Filme incrível, me surpreendeu pela coragem da Lana. Sarcasticamente, se o que se quer é nostalgia então há: os tiros não acertam, é transmitido o primeiro filme a você, sem sutileza alguma.
Agora, se quer inovação, ela, então, te obriga a pensar nas motivações, pra além da plasticidade das cenas: as lutas quase sempre saem de cena, atropeladas pelos monólogos ou pelas telas congeladas, os poderes não agridem, são anti-violentos, seja pra afastar a ameaça ou parar os tiros.
Teria Lana desaprendindo a oferecer o entretenimento "apolítico" que alguns dizem ser possível existir (mas apenas para, ao final, reinterpretarem para a sua ideologia política, como fizeram os conservadores com a red pill)?
Ela não desaprendeu e ela mostrou isso na cena do trem e no belo cenário onde houve o treino com Morpheus. Ela apenas quis transmitir a mensagem que o filme é dela, não nosso, nem da Warner, que já foram feitos até mais dois além do idealizado, que não temos o direito de ficar cobrando e a indústria a obrigando a fazer nada e dessa vez não tem caverna de Platão, ou outra alegoria, está explícito desagrade a quem for.
Dito isso, ainda assim, o filme tem um ótimo potencial para expansão do universo. O próprio "modal" é uma incubadora de releitura dos personagens por si só, sem contar as possibilidades pela complexidade de um universo menos antagônico. Retirando a cegueira e o ímpeto de crítica ao desconhecido, que eventualmente a quebra de expectativa tenha causado, aceitando o convite ao raciocínio e saindo da Matrix, é possível entender, aproveitar, se divertir, participar de toda nova discussão que o filme traz.
Filme muito bem montado, cada cena, por menor que pareça ser, tem a sua importância e é resgatada das maneiras mais criativas, sem flashback, mas ainda precisamente didático através de outros recursos práticos.
Esse detalhismo se mostra ao, bem utilizado, excesso de informações na tela, pode até causar cansaço às pessoas mais observadoras (e até um pouco de ansiedade pela perda de informações laterais), mas ainda assim gostei do estilo arriscado que combinou com a família "esquisita", muita bagunça, destruição, itens.
A crítica às Big Techs são bem vindas, mas vindo da Sony, deslegitima um pouco, parece mais uma concorrente menor reclamando das maiores rs... Mas tudo bem, ainda é bem vinda, que bom que houve.
Achei maravilhoso que todo o arco final o filme larga qualquer realismo, mesmo considerando as regras do próprio filme, e faz todos os elementos, inclusive as lutas que viram um balé sincronizado, funcionar apenas em prol da mensagem que veio sendo construída a cada segundo de filme: pais e filhos, aproximem-se, entendam o que é realmente importante um ao outro, suas lutas e dores e apenas assim será possível respeitá-las.
Dessa vez, mais do que nas anteriores, por qualquer motivo, fiquei com a sensação de estar assistindo alguma edição daquele Faces da Morte, que simulam mortes reais, porém, aqui, com a extrapolação da realidade, seja para um subgênero ou para outro. Particularmente acho uma experiência válida, assim como a de um videogame, que aliás um dos curtas desta sequência é filmada na perspectiva de primeira pessoa, como se um FPS estivéssemos jogando, que nos coloca em situações onde (espero que) nunca estaremos. Porém, só é uma pena que, para tal, seria necessário maior atenção tanto às atuações, quanto a computação gráfica, que por diversas vezes nos tiram do filme devido a má qualidade.
... sobre seguir em frente, por mais imperfeito que sejamos. Os erros do passado devem ser superados com os acertos do presente. Capitão que lutou pelo Texas, confederados, escravagistas, ao final lutou pela vida e liberdade de Johana, passando pela rebelião que provocou, onde aprendeu a transmitir mensagens através de histórias que possuem o poder de libertação muito maior do que as notícias (financiadas por ricos exploradores e governos, que no fim, não passam de propaganda e alienação em massa).
Parei antes da metade. Casa explodindo, diálogos qualquer coisa, criação de mistério forçado, notebook importante mas esquecido e sem senha, a Jolie infantilizada, o Bernthal casado "tirando casquinha" da Jolie, fora o close em seu "útero", não sei se a trama iria desenrolar de alguma forma essas questões, apenas não me interessei em saber.
Em certo ponto fica nítido que não haverá aprofundamento na crítica sobre a ilógica e desastrada invasão (como um todo) ao Afeganistão, representado naquela base. O foco do filme inteiro fica na fraca e entediante construção dos personagens, para o clímax que seria a batalha final. Batalha essa que também não empolga, não localiza bem a posição e distância entre eles e seus inimigos. Então você não se importa com nenhum personagem enquanto obra, não é dado bom parâmetro espacial, não tem grandes cenas e termina com a tentativa de resgatar qualquer sentimentalismo que outrora fora mal construído.
Se quando chove bala é o roteiro que decide quem morre e quem é invulnerável, a lição que fica é: trate de ser amigo do roteirista! 😃
Encaixa bem a responsabilidade e os erros da paternidade que surgem justamente pelo medo e cautela excessivos em cometê-los.
Ele é como um pai, que apesar da vantagem de poder dar a luz e por diversas vezes escolher previamente o perfil do filho, sempre comete o mesmo erro em acreditar que demonstração de sensibilidade é fraqueza e acaba por escolher alguém exatamente como ele, que reprime suas emoções quando na verdade o mundo precisa do oposto, de alguém que não respeite as regras impostas e rebelde, como Emma. Assim como um pai, que precisa aprender com o filho.
Emma ajudou-o a entender isso, a descobrir porque a Amanda, que ele havia selecionado, suicidou-se. Emma ciente que a seleção e critérios são definidos por ele, ajudou-o então a crescer e, assim, tomar decisões baseadas no melhor de si. Tomamos decisões baseando-nos no que conhecemos, em nós, em nossa bagagem, por isso a necessidade de mudança deveria partir dele próprio, assim como em seu interior residia.
É um tapa na cara, não é fácil o processo de reconhecer a própria arrogância e reconhecer as falhas, porém apenas a partir daí ele poderá fazer melhor ao mundo, escolhendo aqueles com real potencial de fazer a diferença.
Até certa altura somos levados a desconfiar se os mistérios que ela vivencia são reais ou alucinações causadas pelas drogas.
Aproximando-se do final, ela compreende a resposta para a pergunta que todos faziam a ela: o que ela foi fazer ali? Ao que ela responde "eu vim morrer", ficamos preocupados se ela terá o mesmo destino de sua mãe, após o exorcismo mal sucedido.
Na verdade a sua dolorosa jornada serviu para a difícil tomada de decisão de deixar morrer toda sua vida supérflua e materialista (desde que dê lá saira para morar nos EUA), representado também pelo desprendimento de seu vício, deixando, assim, nascer a semente que sempre esteve nela do propósito maior e mais básico que é o de auxiliar aquele que precisa de ajuda.
Ela substitui a ancestral e se assume, feliz, como a "fucking bruja".
Bom filme, mas estranhei os excessos nacionalista norte-americanos, que destoou do protagonismo feminino que por si só evocaria o progressismo, e o recorrente individualismo da protagonista que a levou a demorar a entender que sua birra simplesmente colocava o mundo (aos que ela ama incluso, claro) em risco. A trama ficou um pouco apressada.
A atuação do Chris Rock é vexaminosa a ponto de nos desconectar completamente do filme. Remove qualquer chance de assistir à trama (que até poderia ser razoável) com boa vontade. De resto, se assistir como uma sequência, do nível do 2 em diante, encontrará tudo ali, o gore, as referências, e até a questão de certas previsibilidades. Caso seja fã das continuações do Jigsaw, e consiga ignorar tal atuação caricata (pra dizer o mínimo) é possível aturar essa sequência / spin-off.
