Tenho um comentário sério e um zoeiro pra fazer a respeito.
O sério: O filme é bom. Filmes de "uma situação só" são traiçoeiros, pois tudo depende de poucos elementos que se não tiverem um equilíbrio competente, compromete em muito o resultado. No caso desse, a atuação da Melanie Laurent é ótima, muito convincente, te carrega fácil pra dentro do problema. Junto a isso a forma como o roteiro foi construído faz com que você compartilhe a sensação de claustrofobia do espaço limitado, e distraia a sua mente para a sequência dos acontecimentos, fazendo com que o filme não pareça uma tortura interminável (embora a ideia até seja essa). E por fim, a direção que une tudo com uma boa parte técnica (MILO e seus variados recursos e equipamentos embutidos) que ajudam na façanha de tornar o filme passado em um espaço tão restrito algo assistível do início ao fim. O único ponto negativo a respeito do filme se encontra em algumas soluções e escolhas do roteiro que pareceram um tanto forçadas no "Deus Ex Machina". Ainda assim, por mais irritante que um ou outro detalhe do roteiro tenha sido, não foi suficiente para estragar o filme como um todo. Num período de filmes profundamente ruins como o atual, esse acabou sendo uma boa surpresa.
O zoeiro: O filme é extremamente realista: a muié gastou 99% do oxigênio perdendo o foco, ficando nervosa, sofrendo com lembranças, telefonando pros outros, fazendo as perguntas erradas ao MILO, surtando, gritando e chorando, e 1% na solução do problema. Se fosse um hômi, o filme daria apenas um curta de 5 minutos.
Se tivessem feito o filme todo com cenas do Mico e da Lagartixa saindo no tapa, eu teria dado duas estrelas a mais.
Insuportável e dispensável toda a participação da Eleven de Stranger Things. Uma personagem chata e arrogante, com um amigo gordo beta inútil e super estereótipo e o negão podcaster nerd e maluco que só sabe gritar. Uma tentativa de alívio cômico que na verdade só ficou cringe demais.
No núcleo da Rebecca Hall também a coisa não esteve muito melhor. A citada atuou no automático, com o carisma de uma tábua de passar roupa. Não conseguiu convencer nem como "mãe adotiva" da menininha nativa fofinha que se comunica com o Kong. Outra presença absolutamente incompreensível é a Eiza Gonzáles, que parece só saber fazer um papel, o de "sou fodona só porque eu me acho mesmo, porque em momento algum eu mostro porque", cuja única serventia no filme foi gerar alguma satisfação e torcida no momento em que morre.
E outra... o que foi aquela cena do "reencontro" da Eleven com o pai já quase no fim do filme. Uma das coisas mais constrangedoras e mais mal escritas que já vi em muito, muito tempo. Parece que o roteirista escreveu essa cena no meio de uma crise forte de depressão, enquanto era assediado moralmente pelo produtor do filme para não atrasar na entrega do roteiro dentro do prazo ou algo do tipo, de tanto que transpareceu a má vontade e a preguiça em fazer um negócio tão improvável daquel.
Em suma, a minha maior reclamação do filme foi a presença e tempo de tela desses desagradáveis seres humanos que ficaram atrapalhando a única coisa que prestou no filme, que foi a interação entre os monstros, seja combatendo um ao outro, seja se aliando para enfrentar uma terceira ameaça. No fim, ficou pior que Pacific Rim. Muito marketing pra pouco produto.
Vale pela graça de ver o Tom Hanks em um estilo de filme que não é o seu usual. Vale também pra quem gosta do estilo/época dos filmes western, mas que não se importa em ver um western menos típico mais para o contemplativo e focado no dram do que para o aventuresco. Uma produção competente, visuais muito bem feitos, com uma direção firme do Paul Greengrass. Ótimas atuações da dupla central de protagonistas.
A cadência mais lenta do filme não me desagradou especialmente, mas pode não agradar a todos. O foco na evolução da relação entre os personagens do Capitão e de Johanna, acaba constituindo uma segunda camada, onde há toda uma questão emocional que é tratada de uma forma séria e profunda. É o tipo de relação que outros filmes podem construir de uma maneira mais leve, bem humorada ou simplista, mas não aqui. O filme todo acaba sendo um cenário para o desenrolar do verdadeiro conflito, que é a construção da ligação entre esses dois personagens.
Pra quem tiver um olhar mais sensível, para além do superficial, ou se interessa pelos temas tratados, perceberá que há no filme toda uma dimensão que trata de como é difícil lidar com a dor, as perdas definitivas, a saudade, o arrependimento, a fuga do sofrimento, a solidão e o perdão a si mesmo. E que a trama acaba servindo como uma boa metáfora para essa jornada, não só a jornada física dos personagens em busca de um objetivo, mas a também a busca de uma cura para as dores interiores, e a descoberta de como um ato de bondade que ligou dois então desconhecidos pode fazer um papel fundamental nessa busca.
Pelo lado bom, uma ótima oportunidade de ver um filme desse gênero, que mesmo apresentando (a tradicional trama do astronauta Kinder-Ovo, aquele volta do espaço com uma com uma surpresinha dentro) traz genuína aura de novidade. O filme passa muito bem sem os clichês e fórmulas já tão batidos em hollywod, adicionando um pouco de suspense e de "inesperado". A maior "brutalidade" do tempero russo também casa muito bem com o estilo do filme.
Pelo lado ruim, uma certa insistência em fazer na subtrama um contraponto dramático e humano à parte mais central da trama contribui para criar certos momentos de anticlímax ou de lentidão no filme. Um roteiro um pouco mais enxuto teria bastante a ganhar, e conseguiria certamente subir um pouco a nota do filme.
Ainda assim, é um filme digno, interessante para quem gosta do gênero, e que tem sua maior qualidade na capacidade de mesmo apresentando uma história já muito explorada no cinema, conseguir trazer um certo frescor e novidade. Ótima produção,atores ok, fotografia muito competente e condizente com a história, direção firme, enfim... vale dar uma conferida.
Uma ideia interessante que foi aproveitada de maneira mais-ou-menos no primeiro filme, mas que ainda dava esperança de que poderia ser melhor aproveitada no futuro... só que como diz aquele meme "de onde menos se espera é daí que não sai nada que presta mesmo"... aqui a ideia inicial é praticamente jogada no lixo.
Tentar empurrar a narrativa de que uma guerra USA versus "literalmente qualquer grupo rebelde islâmico genérico sem nome" iria estar acontecendo normalmente enquanto o planeta lida com uma epidemia de MONSTROS GIGANTES ALIENÍGENAS passeando pelo cenário, é a coisa mais imbecil e talvez o maior desperdício de um recurso de roteiro que já vi. Porra, quer fazer um filme de guerra? Faz. Quer fazer um filme de monstro alienígena? Faz também. Agora, se você quer juntar os dois, ao menos tenha a decência de criar um roteiro que faça uma costura minimamente realista das duas situações, para que o ser humano que for assistir consiga se relacionar de alguma forma com o que está acontecendo. A ideia dos roteiristas em tratar a coisa do jeito que trataram é semelhante a você acordar um dia e ter um rinoceronte dormindo na sala da sua casa e a sua família inteira continuar vivendo normalmente, só tomando cuidado pra não esbarrar no rinoceronte. Sem sequer dar uma ligadinha pros bombeiros ou pra polícia pra avisar que tem um fugitivo do zoológico de 500 e tantos quilos deitado no meio da sua sala.
