O filme não é sobre romance, ele contém personagens que lidam com várias questões amorosas de perda, arrependimento, e apego. Mas a obra em si é muito mais do que isso. A vida com o passar do tempo, relações que te marcam, apego do passado, o dia-a-dia mundano, a dor da perda, e as simples coisas da vida... São algumas coisas que o longa aborda, de forma muito sensível, um retrato mundano da coisas mais belas e desoladoras na vida daqueles personagens.
Drive My Car é baseado nos contos do livro Homens Sem Mulheres, do Haruki Murakami. Quando assisti o trailer, tive uma agradável surpresa ao saber que era uma adaptação do meu conto favorito do livro, pelas imagens parecia ser bem promissor. E o filme entregou!! É uma adaptação belíssima, que não só consegue capturar a essência da obra do Murakami, como também constrói para além do universo imaginado pelo autor. Tanto que, o próprio Murakami não soube identificar o que ele havia escrito originalmente, e o que o diretor mudou ou acrescentou no filme (o livro foi lançado em 2014).
O livro é composto de 7 contos com histórias independentes, mas que abordam a solidão e isolamento que permeiam as relações. O que Ryusuke Hamaguchi fez, foi criar um filme tendo como base um dos contos, e incorporar os demais contos dentro da história que ele desenvolveu. Fiquei muito impressionada com o roteiro, porque ele criou um universo em volta dos protagonistas, acrescentou vários personagens e histórias, mudou a cronologia da obra original, e mesmo assim, se manteve fiel a essência do Murakami. Isso é incrível!
Uma coisa que fiquei pensando enquanto assistia, é que embora Fern vivia sempre seguindo adiante na estrada, em um estilo de vida nômade sem muitas amarras, ao mesmo tempo ela tinha muitos apegos. À sua própria maneira. Como por exemplo o apego aos pratos de seu pai, sua van, e a morte de seu marido pareceu ser algo que ela nunca conseguiu superar. Meu coração doía cada vez que ela se despedia de alguém, por mais breve que o encontro tenha sido. Linda May ganhou meu coração, melhor pessoa. Não se apegar a alguém é muito difícil, mas para Fern, a possibilidade de se permitir sentir apego era algo que ela relutava.
Cassie só conseguiu que os atos violentos de Al fossem investigados e levados com seriedade, depois de bolar um plano para que ele a matasse. A mensagem é clara, acusações feitas por mulheres só são levadas a sério quando se tornam impossíveis de serem ignoradas.
E para os homens que ficaram incomodados com o filme, esse é o ponto, causar desconforto e reflexão sobre algo que afeta a vida de todas as mulheres. A violência contra a mulher geralmente é minimizada ou normalizada, e esse filme só escancara a realidade.
O Que As Pessoas Vão Dizer, foi baseado e escrito na história da diretora Iram Haq, ela realmente foi sequestrada pela família e levada à força para o Paquistão com 14 anos... Eu assisti o filme todo com um sentimento de impotência, de angústia e raiva. É uma história muito triste e ao mesmo tempo necessária, me trouxe um grande desconforto durante o filme todo. Até agora minha garganta está entalada. Um filme muito poderoso.
No final do filme, quando a Nisha foge de casa, fiquei curiosa pra saber o que será que aconteceu depois disso na vida dela. Bom, lendo algumas entrevistas com a diretora do filme, descobri que ela passou muitos anos sem ter contato com a família, e que quando ela decidiu finalmente escrever o script, o pai foi hospitalizado por causa de um câncer e ela decidiu revê-lo de novo. Ele acabou pedindo perdão por tudo que ele tinha feito, e ele incentivou a filha a continuar escrevendo o roteiro. Além disso, eles finalmente conversaram sobre o que ele como pai pensava na época, e como ele via a situação, Iram disse que as coisas que ele compartilhou mudaram a forma que ela tinha até então escrito o roteiro. Uma das coisas que ele mencionou foi o medo do que os outros iriam pensar... O pai acabou falecendo antes do filme ser lançado, mas ele mesmo disse que estaria na première, se estivesse vivo. Fico feliz em saber que depois de quase 30 anos, eles conseguiram conversar sobre o assunto de verdade e ouvir o que o outro tem a dizer. E que no fim deu tudo certo com a jovem que acompanhamos na tela.
Só queria citar uma música que define literalmente esse filme:
"A previsão do tempo diz que o céu fechou Oh oh oh, o poder da vitória vai curar a dor O temporal agora vai cair em mim A chuva da vitória vai reinar no fim
E quem caiu vai levantar e a gente vai vencer Sofrimento acabar e o amor vai crescer Inimigos vão cair ao som desse trovão"
Só vim aqui enaltecer o Asghar Farhadi, que dirigiu um belíssimo filme em uma língua que não fala! Os assuntos abordados no filme são na maioria temas universais, mas o ambiente, a língua e cultura são bem específicos, não consigo nem imaginar o desafio que foi fazer esse filme do ponto de vista dele. Vendo algumas entrevistas, descobri que o Farhadi se mudou 2 anos antes do começo das filmagens para a Espanha, teve aulas de espanhol, decorou todas as falas do filme em espanhol para poder liderar os atores melhor e se comunicava com eles em inglês. Assistindo o filme, você até esquece que o diretor é iraniano, o que mostra que todo esse investimento deu certo e valeu a pena. Pra poucos.
