Assisti esse filme há uns 6 meses num drive-in temporário que foi montado aqui na cidade, pra população matar a saudade dos cinemas em meio a pandemia, e olha o filme que nos é apresentado. Infelizmente tive um infortúnio clássico de drive-ins: a bateria do carro arriou e ficamos com uma dificuldade pra poder ouvir e compreender bem o que acontecia sonoramente no filme. Ainda assim curti o filme, algumas relações discussões inteligentes, mas também fiquei com um pouco de sensação que algumas mensagens dele podem não cair muito bem nesse momentos. No mais a animação é linda, tem uma estética belíssima, bem dublada, como destacado em outros comentários e, agradável de experienciar. Merece uma revisão breve.
Conheço pouco de Vitor Brandt mas tenho pavor a Copa de Elite. Acho que esse filme sentiu falta de Halder Gomes. Dito isto, adiciono que até tinha potencial, mas estranhei tantos elogios de gente que respeito a opinião, pois pra mim não correspondeu. Tem alguns momentos bem engraçados, muito bem produzido, mas no geral, me incomodou demais. Fiquei com uma expectativa diferente também pelo Nachtergaele e pelo Leandro Ramos, mas é isso. Fica pra próxima.
Tive a oportunidade de assistí-lo no Periférica - Mostra de Cinema de Camaragibe semana retrasada. Vi que estava em exibição, ia até deixar passar, mas como já estava num hiato e era uma oportunidade de um novo Camilo Cavalcante, fiz um esforço pra assistir. Ano passado li um texto sobre três filmes que Camilo estaria produzindo ao mesmo tempo, fiquei interessado por todos, mas este por ser um road movie latinoamericano foi o que mais me cativou. Lendo sobre, descobri que a ideia pro filme surgiu de um encontro despretensioso entre Camilo e Andrade Júnior, este que eu não conhecia até então. Se encontraram em um quarto de hotel onde Andrade fez a performance do King Kong e, durante 10 anos sonharam com o início desta produção. Este viria a ser o primeiro filme protagonizado por Andrade, mas ele morreria em 2019 antes de vê-lo pronto, muito irônico em relação à narrativa do filme e mais triste ainda por ele não ter tido a oportunidade apreciar esta belezura e não poder ter recebido o merecido Kikito. O filme tem sua importância elevada por ser uma coprodução paraguaia, país com uma produção baixa de longas metragens, ainda incipiente, e pela participação da nativa Ana Ivanova na poderosa e sui generis narração. Começa logo de cara apresentando sua belíssima fotografia, planos longos e abertos como são do gosto do diretor, e em pouco tempo se apresenta o ofício do Velho. O texto poderoso também é iniciático, e nos leva até o primeiro diálogo do filme, conversas estas que acontecem em momentos pontuais, mas extremamente fortes e relevantes pra narrativa. Nisso o longa caminha com a participação de grandes estrelas do cinema paraguaio, numa trilha sonora bela e propícia, numa participação singular de Fernando Teixeira (com uma cena de grande significado) e tantos outros belos fatores. Só tenho a agradecer a Camilo por mais este exemplar do cinema latino, e aguardar a oportunidade de me deleitar com suas outras incursões. Grato!
Uma espécie de Glauber meets Godard, e vou falar pra vocês, até com certo constrangimento, pra mim não colou muito bem. Não que eu pense que não haja espaço pra o que o que Geraldo tentou fazer, mas acho que ele forçou a barra. O filme tem suas qualidades, uma bela fotografia, um elenco afiado, mas falha demais em suas pretensões. Vamos em frente.