Apesar de não ser uma sequência direta de seus antecessores, pode-se dizer que faz parte do mesmo universo, o diretor é o mesmo e muitos elementos continuam neste, porém na minha opinião é feita a acertada opção de dar continuidade, sim, na discussão, aprofundamento e complexidade dos protagonistas, que nos anteriores, em geral, eram além de rasos; egocêntricos e apáticos, neste a gente precisa de acompanhar o desenrolar para obter o real entendimento sobre as questões morais de cada um (uns são mais complexos, outros não resistem à primeira oportunidade de tecer julgamentos baseando-se em preconceitos e até xenofobia). Apesar de um terceiro ato apressado, compensa pela discussão colonialista posta pelo diretor.
Eta! Eu estava caindo igual patinho durante o filme todo, achando que ela quem iria revelar algum distúrbio neurológico, até que a sequência de eventos começou a ficar cada vez mais incoerente enquanto alternava o foco da moça, para o rapaz.
Pensando em retrospectiva. Ele era um velho solitário que teve problemas na escola, com mulheres, pais, amigos. Perdeu a oportunidade de pedir um telefone antes da amada (que trocou olhares) ir embora, que fantasiava diversas realidades alternativas em sua mente, sobre o desdobramento caso ELA tivesse pedido o telefone.
Também acredito que ele fosse curioso quanto à sua sexualidade, e isso causava repressão e desapontamento dos pais.
Mesmo em idade avançada, não procurou ajuda, tampouco amadureceu. Continuava à externar a culpa, se auto avalia como bom, carinhoso etc. Solitariamente sentia a necessidade de aprovação daqueles que o magoaram, colegas na escola, pai, com relação a sua virilidade. Ainda sonhava em receber o Nobel e apresentar um musical, na escola.
Não é uma hipótese fechadinha, mas acho que ela sofre de PID, transtorno de identidade dissociativa.
Isso explica as diversas alegorias de dualidade, como reflexo dela em espelho, a ideia da clonagem, ela se vê descendo as escadas da clínica etc.
Há estudos que inferem predisposição genética. A sua avó e mãe também sofriam do mesmo problema.
Substâncias como álcool, e maconha servem de gatilho para a doença, assim como traumas de infância.
Os buracos que existem no filme, como ela "despertando" na rua, nua na loja, arranhões no carro dela e na parede de casa, sonhando com pessoas que ela [acreditava que] nunca tinha visto, denotam que o filme nos apresenta somente uma personalidade. A que eu acredito ainda ser a mais sã. A segunda, que não vemos, é a mais alucinada. É como se a segunda personalidade tivesse uma patologia à parte, como esquizofrenia.
Acontece que infelizmente essa identidade, a que vemos no filme, é muito passiva e se deixa influenciar facilmente quanto à teorias conspiratórias. É o que a move, ela se agarrou e apaixonou à primeira pessoa que "concordou com ela". Quem sofre de transtorno de identidade dissociativa, não reconhece a doença, não quer saber de ajuda, fica presa na sua versão da realidade, com remorso de todos (por não lhe darem ouvidos) e carente.
Foi quando ela se sentiu abandonada até pela pessoa que "acreditava" nela, que ela passou a compartilhar pensamentos, com a sua segunda personalidade, a mais "alucinada". Pois foi essa quem melhor a acolheu. A segunda acolheu a primeira, ou seja, ela acolheu ela própria. É como se a segunda personalidade tivesse conseguido se impor mais, a primeira era muita passiva e condescendente para com alguém que lhe concedesse "abrigo", paz, um pouco de "razão". O assistente social falou sobre ela ter uma melhora, e sim, o fato de as duas identidades compartilharem informações, pode ser entendida como uma associação, um quadro de melhora.
Como eu fui criando e ajustando essa teoria conforme assisti, pra mim ela quase teve um filho que daria continuidade ao transtorno nas gerações seguintes, mas ela interrompeu a continuidade porque, ao final... ela morre! Igual à sua avó e mãe.
Como o filme nos apresenta sempre sob seu ponto de vista, quando ela ascende aos céus, naquela cena linda, com seu cavalo ao lado, a realidade nua e crua é que ela simplesmente morre (e na minha opinião dando cabo de sua vida). Eu achei o final tristíssimo e pesado, apresentado de uma maneira belíssima. Assim ela cessou a depressão (sintoma do transtorno), "confirmou" para o mundo sua "razão" e ainda ascendeu aos céus confortavelmente.
Paimon, que é o Pai dos Digimons, digo o Rei do Inferno, só pode ser evocado e manifestado, para conceder o poder de ter todos os segredos do universo revelados, em corpo masculino.
Isso explica porque a avó insistiu tanto para ter um neto, homem, mesmo com tanta rejeição da mãe da família. E mesmo após ter o filho, a mãe resistiu e não o entregou aos "cuidados" da avó, assim como havia feito com a filha. Por isso a avó satânica, evocou a entidade provisoriamente na filha, sendo assim a primeira hospedeira. Inclusive a filha menciona que a avó gostaria que ela fosse homem.
Porém Paimon só pode entrar na vida da família quando evocado por esta, e por esse motivo aquela desgraçada da amiga, que também fazia parte da seita, se aproximou e influenciou a mãe da família a evocar o maldito acreditando que estava evocando a filha (vale lembrar que a filha era a hospedeira provisória).
Paimon já estava no controle da situação na ocasião da morte da filha, visto que o símbolo (que aliás, é do demônio Paimon mesmo, vide wikipedia) estava cravado no poste.
A construção da desestrutura familiar foi interessante, mostrando que absolutamente todos têm seus defeitos, e é um laço familiar propositalmente quebrado orquestrado pela avó. Assim, com todos rejeitando a existência de todos, baixa resiliência, solidão exagerada e remorso, torna mais convidativa a emersão do capeta.
Claro que não por acaso esse cenário também propicia ao mergulho nas profundezas da loucura da mente, o que inclusive confundiu o pai da família, que por algum senso de superioridade apoiada em sua "crença ao ceticismo", acaba é por ser o "banana", sem moral e indisposto a ouvir com sinceridade sua esposa, agarrado em suas próprias verdades. Ainda que ele fosse o único lúcido, e que sim, sua esposa tivesse herdado um distúrbio neurológico, ativado pelo estresse pós traumático, as atitudes dele sempre foi de covardia, isenção, escapismo, exteriorização de culpa etc. Nem o sobrenatural perdoa aquele que se entrega à essas características.
Creio que essa viagem, que está muito mais para introspectiva, do que exploratória, dialoga com absolutamente todas as pessoas. E duplamente. Somos colocados inicialmente na pele do filho que apesar de não querer seguir os passos do pai, aparentemente o faz, e posteriormente sentimos ligado também ao pai e suas prioridades invertidas.
Através da quebra de apatia e consequentemente aquisição empática do protagonista, Roy, é demonstrado que é sim possível aparentemente seguir caminhos semelhantes ao do pai, como profissão, mas quebrar completamente o laço paterno se enchendo autonomamente de sentimentos [próprios], ao conceder o seu perdão.
O filho fez o possível para auxiliá-lo, foi até onde pôde, porém no final é necessário compreender que a escolha, ainda que seja a da desnecessária autopunição, não é dele. Seu pai escolhe mais uma vez ir embora, ressentido, triste e solitário, toma a pior decisão baseada em seu orgulho, mas ainda assim, infelizmente não há como decidir por ele.