Se eu fosse descrever esse filme eu diria que ele é: visceral, cru, real e necessário. Eu tinha visto o trailer antes de ver o filme, mas não sabia exatamente o que eles iriam abordar e nem pra onde a história caminharia, e posso afirmar que não estava esperando levar uma voadora na alma e nos olhos. Palavras não descrevem as emoções que senti vendo essa obra de arte.
A cena do aniversário da irmã do Julien, aonde ela faz um cover de Proud Mary, música que ficou famosa com a versão de Tina Turner, que também sofreu violência doméstica por mais de 15 anos. A escolha da música com certeza não foi coincidência, e ouvi-lá em uma crescente tensão no filme foi algo paralisador.
Segurei a respiração no último ato do filme, que belo soco no estômago, e as lágrimas só vieram depois que terminei o filme, não foi bonito chorar almoçando.
Os comentários sociais desse filme são simplesmente espetaculares! São tantas críticas em tantos níveis diferentes, que dá vontade de aplaudir. Além disso, a filmografia é tão boa que fiquei xingando o Boots mentalmente durante todo o filme, pqp, que edição, fotografia, elenco, roteiro, iluminação, criatividade... Afe Quando terminei de ver o longa, a sensação que tive é a razão de amar o cinema. Em suma, é por filmes assim que assisto filmes. Se quer uma dica, vá ver Sorry To Bother You, é uma experiência. Uma obra de arte.
Adoro que como por ser um filme com zumbis, as pessoas automaticamente associam à muito sangue, violência e ação. Hahahahah Esse filme me lembrou o começo do filme Extermínio, do Danny Boyle, aonde o protagonista acorda do coma e se encontra sozinho em um mundo pós apocalíptico, mas ele logo encontra outras pessoas, ao contrário desse filme, que escolhe explorar temas como solidão e saúde mental no contexto apocalíptico.
O fato do protagonista não se relacionar com ninguém pessoalmente durante todo filme, é muito interessante, e quebrar essa "monotonia" com fantasias de encontrar outra pessoa de fato foi uma ótima sacada.
Fiquei tensa durante todo o filme, com medo junto com o personagem de morrer a qualquer momento, de não ter mais comida, de manter uma sanidade em meio ao isolamento e estresse, enfim, de manter a humanidade intacta. Confesso que depois que o filme acabou tive várias crises existenciais. Mas isso é só eu.
Ao assistir esse filme, fui transportada às minhas memórias da oitava série, momentos de muita ansiedade, medo, hormônios explodindo, corpo mudando, perda da inocência, e situações sociais normais totalmente assustadoras para uma jovem adolescente. Não consigo nem descrever o tanto de ansiedade que senti junto com a Kayla, vivendo e revivendo momentos da juventude com ela. Vi algumas entrevistas com o Bo, e ele queria desde o princípio criar um filme que retratasse fielmente os jovens da oitava série, e ele conseguiu isso com maestria, ao invés de retratar jovens adolescentes belos com o rosto impecável e com a maturidade de um adulto poeta como nos típicos longas hollywoodianos, os adolescentes aqui tem espinhas, não tem a fala articulada, fazem coisas idiotas (como cheirar caneta), e isso é simplesmente maravilhoso. Gostaria que mais roteiristas tivessem esse olhar atento ao criar personagens, pois segundo o Burnham, na maioria das vezes, os "filmes adolescentes" são feitos para esse público, ao invés de retratar os jovens realisticamente. Preciso comentar mais uma coisa:
Dangal é um filme sobre sucesso e superação, ou melhor, por trás do sucesso. Vemos diariamente relatos de pessoas que admiramos e que são admirados por terem conseguido algo com maestria, mas por vezes esquecemos que por trás de todo sucesso existe um fracasso e por trás do fracasso: superação.
Phogat é um perfeccionista em seus ideais, com o intuito de alcançar seus objetivos ele faz com que suas filhas sigam seus ideais (que vão desde o pensamento ao estilo de vida) e consigam o sucesso. E esse mesmo foco ao sucesso o fez quebrar barreiras de tradição e machismo enraizadas na sociedade.
A transformação física dos atores também impressiona, Aamir começou as gravações gordo e terminou com físico de lutador, e as meninas tiveram treinamento intensivo de luta. Não me admira o fato do filme ter ido tão bem nas bilheterias indianas e ter conquistado recentemente o posto de filme mais visto na China que não seja americano.
A princípio, o que me chamou mais atenção no Noah foi sua habilidade de falar várias línguas e uma língua em vários sotaques diferentes. Além de fazer stand up sem o uso de palavrões, algo que vários comediantes conceituados não conseguem.
O título Afraid Of The Dark faz referência tanto ao medo dos imigrantes, como ao medo literal que o Trevor tem do escuro. As piadas sobre colonização, sobre linguagem e imigração não poderiam ser feitas por outro comediante, o que só mostra como Noah é único.
O Veterano é um filme que retrata a moral daqueles que usam da corrupção para conseguir poder e dinheiro e daqueles que sofrem as consequências. Um filme que retrata a atual corrupção política sul coreana e também um problema global.