Cassete, a menina é filha do Jorge Furtado. O Aly Muritiba tem algo a ver com o filme. O elenco com Silvia Buarque, Nahuel Pérez Biscayart, Lourenço Mutarelli e mais uma porrada de gente boa. Da Vitrine, exibido em Cannes. Na moral, não tinha como não ter um mínimo de expectativa em cima desse filme. Mas ele consegue não corresponder a quase nenhuma. Confesso que fiquei perdidão e até dei uns cochilos no 3°/4° da metragem, que não é problema da lentidão, mas dá abstração exagerada. Deu pra mim não, quem sabe em outra oportunidade. Tem algo de interessante na narrativa, uma boa fotografia, e pra mim, só.
Este filme me foi a inserção ao cinema de Haroldo Borges e Paula Gomes, tive várias chances de ver 'Jonas' mas só agora estreei o cinema deles. Amei conhecê-los, a Vinicius Bustani e o magnético garoto João Pedro Dias. Além de ser sempre ótimo reencontrar Luiz Carlos Vasconcelos. O filme já de cara nos apresenta à sensibilidade de João, e ao quanto seu pai é um homem embrutecido. Juntos e solitários eles vivem sua lida rural, até que um circo chega à cidade e mexe com as convicções de João, e lhe acende um desejo de partida. O menino é carregado de frustrações em sua relação com o pai, de um presumido abandono da mãe, e tudo isso é intensificado pela convivência no vilarejo. O circo chega como um suspiro, e arranca de João algo que poucos estímulos seriam capazes de conseguir. Belo, simples e extremamente sensível.
Mais um filme de filho de Glauber Rocha, sobre Glauber Rocha. Não que isso seja de todo ruim mas Paloma e Eryk parecem ter um cinema com um cordão umbilical muito forte com o pai. A ideia desse é bacana, e lhe cabia um trabalho bem simples mesmo. Gosto da narrativa, dos recortes e dos depoimentos. Bacaninha.
Este belo filme me foi uma apresentação ao cartunista Aurel e também ao pintor Josep Bartolí. O longa é uma narrativa tocante que mostra a fuga de um regime ditatorial, levando Bartolí a uma epopeia pela vida, incluindo o desenvolvimento de uma amizade com um guarda francês - plataforma da história - e um relacionamento amoroso com Frida que no filme também é uma figura mítica antes de entrar na história de forma diegética. A animação é muito bem cuidada e tem um belo traço. Linda experiência!
Aude Léa Rapin ataca novamente, bem intencionada como em "Long Live The Emperor", mas uma boa intenção que dá errado em alguns momentos. Aqui a premissa é muito interessante e o filme tem momentos inteligentíssimos. Uma discussão sobre a vida e como lidar com sua finitude anunciada. Podia ser melhor, mas é bacana.
Esse filme foi lançado no meu ano sabático e vim vê-lo somente agora. Uma direção dos Safdie com produção de Scorsese e estrelado por Adam Sandler é muita prioridade pra mim. De antemão digo que Adam está muito bem mas pedir indicação ao Oscar é exagero. A atuação dele tem alguns vícios que são até benéficos ao filme, mas o fazem individualmente perder um pouco de potência. No fim das contas esse filme é fruto do talento dessa dupla de irmãos, fiquei mais louco ainda pra ver os trabalhos deles anteriores à Bom Comportamento. Joias Brutas é foda! Um espetáculo filmíco extremamente nervoso. Se é cansativo assistir a muitas destas cenas (no bom sentido), imagina o trabalho que deu filmá-las? Aquele tanto de coisa acontecendo ao mesmo tempo é desesperador, e tudo é piorado pela trilha sonora desgraçada e quase incessante. Na cena de abertura do Adam xingando ao telefone, me lembrou demais o estilo do De Niro, e no miolo do filme tem uma cena dele dirigindo em que toca uma música incidental muito parecida com a de Taxi Driver. Fica aí mais uma homenagem/referência junto com tantas outras que o filme proporciona. E é massa o quanto o Ratner dividiu meus sentimentos entre torcer pra que ele consiga resolver a vida, e querer que ele se foda muito. Irmãos Safdie, vocês são do caralho. Continuem!