Eu vim com a expectativa alta, pela atriz esnobada no Oscar, direção e tal, certo que seria um filme excepcional mas infelizmente não fui correspondido. Faço meia culpa pela minha elevada expectativa.
A atuação dela é maravilhosa, não entro em detalhes sobre se ela foi injustiçada, sei lá eu, os demais atores do Oscar são excelentes também. Já a direção, apesar de ter recebido alguns elogios, realmente não tinha como entrar no Oscar não.
Mas além da clara interpretação sobre desigualdade social muito legal e necessária até, o filme não foi competente como um thriller em si. Por diversas vezes eu fui arremessado para fora do filme.
A família se mostrou possuir tanto domínio e superioridade sobre as cópia/clone/sósia, assim como também as cópias enrolavam absurdamente para dar cabo da família, quando estas tinham a chance, que já não surtia nenhum tipo de tensão pretendida sobre a hipótese de algum membro da família ser morto.
A parte cômica eu aceitei, e é uma escolha do diretor para de fato tornar o filme intencionalmente mais leve, porém o filme já estava leve antes, pelo que mencionei. Então mesmo as partes que seriam para gerar tensão, de fato, não funcionaram.
Quando se revelou o aspecto secular, "não sobrenatural", do filme, com a explicação que aqueles outros seriam mais uma espécie de clone, é necessário que elevemos demais a suspensão da descrença, para manter a condescendência para com a trama. Por exemplo: 1. Aquela fila cruzando os EUA, iria durar apenas o suficiente até que eles morressem de cede e fome, e aí a sociedade voltaria ao normal. 2. Tudo bem terem reflexos de seus originários e passarem a vida mimetizando-os, mas se estão 100% abandonados lá em baixo, como possuem acesso a roupas tão semelhantes, fazem cortes idênticos, considerando além de tudo que todos possuem sérios distúrbios neurológicos, que afetam seus sensos e sentidos.
Pra mim, saber que apesar de cada um ali ser uma cópia, mas que não volta pra matar exclusivamente sua contraparte, perde muito em coerência quanto ao argumento principal do filme. Se todo mundo, pode matar qualquer um, logo banaliza e tanto faz serem, ou não, cópias.
Alguns pontos positivos vão pra além da discussão sobre a desigualdade e diferença de oportunidades, também para a inversão de papéis, ao invés do tradicional, a família protagonista era a negra e os coadjuvantes é que eram brancos e isto apenas porque sim, (quase) sem precisar de uma desculpa argumentativa para tal.
[Antes de mais nada, fica o aviso que o filme possui evidentes gatilhos de suicídio, e em menor grau de abuso sexual.]
O filme tem lá seu charme e personagens seus estilos. Seria muito melhor se reduzissem consideravelmente a primeira parte e desenvolvessem mais a segunda.
Não sei se recomendaria, talvez valha por ser produção "estrangeira", indiana no caso.
A moça que sobreviveu três vezes ao câncer, em outras palavras, ganhou 3 vidas e transferiu-as à protagonista. As vidas caíram nas mãos da pessoa correta, embora a priori pareça que não. A habilidade principal da medrosa protagonista, é que conhecendo sobre "level design" e desenvolvimento de personagens, sabe que os erros servem de tutorial para aprendizado e maior êxito nas "vidas" (chances) seguintes, além de ser boa estrategista.
Afinal de contas, ela já havia sobrevivido ao ataque ocorrido no mesmo dia que a outra, que morreu (há um ano atrás) e sobreviveu. As duas estão ligadas de alguma maneira e não parece que foi tão a toa assim que a protagonista acabou por fazer a tatuagem com as cinzas daquela, concedendo assim as vidas extras.
A mãe da moça que morreu, inclusive menciona a característica auxiliadora da filha, que construiu grupos de ajuda para dar esperança às pessoas e no cartaz dela estava escrito "eu não lutei sozinha", reforçando a característica co-op (cooperativa), retributiva, dela.
Os mascarados são vilões, estilosos mas de limitada inteligência [artificial]. Estes buscam as mulheres que parecem entrar involuntariamente no jogo, todo último dia do ano. Eles sempre costumam vencer, conforme vimos no noticiário. Esse ciclo de vitórias foi interrompido pelo modo cooperativo, entre aquela que é boa em resistência e assim coroada com vidas extras, e aquela que usa estas vidas como aprendizado e traça estratégias corretas para vitória.
Trama descente, faz jus ao modo não linear que é contada. Excelente distribuição de profundidade aos personagens.
Bastante sarcástico, e humor bem contrastado com a violência. Vale mais pela estória bem contada, não tanto pela imprevisibilidade, embora esse seja um quesito bem trabalhado, também.
O filme inteiro relata um xerife, que assim como nós, espectadores, sabe o que vai acontecer. Nós sabemos porque já vimos "o futuro", o xerife, Zeke, sabe por sua perspicácia, frieza, calculismo e inabilidade dos rivais. Ele coloca todos, inclusive os agentes do FBI, em seu bolso.
Sua tranquilidade e até seu tédio sugerem que ele está mais convicto do que nós, que já testemunhamos as consequências da trama. Ao final do filme (e inicio do planejado), ele coroa com a última frase do filme, [praticamente] olhando pra câmera e falando conosco, que "até onde se sabe, o irmão dele já tava pego"... em outras palavras "ele é um um homem morto", literalmente, no nosso caso, pois já vimos ele morrer, mas me maneira figurada, no presente de Zeke.
Como não tava muito legal, nem me preocupei muito em procurar entender, mas uma explicação possível foi que a Leana estava ficando maluquinha.
O acidente e as fotos mostradas pelo fdp do cara do resgate, causaram um forte impacto mental nela, a partir daí ela passa a ficar cada vez mais paranóica, cuidando mal da irmã, não prestando atenção nos diálogos dentre aqueles que estão no seu entorno, fixação nos acidentados, "respeito" exagerado pelos itens dos mortos etc...
Como foi dito mais ao início do filme, com a correnteza os mortos iriam se aproximar mais da ilha. Então enquanto ela estava tendo todas aquelas (o que eu acho que eram) alucinações intercaladas entre o navio e sua casa (vou focar a minha análise nessa cena), e isto após bater a cabeça e consecutivos desmaios, na realidade ela estava apenas recuperando os corpos que já estavam mais próximos à margem. E também levou a irmã, Rita, com ela nesse resgate e é possível imaginar que nesse estado, ambas passaram por algum apuro ou outro, remontado na mente da Leana como se estivesse se afogando.
O afogamento também simbolizaria que ela estava era afundando cada vez mais em sua insanidade. Com a água remetendo à loucura, faz sentido a pequena Rita, ingenuamente pedir para entrar no mar (da loucura), seguindo os passos da irmã mais velha, enquanto esta por sua vez nega, talvez inconscientemente ou ciente lá no 'fundo' de sua condição derradeira. Leana também diz não saber nadar, ou seja, não sabe escapar sozinha da loucura.
Infelizmente a irmã mais nova compartilha de alguns sintomas dos problemas psicológicos da Leana, demonstrado nos momentos em que ela interage com os mortos. Mas ainda há traços de sanidade nela, ela não 'mergulha' ou 'afunda' tanto quanto a irmã.
No final das contas, eu acredito que não há nenhuma nova descoberta, todas as informações sobre o ocorrido foram obtidas através do cartório, e de terceiros, fazendo com que toda a sua jornada 'do resgate das almas' fosse propositalmente irrelevante quanto a reconstrução dos fatos. Fiquei exatamente com a sensação de que ela já tinha todas as informações previamente.
