Assisti logo após o Night and the City do mesmo diretor e é uma 'continuação' pertinente. A verossimilhança do longa se dá pela coesão e coerência obtida através de eventos anteriores ao ponto de maior clímax. Os personagens vivem realidades diferentes, têm dilemas e objetivos distintos, e a maneira que o diretor soube aproveitar isso para guiar o seu comportamento foi fundamental para o desenvolvimento. Gostei muito
Classudo, Bem dirigido, atuações primorosas, vocabulário invejável. Essa obra é inesquecível, é uma espécie de noir vitoriano com uma femme fatale bem filhadaputa mesmo, um humor afiadíssimo e uma trama bem desenvolvida.
É preciso sensibilidade pra absorver toda a paranóia da situação. O diretor trabalha sempre de forma sutil, que muitas vezes é entendida como artística por quem assiste, quando na verdade, o filme exibe pouca coisa que não acrescenta nada a trama. O filme é monótono pra quem não entende o que está acontecendo e não consegue se colocar na situação do cara. Trata muito de Culpa e da fragilidade e suscetibilidade a qual a nossa rotina está submetida.Tem uma questão aí ideológica de 'xenofobia' e críticas a burguesia, as quais eu prefiro não comentar nada. Só achei estranho a galera aqui justificando a vingança do cara porque o outro quando era criança fez aquilo. Enfim.
Só reconheci o Vincent Price pela voz, novinho demais. A característica que mais me chama a atenção quando assisto os filmes desse gênero é o cinismo humano. Todo filme noir é uma análise do cinismo, da mentira, do oportunismo e da canalhice. É interessante o confronto de personagens obstinados e incorruptíveis com os de caráter duvidoso. Laura é um bom filme, talvez com reviravoltas demais no roteiro, mas que tem um desenvolvimento interessante.
Engraçado que no início suspeitamos de cara de um indivíduo, logo depois nossas suspeitas acabam se dissolvendo entre outros, só pra no final das contas termos acertado de primeira !
Quem assiste fica bestificado como o vício pode fazer com que o indivíduo se torne tão mesquinho e escravo da substância. As canalhices do Milland causam vergonha alheia, um comportamento deprimente que confunde, transitei entre a indiferença, pena e raiva. Fiquei curioso a respeito da receptividade dessa obra, uma vez que, a maioria dos filmes das décadas de 40 e 50 têm um apelo muito grande ao álcool e ao cigarro, principalmente estético. Como filme, talvez eu esperasse mais devido ao hype que é feito, o "problema" é que Farrapo Humano é uma descida num abismo cada vez mais profundo, eu assisti achando que haveria um plot twist e a narrativa iria se desdobrar num rumo diferente, mas a cada gole, eu perdia mais a esperança de que a situação se revertesse.
Tecnicamente, Out of the Past tem todos os elementos de um bom noir, também ótimas atuações, com destaque pra o Mitchum e Kirk Douglas. Foi um longa que traz bons momentos de tensão e uma direção afiada, fazendo bom uso das sombras e o cinismo e falta de integridade de costume dos personagens, no entanto, não sei porque, não me cativou tanto. Em relação a maioria dos filmes, é um filme esplêndido, mas quando comparado a outros do gênero, acredito ser um bom filme.
Muito interessante o rumo que as coisas vão tomando no longa, achei sensacional como o filme inicia sem conversa mole nem enrolação. Uma das coisas que mais me chamam atenção nos filmes da década de 40 e 50, pelo menos os que tenho assistido, é a ausência de fillers e/ou tramas paralelas que não contribuem com o desenvolvimento do personagem ou com o plot central. Em Mildred Pierce mais especificamente, o amadurecimento da protagonista é muito interessante, bem como os passeios que o roteiro faz, inicia como se fosse mais uma obra investigativa e policial, mas a discussão se abre para assuntos como desemprego, matrimônio, relações familiares, empreendedorismo, o papel da mulher na sociedade, consumismo, necessidade de aceitação e como a carência afetiva e o indivíduo vazio busca na ostentação o sentido da sua vida. Direção impecável, achei muito interessante o uso das sombras ao invés de filmar diretamente os atores.