A construção dos personagens é interessante, temos o protagonista Do-Cheol que embora tenha uma moral contra a corrupção, ele não é o seu personagem bonzinho e submisso como o Bae. No começo do filme, Do-Cheol disse que prefiria que seu filho batesse nas outras crianças ao apanhar delas, em contraste temos o filho de Bae que é o oposto. Tae-Oh é emocionalmente instável, abusa de poder para suprir suas frustrações e seu pai é do mesmo jeito, ele também prefere bater do que apanhar. Do-Cheol e Tae-Oh embora opostos tem muitas similaridades.
Asim como em Tropa de Elite, aonde os caveiras tem que ter uma moral inabalável e agir duramente para combater os traficantes e corruptos, Do-Cheol que é um policial também tem que ter para combater pessoas como Tae-Oh. Pessoas comuns como Bae não tem chance contra pessoas que abandonam a moral para conseguirem o que querem.
Muitas pessoas quando veem um filme e não gostam, o julgam como um filme ruim. Mas isso não significa que seja.
Nicolas Winding Refn entrou para a lista de diretores controversos como Gaspar Noé e Harmony Korine. Em trabalhos passados, masculinidade transbordava em seus protagonistas como Tom Hardy em Bronson, Ryan Goslin em Drive e Only God Forgives e Mads Mikkelsen em Valhalla Rising. Em Neon Demon os personagens masculinos são secundários e há uma inversão de papéis interessante ao enganar o telespectador induzindo o a achar que há perigo nas figuras masculinas.
Refn não gosta de contar uma história através diálogos autoexplicativos e história mastigada, ele usa cores e música para intensificar as emoções dos personagens, ele valoriza a atuação acreditando que mesmo não havendo diálogos, ações dirão muito mais que palavras. A fotografia de Neon Demon é inegavelmente bela, e curiosamente Refn é daltônico.
De um certa forma, Neon Demon acaba se tornando uma reflexão do próprio Refn. Assim como Jesse vive de sua beleza, Refn também vive da beleza de seus filmes e é julgado superficialmente por isso.
Filmes de vingança geralmente tem protagonistas que sofrem algum trauma, e são transformados em anti-heróis. E apesar dos crimes que os mesmos podem cometer, eles ainda são os mocinhos da história. Mas em Badlapur isso não acontece. O protagonista não é mocinho e nem anti-herói, e o Liak também não é mocinho nem vilão. O filme conta uma história por uma perspectiva neutra e deixa o telespectador tirar as próprias conclusões.
Interessante notar que no começo do filme todos tinham seus objetivos, mas no fim ninguém conseguiu realizá-los.
Raghu queria justiça através de vingança, Liak queria escapar do sofrimento de sua vida e fugir com Jhimli, a mãe de Liak queria vê-lo livre e o policial queria se aproveitar da situação e ganhar dinheiro fácil.
O documentário me ganhou na simples e brilhante sacada da abertura, em que narra com uma voz estereotipada o título e o nomes das empresas. O filme é um relato bem pessoal do diretor David Thorpe, o que começa como uma curiosidade acaba se tornando uma jornada em busca pela autoconfiança e coragem. É um filme super leve e divertido sobre um assunto que passa despercebido em nossas vidas. Sobre a presunção que muitas vezes fazemos sobre outros baseado somente em característica estereotipadas.
Não sabia o que esperar deste documentário, o que primeiramente começou pela curiosidade pelo bizarro se tornou um documentário obscuro sobre poder e manipulação.
A princípio rola uma dúvida se o documentário é mesmo real e o que de tão chocante há nessa história bizarra, mas isso antes de ver o documentário. E depois que o mesmo acaba o sentimento de incredibilidade e choque prevalece, dando espaço para pesquisas no google. Além da confirmação de tudo ser tão real e continuar acontecendo já que ninguém foi punido é incrivelmente surpreendente.
Recomendo assistir esse filme sem a informação de nenhum tipo de spoiler, já que isso estragaria a tensão do filme.
Não sei se só eu fiquei com essa impressão, mas se tratando de um filme do Studio Ghibli existem certas expectativas que criamos indiretamente antes de assistir o filme. Hayao Miyazaki é o grande nome por trás de Ghibli e vários de seus filmes são certamente os mais conhecidos, Hayao tem uma fórmula pelicular de fazer animação que com o passar dos anos amadureceu em um estilo específico. Seus filmes são repletos de personagens complexos e com uma humanidade que transparece da tela, com cenários e fotografias que são pura arte, e a exploração de personagens que em filmes da Disney seriam vilões mas que são tão complexos quanto qualquer outro, sem falar em seu amor pela natureza e pela libertação de seus personagens que frequentemente vemos simbolicamente voando.
Acho que o motivo de algumas pessoas acharem que essa animação é inferior comparada a outras animações do Studio Ghibli é justamente essa comparação. O fato da personagem Haru ser tão unidimensional, ou a duração do filme ter sido tão curta a ponto de nos deixar decepcionados pela falta de uma grande aventura que mudaria a vida de todos.
Achei muito interessante explorarem coisas simples em uma casa que vista pelos olhos dos personagens se transforma em seu pequeno grande mundo. O filme é repleto de simplicidades, assim como quem assiste se apaixona por cada uma.
Acho que nunca tive uma reação tão forte vendo um filme como tive quando assisti Túmulo dos Vagalumes. Chorei e fiquei muito emocionada em várias partes do filme, e mesmo depois dele ter acabado eu ainda chorei no chuveiro e antes de dormir. Isso nunca aconteceu antes, não sou de chorar e geralmente quando choro em filmes é a famosa 1 lágrima que cai de um olho só.