Observação. Tanto o velho, quanto a outra moça que inicialmente estava ajudando no resgate, fugira, porém não por ter visto o fantasma dentro da casa, através da janela, mas sim de quem daquela casa os espantaram de fato, a Leana, com sua condição mental degradante.
Esse filme não é ruim, como muitos estão dizendo. É um filme corajoso, busca originalidade e foge de diversos clichês do gênero. Embora também não seja perfeito, é extremamente eficaz em causar desconforto e até possui bastante coerência em todas as cenas.
A citação inicial diz que "mente vazia, oficina do Diabo" (em termos mais trabalhados claro rs). O ator pareceu o "hospedeiro" perfeito da entidade despertada pelo grupo de "millennials", exatamente devido à sua desocupação e modo despreocupado de tocar a vida.
Como eu falei, ele não é perfeito. Não posso deixar de reparar que é um baita filme conservador moralista e capitalista, que transmite uma mensagem dual (binária) e errada de causa e consequência, que se você não ir até o final da faculdade, não arranjar um emprego considerado "digno", beber de vez em quando, ter uma recaída com a ex, usar drogas, jogar video game (na sua hora vaga, aliás), o diabo vai te pegar rs...
Claro que eu não aconselho ninguém a tomar rumo semelhante na vida, mas daí pra se valer do histórico e cultural medo cristão, tem chão (e eu respeito demais o cristianismo). Veja, as coisas não são mais assim. Ele estava feliz em seu emprego, estava bem em seu relacionamento (ela o aceitava e amava), era alguém disposto a ajudar o próximo e na real, só começou a decadência após já estar tomado pelo capetão.
É como se não se preocupassem com as verdadeiras causas pelo qual ele não se integra aos valores compreendidos por dignos, pela sociedade. E se pra fugir do demônio, pelos meios sugeridos pelo filme, é que ferrasse com a cabeça dele, obrigando-o a ter uma vida de interpretação para ser aceito? Aí sim é que surgiria o "demônio" pra atormentar a vida dele, de seus amigos e de seus relacionamentos.
Eu acharia genial se eu estivesse errado, e que a mensagem fosse irônica, o inverso, uma crítica ao conservadorismo exagerado. Assim poderia-se dizer que apenas quando (literalmente, no caso) botaram o capeta em sua mente, é que ele começou a agir descontroladamente com a "externalização" da responsabilidade de seus próprios atos.
Eu entendi que pelo filme ter se passado na mente no momento do ato do suicídio da Scarlett, diz que todos os personagens ali, existentes na vida real ou não, são criados sobre a sua ótica.
O pai é a figura da moral religiosa e santa (da casa pra fora somente).
Alex é 100% criação da mente dela, pra ser seu carrasco (já entro em outros aspectos).
Como no mundo do filme os "personagens" criados dentro do sonho possuem uma consciência, inclusive relativamente complexa, foi necessária a criação de uma esposa e um colega de trabalho para darem sentido a vida de Alex.
A esposa, por exemplo, apesar de ser mais passiva em aceitar a realidade que ela foi inserida, demonstra ter a mesma complexidade consciente quando ela foi pega pelo Alex checando de maneira perplexa a teoria das ervilhas.
Já o colega de Alex, demonstra ser 100% alienado àquele mundo.
Alex apesar de ser uma criação, me pareceu ter sido moldado a partir de duas personas. A do Wayne (que ela cometeu toda sorte de crueldade), e também do suposto estuprador, existente apenas em sua mente, criado como álibi para justificar às autoridades a morte de Wayne. Duas personas em um, algo comum em sonhos, acredito eu.
O filme mostra ao menos 3 momentos distintos do Alex. O primeiro e segundo, são os mais lineares que acompanhamos na primeira e segunda parte do sonho respectivamente, e o terceiro é o ser mais evoluído (o encapuzado), com plena ciência de sua existência e das regras daquele mundo dos sonhos, este não possui um ato como os outros, mas sua elevação permite que ele atinja atemporalidade, revelando esta característica quando vimos suas "aparições" em todo decorrer da trama.
Eu não sei exatamente se é um sonho dividido em dois, ou dois sonhos distintos, mas o que dá à entender é que, a primeira parte do sonho é pautada por um provável desejo sexual mórbido pelo seu primo Wayne que fica evidenciado pela sua impetuosidade para com Alex (lembre, pessoa pelo qual Wayne está personificado - junto ao estuprador). Na segunda, mostra o desfecho que ela acreditava que sua alma deveria ter através das mãos de Alex (ou Wayne), devido ao seu sentimento de culpa que inclusive é bem demonstrado nesta mesma segunda parte, através de seu estilo niilista, desgarrado, de vida.
Apenas alguns detalhes...
Na construção de múltipla persona de Alex e aprofundando um pouco mais quanto a característica sexual de Scarlett, acredito que sua paranoia e até passividade quando inventou que Alex a queria estuprar, revela que na "vida real" ela fantasiava Wayne como um cara mal a "violentando". Portanto ela já tinha estas duas características prontas em sua mente (real). Seu subconsciente apenas criou um "personagem" (avatar) para esta amálgama de personalidades percebidas à respeito de Wayne.
Alex em sua última forma, é o carrasco / ceifador mal, o diabo (que ela admira e deseja) que a levaria ao eterno sofrimento / inferno, onde ela pagaria incessantemente com a mesma moeda, por ter enterrado Wayne vivo.
A personalidade do seu pai, é o contraponto de Alex, é a figura espiritual (que está longe de ter admiração da filha). Seu desprezo pelo pai fica mais didático quando ela diz à Alex que seu pai está morto.
Ademais, acho bastante legal o mundo consciente, autônomo e coeso criado nos sonhos dentro do universo do filme. Eu acho que este é o ponto onde exige mais da nossa imaginação, do que da narrativa, e o ponto de divergência entre quem gostou e não do filme.
Talvez cada sonho, ou pelo menos em cada experiência "pré morte", criamos uma realidade que lá fica e sozinho evolui, mesmo após a partida do criador daquele universo.
Filme extremamente bem feito, roteiro e atuações incríveis, mas destaco a direção. Transmite muito bem os sentimentos dos personagens sem precisar falar, expõe os sentimentos, os valores trocados de maneira convincente sem utilizar de recursos caricatos e explícitos.
Foge muito bem do clichê de filmes com o plot semelhante, não deixa o que seria o "desfecho óbvio" pro final e trabalha muito bem em cima das consequências que elas geram.
Na segunda parte do filme, eu só achei que houve um certo excesso de personagens, de uma ou outra cena, embora não dispensável, aquém em relação ao primor de todo o resto.
Mas excelente filme e que respeita muito o espectador.
Filme muito competente em criar uma atmosfera pesada e um suspense psicológico. Começa na linha entre o real e o sobrenatural, lá pelo meio cria um mistério, que logo fica evidente e se resolve, com a finalidade de deixar em aberto até o final as suas motivações, e algumas incógnitas.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraFilme incrível, me surpreendeu pela coragem da Lana. Sarcasticamente, se o que se quer é nostalgia então há: os tiros não acertam, é transmitido o primeiro filme a você, sem sutileza alguma.
Agora, se quer inovação, ela, então, te obriga a pensar nas motivações, pra além da plasticidade das cenas: as lutas quase sempre saem de cena, atropeladas pelos monólogos ou pelas telas congeladas, os poderes não agridem, são anti-violentos, seja pra afastar a ameaça ou parar os tiros.
Teria Lana desaprendindo a oferecer o entretenimento "apolítico" que alguns dizem ser possível existir (mas apenas para, ao final, reinterpretarem para a sua ideologia política, como fizeram os conservadores com a red pill)?
