Não se trata de um filme de ação. Mas de luta. "Num dia de primavera, um discípulo vendo galhos balançando no vento, perguntou ao seu mestre: São os galhos que se movem ou o vento? Ao que este respondeu: Nem os galhos nem o vento; apenas o seu coração e a sua mente." Esta é a receita para se compreender a mensagem do filme, que se remete metaforicamente ao final, mais especificamente na cena
Inicia-se a história, antes, com o cenário do hotel - plasticamente lindo! -: o vermelho e o negro. É praticamente todas as cores que há de se ver no filme, e suas representações - se P. estiver lendo isto, pare por favor; emprestarei este filme depois a você -, além do branco, sempre presente nas roupas do personagem, que já sugere: ele tem um visão clara das coisas e suas decisões, e há principalmente duas forças agindo no personagem. Conta com um excelente roteiro - que não cai em clichês apesar de ser uma história já "relativamente conhecida" -, fluído, muito bem conduzido pela direção que faz uso pontual de recursos cinematográficos, planos sequência, close-ups: tudo de modo muito certeiro, pra transmitir mais do que há na história, e por trás dela. Possui excelentes atuações, em especial de Lee Byung-Hun - protagonista -, que mesmo de poucas palavras, transmite emoção muito através do olhar, embora seja um personagem extremamente contido e reservado. As cenas de luta são bem coreografadas e com a direção, o uso dos cortes, é possível imergir nelas: entendê-las, participar. Os personagens são praticamente todos muito fortes e vivos, facilmente identificáveis. Apesar do filme cair um pouco com um diálogo ou dois, muito auto-explicativos e até de certo ponto desnecessários, seria muita mesquinharia minha dar menos de 5 estrelas a este filme.
Assisti ao filme pela primeira vez como ateu. O filme já se inicia com uma assinatura: imersão e reflexão: logo no primeiro minuto, a tela negra acompanhada com sons da natureza - insetos, o vento, o orvalho, as árvores -, numa tentativa de fazer o homem regressar ao que mais há de primal e essencial nele (estado comum a todos os povos primitivos: espiritualidade sempre associada à natureza); em seguida, silêncio. Segue-se o filme mantendo-se um tom de ritmo constante, sem se precipitar ou se arrastar (àqueles que tiveram noção de arrastamento, recomendaria outra tentativa, quando mais calmos - há momentos certos pra tudo na vida), onde se vê evolução profunda na postura e pensamento dos personagens, quando eles confrontam a própria realidade e fé, com a realidade de terceiros, de cultura diversa. A diferença é tanta que mais adiante no filme,
um japonês servo do governador explica ao padre que nem os japoneses convertidos ao cristianismo são capazes de entender a mensagem cristã. Esse embate de realidades, faz com que Rodrigues (pausa pra elogiar as atuações mais humanas de Garfield e Driver) questione a sua própria fé. O que é real e o que é projeção? (E qual a diferença?)
O filme também aborda a soberba e a húbris cristã, de maneira jamais vista por mim, e de modo tão sutil, especialmente nos ensinamentos ou orientações que os padres passam aos japoneses convertidos, caso estes vierem a ser capturados pelo governador/senhor feudal (que não deve, de maneira alguma, ser confundido com um antagonista - o filme traz algo mais profundo do que polaridade). Outro momento de grande beleza no filme é a utilização das pinturas de Jesus Cristo, evocadas pelo personagem do padre Rodrigues, como as expressões mudam ao longo do filme, ora generosas e confortáveis, ora de grande sofrimento e compaixão, mas conservando uma constante:
. Poucas vezes vi este recurso ser tão bem utilizado no cinema. Edição, fotografia, som, atuações, impecáveis. Uma das melhores direções de Scorsese, que traz até traços de renovação. Abandonei a sala de cinema com a espiritualidade renovada.
Um espetáculo visual belíssimo, mas, acredito, que, principalmente a quem leu a peça, faltou certos momentos dramáticos que vieram a fazer falta. Com exceção de alguns momentos pontuais (magistrais, especialmente Fassbender), as atuações foram bastante contidas, pra toda a dramaticidade da peça
O Gosto da Vingança
3.9 188Não se trata de um filme de ação. Mas de luta.