Pra completar o rant, é impressionante como os caras conseguiram juntar o crème de la crème dos clichês mais batidos e cansados de filmes de guerra (sargento fodão, endurecido pela batalha que xinga os novatos e tem uma postura agressiva? Tem. "Irmão" que se alista promentendo proteger "irmão"? Tem. Soldado que vai pra guerra deixando bebê recêm nascido em casa? Tem. Garoto pobre e sofrido que vai pra guerra porque teve uma vida difícil e uma infância pobre achando imbecilmente que ir pra um lugar ainda mais pobre e sofrido matar pessoas vai ser uma grande mudança? Tem. Soldado profissional e competente marcado pela guerra que finalmente perde o controle e fica maluco com a falta de sentido da violência contra outros seres humanos? Tem. Cena de "conexão emocional com nativos da região? Tem... Enfim... um festival de clichês cansados. E colocaram tudo numa tentativa de fazer um negócio dramático, mas da maneira o mais previsível, formulaica possível... que no fim só resulta em um filme cansativo, pretensioso e beirando o patético. E o que é mais triste, com uma produção e efeitos especiais, e até desempenhos dos atores bastante honestos, ingredientes que teriam rendido um filme muito melhor se não tivesse um roteiro tão indigente. Uma bosta alienígena.
Aviso de amigo: melhor coisa a fazer é agir igual aos monstros aliens do filme... passar lá no fundo do cenário, fingindo que nem é com você.
Não tendo assistido nenhum dos filmes da série original, assisti esse "de cara limpa" e sem nenhum pré-julgamento.
O que encontrei foi uma tentativa aparentemente honesta, mas um tanto infeliz de fazer um reaproveitamento da idéia original do Quadrilha de Sádicos (1977, com um remake em 2006) nas florestas da Virgínia em vez de no deserto de Nevada.
Honesta, porque tanto a produção, o visual, a fotografia, e as atuações da maioria do elenco são até um pouco acima da média para este estilo, que muito rotineiramente conta com desempenhos sofríveis em alguns desses itens.
E infeliz, porque o roteiro não só se limitou a dar umas escorregadas feias (mas até perdoáveis por serem esparsas) durante os dois primeiros atos do filme, mas também guardou o pior para o terceiro ato. Toda a parte da transformação da personagem principal durante seu (curto) cativeiro é tão inverossímil que dói. Tudo bem a pessoa ser levada a matar para salvar a própria vida em uma situação extrema, mas em menos de um mês vivendo numa comunidade florestal ninguém vira a própria Lara Croft do Tomb Raider, agindo com uma desenvoltura de quem nasceu e viveu fazendo aquilo a vida toda, faça-me o favor. Outra coisa infeliz do filme foi a forma como retrataram a comunidade, a tal "fundação". Longe de serem uma espécie de aldeia de seres deformados e bastante animalescos, guiados por um instinto de sobrevivência e não por regras ou leis, como é comum (e até mais aceitável) nesse gênero, a ideia de colocar os caras como um grupinho "democrático, civilizado e estável de caçadores-coletores vivendo da mesma forma desde antes da Guerra Civil Americana e regidos por suas próprias regras, até com uma espécie de tribunal próprio" é exigir demais da suspensão de descrença. Um grupo de selvagens vivendo escondidos na floresta como animais a ponto de serem considerados apenas uma lenda é algo mais simples de entender (e de deixar passar) do que uma mini-república constituída há mais de 200 anos que vem matando e sequestrando pessoas sem que nenhuma autoridade faça nada a respeito.
Isso somado ao excesso de correria e coisas que fizeram o terceiro ato parecer mais um filme de sessão da tarde que de terror (rendeu gargalhadas em várias cenas), acaba por reduzir muito o potencial da obra. Tinha até um bom potencial, mas podia ser infinitamente melhor.
O filme tinha tudo pra ser enorme, principalmente pelo bom elenco. Mas o roteiro muito pouco dinâmico fez com que se tornasse arrastado demais e muito menos interessante do que poderia ser. Ainda assim, tem um visual bastante caprichado, cenas de cavalaria e tiro bastante bem realizadas, cenários e fotografia de primeira. Uma pena ter sido tão lento.
Tem coisas boas e coisas ruins no filme. Algumas explícitas, algumas escondidas. O aproveitamento que cada um vai tirar dele depende MUITO da leitura feita, principalmente de certas questões um pouco menos óbvias, que aparecem na trama de forma mais lateral. Numa camada mais superficial, o filme conta uma história já bastante explorada, a do trambiqueiro (no caso a trambiqueira, a protagonista Marla Grayson) que movida pela ganância, resolve atacar uma "presa fácil" que acaba se mostrando uma presa não tão fácil assim.
O filme tem seu ponto fraco em um roteiro inconsistente, que se manifesta principalmente no antagonista de Marla e em seu núcleo de personagens, escrito de uma forma completamente deslocada da realidade (tanto a realidade proposta para o filme quanto a realidade da categoria "máfia russa" em qualquer outro filme), algo que derruba bastante o potencial da trama.
Os pontos fortes do filme ficam num primeiro momento e de forma mais superficial, por conta das boas atuações de Rosamund Pike e Dianne Wiest, a primeira criando uma protagonista absolutamente detestável,o tipo de personagem que você sente um certo amor em odiar e torcer para que se dê mal, e a segunda fazendo uma "vítima" adorável, crível e capaz de com um simples olhar em uma cena, conquistar quem assiste. E num segundo momento, outro acerto do filme é na forma esperta com que conseguiu jogar uma crítica pesada em cima de um estrato da sociedade americana que até o momento vinha sendo tratado com excesso de condescendência por hollywood como um todo: incorporado na protagonista e em seu entorno, o americano urbano, moderno, cosmopolita, deslumbrado pela riqueza e pelo poder, que deseja uma ascensão social atmosférica e que para isso lança mão de todo tipo de hipocrisia e desonestidade, e que ao mesmo tempo vê o semelhante simplório, pobre, desassistido como simples "ovelhas" que devem servir a seus instintos (auto-admitidos) de predador. Várias cenas criam uma ligação entre esse estereótipo de persona de Marla e uma condescendência do estado para com seus atos, que pela frente parecem serem altruístas, por trás não passam de um esquema para enriquecer, e o que é pior, através do sofrimento de idosos, com o auxílio e conivência do próprio estado.
Dessa vez nem o carisma enorme da Gal Gadot conseguiu salvar, como no primeiro filme onde esse fator disfarçou bastante algumas falhas, deixando o filme bem superior a esse 1984. Roteiro horroroso. Situações constrangedoras (o que foi aquela cena da "luta" contra os blindados no deserto?).
E os vilões? Kristen Wiig totalmente miscast para o papel, constrangida a interpretar uma personagem tão artificialmente imbecilizada e mal escrita que fica difícil compreender sequer sua motivação no decorrer da trama. O Pedro Pascal, coitado, sendo digno e bom ator como sempre, mas tendo que lutar com um personagem também imbecilizado ao extremo, lembrando os histriônicos vilões dos famigerados filmes do Batman do Joel Schumacher.