Mas a verdade é que esse filme destruiu meu coração, pois retrata o passado não tão distante dos meus antepassados. Meus avós japoneses vieram para o Brasil na segunda guerra mundial, fugindo dos horrores da guerra e tentando começar uma vida nova. Lembro da minha avó dizendo que veio ao Brasil quando tinha 8 anos, infelizmente não sei muito sobre como ela cresceu ou como foi aquela época, já que ela faleceu há pouco tempo.
Embora o filme retrate um período específico, sua história é tão atual como nunca. Quantas guerras aconteceram antes e ainda continuam acontecendo no presente, quantos inocentes morreram e continuam a morrer por ganancia de poder por aqueles no comando?
O que muitos não sabem é que Beleza Americana foi feito primeiramente para ser um filme completamente diferente, um suspense da morte de Lester. As expectativas de uma ideia antes de fazer um filme por parte dos criadores se contrasta com a realidade do filme propriamente feito. Depois de muita discussão, eles decidiram cortar 27 páginas do roteiro original e sem mencionar horas de material gravado para nos presentear com essa obra prima.
Nessas 27 páginas, eles cortaram o começo do filme que deveria começar com Ricky encarcerado e o julgamento de Jane, pois os dois eram as principais suspeitas do assassinado de Lester. O coronel depois entrega o vídeo em que os dois conspiram para o assassinado de Lester para a polícia. Outra coisa que cortaram do filme foi o motivo do Coronel ter ficado bravo por Ricky ter mexido nas coisas dele, ele guardava uma foto de quando era jovem com um outro homem. No filme não ficamos sabendo da verdadeira identidade do Coronel até o final do filme, pois não se sabe muito sobre o personagem.
Lester foi com certeza o meu personagem favorito, e Kevin Space fez um trabalho espetacular e teve uma ótima leitura do personagem.
"Meu trabalho consiste em basicamente mascarar meu desprezo para os idiotas no comando. E pelo menos uma vez por dia ir no banheiro masculino para me masturbar enquanto fantasio sobre uma vida que não se assemelhe ao inferno".
Embora Boy seja um filme leve e engraçado, passa quase despercebido o fato de que a história de Boy/Little Shogun poderia muito bem ser retratada em um filme de drama. O filme explora a inocência infantil perante assuntos tão delicados e adultos.
" -Isto foi uma conspiração contra mim. -É por que você é gay? -Como alguém pode descrever meus sentimentos em três letras? É como poesia... Emocional. Algo que é profundo. Uma urgência incontrolável."
Até 2009 era ilegal ser homossexual na Índia, devido a uma lei que criminalizava atos sexuais contra a ordem da natureza.
Aligarh conta a história real de Siras, um professor respeitado de marata em uma das melhores universidades do país. Prestes a ser promovido e faltando poucos meses para sua aposentadoria, Siras é demitido com alegações de ir contra os princípios morais de sua universidade devido a sua preferência sexual. No filme dois homens invadem sua casa e o filmam tendo relações com outro homem. No dia seguinte as imagens são divulgadas pela mídia e assim começa a jornada de Siras contra a injustiça e preconceito.
O personagem Siras e o contexto em que o mesmo se encontrava me lembrou de Lucas do filme A Caça, ambos passam por injustiças imorais, ambos são pessoas normais e com personalidades reprimidas e que perderam todo o respeito que tinham da sociedade ao redor.
Alguns fatos são mostrados como críticas a cultura indiana conservadora. Como pessoas independentemente de sua classe social ou educação acabam naturalmente tendo uma moral machista, ou como o ato de gravar uma pessoa em seu ato íntimo não é imoral ou desrespeitoso mesmo a vida daqueles gravados sendo praticamente mergulhada em humilhação e desrespeito.
O filme estreou em Busan International Film Festival e foi aplaudido de pé no final. Aligarh não é como nenhum outro filme de bollywood que eu já assisti até hoje devido a sua maturidade e seriedade, ele te leva em uma jornada em que você sente empatia pelo personagem e também sente suas dores e injustiças, no final há um sentimento geral de tristeza e perca de fé pela humanidade. Mas o assunto com que essa biografia lida, incentiva quem vê a refletir sobre o assunto e discutir sobre a discriminação e intolerância no mundo moderno.
Não tem nem o que falar da excelente atuação! Tanto do protagonista Manoj Bajpayee, como de Rajkummar Rao que interpreta um jornalista e dá um show de carisma no meio de um mundo imoralmente corrupto.
Drive My Car
3.8 382 Assista AgoraO filme não é sobre romance, ele contém personagens que lidam com várias questões amorosas de perda, arrependimento, e apego. Mas a obra em si é muito mais do que isso. A vida com o passar do tempo, relações que te marcam, apego do passado, o dia-a-dia mundano, a dor da perda, e as simples coisas da vida... São algumas coisas que o longa aborda, de forma muito sensível, um retrato mundano da coisas mais belas e desoladoras na vida daqueles personagens.