Ela não desaprendeu e ela mostrou isso na cena do trem e no belo cenário onde houve o treino com Morpheus. Ela apenas quis transmitir a mensagem que o filme é dela, não nosso, nem da Warner, que já foram feitos até mais dois além do idealizado, que não temos o direito de ficar cobrando e a indústria a obrigando a fazer nada e dessa vez não tem caverna de Platão, ou outra alegoria, está explícito desagrade a quem for.
Dito isso, ainda assim, o filme tem um ótimo potencial para expansão do universo. O próprio "modal" é uma incubadora de releitura dos personagens por si só, sem contar as possibilidades pela complexidade de um universo menos antagônico. Retirando a cegueira e o ímpeto de crítica ao desconhecido, que eventualmente a quebra de expectativa tenha causado, aceitando o convite ao raciocínio e saindo da Matrix, é possível entender, aproveitar, se divertir, participar de toda nova discussão que o filme traz.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
4.0 494Lindo! Vá assistir pelo arco emocional, pois todo o contexto serve como ambientação e desculpa, no bom sentido, para a linda mensagem do filme.
Filme muito bem montado, cada cena, por menor que pareça ser, tem a sua importância e é resgatada das maneiras mais criativas, sem flashback, mas ainda precisamente didático através de outros recursos práticos.
Esse detalhismo se mostra ao, bem utilizado, excesso de informações na tela, pode até causar cansaço às pessoas mais observadoras (e até um pouco de ansiedade pela perda de informações laterais), mas ainda assim gostei do estilo arriscado que combinou com a família "esquisita", muita bagunça, destruição, itens.
A crítica às Big Techs são bem vindas, mas vindo da Sony, deslegitima um pouco, parece mais uma concorrente menor reclamando das maiores rs... Mas tudo bem, ainda é bem vinda, que bom que houve.
Achei maravilhoso que todo o arco final o filme larga qualquer realismo, mesmo considerando as regras do próprio filme, e faz todos os elementos, inclusive as lutas que viram um balé sincronizado, funcionar apenas em prol da mensagem que veio sendo construída a cada segundo de filme: pais e filhos, aproximem-se, entendam o que é realmente importante um ao outro, suas lutas e dores e apenas assim será possível respeitá-las.
V/H/S/94
2.8 144 Assista AgoraDessa vez, mais do que nas anteriores, por qualquer motivo, fiquei com a sensação de estar assistindo alguma edição daquele Faces da Morte, que simulam mortes reais, porém, aqui, com a extrapolação da realidade, seja para um subgênero ou para outro. Particularmente acho uma experiência válida, assim como a de um videogame, que aliás um dos curtas desta sequência é filmada na perspectiva de primeira pessoa, como se um FPS estivéssemos jogando, que nos coloca em situações onde (espero que) nunca estaremos. Porém, só é uma pena que, para tal, seria necessário maior atenção tanto às atuações, quanto a computação gráfica, que por diversas vezes nos tiram do filme devido a má qualidade.
Relatos do Mundo
3.5 316 Assista AgoraUm belíssimo filme...
... sobre seguir em frente, por mais imperfeito que sejamos. Os erros do passado devem ser superados com os acertos do presente. Capitão que lutou pelo Texas, confederados, escravagistas, ao final lutou pela vida e liberdade de Johana, passando pela rebelião que provocou, onde aprendeu a transmitir mensagens através de histórias que possuem o poder de libertação muito maior do que as notícias (financiadas por ricos exploradores e governos, que no fim, não passam de propaganda e alienação em massa).
Aqueles que me Desejam a Morte
2.9 256 Assista AgoraParei antes da metade. Casa explodindo, diálogos qualquer coisa, criação de mistério forçado, notebook importante mas esquecido e sem senha, a Jolie infantilizada, o Bernthal casado "tirando casquinha" da Jolie, fora o close em seu "útero", não sei se a trama iria desenrolar de alguma forma essas questões, apenas não me interessei em saber.
Posto de Combate
3.4 55 Assista AgoraO plot em si, que é sobre uma base sem propósito e desprotegida no meio do Afeganistão é uma boa premissa, porém mal aproveitada.
Em certo ponto fica nítido que não haverá aprofundamento na crítica sobre a ilógica e desastrada invasão (como um todo) ao Afeganistão, representado naquela base. O foco do filme inteiro fica na fraca e entediante construção dos personagens, para o clímax que seria a batalha final. Batalha essa que também não empolga, não localiza bem a posição e distância entre eles e seus inimigos. Então você não se importa com nenhum personagem enquanto obra, não é dado bom parâmetro espacial, não tem grandes cenas e termina com a tentativa de resgatar qualquer sentimentalismo que outrora fora mal construído.
Se quando chove bala é o roteiro que decide quem morre e quem é invulnerável, a lição que fica é: trate de ser amigo do roteirista! 😃
Nove Dias
3.7 76Filme lindo, impecável.
Encaixa bem a responsabilidade e os erros da paternidade que surgem justamente pelo medo e cautela excessivos em cometê-los.
Ele é como um pai, que apesar da vantagem de poder dar a luz e por diversas vezes escolher previamente o perfil do filho, sempre comete o mesmo erro em acreditar que demonstração de sensibilidade é fraqueza e acaba por escolher alguém exatamente como ele, que reprime suas emoções quando na verdade o mundo precisa do oposto, de alguém que não respeite as regras impostas e rebelde, como Emma. Assim como um pai, que precisa aprender com o filho.
Emma ajudou-o a entender isso, a descobrir porque a Amanda, que ele havia selecionado, suicidou-se. Emma ciente que a seleção e critérios são definidos por ele, ajudou-o então a crescer e, assim, tomar decisões baseadas no melhor de si. Tomamos decisões baseando-nos no que conhecemos, em nós, em nossa bagagem, por isso a necessidade de mudança deveria partir dele próprio, assim como em seu interior residia.
É um tapa na cara, não é fácil o processo de reconhecer a própria arrogância e reconhecer as falhas, porém apenas a partir daí ele poderá fazer melhor ao mundo, escolhendo aqueles com real potencial de fazer a diferença.
Ritos Ancestrais
2.8 80 Assista AgoraExcelente para aqueles que gostam de suspense com uma linda história nas entrelinhas.
Até certa altura somos levados a desconfiar se os mistérios que ela vivencia são reais ou alucinações causadas pelas drogas.
Aproximando-se do final, ela compreende a resposta para a pergunta que todos faziam a ela: o que ela foi fazer ali? Ao que ela responde "eu vim morrer", ficamos preocupados se ela terá o mesmo destino de sua mãe, após o exorcismo mal sucedido.
Na verdade a sua dolorosa jornada serviu para a difícil tomada de decisão de deixar morrer toda sua vida supérflua e materialista (desde que dê lá saira para morar nos EUA), representado também pelo desprendimento de seu vício, deixando, assim, nascer a semente que sempre esteve nela do propósito maior e mais básico que é o de auxiliar aquele que precisa de ajuda.
Ela substitui a ancestral e se assume, feliz, como a "fucking bruja".
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio
3.1 725 Assista AgoraBom filme, mas estranhei os excessos nacionalista norte-americanos, que destoou do protagonismo feminino que por si só evocaria o progressismo, e o recorrente individualismo da protagonista que a levou a demorar a entender que sua birra simplesmente colocava o mundo (aos que ela ama incluso, claro) em risco. A trama ficou um pouco apressada.
Espiral: O Legado de Jogos Mortais
2.2 528 Assista AgoraA atuação do Chris Rock é vexaminosa a ponto de nos desconectar completamente do filme. Remove qualquer chance de assistir à trama (que até poderia ser razoável) com boa vontade. De resto, se assistir como uma sequência, do nível do 2 em diante, encontrará tudo ali, o gore, as referências, e até a questão de certas previsibilidades. Caso seja fã das continuações do Jigsaw, e consiga ignorar tal atuação caricata (pra dizer o mínimo) é possível aturar essa sequência / spin-off.
