa cinebiografia um 3/5, isso porque eu gostei muito da primeira hora do longa, mas depois tudo desanda completamente. É engraçado que o trailer e os pôsteres fizeram questão de dizer que o roteirista do péssimo "Bohemian Rhapsody" tinha roteirizado também esse filme, e sinceramente, se não tivesse nenhuma informação em relação a isso eu acabaria descobrindo isso já no meio do longa, porque ele não tem a mínima vergonha de reciclar praticamente toda a estrutura que usou em Bohemian, mas aqui há um problema que me incomodou muito mais que isso, o fato de fingirem que toda a violência no relacionamento da Whitney com o Bobby não existiu, e de certa forma acabar romantizando o mesmo, no começo pensei que o filme não era ousado o suficiente pra mostrar isso, mas na verdade foi uma romantização ridícula. Nos últimos anos o cinema vem dando muitas cinebiografias pra gente, a maioria bem ruim como "Elvis" e o já citado filme do Freddy Mercury. O que me faz ser mais bondoso com "I Wanna Dance With Somebody" é que o filme realmente é sobre a Whitney e não sobre outro personagem desinteressante, como no caso de Elvis, e que tem mais momentos interessantes que Bohemian, mesmo que a profundidade rasa se compare ao longa de 2018. A verdade é que esse gênero só vem dando uma coisa muito boa pro cinema: Performances fortes dos protagonistas, e a atuação da Naomi é espetacular e torço pra uma boa campanha nas premiações de 2023/24.
- "You failed math, twice." - " This is a different kind of math. This is gay math."
"Three Months" é uma obra repleta de valiosas discussões e reflexões sobre algo que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta durante todo o tempo. É um longa sincero, comovente, delicado e com um coração que consegue sustentar tudo muito bem mesmo quando o filme acaba se rendendo a certos clichês que quebram um pouco do ritmo adotado na primeira hora, mas mesmo que em momentos específicos caía nesse problema da maior parte dos filmes adolescentes, aqui há uma escrita extremamente empática e de tamanha sensibilidade que certamente se destaca em meio a tantos enlatados que estão sendo entregues nos últimos anos. E, sendo realmente sincero, faltava uma boa representação do HIV na nossa atual sociedade e como o medo e desinformação sobre um assunto tão serio afetam os jovens. Three Months é uma surpresa agradável e que merece mais atenção mesmo com sua pequena distribuição.
No meio do filme eu não conseguia acreditar que estava gostando, porque acho o primeiro filme ruim, mas esse aqui é provavelmente uma das maiores surpresas que eu tive esse ano. Extremamente divertido e com um roteiro muito bem trabalhado, "Glass Onion: A Knives Out Mistery" é uma sátira subversiva e um jogo de mistério totalmente envolvente. Na minha opinião, mil vezes melhor que o seu antecessor.
"Avatar: O Caminho da Água" é o cinema em sua mais pura forma. É, sem dúvidas, o filme mais bonito visualmente que eu já tive o prazer de ver, e mostra que não se deve duvidar do James Cameron. O longa merece ser visto na maior tela, com a melhor qualidade possível e, para aqueles que não gostam de 3D, o longa merece seu esforço pra presenciar as imagens incríveis que o Cameron dirige.
Após um tempo, comecei a achar que estava pegando pesado demais nas minhas críticas sobre os últimos três filmes da fase 4 do MCU, mas "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" mostrou que eu estava sendo justo em todas as minhas análises, já que todos eles prometeram inúmeras coisas em seus trailers com montagem tendeciosas e não entregarão nada daquilo, ao contrário de outras produções no ano, como Adão Negro da DC que sempre prometeu ser um genérico de ação e assim foi. Pantera Negra prometeu em seus trailers ser um filme com arcos dramáticos bem intensos, e o longa sem dúvida algum entregou sua promessa. O filme trás momentos impactantes e emocionantes que despertam uma tristeza pontual em momentos estratégicos e que pode até levar as lágrimas os mais fãs do Chadwick, só que isso causa um problema que quando o longa se agarra aos efeitos desse arco dramático, ele brilha e trás momentos de desenvolvimento de personagens grandiosos, mas na contrapartida esquece totalmente de trazer uma história à nível que consiga sustentar as suas quase três horas, que ao apresentar inúmeros núcleos acaba não conseguindo fazer com que os mesmos conversem bem um com os outros. Nenhuma subtrama é bem organizada e falta aquele ponto crucial que te faz acompanhar toda a sua longa duração sem perceber o tempo passando, o que é algo essencial em filmes com extensas durações. Pantera Negra tem poucos momentos vergonhosos, mas, pelo amor de Deus, o que foi aquela explicação pro nome do Namor? Eu perdi todo o foco depois daquela justificativa medíocre pra algo que nem precisava de explicação.
A direção do Ryan Coogler é muito boa, mas nos momentos em que há sequências de lutas acontecendo, peca ao extremo junto a coreografias ruins e uma montagem confusa convencendo apenas pelo seu bom CGI (O que o anterior pecou). Em geral, tem uma ótima fotografia que conversa muito bem com a direção de arte, e também possui uma boa trilha sonora mesmo que inferior ao longa anterior. Bom filme.