Poxa, gosto muitos destes filmes que o Garry Marshall fez no formato de Simplesmente Amor: uma data comemorativa como fio condutor de várias histórias paralelas, mais elenco estelar. Nenhum deles oferece uma grande experiência de cinema, mas são ótimos filmes descomprometidos. Esse era o único que eu ainda não tinha visto e gostei bastante, é exatamente aquilo que se propõe ser é até oferece algumas surpresas rs. Saudades suas, Garry, seu romantismo faz falta.
Assisti já há algum tempo, mas lembro de ser muito belo visualmente e conter uma narrativa bem fria, mas magnética. A relação entre os garotos e a Jessica tem uma tônica bem interessante, mas lembro do filme querer explorar algo além disso e se perder um pouco, mas no fim das contas é uma boa experiência.
Filme com um bom diretor, bom elenco, plot instigante, mas que acaba se perdendo e desperdiçando potência. A trama fica confusa, Lily-Rose parece não ter forças pra segurar o filme e o espectador se decepciona em meio a tudo isso. Há algo que se aproveite, o final questionador é bacana, mas podia ser mais.
Melhor filme do MFFF 2021, pena que estava fora de competição. Amo esse tipo de documentário construído com uma narração sobre arquivos de memórias. Vídeos, fotos, lembranças e histórias se juntam para rememorar a história de avó e neto. A luta da avó contra a sociedade patriarcal e sua vida surpreendente. E a luta do neto contra os preconceitos perpetrados em sua própria mente por uma criação quadrada (me identifico demais com isso, por ter sido criado em um lar cristão) e contra a sociedade homofóbica. É incrível a forma como a vida de Stéphane o levou de volta a momentos tão marcantes: a tenista, a presidente e a parada gay, arrepiante refletir sobre estes pontos. Sempre interessante refletir sobre o quanto a avó era evoluída, mas também sobre o quanto sempre temos a evoluir, e só pessoas de espírito muito grande conseguem se tornar melhores na vida o quanto ela conseguiu. Depois dos 80 (?) anos aceitar/normalizar a homossexualidade do neto e aprender a pintar? Essa mulher é uma entidade. E Stéphane até como modo de se retratar consigo próprio se tornou uma força contra a homofobia em seu país e no mundo. Filme delicioso de se assistir, terminei com um sorriso frouxo, de orelha a orelha. Um achado!
Ótima premissa e ótima narrativa de retorno ao ponto de encontro. Bacana o formato de contar a história de cada uma das personagens por vez e os pontos de intersecções entre elas. Cada uma com seus problemas, inquietações, desejos, particularidades e sentimentos. São personagens legais de se apegar e se envolver, pessoas palpáveis, de fácil identificação. A história suscita discussões sobre os mais diversos assuntos sociais e sexuais, e tem uma conclusão de sugestão um tanto quanto romântica. Um bom filme.
Felicidade tem uma narrativa um pouco dispersa mas também bastante inventiva. Com um roteiro que brinca de forma muito inteligente com o espectador, seus joguinhos de histórias e lembranças são muito bons e tem um quê de metalinguagem. O trio de protagonistas é excelente, com destaque pra atriz mirim. Um filme que trata de relações sociais, familiares e dores humanas.
Uau. Uma bela mistura de linguagens que resulta num produto de narrativa dispersa e que é uma surra de cinema. Que câmera, que fotografia! Tem ficção, documentário e linguagem de clip, tudo junto de forma muito harmônica. Cavalo traz um discurso poderoso de arte, cultura, música, religião, ancestralidade, negritude. Desperta no espectador uma emoção genuína e uma ligação mágica, o filme tem quase uma hora e meia mas que passa com uma velocidade impressionante, deixa uma sensação forte de que poderia durar mais, ao passo que finaliza belamente sua exposição. Coisa linda!