Depois disso aqui, tudo que você assistir vai ficar ruim, Malle é um gênio. Lacombe Lucien não é um filme sobre seres humanos, é um filme sobre animais. Aqui temos a representação destes vestidos ( alguns fardados), que aparentemente falam uma língua, porém não há interlocução, não há entendimento, não há diálogo. Além de tratar sobre como a população foi oportunista, parasitária e agiu de má fé, sendo capaz de ficar do lado dos alemães que ocupavam a França, a corruptividade também é abordada, bem como a sensação de segurança de participar de um movimento, ocupar um cargo, se estabelecer dentro de uma hierarquia. Também fica claro que o que move Lucien é sua necessidade de auto afirmação, dando carteiradas, fazendo questão de pisar tudo e todos que, pela conjectura política, estão temporariamente desfavorecidos. A frieza e o comportamento animalesco de Lucien é aterrorizador, sua face, inexpressiva. Lucien vive num mundo só seu: de um lado, ele com o seu rifle, do outro, a lebre que corre na sua mira. Uma obra sofre a condição sádica humana, sobre a indiferença, impiedade, falta de empatia. É difícil acreditar na coexistência dos seres humanos depois de assistir isso...
Paranóia, obsessão, incompreensão e ininteligibilidade. Aronofsky mais uma vez acerta dissecando os meandros do nosso inconsciente, nossos traumas de infância, os nossos labirintos mentais, nossos medos mais profundos e a contundente pergunta : Qual a linha que divide a sanidade mental da completa loucura e falta de correspondência com a realidade? A perda da inocência, a projeção violenta do sonhos dos pais nos filhos, auto mutilação e os escapes mentais que criamos quando vivemos num ambiente hostil e onde é impossível se expressar ou se é obrigado a ser aquilo que não é. Me lembrou muito a insegurança vivida pela Mia Farrow grávida em O Filho de Rosemary.
Primeiro: QUE CASA! Tudo bem que o filme mostra que bens materiais não valem de nada, e isso até tornou o Harold melancólico, essa obsessão por luxo e comodismo da mãe, mas , não pude deixar de ficar vislumbrado com a mansão. Um dos pontos mais importantes pra mim, além de toda questão de saber apreciar bem a vida, e tentar tirar o melhor de tudo, foi a reflexão sobre a velhice e a morte. É difícil pra mim pensar que existe um ser humano dentro do corpo de uma pessoa velha. Não estou acostumado com a ideia de que eu vou ficar velho e flácido um dia, junto com isso vem uma discussão muito grande em relação a beleza. Harold encontrou na senhora uma paz, uma jovialidade e irreverência, que ele mesmo com todo o seu poder aquisitivo, nunca tinha encontrado em ninguém. O filme tem uma atmosfera um pouco de conto-de-fadas, meio que os dois tem o seu mundinho separado da própria realidade. Engraçado que eles sempre parecem deslocados do ambiente em que estão inseridos, como se as leis não se aplicassem aos dois.
Nunca fui muito fã de filmes 'românticos' e cheguei a esse depois de ter assistido um review da Isabela Boscov no youtube. Com algumas ressalvas, é um bom filme. Vou enumerar os aspectos que gostaria de abordar aqui 1.Roteiro - Mesmo com alguns aspectos irreverentes diretor (Tela dividida entre expectativa e realidade, pausas para pequenos filmes em preto e branco e referências de outros filmes {O sétimo selo (o tom joga xadrez com um anjo) o filme ainda cai em muitos lugares comuns e clichês,não digo exatamente que me incomodou, me identifiquei muito com algumas situações que eu já passei parecido, talvez alguém que assista mais filmes românticos possa achar tudo muito 'chovido no molhado' = Altos e baixos do relacionamento ( que foram muito bem representados pelas diferenças dos dias), Os amigos se metendo, atitudes infantis e por aí vai. Talvez a maior lição que o roteiro tenha dado é que se você sofre por amor, foi você que se deixou levar por isso tudo. A summer sempre deixou claro de que ela não queria nada com o cara, ele que criou uma ilusão e queria empurrar aquilo na realidade.Visual - O filme é muito plural e dinâmico, deve ter tido uns 400 mil cenários, a cada 3 segundos o filme está num lugar diferente. O diretor também investiu numas coisas meio abstratas, como um musical entrando no meio, desenhos e rabiscos por cima, e outras coisas que ficaram meio desconexas. Pra quem é fã de filmes românticos, é uma boa pedida.