"Adão Negro" começa definitivamente de um jeito estranho e demora seu primeiro ato inteiro pra realmente se encontrar, é como se o longa já começasse no meio e isso causa um incômodo muito grande, mas o que vem depois é genuinamente interessante e caberá ao espectador decidir se é o suficiente pra compensar os primeiros trinta minutos. É engraçado que o forte do filme é justamente o que os trailers já deixavam bem claro: Suas sequências extremamente bem coreografadas de ação e o entrosamento básico porém cativante da SJA, e quando o filme foca nesses pontos ele faz isso de uma maneira muito boa, o real problema aqui é que não há o tempo necessário pra construir as críticas soltas na trama e o desenvolvimento da história genérica (genérico ≠ ruim). "Black Adam" cumpre o seu objetivo: Ser um genérico, apresentar um The Rock confiante e confortável em seu papel e dar uma boa iniciativa à SJA no DCEU, mesmo que tudo isso não seja o suficiente pra elevar o resultado final.
Halloween Ends é um filme que eu reconheço a coragem das decisões mais do que realmente gosto do filme. Como um grande defensor de Halloween Kills, o qual não entendo o grande hate em cima, acreditava que as chances de me decepcionar com o encerramento da trilogia seriam bem baixas, mas a sensação de insatisfação que o longa me deixou foi extremamente ruim. Tudo começa com uma abertura que já considero uma das melhores que os filmes da franquia Halloween já tiveram o prazer de ter, toda a minha sessão ficou chocada com a forma que os primeiros minutos subvertem todas as expectativas e apresenta um início chocante, e isso é o suficiente pra te convencer que o restante vai se manter no mesmo nível, mas logo depois é apresentado decisões que sinceramente não considero ruins, mas sim divisivas. Pra quem procura um encerramento, só vai receber isso nos trinta minutos finais, já que o filme toma um caminho corajoso em um plot criado exclusivamente pro longa, e isso acaba sendo revoltante quando o marketing inteiro se baseia no grande encerramento da saga. Não consigo definir se gosto genuinamente das decisões tomadas assim como gosto em Halloween Kills, mas nesse momento irei me basear na insatisfação deixada após o fim do filme.
É uma junção de críticas básicas e rasas com uma direção perdida, atuações realmente ruins (com ressalva a da Florence, que carrega o filme) e um plot tão previsível que se você pensar um pouco, conseguirá desvendar nos primeiros trinta minutos. Ah, e o fime subestima a inteligência do espectador de uma maneira tão mequetrefe quando mostra uma crítica e logo em seguida faz um personagem explicar ela de uma maneira tão ruim que o filme parece precisar se certificar de que você entendeu. "Don't Worry Darling" é um amontoado de coisas e mesmo que seja ruim em sua maior parte, também apresenta pontos muito positivos, como sua ótima trilha sonora, fotografia e uma incrível direção de arte.
Uma das coisas que eu mais odeio em um filme é quando ele tenta criticar algo que ele mesmo comete. Aqui há críticas sobre a industria da moda ser bonita mas totalmente superficial por dentro, e The Neon Demon é exatamente isso. O longa usa de enquadramentos e de uma fotografia bem feita pra esconder a superficialidade de críticas rasas e vergonhosas, sendo essas tão básicas e mal feitas que você começa a se perguntar se temas tão importantes se tornaram tão banais com o tempo pra alguém ter coragem de aprovar um roteiro desse. Os diálogos são ruins e não tem como acreditar em nenhum momento que aqueles personagens soam naturais, tornando os mesmos insuportáveis. The Neon Demon é o tipo de filme que se acha inteligente por denunciar e criticar algo que a gente já tá cansado de saber, e ao invés de entender isso e realizar metáforas de maneiras não convencionais, cria uma narrativa boba, rasa e previsível, tentando chocar com cenas pretensiosas que nunca conversam bem com qualquer coisa apresentada nas duas horas que parecem quatro.
Atualizando minha análise aqui porque quanto mais eu penso nesse filme, mais alguns pontos me incomodam.
Traumatizado com Bohemian Raphsody e as péssimas biografias que parecem um trailer de 2 horas, esse aqui apresenta algo mais interessante mesmo que em vários momentos caia no erro das maiorias dos filmes do gênero. Porém, quando o filme precisa dar uma ênfase nas sequências dramáticas, ele sabe muito bem preparar o terreno pra isso e desenvolver algo realmentr impactante pro telespectador, e não são pouca vezes que isso acontece. Aperfeiçoado pela incrível performance de Austin Butler que consegue até desviar da direção que distoa totalmente do que o longa precisava, Elvis é o filme biografico que parece uma balança, uma hora seus pontos positivos dominam e outra os negativos prejudicam sua experiência. Um dos maiores erros pea mim é a pessima mixagem de som e estratégia de distribuição de faixas, que repetem as mesmas músicas em inúmeros momentos como se o Elvis tivesse um repertório de 10 canções. Quando a narrativa não consegue cumprir seu papel, é repetida a mesma música pra forçar aquele sentimento no do espectador. Mas, dá pra ignorar um pouco isso com as performances do elenco. Inclusive, gosto que o longa não passa pano pra apropriação cultural que o Elvis cometeu, e se o fanatismo de vocês os impedirem de reconhecer isso, recomendo pesquisar o significado de apropriação cultural.
Desnecessariamente longo, muitas vezes entendiante e poucas cativante, "Questão de Tempo" é um longa que tenta encantar com uma história de viagem no tempo que resulta em criações de laços, e sinceramente até comsegue em seus momentos cativantes, mas acaba sendo massante na maior parte do tempo. Aumentei uma estrela porque tocou "Back to Black.