Um filme sobre amizade e relacionamentos ao passo que narra um rito de passagem. A construção da ligação entre Mikuan e Shaniss é muito forte e bem feita, faz o espectador comprar bem todas aquelas situações e desequilíbrios. O filme segue seu caminho, mas surgem alguns momentos um pouco problemáticos, como o
, faltou construção narrativa. Depois a história retoma a força e tem uma conclusão de tirar o fôlego, que textos lindos, e que justificas fodas pros caminhos que são reservados a cada uma delas. Muito bonito, um achado!
Quarto filme que vejo do My French Film Festival e o melhor até aqui. Esse ano a seleção não parece estar muito boa, talvez um reflexo da produção menor em função da pandemia. Mas enfim, este é um filme muito bom, surpreendente. Gostei da premissa, da construção, achei que tem momentos bem inteligentes e que respeita o espectador. Mathis é um protagonista maravilhoso e o garoto que o interpreta é um baita de um ator, difícil acreditar que seja seu filme de estreia. Infelizmente a história se perde um pouco no 3°/4° do filme, mas o final retoma a potência e acaba muito bem. Um verdadeiro achado.
Eita, esse filme foi minha introdução a Daniel Nolasco, não o conhecia mas já é possível perceber o quanto ele é sui generis frente ao cinema do centro do país. Nunca assisti a Boi Neon mas botei na cabeça que esse filme se parece muito esteticamente com ele, talvez por causa do neon presente em Vento Seco, rs, que coisa mais óbvia. O roteiro nervoso do filme se contrapõe ao modo sereno com o qual a história é conduzida, e as cenas e situações se desenrolam. Gosto muito de várias escolhas narrativas e visuais, como os letterings em tela, é sempre um modo muito simples e bacana de utilizar um recurso de fato cinematográfico. Curto o estilo e fico curioso em explorar mais o diretor, espero que em breve.
Ensaia algumas reflexões sobre esse lance do personagem que os influenciadores digitais criam. O quão falso e problemático pode ser, e também o quanto tais pessoas precisam disto. Curioso.
Filme propõe umas reflexões bem interessantes sobre a dualidade entre os modos de vida. O rural, de forma mais natural, rústica. E o urbano, moderno, com a vinda do engenheiro eólico e sua máquina energética, que também traz uma dualidade pra discussão. Nisso Pauline não se divide apenas entre um homem ou outro, mas entre estilos de vida. A narrativa tem alguma questões um pouco chatas, desinteressantes, mas outras com alguma relevância, que ganham a atenção do espectador. Tinha potencial de ser melhor, mas é um produto curioso.
Sou meio suspeito pra falar sobre esse filme. Tenho proximidade com o diretor, conheço boa parte da equipe e ainda se passa na minha cidade. Mas sem ser caseiro, gostei pra caramba! Já de início nos apresenta uma protagonista muito forte e extremamente bem interpretada, me deixou super curioso pra conhecer melhor a atriz, ela sustenta diálogos intensos com uma destreza singular e leva muito bem uma necessária pincelada de discurso feminino. Enviei um e-mail pra [email protected] com o título: "TEM SIM", e com o texto: "Eu tô aqui.", ao que ela me respondeu:
"Fico feliz em te ler, Sávio. Aqui também há alguém. Sigamos. E que a nossa existência ecoe em tantas outras.
com afeto Catarina."
Os discursos das relações de Catarina, sejam sociais, profissionais, acadêmicas, geográficas, são sempre muito interessantes. Tem uma homenagem massa a Adirley Queirós, além de uma bela finalização. Assistam!
Tito e os Pássaros
3.6 31Assisti esse filme há uns 6 meses num drive-in temporário que foi montado aqui na cidade, pra população matar a saudade dos cinemas em meio a pandemia, e olha o filme que nos é apresentado. Infelizmente tive um infortúnio clássico de drive-ins: a bateria do carro arriou e ficamos com uma dificuldade pra poder ouvir e compreender bem o que acontecia sonoramente no filme. Ainda assim curti o filme, algumas relações discussões inteligentes, mas também fiquei com um pouco de sensação que algumas mensagens dele podem não cair muito bem nesse momentos. No mais a animação é linda, tem uma estética belíssima, bem dublada, como destacado em outros comentários e, agradável de experienciar. Merece uma revisão breve.