Não espere um filme artístico ou uma direção afiada, rebuscamento ou um enredo conciso. A grandiosidade deste se deve a paixão que sentimos ao se deparar com uma figura tão icônica como Gandhi. A cada frase proferida e atitude do protagonista eu me sentia mais hipócrita ao refletir sobre o meu comportamento. É impossível não traçar um paralelo com a minha própria vida e ver como o tempo todo a diplomacia, neutralidade e o velho "jeitinho brasileiro" coordenam as minhas ações, apequenando o meu caráter. Eu só espero que esse filme sirva de lição pra mim. É uma obra muito triste e delicada, de certa maneira eu diria que infantil, não num sentido pejorativo, mais por ser uma obra que nos proporciona esperança de um futuro menos tenebroso.
O Show de Truman é um daqueles filmes que estão baseados sumamente na sua concepção. Na verdade, o que eu senti é que o enredo da história pouco importa ou as atuações, o que me fez transcender e refletir foi quando percebi exatamente o que estava acontecendo e quais as possíveis conjecturas e conflitos de interesse. Acredito que o cerne do filme é questionar : Até que ponto é legítimo abrir mão da nossa liberdade em prol da nossa segurança ? Além disso, temas como sensacionalismo, modismos, conformismo e alienação são abordados. Muito atual e pertinente.
Estéril e Platônico, THX 1138 vive no mundo do Facebook, onde todo mundo é feliz e não o ser é imoral. O uso de substâncias com o intuito de impedir que nossas emoções atrapalhem o nosso desempenho no trabalho ou na vida pessoal mesmo já são uma realidade. O filme é monótono (não que seja um demérito), e não poderia deixar de ser, o ascetismo do branco, o comportamento dos humanos que muito se assemelha com o das máquinas, e o fato de todos possuírem a cabeça raspada é o triunfo da globalização, de uma sociedade que tem como prioridade tornar o ser humano uma máquina perfeita e um consumidor indiscriminado. Uma trilogia interessante de distopias que estão no momento disponíveis no Netflix conta com esta, O Show de Truman e Brazil. THX 1138 é o mais sério e triste. Assim como em Brazil (1985), eu queria poder dizer que é uma ficção científica distante e absurda, saber que estamos indo nessa direção me entristece. Em cidades como a minha (Arapiraca - AL), onde os índices de violências são altos o suficiente para que todo mundo prefira ficar em casa, questões de segurança são recorrentes. Visando se isolar dessas condições, os condomínios aparecem como uma espécie de modelo futurista da sociedade perfeita, economicamente compatível e amplamente vigiada. O cume disso é a castração total da nossa inconstância e contradição humana. Eu percebo que Lucas quis refletir muito a respeito do que nos faz humanos ? Me parece bem nietzscheano quando ele compara o humano ideal como se fosse uma máquina. Fazer uso de substâncias para podar nossas contradições significa tornar-se menos humano.
Apesar de ser tratado como um filme de comédia, acredito que o humor em Brazil, na época em que foi filmado, se dava por se tratar de um exagero da realidade, que hoje mais me parece um retrato do que uma hipérbole. Eu só havia me sentido tão paranóico em "O Bebê de Rosemary". Realmente, essa obssesão com documentações, segurança, vigilância, tecnologia e modismos é mais do que contemporânea. Brazil é uma distopia fiel demais ao nosso cotidiano pra ser engraçada, eu não ri em nenhum momento do filme, apenas me senti muito deprimido por ver que aquele protagonista, quase que circulando pelas engrenagens do sistema, a la Tempos Modernos do Chaplin, vive uma história de horror, insegurança e alienação igual a minha. O Mundo dos sonhos vividos por Sam me pareceram bem plausíveis, é no escapismo que vivemos, uma vez que a realidade nos é tão adversa. Eu espero que no futuro possamos ver esse filme e achar engraçado o quanto a sociedade já foi doentia desse jeito, mas, infelizmente, por enquanto o filme ainda não pode ser considerado como datado...
Esse filme é dedicado pra todos aqueles que estão afogados na sua rotina de trabalho. Pra todos os adultos que tem saudade do ineditismo da vida que é a infância; de como nossas sensações são mais aguçadas e mais límpidas, de como podemos chorar e rir de verdade, sem se preocupar com o que os outros vão pensar disso. Eu tenho muita nostalgia sempre que vejo qualquer coisa relacionada aos anos 90, da solidão, da falta de comunicação, da placidez e do quanto me parecia que a vida existia pra passar o tempo do jeito que a gente achasse melhor, e quando fosse preciso esperar, era só esperar, não havia problema. Sempre que eu saía com meu pai, ele me deixava esperando sentado em algum lugar, e eu ficava lá, esperando, vendo o tempo passar, e hoje eu percebo uma inquietação doentia tão grande onde quer que vou, lembrei disso ao ver diversas cenas onde o garoto é posto a situações que hoje seriam consideradas frustrantes e mesmo assim, Masao vive cada momento sem se queixar. Eu sinceramente nem prestei atenção na direção, nem na fotografia nem em nada, os atores me parecem tão plausíveis e eu me senti tão próximo que cheguei a esquecer que era um filme, as vezes me parecem memórias. A trilha sonora tem um tema principal que tem uma conotação de saudade infantil, é muito bonita. Não chorei, mas ri alto diversas vezes, o que não acontece muito comigo.