O primeiro convite pra ver na pré-estreia a gente nunca esquece.
DC Liga de Superpets é uma animação calorosa e divertida na maior parte de seu tempo, apresenta personagens cativantes que sustentam um plot clichê de uma maneira bem interessante. Muito dos momentos de alívio cômico são bem efetivos e realmente causam boas gargalhadas, mas alguns parecem fora de tempo e forçados, inclusive, pra uma animação infantil "DC Liga de Superpets" tá cheio de momentos adultos meio explícitos, o que em alguns momentos ppde acabar sendo interessante pro público mais velho que irá assistir ao filme. Em geral uma boa animação, com uma cena pós-crédito realmente surpreendente.
Agradecimentos ao DCverso e a Warner BR pelo convite.
Eu sei que o objetivo era confundir, e a direção faz isso muito bem e deixa bem claro sua meta, mas eu realmente queria ter entendido um pouco mais do filme (levando em consideração que eu só tava entendendo até uns 40 minutos). Primer tem uma boa fotografia, boas atuações, uma ótima direção e um conceito intrigante que vai fazer muita gente partir em busca de explicações, o que eu vou fazer agora.
Existe um mito que diz que a impressão final que um filme deixa é a que define ele. "Thor: Amor e Trovão" apresenta um final bem maduro e interessante, mas pra que você chegue nele, será necessário aguentar um primeiro e segundo ato de dar vergonha de tão ruim. Após o péssimo "Thor: Ragnarok", Taika Waititi se prova como o diretor mais superestimado dos últimos anos com um filme sem história que abusa das piores coisas que o anterior nos proporcionou. Aqui não há tempo pra desenvolvimento da trama, não há a profundidade necessária que o vilão cativante necessita e nem a construção de um dos arcos mais tristes do universo Marvel, já que tudo o que ele decide fazer é inserir um humor de péssima qualidade que não tem hora pra parar, mesmo quando a trama pede por isso, e o pior de tudo é que ao invés de se dar o trabalho de cortar tais cenas pra construir a história, é separado alguns minutos extremamente autoexplicativos pra nos contextualizar em qual lugar da trama estamos, e pasmem, o filme faz isso mais de uma vez. Um filme de 250 milhões de orçamento, de uma das maiores produtoras da história, se recusa a não subestimar a inteligência do espectador. "Thor: Amor e Trovão" é definido por uma trama burra de personagens que se tornaram palhaços e que não causam empatia, mas que num dos seus poucos momentos de glória impacta com sua ótima e otimista conclusão, contudo, não é o suficiente pra livrar da extrema decepção que essa obra proporciona.
Entre vários dos meus desejos impossíveis, um dos maiores é reviver o dia em que assisti Brokeback Mountain pela primeira vez. No início do filme, não esperava estar prestes a experienciar uma obra que mudaria minha forma de pensar e agir - até que me deparei com personagens que, mesmo diferentes entre si, conseguiam definir partes do meu ‘eu’ interior, já que seus medos se assemelhavam aos meus de uma forma que eu nunca havia sentido antes. Solidão foi o que a trama me fez sentir pelos protagonistas, ao mesmo tempo que uma profunda e dolorosa dor. Aos poucos, a sensação de que eu nunca mais iria sorrir novamente me consumiu, e quando o preto tomou conta da tela e o texto "Directed By Ang Lee" surgiu, tal sentimento parecia ainda mais verdadeiro. O que registro aqui é uma análise genuinamente verdadeira sobre o filme que mudou minha vida.
"[...] Uma coisa nunca mudou: a brilhante energia dos encontros não-frequentes era escurecida pelo sentimento de tempo passando, nunca havia tempo o bastante, nunca."
Originalmente publicado na revista The New Yorker em 13 de Outubro de 1997, Brokeback Mountain foi um conto da autora Annie Proulx. Após uma longa procura, tive a oportunidade de ler a obra aqui mencionada, que é na realidade bem curta e desprovida de detalhes. Mas mesmo com poucos diálogos, Diana Ossana (roteirista do longa) conseguiu transformar essa pequena história em uma espetacular obra de mais de 2 horas que transcreve todo o pesar dos protagonistas, agoniados pela falta de tempo juntos. Me atrevo a dizer que a adaptação conseguiu ser ainda melhor que o conto, como se a experiência completa fosse ver o filme e não ler o livro (algo raro de se dizer).
Além de possuir ótimas atuações, com destaque pra incrível e dolorosa performance de Michelle Williams que transmite todo o sofrimento sem precisar de diálogos pra isso, o longa conta com uma incrível direção de arte e fotografia, assim como uma encantadora (e não a toa premiada) trilha sonora. Desde exatos 30 minutos até 34:20 do longa, podemos apreciar uma faixa que não faz parte do compacto que foi oficialmente lançado: 'Horse Love'. Para mim, a mais linda e poética de todo o conjunto. Ela transita do começo da crise de identidade de Ennis, passa pela aceitação do que aconteceu entre ele e Jack e termina com Aguirre observando a proximidade dos dois. A faixa de 4 minutos simplesmente representa de forma sonora acontecimentos importantíssimos do fim do primeiro ato, crescendo conforme estes também crescem, de início intimista e ao fim mais clara e aberta. Gustavo Santaolalla fez um trabalho incrível, que representa o clima árido de Wyoming tão bem quanto provavelmente é presenciá-lo pessoalmente.
