Um filme muito interessante pra perceber trejeitos particulares do Steven Spielberg, com todas as limitações de orçamento, o jovem diretor tem que mostrar todo o seu talento e controle de tensão em seu primeiro filme. Os enquadramentos, desde planos de perspectiva do motorista até filmagens mais amplas da perseguição, já mostram um criativo contador de histórias que tem a perfeita noção do que precisa fazer para deixar o espectador na ponta da cadeira. A trilha sonora que entra no momento certo e algumas narrações do protagonista referenciam os antigos suspenses dos anos 40 e 50, em que uma premissa simples carrega o filme em uma constante escalada de tensão. 'Encurralado' é o filme que mostra um lado visionário do jovem Spielberg, mestre em construir momentos de suspense com enquadramentos certeiros, característica essa que acompanharia o diretor por toda sua carreira.
Este é um dos filmes atemporais da história do cinema, isso porque a história fala sobre algo que sempre será uma pauta na nossa vida, o famoso "E agora, o que eu faço?". A cena final diz tudo que o filme queria dizer, não existem atalhos para a felicidade, as respostas que você procura não vão vir assim tão simples. Todos procuramos um sentido para a nossa vida, e ás vezes conseguimos encontrar um objetivo, mas esses duram muito pouco, a vida está em constante movimento e a sociedade pede que você esteja também, daí vem as decisões precipitadas. A trilha sonora insiste em voltar na mente de Benjamim porque é algo que ele vai ter que aprender a conviver, e ele aprende isso ao longo da trama, e aprende que ele vai ter que atravessar essa jornada, mas para não ir sozinho, ele vê que vai precisar da única pessoa que ele "suporta ficar". Ele decide trancar todos aqueles que o pressionam a tomar uma decisão e decide embarcar em um ônibus que nem ele sabe exatamente para onde está indo. 'A Primeira noite de um Homem' é um daqueles filmes que definem a palavra "clássico", um dos meus filmes favoritos e um dos que mais faz refletir sobre "pra onde você está indo?".
'A Ascensão Skywalker' passa a primeira metade apagando as escolhas do filme anterior e a segunda metade como um repeteco de 'O Retorno dos Jedi', tudo é muito familiar e exagerado, a força deixa de ser um estado da mente e vira um poder dos X-Men. Todos os conflitos emocionais potencializados por os 'Os Últimos Jedi' são substituídos por uma fanfic em que os poderes do personagens são praticamente infinitos. O filme escancara todos os problemas nas salas de roteiristas, J.J. Abrams não se sentia confortável em terminar uma história e deu uma folha em branco nas mãos da Disney, que por sua vez juntou todas as histórias dos porões da internet e filmou achando que agradaria todos, mas adivinhem... não deu certo. O filme não é de todo ruim, algumas interações legais entre os protagonistas, algumas cenas de ação empolgantes e um visual absolutamente lindo. Mas no fim o que importa é uma boa história, e embora não seja o pior da saga, luta (e com muitas forças) para ser o mais decepcionante.
J.J. Abrams não é um cara para terminar histórias. Em seus trabalhos e suas entrevistas, ele explica sua visão sobre cinema, é defensor de uma tese que diz que a audiência se engaja em um filme mais pelo mistério do que pelo seu desenvolvimento ou explicação. Ele é um cara perfeito para iniciar histórias, mas desenvolvê-las não é a sua praia. 'O Despertar da Força' era o tipo de filme que caberia como uma luva em seu estilo, no episódio VII, era necessário alguém que revisitasse o passado e apresentasse uma nova história, e mesmo com uma fórmula similar ao episódio IV, o filme funciona como uma passagem de bastão, apostando na nostalgia da trilogia original, da qual J.J. Abrams sempre se disse muito fã. Então veio Rian Johnson, um diretor com uma visão mais autoral em seus trabalhos, propondo novas visões sobre antigos personagens, sem medo de arriscar em novos arcos dramáticos. Na minha opinião, todos os personagens principais de um filme necessitam de algo relevante na história, não serem apenas personagens unidimensionais. Rian escolheu não fazer o Luke que os fãs queriam, porque poderia funcionar com o fator nostalgia, mas aí que está... esse seria o caminho mais fácil, o diretor optou por ir no caminho arriscado e criar mais um arco para o personagem e não deixá-lo apenas como um objeto nostálgico legal de ver, e acontece o mesmo com os outros personagens, Poe, Rey, Kylo e Finn, todos eles tem sua jornada dentro do filme, algo para aprender e desenvolver.
Mas esqueça tudo isso.
'A Ascensão Skywalker' passa a primeira metade apagando as escolhas do filme anterior e a segunda metade como um repeteco de 'O Retorno dos Jedi', tudo é muito familiar e exagerado, a força deixa de ser um estado da mente e vira um poder dos X-Men. Todos os conflitos emocionais potencializados por os 'Os Últimos Jedi' são substituídos por uma fanfic em que os poderes do personagens são praticamente infinitos. O filme escancara todos os problemas nas salas de roteiristas, J.J. Abrams não se sentia confortável em terminar uma história e deu uma folha em branco nas mãos da Disney, que por sua vez juntou todas as histórias dos porões da internet e filmou achando que agradaria todos, mas adivinhem... não deu certo. O filme não é de todo ruim, algumas interações legais entre os protagonistas, algumas cenas de ação empolgantes e um visual absolutamente lindo. Mas no fim o que importa é uma boa história, e embora não seja o pior da saga, luta (e com muitas forças) para ser o mais decepcionante.
Se não tivesse sido feito 70 anos atrás, diria que era uma baita sátira da política atual, realmente impressionante como os anos passam mas os truques baixos continuam os mesmos. O filme serve como uma desconstrução de ideias que a sociedade tem sobre figuras públicas, como por exemplo, não é só porque alguém fala bem significa que ele está certo, não é só porque alguém começa sua carreira na honestidade que ele vai continuar da mesma maneira. A idolatria de seres humanos é sempre perigosa, o que vemos dos outros são imagens, nunca sabemos exatamente o que há por trás. A atuação de Broderick Crawford é perfeita. Em um mesmo filme, ele precisa trazer três personalidades, a de um homem idealista que se considera pronto para o trabalho, a de um homem com forte e convincente oratória, e a de um homem que tem o poder nas mãos e que consegue trazer sua imponência apenas com a sua presença em cena. É uma ascensão de personagem que não é simples de fazer e o Oscar de Melhor Ator faz jus ao trabalho. Não sou o maior fã da edição do filme, mesmo para os padrões da época, em certo momento, o filme tem um salto temporal que, na minha opinião, não deveria ter tido. As mudanças que aconteceram naquele momento eram importantes para o arco dramático do personagem, acho que poderiam ter aproveitado melhor ao invés de explicar tudo com uma narração e cortes rápidos. 'A Grande Ilusão' tem uma poderosa história em mãos e consegue trazer o melhor dela, tem uma atuação principal que salta aos olhos, um duro retrato da política americana, sendo assim, um daqueles filmes em que a melhor palavra que podemos descrever é "atemporal".
Esse é mais um daqueles filmes que não são comuns de serem feitos hoje em dia, com a indústria investindo apenas em blockbusters de grandes orçamentos ou os famosos "Oscar bait", um bom filme de detetive não é mais uma das prioridades das produtoras. Felizmente temos um excelente filme de mistério aqui, mesmo que não siga a fórmula tradicional. Já no começo, o filme dá algumas informações em que você se pergunta "Essa informação não deveria ter sido dada no final do filme?", mas rapidamente ele te traz pra dentro da história subvertendo várias das suas expectativas, ele toma direções ousadas e surpreendentemente tocando em questões sociais relevantes. O humor também é muito bem colocado, utiliza as características dos personagens como forma de deboche de assuntos como visões políticas ou os falsos moralismos das classes mais altas. Como em todo mistério, a trama deve ser perfeitamente amarrada, e esse filme faz isso com perfeição. Quando a história parecia estar se resolvendo, o filme traz de volta algumas questões que pareciam ter sido esquecidas, é como uma fala do personagem do Daniel Craig "essa história é como um rosquinha, tem um buraco no meio, e nesse buraco, existe um outro buraco", aliás, ele está hilário como o personagem. Eu adorei 'Entre Facas e Segredos', filme divertido, boas atuações, direção inventiva, edição cirúrgica e um roteiro consciente, cativante e original.
