Em comparação a CISNE NEGRO, não há como negar que Aronofsky dessa vez errou feio, com um filme didático sobre o personagem bíblico Noé. Mas, se ao invés de fazermos comparações com outros filmes, nos determos somente na aventura que é este aqui, a diversão é garantida. Os efeitos especiais são bem produzidos; as atuações estão apenas corretas, sem nada de excepcional; Russel Crowe, como sempre, dá o melhor de si, e é claro que não decepciona; a fotografia e a trilha sonora são excelentes, compatíveis com uma super produção. NOÉ não deve ser levado tão a sério, pois seu intuito maior é de apenas entreter (assim como todo blockbuster). Quanto ao elenco, os veteranos Anthony Hopkins e Jennifer Connelly foram mal aproveitados, mas se o enfoque era mesmo no protagonista, não havia como ser diferente; Logan Lerman, o filho deslocado, apenas repete o personagem de todos os filmes que participou, como aquele sujeito que não se encaixa no meio em que vive; há também o casal fofo Emma Watson e Douglas Booth, criados como irmãos, mas que acabam se apaixonando. Antes do dilúvio acontecer, a narrativa é monótona, se dividindo entre antes e depois do fenômeno. A construção da arca não convence ninguém, jamais um entrelaçado de gravetos daquela espécie protegeria quem quer que fosse de uma ocorrência natural tão grave. E o absurdo dos absurdos: quem protege Noé e sua família são pedras gigantes, que um dia já foram luz. Quer fantasia maior? A trama realmente não é tão fiel à história bíblica... Mas vale ser vista, com seus inúmeros momentos emocionantes e tensos. A trama peca também na cronologia dos fatos. Em questão de minutos, os filhos do patriarca crescem, a filha adotiva engravida e dá a luz em menos de meia hora e a esposa de Noé incrivelmente não envelhece (qual a receita pra isso?). A construção da arca e a passagem dos anos ocorrem à velocidade da luz, fazendo da história algo inverossímil. Na reta final, o personagem título torna-se tão obcecado em cumprir a profecia que transforma-se num monstro, a ponto de querer destruir a vida de seus próprios familiares, o que só demonstra que, assim como os demais pecadores do reino, a família de Noé também é falha e nem um pouco santificada, como se faz parecer no início de tudo. Mas esses furos não comprometem a boa qualidade da produção, uma versão moderna do milagre da criação e com inúmeros dilemas morais a ser discutidos. Com certeza não será lembrado como um dos melhores épicos, mas na lista dos piores também não entra. Recomendo!
Não sei pra quê tanto estardalhaço com esse filme estilo “novela da Globo.” Atuações toscas, roteiro ruim, quase nenhuma tensão, clichês aos montes, pouca coisa pra contar. A maior parte do tempo vemos a rotina banal de um homem comum de classe baixa americana, com sua vidinha sem graça cuja única coisa relevante que acontece é seu fim trágico e absurdo, e nada mais. Um filmeco de verdade! Não recomendo essa baboseira dispensável e amadora.
Algo não se pode negar sobre esta ficção científica: é um bom filme! Os críticos e insatisfeitos ficam procurando questões existenciais e filosóficas numa história policial e fantasiosa que não passa de mero e simples entretenimento. José Padilha entrega o que promete – diversão, adrenalina, fantasia e muita mentira. Não há interpretações marcantes, muito menos nenhum tipo de reflexão a se fazer: é filme pipoca mesmo. Me diverti bastante degustando a minha. O elenco é fraco, a história é irreal e o enredo não se sustenta, como ocorreu nas tramas anteriores, mas que nem por isso deixaram de fazer sucesso. Esta é apenas uma repaginada de uma idéia que deu certo tempos atrás. Todos os elementos existentes aqui não passam de materialização de ilusões futuristas dos envolvidos no projeto. Para quem curte desligar-se da realidade por algumas horas e resolver apreciar essa aventura sem comprometimento, é uma agradável escolha, que em poucos minutos será esquecida. Mesmo sabendo não haver necessidade de continuação, caso um novo episódio seja produzido seguirei acompanhando (e viajando) nesse mundo imaginário onde os policiais são meio homens, meio máquinas, e que, a despeito do uso da força bruta e truculência, costumam eliminar os bandidos, ao contrário da polícia do mundo real, inútil, ineficiente, corrupta e desmoralizada. Superprodução e bom entretenimento!
