Mad Men é um ser vivo, você precisa ser compreensível: é como um parente que você tem que aprender a lidar no convívio. Vai da morbidez à felicidade e da tristeza à esperança (porque você ri, chora e não encontra indiferença com nada nem ninguém). Só dá pra pensar "o que foi que eu acabei de assistir?".
Eu acho que é um daqueles filmes que te fazem pensar de forma diferente com relação ao cinema. Não é aquele filme que vai te entregar os sentimentos, não vai te entregar os detalhes sobre tudo, você não vai ser onisciente, o filme não é sobre você, é sobre tudo menos você, enquanto espectador.
Um bom exemplo disso são as lacunas entre as passagens do tempo: seja pelo que acontece com o cara da parte da cadeira, seja com a mãe dele e sobre se ela realmente se prostituiu, como ela largou o vício, o que ela faz no asilo, seja sobre a morte de Juan e etc.
É normal nós sermos colocados em uma posição desconfortável por não termos o conhecimento de tudo que acontece na história, mais desconfortável que isso só o fato de ficarmos com o nó na garganta durante o filme inteiro por perceber tudo que acontece ao redor do protagonista (até porque, Moonlight é um filme calado, é um filme que só fala quando explode, é um filme que nos faz sofrer no silêncio, assim como Chiron sofre). Acho que é o filme mais intimista que o debate sobre marginalização requer. Assim como Boyhood, é um filme que talvez seja monótono para algumas pessoas por ser real, o intuito não é ser um filme fácil, a vida não é fácil, a vida é da forma como esses dois filmes mostram: monótona e imprevisível. Por esses motivos Moonlight é sincero, e cada cena não se propõe a ser mais que simplesmente sincera.
Algumas cenas perfeitas, na minha opinião, foram como Chiron, mesmo se mostrando um cara crescido e forte parece vulnerável quando fala que Kevin foi "o único cara que tocou ele", como ele se mostra vulnerável quando chora com a mãe, a forma como, mesmo ele estando totalmente diferente, ainda é a mesma pessoa, a cena da cadeira que você sabe que ele foi determinado a fazer algo a respeito de tudo que vinha acontecendo e fodam-se as consequências. Por último, as duas cenas com o Mahershala Ali, tanto a da praia quando a sobre "o que é 'boiola'?".
PS: nada do que eu fale vai passar a sutileza que o filme tem. É como se ele fosse tão simples e falasse com tão pouco que não se consegue passar para outras pessoas com palavras o quão pesado ele é mesmo que seja tão minimalista (inclusive por isso eu decidi falar algo sobre ele mas passei um bom tempo sem saber o que dizer).
Se tem alguém que entendeu o que significa ser um artista, esse alguém foi Damien Chazelle. Pra todo mundo que está falando que o filme "não é lá essas coisas" e que o roteiro "é clichê", provavelmente não entendeu o filme no contexto da obra do roteirista. Depois de "Whiplash" que é, basicamente, uma demonstração daquilo que é arrancar a pele pela música, pela arte, dar a vida para ser o melhor e conseguir provar pra todo mundo que é capaz, La La Land é, basicamente, a mesma coisa, só que com um toque muito mais "Welcome To The Machine" do Pink Floyd. Na canção, a banda inglesa fala sobre a forma como os músicos são sugados pela indústria, em como você tem que ser, basicamente, um músico de aluguel (o que é engraçado porque mais tarde o tecladista da banda seria demitido como membro e contratado como músico de aluguel, o que demonstra um egocentrismo enorme de Roger Waters, mas essa história são mais 500). La La Land é sobre como nós, enquanto seres humanos, temos sonhos, impressões da realidade, motivações e como isso tudo é menosprezado por aqueles que querem só que você seja mais um no meio da multidão. La La Land é um filme de academia criticando a própria forma que os artistas se organizam para terem que agradar uma academia retrógrada, conservadora, injusta e que não admite estar errada (seja com o fato de o Kubrick não ter recebido um Oscar, ou de Rocky ter vencido de Taxi Driver em melhor filme, ou de como George Miller não ganhou melhor diretor por Mad Max: Estrada da Fúria).