Cabras da Peste
3.2 255Conheço pouco de Vitor Brandt mas tenho pavor a Copa de Elite. Acho que esse filme sentiu falta de Halder Gomes. Dito isto, adiciono que até tinha potencial, mas estranhei tantos elogios de gente que respeito a opinião, pois pra mim não correspondeu. Tem alguns momentos bem engraçados, muito bem produzido, mas no geral, me incomodou demais. Fiquei com uma expectativa diferente também pelo Nachtergaele e pelo Leandro Ramos, mas é isso. Fica pra próxima.
King Kong en Asunción
3.4 10Tive a oportunidade de assistí-lo no Periférica - Mostra de Cinema de Camaragibe semana retrasada. Vi que estava em exibição, ia até deixar passar, mas como já estava num hiato e era uma oportunidade de um novo Camilo Cavalcante, fiz um esforço pra assistir. Ano passado li um texto sobre três filmes que Camilo estaria produzindo ao mesmo tempo, fiquei interessado por todos, mas este por ser um road movie latinoamericano foi o que mais me cativou. Lendo sobre, descobri que a ideia pro filme surgiu de um encontro despretensioso entre Camilo e Andrade Júnior, este que eu não conhecia até então. Se encontraram em um quarto de hotel onde Andrade fez a performance do King Kong e, durante 10 anos sonharam com o início desta produção. Este viria a ser o primeiro filme protagonizado por Andrade, mas ele morreria em 2019 antes de vê-lo pronto, muito irônico em relação à narrativa do filme e mais triste ainda por ele não ter tido a oportunidade apreciar esta belezura e não poder ter recebido o merecido Kikito. O filme tem sua importância elevada por ser uma coprodução paraguaia, país com uma produção baixa de longas metragens, ainda incipiente, e pela participação da nativa Ana Ivanova na poderosa e sui generis narração. Começa logo de cara apresentando sua belíssima fotografia, planos longos e abertos como são do gosto do diretor, e em pouco tempo se apresenta o ofício do Velho. O texto poderoso também é iniciático, e nos leva até o primeiro diálogo do filme, conversas estas que acontecem em momentos pontuais, mas extremamente fortes e relevantes pra narrativa. Nisso o longa caminha com a participação de grandes estrelas do cinema paraguaio, numa trilha sonora bela e propícia, numa participação singular de Fernando Teixeira (com uma cena de grande significado) e tantos outros belos fatores. Só tenho a agradecer a Camilo por mais este exemplar do cinema latino, e aguardar a oportunidade de me deleitar com suas outras incursões. Grato!
Sertânia
3.8 27Uma espécie de Glauber meets Godard, e vou falar pra vocês, até com certo constrangimento, pra mim não colou muito bem. Não que eu pense que não haja espaço pra o que o que Geraldo tentou fazer, mas acho que ele forçou a barra. O filme tem suas qualidades, uma bela fotografia, um elenco afiado, mas falha demais em suas pretensões. Vamos em frente.
Sem Seu Sangue
2.1 24Cassete, a menina é filha do Jorge Furtado. O Aly Muritiba tem algo a ver com o filme. O elenco com Silvia Buarque, Nahuel Pérez Biscayart, Lourenço Mutarelli e mais uma porrada de gente boa. Da Vitrine, exibido em Cannes. Na moral, não tinha como não ter um mínimo de expectativa em cima desse filme. Mas ele consegue não corresponder a quase nenhuma. Confesso que fiquei perdidão e até dei uns cochilos no 3°/4° da metragem, que não é problema da lentidão, mas dá abstração exagerada. Deu pra mim não, quem sabe em outra oportunidade. Tem algo de interessante na narrativa, uma boa fotografia, e pra mim, só.