Aqui existem algumas escolhas criativas que irão, eventualmente, incomodar algumas pessoas que não estiverem dispostas a mergulhar na trama, mas qual obra não tem? No caso de Brokeback Mountain, pode-se dizer ao menos que todas são minimamente pensadas para um objetivo claro e justificado: a retratação de um ambiente angustiante - tal como é a duração e o ritmo compassado da narrativa. Esses dois quesitos, na verdade, apenas engrandecem a obra, já que são usados para transmitir o sentimento de falta e a saudade experimentada pelos protagonistas sempre que ficam meses - ou até anos - sem se encontrarem. Juntos, desenvolvem um misto entre angústia e desespero que fará qualquer um ter anseio pelos breves reencontros.
Outra coisa que impressiona e impacta é a colisão de sentimentos dos dois, e como, mesmo sendo tão opostos, passam a lidar com isso. Enquanto Jack deixa claro que seus sentimentos são necessidades e que ele não aguenta viver sem alimentá-los (fato esse comprovado em todas as vezes que a sugestão de morarem juntos em um rancho é citada), Ennis luta para esconder seus sentimentos por conta de traumas passados, fazendo com que sua natureza fechada e "tímida" vire sua zona de conforto. Quando tal fator é ligado a outros pontos da trama, um dos temas mais polêmicos da obra é posto em discussão: as traições. A torcida para que Ennis e Jack fiquem juntos é uma das vontades mais provocativas que o longa proporciona, mas é certo manter tal desejo a partir do momento em que eles ignoram os sentimentos de suas respectivas esposas e as traem? É certo criarem famílias e fingirem ser quem não são, criando um laço de amor que só é retribuído por um dos lados? As pessoas realmente podem acreditar que uma vítima de julgamentos sociais deixará de reproduzir seu machismo e preconceitos enraizados? Não é fácil obter respostas para tantos questionamentos. Talvez ajude se entendermos que, por mais que a situação de Ennis e Jack seja triste, eles não são as únicas vítimas da história.
Brokeback Mountain tem a simplicidade e clareza de seu conto original, além de uma narrativa magistral que trabalha não só o amor, mas também as inúmeras complicações que o acompanham. Uma verdadeira análise sobre o arrependimento e como ele afeta a vida de todos ao seu redor, o longa é um estudo de personagem frio ao mesmo tempo que caloroso, sempre equilibrando cada uma das pontas desse espectro nas doses certas. Dessa maneira, a trama constrói a própria importância de maneira que resulte numa história que vai te acompanhar por muito tempo. Ela tem o poder de atingir não só o público LGBTQIA+, como também a audiência em geral - algo que não seria possível se Ang Lee não tivesse o cuidado de trabalhar a homossexualidade de forma apolitíca, tal como o fato de ter negado-se a usar estereótipos limitadores. Justamente por conta disso, qualquer pessoa sensível pode ser tocada pela obra, portanto, o que temos aqui é mais do que apenas um filme. É uma obra de arte, um verdadeiro evento cinematográfico de altruísmo e sensibilidade, uma carta aberta de Ang Lee ao cinema em sua melhor forma, e, acima de tudo, uma experiência que merece e precisa ser sentida e apreciada por todos.
"[...] Se não dá pra consertar, Jack, têm que aguentar. [...] Eu não vejo como isso pode ser consertado..."
Pearl
3.9 994"Pearl" começa definitivamente de um jeito muito estranho e de uma forma bem fraca, parece que há uma dificuldade de apresentar a narrativa que não existiu em "X". Tem até uma cena que minha sessão inteira ficou indignada com o quão sem lógica e forçada ela foi. Felizmente, o segundo e o terceiro ato são tão bons que elevaram a qualidade do longa de uma maneira excepcional. Mia Goth se prova como uma das, se nao "a", melhor atriz da atual geração, enquanto Ti West cria uma atmosfera assustadora e perturbadora sem muita dificuldade. Em consideração final, "Pearl" é superior a seu antecessor, mas não é aquela obra prima completa que dizem ser porque seu primeiro ato ainda está lá.
Batem à Porta
3.1 564 Assista AgoraÉ aquele longa que muitos vão odiar ou achar mediano e que eu vou ter orgulho de gostar. Tem um Shyamalan tentando dar o seu melhor na direção (mesmo que pareça meio cansado nos ganchos que cria com o passado), um elenco confortável e muito bem entrosado com seus próprios personagens e, uma trilha sonora definitivamente angustiante. Knock At The Cabin vai ser o filme que vou defender, mas também vou adorar ler as críticas negativas com visões totalmente diferentes da minha, porque é isso que o cinema do Shyamalan provoca.
Memórias de uma Gueixa
4.1 1,4K Assista AgoraUm filme sobre o Japão, só que um Japão americanizado onde a língua principal é o inglês e não japonês 🤩
Os Fabelmans
4.0 389"Você precisa fazer o que seu coração diz que você deve fazer, porque você não deve sua vida a ninguém."