Sua expectativa vai definir se você irá gostar de 'O Primeiro Homem'. Ele não é filosófico como '2001: Uma Odisseia no Espaço', nem ficcional como 'Interestelar', se não houvesse Ryan Gosling no papel principal, eu diria que o filme era uma colagem de imagens raras e inéditas, formando um lindo documentário. Isso porque o realismo proporcionado pela obra é de deixar qualquer um boquiaberto. A sua referência para esse filme não deve ser ficções científicas ou dramas familiares, mas sim, filmes cujo o propósito é trazer o máximo daquela experiência (como por exemplo 'Dunkirk'), e quanto mais essa experiência for real, melhor. As câmeras usadas, remetendo a época, os enquadramentos quase que documentais, o linguajar mais sofisticado, a edição e mixagem de som e até mesmo a fotografia, que traz belas imagens nas cenas mais íntimas, e realça a escuridão do espaço nas cenas finais. Meu problema com o filme é justamente a duração, a real viagem à Lua acontece durante os últimos 30 minutos, antes disso, são 1h50 que poderiam ter sido facilmente encurtados. Com um pouco mais de objetividade o filme teria sido uma experiência cinematográfica perfeita, o exato objetivo do diretor.
A premissa do filme não é ruim, o roteiro até cria um enredo em torno dos personagens, colocando uns contra os outros, criando uma trama interessante que sustenta o filme. Acho que o ponto positivo seja a engenhosidade na história, se passando em um único lugar com interações entre personagens o tempo inteiro, talvez esse mesmo roteiro funcionasse melhor nas mãos de um diretor com pouco mais de sofisticação. O filme peca em trazer complexidade aos personagens, as cenas acabando atropelando qualquer tipo de arco dramático, as coisas acontecem muito depressa, fazendo com que os personagens virem clichês dos filmes policiais, como o policial bonzinho que quer fazer o certo de qualquer maneira, ou o vilão extremamente caricato e ameaçador. Como eu disse, nas mãos de um diretor melhor o filme poderia ter funcionado, talvez contando a história com um pouco mais de calma, dando tempo para o espectador respirar, e também filmando melhor as cenas de ação. Enfim, um roteiro engenhoso sem alguém para fazê-lo funcionar, esse é o resumo de 'Crimes na Madrugada'.
A minha impressão no final do filme foi a de que o filme tinha sido bom, mas não por méritos próprios, para mim, os únicos personagens que realmente funcionaram foram o Han Solo e o Chewbacca, e um pouco do Lando, mas este eu sinto que deveriam ter dado mais coisas para ele fazer no filme, enfim, o grande problema é que esses personagens funcionam por conta da nossa memória afetiva e não pelo roteiro em si. Vejamos a relação entre o Han e o Chewie, a química entre os dois está perfeita, porém a cena que mostra os dois se conhecendo é extremamente forçada, parece descolada do resto do filme, pergunte a si mesmo, se aquela cena de introdução dos dois não estivesse no filme, não faria a menor diferença pois a relação funcionaria do mesmo jeito. Os personagens que foram criados para este filme não tem a menor força dramática, isso prova que a construção de personagens do roteiro não funciona completamente, o filme pede para você se importar com esses novos personagens e isso simplesmente não funciona (sem falar no fraquíssimo vilão), alguns deles são introduzidos como sendo muito importantes para trama e no fim, eram apenas uma "escada" para o drama de outro personagem. Para um blockbuster (principalmente um filme de Star Wars) funcionar, é preciso ter personagens bem construídos, o filme em si não é ruim, os efeitos são muito legais, as cenas de ação são boas e eu não me incomodei com as atuações, mas o problema foi o fato do filme não se sustentar com seu próprio roteiro e ter que apelar para a memória afetiva dos fãs.
Meu maior problema com o filme é a descaracterização da franquia. O primeiro filme, na minha opinião, chega perto de ser uma obra prima, pois retratou uma experiência de ficção científica focando na parte humana das invasões alienígenas, valorizando a tensão do momento e deixando de lado toda a parte mais científica. O primeiro Cloverfield não é um filme de ação ou uma ficção científica, e sim, um suspense, isso é o que cativou tanto o público. O segundo não é tão criativo ou inovador como o primeiro, mas entende a essência da franquia, mostrando o lado mais tenso e perdido de um mundo pós-apocalíptico, fazendo uma conexão com o original. Esse novo filme ignora completamente o que fez o primeiro e o segundo filme tão importantes, é um filme que tenta pegar elementos de vários outros filmes, mas acaba não desenvolvendo nenhum. O filme tenta beber um pouco do primeiro Alien em algumas horas, mas faz isso com jump scares baratos. Os diálogos são horrorosos, com momentos de exposição e personagens sem nenhum carisma. No final, o filme pede para você se importar com eles, mas é tudo muito mal desenvolvido e em algumas horas não parece um filme, aliás, o próprio filme não parece um filme, parece um episódio piloto de alguma série. A direção é fraquíssima, a câmera fica constantemente balançando ou girando, dá uma sensação de tontura. 'O Paradoxo Cloverfield' foi uma tremenda decepção, eu adoro o primeiro, gosto do segundo, e esse terceiro é um filme bagunçado, cheio de boas ideias sem desenvolvimento, diálogos horrorosos e uma conclusão bem brega, tenta pegar elementos do primeiro Alien, porém, tá mais para Alien: Covenant.
Toda vez que assisto algum filme da Pixar, fico pensando, o que nos conecta tanto com esses personagens? Porque eles são filmes tão emocionantes? Além das músicas inesquecíveis, além da belíssima animação, além do perfeito trabalho de dublagem, uma das melhores coisas desse filme (e de vários outros da Pixar) é a habilidade, quase que exclusiva do estúdio, de não trazer apenas histórias, mas sim, histórias criativas e com uma grande carga emocional para os adultos e mensagens necessárias para as crianças. O que deve se destacar nesses filmes da Pixar é a quebra de ideias que damos para as crianças, mas nunca aprofundamos, neste caso, a ideia de você perseguir o seu sonho. Falar para uma pessoa fazer o que gosta e perseguir o sucesso se tornou algo muito comum para os pais falarem para seus filhos, mas será que é só isso? O filme visa mostrar para as crianças a importância de nossos sonhos, mas que isso não deve destruir o amor pela nossa família, logo, todos os personagens acabam aprendendo no final sobre o real significado de família, não uma família rígida, mas sim uma família companheira. Vemos nos arcos dos personagens dois grandes extremos, a família rígida e a criança sonhadora, e assim como a Tristeza e a Alegria tiveram que aprender uma com a outra em Divertida Mente, aqui vemos a fórmula Pixar entrar em ação, o protagonista aprendendo sua lição junto dos outros personagens, culminando em uma cena fabulosamente emocionante no final. Se eu fosse definir a Pixar em uma palavra, eu diria 'aprendizado', essa é a marca registrada do estúdio, sua habilidade em construir personagens e arcos mostra a profundidade que esse filmes têm, ensinando crianças e a adultos, tanto sobre a importância da tristeza (como em Divertida Mente), quanto a valorização da família, e é essa característica do estúdio que nos conecta tão forte com eles.