Drive My Car é baseado nos contos do livro Homens Sem Mulheres, do Haruki Murakami. Quando assisti o trailer, tive uma agradável surpresa ao saber que era uma adaptação do meu conto favorito do livro, pelas imagens parecia ser bem promissor. E o filme entregou!! É uma adaptação belíssima, que não só consegue capturar a essência da obra do Murakami, como também constrói para além do universo imaginado pelo autor. Tanto que, o próprio Murakami não soube identificar o que ele havia escrito originalmente, e o que o diretor mudou ou acrescentou no filme (o livro foi lançado em 2014).
O livro é composto de 7 contos com histórias independentes, mas que abordam a solidão e isolamento que permeiam as relações. O que Ryusuke Hamaguchi fez, foi criar um filme tendo como base um dos contos, e incorporar os demais contos dentro da história que ele desenvolveu. Fiquei muito impressionada com o roteiro, porque ele criou um universo em volta dos protagonistas, acrescentou vários personagens e histórias, mudou a cronologia da obra original, e mesmo assim, se manteve fiel a essência do Murakami. Isso é incrível!
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraUma coisa que fiquei pensando enquanto assistia, é que embora Fern vivia sempre seguindo adiante na estrada, em um estilo de vida nômade sem muitas amarras, ao mesmo tempo ela tinha muitos apegos. À sua própria maneira. Como por exemplo o apego aos pratos de seu pai, sua van, e a morte de seu marido pareceu ser algo que ela nunca conseguiu superar.
Meu coração doía cada vez que ela se despedia de alguém, por mais breve que o encontro tenha sido. Linda May ganhou meu coração, melhor pessoa. Não se apegar a alguém é muito difícil, mas para Fern, a possibilidade de se permitir sentir apego era algo que ela relutava.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraCassie só conseguiu que os atos violentos de Al fossem investigados e levados com seriedade, depois de bolar um plano para que ele a matasse. A mensagem é clara, acusações feitas por mulheres só são levadas a sério quando se tornam impossíveis de serem ignoradas.
E para os homens que ficaram incomodados com o filme, esse é o ponto, causar desconforto e reflexão sobre algo que afeta a vida de todas as mulheres. A violência contra a mulher geralmente é minimizada ou normalizada, e esse filme só escancara a realidade.
O Que As Pessoas Vão Dizer
4.0 44O Que As Pessoas Vão Dizer, foi baseado e escrito na história da diretora Iram Haq, ela realmente foi sequestrada pela família e levada à força para o Paquistão com 14 anos... Eu assisti o filme todo com um sentimento de impotência, de angústia e raiva. É uma história muito triste e ao mesmo tempo necessária, me trouxe um grande desconforto durante o filme todo. Até agora minha garganta está entalada. Um filme muito poderoso.
No final do filme, quando a Nisha foge de casa, fiquei curiosa pra saber o que será que aconteceu depois disso na vida dela. Bom, lendo algumas entrevistas com a diretora do filme, descobri que ela passou muitos anos sem ter contato com a família, e que quando ela decidiu finalmente escrever o script, o pai foi hospitalizado por causa de um câncer e ela decidiu revê-lo de novo. Ele acabou pedindo perdão por tudo que ele tinha feito, e ele incentivou a filha a continuar escrevendo o roteiro.
Além disso, eles finalmente conversaram sobre o que ele como pai pensava na época, e como ele via a situação, Iram disse que as coisas que ele compartilhou mudaram a forma que ela tinha até então escrito o roteiro. Uma das coisas que ele mencionou foi o medo do que os outros iriam pensar... O pai acabou falecendo antes do filme ser lançado, mas ele mesmo disse que estaria na première, se estivesse vivo.
Fico feliz em saber que depois de quase 30 anos, eles conseguiram conversar sobre o assunto de verdade e ouvir o que o outro tem a dizer. E que no fim deu tudo certo com a jovem que acompanhamos na tela.
A Odisseia dos Tontos
3.8 164Só queria citar uma música que define literalmente esse filme:
"A previsão do tempo diz que o céu fechou
Oh oh oh, o poder da vitória vai curar a dor
O temporal agora vai cair em mim
A chuva da vitória vai reinar no fim
E quem caiu vai levantar e a gente vai vencer
Sofrimento acabar e o amor vai crescer
Inimigos vão cair ao som desse trovão"
Manzi sentiu o rajadão.
A Máscara em que Você Vive
4.5 201O mundo, as pessoas e nossos problemas socioculturais fazem mais sentido depois de ver esse documentário, bem esclarecedor.
Todos Já Sabem
3.4 216 Assista AgoraSó vim aqui enaltecer o Asghar Farhadi, que dirigiu um belíssimo filme em uma língua que não fala! Os assuntos abordados no filme são na maioria temas universais, mas o ambiente, a língua e cultura são bem específicos, não consigo nem imaginar o desafio que foi fazer esse filme do ponto de vista dele.
Vendo algumas entrevistas, descobri que o Farhadi se mudou 2 anos antes do começo das filmagens para a Espanha, teve aulas de espanhol, decorou todas as falas do filme em espanhol para poder liderar os atores melhor e se comunicava com eles em inglês. Assistindo o filme, você até esquece que o diretor é iraniano, o que mostra que todo esse investimento deu certo e valeu a pena. Pra poucos.
Custódia
4.2 157Se eu fosse descrever esse filme eu diria que ele é: visceral, cru, real e necessário. Eu tinha visto o trailer antes de ver o filme, mas não sabia exatamente o que eles iriam abordar e nem pra onde a história caminharia, e posso afirmar que não estava esperando levar uma voadora na alma e nos olhos. Palavras não descrevem as emoções que senti vendo essa obra de arte.