Isso sem falar nos subtextos dispensáveis, na direção fraquíssima (o que faz aquele papo de que teve uma mão pesada do Zack Snyder ajudando no primeiro filme fazer sentido até), na catástrofe de efeitos especiais
É impressionante como o filme é ambíguo. Tem tudo pra ser ruim, dáí você consegue ir vendo e não é tão ruim, depois fica ruim, depois fica bom de novo, e no fim acaba premiando apenas quem tem paciência pra descascar essa cebola.
Se por um lado a história é meio "all over the place", jogando traficantes, robôs com tanto potencial tecnológico que até seus projetistas não entendem o que eles podem de fato fazer, aldeões cambojanos pobres, nerds que acham que vão se dar bem se metendo com gente perigosa demais pra eles, militares durões que não estão nem aí pra nada, black ops geradas por interesses sombrios em altos escalões governamentais, e médicos que mais parecem adolescentes perdidos na floresta, por outro lado o roteiro consegue o milagre de juntar tudo isso sem parecer confuso demais, apenas fazendo o filme um pouco longo, mas com movimento suficiente e coisas acontecendo para não ser monótono nem repetitivo.
Se por um lado tem atuações meio mequetrefes, com toda pinta de filme de baixíssimo orçamento, por outro lado o roteiro e a forma como os personagens são escritos não exige muito dos atores a ponto de isso atrapalhar a narrativa e a história.
Se por um lado o filme parece uma mistura de "Chappy" com "Rambo" e tem potencial pra ser uma galhofada inacreditável, por outro lado a trama tenta ao máximo deixar a história o mais "pé no chão" e corrida possível, dentro das posibilidades da tecnologia utilizada na trama, o que acaba fazendo com que o filme dificilmente cruze a linha do absurdo a ponto de incomodar. São inúmeros elementos na trama, mas a partir do momento que a correria começa tudo que o filme mostra são os diversos personagens reagindo à correria em si, o que ajuda a dar uma unidade e tornar o filme mais objetivo do que normalmente acontece em filmes dessa categoria.
No fim, o filme trata de assuntos um tanto sérios (principalmente na crítica às relações obscuras e de interesses entre magnatas da tecnologia e governos), que com uma produção um pouco mais rica e com atores melhores, e personagens mais desenvolvidos, poderia render algo que pontuaria bem acima. De qualquer forma, tira nota azul pelo esforço.
Por mais que tenha o "selo Nolan de qualidade", dessa vez nem isso foi capaz de fazer esse filme corresponder aos valores de produção, elenco e tecnologia envolvidos. Eis os prós e contras no meu ver:
Prós: - Conta com o suporte visual e os efeitos especiais utilizados de forma inovadora a serviço da história; - Teorias de inclinação tecnológica-científica torcendo a realidade, mas também a serviço da história; - A inventividade narrativa de sempre; - A trama é bem equilibrada entre o "palatável para qualquer público" e o "explodidor de cérebros".
Contras: - O filme perde boa parte da atratividade se quem assiste já viu Inception antes; - Diferente de Inception, em Tenet a teoria na qual o filme se baseia não tem um suporte gráfico/visual tão impressionante de tirar o fôlego (como foi em Inception); - O protagonista é um personagem apagado, fraco, sem carisma, o que acaba transbordando para a história como um todo; - Kenneth Branagh até que tenta, mas talvez por conta de um roteiro ruim, talvez por falta de disposição ou entusiasmo, entrega um dos papéis mais constrangedores que já o vi fazer. - O elenco como um todo funciona bem mal Bons atores ou aparecem pouco ou estão muito abaixo do que podem dar. - Diferente de Inception, neste filme é quase impossível criar um elo de identificação com os personagens, suas motivações ou sequer torcer para eles, na grande maioria do tempo de tela. São poucos os momentos em que de fato é possível se importar com os destinos da maioria dos personagens apresentados.
Simplesinho mas bonitinho. Embora não seja adequado para competir na arena (muito disputada) dos "filmes de gente com poderes", Mortal tem seu apelo justamente na estética de filme "comum".
Com uma fotografia esperta, o filme explora de maneira muito correta a ligação simbólica que vai se desdobrando entre o protagonista e a terra em que se encontra. Nesse sentido, agrada mais pela atmosfera psicológica e pela descoberta gradual (junto com os próprios personagens) das ligações e respostas para as perguntas propostas no começo da história.
(por exemplo: aquela cena na ponte onde os policiais mirando no Eric NUNCA teriam ficado ali aquele tempo todo, achando que dava pra enfrentar uma tempestade elétrica gigante só com rifles de assalto)
o filme tem como trunfo a seu favor um frescor e um comprometimento em contar sua história com objetividade, e sem perder tempo com subtextos e sem passar mensagens de carona, que não o roteiro em si.
Somente um grande trabalho de direção conseguiria traduzir o espírito da embriaguez com tanta sensibilidade, de maneira a fazer quem assiste participar do feeling da coisa. Vinterberg consegue aqui com o álcool um feito semelhante ao que o Aronofsky fez com as drogas em Requiem for a Dream. E ainda consegue fechar tudo de uma maneira humana, empática, carinhosa até. Acaba sendo um elogio às segundas chances, mesmo que pelos meios mais inusitados possíveis.
Talvez seja o filme maior de Wes Anderson até então. De todos dele que assisti, é o filme onde ele consegue mais fazer com que suas "wesandersonzices" trabalhem a favor da história e não apenas da construção do próprio estilo ou de um senso de autocongratulação artística. Uma história com um pouco mais de delicadeza e lirismo que o de costume, com personagens um pouco menos desagradáveis ou desprovidos de empatia que de costume, com um tom mais lúdico que de costume. Junte-se a isso um inegável apuro técnico e o que se tem é um filme peculiaríssimo, e muito mais palatável a um público mais diverso (e não-fãs do diretor) do que outras obras dele, e uma grande peça de cinema.
Prós: A fotografia, a direção, a parte técnica como um todo são bem caprichadas e trabalham o tempo todo a serviço da história, sem muito showoff e sem necessidade de nada muito mirabolante em termos de efeitos especiais.
Contras: Por mais que o plot twist tente redimir o filme, sinceramente não compensa a frustração que dá de ver o cara cometendo burrada atrás de burrada enquanto perde tempo construindo (e sendo azucrinado) por robôs pirracentos ao invés de hackear um sistema de backup que não expire tão rápido (ainda mais que tinha prazo pra isso, como vamos descobrindo ao assistir o filme).
Joseph Gordon-Lewitt, Jamie Foxx e uma grana de efeitos especiais até bons sendo desperdiçados em um verdadeiro lixo. Roteiro forçado e imbecilizado. Glorificação do tráfico de drogas praticado por adolescentes. Apologia explícita a um coitadismo disfarçado de "justiça social". Tudo isso jogado numa história mal contada e cheia de furos narrativos, com momentos cringe de tão mal feitos.
Ótimo por contar com boas atuações, numa média bem alta e com atores seguros e competentes; e uma direção segura, direção de arte e parte técnica muito bem ajustadas à história que tem pra contar. Além disso, um roteiro correto, que toca o (longo) fime num ritmo que não cansa, sem cair nos frequentes erros e na pobreza de texto que ficaram muito comuns nas produções dessa última década.