No fim do filme, me peguei perguntando o que tinha faltado para tornar o filme muito melhor, tudo parecia bem, as cenas de ação eram legais, o filme tinha momentos que homenageavam os quadrinhos, os personagens estavam com o espírito dos quadrinhos, os atores tinham química, mas ainda faltava alguma coisa, alguma coisa que tornasse esse filme um nível acima dos outros, e essa coisa era desenvolvimento. Vamos comparar esse filme com outro filme da DC (um que tenha dado certo), "Mulher-Maravilha". Em Mulher-Maravilha, o filme toma um grande tempo no primeiro ato para apresentar a mitologia e a personalidade da Diana e das amazonas, no segundo ato, vemos a relação da Diana e do Steve Trevor crescer, e no terceiro ato vemos a batalha que todo o filme estava preparando e vemos também a conclusão do arco da personagem principal. Percebam a personalidade da Diana no começo do filme e a personalidade dela no final. No começo, ela está confiante, desejando a batalha, para destruir o vilão e enfim trazer a paz mundial, já no final, ela vê que não é tão simples assim, e que a paz não é uma coisa que se conquiste tão facilmente, ela finalmente vê a importância da esperança. Ela termina o filme de um jeito completamente diferente do modo que ela começou. Agora vamos para os personagens da Liga, Batman começa de modo mais esperançoso e compreensível devido aos acontecimentos em Batman v Superman, no fim, ele continua da mesma maneira. O Flash começa com uma personalidade cômica e que não gosta muito de lutas (coisa que também não é desenvolvida), no fim, ele continua da mesma maneira. O Aquaman começa arrogante e de personalidade forte, e termina da mesma maneira. Os únicos que terminam de maneiras diferentes são o Superman e o Ciborgue. O Superman começa a agir diferente apenas porque ele viu a mãe e a Lois Lane e o Ciborgue nem se quer vemos como ele passou de um ser depressivo para um cara que aceita do jeito que é (o que é um grande potencial desperdiçado). Desenvolvimento de vários personagens só acontece quando há diálogos entre eles, nesse filme, a primeira cena de discussão entre eles só acontece na metade do filme e logo depois dela, eles já vão para a batalha. Lembrem-se de quantas interações entre personagens há em Vingadores (no primeiro) ou Guardiões da Galáxia e lembrem-se o quanto cada personagem tinha sua relevância na história, tornando-os marcantes (alguns mais do que outros, mas isso é natural). É um grande erro da DC pensar que são piadas em cima de piadas que vão fazer o sucesso de um filme. Enquanto a DC pensa que o interesse do público vem em destruição do planeta ou referências jogadas na tela, uma das cenas mais memoráveis e tensas dos filmes de heróis desse ano, aconteceu dentro de um carro (na fabulosa cena de Michael Keaton e Tom Holland em Homem-Aranha: De Volta ao Lar). O que nos intriga nos filmes de herói e o que queremos realmente ver, são personagens bons e bem desenvolvidos, com uma história interessante e divertida, e não a destruição total do mundo pela quinta vez seguida (sendo que dos cinco filmes que a DC lançou, os cinco se tratam de destruição total do planeta). Eu realmente fico triste com um filme tão pequeno perto da grandeza desses personagens, não é hate pedir um material de qualidade, esses personagens merecem o melhor e não um filme tão esquecível.
O talento de Martin Scorsese para filmes de máfia é inegável, porém, por mais que ele tenha feito outros filmes do gênero antes desse, 'Gangues de Nova York' mostra um novo estilo, sem perder a energia e elegância de seu diretor. Sem poder usar uma trilha sonora elegante das décadas de 50 até 70, como fez em 'Os Bons Companheiros' e 'Cassino', aqui ele tem que apostar completamente na capacidade do roteiro e de seus atores. Leonardo DiCaprio vivia uma época em que tentava mostrar para o mundo que era mais do que uma carinha bonita, e que era um grande ator. Percebe-se nisso em seu personagem, que está longe de ser o herói, mas também não é um vilão, ele é apenas um homem cujo não consegue se afastar de seu maior pecado, (nesse caso, a vingança) muito característico dos protagonistas dos filmes de Scorsese. Daniel Day-Lewis é Daniel Day-Lewis, ninguém consegue imitar sua mistura de presença, elegância e controle em cena. A coisa que mais se deve notar nos filmes do Scorsese, são as tensas cenas preenchidas com silêncio, embora ele seja excepcional na hora de colocar a trilha sonora, as cenas silenciosas tem muito a dizer, principalmente neste filme, que não é sua obra-prima, mas é mais um testemunho de que Martin Scorsese é um dos melhores.
Uma das maiores virtudes destacadas pela maioria das pessoas que assistiram o filme, é de que o ponto mais visível é a seriedade com que a história é tratada, todos os acontecimentos tendo seu devido peso e importância, mas isso não seria nada se não fosse os grandes momentos mais sensíveis do filme. As coisas que acontecem aos personagens só tem peso se você se importa com eles, e para isso, é necessário tempo, não ter pressa de contar logo o final do filme e levá-lo para o clímax, essa é a função das cenas que muitos chamam de "arrastadas", como a cena entre o Maurice e a Nova, que muitos dizem ser desnecessariamente lenta e inútil para o filme, mas na verdade, esses tipos de cena são as mais importantes de todas, para que você tenha um final que as coisas tenham suas devidas proporções, os personagens devem ser apresentados de maneira eficiente e tranquila, e não apenas jogados no meio da história. Realmente, muitos foram esperando um grande filme de guerra, e acabaram recebendo um filme sobre personagens e seus conflitos (principalmente com César). Eu particularmente adorei o filme, e entendo que para que um filme realmente funcione, é necessário certas pausas na história para mostrar o quão importantes os acontecimentos são para o enredo, esse para mim é o maior ponto positivo do filme, esses leves momentos tocantes que dão aos personagens seus pequenos momentos de estrela, para que no fim, seus destino tenham seu devido peso.
Uma das mais principais coisas de qualquer filme, sendo guerra ou não, é os personagens, com um desenvolvimento apropriado, um simples personagem pode saltar de um ator interpretando alguém para uma pessoa com quem você se sente vinculado, dito isso, é sem dúvida um ponto válido dizer que o filme peca no quesito emoção, que o filme não tem nenhuma profundidade, mas, na minha opinião, isso foi proposital por parte do Nolan. O que o diretor realmente quer captar aqui, não são histórias de superação ou tramas emotivas, o que ele quis fazer no filme, foi mostrar a atmosfera caótica da guerra, o nível de tensão e a imersão do espectador na sensação de sufoco e a necessidade de sobrevivência causada pelo conflito. O que o Nolan fez, foi fugir de clichês do gênero, sabendo que o que os personagens estão fazendo é mais importante do porquê eles estão fazendo, em uma guerra, não há tempo para um soldado contar sua "história de origem" para outro, eles estão na ânsia por sobreviver, o que o filme mostra é como os soldados podem os personagens mais importantes da guerra, não pelos motivos, mas sim porque eles estão lá sacrificando suas vidas dentro de um show de caos e desespero.
'Loucuras de Verão' foi indicado ao Oscar de 1974 na categoria de melhor filme, disputando com os ótimos 'O Exorcista', 'Gritos e Sussurros', 'Um Toque de Classe' e o vencedor (justo na minha opinião) 'Golpe de Mestre'. Por ser um filme tão centrado na nostalgia de uma época que poucos estão falando, o filme acabou sendo perdido e esquecido com o tempo, injustamente. Tecnicamente o filme é muito bem feito, boa fotografia, boa reconstrução de época, uma direção muito sutil e competente ao mesmo tempo do jovem prodígio George Lucas, e o ponto principal, a excepcional trilha sonora, muito bem encaixada e sendo o principal elemento de ligação emocional com o espectador. As histórias são criativas e divertidas, com humor e sentimentalismo na dose exata. Os personagens são muito bem caracterizados, todos com seu jeito de ser, facilitando a empatia do público com eles. 'Loucuras de Verão' não tem toda a classe e complexidade de um filme do Ingmar Bergman, ou um grande plot twist como 'Golpe de Mestre', mas é um filme muito bem escrito, atuado e indigno de tanto esquecimento.