A cena do aniversário da irmã do Julien, aonde ela faz um cover de Proud Mary, música que ficou famosa com a versão de Tina Turner, que também sofreu violência doméstica por mais de 15 anos. A escolha da música com certeza não foi coincidência, e ouvi-lá em uma crescente tensão no filme foi algo paralisador.
Segurei a respiração no último ato do filme, que belo soco no estômago, e as lágrimas só vieram depois que terminei o filme, não foi bonito chorar almoçando.
Desculpe Te Incomodar
3.8 275Os comentários sociais desse filme são simplesmente espetaculares! São tantas críticas em tantos níveis diferentes, que dá vontade de aplaudir. Além disso, a filmografia é tão boa que fiquei xingando o Boots mentalmente durante todo o filme, pqp, que edição, fotografia, elenco, roteiro, iluminação, criatividade... Afe
Quando terminei de ver o longa, a sensação que tive é a razão de amar o cinema. Em suma, é por filmes assim que assisto filmes.
Se quer uma dica, vá ver Sorry To Bother You, é uma experiência. Uma obra de arte.
A Noite Devorou o Mundo
3.2 362 Assista AgoraAdoro que como por ser um filme com zumbis, as pessoas automaticamente associam à muito sangue, violência e ação. Hahahahah
Esse filme me lembrou o começo do filme Extermínio, do Danny Boyle, aonde o protagonista acorda do coma e se encontra sozinho em um mundo pós apocalíptico, mas ele logo encontra outras pessoas, ao contrário desse filme, que escolhe explorar temas como solidão e saúde mental no contexto apocalíptico.
O fato do protagonista não se relacionar com ninguém pessoalmente durante todo filme, é muito interessante, e quebrar essa "monotonia" com fantasias de encontrar outra pessoa de fato foi uma ótima sacada.
Fiquei tensa durante todo o filme, com medo junto com o personagem de morrer a qualquer momento, de não ter mais comida, de manter uma sanidade em meio ao isolamento e estresse, enfim, de manter a humanidade intacta.
Confesso que depois que o filme acabou tive várias crises existenciais. Mas isso é só eu.
Oitava Série
3.8 336 Assista AgoraAo assistir esse filme, fui transportada às minhas memórias da oitava série, momentos de muita ansiedade, medo, hormônios explodindo, corpo mudando, perda da inocência, e situações sociais normais totalmente assustadoras para uma jovem adolescente. Não consigo nem descrever o tanto de ansiedade que senti junto com a Kayla, vivendo e revivendo momentos da juventude com ela.
Vi algumas entrevistas com o Bo, e ele queria desde o princípio criar um filme que retratasse fielmente os jovens da oitava série, e ele conseguiu isso com maestria, ao invés de retratar jovens adolescentes belos com o rosto impecável e com a maturidade de um adulto poeta como nos típicos longas hollywoodianos, os adolescentes aqui tem espinhas, não tem a fala articulada, fazem coisas idiotas (como cheirar caneta), e isso é simplesmente maravilhoso. Gostaria que mais roteiristas tivessem esse olhar atento ao criar personagens, pois segundo o Burnham, na maioria das vezes, os "filmes adolescentes" são feitos para esse público, ao invés de retratar os jovens realisticamente.
Preciso comentar mais uma coisa:
e o coração na mão durante aquela cena no carro?! Assistir aquela cena sabendo pra onde ela poderia ter ido foi de segurar o fôlego.
Dangal
4.2 64Dangal é um filme sobre sucesso e superação, ou melhor, por trás do sucesso. Vemos diariamente relatos de pessoas que admiramos e que são admirados por terem conseguido algo com maestria, mas por vezes esquecemos que por trás de todo sucesso existe um fracasso e por trás do fracasso: superação.
Phogat é um perfeccionista em seus ideais, com o intuito de alcançar seus objetivos ele faz com que suas filhas sigam seus ideais (que vão desde o pensamento ao estilo de vida) e consigam o sucesso. E esse mesmo foco ao sucesso o fez quebrar barreiras de tradição e machismo enraizadas na sociedade.
A transformação física dos atores também impressiona, Aamir começou as gravações gordo e terminou com físico de lutador, e as meninas tiveram treinamento intensivo de luta. Não me admira o fato do filme ter ido tão bem nas bilheterias indianas e ter conquistado recentemente o posto de filme mais visto na China que não seja americano.
Querida Vida
3.9 29 Assista Agora"Não deixe o passado subornar o seu presente... para arruinar um futuro lindo".
Trevor Noah: Afraid of the Dark
3.8 12 Assista AgoraA princípio, o que me chamou mais atenção no Noah foi sua habilidade de falar várias línguas e uma língua em vários sotaques diferentes. Além de fazer stand up sem o uso de palavrões, algo que vários comediantes conceituados não conseguem.
O título Afraid Of The Dark faz referência tanto ao medo dos imigrantes, como ao medo literal que o Trevor tem do escuro. As piadas sobre colonização, sobre linguagem e imigração não poderiam ser feitas por outro comediante, o que só mostra como Noah é único.