Spielberg, obrigado por essa obra prima. Que experiência magnífica e espetacular, uma carta de amor ao cinema. Uma carta de amor para a arte. The Fabelmans era um dos meus filmes mais esperados e mesmo com expectativas tão altas, eu sai surpreendido e totalmente emocionado da sala de cinema. São tantas emoções e sentimentos que não consigo descrever o que foi embarcar nas 2h desse filme, mas consigo dizer que foi um momento marcante e valioso. Essa é a primeira vez que eu vejo minha atriz favorita nas telonas, Michelle Williams, e ela tá sensacional e merece muito reconhecimento por esse papel. Só o escuro do cinema sabe o quanto ela me fez chorar só com suas expressões, e o quanto me fez rir e me sentir confortável. E nesse momento, The Fabelmans é meu filme favorito de 2022.
I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston
3.5 187 Assista AgoraNo momento, estou sendo bondoso dando a essa cinebiografia um 3/5, isso porque eu gostei muito da primeira hora do longa, mas depois tudo desanda completamente. É engraçado que o trailer e os pôsteres fizeram questão de dizer que o roteirista do péssimo "Bohemian Rhapsody" tinha roteirizado também esse filme, e sinceramente, se não tivesse nenhuma informação em relação a isso eu acabaria descobrindo isso já no meio do longa, porque ele não tem a mínima vergonha de reciclar praticamente toda a estrutura que usou em Bohemian, mas aqui há um problema que me incomodou muito mais que isso, o fato de fingirem que toda a violência no relacionamento da Whitney com o Bobby não existiu, e de certa forma acabar romantizando o mesmo, no começo pensei que o filme não era ousado o suficiente pra mostrar isso, mas na verdade foi uma romantização ridícula.
Nos últimos anos o cinema vem dando muitas cinebiografias pra gente, a maioria bem ruim como "Elvis" e o já citado filme do Freddy Mercury. O que me faz ser mais bondoso com "I Wanna Dance With Somebody" é que o filme realmente é sobre a Whitney e não sobre outro personagem desinteressante, como no caso de Elvis, e que tem mais momentos interessantes que Bohemian, mesmo que a profundidade rasa se compare ao longa de 2018. A verdade é que esse gênero só vem dando uma coisa muito boa pro cinema: Performances fortes dos protagonistas, e a atuação da Naomi é espetacular e torço pra uma boa campanha nas premiações de 2023/24.
Três Meses
3.6 26 Assista Agora- "You failed math, twice."
- " This is a different kind of math. This is gay math."
"Three Months" é uma obra repleta de valiosas discussões e reflexões sobre algo que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta durante todo o tempo. É um longa sincero, comovente, delicado e com um coração que consegue sustentar tudo muito bem mesmo quando o filme acaba se rendendo a certos clichês que quebram um pouco do ritmo adotado na primeira hora, mas mesmo que em momentos específicos caía nesse problema da maior parte dos filmes adolescentes, aqui há uma escrita extremamente empática e de tamanha sensibilidade que certamente se destaca em meio a tantos enlatados que estão sendo entregues nos últimos anos. E, sendo realmente sincero, faltava uma boa representação do HIV na nossa atual sociedade e como o medo e desinformação sobre um assunto tão serio afetam os jovens. Three Months é uma surpresa agradável e que merece mais atenção mesmo com sua pequena distribuição.
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 652 Assista AgoraNo meio do filme eu não conseguia acreditar que estava gostando, porque acho o primeiro filme ruim, mas esse aqui é provavelmente uma das maiores surpresas que eu tive esse ano. Extremamente divertido e com um roteiro muito bem trabalhado, "Glass Onion: A Knives Out Mistery" é uma sátira subversiva e um jogo de mistério totalmente envolvente. Na minha opinião, mil vezes melhor que o seu antecessor.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista Agora"Avatar: O Caminho da Água" é o cinema em sua mais pura forma. É, sem dúvidas, o filme mais bonito visualmente que eu já tive o prazer de ver, e mostra que não se deve duvidar do James Cameron. O longa merece ser visto na maior tela, com a melhor qualidade possível e, para aqueles que não gostam de 3D, o longa merece seu esforço pra presenciar as imagens incríveis que o Cameron dirige.
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
3.5 799 Assista AgoraApós um tempo, comecei a achar que estava pegando pesado demais nas minhas críticas sobre os últimos três filmes da fase 4 do MCU, mas "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" mostrou que eu estava sendo justo em todas as minhas análises, já que todos eles prometeram inúmeras coisas em seus trailers com montagem tendeciosas e não entregarão nada daquilo, ao contrário de outras produções no ano, como Adão Negro da DC que sempre prometeu ser um genérico de ação e assim foi. Pantera Negra prometeu em seus trailers ser um filme com arcos dramáticos bem intensos, e o longa sem dúvida algum entregou sua promessa. O filme trás momentos impactantes e emocionantes que despertam uma tristeza pontual em momentos estratégicos e que pode até levar as lágrimas os mais fãs do Chadwick, só que isso causa um problema que quando o longa se agarra aos efeitos desse arco dramático, ele brilha e trás momentos de desenvolvimento de personagens grandiosos, mas na contrapartida esquece totalmente de trazer uma história à nível que consiga sustentar as suas quase três horas, que ao apresentar inúmeros núcleos acaba não conseguindo fazer com que os mesmos conversem bem um com os outros. Nenhuma subtrama é bem organizada e falta aquele ponto crucial que te faz acompanhar toda a sua longa duração sem perceber o tempo passando, o que é algo essencial em filmes com extensas durações. Pantera Negra tem poucos momentos vergonhosos, mas, pelo amor de Deus, o que foi aquela explicação pro nome do Namor? Eu perdi todo o foco depois daquela justificativa medíocre pra algo que nem precisava de explicação.