Filho de Boi
3.8 9Este filme me foi a inserção ao cinema de Haroldo Borges e Paula Gomes, tive várias chances de ver 'Jonas' mas só agora estreei o cinema deles. Amei conhecê-los, a Vinicius Bustani e o magnético garoto João Pedro Dias. Além de ser sempre ótimo reencontrar Luiz Carlos Vasconcelos. O filme já de cara nos apresenta à sensibilidade de João, e ao quanto seu pai é um homem embrutecido. Juntos e solitários eles vivem sua lida rural, até que um circo chega à cidade e mexe com as convicções de João, e lhe acende um desejo de partida. O menino é carregado de frustrações em sua relação com o pai, de um presumido abandono da mãe, e tudo isso é intensificado pela convivência no vilarejo. O circo chega como um suspiro, e arranca de João algo que poucos estímulos seriam capazes de conseguir. Belo, simples e extremamente sensível.
Antena da Raça
3.3 4Mais um filme de filho de Glauber Rocha, sobre Glauber Rocha. Não que isso seja de todo ruim mas Paloma e Eryk parecem ter um cinema com um cordão umbilical muito forte com o pai. A ideia desse é bacana, e lhe cabia um trabalho bem simples mesmo. Gosto da narrativa, dos recortes e dos depoimentos. Bacaninha.
Josep
4.0 15Este belo filme me foi uma apresentação ao cartunista Aurel e também ao pintor Josep Bartolí. O longa é uma narrativa tocante que mostra a fuga de um regime ditatorial, levando Bartolí a uma epopeia pela vida, incluindo o desenvolvimento de uma amizade com um guarda francês - plataforma da história - e um relacionamento amoroso com Frida que no filme também é uma figura mítica antes de entrar na história de forma diegética. A animação é muito bem cuidada e tem um belo traço. Linda experiência!
Heróis Nunca Morrem
2.6 6 Assista AgoraAude Léa Rapin ataca novamente, bem intencionada como em "Long Live The Emperor", mas uma boa intenção que dá errado em alguns momentos. Aqui a premissa é muito interessante e o filme tem momentos inteligentíssimos. Uma discussão sobre a vida e como lidar com sua finitude anunciada. Podia ser melhor, mas é bacana.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraEsse filme foi lançado no meu ano sabático e vim vê-lo somente agora. Uma direção dos Safdie com produção de Scorsese e estrelado por Adam Sandler é muita prioridade pra mim. De antemão digo que Adam está muito bem mas pedir indicação ao Oscar é exagero. A atuação dele tem alguns vícios que são até benéficos ao filme, mas o fazem individualmente perder um pouco de potência. No fim das contas esse filme é fruto do talento dessa dupla de irmãos, fiquei mais louco ainda pra ver os trabalhos deles anteriores à Bom Comportamento. Joias Brutas é foda! Um espetáculo filmíco extremamente nervoso. Se é cansativo assistir a muitas destas cenas (no bom sentido), imagina o trabalho que deu filmá-las? Aquele tanto de coisa acontecendo ao mesmo tempo é desesperador, e tudo é piorado pela trilha sonora desgraçada e quase incessante. Na cena de abertura do Adam xingando ao telefone, me lembrou demais o estilo do De Niro, e no miolo do filme tem uma cena dele dirigindo em que toca uma música incidental muito parecida com a de Taxi Driver. Fica aí mais uma homenagem/referência junto com tantas outras que o filme proporciona. E é massa o quanto o Ratner dividiu meus sentimentos entre torcer pra que ele consiga resolver a vida, e querer que ele se foda muito. Irmãos Safdie, vocês são do caralho. Continuem!