Eu não gosto do Adam Sandler, nunca gostei, e depois de ter assistido 'Os 6 Ridículos', tinha prometido a mim mesmo que nunca mais assistiria aos filmes dele, mas alguma coisa me dava esperança pra esse, não sei exatamente o quê, mas algo me dava esperança. O filme não é tão ruim quanto outros dele, como o próprio 'Os 6 Ridículos', 'Gente Grande 1 e 2', 'Cada um tem a Gêmea que Merece' e o pior de todos 'Esse é o meu Garoto', mas continua ruim. Os dois primeiros atos até que não tem muitas piadas ofensivas ou exageradamente forçadas, algumas você até consegue esboçar um sorriso com muita força, mas nada demais. O terceiro ato vira uma bagunça, algumas piadas são muito forçadas, não estão no mesmo contexto em que o filme está, até tem algumas boas com referências aos anos 90 e suas celebridades, mas são piadas muito prontas, muito repetitivas. Ainda tentam colocar um sentimentalismo barato, com um certo arco dramático para o protagonista que simplesmente não funciona, aliás, que atuação do Adam Sandler, com uma voz muito irritante e uma caracterização muito enjoativa. O filme tem algumas coisas boas a oferecer, algumas participações bem legais e raras piadas engraçadas sobre o mundo do entretenimento. 'Sandy Wexler' não é um dos piores do Adam Sandler (amém), o filme tem algumas piadas boas e participações empolgantes, mas continua sem graça no geral, com uma péssima atuação supostamente cômica e uma duração muito grande para um filme de comédia.
Eu não sou vidente, mas consigo saber se um filme vai ser ruim quando olho pra ele, esse não era exceção. Há alguns pontos positivos no filme, a direção é o principal deles, as cenas de ação, embora clichês, são bem filmadas, você tem a completa noção do que está acontecendo, não é como filmes de ação tradicionais com cortes exagerados, é tudo bem filmado, principalmente as tomadas aéreas. Visualmente o filme é interessante, os figurinos e a fotografia são competentes. O problema começa quando se vale ao roteiro, alguns diálogos são patéticos, expositivos e historicamente errados, lembrando que o filme se passa no século XV, tudo bem que o filme não precisa ser nenhuma peça do Shakespeare, mas quanto ao linguajar dos personagens... o que é que o roteirista estava pensando, entreguem um livro de história para esse cara. A própria história tem seus furos, algumas coisas não fazem o menor sentido, os supostos arcos dramáticos não funcionam, muitos são clichês e outros são mal feitos. 'A Grande Muralha' mostra que não adianta ter uma boa direção e atuações ok, a alma de todo filme é o roteiro, e é o que falta para esse.
Um bom filme sempre parte de uma boa história, e essa era uma boa história para ser contada, e ela foi contada muito bem, junto de uma excelente atuação do Michael Keaton e uma consistente direção, o filme consegue se sustentar, são quase duas horas de filme que são bem preenchidas. Foi muito bem feita a maneira como o personagem Ray Kroc é retratada, ele é um verdadeiro filho da puta, mas dá para ver claramente o porquê dele ter agido daquela maneira, mas sempre com muito controle, sem deixar ser ele um tipo de "herói agindo errado", ele é um homem que é muito ganancioso e queria o sucesso a qualquer preço, isso é mostrado de maneira muito eficiente, mérito da direção. Algumas coisas no filme não são lá tão eficientes, em algumas partes os diálogos ficam expositivos demais, principalmente na hora em que a fundação do Mc'Donalds é contada, a forma como é colocada no filme é meio preguiçosa, alguns momentos o filme me deixou com essa impressão. 'Fome de Poder' é um filme consistente, com uma interpretação muito boa por parte do protagonista e com uma direção que mostra todas as faces de seu personagem. Bom filme.
O filme nem começa tão bem, o primeiro ato é um pouco arrastado além do necessário, o elemento romance é feito de maneira eficiente, mas nada que pudesse segurar o filme inteiro. O filme só engata quando Hitchcock entra no campo que ele entende... o suspense, a trama é espetacularmente montada, não há muita atenção para o mistério em si, e sim para a resolução da missão, e essa é a parte mais incrível do filme, os dois últimos atos que são o desenvolvimento da história. As atuações do filme são excelentes e a direção é um show, Hitchcock já tinha o perfeito controle do ritmo e do desenrolar do filme. 'Interlúdio' funciona muito melhor como um suspense do que como um filme de romance, Hitchcock mostra porque é um mestre e torna esse filme uma aula de ritmo e suspense. Clássico.
"O Vento será Tua Herança" de 1960 é um clássico e um dos meus filmes favoritos, brilhantemente escrito e perfeitamente atuado, o remake não era nem um pouco necessário, mas foi feito, então era hora de torcer pelo melhor, e deu certo, o filme não é assim tão ruim. Embora o roteiro seja familiar demais, ele adiciona algumas coisinhas que funcionam no meio de tudo. As atuações da dupla principal são espetaculares, muito por conta da escolha de elenco que reuniu duas grandes lendas da história do cinema, foi uma honra assistir George C. Scott e Jack Lemmon atuarem juntos, eles dão um show (uma grande pena George C. Scott ter morrido poucos meses depois do lançamento). A direção é meio clichê, a tentativa de dramatizar demais algumas coisas no final é meio vazia, sem necessidade alguma, porém, no geral, é aceitável. 'O Vento será Tua Herança' sofre com o problema da familiaridade excessiva, mas continua sendo um bom filme (especialmente porque foi feito para TV), com um espetáculo de atuações e um roteiro que continua incrível.
John Carpenter foi um gênio dos anos 80, seus filmes sempre tinham uma pegada mais "horror visual", mas ainda sim, eram filmes com muito bom humor, e esse filme não é diferente. A premissa do filme é incrível e é muito bem conduzida na trama, o ritmo do filme é consistente, com cenas de ação muito boas para a época e sem perder o tom satírico da história. A única coisa que me incomodou foram os personagens, eles não apresentam nada que nos faça ter simpatia por eles, nem os principais quanto os secundários. 'Eles Vivem' é um filme com uma premissa excelente, enredo e ritmo muito bem trabalhados e com um certo valor de entretenimento, me surpreende Hollywood não ter feito algum remake ainda... eu até que concordaria.
Peter Pan é a minha história favorita, foi a que eu mais escutei quando criança, e esse filme é o que mais faz jus á história. O filme é visualmente bonito, com cores vibrantes e limpas (característica muito presente nos filmes da Disney), os personagens são cativantes, o ritmo do filme é muito preciso, o roteiro é muito bem escrito, contando a trama de maneira divertida e engajante. A única coisa que faltou para o filme, foi uma maior consistência na parte musical, são poucas músicas, elas aparecem tarde na trama, e embora sejam boas quando você está ouvindo, nenhuma é realmente memorável. 'As Aventuras de Peter Pan' é um filme bonito, divertido, engraçado na dose certa e com um roteiro certeiro. Um verdadeiro clássico das animações Disney.
Os pontos principais do filme são as atuações do casal principal, o Eddie Redmayne traz uma atuação muito comprometida e difícil fisicamente falando, você consegue ver os diferentes estágios da doença de maneira muito natural e eficaz, a atuação da Felicity Jones já é o oposto, a missão dela é não se resumir apenas á uma esposa do Stephen Hawking, isso fica muito mais fácil contando que o filme é baseado no livro dela, mas a atuação eleva mais ainda o drama da personagem. Os dramas de ambos os personagens foram bem trabalhados, algumas coisas não tiveram o peso que deveriam, mas no geral, é um filme emocionalmente engajante. O roteiro é bem feito, a direção é eficiente, a trilha sonora é funcional, mas nada dessas coisas realmente chamam a atenção quanto as atuações (típico de um filme inglês). Há algumas coisas que o filme toca que são feitas de maneira muito superficial, principalmente no que se trata do personagem do Stephen, suas teorias e seu lado mais humano são deixados de lado pelo roteiro. 'A Teoria de Tudo' é um filme muito bem atuado, com roteiro e direção eficientes e com um bom desenvolvimento na parte dramática, há alguns momentos bem simplistas, sem nenhuma criatividade e alguns assuntos são tocados de maneira superficial, mas é um bom filme.
Encurralado
3.9 432 Assista AgoraUm filme muito interessante pra perceber trejeitos particulares do Steven Spielberg, com todas as limitações de orçamento, o jovem diretor tem que mostrar todo o seu talento e controle de tensão em seu primeiro filme. Os enquadramentos, desde planos de perspectiva do motorista até filmagens mais amplas da perseguição, já mostram um criativo contador de histórias que tem a perfeita noção do que precisa fazer para deixar o espectador na ponta da cadeira. A trilha sonora que entra no momento certo e algumas narrações do protagonista referenciam os antigos suspenses dos anos 40 e 50, em que uma premissa simples carrega o filme em uma constante escalada de tensão.