A direção do Ryan Coogler é muito boa, mas nos momentos em que há sequências de lutas acontecendo, peca ao extremo junto a coreografias ruins e uma montagem confusa convencendo apenas pelo seu bom CGI (O que o anterior pecou). Em geral, tem uma ótima fotografia que conversa muito bem com a direção de arte, e também possui uma boa trilha sonora mesmo que inferior ao longa anterior. Bom filme.
Crepúsculo
2.5 4,1K Assista AgoraCrepúsculo é o cinema em sua forma mais pura, resta aceitar.
Adão Negro
3.1 687 Assista Agora"Adão Negro" começa definitivamente de um jeito estranho e demora seu primeiro ato inteiro pra realmente se encontrar, é como se o longa já começasse no meio e isso causa um incômodo muito grande, mas o que vem depois é genuinamente interessante e caberá ao espectador decidir se é o suficiente pra compensar os primeiros trinta minutos.
É engraçado que o forte do filme é justamente o que os trailers já deixavam bem claro: Suas sequências extremamente bem coreografadas de ação e o entrosamento básico porém cativante da SJA, e quando o filme foca nesses pontos ele faz isso de uma maneira muito boa, o real problema aqui é que não há o tempo necessário pra construir as críticas soltas na trama e o desenvolvimento da história genérica (genérico ≠ ruim). "Black Adam" cumpre o seu objetivo: Ser um genérico, apresentar um The Rock confiante e confortável em seu papel e dar uma boa iniciativa à SJA no DCEU, mesmo que tudo isso não seja o suficiente pra elevar o resultado final.
Halloween Ends
2.3 537 Assista AgoraHalloween Ends é um filme que eu reconheço a coragem das decisões mais do que realmente gosto do filme. Como um grande defensor de Halloween Kills, o qual não entendo o grande hate em cima, acreditava que as chances de me decepcionar com o encerramento da trilogia seriam bem baixas, mas a sensação de insatisfação que o longa me deixou foi extremamente ruim.
Tudo começa com uma abertura que já considero uma das melhores que os filmes da franquia Halloween já tiveram o prazer de ter, toda a minha sessão ficou chocada com a forma que os primeiros minutos subvertem todas as expectativas e apresenta um início chocante, e isso é o suficiente pra te convencer que o restante vai se manter no mesmo nível, mas logo depois é apresentado decisões que sinceramente não considero ruins, mas sim divisivas. Pra quem procura um encerramento, só vai receber isso nos trinta minutos finais, já que o filme toma um caminho corajoso em um plot criado exclusivamente pro longa, e isso acaba sendo revoltante quando o marketing inteiro se baseia no grande encerramento da saga.
Não consigo definir se gosto genuinamente das decisões tomadas assim como gosto em Halloween Kills, mas nesse momento irei me basear na insatisfação deixada após o fim do filme.
Não Se Preocupe, Querida
3.3 554 Assista AgoraÉ uma junção de críticas básicas e rasas com uma direção perdida, atuações realmente ruins (com ressalva a da Florence, que carrega o filme) e um plot tão previsível que se você pensar um pouco, conseguirá desvendar nos primeiros trinta minutos. Ah, e o fime subestima a inteligência do espectador de uma maneira tão mequetrefe quando mostra uma crítica e logo em seguida faz um personagem explicar ela de uma maneira tão ruim que o filme parece precisar se certificar de que você entendeu. "Don't Worry Darling" é um amontoado de coisas e mesmo que seja ruim em sua maior parte, também apresenta pontos muito positivos, como sua ótima trilha sonora, fotografia e uma incrível direção de arte.
2.5⭐️
Summoning Bloody Mary
0.5 3eu me recusei a assistir esse filme legendado, e sinceramente foi a melhor coisa que eu fiz porque eu nunca ri tanto com um dublagem ruim como essa
e chocado que eu fui único que viu esse filme aqui no filmow kkkk
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraUma das coisas que eu mais odeio em um filme é quando ele tenta criticar algo que ele mesmo comete. Aqui há críticas sobre a industria da moda ser bonita mas totalmente superficial por dentro, e The Neon Demon é exatamente isso. O longa usa de enquadramentos e de uma fotografia bem feita pra esconder a superficialidade de críticas rasas e vergonhosas, sendo essas tão básicas e mal feitas que você começa a se perguntar se temas tão importantes se tornaram tão banais com o tempo pra alguém ter coragem de aprovar um roteiro desse. Os diálogos são ruins e não tem como acreditar em nenhum momento que aqueles personagens soam naturais, tornando os mesmos insuportáveis.
The Neon Demon é o tipo de filme que se acha inteligente por denunciar e criticar algo que a gente já tá cansado de saber, e ao invés de entender isso e realizar metáforas de maneiras não convencionais, cria uma narrativa boba, rasa e previsível, tentando chocar com cenas pretensiosas que nunca conversam bem com qualquer coisa apresentada nas duas horas que parecem quatro.
Pânico
3.6 1,6K Assista Agoradeve ser muito triste não entender a genialidade de Pânico.
A Última Chamada
1.7 36 Assista Agoraas vezes me pergunto o porque eu me submeto a ir no cinema assistir essas desgraças...
Elvis
3.8 759Atualizando minha análise aqui porque quanto mais eu penso nesse filme, mais alguns pontos me incomodam.