E péssimo no sentido do pessimismo mesmo! Por ser talvez um dos filmes mais deprimentes que já assisti. Não é uma desgraceira total no nível do drama insuportável tipo aquele Amaldiçoada (2016) com a Dakota Fanning, nem uma história absurda onde fica claro que o objetivo seja simplesmente chocar ou elevar a barra de "quem faz o filme mais triste". O caso aqui é se tratar de um filme em cuja história em si não há sequer um indício de curva dramática, nenhum momento de respiro, nenhuma compensação ou folga pra algo bom ocorrer. É um relato sofrido de amargura, tristeza, negatividade e desesperança, que vai se desenrolando na tela numa espiral lenta e descendente para um abismo negro e sem fundo. É o mal sutilmente dando porrada no bem o tempo todo até que não sobre nada. O título original em inglês é apropriadíssimo. É o capeta o tempo todo mesmo e pronto.
Jamie Lannister bêbado se junta com a mulher do Thomas Shelby em Peaky Blinders.
Ele, um ex-especialista em controle ambiental de espécies, amargurado desde que perdeu a filha, e ela uma policial que se acha a última coca-cola do deserto (no caso, da floresta) mas investiga os crimes igual a cara dela. Ambos tem que cooperar (da maneira menos cooperativa que eu já vi) pra tentarem prender um assassino que bate o recorde de "o criminoso mais quer ser pego no mundo", pois pratica caçada humana numa região onde todo mundo se conhece e com um método absolutamente precário.
Era pra ser um thriller policial/suspense até bom, mas por conta de um roteiro mequetrefe. A cena do balde de tinta (não se preocupe, se você ver, você vai saber qual é) me deu vontade de dar uma surra de botijão de gás no roteirista. Os personagens também foram escritos de forma bem irregular. Embora os atores em si não trabalhem mal, o texto é bem fraco mesmo, dando a eles pouco pra trabalhar em cima. Junte-se isso a algumas tentativas de plot twists altamente deselegantes, feitas com uma mão pesadíssima e também uma direção meio estranha (algumas cenas de luta e perseguição na floresta não fazem o menor sentido - a situação do balde já era ridícula como recurso de roteiro, e a edição avacalhou mais ainda) fazem com que o filme renda muito menos do que deveria render. A história em si não é ruim, a ambientação é adequada, e a produção contou com atores competentes. Mas o roteiro indigente cagou o filme, infelizmente.
Fiquei puto. Os caras conseguem pegar duas atuações excelentes (Willem Dafoe um monstro, como na maioria das vezes, e o Pattinson conseguindo ficar à altura do veterano sem deixar a peteca cair) e um filme belo, visualmente poético, com um rigor técnico e estilístico impecável e desperdiçar tudo isso em um roteiro merda, pretensioso e empata-foda.
Quer falar sobre loucura? Quer fazer um filme sobre um mergulho em espiral às profundezas mais sórdidas da psique humana? Beleza, faz. Mas faz com um roteiro menos jogado, menos "ah, interpreta aí do jeito que tu quiser e foda-se, parceiro".
Uma estrela e meia em respeito ao trabalho do Pattinson e do Dafoe, que tiraram leite de pedra nesse que é um dos filmes mais frustrantes e overrated que vi nos últimos tempos.
Não importa o quanto a direção de arte, trilha sonora e efeitos especiais "radicais", baseados na estética gamer, tentem disfarçar. Por mais estiloso que seja, o roteiro é fraco, a suspensão de descrença é estuprada (por mais que o filme se proponha absurdo, esse abuso da suspensão cansa em menos de 15 minutos), as tentativas de humor são bem pouco engraçadas, e o desenvolvimento de personagens é pífio.
Talvez o que tenha me desagradado mais é o fato de terem tentado fazer um filme com as mesmas intenções de um Adrenalina (Crank -2006) e não terem conseguido. Por mais que a parte gráfica tenha sido muito competente, os 14 anos que separam os dois filmes deveriam ter ensinado alguma coisa. Se Crank tinha a proposta de ser tão descompromissado e besteirol como esse, com um Jason Statham fazendo as caretas mais loucas de sua carreira, em Guns Akimbo tudo que sobra é o estilo.
Embora o Harry Potter não decepcione na atuação, seu personagem é escrito de forma sofrível, não deixando muito espaço de manobra. E a garota, coitada fazendo o mesmo papel de "a fodona sem explicação" que parece ter um fator de cura mais forte que o do Wolverine, é a mesma do outro filme da noiva que foge, repetitivo que só, (parece que só pra lacrolândia aplaudir) é dose.
Ganha nota só pelo visual, que é matador. O resto, é de jogar no lixo.
Uma mistura de Matrix com Inception (A Origem), feita na Rússia. À primeira vista, alguém poderia pensar: "pronto, vai ser uma bomba", mas não. A união de uma direção de arte imaginativa, efeitos visuais competentes e um roteiro e enredo interessantes (na premissa) e enxutos (na execução), conseguem fazer o filme divertir, gerar interesse e prender a atenção. O que pode-se dizer que é mais do que muitas produções hollywoodianas e muito mais badaladas conseguem atualmente. Vale a pena dar uma conferida.
Um baita filme de guerra. Uma excelente direção e trabalho técnico que consegue criar um clima de tensão e ambientação, naquela linha mais tensa e realista de um Resgate do Soldado Ryan ou um Corações de Ferro.
O ritmo e o clima de tensão é mantido com maestria do início ao fim, sem refresco ao espectador. A natural característica de uma caça a submarino em uma missão de escolta num atlântico norte sombrio e tempestuoso, a fama implacável dos U-Boats alemães, os momentos de indecisão e insegurança do capitão, todos esses elementos são utilizados como peças de precisão em um mecanismo que se ajusta para fazer o filme funcionar bem como um todo.
Outro ponto a se destacar é a magistral utilização de efeitos sonoros precisos, sem exageros de volume ou surpresa a la jumpscare de filme de terror, contribui muito para transmitir a sensação de medo do perigo invisível. Lembrou muito o tratamento sonoro magistral que contribuiu muito para o sucesso da série Chernobyl. A "presença" do submarino alemão traduzida por uma distinta voz que fala ao rádio também é um outro elemento que enriquece demais a dramaticidade da situação, tornando o inimigo invisível mais presente até do que se o tivessem mostrado claramente, numa tomada interna.
Oxigênio
3.4 499 Assista AgoraTenho um comentário sério e um zoeiro pra fazer a respeito.
O sério: O filme é bom. Filmes de "uma situação só" são traiçoeiros, pois tudo depende de poucos elementos que se não tiverem um equilíbrio competente, compromete em muito o resultado. No caso desse, a atuação da Melanie Laurent é ótima, muito convincente, te carrega fácil pra dentro do problema. Junto a isso a forma como o roteiro foi construído faz com que você compartilhe a sensação de claustrofobia do espaço limitado, e distraia a sua mente para a sequência dos acontecimentos, fazendo com que o filme não pareça uma tortura interminável (embora a ideia até seja essa). E por fim, a direção que une tudo com uma boa parte técnica (MILO e seus variados recursos e equipamentos embutidos) que ajudam na façanha de tornar o filme passado em um espaço tão restrito algo assistível do início ao fim. O único ponto negativo a respeito do filme se encontra em algumas soluções e escolhas do roteiro que pareceram um tanto forçadas no "Deus Ex Machina". Ainda assim, por mais irritante que um ou outro detalhe do roteiro tenha sido, não foi suficiente para estragar o filme como um todo. Num período de filmes profundamente ruins como o atual, esse acabou sendo uma boa surpresa.