Como assisti com meus irmãos mais novos, o que eu não deveria ter feito até pelo caráter inapropriado para menores de idade, tive que assistir dublado, que é algo que muito me desagrada, mas mesmo assim Rick and Morty me garantiu diversos momentos reflexivos e hilários também. Talvez assistir de forma totalmente despretensiosa foi o que me fez gostar tanto, eu não tenho interesse nenhum por ficção científica e também não sabia que era o cerne da série e ainda assim ri bastante com as engenhocas e gadgets fascinantes do Rick. O Comportamento ácido, misantropo, egoísta e arrogante do velho fazem dele um anti-herói perfeito. As tiradas ateístas são sem precedente num desenho assim, pelo menos pra mim. A minha única crítica é quanto ao sentido um pouco deslocado do desenho, as vezes parece infantil demais e em outros momentos extremamente inadequado para menores.
Junto com Sopranos eBreaking Bad (+BCSaul), acredito que Mad Men está na lista das minhas séries favoritas. A ambientação impecável nos anos 60 é o que meio que te obriga a continuar assistindo, mesmo que no começo você não entenda muito o que está acontecendo. Acredito que a série pode agradar um contingente enorme de fãs, uma vez que conta com uma direção afiadíssima, um roteiro que traz reflexões pertinentes, atrizes belíssimas e personagens muito bem inseridos no ambiente em que estão, que passam por situações relevantes, tanto na vida profissional como amorosa. Mesmo que a série gire em torno de propaganda, publicidade, e de como Draper e a equipe conseguem cativar os donos das empresas e seus clientes, os capítulos trazem a tona discussões diversas, como a respeito da inserção da mulher no mercado de trabalho e também do seu papel como esposa, bem como os conflitos nesses dois âmbitos, posso citar aqui como interessante, a dissonância que há entre donas de casa como a mulher do Draper ( e suas amigas) e a visionária Peggy, também é comum fazer pensar a respeito do papel dos negros, que aparecem até então ocupando cargos nas áreas de serviços gerais, impasses a respeito de ética e moral. Vi aqui alguém comentando "Incrível como todos os personagens masculinos são odiáveis", pra ser sincero eu enxergo a série de maneira bem imparcial, claro, Jimmy Barret, Don Draper e Roger Sterling e tantos outros cometem uma série de canalhices, mas são personagens profundos, com seus dilemas e dificuldades, assim como as mulheres da série. O que mais me encanta é a profundidade de cada personagem, e o emaranhado que se forma fazendo com que todos estejam interligados. Mad Men me fez pensar a respeito do meu comportamento com os meus colegas de trabalho, meus hábitos e principalmente sobre a importância de pensar bem antes de tomar alguma atitude. Impulsividade aqui destruiu casamentos, carreiras e sonhos. Assistam !
Esse é o meu segundo filme do Takashi Miike (acabei de ver 13 assassinos), e é impossível não se apaixonar pela cultura japonesa. O diretor trata das minuciosidades do período com muito esmero, a fotografia consegue capturar tão bem o momento que as vezes até me esqueço que estou assistindo um filme. Não bastasse todo o aspecto visual, a ambientação, figurino, até mesmo os cortes de cabelo, as edificações e a bela paisagem, a obra traz uma história recheada de momentos que vão da euforia ao desespero. Espero que o cinema de miike ainda tenha muito mais filmes como este.
Napoleon Dynamite
3.5 389poker face do início ao fim.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista Agoraachei tão chato que não consegui terminar
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 943 Assista AgoraAchei chato pacarlho
Togo
4.1 169 Assista Agora22.11.2020
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0K22/11/20
Rififi
4.3 61Assisti logo após o Night and the City do mesmo diretor e é uma 'continuação' pertinente. A verossimilhança do longa se dá pela coesão e coerência obtida através de eventos anteriores ao ponto de maior clímax. Os personagens vivem realidades diferentes, têm dilemas e objetivos distintos, e a maneira que o diretor soube aproveitar isso para guiar o seu comportamento foi fundamental para o desenvolvimento. Gostei muito
As Oito Vítimas
4.1 33 Assista AgoraClassudo, Bem dirigido, atuações primorosas, vocabulário invejável. Essa obra é inesquecível, é uma espécie de noir vitoriano com uma femme fatale bem filhadaputa mesmo, um humor afiadíssimo e uma trama bem desenvolvida.