Achar que este novo capítulo seria melhor que o filme anterior é possuir total desconhecimento da lógica cinematográfica: continuações não possuem o benefício da surpresa nem da novidade; porém, não é pelo fato de não ser tão boas que as mesmas não mereçam ser prestigiadas. Uma coisa é certa: A ASCENSÃO DO IMPÉRIO é um bom entretenimento!
Diante de tantos guerreiros imponentes, o poder está mesmo em mãos femininas. Seja na autoridade da rainha Gorgo ou na inteligência, argúcia e beleza de Artemísia – interpretada por uma Eva Green sexy e esplêndida - as coisas só ocorrem com o aval delas. Não havendo muito que contar, a trama detém-se nas batalhas, repletas de imagens chocantes, com sangue esguichando a todo momento. Não fossem a sensualidade explícita, a violência exacerbada e a tensão sexual entre os dois comandantes dos exércitos (Themístocles e Artemísia), 300 poderia ser considerado uma sessão da tarde.
A expectativa de maior destaque para Rodrigo Santoro é vã. Mesmo com a morte do rei Leônidas, Xerxes permanece como mero coadjuvante, dando total autonomia e poder de fogo à chefe de seu exército. O reizinho é apenas um mimado fantoche persa. Coadjuvante também é a viúva rainha Gorgo, quase sem importância na história.
No quesito técnico, houve excessos no uso da computação gráfica, mas tendo em vista a super produção que se apresenta, isso é mero detalhe. A trilha sonora é estimulante e tensa. 300 é visualmente rico e carente de um bom roteiro. Parece um caça níquel, mas com qualidade. Com exceção de Eva Green, nenhum outro personagem se destaca. A cena de sexo selvagem entre ela e Themístocles é o único momento cômico; causar alguns risinhos no público em meio a tanto drama e sanguinolência, só pra contrabalançar, não seria má idéia.
Os ideais de liberdade e democracia são exaltados, principalmente antes das batalhas e mortes quase certas. Mentiras surgem aos montes: visualizamos guerreiros gravemente feridos por flechas conversando e resistindo bravamente, e uma mulher magricela sendo capaz de derrubar homens enormes, dentre outras situações fantasiosas; mas que filme de guerra não as têm?
O que importa mesmo é a imersão que a história proporciona. A Grécia hoje é um país falido, mas seus valores, ensinamentos, ideais e acima de tudo, suas estratégias de guerra são infalíveis. Não havia necessidade da existência desta produção, mas já que foi realizada, livremo-nos de preconceitos e exigências tolas e vamos à diversão, em mais uma adaptação dos quadrinhos de Frank Miller. Vale o ingresso!
Retratar a existência de pessoas reais nunca foi tarefa fácil: são muitas nuances, fatos não confirmados e o risco imenso de não conseguir manter-se fiel à personalidade retratada. Imagine a dificuldade em contar a história de alguém tão difícil e fechado em seu próprio mundo como a escritora P. L. Travers, de cuja mente fértil e criativa surgiu a babá Mary Poppins. E não seria John Lee Hancock, com tão modesta experiência cinematográfica, quem iria acertar na versão para as telas da vida de um personagem repleto de excentricidades e antipatia quanto ela. Injustamente esquecida pela Academia este ano, Emma Thompson entrega uma de suas melhores interpretações, representando de forma sublime uma mulher amargurada, solitária e saudosa de seu pai, maior incentivador da engenhosidade intelectual da menina prodígio. O mesmo primor de atuação não se pode afirmar de Tom Hanks, que apresenta desempenho tímido de alguém tão singular quanto o gênio Walt Disney. WALT... não é um filme fácil de digerir. Seus diálogos são rápidos e por vezes confusos, exigindo boa dose de concentração do espectador. Traz diversas referências à infância da escritora e também a obras de Disney, o que considero positivo, por termos que montar o quebra cabeça e tentar fazer a ligação entre os acontecimentos. Essa suposta complicação no entendimento da narrativa não a deixa menos instigante, mas sua natureza melancólica e morosa se faz presente. O encantamento com o mundo mágico da Disney é imediato, assim como a sonolência e impaciência com um filme que poderia ser no mínimo 30 minutos mais curto. É curioso ver um sucesso como MARY POPPINS ser montado e perceber quão penosa é a produção de uma obra de primeira categoria como essa. Lamentavelmente, um dos momentos antológicos - a cena da babá voadora chegando em seu guarda chuva - foi ignorado. Uma falha gritante! As idas e vindas na vida da protagonista são o ponto alto: sem dúvida, seu passado sofrido é bem mais interessante que seu presente glamoroso. Insuportável é o adjetivo ideal para referir-se a esta mulher tão arredia à convivência humana. Os fatos decorridos em seu ambiente familiar marcaram negativamente a adulta que se tornou, deixando-lhe alguns traumas como a aversão a pêras e à cor vermelha, dentre outros. Curiosamente, é também de seu passado a inspiração para a heroína dos livros, numa semelhança fascinante com uma tia. WALT é um bom filme, mas com ressalvas. Não é obra prima nem muito menos inesquecível, mas sim uma produção que de tempos em tempos merece ser revisitada, servindo como boa fonte de história cinematográfica.