'Encurralado' é o filme que mostra um lado visionário do jovem Spielberg, mestre em construir momentos de suspense com enquadramentos certeiros, característica essa que acompanharia o diretor por toda sua carreira.
A Primeira Noite de Um Homem
4.1 809 Assista AgoraEste é um dos filmes atemporais da história do cinema, isso porque a história fala sobre algo que sempre será uma pauta na nossa vida, o famoso "E agora, o que eu faço?". A cena final diz tudo que o filme queria dizer, não existem atalhos para a felicidade, as respostas que você procura não vão vir assim tão simples. Todos procuramos um sentido para a nossa vida, e ás vezes conseguimos encontrar um objetivo, mas esses duram muito pouco, a vida está em constante movimento e a sociedade pede que você esteja também, daí vem as decisões precipitadas.
A trilha sonora insiste em voltar na mente de Benjamim porque é algo que ele vai ter que aprender a conviver, e ele aprende isso ao longo da trama, e aprende que ele vai ter que atravessar essa jornada, mas para não ir sozinho, ele vê que vai precisar da única pessoa que ele "suporta ficar". Ele decide trancar todos aqueles que o pressionam a tomar uma decisão e decide embarcar em um ônibus que nem ele sabe exatamente para onde está indo.
'A Primeira noite de um Homem' é um daqueles filmes que definem a palavra "clássico", um dos meus filmes favoritos e um dos que mais faz refletir sobre "pra onde você está indo?".
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista Agora'A Ascensão Skywalker' passa a primeira metade apagando as escolhas do filme anterior e a segunda metade como um repeteco de 'O Retorno dos Jedi', tudo é muito familiar e exagerado, a força deixa de ser um estado da mente e vira um poder dos X-Men. Todos os conflitos emocionais potencializados por os 'Os Últimos Jedi' são substituídos por uma fanfic em que os poderes do personagens são praticamente infinitos.
O filme escancara todos os problemas nas salas de roteiristas, J.J. Abrams não se sentia confortável em terminar uma história e deu uma folha em branco nas mãos da Disney, que por sua vez juntou todas as histórias dos porões da internet e filmou achando que agradaria todos, mas adivinhem... não deu certo.
O filme não é de todo ruim, algumas interações legais entre os protagonistas, algumas cenas de ação empolgantes e um visual absolutamente lindo. Mas no fim o que importa é uma boa história, e embora não seja o pior da saga, luta (e com muitas forças) para ser o mais decepcionante.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista Agora--- Desabafo sem Spoilers ---
J.J. Abrams não é um cara para terminar histórias. Em seus trabalhos e suas entrevistas, ele explica sua visão sobre cinema, é defensor de uma tese que diz que a audiência se engaja em um filme mais pelo mistério do que pelo seu desenvolvimento ou explicação. Ele é um cara perfeito para iniciar histórias, mas desenvolvê-las não é a sua praia.
'O Despertar da Força' era o tipo de filme que caberia como uma luva em seu estilo, no episódio VII, era necessário alguém que revisitasse o passado e apresentasse uma nova história, e mesmo com uma fórmula similar ao episódio IV, o filme funciona como uma passagem de bastão, apostando na nostalgia da trilogia original, da qual J.J. Abrams sempre se disse muito fã.
Então veio Rian Johnson, um diretor com uma visão mais autoral em seus trabalhos, propondo novas visões sobre antigos personagens, sem medo de arriscar em novos arcos dramáticos. Na minha opinião, todos os personagens principais de um filme necessitam de algo relevante na história, não serem apenas personagens unidimensionais. Rian escolheu não fazer o Luke que os fãs queriam, porque poderia funcionar com o fator nostalgia, mas aí que está... esse seria o caminho mais fácil, o diretor optou por ir no caminho arriscado e criar mais um arco para o personagem e não deixá-lo apenas como um objeto nostálgico legal de ver, e acontece o mesmo com os outros personagens, Poe, Rey, Kylo e Finn, todos eles tem sua jornada dentro do filme, algo para aprender e desenvolver.
Mas esqueça tudo isso.
'A Ascensão Skywalker' passa a primeira metade apagando as escolhas do filme anterior e a segunda metade como um repeteco de 'O Retorno dos Jedi', tudo é muito familiar e exagerado, a força deixa de ser um estado da mente e vira um poder dos X-Men. Todos os conflitos emocionais potencializados por os 'Os Últimos Jedi' são substituídos por uma fanfic em que os poderes do personagens são praticamente infinitos.
O filme escancara todos os problemas nas salas de roteiristas, J.J. Abrams não se sentia confortável em terminar uma história e deu uma folha em branco nas mãos da Disney, que por sua vez juntou todas as histórias dos porões da internet e filmou achando que agradaria todos, mas adivinhem... não deu certo.
O filme não é de todo ruim, algumas interações legais entre os protagonistas, algumas cenas de ação empolgantes e um visual absolutamente lindo. Mas no fim o que importa é uma boa história, e embora não seja o pior da saga, luta (e com muitas forças) para ser o mais decepcionante.
A Grande Ilusão
3.9 41 Assista AgoraSe não tivesse sido feito 70 anos atrás, diria que era uma baita sátira da política atual, realmente impressionante como os anos passam mas os truques baixos continuam os mesmos.
O filme serve como uma desconstrução de ideias que a sociedade tem sobre figuras públicas, como por exemplo, não é só porque alguém fala bem significa que ele está certo, não é só porque alguém começa sua carreira na honestidade que ele vai continuar da mesma maneira. A idolatria de seres humanos é sempre perigosa, o que vemos dos outros são imagens, nunca sabemos exatamente o que há por trás.
A atuação de Broderick Crawford é perfeita. Em um mesmo filme, ele precisa trazer três personalidades, a de um homem idealista que se considera pronto para o trabalho, a de um homem com forte e convincente oratória, e a de um homem que tem o poder nas mãos e que consegue trazer sua imponência apenas com a sua presença em cena. É uma ascensão de personagem que não é simples de fazer e o Oscar de Melhor Ator faz jus ao trabalho.
Não sou o maior fã da edição do filme, mesmo para os padrões da época, em certo momento, o filme tem um salto temporal que, na minha opinião, não deveria ter tido. As mudanças que aconteceram naquele momento eram importantes para o arco dramático do personagem, acho que poderiam ter aproveitado melhor ao invés de explicar tudo com uma narração e cortes rápidos.
'A Grande Ilusão' tem uma poderosa história em mãos e consegue trazer o melhor dela, tem uma atuação principal que salta aos olhos, um duro retrato da política americana, sendo assim, um daqueles filmes em que a melhor palavra que podemos descrever é "atemporal".
Entre Facas e Segredos
4.0 1,5K Assista AgoraEsse é mais um daqueles filmes que não são comuns de serem feitos hoje em dia, com a indústria investindo apenas em blockbusters de grandes orçamentos ou os famosos "Oscar bait", um bom filme de detetive não é mais uma das prioridades das produtoras.
Felizmente temos um excelente filme de mistério aqui, mesmo que não siga a fórmula tradicional. Já no começo, o filme dá algumas informações em que você se pergunta "Essa informação não deveria ter sido dada no final do filme?", mas rapidamente ele te traz pra dentro da história subvertendo várias das suas expectativas, ele toma direções ousadas e surpreendentemente tocando em questões sociais relevantes. O humor também é muito bem colocado, utiliza as características dos personagens como forma de deboche de assuntos como visões políticas ou os falsos moralismos das classes mais altas.
Como em todo mistério, a trama deve ser perfeitamente amarrada, e esse filme faz isso com perfeição. Quando a história parecia estar se resolvendo, o filme traz de volta algumas questões que pareciam ter sido esquecidas, é como uma fala do personagem do Daniel Craig "essa história é como um rosquinha, tem um buraco no meio, e nesse buraco, existe um outro buraco", aliás, ele está hilário como o personagem.
Eu adorei 'Entre Facas e Segredos', filme divertido, boas atuações, direção inventiva, edição cirúrgica e um roteiro consciente, cativante e original.