Caché
3.8 384 Assista AgoraÉ preciso sensibilidade pra absorver toda a paranóia da situação. O diretor trabalha sempre de forma sutil, que muitas vezes é entendida como artística por quem assiste, quando na verdade, o filme exibe pouca coisa que não acrescenta nada a trama. O filme é monótono pra quem não entende o que está acontecendo e não consegue se colocar na situação do cara. Trata muito de Culpa e da fragilidade e suscetibilidade a qual a nossa rotina está submetida.Tem uma questão aí ideológica de 'xenofobia' e críticas a burguesia, as quais eu prefiro não comentar nada. Só achei estranho a galera aqui justificando a vingança do cara porque o outro quando era criança fez aquilo. Enfim.
Laura
4.1 132 Assista AgoraSó reconheci o Vincent Price pela voz, novinho demais. A característica que mais me chama a atenção quando assisto os filmes desse gênero é o cinismo humano. Todo filme noir é uma análise do cinismo, da mentira, do oportunismo e da canalhice. É interessante o confronto de personagens obstinados e incorruptíveis com os de caráter duvidoso. Laura é um bom filme, talvez com reviravoltas demais no roteiro, mas que tem um desenvolvimento interessante.
Engraçado que no início suspeitamos de cara de um indivíduo, logo depois nossas suspeitas acabam se dissolvendo entre outros, só pra no final das contas termos acertado de primeira !
Farrapo Humano
4.2 225 Assista AgoraQuem assiste fica bestificado como o vício pode fazer com que o indivíduo se torne tão mesquinho e escravo da substância. As canalhices do Milland causam vergonha alheia, um comportamento deprimente que confunde, transitei entre a indiferença, pena e raiva. Fiquei curioso a respeito da receptividade dessa obra, uma vez que, a maioria dos filmes das décadas de 40 e 50 têm um apelo muito grande ao álcool e ao cigarro, principalmente estético. Como filme, talvez eu esperasse mais devido ao hype que é feito, o "problema" é que Farrapo Humano é uma descida num abismo cada vez mais profundo, eu assisti achando que haveria um plot twist e a narrativa iria se desdobrar num rumo diferente, mas a cada gole, eu perdia mais a esperança de que a situação se revertesse.
Fuga do Passado
4.0 86 Assista AgoraTecnicamente, Out of the Past tem todos os elementos de um bom noir, também ótimas atuações, com destaque pra o Mitchum e Kirk Douglas. Foi um longa que traz bons momentos de tensão e uma direção afiada, fazendo bom uso das sombras e o cinismo e falta de integridade de costume dos personagens, no entanto, não sei porque, não me cativou tanto. Em relação a maioria dos filmes, é um filme esplêndido, mas quando comparado a outros do gênero, acredito ser um bom filme.
Alma em Suplício
4.2 140 Assista AgoraMuito interessante o rumo que as coisas vão tomando no longa, achei sensacional como o filme inicia sem conversa mole nem enrolação. Uma das coisas que mais me chamam atenção nos filmes da década de 40 e 50, pelo menos os que tenho assistido, é a ausência de fillers e/ou tramas paralelas que não contribuem com o desenvolvimento do personagem ou com o plot central. Em Mildred Pierce mais especificamente, o amadurecimento da protagonista é muito interessante, bem como os passeios que o roteiro faz, inicia como se fosse mais uma obra investigativa e policial, mas a discussão se abre para assuntos como desemprego, matrimônio, relações familiares, empreendedorismo, o papel da mulher na sociedade, consumismo, necessidade de aceitação e como a carência afetiva e o indivíduo vazio busca na ostentação o sentido da sua vida. Direção impecável, achei muito interessante o uso das sombras ao invés de filmar diretamente os atores.