O zoeiro: O filme é extremamente realista: a muié gastou 99% do oxigênio perdendo o foco, ficando nervosa, sofrendo com lembranças, telefonando pros outros, fazendo as perguntas erradas ao MILO, surtando, gritando e chorando, e 1% na solução do problema. Se fosse um hômi, o filme daria apenas um curta de 5 minutos.
Godzilla vs. Kong
3.1 799 Assista AgoraSe tivessem feito o filme todo com cenas do Mico e da Lagartixa saindo no tapa, eu teria dado duas estrelas a mais.
Insuportável e dispensável toda a participação da Eleven de Stranger Things. Uma personagem chata e arrogante, com um amigo gordo beta inútil e super estereótipo e o negão podcaster nerd e maluco que só sabe gritar. Uma tentativa de alívio cômico que na verdade só ficou cringe demais.
No núcleo da Rebecca Hall também a coisa não esteve muito melhor. A citada atuou no automático, com o carisma de uma tábua de passar roupa. Não conseguiu convencer nem como "mãe adotiva" da menininha nativa fofinha que se comunica com o Kong. Outra presença absolutamente incompreensível é a Eiza Gonzáles, que parece só saber fazer um papel, o de "sou fodona só porque eu me acho mesmo, porque em momento algum eu mostro porque", cuja única serventia no filme foi gerar alguma satisfação e torcida no momento em que morre.
E outra... o que foi aquela cena do "reencontro" da Eleven com o pai já quase no fim do filme. Uma das coisas mais constrangedoras e mais mal escritas que já vi em muito, muito tempo. Parece que o roteirista escreveu essa cena no meio de uma crise forte de depressão, enquanto era assediado moralmente pelo produtor do filme para não atrasar na entrega do roteiro dentro do prazo ou algo do tipo, de tanto que transpareceu a má vontade e a preguiça em fazer um negócio tão improvável daquel.
Em suma, a minha maior reclamação do filme foi a presença e tempo de tela desses desagradáveis seres humanos que ficaram atrapalhando a única coisa que prestou no filme, que foi a interação entre os monstros, seja combatendo um ao outro, seja se aliando para enfrentar uma terceira ameaça. No fim, ficou pior que Pacific Rim. Muito marketing pra pouco produto.
Relatos do Mundo
3.5 316 Assista AgoraVale pela graça de ver o Tom Hanks em um estilo de filme que não é o seu usual. Vale também pra quem gosta do estilo/época dos filmes western, mas que não se importa em ver um western menos típico mais para o contemplativo e focado no dram do que para o aventuresco. Uma produção competente, visuais muito bem feitos, com uma direção firme do Paul Greengrass. Ótimas atuações da dupla central de protagonistas.
A cadência mais lenta do filme não me desagradou especialmente, mas pode não agradar a todos. O foco na evolução da relação entre os personagens do Capitão e de Johanna, acaba constituindo uma segunda camada, onde há toda uma questão emocional que é tratada de uma forma séria e profunda. É o tipo de relação que outros filmes podem construir de uma maneira mais leve, bem humorada ou simplista, mas não aqui. O filme todo acaba sendo um cenário para o desenrolar do verdadeiro conflito, que é a construção da ligação entre esses dois personagens.
Pra quem tiver um olhar mais sensível, para além do superficial, ou se interessa pelos temas tratados, perceberá que há no filme toda uma dimensão que trata de como é difícil lidar com a dor, as perdas definitivas, a saudade, o arrependimento, a fuga do sofrimento, a solidão e o perdão a si mesmo. E que a trama acaba servindo como uma boa metáfora para essa jornada, não só a jornada física dos personagens em busca de um objetivo, mas a também a busca de uma cura para as dores interiores, e a descoberta de como um ato de bondade que ligou dois então desconhecidos pode fazer um papel fundamental nessa busca.
Estranho Passageiro: Sputnik
3.0 197 Assista AgoraPelo lado bom, uma ótima oportunidade de ver um filme desse gênero, que mesmo apresentando (a tradicional trama do astronauta Kinder-Ovo, aquele volta do espaço com uma com uma surpresinha dentro) traz genuína aura de novidade. O filme passa muito bem sem os clichês e fórmulas já tão batidos em hollywod, adicionando um pouco de suspense e de "inesperado". A maior "brutalidade" do tempero russo também casa muito bem com o estilo do filme.
Pelo lado ruim, uma certa insistência em fazer na subtrama um contraponto dramático e humano à parte mais central da trama contribui para criar certos momentos de anticlímax ou de lentidão no filme. Um roteiro um pouco mais enxuto teria bastante a ganhar, e conseguiria certamente subir um pouco a nota do filme.
Ainda assim, é um filme digno, interessante para quem gosta do gênero, e que tem sua maior qualidade na capacidade de mesmo apresentando uma história já muito explorada no cinema, conseguir trazer um certo frescor e novidade. Ótima produção,atores ok, fotografia muito competente e condizente com a história, direção firme, enfim... vale dar uma conferida.
Monsters: Dark Continent
2.0 27Uma ideia interessante que foi aproveitada de maneira mais-ou-menos no primeiro filme, mas que ainda dava esperança de que poderia ser melhor aproveitada no futuro... só que como diz aquele meme "de onde menos se espera é daí que não sai nada que presta mesmo"... aqui a ideia inicial é praticamente jogada no lixo.
Tentar empurrar a narrativa de que uma guerra USA versus "literalmente qualquer grupo rebelde islâmico genérico sem nome" iria estar acontecendo normalmente enquanto o planeta lida com uma epidemia de MONSTROS GIGANTES ALIENÍGENAS passeando pelo cenário, é a coisa mais imbecil e talvez o maior desperdício de um recurso de roteiro que já vi. Porra, quer fazer um filme de guerra? Faz. Quer fazer um filme de monstro alienígena? Faz também. Agora, se você quer juntar os dois, ao menos tenha a decência de criar um roteiro que faça uma costura minimamente realista das duas situações, para que o ser humano que for assistir consiga se relacionar de alguma forma com o que está acontecendo. A ideia dos roteiristas em tratar a coisa do jeito que trataram é semelhante a você acordar um dia e ter um rinoceronte dormindo na sala da sua casa e a sua família inteira continuar vivendo normalmente, só tomando cuidado pra não esbarrar no rinoceronte. Sem sequer dar uma ligadinha pros bombeiros ou pra polícia pra avisar que tem um fugitivo do zoológico de 500 e tantos quilos deitado no meio da sua sala.