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraSua expectativa vai definir se você irá gostar de 'O Primeiro Homem'. Ele não é filosófico como '2001: Uma Odisseia no Espaço', nem ficcional como 'Interestelar', se não houvesse Ryan Gosling no papel principal, eu diria que o filme era uma colagem de imagens raras e inéditas, formando um lindo documentário. Isso porque o realismo proporcionado pela obra é de deixar qualquer um boquiaberto.
A sua referência para esse filme não deve ser ficções científicas ou dramas familiares, mas sim, filmes cujo o propósito é trazer o máximo daquela experiência (como por exemplo 'Dunkirk'), e quanto mais essa experiência for real, melhor. As câmeras usadas, remetendo a época, os enquadramentos quase que documentais, o linguajar mais sofisticado, a edição e mixagem de som e até mesmo a fotografia, que traz belas imagens nas cenas mais íntimas, e realça a escuridão do espaço nas cenas finais. Meu problema com o filme é justamente a duração, a real viagem à Lua acontece durante os últimos 30 minutos, antes disso, são 1h50 que poderiam ter sido facilmente encurtados.
Com um pouco mais de objetividade o filme teria sido uma experiência cinematográfica perfeita, o exato objetivo do diretor.
Crimes na Madrugada
3.0 159 Assista AgoraA premissa do filme não é ruim, o roteiro até cria um enredo em torno dos personagens, colocando uns contra os outros, criando uma trama interessante que sustenta o filme. Acho que o ponto positivo seja a engenhosidade na história, se passando em um único lugar com interações entre personagens o tempo inteiro, talvez esse mesmo roteiro funcionasse melhor nas mãos de um diretor com pouco mais de sofisticação.
O filme peca em trazer complexidade aos personagens, as cenas acabando atropelando qualquer tipo de arco dramático, as coisas acontecem muito depressa, fazendo com que os personagens virem clichês dos filmes policiais, como o policial bonzinho que quer fazer o certo de qualquer maneira, ou o vilão extremamente caricato e ameaçador.
Como eu disse, nas mãos de um diretor melhor o filme poderia ter funcionado, talvez contando a história com um pouco mais de calma, dando tempo para o espectador respirar, e também filmando melhor as cenas de ação. Enfim, um roteiro engenhoso sem alguém para fazê-lo funcionar, esse é o resumo de 'Crimes na Madrugada'.
Han Solo: Uma História Star Wars
3.3 638 Assista AgoraA minha impressão no final do filme foi a de que o filme tinha sido bom, mas não por méritos próprios, para mim, os únicos personagens que realmente funcionaram foram o Han Solo e o Chewbacca, e um pouco do Lando, mas este eu sinto que deveriam ter dado mais coisas para ele fazer no filme, enfim, o grande problema é que esses personagens funcionam por conta da nossa memória afetiva e não pelo roteiro em si.
Vejamos a relação entre o Han e o Chewie, a química entre os dois está perfeita, porém a cena que mostra os dois se conhecendo é extremamente forçada, parece descolada do resto do filme, pergunte a si mesmo, se aquela cena de introdução dos dois não estivesse no filme, não faria a menor diferença pois a relação funcionaria do mesmo jeito.
Os personagens que foram criados para este filme não tem a menor força dramática, isso prova que a construção de personagens do roteiro não funciona completamente, o filme pede para você se importar com esses novos personagens e isso simplesmente não funciona (sem falar no fraquíssimo vilão), alguns deles são introduzidos como sendo muito importantes para trama e no fim, eram apenas uma "escada" para o drama de outro personagem.
Para um blockbuster (principalmente um filme de Star Wars) funcionar, é preciso ter personagens bem construídos, o filme em si não é ruim, os efeitos são muito legais, as cenas de ação são boas e eu não me incomodei com as atuações, mas o problema foi o fato do filme não se sustentar com seu próprio roteiro e ter que apelar para a memória afetiva dos fãs.
O Paradoxo Cloverfield
2.7 779 Assista AgoraMeu maior problema com o filme é a descaracterização da franquia. O primeiro filme, na minha opinião, chega perto de ser uma obra prima, pois retratou uma experiência de ficção científica focando na parte humana das invasões alienígenas, valorizando a tensão do momento e deixando de lado toda a parte mais científica.
O primeiro Cloverfield não é um filme de ação ou uma ficção científica, e sim, um suspense, isso é o que cativou tanto o público.
O segundo não é tão criativo ou inovador como o primeiro, mas entende a essência da franquia, mostrando o lado mais tenso e perdido de um mundo pós-apocalíptico, fazendo uma conexão com o original.
Esse novo filme ignora completamente o que fez o primeiro e o segundo filme tão importantes, é um filme que tenta pegar elementos de vários outros filmes, mas acaba não desenvolvendo nenhum. O filme tenta beber um pouco do primeiro Alien em algumas horas, mas faz isso com jump scares baratos.
Os diálogos são horrorosos, com momentos de exposição e personagens sem nenhum carisma. No final, o filme pede para você se importar com eles, mas é tudo muito mal desenvolvido e em algumas horas não parece um filme, aliás, o próprio filme não parece um filme, parece um episódio piloto de alguma série. A direção é fraquíssima, a câmera fica constantemente balançando ou girando, dá uma sensação de tontura.
'O Paradoxo Cloverfield' foi uma tremenda decepção, eu adoro o primeiro, gosto do segundo, e esse terceiro é um filme bagunçado, cheio de boas ideias sem desenvolvimento, diálogos horrorosos e uma conclusão bem brega, tenta pegar elementos do primeiro Alien, porém, tá mais para Alien: Covenant.
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraToda vez que assisto algum filme da Pixar, fico pensando, o que nos conecta tanto com esses personagens? Porque eles são filmes tão emocionantes?
Além das músicas inesquecíveis, além da belíssima animação, além do perfeito trabalho de dublagem, uma das melhores coisas desse filme (e de vários outros da Pixar) é a habilidade, quase que exclusiva do estúdio, de não trazer apenas histórias, mas sim, histórias criativas e com uma grande carga emocional para os adultos e mensagens necessárias para as crianças.
O que deve se destacar nesses filmes da Pixar é a quebra de ideias que damos para as crianças, mas nunca aprofundamos, neste caso, a ideia de você perseguir o seu sonho.
Falar para uma pessoa fazer o que gosta e perseguir o sucesso se tornou algo muito comum para os pais falarem para seus filhos, mas será que é só isso? O filme visa mostrar para as crianças a importância de nossos sonhos, mas que isso não deve destruir o amor pela nossa família, logo, todos os personagens acabam aprendendo no final sobre o real significado de família, não uma família rígida, mas sim uma família companheira.
Vemos nos arcos dos personagens dois grandes extremos, a família rígida e a criança sonhadora, e assim como a Tristeza e a Alegria tiveram que aprender uma com a outra em Divertida Mente, aqui vemos a fórmula Pixar entrar em ação, o protagonista aprendendo sua lição junto dos outros personagens, culminando em uma cena fabulosamente emocionante no final.
Se eu fosse definir a Pixar em uma palavra, eu diria 'aprendizado', essa é a marca registrada do estúdio, sua habilidade em construir personagens e arcos mostra a profundidade que esse filmes têm, ensinando crianças e a adultos, tanto sobre a importância da tristeza (como em Divertida Mente), quanto a valorização da família, e é essa característica do estúdio que nos conecta tão forte com eles.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraNo fim do filme, me peguei perguntando o que tinha faltado para tornar o filme muito melhor, tudo parecia bem, as cenas de ação eram legais, o filme tinha momentos que homenageavam os quadrinhos, os personagens estavam com o espírito dos quadrinhos, os atores tinham química, mas ainda faltava alguma coisa, alguma coisa que tornasse esse filme um nível acima dos outros, e essa coisa era desenvolvimento.
Vamos comparar esse filme com outro filme da DC (um que tenha dado certo), "Mulher-Maravilha".
Em Mulher-Maravilha, o filme toma um grande tempo no primeiro ato para apresentar a mitologia e a personalidade da Diana e das amazonas, no segundo ato, vemos a relação da Diana e do Steve Trevor crescer, e no terceiro ato vemos a batalha que todo o filme estava preparando e vemos também a conclusão do arco da personagem principal.