Só mesmo os velhotes da Academia para indicar algo tão ruim como este filme à corrida do Oscar. Desde os primeiros minutos percebemos que essa bobagem não possui cacife para ganhar nada, tendo em vista sua qualidade inferior e seu perfil que não se encaixa, de forma alguma, no rol de vencedores de prêmios cinematográficos. A fotografia é satisfatória, e só; não há mais nada nessa trama que seja digno de elogio. Propagandeado como um road movie, não passa de uma enganação: quando o protagonista chega em sua cidade de origem, antes do destino final (Lincoln, Nebraska), quase não sai mais de lá. E tome conversas chatas e sem sentido, tempo que não passa, cochilos intermináveis. O elenco é ruim, o roteiro é péssimo e o final é uma droga. Em determinado momento, cheguei a acreditar que a perspicácia do velhinho tivesse algum fundamento. Mas que nada, tudo não passa de tolice. As indicações vieram mesmo para homenagear veteranos como Bruce Dern e a desconhecida June Squibb, que possui poucos trabalhos no cinema, e neste filme seu personagem é uma idiota. Sofrível esta produção. Nem sentindo insônia tremenda recomendo assistir isso aqui. Péssimo!
O preconceito racial parece ser uma praga que nunca terá fim. Dos séculos passados até os dias de hoje, esse tipo de tratamento rancoroso e cruel contra pessoas de pele escura vai se permeando por anos afora. O tema é tão atual que um filme que possui a escravidão como assunto principal levou o principal prêmio de cinema este ano. 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO é uma obra primorosa em diversos sentidos. Uma trama que nos faz sentir na pele todo o sofrimento, temor e desesperança vivenciados por aqueles pobres seres que foram condenados desde o nascimento apenas por causa de um tom de pele. O tratamento reservado a eles é pior do que o dado aos animais, e absurdamente isso é visto como algo comum, cotidiano. As surras, as agressões indiscriminadas, o cárcere, a ausência total dos direitos básicos são de chocar o coração e provocar lágrimas. Quanta tristeza, meu Deus! E saber que boa parte dos negros retratados morreram nessa existência miserável, sem nunca saber o significado da palavra felicidade nos deixa ainda mais indignados. Esta fatídica história mereceu todos os Oscars a que foi indicada, sem dúvida. Um primor de atuações, direção, fotografia, roteiro. Excelente, marcante e inesquecível filme. Recomendo!
Mais um drama nacional com padrão Globo de qualidade: quadrado, com começo, meio e fim bem delineados, roteiro sofrível e atores de novela. Apesar da boa caracterização de época e da exibição de cenas reais, é uma trama esquecível. Presenciamos o poder da ambição e seus males, transformando pessoas, destruindo amizades, perpetuando deslealdades. Personagens pouco complexos interpretados por atores de TV geralmente não empolgam, muito menos surpreendem. Nem mesmo o astro brasileiro do momento, Wagner Moura, conseguiu tornar esta produção atrativa. Não nos emocionamos, não torcemos por ninguém. Apenas perdemos nosso tempo assistindo a isso feito robôs teleguiados. Talvez com roteiro e elenco melhor selecionados, a tentativa de mostrar um episódio marcante da história contemporânea do Brasil tivesse dado certo. Como não foi o caso, não funcionou. Dispensável, bobo, desinteressante. Não recomendo!