Pra completar o rant, é impressionante como os caras conseguiram juntar o crème de la crème dos clichês mais batidos e cansados de filmes de guerra (sargento fodão, endurecido pela batalha que xinga os novatos e tem uma postura agressiva? Tem. "Irmão" que se alista promentendo proteger "irmão"? Tem. Soldado que vai pra guerra deixando bebê recêm nascido em casa? Tem. Garoto pobre e sofrido que vai pra guerra porque teve uma vida difícil e uma infância pobre achando imbecilmente que ir pra um lugar ainda mais pobre e sofrido matar pessoas vai ser uma grande mudança? Tem. Soldado profissional e competente marcado pela guerra que finalmente perde o controle e fica maluco com a falta de sentido da violência contra outros seres humanos? Tem. Cena de "conexão emocional com nativos da região? Tem... Enfim... um festival de clichês cansados. E colocaram tudo numa tentativa de fazer um negócio dramático, mas da maneira o mais previsível, formulaica possível... que no fim só resulta em um filme cansativo, pretensioso e beirando o patético. E o que é mais triste, com uma produção e efeitos especiais, e até desempenhos dos atores bastante honestos, ingredientes que teriam rendido um filme muito melhor se não tivesse um roteiro tão indigente. Uma bosta alienígena.
Aviso de amigo: melhor coisa a fazer é agir igual aos monstros aliens do filme... passar lá no fundo do cenário, fingindo que nem é com você.
Pânico na Floresta: A Fundação
2.7 321Não tendo assistido nenhum dos filmes da série original, assisti esse "de cara limpa" e sem nenhum pré-julgamento.
O que encontrei foi uma tentativa aparentemente honesta, mas um tanto infeliz de fazer um reaproveitamento da idéia original do Quadrilha de Sádicos (1977, com um remake em 2006) nas florestas da Virgínia em vez de no deserto de Nevada.
Honesta, porque tanto a produção, o visual, a fotografia, e as atuações da maioria do elenco são até um pouco acima da média para este estilo, que muito rotineiramente conta com desempenhos sofríveis em alguns desses itens.
E infeliz, porque o roteiro não só se limitou a dar umas escorregadas feias (mas até perdoáveis por serem esparsas) durante os dois primeiros atos do filme, mas também guardou o pior para o terceiro ato. Toda a parte da transformação da personagem principal durante seu (curto) cativeiro é tão inverossímil que dói. Tudo bem a pessoa ser levada a matar para salvar a própria vida em uma situação extrema, mas em menos de um mês vivendo numa comunidade florestal ninguém vira a própria Lara Croft do Tomb Raider, agindo com uma desenvoltura de quem nasceu e viveu fazendo aquilo a vida toda, faça-me o favor. Outra coisa infeliz do filme foi a forma como retrataram a comunidade, a tal "fundação". Longe de serem uma espécie de aldeia de seres deformados e bastante animalescos, guiados por um instinto de sobrevivência e não por regras ou leis, como é comum (e até mais aceitável) nesse gênero, a ideia de colocar os caras como um grupinho "democrático, civilizado e estável de caçadores-coletores vivendo da mesma forma desde antes da Guerra Civil Americana e regidos por suas próprias regras, até com uma espécie de tribunal próprio" é exigir demais da suspensão de descrença. Um grupo de selvagens vivendo escondidos na floresta como animais a ponto de serem considerados apenas uma lenda é algo mais simples de entender (e de deixar passar) do que uma mini-república constituída há mais de 200 anos que vem matando e sequestrando pessoas sem que nenhuma autoridade faça nada a respeito.
Isso somado ao excesso de correria e coisas que fizeram o terceiro ato parecer mais um filme de sessão da tarde que de terror (rendeu gargalhadas em várias cenas), acaba por reduzir muito o potencial da obra. Tinha até um bom potencial, mas podia ser infinitamente melhor.
Gerônimo - Uma Lenda Americana
3.3 35 Assista AgoraO filme tinha tudo pra ser enorme, principalmente pelo bom elenco. Mas o roteiro muito pouco dinâmico fez com que se tornasse arrastado demais e muito menos interessante do que poderia ser. Ainda assim, tem um visual bastante caprichado, cenas de cavalaria e tiro bastante bem realizadas, cenários e fotografia de primeira. Uma pena ter sido tão lento.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraTem coisas boas e coisas ruins no filme. Algumas explícitas, algumas escondidas. O aproveitamento que cada um vai tirar dele depende MUITO da leitura feita, principalmente de certas questões um pouco menos óbvias, que aparecem na trama de forma mais lateral. Numa camada mais superficial, o filme conta uma história já bastante explorada, a do trambiqueiro (no caso a trambiqueira, a protagonista Marla Grayson) que movida pela ganância, resolve atacar uma "presa fácil" que acaba se mostrando uma presa não tão fácil assim.
O filme tem seu ponto fraco em um roteiro inconsistente, que se manifesta principalmente no antagonista de Marla e em seu núcleo de personagens, escrito de uma forma completamente deslocada da realidade (tanto a realidade proposta para o filme quanto a realidade da categoria "máfia russa" em qualquer outro filme), algo que derruba bastante o potencial da trama.
Os pontos fortes do filme ficam num primeiro momento e de forma mais superficial, por conta das boas atuações de Rosamund Pike e Dianne Wiest, a primeira criando uma protagonista absolutamente detestável,o tipo de personagem que você sente um certo amor em odiar e torcer para que se dê mal, e a segunda fazendo uma "vítima" adorável, crível e capaz de com um simples olhar em uma cena, conquistar quem assiste. E num segundo momento, outro acerto do filme é na forma esperta com que conseguiu jogar uma crítica pesada em cima de um estrato da sociedade americana que até o momento vinha sendo tratado com excesso de condescendência por hollywood como um todo: incorporado na protagonista e em seu entorno, o americano urbano, moderno, cosmopolita, deslumbrado pela riqueza e pelo poder, que deseja uma ascensão social atmosférica e que para isso lança mão de todo tipo de hipocrisia e desonestidade, e que ao mesmo tempo vê o semelhante simplório, pobre, desassistido como simples "ovelhas" que devem servir a seus instintos (auto-admitidos) de predador. Várias cenas criam uma ligação entre esse estereótipo de persona de Marla e uma condescendência do estado para com seus atos, que pela frente parecem serem altruístas, por trás não passam de um esquema para enriquecer, e o que é pior, através do sofrimento de idosos, com o auxílio e conivência do próprio estado.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraDessa vez nem o carisma enorme da Gal Gadot conseguiu salvar, como no primeiro filme onde esse fator disfarçou bastante algumas falhas, deixando o filme bem superior a esse 1984. Roteiro horroroso. Situações constrangedoras (o que foi aquela cena da "luta" contra os blindados no deserto?).
E os vilões? Kristen Wiig totalmente miscast para o papel, constrangida a interpretar uma personagem tão artificialmente imbecilizada e mal escrita que fica difícil compreender sequer sua motivação no decorrer da trama. O Pedro Pascal, coitado, sendo digno e bom ator como sempre, mas tendo que lutar com um personagem também imbecilizado ao extremo, lembrando os histriônicos vilões dos famigerados filmes do Batman do Joel Schumacher.
Isso sem falar nos subtextos dispensáveis, na direção fraquíssima (o que faz aquele papo de que teve uma mão pesada do Zack Snyder ajudando no primeiro filme fazer sentido até), na catástrofe de efeitos especiais
pleno ano de 2021 e você tem cena constrangedora onde os BONECOS ficam evidentes. BONECOS, CARALHO!