Pânico na Floresta: A Fundação
2.7 321Apesar de não ser uma sequência direta de seus antecessores, pode-se dizer que faz parte do mesmo universo, o diretor é o mesmo e muitos elementos continuam neste, porém na minha opinião é feita a acertada opção de dar continuidade, sim, na discussão, aprofundamento e complexidade dos protagonistas, que nos anteriores, em geral, eram além de rasos; egocêntricos e apáticos, neste a gente precisa de acompanhar o desenrolar para obter o real entendimento sobre as questões morais de cada um (uns são mais complexos, outros não resistem à primeira oportunidade de tecer julgamentos baseando-se em preconceitos e até xenofobia). Apesar de um terceiro ato apressado, compensa pela discussão colonialista posta pelo diretor.
Pânico na Floresta
2.8 929 Assista AgoraFilme feito para torcermos para o vilão, pena, então, que os apáticos e egocêntricos protagonistas venceram.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraEta! Eu estava caindo igual patinho durante o filme todo, achando que ela quem iria revelar algum distúrbio neurológico, até que a sequência de eventos começou a ficar cada vez mais incoerente enquanto alternava o foco da moça, para o rapaz.
Pensando em retrospectiva. Ele era um velho solitário que teve problemas na escola, com mulheres, pais, amigos. Perdeu a oportunidade de pedir um telefone antes da amada (que trocou olhares) ir embora, que fantasiava diversas realidades alternativas em sua mente, sobre o desdobramento caso ELA tivesse pedido o telefone.
Também acredito que ele fosse curioso quanto à sua sexualidade, e isso causava repressão e desapontamento dos pais.
Mesmo em idade avançada, não procurou ajuda, tampouco amadureceu. Continuava à externar a culpa, se auto avalia como bom, carinhoso etc. Solitariamente sentia a necessidade de aprovação daqueles que o magoaram, colegas na escola, pai, com relação a sua virilidade. Ainda sonhava em receber o Nobel e apresentar um musical, na escola.
Entre Realidades
2.9 307 Assista AgoraNão é uma hipótese fechadinha, mas acho que ela sofre de PID, transtorno de identidade dissociativa.
Isso explica as diversas alegorias de dualidade, como reflexo dela em espelho, a ideia da clonagem, ela se vê descendo as escadas da clínica etc.
Há estudos que inferem predisposição genética. A sua avó e mãe também sofriam do mesmo problema.
Substâncias como álcool, e maconha servem de gatilho para a doença, assim como traumas de infância.
Os buracos que existem no filme, como ela "despertando" na rua, nua na loja, arranhões no carro dela e na parede de casa, sonhando com pessoas que ela [acreditava que] nunca tinha visto, denotam que o filme nos apresenta somente uma personalidade. A que eu acredito ainda ser a mais sã. A segunda, que não vemos, é a mais alucinada. É como se a segunda personalidade tivesse uma patologia à parte, como esquizofrenia.
Acontece que infelizmente essa identidade, a que vemos no filme, é muito passiva e se deixa influenciar facilmente quanto à teorias conspiratórias. É o que a move, ela se agarrou e apaixonou à primeira pessoa que "concordou com ela". Quem sofre de transtorno de identidade dissociativa, não reconhece a doença, não quer saber de ajuda, fica presa na sua versão da realidade, com remorso de todos (por não lhe darem ouvidos) e carente.
Foi quando ela se sentiu abandonada até pela pessoa que "acreditava" nela, que ela passou a compartilhar pensamentos, com a sua segunda personalidade, a mais "alucinada". Pois foi essa quem melhor a acolheu. A segunda acolheu a primeira, ou seja, ela acolheu ela própria. É como se a segunda personalidade tivesse conseguido se impor mais, a primeira era muita passiva e condescendente para com alguém que lhe concedesse "abrigo", paz, um pouco de "razão". O assistente social falou sobre ela ter uma melhora, e sim, o fato de as duas identidades compartilharem informações, pode ser entendida como uma associação, um quadro de melhora.
Como eu fui criando e ajustando essa teoria conforme assisti, pra mim ela quase teve um filho que daria continuidade ao transtorno nas gerações seguintes, mas ela interrompeu a continuidade porque, ao final... ela morre! Igual à sua avó e mãe.
Como o filme nos apresenta sempre sob seu ponto de vista, quando ela ascende aos céus, naquela cena linda, com seu cavalo ao lado, a realidade nua e crua é que ela simplesmente morre (e na minha opinião dando cabo de sua vida). Eu achei o final tristíssimo e pesado, apresentado de uma maneira belíssima. Assim ela cessou a depressão (sintoma do transtorno), "confirmou" para o mundo sua "razão" e ainda ascendeu aos céus confortavelmente.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraPaimon, que é o Pai dos Digimons, digo o Rei do Inferno, só pode ser evocado e manifestado, para conceder o poder de ter todos os segredos do universo revelados, em corpo masculino.
Isso explica porque a avó insistiu tanto para ter um neto, homem, mesmo com tanta rejeição da mãe da família. E mesmo após ter o filho, a mãe resistiu e não o entregou aos "cuidados" da avó, assim como havia feito com a filha. Por isso a avó satânica, evocou a entidade provisoriamente na filha, sendo assim a primeira hospedeira. Inclusive a filha menciona que a avó gostaria que ela fosse homem.
Porém Paimon só pode entrar na vida da família quando evocado por esta, e por esse motivo aquela desgraçada da amiga, que também fazia parte da seita, se aproximou e influenciou a mãe da família a evocar o maldito acreditando que estava evocando a filha (vale lembrar que a filha era a hospedeira provisória).
Paimon já estava no controle da situação na ocasião da morte da filha, visto que o símbolo (que aliás, é do demônio Paimon mesmo, vide wikipedia) estava cravado no poste.
A construção da desestrutura familiar foi interessante, mostrando que absolutamente todos têm seus defeitos, e é um laço familiar propositalmente quebrado orquestrado pela avó. Assim, com todos rejeitando a existência de todos, baixa resiliência, solidão exagerada e remorso, torna mais convidativa a emersão do capeta.
Claro que não por acaso esse cenário também propicia ao mergulho nas profundezas da loucura da mente, o que inclusive confundiu o pai da família, que por algum senso de superioridade apoiada em sua "crença ao ceticismo", acaba é por ser o "banana", sem moral e indisposto a ouvir com sinceridade sua esposa, agarrado em suas próprias verdades. Ainda que ele fosse o único lúcido, e que sim, sua esposa tivesse herdado um distúrbio neurológico, ativado pelo estresse pós traumático, as atitudes dele sempre foi de covardia, isenção, escapismo, exteriorização de culpa etc. Nem o sobrenatural perdoa aquele que se entrega à essas características.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 852 Assista AgoraCreio que essa viagem, que está muito mais para introspectiva, do que exploratória, dialoga com absolutamente todas as pessoas. E duplamente. Somos colocados inicialmente na pele do filho que apesar de não querer seguir os passos do pai, aparentemente o faz, e posteriormente sentimos ligado também ao pai e suas prioridades invertidas.
Através da quebra de apatia e consequentemente aquisição empática do protagonista, Roy, é demonstrado que é sim possível aparentemente seguir caminhos semelhantes ao do pai, como profissão, mas quebrar completamente o laço paterno se enchendo autonomamente de sentimentos [próprios], ao conceder o seu perdão.