Na versão americana do suspense UM CRIME DE AMOR (2010), o diretor Brian de Palma cometeu a proeza de depreciar a história. Ao contrário do original francês, neste não estão presentes o glamour, o erotismo, a guerra de egos, o magnetismo, a ansiedade. Pouco ou nada se aproveita desta trama sem graça. Tudo é quadrado, previsível, sem tesão. Apenas uma cópia mal feita. Vejamos: o filme é chato, claustrofóbico; as atuações são ruins, à beira do amadorismo, restringindo-se apenas à simples e primitiva leitura do texto; há poucas tomadas externas, o que só aumenta o tédio; é uma obra sem razão de existir. Com tantos sucessos na carreira, De Palma não deveria ter se envolvido nisto, tendo em vista que refilmagens americanas na maior parte das vezes são inferiores aos seus correspondentes originais. Durante os 100 minutos de projeção, fica-se à procura de algo digno de elogio, mas nada se encontra. O que poderia ser um diferencial, a presença de Noomi Rapace, foi um verdadeiro equívoco. A atriz sueca é muito velha para o papel e passa longe da sensualidade da francesa Ludivine Sagnier. Afinal, o que as mulheres viram na Isabelle James em sua versão americana? Com um visual assustador, Rapace vive aqui seus piores momentos, não convencendo em nada com sua franja esquisita, expressões estáticas e sem emoção. Quanta perda de tempo... E Rachel McAdams como vilã? Não há um só trabalho dessa moça que me agrade, sempre considerei seu rostinho bonito o maior chamariz para sua escalação nas produções cinematográficas. Ter a audácia de dar-lhe um papel que foi da excelente Kristin Scott Thomas foi uma idéia infeliz. McAdams não sabe interpretar vilãs; sua carinha de boa moça e sua incapacidade em assumir papéis fora dessa zona de conforto não cativam ninguém. O elenco como um todo foi mal escolhido, o roteiro e a montagem são sofríveis. Não há química entre as protagonistas e a tensão sexual é inexistente. PASSION é mais uma tentativa de história mirabolante pra americano ver. Pra aumentar a palhaçada, ainda inventaram uma irmã gêmea que mal aparece, que não tem nenhuma fala, que não faz nenhum sentido e que não serve pra nada. Que filme mais medonho! O final, assim como toda a trama, é uma bomba. Melhor assistir a produção francesa, bem melhor que esta sandice. Péssimo!
Ambientado na década de 70, o novo filme do competente diretor David O. Russell é um achado. Tudo nele é superlativo. Da parte técnica às atuações, há uma junção de talento, destreza, dedicação, verossimilhança e coerência. Mostrando com afinco o poder da máfia e da corrupção num mundo em que todos têm o seu preço, aos poucos nos vemos completamente magnetizados no tempo, ambiente e situações vividas pelos personagens, todos eles interessantes: o empresário trambiqueiro, mulherengo e de bom coração; sua esposa escandalosa e que fala demais; uma amante sensual e inconformada; um ambicioso agente do FBI e um prefeito metido a bonzinho mas que não escapará das armadilhas da ganância. Robert DeNiro, numa participação especialíssima, surge para completar a galeria de seres ambíguos. A quem acha que O. Russell está mais Scorsese do que nunca, como já citado inúmeras vezes, essa é a mais pura verdade. O diretor está muito inspirado, tornando esta produção uma de suas melhores. Dos 10 Oscars a que concorre (indicações que considero justas) torço para que leve pelo menos a metade. Sobre as atuações, excetuando-se Amy Adams – bem aquém aos demais – elas foram estupendas. Christian Bale domina a cena com seu protagonista duas caras e mulherengo; ora pensamos ser um cara legal, ora percebemos como é sacana. Jennifer Lawrence é o diferencial que só se supera com o passar do tempo. Suas