Monstros do Homem
2.7 30 Assista AgoraÉ impressionante como o filme é ambíguo. Tem tudo pra ser ruim, dáí você consegue ir vendo e não é tão ruim, depois fica ruim, depois fica bom de novo, e no fim acaba premiando apenas quem tem paciência pra descascar essa cebola.
Se por um lado a história é meio "all over the place", jogando traficantes, robôs com tanto potencial tecnológico que até seus projetistas não entendem o que eles podem de fato fazer, aldeões cambojanos pobres, nerds que acham que vão se dar bem se metendo com gente perigosa demais pra eles, militares durões que não estão nem aí pra nada, black ops geradas por interesses sombrios em altos escalões governamentais, e médicos que mais parecem adolescentes perdidos na floresta, por outro lado o roteiro consegue o milagre de juntar tudo isso sem parecer confuso demais, apenas fazendo o filme um pouco longo, mas com movimento suficiente e coisas acontecendo para não ser monótono nem repetitivo.
Se por um lado tem atuações meio mequetrefes, com toda pinta de filme de baixíssimo orçamento, por outro lado o roteiro e a forma como os personagens são escritos não exige muito dos atores a ponto de isso atrapalhar a narrativa e a história.
Se por um lado o filme parece uma mistura de "Chappy" com "Rambo" e tem potencial pra ser uma galhofada inacreditável, por outro lado a trama tenta ao máximo deixar a história o mais "pé no chão" e corrida possível, dentro das posibilidades da tecnologia utilizada na trama, o que acaba fazendo com que o filme dificilmente cruze a linha do absurdo a ponto de incomodar. São inúmeros elementos na trama, mas a partir do momento que a correria começa tudo que o filme mostra são os diversos personagens reagindo à correria em si, o que ajuda a dar uma unidade e tornar o filme mais objetivo do que normalmente acontece em filmes dessa categoria.
No fim, o filme trata de assuntos um tanto sérios (principalmente na crítica às relações obscuras e de interesses entre magnatas da tecnologia e governos), que com uma produção um pouco mais rica e com atores melhores, e personagens mais desenvolvidos, poderia render algo que pontuaria bem acima. De qualquer forma, tira nota azul pelo esforço.
Uma Sombra na Nuvem
2.5 145 Assista AgoraEstupros seguidos da suspensão de descrença, roteiro indigente, atuações irregulares, forçação de barra no máximo, e
a forte sensação de que o bebê ficaria melhor sendo cuidado pelo Gremlin do que por aquela mãe falcatrueira.
Bom pra passar raiva e só.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraPor mais que tenha o "selo Nolan de qualidade", dessa vez nem isso foi capaz de fazer esse filme corresponder aos valores de produção, elenco e tecnologia envolvidos. Eis os prós e contras no meu ver:
Prós:
- Conta com o suporte visual e os efeitos especiais utilizados de forma inovadora a serviço da história;
- Teorias de inclinação tecnológica-científica torcendo a realidade, mas também a serviço da história;
- A inventividade narrativa de sempre;
- A trama é bem equilibrada entre o "palatável para qualquer público" e o "explodidor de cérebros".
Contras:
- O filme perde boa parte da atratividade se quem assiste já viu Inception antes;
- Diferente de Inception, em Tenet a teoria na qual o filme se baseia não tem um suporte gráfico/visual tão impressionante de tirar o fôlego (como foi em Inception);
- O protagonista é um personagem apagado, fraco, sem carisma, o que acaba transbordando para a história como um todo;
- Kenneth Branagh até que tenta, mas talvez por conta de um roteiro ruim, talvez por falta de disposição ou entusiasmo, entrega um dos papéis mais constrangedores que já o vi fazer.
- O elenco como um todo funciona bem mal Bons atores ou aparecem pouco ou estão muito abaixo do que podem dar.
- Diferente de Inception, neste filme é quase impossível criar um elo de identificação com os personagens, suas motivações ou sequer torcer para eles, na grande maioria do tempo de tela. São poucos os momentos em que de fato é possível se importar com os destinos da maioria dos personagens apresentados.
Mortal
2.7 28 Assista AgoraSimplesinho mas bonitinho. Embora não seja adequado para competir na arena (muito disputada) dos "filmes de gente com poderes", Mortal tem seu apelo justamente na estética de filme "comum".
Com uma fotografia esperta, o filme explora de maneira muito correta a ligação simbólica que vai se desdobrando entre o protagonista e a terra em que se encontra. Nesse sentido, agrada mais pela atmosfera psicológica e pela descoberta gradual (junto com os próprios personagens) das ligações e respostas para as perguntas propostas no começo da história.
Tirando uma ou outra falha de roteiro
(por exemplo: aquela cena na ponte onde os policiais mirando no Eric NUNCA teriam ficado ali aquele tempo todo, achando que dava pra enfrentar uma tempestade elétrica gigante só com rifles de assalto)
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraSomente um grande trabalho de direção conseguiria traduzir o espírito da embriaguez com tanta sensibilidade, de maneira a fazer quem assiste participar do feeling da coisa. Vinterberg consegue aqui com o álcool um feito semelhante ao que o Aronofsky fez com as drogas em Requiem for a Dream. E ainda consegue fechar tudo de uma maneira humana, empática, carinhosa até. Acaba sendo um elogio às segundas chances, mesmo que pelos meios mais inusitados possíveis.
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0KTalvez seja o filme maior de Wes Anderson até então. De todos dele que assisti, é o filme onde ele consegue mais fazer com que suas "wesandersonzices" trabalhem a favor da história e não apenas da construção do próprio estilo ou de um senso de autocongratulação artística. Uma história com um pouco mais de delicadeza e lirismo que o de costume, com personagens um pouco menos desagradáveis ou desprovidos de empatia que de costume, com um tom mais lúdico que de costume. Junte-se a isso um inegável apuro técnico e o que se tem é um filme peculiaríssimo, e muito mais palatável a um público mais diverso (e não-fãs do diretor) do que outras obras dele, e uma grande peça de cinema.
Maria e João: O Conto das Bruxas
2.6 527Panfletário, pretensioso, enganoso, enviesado e pernóstico. Um desperdício de alguns talentos envolvidos.
O Protótipo
3.2 67 Assista AgoraPrós:
A fotografia, a direção, a parte técnica como um todo são bem caprichadas e trabalham o tempo todo a serviço da história, sem muito showoff e sem necessidade de nada muito mirabolante em termos de efeitos especiais.
Contras:
Por mais que o plot twist tente redimir o filme, sinceramente não compensa a frustração que dá de ver o cara cometendo burrada atrás de burrada enquanto perde tempo construindo (e sendo azucrinado) por robôs pirracentos ao invés de hackear um sistema de backup que não expire tão rápido (ainda mais que tinha prazo pra isso, como vamos descobrindo ao assistir o filme).
Power
3.0 434 Assista AgoraJoseph Gordon-Lewitt, Jamie Foxx e uma grana de efeitos especiais até bons sendo desperdiçados em um verdadeiro lixo. Roteiro forçado e imbecilizado. Glorificação do tráfico de drogas praticado por adolescentes. Apologia explícita a um coitadismo disfarçado de "justiça social". Tudo isso jogado numa história mal contada e cheia de furos narrativos, com momentos cringe de tão mal feitos.