Inclusive, um ponto altíssimo do filme é como o diretor consegue incorporar na narrativa visual o desconforto de ter alguém chorando, atuando para diversas pessoas desinteressadas que interrompem a atuação para atender o celular, receber comida ou fazer qualquer outra coisa que não esteja nem um pouco relacionada à arte.
Além disso, o filme demonstra a chatice de quem quer fazer a arte pela arte, se achando superior às pessoas que não consomem a arte de uma forma mais complexa como o Jazz raiz, o que faz a mesa girar e critica todos os lados possíveis dessa história da indústria do entretenimento.
Pizzolatto é um gênio. Primeiramente, não há como comparar a primeira com a segunda temporada, as influências fundamentais são explicitamente diferentes, e enquanto a primeira flerta o suficiente com o ocultismo e com a filosofia niilista, a segunda tem influências diretas do mundo Noir e dos quadrinhos Pulp do meio tempo entre a Era de Ouro e de Prata. Não só o clima da segunda temporada se desenvolve de forma semelhante aos quadrinhos policiais, sua narrativa acontece de forma mais devagar e com uma linearidade incrível, cada peça que falta pra estória se completar vai sendo entregue aos poucos e talvez por isso tenha sido uma narrativa tediosa para algumas pessoas que se acostumaram com a narrativa mais rápida com fluxos de consciência da primeira temporada, até as atuações, por exemplo, eram mais características para o gênero policial, sem questionamentos filosóficos ou existenciais. Os personagens foram todos muito bem explorados, tanto o roteiro quanto as atuações deram conta muito bem de entregar uma sensibilidade incrível (atuações essas que eu de início achei que seria difícil de encontrar). Na questão da direção, a série pecou um pouco na minha opinião, talvez por não trazer algo que chegue aos pés do que Fukunaga poderia ter feito, mas isso deve envolver questões como orçamento (a primeira temporada foi toda filmada em analógico e com cenas aéreas feitas com helicóptero) e decisões internas, mas no final a direção da primeira foi anos luz na frente da segunda. Acho que esse é o único ponto que eu ainda compare as duas temporadas.
No fim, a série cumpre o que ela pretende de uma forma fantástica: uma série do gênero policial muito bem produzida. O roteiro do Pizzolatto é daquele tipo que você tem que ver a série duas vezes pra conseguir tapar os buracos que não entendeu da primeira vez que viu. Aliás, faça esse favor a si mesmo e assista de novo.
É incrível como o filme começa sufocando você aos poucos, em um determinado ponto a última peça do quebra-cabeça aparece e faz você entender tudo e se ver imerso na história, bem "That Escalated Quickly".
Em relação ao que falaram mais embaixo sobre "ir para a praia" se tratar de uma analogia do avô para levar as filhas/netas para se prostituírem, provavelmente por isso ele mencionava algo como "precisamos comprar roupas novas antes" e etc.
A direção ficou extremamente simétrica, não sei bem qual a época que o filme passa, mas a fotografia e a pintura deu a entender que se trata do final dos 80 e início dos 90, se for o caso o diretor e os editores conseguiram transmitir essa impressão muito bem.
A crítica que o filme constrói em cima de tabus foi extremamente competente. Percebemos que existe algo de errado constantemente ao longo da construção do enredo, seja por conta da violência psicológica ou física (a neta batendo repetidamente no rosto do neto), seja por conta da forma como o avô se mostra uma figura autoritária e os demais familiares tendem a agir em relação a ele de forma que confirma essa imagem (tanto para eles quanto para o espectador), sem falar da forma que as crianças agem, como se fossem cães adestrados (a neta indo atrás do avô automaticamente pra pegar o casaco dele).
Enfim, filme difícil de digerir, mas cumpre bem o papel de crítica social.