Lacombe Lucien
3.8 36Depois disso aqui, tudo que você assistir vai ficar ruim, Malle é um gênio. Lacombe Lucien não é um filme sobre seres humanos, é um filme sobre animais. Aqui temos a representação destes vestidos ( alguns fardados), que aparentemente falam uma língua, porém não há interlocução, não há entendimento, não há diálogo. Além de tratar sobre como a população foi oportunista, parasitária e agiu de má fé, sendo capaz de ficar do lado dos alemães que ocupavam a França, a corruptividade também é abordada, bem como a sensação de segurança de participar de um movimento, ocupar um cargo, se estabelecer dentro de uma hierarquia. Também fica claro que o que move Lucien é sua necessidade de auto afirmação, dando carteiradas, fazendo questão de pisar tudo e todos que, pela conjectura política, estão temporariamente desfavorecidos. A frieza e o comportamento animalesco de Lucien é aterrorizador, sua face, inexpressiva. Lucien vive num mundo só seu: de um lado, ele com o seu rifle, do outro, a lebre que corre na sua mira. Uma obra sofre a condição sádica humana, sobre a indiferença, impiedade, falta de empatia. É difícil acreditar na coexistência dos seres humanos depois de assistir isso...
Cisne Negro
4.2 7,9K Assista AgoraParanóia, obsessão, incompreensão e ininteligibilidade. Aronofsky mais uma vez acerta dissecando os meandros do nosso inconsciente, nossos traumas de infância, os nossos labirintos mentais, nossos medos mais profundos e a contundente pergunta : Qual a linha que divide a sanidade mental da completa loucura e falta de correspondência com a realidade? A perda da inocência, a projeção violenta do sonhos dos pais nos filhos, auto mutilação e os escapes mentais que criamos quando vivemos num ambiente hostil e onde é impossível se expressar ou se é obrigado a ser aquilo que não é. Me lembrou muito a insegurança vivida pela Mia Farrow grávida em O Filho de Rosemary.
Ensina-me a Viver
4.3 873 Assista AgoraPrimeiro: QUE CASA! Tudo bem que o filme mostra que bens materiais não valem de nada, e isso até tornou o Harold melancólico, essa obsessão por luxo e comodismo da mãe, mas , não pude deixar de ficar vislumbrado com a mansão. Um dos pontos mais importantes pra mim, além de toda questão de saber apreciar bem a vida, e tentar tirar o melhor de tudo, foi a reflexão sobre a velhice e a morte. É difícil pra mim pensar que existe um ser humano dentro do corpo de uma pessoa velha. Não estou acostumado com a ideia de que eu vou ficar velho e flácido um dia, junto com isso vem uma discussão muito grande em relação a beleza. Harold encontrou na senhora uma paz, uma jovialidade e irreverência, que ele mesmo com todo o seu poder aquisitivo, nunca tinha encontrado em ninguém. O filme tem uma atmosfera um pouco de conto-de-fadas, meio que os dois tem o seu mundinho separado da própria realidade. Engraçado que eles sempre parecem deslocados do ambiente em que estão inseridos, como se as leis não se aplicassem aos dois.
(500) Dias com Ela
4.0 5,7K Assista AgoraNunca fui muito fã de filmes 'românticos' e cheguei a esse depois de ter assistido um review da Isabela Boscov no youtube. Com algumas ressalvas, é um bom filme. Vou enumerar os aspectos que gostaria de abordar aqui 1.Roteiro - Mesmo com alguns aspectos irreverentes diretor (Tela dividida entre expectativa e realidade, pausas para pequenos filmes em preto e branco e referências de outros filmes {O sétimo selo (o tom joga xadrez com um anjo) o filme ainda cai em muitos lugares comuns e clichês,não digo exatamente que me incomodou, me identifiquei muito com algumas situações que eu já passei parecido, talvez alguém que assista mais filmes românticos possa achar tudo muito 'chovido no molhado' = Altos e baixos do relacionamento ( que foram muito bem representados pelas diferenças dos dias), Os amigos se metendo, atitudes infantis e por aí vai. Talvez a maior lição que o roteiro tenha dado é que se você sofre por amor, foi você que se deixou levar por isso tudo. A summer sempre deixou claro de que ela não queria nada com o cara, ele que criou uma ilusão e queria empurrar aquilo na realidade.Visual - O filme é muito plural e dinâmico, deve ter tido uns 400 mil cenários, a cada 3 segundos o filme está num lugar diferente. O diretor também investiu numas coisas meio abstratas, como um musical entrando no meio, desenhos e rabiscos por cima, e outras coisas que ficaram meio desconexas. Pra quem é fã de filmes românticos, é uma boa pedida.