O Veterano
3.7 28 Assista AgoraO Veterano é um filme que retrata a moral daqueles que usam da corrupção para conseguir poder e dinheiro e daqueles que sofrem as consequências. Um filme que retrata a atual corrupção política sul coreana e também um problema global.
A construção dos personagens é interessante, temos o protagonista Do-Cheol que embora tenha uma moral contra a corrupção, ele não é o seu personagem bonzinho e submisso como o Bae. No começo do filme, Do-Cheol disse que prefiria que seu filho batesse nas outras crianças ao apanhar delas, em contraste temos o filho de Bae que é o oposto. Tae-Oh é emocionalmente instável, abusa de poder para suprir suas frustrações e seu pai é do mesmo jeito, ele também prefere bater do que apanhar. Do-Cheol e Tae-Oh embora opostos tem muitas similaridades.
Asim como em Tropa de Elite, aonde os caveiras tem que ter uma moral inabalável e agir duramente para combater os traficantes e corruptos, Do-Cheol que é um policial também tem que ter para combater pessoas como Tae-Oh. Pessoas comuns como Bae não tem chance contra pessoas que abandonam a moral para conseguirem o que querem.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraMuitas pessoas quando veem um filme e não gostam, o julgam como um filme ruim. Mas isso não significa que seja.
Nicolas Winding Refn entrou para a lista de diretores controversos como Gaspar Noé e Harmony Korine. Em trabalhos passados, masculinidade transbordava em seus protagonistas como Tom Hardy em Bronson, Ryan Goslin em Drive e Only God Forgives e Mads Mikkelsen em Valhalla Rising. Em Neon Demon os personagens masculinos são secundários e há uma inversão de papéis interessante ao enganar o telespectador induzindo o a achar que há perigo nas figuras masculinas.
Refn não gosta de contar uma história através diálogos autoexplicativos e história mastigada, ele usa cores e música para intensificar as emoções dos personagens, ele valoriza a atuação acreditando que mesmo não havendo diálogos, ações dirão muito mais que palavras. A fotografia de Neon Demon é inegavelmente bela, e curiosamente Refn é daltônico.
De um certa forma, Neon Demon acaba se tornando uma reflexão do próprio Refn. Assim como Jesse vive de sua beleza, Refn também vive da beleza de seus filmes e é julgado superficialmente por isso.
Badlapur
3.8 3Filmes de vingança geralmente tem protagonistas que sofrem algum trauma, e são transformados em anti-heróis. E apesar dos crimes que os mesmos podem cometer, eles ainda são os mocinhos da história.
Mas em Badlapur isso não acontece. O protagonista não é mocinho e nem anti-herói, e o Liak também não é mocinho nem vilão. O filme conta uma história por uma perspectiva neutra e deixa o telespectador tirar as próprias conclusões.
Interessante notar que no começo do filme todos tinham seus objetivos, mas no fim ninguém conseguiu realizá-los.
Raghu queria justiça através de vingança, Liak queria escapar do sofrimento de sua vida e fugir com Jhimli, a mãe de Liak queria vê-lo livre e o policial queria se aproveitar da situação e ganhar dinheiro fácil.
Do I Sound Gay?
3.5 6O documentário me ganhou na simples e brilhante sacada da abertura, em que narra com uma voz estereotipada o título e o nomes das empresas.
O filme é um relato bem pessoal do diretor David Thorpe, o que começa como uma curiosidade acaba se tornando uma jornada em busca pela autoconfiança e coragem.
É um filme super leve e divertido sobre um assunto que passa despercebido em nossas vidas. Sobre a presunção que muitas vezes fazemos sobre outros baseado somente em característica estereotipadas.
Tickled
3.8 101Não sabia o que esperar deste documentário, o que primeiramente começou pela curiosidade pelo bizarro se tornou um documentário obscuro sobre poder e manipulação.
A princípio rola uma dúvida se o documentário é mesmo real e o que de tão chocante há nessa história bizarra, mas isso antes de ver o documentário. E depois que o mesmo acaba o sentimento de incredibilidade e choque prevalece, dando espaço para pesquisas no google. Além da confirmação de tudo ser tão real e continuar acontecendo já que ninguém foi punido é incrivelmente surpreendente.
Recomendo assistir esse filme sem a informação de nenhum tipo de spoiler, já que isso estragaria a tensão do filme.
O Mundo dos Pequeninos
4.2 652 Assista AgoraNão sei se só eu fiquei com essa impressão, mas se tratando de um filme do Studio Ghibli existem certas expectativas que criamos indiretamente antes de assistir o filme. Hayao Miyazaki é o grande nome por trás de Ghibli e vários de seus filmes são certamente os mais conhecidos, Hayao tem uma fórmula pelicular de fazer animação que com o passar dos anos amadureceu em um estilo específico. Seus filmes são repletos de personagens complexos e com uma humanidade que transparece da tela, com cenários e fotografias que são pura arte, e a exploração de personagens que em filmes da Disney seriam vilões mas que são tão complexos quanto qualquer outro, sem falar em seu amor pela natureza e pela libertação de seus personagens que frequentemente vemos simbolicamente voando.
Acho que o motivo de algumas pessoas acharem que essa animação é inferior comparada a outras animações do Studio Ghibli é justamente essa comparação. O fato da personagem Haru ser tão unidimensional, ou a duração do filme ter sido tão curta a ponto de nos deixar decepcionados pela falta de uma grande aventura que mudaria a vida de todos.