"Num dia de primavera, um discípulo vendo galhos balançando no vento, perguntou ao seu mestre: São os galhos que se movem ou o vento? Ao que este respondeu: Nem os galhos nem o vento; apenas o seu coração e a sua mente." Esta é a receita para se compreender a mensagem do filme, que se remete metaforicamente ao final, mais especificamente na cena
do reflexo: toda luta é interna.
Inicia-se a história, antes, com o cenário do hotel - plasticamente lindo! -: o vermelho e o negro. É praticamente todas as cores que há de se ver no filme, e suas representações - se P. estiver lendo isto, pare por favor; emprestarei este filme depois a você -, além do branco, sempre presente nas roupas do personagem, que já sugere: ele tem um visão clara das coisas e suas decisões, e há principalmente duas forças agindo no personagem.
Conta com um excelente roteiro - que não cai em clichês apesar de ser uma história já "relativamente conhecida" -, fluído, muito bem conduzido pela direção que faz uso pontual de recursos cinematográficos, planos sequência, close-ups: tudo de modo muito certeiro, pra transmitir mais do que há na história, e por trás dela.
Possui excelentes atuações, em especial de Lee Byung-Hun - protagonista -, que mesmo de poucas palavras, transmite emoção muito através do olhar, embora seja um personagem extremamente contido e reservado.
As cenas de luta são bem coreografadas e com a direção, o uso dos cortes, é possível imergir nelas: entendê-las, participar.
Os personagens são praticamente todos muito fortes e vivos, facilmente identificáveis.
Apesar do filme cair um pouco com um diálogo ou dois, muito auto-explicativos e até de certo ponto desnecessários, seria muita mesquinharia minha dar menos de 5 estrelas a este filme.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista Agoraé melhor ir ver o filme do pelé
Silêncio
3.8 576Assisti ao filme pela primeira vez como ateu.
O filme já se inicia com uma assinatura: imersão e reflexão: logo no primeiro minuto, a tela negra acompanhada com sons da natureza - insetos, o vento, o orvalho, as árvores -, numa tentativa de fazer o homem regressar ao que mais há de primal e essencial nele (estado comum a todos os povos primitivos: espiritualidade sempre associada à natureza); em seguida, silêncio.
Segue-se o filme mantendo-se um tom de ritmo constante, sem se precipitar ou se arrastar (àqueles que tiveram noção de arrastamento, recomendaria outra tentativa, quando mais calmos - há momentos certos pra tudo na vida), onde se vê evolução profunda na postura e pensamento dos personagens, quando eles confrontam a própria realidade e fé, com a realidade de terceiros, de cultura diversa. A diferença é tanta que mais adiante no filme,
um japonês servo do governador explica ao padre que nem os japoneses convertidos ao cristianismo são capazes de entender a mensagem cristã.
Esse embate de realidades, faz com que Rodrigues (pausa pra elogiar as atuações mais humanas de Garfield e Driver) questione a sua própria fé. O que é real e o que é projeção? (E qual a diferença?)
O filme também aborda a soberba e a húbris cristã, de maneira jamais vista por mim, e de modo tão sutil, especialmente nos ensinamentos ou orientações que os padres passam aos japoneses convertidos, caso estes vierem a ser capturados pelo governador/senhor feudal (que não deve, de maneira alguma, ser confundido com um antagonista - o filme traz algo mais profundo do que polaridade).
Outro momento de grande beleza no filme é a utilização das pinturas de Jesus Cristo, evocadas pelo personagem do padre Rodrigues, como as expressões mudam ao longo do filme, ora generosas e confortáveis, ora de grande sofrimento e compaixão, mas conservando uma constante:
amor
Edição, fotografia, som, atuações, impecáveis. Uma das melhores direções de Scorsese, que traz até traços de renovação.
Abandonei a sala de cinema com a espiritualidade renovada.
A Grande Aposta
3.7 1,3KDar menos de 4 estrelas a este filme é absurdo
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista AgoraUm espetáculo visual belíssimo, mas, acredito, que, principalmente a quem leu a peça, faltou certos momentos dramáticos que vieram a fazer falta. Com exceção de alguns momentos pontuais (magistrais, especialmente Fassbender), as atuações foram bastante contidas, pra toda a dramaticidade da peça
Juventude Transviada
3.9 546 Assista AgoraNicholas Ray é cinema.
O Artista
4.2 2,1K Assista Agorao melhor personagem deste filme é o cachorro. E ele não tem um papel muito importante