O filho fez o possível para auxiliá-lo, foi até onde pôde, porém no final é necessário compreender que a escolha, ainda que seja a da desnecessária autopunição, não é dele. Seu pai escolhe mais uma vez ir embora, ressentido, triste e solitário, toma a pior decisão baseada em seu orgulho, mas ainda assim, infelizmente não há como decidir por ele.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraEu vim com a expectativa alta, pela atriz esnobada no Oscar, direção e tal, certo que seria um filme excepcional mas infelizmente não fui correspondido. Faço meia culpa pela minha elevada expectativa.
A atuação dela é maravilhosa, não entro em detalhes sobre se ela foi injustiçada, sei lá eu, os demais atores do Oscar são excelentes também. Já a direção, apesar de ter recebido alguns elogios, realmente não tinha como entrar no Oscar não.
Mas além da clara interpretação sobre desigualdade social muito legal e necessária até, o filme não foi competente como um thriller em si. Por diversas vezes eu fui arremessado para fora do filme.
A família se mostrou possuir tanto domínio e superioridade sobre as cópia/clone/sósia, assim como também as cópias enrolavam absurdamente para dar cabo da família, quando estas tinham a chance, que já não surtia nenhum tipo de tensão pretendida sobre a hipótese de algum membro da família ser morto.
A parte cômica eu aceitei, e é uma escolha do diretor para de fato tornar o filme intencionalmente mais leve, porém o filme já estava leve antes, pelo que mencionei. Então mesmo as partes que seriam para gerar tensão, de fato, não funcionaram.
Quando se revelou o aspecto secular, "não sobrenatural", do filme, com a explicação que aqueles outros seriam mais uma espécie de clone, é necessário que elevemos demais a suspensão da descrença, para manter a condescendência para com a trama. Por exemplo:
1. Aquela fila cruzando os EUA, iria durar apenas o suficiente até que eles morressem de cede e fome, e aí a sociedade voltaria ao normal.
2. Tudo bem terem reflexos de seus originários e passarem a vida mimetizando-os, mas se estão 100% abandonados lá em baixo, como possuem acesso a roupas tão semelhantes, fazem cortes idênticos, considerando além de tudo que todos possuem sérios distúrbios neurológicos, que afetam seus sensos e sentidos.
Pra mim, saber que apesar de cada um ali ser uma cópia, mas que não volta pra matar exclusivamente sua contraparte, perde muito em coerência quanto ao argumento principal do filme. Se todo mundo, pode matar qualquer um, logo banaliza e tanto faz serem, ou não, cópias.
Alguns pontos positivos vão pra além da discussão sobre a desigualdade e diferença de oportunidades, também para a inversão de papéis, ao invés do tradicional, a família protagonista era a negra e os coadjuvantes é que eram brancos e isto apenas porque sim, (quase) sem precisar de uma desculpa argumentativa para tal.
Jogo na Escuridão
2.7 19 Assista Agora[Antes de mais nada, fica o aviso que o filme possui evidentes gatilhos de suicídio, e em menor grau de abuso sexual.]
O filme tem lá seu charme e personagens seus estilos. Seria muito melhor se reduzissem consideravelmente a primeira parte e desenvolvessem mais a segunda.
Não sei se recomendaria, talvez valha por ser produção "estrangeira", indiana no caso.
A moça que sobreviveu três vezes ao câncer, em outras palavras, ganhou 3 vidas e transferiu-as à protagonista. As vidas caíram nas mãos da pessoa correta, embora a priori pareça que não. A habilidade principal da medrosa protagonista, é que conhecendo sobre "level design" e desenvolvimento de personagens, sabe que os erros servem de tutorial para aprendizado e maior êxito nas "vidas" (chances) seguintes, além de ser boa estrategista.
Afinal de contas, ela já havia sobrevivido ao ataque ocorrido no mesmo dia que a outra, que morreu (há um ano atrás) e sobreviveu. As duas estão ligadas de alguma maneira e não parece que foi tão a toa assim que a protagonista acabou por fazer a tatuagem com as cinzas daquela, concedendo assim as vidas extras.
A mãe da moça que morreu, inclusive menciona a característica auxiliadora da filha, que construiu grupos de ajuda para dar esperança às pessoas e no cartaz dela estava escrito "eu não lutei sozinha", reforçando a característica co-op (cooperativa), retributiva, dela.
Os mascarados são vilões, estilosos mas de limitada inteligência [artificial]. Estes buscam as mulheres que parecem entrar involuntariamente no jogo, todo último dia do ano. Eles sempre costumam vencer, conforme vimos no noticiário. Esse ciclo de vitórias foi interrompido pelo modo cooperativo, entre aquela que é boa em resistência e assim coroada com vidas extras, e aquela que usa estas vidas como aprendizado e traça estratégias corretas para vitória.
Shimmer Lake
3.1 108 Assista AgoraTrama descente, faz jus ao modo não linear que é contada. Excelente distribuição de profundidade aos personagens.
Bastante sarcástico, e humor bem contrastado com a violência. Vale mais pela estória bem contada, não tanto pela imprevisibilidade, embora esse seja um quesito bem trabalhado, também.
O filme inteiro relata um xerife, que assim como nós, espectadores, sabe o que vai acontecer. Nós sabemos porque já vimos "o futuro", o xerife, Zeke, sabe por sua perspicácia, frieza, calculismo e inabilidade dos rivais. Ele coloca todos, inclusive os agentes do FBI, em seu bolso.
Sua tranquilidade e até seu tédio sugerem que ele está mais convicto do que nós, que já testemunhamos as consequências da trama. Ao final do filme (e inicio do planejado), ele coroa com a última frase do filme, [praticamente] olhando pra câmera e falando conosco, que "até onde se sabe, o irmão dele já tava pego"... em outras palavras "ele é um um homem morto", literalmente, no nosso caso, pois já vimos ele morrer, mas me maneira figurada, no presente de Zeke.
Aurora - O Resgate das Almas
2.3 26 Assista AgoraAchei falho em diversos aspectos. Desde a construção dos personagens, até diálogos, passando pela montagem do filme.
Como não tava muito legal, nem me preocupei muito em procurar entender, mas uma explicação possível foi que a Leana estava ficando maluquinha.
O acidente e as fotos mostradas pelo fdp do cara do resgate, causaram um forte impacto mental nela, a partir daí ela passa a ficar cada vez mais paranóica, cuidando mal da irmã, não prestando atenção nos diálogos dentre aqueles que estão no seu entorno, fixação nos acidentados, "respeito" exagerado pelos itens dos mortos etc...
Como foi dito mais ao início do filme, com a correnteza os mortos iriam se aproximar mais da ilha. Então enquanto ela estava tendo todas aquelas (o que eu acho que eram) alucinações intercaladas entre o navio e sua casa (vou focar a minha análise nessa cena), e isto após bater a cabeça e consecutivos desmaios, na realidade ela estava apenas recuperando os corpos que já estavam mais próximos à margem. E também levou a irmã, Rita, com ela nesse resgate e é possível imaginar que nesse estado, ambas passaram por algum apuro ou outro, remontado na mente da Leana como se estivesse se afogando.
O afogamento também simbolizaria que ela estava era afundando cada vez mais em sua insanidade. Com a água remetendo à loucura, faz sentido a pequena Rita, ingenuamente pedir para entrar no mar (da loucura), seguindo os passos da irmã mais velha, enquanto esta por sua vez nega, talvez inconscientemente ou ciente lá no 'fundo' de sua condição derradeira. Leana também diz não saber nadar, ou seja, não sabe escapar sozinha da loucura.