The Wire (4ª Temporada)
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Ran
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Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista Agoraeita boba da peste
Mad Men (7ª Temporada)
4.6 387 Assista AgoraMad Men é um ser vivo, você precisa ser compreensível: é como um parente que você tem que aprender a lidar no convívio. Vai da morbidez à felicidade e da tristeza à esperança (porque você ri, chora e não encontra indiferença com nada nem ninguém).
Só dá pra pensar "o que foi que eu acabei de assistir?".
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista AgoraBojack é tipo andar na cidade durante a madrugada.
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4.3 1,0K Assista Agora(arte branca)
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3.5 526Fofo.
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4.4 622 Assista Agoraoq ta conteceno
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEu acho que é um daqueles filmes que te fazem pensar de forma diferente com relação ao cinema. Não é aquele filme que vai te entregar os sentimentos, não vai te entregar os detalhes sobre tudo, você não vai ser onisciente, o filme não é sobre você, é sobre tudo menos você, enquanto espectador.
Um bom exemplo disso são as lacunas entre as passagens do tempo: seja pelo que acontece com o cara da parte da cadeira, seja com a mãe dele e sobre se ela realmente se prostituiu, como ela largou o vício, o que ela faz no asilo, seja sobre a morte de Juan e etc.
É normal nós sermos colocados em uma posição desconfortável por não termos o conhecimento de tudo que acontece na história, mais desconfortável que isso só o fato de ficarmos com o nó na garganta durante o filme inteiro por perceber tudo que acontece ao redor do protagonista (até porque, Moonlight é um filme calado, é um filme que só fala quando explode, é um filme que nos faz sofrer no silêncio, assim como Chiron sofre).
Acho que é o filme mais intimista que o debate sobre marginalização requer. Assim como Boyhood, é um filme que talvez seja monótono para algumas pessoas por ser real, o intuito não é ser um filme fácil, a vida não é fácil, a vida é da forma como esses dois filmes mostram: monótona e imprevisível. Por esses motivos Moonlight é sincero, e cada cena não se propõe a ser mais que simplesmente sincera.
Algumas cenas perfeitas, na minha opinião, foram como Chiron, mesmo se mostrando um cara crescido e forte parece vulnerável quando fala que Kevin foi "o único cara que tocou ele", como ele se mostra vulnerável quando chora com a mãe, a forma como, mesmo ele estando totalmente diferente, ainda é a mesma pessoa, a cena da cadeira que você sabe que ele foi determinado a fazer algo a respeito de tudo que vinha acontecendo e fodam-se as consequências. Por último, as duas cenas com o Mahershala Ali, tanto a da praia quando a sobre "o que é 'boiola'?".
PS: nada do que eu fale vai passar a sutileza que o filme tem. É como se ele fosse tão simples e falasse com tão pouco que não se consegue passar para outras pessoas com palavras o quão pesado ele é mesmo que seja tão minimalista (inclusive por isso eu decidi falar algo sobre ele mas passei um bom tempo sem saber o que dizer).
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraSe tem alguém que entendeu o que significa ser um artista, esse alguém foi Damien Chazelle. Pra todo mundo que está falando que o filme "não é lá essas coisas" e que o roteiro "é clichê", provavelmente não entendeu o filme no contexto da obra do roteirista.
Depois de "Whiplash" que é, basicamente, uma demonstração daquilo que é arrancar a pele pela música, pela arte, dar a vida para ser o melhor e conseguir provar pra todo mundo que é capaz, La La Land é, basicamente, a mesma coisa, só que com um toque muito mais "Welcome To The Machine" do Pink Floyd.