Idas e Vindas do Amor
3.0 1,8K Assista AgoraPoxa, gosto muitos destes filmes que o Garry Marshall fez no formato de Simplesmente Amor: uma data comemorativa como fio condutor de várias histórias paralelas, mais elenco estelar. Nenhum deles oferece uma grande experiência de cinema, mas são ótimos filmes descomprometidos. Esse era o único que eu ainda não tinha visto e gostei bastante, é exatamente aquilo que se propõe ser é até oferece algumas surpresas rs. Saudades suas, Garry, seu romantismo faz falta.
Les météorites
2.9 2Zéa Duprez é uma linda mas não lembro do filme ser muito mais que isso. Um filme legalzinho de verão. Vi exatamente um ano atrás.
Jessica Forever
2.7 11 Assista AgoraAssisti já há algum tempo, mas lembro de ser muito belo visualmente e conter uma narrativa bem fria, mas magnética. A relação entre os garotos e a Jessica tem uma tônica bem interessante, mas lembro do filme querer explorar algo além disso e se perder um pouco, mas no fim das contas é uma boa experiência.
As Feras
2.5 5Filme com um bom diretor, bom elenco, plot instigante, mas que acaba se perdendo e desperdiçando potência. A trama fica confusa, Lily-Rose parece não ter forças pra segurar o filme e o espectador se decepciona em meio a tudo isso. Há algo que se aproveite, o final questionador é bacana, mas podia ser mais.
Madame
3.9 5 Assista AgoraMelhor filme do MFFF 2021, pena que estava fora de competição. Amo esse tipo de documentário construído com uma narração sobre arquivos de memórias. Vídeos, fotos, lembranças e histórias se juntam para rememorar a história de avó e neto. A luta da avó contra a sociedade patriarcal e sua vida surpreendente. E a luta do neto contra os preconceitos perpetrados em sua própria mente por uma criação quadrada (me identifico demais com isso, por ter sido criado em um lar cristão) e contra a sociedade homofóbica. É incrível a forma como a vida de Stéphane o levou de volta a momentos tão marcantes: a tenista, a presidente e a parada gay, arrepiante refletir sobre estes pontos. Sempre interessante refletir sobre o quanto a avó era evoluída, mas também sobre o quanto sempre temos a evoluir, e só pessoas de espírito muito grande conseguem se tornar melhores na vida o quanto ela conseguiu. Depois dos 80 (?) anos aceitar/normalizar a homossexualidade do neto e aprender a pintar? Essa mulher é uma entidade. E Stéphane até como modo de se retratar consigo próprio se tornou uma força contra a homofobia em seu país e no mundo. Filme delicioso de se assistir, terminei com um sorriso frouxo, de orelha a orelha. Um achado!
Donas de Alegria
3.3 9Ótima premissa e ótima narrativa de retorno ao ponto de encontro. Bacana o formato de contar a história de cada uma das personagens por vez e os pontos de intersecções entre elas. Cada uma com seus problemas, inquietações, desejos, particularidades e sentimentos. São personagens legais de se apegar e se envolver, pessoas palpáveis, de fácil identificação. A história suscita discussões sobre os mais diversos assuntos sociais e sexuais, e tem uma conclusão de sugestão um tanto quanto romântica. Um bom filme.
Felicidade
3.5 10Felicidade tem uma narrativa um pouco dispersa mas também bastante inventiva. Com um roteiro que brinca de forma muito inteligente com o espectador, seus joguinhos de histórias e lembranças são muito bons e tem um quê de metalinguagem. O trio de protagonistas é excelente, com destaque pra atriz mirim. Um filme que trata de relações sociais, familiares e dores humanas.