aparições são adrenalina pura, nos divertindo com seu comportamento subversivo e causando apreensão sobre qual o próximo passo catastrófico que dará. Bradley Cooper e Jeremy Renner estão apenas corretos. O poder do dinheiro sobre as pessoas é realmente inexorável. Ele a tudo compra e a todos corrompe, assim como foi no último filme do Scorsese. A trilha sonora dos anos 70 é excepcional. Quanta nostalgia devem ter sentido as pessoas daquele período ao ouvir as tocantes canções que marcaram época. Um detalhe que me chamou atenção é a dubiedade do roteiro, onde frequentemente trocam-se os papéis. Quem parece justo e correto na realidade não é; quem poderia ser tachado como vilão termina quase como vítima. Ponto para o enredo engenhoso e cheio de reviravoltas, cuja comicidade também se faz presente: o relacionamento desastroso de Christian Bale e Jennifer Lawrence, como também o cabelo bizarro do ator, foram sacadas bem humoradas. A luxúria fica por conta do quase envolvimento entre Amy Adams e Bradley Cooper, carregado de tensão sexual. Ao contrário da Lawrence, que provavelmente levará seu 2º Oscar, Amy Adams não mereceu a indicação. Apesar da profundidade de sua Edith, seu desempenho é o mais fraco da trama. TRAPAÇA é um sobe e desce de emoções; escolha seu trapaceiro preferido. Em tempo: a ambição desmedida de certo personagem, que pensa ser o salvador da pátria mas que no fundo deseja apenas se dar bem, o levará à destruição moral e ao completo esquecimento, uma das conclusões mais relevantes dessa história. Para mim, este já figura entre os melhores filmes do ano, e olha que mal começou. Mesmo com desfecho fraco, esse detalhe não desmerece o ótimo trabalho do O. Russell, que se resolver repetir a parceria com a Lawrence (assim como ocorre entre DiCaprio e Scorsese) a mesma será muito bem vinda. Ansiosa pelo próximo trabalho do diretor, que cada vez mais ganha meu respeito. Excelente!
Joseph Gordon-Levitt sempre foi um bom ator, mas parece que andava insatisfeito com os diversos filmes de sucesso de que participou. Sua 1ª investida na direção foi infeliz e firmou uma nódoa em sua excelente carreira. A quem se iludiu e foi ao cinema gastar dinheiro para ver algo tão frustrante, só há o que lamentar. No enredo, um rapaz feio, pobre e viciado em pornografia não consegue livrar-se dessa obsessão, apesar de seu envolvimento com lindas mulheres. O roteiro é assombroso, assim como as atuações, a fotografia e diversos outros equívocos; temos que acreditar na inconsistência de um romance entre uma diva escultural (Scarlet Jonhasson) com um jovem imaturo cujo maior propósito na vida é fazer sexo o máximo possível: nunca, nem nos melhores sonhos, uma beldade daquela iria querer relacionar-se com um sujeito desprovido de beleza e intelectualidade, machão e grosseiro feito o protagonista. Só mesmo na cabeça do Gordon Levitt... A trama só se aproxima da realidade quando a moça decide largar aquela coisa desengonçada; aí sim, dá pra acreditar no que se vê! E a participação de Julianne Moore? Uma lástima! Num papel que definitivamente não é para ela, a atriz está mais deslocada do que nunca com seu personagem superficial, fora que a química com o mulherengo do filme não existe. Repleto de cenas nojentas e muito clichê, este drama é uma verdadeira porcaria que tenta tocar num assunto preocupante e que perturba de forma considerável a vida do homem moderno: o vício em pornografia. Poderia render uma boa história, mas infelizmente não foi o caso, pelo contrário: a estreia do Joseph por trás das câmeras foi medonha. Melhor mesmo permanecer à frente delas, e de preferência, que ele não seja seu próprio diretor. Lixo total e absoluto!