Traumatizado com Bohemian Raphsody e as péssimas biografias que parecem um trailer de 2 horas, esse aqui apresenta algo mais interessante mesmo que em vários momentos caia no erro das maiorias dos filmes do gênero. Porém, quando o filme precisa dar uma ênfase nas sequências dramáticas, ele sabe muito bem preparar o terreno pra isso e desenvolver algo realmentr impactante pro telespectador, e não são pouca vezes que isso acontece. Aperfeiçoado pela incrível performance de Austin Butler que consegue até desviar da direção que distoa totalmente do que o longa precisava, Elvis é o filme biografico que parece uma balança, uma hora seus pontos positivos dominam e outra os negativos prejudicam sua experiência. Um dos maiores erros pea mim é a pessima mixagem de som e estratégia de distribuição de faixas, que repetem as mesmas músicas em inúmeros momentos como se o Elvis tivesse um repertório de 10 canções. Quando a narrativa não consegue cumprir seu papel, é repetida a mesma música pra forçar aquele sentimento no do espectador. Mas, dá pra ignorar um pouco isso com as performances do elenco. Inclusive, gosto que o longa não passa pano pra apropriação cultural que o Elvis cometeu, e se o fanatismo de vocês os impedirem de reconhecer isso, recomendo pesquisar o significado de apropriação cultural.
Em geral, bom filme.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraDesnecessariamente longo, muitas vezes entendiante e poucas cativante, "Questão de Tempo" é um longa que tenta encantar com uma história de viagem no tempo que resulta em criações de laços, e sinceramente até comsegue em seus momentos cativantes, mas acaba sendo massante na maior parte do tempo. Aumentei uma estrela porque tocou "Back to Black.
DC Liga dos Superpets
3.5 115 Assista AgoraO primeiro convite pra ver na pré-estreia a gente nunca esquece.
DC Liga de Superpets é uma animação calorosa e divertida na maior parte de seu tempo, apresenta personagens cativantes que sustentam um plot clichê de uma maneira bem interessante. Muito dos momentos de alívio cômico são bem efetivos e realmente causam boas gargalhadas, mas alguns parecem fora de tempo e forçados, inclusive, pra uma animação infantil "DC Liga de Superpets" tá cheio de momentos adultos meio explícitos, o que em alguns momentos ppde acabar sendo interessante pro público mais velho que irá assistir ao filme. Em geral uma boa animação, com uma cena pós-crédito realmente surpreendente.
Agradecimentos ao DCverso e a Warner BR pelo convite.
Primer
3.5 489 Assista AgoraEu sei que o objetivo era confundir, e a direção faz isso muito bem e deixa bem claro sua meta, mas eu realmente queria ter entendido um pouco mais do filme (levando em consideração que eu só tava entendendo até uns 40 minutos). Primer tem uma boa fotografia, boas atuações, uma ótima direção e um conceito intrigante que vai fazer muita gente partir em busca de explicações, o que eu vou fazer agora.
Turma da Mônica: Lições
3.9 273 Assista AgoraO maior ato do cinema nacional dos últimos anos.
Thor: Amor e Trovão
2.9 973 Assista AgoraExiste um mito que diz que a impressão final que um filme deixa é a que define ele. "Thor: Amor e Trovão" apresenta um final bem maduro e interessante, mas pra que você chegue nele, será necessário aguentar um primeiro e segundo ato de dar vergonha de tão ruim.
Após o péssimo "Thor: Ragnarok", Taika Waititi se prova como o diretor mais superestimado dos últimos anos com um filme sem história que abusa das piores coisas que o anterior nos proporcionou. Aqui não há tempo pra desenvolvimento da trama, não há a profundidade necessária que o vilão cativante necessita e nem a construção de um dos arcos mais tristes do universo Marvel, já que tudo o que ele decide fazer é inserir um humor de péssima qualidade que não tem hora pra parar, mesmo quando a trama pede por isso, e o pior de tudo é que ao invés de se dar o trabalho de cortar tais cenas pra construir a história, é separado alguns minutos extremamente autoexplicativos pra nos contextualizar em qual lugar da trama estamos, e pasmem, o filme faz isso mais de uma vez. Um filme de 250 milhões de orçamento, de uma das maiores produtoras da história, se recusa a não subestimar a inteligência do espectador.
"Thor: Amor e Trovão" é definido por uma trama burra de personagens que se tornaram palhaços e que não causam empatia, mas que num dos seus poucos momentos de glória impacta com sua ótima e otimista conclusão, contudo, não é o suficiente pra livrar da extrema decepção que essa obra proporciona.
O Segredo de Brokeback Mountain
3.9 2,2K Assista AgoraEntre vários dos meus desejos impossíveis, um dos maiores é reviver o dia em que assisti Brokeback Mountain pela primeira vez. No início do filme, não esperava estar prestes a experienciar uma obra que mudaria minha forma de pensar e agir - até que me deparei com personagens que, mesmo diferentes entre si, conseguiam definir partes do meu ‘eu’ interior, já que seus medos se assemelhavam aos meus de uma forma que eu nunca havia sentido antes. Solidão foi o que a trama me fez sentir pelos protagonistas, ao mesmo tempo que uma profunda e dolorosa dor. Aos poucos, a sensação de que eu nunca mais iria sorrir novamente me consumiu, e quando o preto tomou conta da tela e o texto "Directed By Ang Lee" surgiu, tal sentimento parecia ainda mais verdadeiro. O que registro aqui é uma análise genuinamente verdadeira sobre o filme que mudou minha vida.