Percebam a personalidade da Diana no começo do filme e a personalidade dela no final. No começo, ela está confiante, desejando a batalha, para destruir o vilão e enfim trazer a paz mundial, já no final, ela vê que não é tão simples assim, e que a paz não é uma coisa que se conquiste tão facilmente, ela finalmente vê a importância da esperança. Ela termina o filme de um jeito completamente diferente do modo que ela começou.
Agora vamos para os personagens da Liga, Batman começa de modo mais esperançoso e compreensível devido aos acontecimentos em Batman v Superman, no fim, ele continua da mesma maneira. O Flash começa com uma personalidade cômica e que não gosta muito de lutas (coisa que também não é desenvolvida), no fim, ele continua da mesma maneira. O Aquaman começa arrogante e de personalidade forte, e termina da mesma maneira. Os únicos que terminam de maneiras diferentes são o Superman e o Ciborgue. O Superman começa a agir diferente apenas porque ele viu a mãe e a Lois Lane e o Ciborgue nem se quer vemos como ele passou de um ser depressivo para um cara que aceita do jeito que é (o que é um grande potencial desperdiçado).
Desenvolvimento de vários personagens só acontece quando há diálogos entre eles, nesse filme, a primeira cena de discussão entre eles só acontece na metade do filme e logo depois dela, eles já vão para a batalha. Lembrem-se de quantas interações entre personagens há em Vingadores (no primeiro) ou Guardiões da Galáxia e lembrem-se o quanto cada personagem tinha sua relevância na história, tornando-os marcantes (alguns mais do que outros, mas isso é natural).
É um grande erro da DC pensar que são piadas em cima de piadas que vão fazer o sucesso de um filme. Enquanto a DC pensa que o interesse do público vem em destruição do planeta ou referências jogadas na tela, uma das cenas mais memoráveis e tensas dos filmes de heróis desse ano, aconteceu dentro de um carro (na fabulosa cena de Michael Keaton e Tom Holland em Homem-Aranha: De Volta ao Lar). O que nos intriga nos filmes de herói e o que queremos realmente ver, são personagens bons e bem desenvolvidos, com uma história interessante e divertida, e não a destruição total do mundo pela quinta vez seguida (sendo que dos cinco filmes que a DC lançou, os cinco se tratam de destruição total do planeta).
Eu realmente fico triste com um filme tão pequeno perto da grandeza desses personagens, não é hate pedir um material de qualidade, esses personagens merecem o melhor e não um filme tão esquecível.
Gangues de Nova York
3.8 790O talento de Martin Scorsese para filmes de máfia é inegável, porém, por mais que ele tenha feito outros filmes do gênero antes desse, 'Gangues de Nova York' mostra um novo estilo, sem perder a energia e elegância de seu diretor. Sem poder usar uma trilha sonora elegante das décadas de 50 até 70, como fez em 'Os Bons Companheiros' e 'Cassino', aqui ele tem que apostar completamente na capacidade do roteiro e de seus atores. Leonardo DiCaprio vivia uma época em que tentava mostrar para o mundo que era mais do que uma carinha bonita, e que era um grande ator. Percebe-se nisso em seu personagem, que está longe de ser o herói, mas também não é um vilão, ele é apenas um homem cujo não consegue se afastar de seu maior pecado, (nesse caso, a vingança) muito característico dos protagonistas dos filmes de Scorsese. Daniel Day-Lewis é Daniel Day-Lewis, ninguém consegue imitar sua mistura de presença, elegância e controle em cena. A coisa que mais se deve notar nos filmes do Scorsese, são as tensas cenas preenchidas com silêncio, embora ele seja excepcional na hora de colocar a trilha sonora, as cenas silenciosas tem muito a dizer, principalmente neste filme, que não é sua obra-prima, mas é mais um testemunho de que Martin Scorsese é um dos melhores.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 969 Assista AgoraUma das maiores virtudes destacadas pela maioria das pessoas que assistiram o filme, é de que o ponto mais visível é a seriedade com que a história é tratada, todos os acontecimentos tendo seu devido peso e importância, mas isso não seria nada se não fosse os grandes momentos mais sensíveis do filme. As coisas que acontecem aos personagens só tem peso se você se importa com eles, e para isso, é necessário tempo, não ter pressa de contar logo o final do filme e levá-lo para o clímax, essa é a função das cenas que muitos chamam de "arrastadas", como a cena entre o Maurice e a Nova, que muitos dizem ser desnecessariamente lenta e inútil para o filme, mas na verdade, esses tipos de cena são as mais importantes de todas, para que você tenha um final que as coisas tenham suas devidas proporções, os personagens devem ser apresentados de maneira eficiente e tranquila, e não apenas jogados no meio da história. Realmente, muitos foram esperando um grande filme de guerra, e acabaram recebendo um filme sobre personagens e seus conflitos (principalmente com César). Eu particularmente adorei o filme, e entendo que para que um filme realmente funcione, é necessário certas pausas na história para mostrar o quão importantes os acontecimentos são para o enredo, esse para mim é o maior ponto positivo do filme, esses leves momentos tocantes que dão aos personagens seus pequenos momentos de estrela, para que no fim, seus destino tenham seu devido peso.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraUma das mais principais coisas de qualquer filme, sendo guerra ou não, é os personagens, com um desenvolvimento apropriado, um simples personagem pode saltar de um ator interpretando alguém para uma pessoa com quem você se sente vinculado, dito isso, é sem dúvida um ponto válido dizer que o filme peca no quesito emoção, que o filme não tem nenhuma profundidade, mas, na minha opinião, isso foi proposital por parte do Nolan.
O que o diretor realmente quer captar aqui, não são histórias de superação ou tramas emotivas, o que ele quis fazer no filme, foi mostrar a atmosfera caótica da guerra, o nível de tensão e a imersão do espectador na sensação de sufoco e a necessidade de sobrevivência causada pelo conflito.
O que o Nolan fez, foi fugir de clichês do gênero, sabendo que o que os personagens estão fazendo é mais importante do porquê eles estão fazendo, em uma guerra, não há tempo para um soldado contar sua "história de origem" para outro, eles estão na ânsia por sobreviver, o que o filme mostra é como os soldados podem os personagens mais importantes da guerra, não pelos motivos, mas sim porque eles estão lá sacrificando suas vidas dentro de um show de caos e desespero.
Loucuras de Verão
3.5 160 Assista Agora'Loucuras de Verão' foi indicado ao Oscar de 1974 na categoria de melhor filme, disputando com os ótimos 'O Exorcista', 'Gritos e Sussurros', 'Um Toque de Classe' e o vencedor (justo na minha opinião) 'Golpe de Mestre'. Por ser um filme tão centrado na nostalgia de uma época que poucos estão falando, o filme acabou sendo perdido e esquecido com o tempo, injustamente. Tecnicamente o filme é muito bem feito, boa fotografia, boa reconstrução de época, uma direção muito sutil e competente ao mesmo tempo do jovem prodígio George Lucas, e o ponto principal, a excepcional trilha sonora, muito bem encaixada e sendo o principal elemento de ligação emocional com o espectador. As histórias são criativas e divertidas, com humor e sentimentalismo na dose exata. Os personagens são muito bem caracterizados, todos com seu jeito de ser, facilitando a empatia do público com eles.
'Loucuras de Verão' não tem toda a classe e complexidade de um filme do Ingmar Bergman, ou um grande plot twist como 'Golpe de Mestre', mas é um filme muito bem escrito, atuado e indigno de tanto esquecimento.