O diretor Martin Scorsese, do alto de seus 36 filmes e mais de 40 anos de carreira, pode ser considerado um dos maiores do cinema. Com boa qualidade técnica, roteiros instigantes e uma direção competente, suas produções são quase sempre sinônimo de sucesso e, consequentemente, grandes bilheterias. Não poderia ser diferente com O LOBO DE WALL STREET que, com quase 200 minutos de duração, não cansa nem entedia, o que sem dúvida é um grande feito. Há exatos 12 anos, Scorsese resolveu que seus protagonistas seriam vividos por Leonardo DiCaprio. Não deu outra: a junção de um exímio diretor com um excelente ator só poderia resultar em êxitos cinematográficos. Mas vamos ao enredo: um rapaz com muito talento e lábia consegue enganar seus clientes a fim de que eles adquiram ações de empresas sem futuro; com isso, o corretor vigarista torna-se milionário. Com a riqueza vem a bajulação, a aproximação de gente interesseira e fútil, o dinheiro que tudo compra e que a todos corrompe e, é claro, a perdição das drogas, cuja apologia é propalada desde as primeiras cenas. Nesta história, aprende-se a arte de enganar idiotas através de lições quase didáticas do personagem principal, numa tremenda atuação que faz jus à indicação ao Oscar. Jordan Belfort é um homem de vida perdulária, que vive num ambiente onde o sexo, as drogas, a linguagem de baixo calão, as mulheres como meros objetos sexuais e a manipulação de pessoas fazem parte do cotidiano. Suas reuniões de trabalho mais parecem pregações religiosas; confesso que após este filme não desejo mais nenhum tipo de contato com corretores de ações, visto as encrencas e diversas mentiras as quais eles infligem a seus ignorantes clientes. A cena em que Jordan Belfort, completamente dopado, se arrasta pelos degraus de uma escada a fim de chegar em seu carro foi espantosa e ao mesmo tempo cômica, fora a bagunça que faz num avião com destino à Europa, em que ele estava igualmente chapado. Que trabalho marcante de Martin Scorsese! Excelente filme.
Nessa triste história para americano ver, uma das primeiras impressões é de que grande parte do elenco negro hollywoodiano está presente (alguns bons, outros nem tanto). Extenso e arrastado, mostra um panorama da política americana, englobando diversos governos aos quais o mordomo do título serviu e, é claro, a luta pelos direitos dos negros, um objetivo que à época pareceu quase impossível de ser conquistado. Dentre as diversas interpretações de presidentes nenhuma se sobressai, pois todos os atores destacados para o papel atuam no piloto automático. O início é até interessante, com cenas chocantes de preconceito, humilhação e violência, fatos que se repetem no decorrer da história, mas não com o mesmo fervor do princípio. Após esse começo instigante, a trama se perde numa baboseira patriótica e cansativa em que os bons momentos tornam-se coisa rara; além do mais, de onde surgiu a patética idéia de que a Oprah deveria concorrer ao Oscar? Felizmente, essa irracionalidade não aconteceu. Ninguém foi capaz de salvar este filme, nem mesmo o protagonista. O roteiro é frívolo, superficial; a maquiagem é assustadora de tão mal feita e a direção é no mínimo descompromissada; o que poderia ser um filme bonito transformou-se numa caricatura besta e previsível. A quem tiver interesse em conhecer a vida sofrida de um negro serviçal dos tempos modernos, recomendo ler o livro, pois sua adaptação para as telas é pra lá de dispensável. Longo, lento, fatigante e sem futuro.
Mais uma bela porcaria do diretor sul coreano Chan-wook Park, que nunca deveria ter abraçado essa profissão. Um suspense monótono, previsível, com elenco fraco e atuações deploráveis. A protagonista Mia Wasikowska é inexpressiva – nunca sabemos o que se passa na cabeça oca de seu personagem; o galã magricela Matthew Goode só sabe arregalar os olhos e exibir seu charme permeado de segundas intenções que não enganam ninguém; Nicole Kidman, mesmo plastificada, é a intérprete menos sofrível, transmitindo com exatidão sua frieza, insensibilidade, carência e solidão, apesar do péssimo roteiro tê-la presenteado com diálogos rasos e superficiais; um erro a veterana ter participado disso aqui. Elementos nem um pouco originais presentes na trama (assassinato, vingança, traições, amores proibidos) dão forma a uma espécie de supercine manjado e repetitivo, que inclui um triângulo amoroso sem razão de ser e o passado obscuro de um psicopata cujas maldades tiveram início desde a infância. Psicopatia não justificada, como convém a todo filme inútil e sem pretensões. Na verdade, todos os personagens parecem ter problemas psicológicos, mas como alguém deve se destacar mais que os outros, que seja então o bonitão avidamente desejado pelas mulheres. Há uma insinuação de sensualidade da Wasikowska que acaba não se confirmando, frustrando expectativas, fora a fixação por sapatos e as diversas cenas com armas, todas bizarrices protagonizadas pela atriz, numa miscelânea de desvarios. Descartável, dispensável e esquecível são alguns dos elogios que dispenso a esta historieta. Não recomendo!