Gandhi
4.1 304 Assista AgoraNão espere um filme artístico ou uma direção afiada, rebuscamento ou um enredo conciso. A grandiosidade deste se deve a paixão que sentimos ao se deparar com uma figura tão icônica como Gandhi. A cada frase proferida e atitude do protagonista eu me sentia mais hipócrita ao refletir sobre o meu comportamento. É impossível não traçar um paralelo com a minha própria vida e ver como o tempo todo a diplomacia, neutralidade e o velho "jeitinho brasileiro" coordenam as minhas ações, apequenando o meu caráter. Eu só espero que esse filme sirva de lição pra mim. É uma obra muito triste e delicada, de certa maneira eu diria que infantil, não num sentido pejorativo, mais por ser uma obra que nos proporciona esperança de um futuro menos tenebroso.
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista AgoraO Show de Truman é um daqueles filmes que estão baseados sumamente na sua concepção. Na verdade, o que eu senti é que o enredo da história pouco importa ou as atuações, o que me fez transcender e refletir foi quando percebi exatamente o que estava acontecendo e quais as possíveis conjecturas e conflitos de interesse. Acredito que o cerne do filme é questionar : Até que ponto é legítimo abrir mão da nossa liberdade em prol da nossa segurança ? Além disso, temas como sensacionalismo, modismos, conformismo e alienação são abordados. Muito atual e pertinente.
THX 1138
3.5 201 Assista AgoraEstéril e Platônico, THX 1138 vive no mundo do Facebook, onde todo mundo é feliz e não o ser é imoral. O uso de substâncias com o intuito de impedir que nossas emoções atrapalhem o nosso desempenho no trabalho ou na vida pessoal mesmo já são uma realidade. O filme é monótono (não que seja um demérito), e não poderia deixar de ser, o ascetismo do branco, o comportamento dos humanos que muito se assemelha com o das máquinas, e o fato de todos possuírem a cabeça raspada é o triunfo da globalização, de uma sociedade que tem como prioridade tornar o ser humano uma máquina perfeita e um consumidor indiscriminado. Uma trilogia interessante de distopias que estão no momento disponíveis no Netflix conta com esta, O Show de Truman e Brazil. THX 1138 é o mais sério e triste. Assim como em Brazil (1985), eu queria poder dizer que é uma ficção científica distante e absurda, saber que estamos indo nessa direção me entristece. Em cidades como a minha (Arapiraca - AL), onde os índices de violências são altos o suficiente para que todo mundo prefira ficar em casa, questões de segurança são recorrentes. Visando se isolar dessas condições, os condomínios aparecem como uma espécie de modelo futurista da sociedade perfeita, economicamente compatível e amplamente vigiada. O cume disso é a castração total da nossa inconstância e contradição humana. Eu percebo que Lucas quis refletir muito a respeito do que nos faz humanos ? Me parece bem nietzscheano quando ele compara o humano ideal como se fosse uma máquina. Fazer uso de substâncias para podar nossas contradições significa tornar-se menos humano.
Brazil, o Filme
3.8 404 Assista AgoraApesar de ser tratado como um filme de comédia, acredito que o humor em Brazil, na época em que foi filmado, se dava por se tratar de um exagero da realidade, que hoje mais me parece um retrato do que uma hipérbole. Eu só havia me sentido tão paranóico em "O Bebê de Rosemary". Realmente, essa obssesão com documentações, segurança, vigilância, tecnologia e modismos é mais do que contemporânea. Brazil é uma distopia fiel demais ao nosso cotidiano pra ser engraçada, eu não ri em nenhum momento do filme, apenas me senti muito deprimido por ver que aquele protagonista, quase que circulando pelas engrenagens do sistema, a la Tempos Modernos do Chaplin, vive uma história de horror, insegurança e alienação igual a minha. O Mundo dos sonhos vividos por Sam me pareceram bem plausíveis, é no escapismo que vivemos, uma vez que a realidade nos é tão adversa. Eu espero que no futuro possamos ver esse filme e achar engraçado o quanto a sociedade já foi doentia desse jeito, mas, infelizmente, por enquanto o filme ainda não pode ser considerado como datado...