Na canção, a banda inglesa fala sobre a forma como os músicos são sugados pela indústria, em como você tem que ser, basicamente, um músico de aluguel (o que é engraçado porque mais tarde o tecladista da banda seria demitido como membro e contratado como músico de aluguel, o que demonstra um egocentrismo enorme de Roger Waters, mas essa história são mais 500). La La Land é sobre como nós, enquanto seres humanos, temos sonhos, impressões da realidade, motivações e como isso tudo é menosprezado por aqueles que querem só que você seja mais um no meio da multidão. La La Land é um filme de academia criticando a própria forma que os artistas se organizam para terem que agradar uma academia retrógrada, conservadora, injusta e que não admite estar errada (seja com o fato de o Kubrick não ter recebido um Oscar, ou de Rocky ter vencido de Taxi Driver em melhor filme, ou de como George Miller não ganhou melhor diretor por Mad Max: Estrada da Fúria).
Inclusive, um ponto altíssimo do filme é como o diretor consegue incorporar na narrativa visual o desconforto de ter alguém chorando, atuando para diversas pessoas desinteressadas que interrompem a atuação para atender o celular, receber comida ou fazer qualquer outra coisa que não esteja nem um pouco relacionada à arte.
Além disso, o filme demonstra a chatice de quem quer fazer a arte pela arte, se achando superior às pessoas que não consomem a arte de uma forma mais complexa como o Jazz raiz, o que faz a mesa girar e critica todos os lados possíveis dessa história da indústria do entretenimento.
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Não só o clima da segunda temporada se desenvolve de forma semelhante aos quadrinhos policiais, sua narrativa acontece de forma mais devagar e com uma linearidade incrível, cada peça que falta pra estória se completar vai sendo entregue aos poucos e talvez por isso tenha sido uma narrativa tediosa para algumas pessoas que se acostumaram com a narrativa mais rápida com fluxos de consciência da primeira temporada, até as atuações, por exemplo, eram mais características para o gênero policial, sem questionamentos filosóficos ou existenciais.
Os personagens foram todos muito bem explorados, tanto o roteiro quanto as atuações deram conta muito bem de entregar uma sensibilidade incrível (atuações essas que eu de início achei que seria difícil de encontrar).
Na questão da direção, a série pecou um pouco na minha opinião, talvez por não trazer algo que chegue aos pés do que Fukunaga poderia ter feito, mas isso deve envolver questões como orçamento (a primeira temporada foi toda filmada em analógico e com cenas aéreas feitas com helicóptero) e decisões internas, mas no final a direção da primeira foi anos luz na frente da segunda. Acho que esse é o único ponto que eu ainda compare as duas temporadas.
No fim, a série cumpre o que ela pretende de uma forma fantástica: uma série do gênero policial muito bem produzida. O roteiro do Pizzolatto é daquele tipo que você tem que ver a série duas vezes pra conseguir tapar os buracos que não entendeu da primeira vez que viu. Aliás, faça esse favor a si mesmo e assista de novo.
True Detective (2ª Temporada)
3.6 773PIZZOLATTO MEU FILHO, ME SURPREENDA.
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraÉ incrível como o filme começa sufocando você aos poucos, em um determinado ponto a última peça do quebra-cabeça aparece e faz você entender tudo e se ver imerso na história, bem "That Escalated Quickly".
Em relação ao que falaram mais embaixo sobre "ir para a praia" se tratar de uma analogia do avô para levar as filhas/netas para se prostituírem, provavelmente por isso ele mencionava algo como "precisamos comprar roupas novas antes" e etc.
A direção ficou extremamente simétrica, não sei bem qual a época que o filme passa, mas a fotografia e a pintura deu a entender que se trata do final dos 80 e início dos 90, se for o caso o diretor e os editores conseguiram transmitir essa impressão muito bem.
A crítica que o filme constrói em cima de tabus foi extremamente competente. Percebemos que existe algo de errado constantemente ao longo da construção do enredo, seja por conta da violência psicológica ou física (a neta batendo repetidamente no rosto do neto), seja por conta da forma como o avô se mostra uma figura autoritária e os demais familiares tendem a agir em relação a ele de forma que confirma essa imagem (tanto para eles quanto para o espectador), sem falar da forma que as crianças agem, como se fossem cães adestrados (a neta indo atrás do avô automaticamente pra pegar o casaco dele).
Enfim, filme difícil de digerir, mas cumpre bem o papel de crítica social.