Cavalo
3.8 7Uau. Uma bela mistura de linguagens que resulta num produto de narrativa dispersa e que é uma surra de cinema. Que câmera, que fotografia! Tem ficção, documentário e linguagem de clip, tudo junto de forma muito harmônica. Cavalo traz um discurso poderoso de arte, cultura, música, religião, ancestralidade, negritude. Desperta no espectador uma emoção genuína e uma ligação mágica, o filme tem quase uma hora e meia mas que passa com uma velocidade impressionante, deixa uma sensação forte de que poderia durar mais, ao passo que finaliza belamente sua exposição. Coisa linda!
Kuessipan
3.9 3Um filme sobre amizade e relacionamentos ao passo que narra um rito de passagem. A construção da ligação entre Mikuan e Shaniss é muito forte e bem feita, faz o espectador comprar bem todas aquelas situações e desequilíbrios. O filme segue seu caminho, mas surgem alguns momentos um pouco problemáticos, como o
falecimento do irmão
Crianças
3.1 5Quarto filme que vejo do My French Film Festival e o melhor até aqui. Esse ano a seleção não parece estar muito boa, talvez um reflexo da produção menor em função da pandemia. Mas enfim, este é um filme muito bom, surpreendente. Gostei da premissa, da construção, achei que tem momentos bem inteligentes e que respeita o espectador. Mathis é um protagonista maravilhoso e o garoto que o interpreta é um baita de um ator, difícil acreditar que seja seu filme de estreia. Infelizmente a história se perde um pouco no 3°/4° do filme, mas o final retoma a potência e acaba muito bem. Um verdadeiro achado.
Vento Seco
3.2 89Eita, esse filme foi minha introdução a Daniel Nolasco, não o conhecia mas já é possível perceber o quanto ele é sui generis frente ao cinema do centro do país. Nunca assisti a Boi Neon mas botei na cabeça que esse filme se parece muito esteticamente com ele, talvez por causa do neon presente em Vento Seco, rs, que coisa mais óbvia. O roteiro nervoso do filme se contrapõe ao modo sereno com o qual a história é conduzida, e as cenas e situações se desenrolam. Gosto muito de várias escolhas narrativas e visuais, como os letterings em tela, é sempre um modo muito simples e bacana de utilizar um recurso de fato cinematográfico. Curto o estilo e fico curioso em explorar mais o diretor, espero que em breve.
Em Cima do Muro
3.6 3Ensaia algumas reflexões sobre esse lance do personagem que os influenciadores digitais criam. O quão falso e problemático pode ser, e também o quanto tais pessoas precisam disto. Curioso.
O Vento Muda
3.2 3Filme propõe umas reflexões bem interessantes sobre a dualidade entre os modos de vida. O rural, de forma mais natural, rústica. E o urbano, moderno, com a vinda do engenheiro eólico e sua máquina energética, que também traz uma dualidade pra discussão. Nisso Pauline não se divide apenas entre um homem ou outro, mas entre estilos de vida. A narrativa tem alguma questões um pouco chatas, desinteressantes, mas outras com alguma relevância, que ganham a atenção do espectador. Tinha potencial de ser melhor, mas é um produto curioso.
Fendas
3.0 4Sou meio suspeito pra falar sobre esse filme. Tenho proximidade com o diretor, conheço boa parte da equipe e ainda se passa na minha cidade. Mas sem ser caseiro, gostei pra caramba! Já de início nos apresenta uma protagonista muito forte e extremamente bem interpretada, me deixou super curioso pra conhecer melhor a atriz, ela sustenta diálogos intensos com uma destreza singular e leva muito bem uma necessária pincelada de discurso feminino. Enviei um e-mail pra [email protected] com o título: "TEM SIM", e com o texto: "Eu tô aqui.", ao que ela me respondeu:
"Fico feliz em te ler, Sávio. Aqui também há alguém.
Sigamos.
E que a nossa existência ecoe em tantas outras.
com afeto
Catarina."
Os discursos das relações de Catarina, sejam sociais, profissionais, acadêmicas, geográficas, são sempre muito interessantes. Tem uma homenagem massa a Adirley Queirós, além de uma bela finalização. Assistam!