Verão Feliz
4.0 43Esse filme é dedicado pra todos aqueles que estão afogados na sua rotina de trabalho. Pra todos os adultos que tem saudade do ineditismo da vida que é a infância; de como nossas sensações são mais aguçadas e mais límpidas, de como podemos chorar e rir de verdade, sem se preocupar com o que os outros vão pensar disso. Eu tenho muita nostalgia sempre que vejo qualquer coisa relacionada aos anos 90, da solidão, da falta de comunicação, da placidez e do quanto me parecia que a vida existia pra passar o tempo do jeito que a gente achasse melhor, e quando fosse preciso esperar, era só esperar, não havia problema. Sempre que eu saía com meu pai, ele me deixava esperando sentado em algum lugar, e eu ficava lá, esperando, vendo o tempo passar, e hoje eu percebo uma inquietação doentia tão grande onde quer que vou, lembrei disso ao ver diversas cenas onde o garoto é posto a situações que hoje seriam consideradas frustrantes e mesmo assim, Masao vive cada momento sem se queixar. Eu sinceramente nem prestei atenção na direção, nem na fotografia nem em nada, os atores me parecem tão plausíveis e eu me senti tão próximo que cheguei a esquecer que era um filme, as vezes me parecem memórias. A trilha sonora tem um tema principal que tem uma conotação de saudade infantil, é muito bonita. Não chorei, mas ri alto diversas vezes, o que não acontece muito comigo.
Rick and Morty (1ª Temporada)
4.5 414 Assista AgoraComo assisti com meus irmãos mais novos, o que eu não deveria ter feito até pelo caráter inapropriado para menores de idade, tive que assistir dublado, que é algo que muito me desagrada, mas mesmo assim Rick and Morty me garantiu diversos momentos reflexivos e hilários também. Talvez assistir de forma totalmente despretensiosa foi o que me fez gostar tanto, eu não tenho interesse nenhum por ficção científica e também não sabia que era o cerne da série e ainda assim ri bastante com as engenhocas e gadgets fascinantes do Rick. O Comportamento ácido, misantropo, egoísta e arrogante do velho fazem dele um anti-herói perfeito. As tiradas ateístas são sem precedente num desenho assim, pelo menos pra mim. A minha única crítica é quanto ao sentido um pouco deslocado do desenho, as vezes parece infantil demais e em outros momentos extremamente inadequado para menores.
Mad Men (1ª Temporada)
4.4 346 Assista AgoraJunto com Sopranos eBreaking Bad (+BCSaul), acredito que Mad Men está na lista das minhas séries favoritas. A ambientação impecável nos anos 60 é o que meio que te obriga a continuar assistindo, mesmo que no começo você não entenda muito o que está acontecendo. Acredito que a série pode agradar um contingente enorme de fãs, uma vez que conta com uma direção afiadíssima, um roteiro que traz reflexões pertinentes, atrizes belíssimas e personagens muito bem inseridos no ambiente em que estão, que passam por situações relevantes, tanto na vida profissional como amorosa. Mesmo que a série gire em torno de propaganda, publicidade, e de como Draper e a equipe conseguem cativar os donos das empresas e seus clientes, os capítulos trazem a tona discussões diversas, como a respeito da inserção da mulher no mercado de trabalho e também do seu papel como esposa, bem como os conflitos nesses dois âmbitos, posso citar aqui como interessante, a dissonância que há entre donas de casa como a mulher do Draper ( e suas amigas) e a visionária Peggy, também é comum fazer pensar a respeito do papel dos negros, que aparecem até então ocupando cargos nas áreas de serviços gerais, impasses a respeito de ética e moral. Vi aqui alguém comentando "Incrível como todos os personagens masculinos são odiáveis", pra ser sincero eu enxergo a série de maneira bem imparcial, claro, Jimmy Barret, Don Draper e Roger Sterling e tantos outros cometem uma série de canalhices, mas são personagens profundos, com seus dilemas e dificuldades, assim como as mulheres da série. O que mais me encanta é a profundidade de cada personagem, e o emaranhado que se forma fazendo com que todos estejam interligados. Mad Men me fez pensar a respeito do meu comportamento com os meus colegas de trabalho, meus hábitos e principalmente sobre a importância de pensar bem antes de tomar alguma atitude. Impulsividade aqui destruiu casamentos, carreiras e sonhos. Assistam !
Hara-Kiri: Morte de um Samurai
4.1 64Esse é o meu segundo filme do Takashi Miike (acabei de ver 13 assassinos), e é impossível não se apaixonar pela cultura japonesa. O diretor trata das minuciosidades do período com muito esmero, a fotografia consegue capturar tão bem o momento que as vezes até me esqueço que estou assistindo um filme. Não bastasse todo o aspecto visual, a ambientação, figurino, até mesmo os cortes de cabelo, as edificações e a bela paisagem, a obra traz uma história recheada de momentos que vão da euforia ao desespero. Espero que o cinema de miike ainda tenha muito mais filmes como este.