Um livro que tornou-se peça teatral e que agora virou filme. Esse foi o caminho percorrido por ÁLBUM DE FAMÍLIA, cuja versão cinematográfica está repleta de atores consagrados (e outros nem tanto) vivenciando confusões e desentendimentos entre parentes que só possuem essa condição por puro e simples acidente. Com inúmeros personagens, a história concentra-se principalmente no imbróglio envolvendo mãe e filha mais velha, cabendo a Meryl Streep e Julia Roberts levar o filme nas costas. As tramas paralelas, que reúnem casamentos fracassados, emancipação, distância do lar, traições, desprezo, amores impossíveis e tantos outros elementos adequados a novelões, são apenas acessórios ao embate entre duas atrizes de talento inigualável. Nada disso é suficiente para fazer deste drama algo estarrecedor e comovente. O câncer da protagonista, uma infância infeliz e o suposto abandono por parte das filhas são alguns pretextos para que seja tão cruel, insensível e grosseira com seus familiares. Sua relação de amor e ódio com a primogênita parece mais um carma que ambas tem que carregar, dada a semelhança entre elas na forma de lidar com as situações. As mais jovens são completamente desprezadas pela mãe fria e incapaz de qualquer demonstração de afeto. Com tanta riqueza em mãos, o diretor realizou uma obra parada, sonolenta; em 2h de duração, presenciamos no máximo 30 min de tensão. O resto do tempo é composto de monotonia, conversa mole e paisagens bucólicas potencializadoras de tédio. Diálogos arrastados não funcionam na tela grande. ÁLBUM DE FAMÍLIA não deveria deixar de ser peça de teatro, pois é lá, onde se interage com o público e se fazem improvisações, que histórias como essa obtêm maior sucesso. Excetuando-se Sam Shepard, intérprete do marido suicida (morte essa muito mal explicada) o restante do elenco possui bom desempenho (quando o roteiro ajuda). Há desperdício de talentos, como por exemplo, o da sempre eficiente Juliette Lewis, veterana e reconhecida pelos seus inúmeros trabalhos. Aqui ela é a irmã distante que menos aparece. A maior atriz da atualidade, Meryl Streep - assustadora e ao mesmo tempo esplendorosa - dá um show de interpretação, mas não o suficiente para ganhar um Oscar. Há poucas cenas cômicas que arrancam parcos sorrisos amarelos. É grande a luta para não adormecer durante a projeção. O final é emblemático, uma lição do peso que todos temos que levar em nossas vidas. Lamentavelmente, ficou claro que a união de duas atrizes de ponta não é sinônimo de um filme inesquecível. Regular!
Quando CAPITÃO PHILLIPS estreou, ignorei-o completamente, por achar tratar-se de mais do mesmo. Me enganei! A história é de tirar o fôlego, retratando a luta pela sobrevivência de um capitão digno deste nome, a fim de livrar-se de milicianos somalis, brutos e de horrível aparência, capazes de empalidecer até o mais corajoso dos homens. Dotada de muito realismo e riqueza de detalhes, a trama começa morna e rotineira, mas é por pouco tempo. Conforme a ameaça de invasão ao navio vai se tornando real, a tensão, medo e nervosismo só aumentam, deixando qualquer pessoa à beira de um ataque de pânico. Numa fiel caracterização, os vilões parecem uns ratos magros e sem querer acreditar percebemos que, mesmo em condições muito precárias, eles conseguem dominar o navio imenso e toda a sua tripulação desarmada. No lado oposto, há uma demonstração inequívoca do fabuloso poderio militar americano, deixando os despreparados somalis atônitos, sem saber como agir perante a força espantosa da marinha americana. Quanto ao elenco, Tom Hanks inicia a história apenas correto para causar comoção no final, em que sentimos na pele toda sua agonia. E o que dizer dos intérpretes africanos? Bem escalados, assemelham-se bastante aos verídicos piratas, que assombram nosso imaginário. Mais um na lista de bons trabalhos do diretor Paul Greengrass, sinônimo de filmes de qualidade. Faço uma ressalva quanto à vida pregressa do capitão, pouco explorada; conhecemos apenas uma parte ínfima de sua rotina, antes do embarque rumo a momentos extremamente dramáticos. Eletrizante, tenso e pavoroso, é filme que não se esquece rápido, tamanho o grau de envolvimento ocasionado e ao grito de alívio que bradamos (ao menos internamente) no final. Ótimo!