O Diabo de Cada Dia
3.8 1,0K Assista AgoraO filme é ótimo E péssimo.
Ótimo por contar com boas atuações, numa média bem alta e com atores seguros e competentes; e uma direção segura, direção de arte e parte técnica muito bem ajustadas à história que tem pra contar. Além disso, um roteiro correto, que toca o (longo) fime num ritmo que não cansa, sem cair nos frequentes erros e na pobreza de texto que ficaram muito comuns nas produções dessa última década.
E péssimo no sentido do pessimismo mesmo! Por ser talvez um dos filmes mais deprimentes que já assisti. Não é uma desgraceira total no nível do drama insuportável tipo aquele Amaldiçoada (2016) com a Dakota Fanning, nem uma história absurda onde fica claro que o objetivo seja simplesmente chocar ou elevar a barra de "quem faz o filme mais triste". O caso aqui é se tratar de um filme em cuja história em si não há sequer um indício de curva dramática, nenhum momento de respiro, nenhuma compensação ou folga pra algo bom ocorrer. É um relato sofrido de amargura, tristeza, negatividade e desesperança, que vai se desenrolando na tela numa espiral lenta e descendente para um abismo negro e sem fundo. É o mal sutilmente dando porrada no bem o tempo todo até que não sobre nada. O título original em inglês é apropriadíssimo. É o capeta o tempo todo mesmo e pronto.
Só assista se estiver (muito) bem de cabeça.
Caça Mortal
3.0 84 Assista AgoraJamie Lannister bêbado se junta com a mulher do Thomas Shelby em Peaky Blinders.
Ele, um ex-especialista em controle ambiental de espécies, amargurado desde que perdeu a filha, e ela uma policial que se acha a última coca-cola do deserto (no caso, da floresta) mas investiga os crimes igual a cara dela. Ambos tem que cooperar (da maneira menos cooperativa que eu já vi) pra tentarem prender um assassino que bate o recorde de "o criminoso mais quer ser pego no mundo", pois pratica caçada humana numa região onde todo mundo se conhece e com um método absolutamente precário.
Era pra ser um thriller policial/suspense até bom, mas por conta de um roteiro mequetrefe. A cena do balde de tinta (não se preocupe, se você ver, você vai saber qual é) me deu vontade de dar uma surra de botijão de gás no roteirista. Os personagens também foram escritos de forma bem irregular. Embora os atores em si não trabalhem mal, o texto é bem fraco mesmo, dando a eles pouco pra trabalhar em cima. Junte-se isso a algumas tentativas de plot twists altamente deselegantes, feitas com uma mão pesadíssima e também uma direção meio estranha (algumas cenas de luta e perseguição na floresta não fazem o menor sentido - a situação do balde já era ridícula como recurso de roteiro, e a edição avacalhou mais ainda) fazem com que o filme renda muito menos do que deveria render. A história em si não é ruim, a ambientação é adequada, e a produção contou com atores competentes. Mas o roteiro indigente cagou o filme, infelizmente.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraFiquei puto. Os caras conseguem pegar duas atuações excelentes (Willem Dafoe um monstro, como na maioria das vezes, e o Pattinson conseguindo ficar à altura do veterano sem deixar a peteca cair) e um filme belo, visualmente poético, com um rigor técnico e estilístico impecável e desperdiçar tudo isso em um roteiro merda, pretensioso e empata-foda.
Quer falar sobre loucura? Quer fazer um filme sobre um mergulho em espiral às profundezas mais sórdidas da psique humana? Beleza, faz. Mas faz com um roteiro menos jogado, menos "ah, interpreta aí do jeito que tu quiser e foda-se, parceiro".
Uma estrela e meia em respeito ao trabalho do Pattinson e do Dafoe, que tiraram leite de pedra nesse que é um dos filmes mais frustrantes e overrated que vi nos últimos tempos.
Armas em Jogo
3.1 203 Assista AgoraNão importa o quanto a direção de arte, trilha sonora e efeitos especiais "radicais", baseados na estética gamer, tentem disfarçar. Por mais estiloso que seja, o roteiro é fraco, a suspensão de descrença é estuprada (por mais que o filme se proponha absurdo, esse abuso da suspensão cansa em menos de 15 minutos), as tentativas de humor são bem pouco engraçadas, e o desenvolvimento de personagens é pífio.
Talvez o que tenha me desagradado mais é o fato de terem tentado fazer um filme com as mesmas intenções de um Adrenalina (Crank -2006) e não terem conseguido. Por mais que a parte gráfica tenha sido muito competente, os 14 anos que separam os dois filmes deveriam ter ensinado alguma coisa. Se Crank tinha a proposta de ser tão descompromissado e besteirol como esse, com um Jason Statham fazendo as caretas mais loucas de sua carreira, em Guns Akimbo tudo que sobra é o estilo.
Embora o Harry Potter não decepcione na atuação, seu personagem é escrito de forma sofrível, não deixando muito espaço de manobra. E a garota, coitada fazendo o mesmo papel de "a fodona sem explicação" que parece ter um fator de cura mais forte que o do Wolverine, é a mesma do outro filme da noiva que foge, repetitivo que só, (parece que só pra lacrolândia aplaudir) é dose.
Ganha nota só pelo visual, que é matador. O resto, é de jogar no lixo.
Coma - A Dimensão do Futuro
3.1 51 Assista AgoraUma mistura de Matrix com Inception (A Origem), feita na Rússia. À primeira vista, alguém poderia pensar: "pronto, vai ser uma bomba", mas não.
A união de uma direção de arte imaginativa, efeitos visuais competentes e um roteiro e enredo interessantes (na premissa) e enxutos (na execução), conseguem fazer o filme divertir, gerar interesse e prender a atenção. O que pode-se dizer que é mais do que muitas produções hollywoodianas e muito mais badaladas conseguem atualmente. Vale a pena dar uma conferida.
Greyhound: Na Mira do Inimigo
3.3 248 Assista AgoraUm baita filme de guerra. Uma excelente direção e trabalho técnico que consegue criar um clima de tensão e ambientação, naquela linha mais tensa e realista de um Resgate do Soldado Ryan ou um Corações de Ferro.
O ritmo e o clima de tensão é mantido com maestria do início ao fim, sem refresco ao espectador. A natural característica de uma caça a submarino em uma missão de escolta num atlântico norte sombrio e tempestuoso, a fama implacável dos U-Boats alemães, os momentos de indecisão e insegurança do capitão, todos esses elementos são utilizados como peças de precisão em um mecanismo que se ajusta para fazer o filme funcionar bem como um todo.
Outro ponto a se destacar é a magistral utilização de efeitos sonoros precisos, sem exageros de volume ou surpresa a la jumpscare de filme de terror, contribui muito para transmitir a sensação de medo do perigo invisível. Lembrou muito o tratamento sonoro magistral que contribuiu muito para o sucesso da série Chernobyl. A "presença" do submarino alemão traduzida por uma distinta voz que fala ao rádio também é um outro elemento que enriquece demais a dramaticidade da situação, tornando o inimigo invisível mais presente até do que se o tivessem mostrado claramente, numa tomada interna.
Dos mais bem-feitos dos últimos tempos.