"[...] Uma coisa nunca mudou: a brilhante energia dos encontros não-frequentes era escurecida pelo sentimento de tempo passando, nunca havia tempo o bastante, nunca."
Originalmente publicado na revista The New Yorker em 13 de Outubro de 1997, Brokeback Mountain foi um conto da autora Annie Proulx. Após uma longa procura, tive a oportunidade de ler a obra aqui mencionada, que é na realidade bem curta e desprovida de detalhes. Mas mesmo com poucos diálogos, Diana Ossana (roteirista do longa) conseguiu transformar essa pequena história em uma espetacular obra de mais de 2 horas que transcreve todo o pesar dos protagonistas, agoniados pela falta de tempo juntos. Me atrevo a dizer que a adaptação conseguiu ser ainda melhor que o conto, como se a experiência completa fosse ver o filme e não ler o livro (algo raro de se dizer).
Além de possuir ótimas atuações, com destaque pra incrível e dolorosa performance de Michelle Williams que transmite todo o sofrimento sem precisar de diálogos pra isso, o longa conta com uma incrível direção de arte e fotografia, assim como uma encantadora (e não a toa premiada) trilha sonora. Desde exatos 30 minutos até 34:20 do longa, podemos apreciar uma faixa que não faz parte do compacto que foi oficialmente lançado: 'Horse Love'. Para mim, a mais linda e poética de todo o conjunto. Ela transita do começo da crise de identidade de Ennis, passa pela aceitação do que aconteceu entre ele e Jack e termina com Aguirre observando a proximidade dos dois. A faixa de 4 minutos simplesmente representa de forma sonora acontecimentos importantíssimos do fim do primeiro ato, crescendo conforme estes também crescem, de início intimista e ao fim mais clara e aberta. Gustavo Santaolalla fez um trabalho incrível, que representa o clima árido de Wyoming tão bem quanto provavelmente é presenciá-lo pessoalmente.
Aqui existem algumas escolhas criativas que irão, eventualmente, incomodar algumas pessoas que não estiverem dispostas a mergulhar na trama, mas qual obra não tem? No caso de Brokeback Mountain, pode-se dizer ao menos que todas são minimamente pensadas para um objetivo claro e justificado: a retratação de um ambiente angustiante - tal como é a duração e o ritmo compassado da narrativa. Esses dois quesitos, na verdade, apenas engrandecem a obra, já que são usados para transmitir o sentimento de falta e a saudade experimentada pelos protagonistas sempre que ficam meses - ou até anos - sem se encontrarem. Juntos, desenvolvem um misto entre angústia e desespero que fará qualquer um ter anseio pelos breves reencontros.
Outra coisa que impressiona e impacta é a colisão de sentimentos dos dois, e como, mesmo sendo tão opostos, passam a lidar com isso. Enquanto Jack deixa claro que seus sentimentos são necessidades e que ele não aguenta viver sem alimentá-los (fato esse comprovado em todas as vezes que a sugestão de morarem juntos em um rancho é citada), Ennis luta para esconder seus sentimentos por conta de traumas passados, fazendo com que sua natureza fechada e "tímida" vire sua zona de conforto. Quando tal fator é ligado a outros pontos da trama, um dos temas mais polêmicos da obra é posto em discussão: as traições. A torcida para que Ennis e Jack fiquem juntos é uma das vontades mais provocativas que o longa proporciona, mas é certo manter tal desejo a partir do momento em que eles ignoram os sentimentos de suas respectivas esposas e as traem? É certo criarem famílias e fingirem ser quem não são, criando um laço de amor que só é retribuído por um dos lados? As pessoas realmente podem acreditar que uma vítima de julgamentos sociais deixará de reproduzir seu machismo e preconceitos enraizados? Não é fácil obter respostas para tantos questionamentos. Talvez ajude se entendermos que, por mais que a situação de Ennis e Jack seja triste, eles não são as únicas vítimas da história.
Brokeback Mountain tem a simplicidade e clareza de seu conto original, além de uma narrativa magistral que trabalha não só o amor, mas também as inúmeras complicações que o acompanham. Uma verdadeira análise sobre o arrependimento e como ele afeta a vida de todos ao seu redor, o longa é um estudo de personagem frio ao mesmo tempo que caloroso, sempre equilibrando cada uma das pontas desse espectro nas doses certas. Dessa maneira, a trama constrói a própria importância de maneira que resulte numa história que vai te acompanhar por muito tempo. Ela tem o poder de atingir não só o público LGBTQIA+, como também a audiência em geral - algo que não seria possível se Ang Lee não tivesse o cuidado de trabalhar a homossexualidade de forma apolitíca, tal como o fato de ter negado-se a usar estereótipos limitadores. Justamente por conta disso, qualquer pessoa sensível pode ser tocada pela obra, portanto, o que temos aqui é mais do que apenas um filme. É uma obra de arte, um verdadeiro evento cinematográfico de altruísmo e sensibilidade, uma carta aberta de Ang Lee ao cinema em sua melhor forma, e, acima de tudo, uma experiência que merece e precisa ser sentida e apreciada por todos.
"[...] Se não dá pra consertar, Jack, têm que aguentar. [...] Eu não vejo como isso pode ser consertado..."