Infelizmente a irmã mais nova compartilha de alguns sintomas dos problemas psicológicos da Leana, demonstrado nos momentos em que ela interage com os mortos. Mas ainda há traços de sanidade nela, ela não 'mergulha' ou 'afunda' tanto quanto a irmã.
No final das contas, eu acredito que não há nenhuma nova descoberta, todas as informações sobre o ocorrido foram obtidas através do cartório, e de terceiros, fazendo com que toda a sua jornada 'do resgate das almas' fosse propositalmente irrelevante quanto a reconstrução dos fatos. Fiquei exatamente com a sensação de que ela já tinha todas as informações previamente.
Observação. Tanto o velho, quanto a outra moça que inicialmente estava ajudando no resgate, fugira, porém não por ter visto o fantasma dentro da casa, através da janela, mas sim de quem daquela casa os espantaram de fato, a Leana, com sua condição mental degradante.
Contato Visceral
1.6 450 Assista AgoraEsse filme não é ruim, como muitos estão dizendo. É um filme corajoso, busca originalidade e foge de diversos clichês do gênero. Embora também não seja perfeito, é extremamente eficaz em causar desconforto e até possui bastante coerência em todas as cenas.
A citação inicial diz que "mente vazia, oficina do Diabo" (em termos mais trabalhados claro rs). O ator pareceu o "hospedeiro" perfeito da entidade despertada pelo grupo de "millennials", exatamente devido à sua desocupação e modo despreocupado de tocar a vida.
Como eu falei, ele não é perfeito. Não posso deixar de reparar que é um baita filme conservador moralista e capitalista, que transmite uma mensagem dual (binária) e errada de causa e consequência, que se você não ir até o final da faculdade, não arranjar um emprego considerado "digno", beber de vez em quando, ter uma recaída com a ex, usar drogas, jogar video game (na sua hora vaga, aliás), o diabo vai te pegar rs...
Claro que eu não aconselho ninguém a tomar rumo semelhante na vida, mas daí pra se valer do histórico e cultural medo cristão, tem chão (e eu respeito demais o cristianismo). Veja, as coisas não são mais assim. Ele estava feliz em seu emprego, estava bem em seu relacionamento (ela o aceitava e amava), era alguém disposto a ajudar o próximo e na real, só começou a decadência após já estar tomado pelo capetão.
É como se não se preocupassem com as verdadeiras causas pelo qual ele não se integra aos valores compreendidos por dignos, pela sociedade. E se pra fugir do demônio, pelos meios sugeridos pelo filme, é que ferrasse com a cabeça dele, obrigando-o a ter uma vida de interpretação para ser aceito? Aí sim é que surgiria o "demônio" pra atormentar a vida dele, de seus amigos e de seus relacionamentos.
Eu acharia genial se eu estivesse errado, e que a mensagem fosse irônica, o inverso, uma crítica ao conservadorismo exagerado. Assim poderia-se dizer que apenas quando (literalmente, no caso) botaram o capeta em sua mente, é que ele começou a agir descontroladamente com a "externalização" da responsabilidade de seus próprios atos.
Bottom of the World
2.7 66Eu entendi que pelo filme ter se passado na mente no momento do ato do suicídio da Scarlett, diz que todos os personagens ali, existentes na vida real ou não, são criados sobre a sua ótica.
O pai é a figura da moral religiosa e santa (da casa pra fora somente).
Alex é 100% criação da mente dela, pra ser seu carrasco (já entro em outros aspectos).
Como no mundo do filme os "personagens" criados dentro do sonho possuem uma consciência, inclusive relativamente complexa, foi necessária a criação de uma esposa e um colega de trabalho para darem sentido a vida de Alex.
A esposa, por exemplo, apesar de ser mais passiva em aceitar a realidade que ela foi inserida, demonstra ter a mesma complexidade consciente quando ela foi pega pelo Alex checando de maneira perplexa a teoria das ervilhas.
Já o colega de Alex, demonstra ser 100% alienado àquele mundo.
Alex apesar de ser uma criação, me pareceu ter sido moldado a partir de duas personas. A do Wayne (que ela cometeu toda sorte de crueldade), e também do suposto estuprador, existente apenas em sua mente, criado como álibi para justificar às autoridades a morte de Wayne. Duas personas em um, algo comum em sonhos, acredito eu.
O filme mostra ao menos 3 momentos distintos do Alex. O primeiro e segundo, são os mais lineares que acompanhamos na primeira e segunda parte do sonho respectivamente, e o terceiro é o ser mais evoluído (o encapuzado), com plena ciência de sua existência e das regras daquele mundo dos sonhos, este não possui um ato como os outros, mas sua elevação permite que ele atinja atemporalidade, revelando esta característica quando vimos suas "aparições" em todo decorrer da trama.
Eu não sei exatamente se é um sonho dividido em dois, ou dois sonhos distintos, mas o que dá à entender é que, a primeira parte do sonho é pautada por um provável desejo sexual mórbido pelo seu primo Wayne que fica evidenciado pela sua impetuosidade para com Alex (lembre, pessoa pelo qual Wayne está personificado - junto ao estuprador). Na segunda, mostra o desfecho que ela acreditava que sua alma deveria ter através das mãos de Alex (ou Wayne), devido ao seu sentimento de culpa que inclusive é bem demonstrado nesta mesma segunda parte, através de seu estilo niilista, desgarrado, de vida.
Apenas alguns detalhes...
Na construção de múltipla persona de Alex e aprofundando um pouco mais quanto a característica sexual de Scarlett, acredito que sua paranoia e até passividade quando inventou que Alex a queria estuprar, revela que na "vida real" ela fantasiava Wayne como um cara mal a "violentando". Portanto ela já tinha estas duas características prontas em sua mente (real). Seu subconsciente apenas criou um "personagem" (avatar) para esta amálgama de personalidades percebidas à respeito de Wayne.
Alex em sua última forma, é o carrasco / ceifador mal, o diabo (que ela admira e deseja) que a levaria ao eterno sofrimento / inferno, onde ela pagaria incessantemente com a mesma moeda, por ter enterrado Wayne vivo.
A personalidade do seu pai, é o contraponto de Alex, é a figura espiritual (que está longe de ter admiração da filha). Seu desprezo pelo pai fica mais didático quando ela diz à Alex que seu pai está morto.
Ademais, acho bastante legal o mundo consciente, autônomo e coeso criado nos sonhos dentro do universo do filme. Eu acho que este é o ponto onde exige mais da nossa imaginação, do que da narrativa, e o ponto de divergência entre quem gostou e não do filme.
Talvez cada sonho, ou pelo menos em cada experiência "pré morte", criamos uma realidade que lá fica e sozinho evolui, mesmo após a partida do criador daquele universo.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraFilme extremamente bem feito, roteiro e atuações incríveis, mas destaco a direção. Transmite muito bem os sentimentos dos personagens sem precisar falar, expõe os sentimentos, os valores trocados de maneira convincente sem utilizar de recursos caricatos e explícitos.
Foge muito bem do clichê de filmes com o plot semelhante, não deixa o que seria o "desfecho óbvio" pro final e trabalha muito bem em cima das consequências que elas geram.
Na segunda parte do filme, eu só achei que houve um certo excesso de personagens, de uma ou outra cena, embora não dispensável, aquém em relação ao primor de todo o resto.
Mas excelente filme e que respeita muito o espectador.
Regressão
2.8 535 Assista AgoraFilme muito competente em criar uma atmosfera pesada e um suspense psicológico. Começa na linha entre o real e o sobrenatural, lá pelo meio cria um mistério, que logo fica evidente e se resolve, com a finalidade de deixar em aberto até o final as suas motivações, e algumas incógnitas.