Sandy Wexler
2.6 136 Assista AgoraEu não gosto do Adam Sandler, nunca gostei, e depois de ter assistido 'Os 6 Ridículos', tinha prometido a mim mesmo que nunca mais assistiria aos filmes dele, mas alguma coisa me dava esperança pra esse, não sei exatamente o quê, mas algo me dava esperança. O filme não é tão ruim quanto outros dele, como o próprio 'Os 6 Ridículos', 'Gente Grande 1 e 2', 'Cada um tem a Gêmea que Merece' e o pior de todos 'Esse é o meu Garoto', mas continua ruim. Os dois primeiros atos até que não tem muitas piadas ofensivas ou exageradamente forçadas, algumas você até consegue esboçar um sorriso com muita força, mas nada demais. O terceiro ato vira uma bagunça, algumas piadas são muito forçadas, não estão no mesmo contexto em que o filme está, até tem algumas boas com referências aos anos 90 e suas celebridades, mas são piadas muito prontas, muito repetitivas. Ainda tentam colocar um sentimentalismo barato, com um certo arco dramático para o protagonista que simplesmente não funciona, aliás, que atuação do Adam Sandler, com uma voz muito irritante e uma caracterização muito enjoativa. O filme tem algumas coisas boas a oferecer, algumas participações bem legais e raras piadas engraçadas sobre o mundo do entretenimento.
'Sandy Wexler' não é um dos piores do Adam Sandler (amém), o filme tem algumas piadas boas e participações empolgantes, mas continua sem graça no geral, com uma péssima atuação supostamente cômica e uma duração muito grande para um filme de comédia.
A Grande Muralha
2.9 583 Assista AgoraEu não sou vidente, mas consigo saber se um filme vai ser ruim quando olho pra ele, esse não era exceção. Há alguns pontos positivos no filme, a direção é o principal deles, as cenas de ação, embora clichês, são bem filmadas, você tem a completa noção do que está acontecendo, não é como filmes de ação tradicionais com cortes exagerados, é tudo bem filmado, principalmente as tomadas aéreas. Visualmente o filme é interessante, os figurinos e a fotografia são competentes.
O problema começa quando se vale ao roteiro, alguns diálogos são patéticos, expositivos e historicamente errados, lembrando que o filme se passa no século XV, tudo bem que o filme não precisa ser nenhuma peça do Shakespeare, mas quanto ao linguajar dos personagens... o que é que o roteirista estava pensando, entreguem um livro de história para esse cara. A própria história tem seus furos, algumas coisas não fazem o menor sentido, os supostos arcos dramáticos não funcionam, muitos são clichês e outros são mal feitos.
'A Grande Muralha' mostra que não adianta ter uma boa direção e atuações ok, a alma de todo filme é o roteiro, e é o que falta para esse.
Fome de Poder
3.6 830 Assista AgoraUm bom filme sempre parte de uma boa história, e essa era uma boa história para ser contada, e ela foi contada muito bem, junto de uma excelente atuação do Michael Keaton e uma consistente direção, o filme consegue se sustentar, são quase duas horas de filme que são bem preenchidas. Foi muito bem feita a maneira como o personagem Ray Kroc é retratada, ele é um verdadeiro filho da puta, mas dá para ver claramente o porquê dele ter agido daquela maneira, mas sempre com muito controle, sem deixar ser ele um tipo de "herói agindo errado", ele é um homem que é muito ganancioso e queria o sucesso a qualquer preço, isso é mostrado de maneira muito eficiente, mérito da direção.
Algumas coisas no filme não são lá tão eficientes, em algumas partes os diálogos ficam expositivos demais, principalmente na hora em que a fundação do Mc'Donalds é contada, a forma como é colocada no filme é meio preguiçosa, alguns momentos o filme me deixou com essa impressão.
'Fome de Poder' é um filme consistente, com uma interpretação muito boa por parte do protagonista e com uma direção que mostra todas as faces de seu personagem. Bom filme.
Interlúdio
4.0 269 Assista AgoraO filme nem começa tão bem, o primeiro ato é um pouco arrastado além do necessário, o elemento romance é feito de maneira eficiente, mas nada que pudesse segurar o filme inteiro. O filme só engata quando Hitchcock entra no campo que ele entende... o suspense, a trama é espetacularmente montada, não há muita atenção para o mistério em si, e sim para a resolução da missão, e essa é a parte mais incrível do filme, os dois últimos atos que são o desenvolvimento da história. As atuações do filme são excelentes e a direção é um show, Hitchcock já tinha o perfeito controle do ritmo e do desenrolar do filme.
'Interlúdio' funciona muito melhor como um suspense do que como um filme de romance, Hitchcock mostra porque é um mestre e torna esse filme uma aula de ritmo e suspense. Clássico.
O Vento Será Tua Herança
3.8 10"O Vento será Tua Herança" de 1960 é um clássico e um dos meus filmes favoritos, brilhantemente escrito e perfeitamente atuado, o remake não era nem um pouco necessário, mas foi feito, então era hora de torcer pelo melhor, e deu certo, o filme não é assim tão ruim. Embora o roteiro seja familiar demais, ele adiciona algumas coisinhas que funcionam no meio de tudo. As atuações da dupla principal são espetaculares, muito por conta da escolha de elenco que reuniu duas grandes lendas da história do cinema, foi uma honra assistir George C. Scott e Jack Lemmon atuarem juntos, eles dão um show (uma grande pena George C. Scott ter morrido poucos meses depois do lançamento). A direção é meio clichê, a tentativa de dramatizar demais algumas coisas no final é meio vazia, sem necessidade alguma, porém, no geral, é aceitável.
'O Vento será Tua Herança' sofre com o problema da familiaridade excessiva, mas continua sendo um bom filme (especialmente porque foi feito para TV), com um espetáculo de atuações e um roteiro que continua incrível.
Eles Vivem
3.7 735 Assista AgoraJohn Carpenter foi um gênio dos anos 80, seus filmes sempre tinham uma pegada mais "horror visual", mas ainda sim, eram filmes com muito bom humor, e esse filme não é diferente. A premissa do filme é incrível e é muito bem conduzida na trama, o ritmo do filme é consistente, com cenas de ação muito boas para a época e sem perder o tom satírico da história. A única coisa que me incomodou foram os personagens, eles não apresentam nada que nos faça ter simpatia por eles, nem os principais quanto os secundários.
'Eles Vivem' é um filme com uma premissa excelente, enredo e ritmo muito bem trabalhados e com um certo valor de entretenimento, me surpreende Hollywood não ter feito algum remake ainda... eu até que concordaria.
Peter Pan
3.8 278 Assista AgoraPeter Pan é a minha história favorita, foi a que eu mais escutei quando criança, e esse filme é o que mais faz jus á história. O filme é visualmente bonito, com cores vibrantes e limpas (característica muito presente nos filmes da Disney), os personagens são cativantes, o ritmo do filme é muito preciso, o roteiro é muito bem escrito, contando a trama de maneira divertida e engajante. A única coisa que faltou para o filme, foi uma maior consistência na parte musical, são poucas músicas, elas aparecem tarde na trama, e embora sejam boas quando você está ouvindo, nenhuma é realmente memorável.
'As Aventuras de Peter Pan' é um filme bonito, divertido, engraçado na dose certa e com um roteiro certeiro. Um verdadeiro clássico das animações Disney.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraOs pontos principais do filme são as atuações do casal principal, o Eddie Redmayne traz uma atuação muito comprometida e difícil fisicamente falando, você consegue ver os diferentes estágios da doença de maneira muito natural e eficaz, a atuação da Felicity Jones já é o oposto, a missão dela é não se resumir apenas á uma esposa do Stephen Hawking, isso fica muito mais fácil contando que o filme é baseado no livro dela, mas a atuação eleva mais ainda o drama da personagem. Os dramas de ambos os personagens foram bem trabalhados, algumas coisas não tiveram o peso que deveriam, mas no geral, é um filme emocionalmente engajante. O roteiro é bem feito, a direção é eficiente, a trilha sonora é funcional, mas nada dessas coisas realmente chamam a atenção quanto as atuações (típico de um filme inglês).
Há algumas coisas que o filme toca que são feitas de maneira muito superficial, principalmente no que se trata do personagem do Stephen, suas teorias e seu lado mais humano são deixados de lado pelo roteiro.
'A Teoria de Tudo' é um filme muito bem atuado, com roteiro e direção eficientes e com um bom desenvolvimento na parte dramática, há alguns momentos bem simplistas, sem nenhuma criatividade e alguns assuntos são tocados de maneira superficial, mas é um bom filme.