Achei muito interessante explorarem coisas simples em uma casa que vista pelos olhos dos personagens se transforma em seu pequeno grande mundo. O filme é repleto de simplicidades, assim como quem assiste se apaixona por cada uma.
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KAcho que nunca tive uma reação tão forte vendo um filme como tive quando assisti Túmulo dos Vagalumes. Chorei e fiquei muito emocionada em várias partes do filme, e mesmo depois dele ter acabado eu ainda chorei no chuveiro e antes de dormir. Isso nunca aconteceu antes, não sou de chorar e geralmente quando choro em filmes é a famosa 1 lágrima que cai de um olho só.
Mas a verdade é que esse filme destruiu meu coração, pois retrata o passado não tão distante dos meus antepassados. Meus avós japoneses vieram para o Brasil na segunda guerra mundial, fugindo dos horrores da guerra e tentando começar uma vida nova. Lembro da minha avó dizendo que veio ao Brasil quando tinha 8 anos, infelizmente não sei muito sobre como ela cresceu ou como foi aquela época, já que ela faleceu há pouco tempo.
Embora o filme retrate um período específico, sua história é tão atual como nunca. Quantas guerras aconteceram antes e ainda continuam acontecendo no presente, quantos inocentes morreram e continuam a morrer por ganancia de poder por aqueles no comando?
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraO que muitos não sabem é que Beleza Americana foi feito primeiramente para ser um filme completamente diferente, um suspense da morte de Lester.
As expectativas de uma ideia antes de fazer um filme por parte dos criadores se contrasta com a realidade do filme propriamente feito. Depois de muita discussão, eles decidiram cortar 27 páginas do roteiro original e sem mencionar horas de material gravado para nos presentear com essa obra prima.
Nessas 27 páginas, eles cortaram o começo do filme que deveria começar com Ricky encarcerado e o julgamento de Jane, pois os dois eram as principais suspeitas do assassinado de Lester. O coronel depois entrega o vídeo em que os dois conspiram para o assassinado de Lester para a polícia.
Outra coisa que cortaram do filme foi o motivo do Coronel ter ficado bravo por Ricky ter mexido nas coisas dele, ele guardava uma foto de quando era jovem com um outro homem. No filme não ficamos sabendo da verdadeira identidade do Coronel até o final do filme, pois não se sabe muito sobre o personagem.
Lester foi com certeza o meu personagem favorito, e Kevin Space fez um trabalho espetacular e teve uma ótima leitura do personagem.
"Meu trabalho consiste em basicamente mascarar meu desprezo para os idiotas no comando. E pelo menos uma vez por dia ir no banheiro masculino para me masturbar enquanto fantasio sobre uma vida que não se assemelhe ao inferno".
Boy
3.9 79 Assista AgoraEmbora Boy seja um filme leve e engraçado, passa quase despercebido o fato de que a história de Boy/Little Shogun poderia muito bem ser retratada em um filme de drama. O filme explora a inocência infantil perante assuntos tão delicados e adultos.
E vamos concordar que Rocky é a melhor pessoa!
Aligarh
3.9 5" -Isto foi uma conspiração contra mim.
-É por que você é gay?
-Como alguém pode descrever meus sentimentos em três letras? É como poesia... Emocional. Algo que é profundo. Uma urgência incontrolável."
Até 2009 era ilegal ser homossexual na Índia, devido a uma lei que criminalizava atos sexuais contra a ordem da natureza.
Aligarh conta a história real de Siras, um professor respeitado de marata em uma das melhores universidades do país. Prestes a ser promovido e faltando poucos meses para sua aposentadoria, Siras é demitido com alegações de ir contra os princípios morais de sua universidade devido a sua preferência sexual. No filme dois homens invadem sua casa e o filmam tendo relações com outro homem. No dia seguinte as imagens são divulgadas pela mídia e assim começa a jornada de Siras contra a injustiça e preconceito.
O personagem Siras e o contexto em que o mesmo se encontrava me lembrou de Lucas do filme A Caça, ambos passam por injustiças imorais, ambos são pessoas normais e com personalidades reprimidas e que perderam todo o respeito que tinham da sociedade ao redor.
Alguns fatos são mostrados como críticas a cultura indiana conservadora. Como pessoas independentemente de sua classe social ou educação acabam naturalmente tendo uma moral machista, ou como o ato de gravar uma pessoa em seu ato íntimo não é imoral ou desrespeitoso mesmo a vida daqueles gravados sendo praticamente mergulhada em humilhação e desrespeito.
O filme estreou em Busan International Film Festival e foi aplaudido de pé no final.
Aligarh não é como nenhum outro filme de bollywood que eu já assisti até hoje devido a sua maturidade e seriedade, ele te leva em uma jornada em que você sente empatia pelo personagem e também sente suas dores e injustiças, no final há um sentimento geral de tristeza e perca de fé pela humanidade. Mas o assunto com que essa biografia lida, incentiva quem vê a refletir sobre o assunto e discutir sobre a discriminação e intolerância no mundo moderno.
Não tem nem o que falar da excelente atuação! Tanto do protagonista Manoj Bajpayee, como de Rajkummar Rao que interpreta um jornalista e dá um show de carisma no meio de um mundo imoralmente corrupto.