As expectativas pela segunda parte da trilogia eram altas, porém, mais uma vez não se confirmaram. O que começa de forma grandiosa acaba na mesmice e nas conversas sem fim. Os anões passam por diversos perigos, correrias, lutas desiguais e no final sempre triunfam, fatos que não justificam a produção durar quase três horas. Martin Freeman (um ator de que nunca gostei) repete sua fraca atuação como Bilbo Bolseiro; Ian McKellen está igual a todos os filmes anteriores, assim como os demais personagens. Felizmente, há uma lufada de jovialidade e beleza com a presença de Orlando Bloom e Evangeline Lilly, os elfos. É uma super produção: a fotografia é de encher os olhos, a direção de arte, figurino e tantos outros detalhes técnicos impressionam; a trilha sonora é um personagem à parte, mas emoção e envolvimento com o público não há. Quando a trilha silencia e predominam os diálogos arrastados, a sonolência se instala. A trama é muito longa, cansa o espectador. No decorrer da narrativa os personagens somem por um tempo considerável e depois ressurgem sem mais nem menos, denotando um problema de continuidade. Para alívio do público, dessa vez o horrível Smeagol não aparece à procura do poderoso e desejado anel. Como melhor momento do filme, destaco a batalha entre anões, orcs e elfos, sequência bem feita causadora de diversas risadas. Mas os combates, as fugas, a divisão entre o bem e o mal se repetem exaustivamente, numa previsibilidade sem fim. Quando Smaug enfim resolve dar o ar da graça, ao invés de sustos, sente-se tédio e um sono inevitável. Um vilão que não faz jus ao título. Essa história de anão já saturou faz tempo. O HOBBIT jamais fará o mesmo sucesso que a trilogia do anel. Melhor assistir em casa, onde se pode dividir o filme em mil partes. zzzzzzzzzzzzzzzz........................
Uma reunião de medalhões do cinema acabou se transformando em uma sessão da tarde da 3ª idade. Com roteiro fraco e personagens rasos, as situações vivenciadas pelos protagonistas são historinhas de fácil resolução e que não causam nenhum envolvimento ao espectador, que não consegue torcer por ninguém. Kline é o velho que não aceita a idade que possui; Freeman é o bonzinho que aproveita a vida mesmo com saúde debilitada; DeNiro é o depressivo que só pensa na esposa morta e Douglas é o garanhão solitário. Difícil escolher o personagem mais patético, mas pode-se fazer um ranking. Nesta trama tudo é só alegria, há pouco espaço para o drama e a direção força a barra para que se escolha por quem torcer. Com seu final previsível desde o 1º minuto de projeção, considero esta produção uma grande bobagem que tenta atrair os fãs dos peso pesados aqui presentes, mas que não passa de uma franca demonstração de decadência de atores que outrora já impressionaram em seus filmes. O desapontamento é crescente no decorrer da história, a sonolência se instala e o tédio também. Ao final da sessão, o sentimento de decepção é incontestável. Não serve nem para ver em casa, é muita perda de tempo. Nada mais nada menos do que deprimente.
Um cotidiano de luxo e ostentação cai por terra, dando lugar a uma realidade bem diferente: a morada agora é numa pequena casa de subúrbio de uma cidade feia e sem grandes atrativos, povoada por seres ignóbeis que trazem à tona o pior dos pesadelos para quem já viveu como rainha. Isso é Woody Allen 2013, de volta à boa forma após diversos filmes fracos, decepcionantes e de gosto duvidoso. Desde 2008 que o ótimo diretor não fazia uma obra que valesse. Seu último bom trabalho foi VICKY CRISTINA BARCELONA. Protagonizado pela excelente Cate Blanchett, BLUE JASMINE é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de todas as outras pessoas. O elenco de apoio é ótimo e a química entre Blanchett e a competente e carismática Sally Hawkins agrada. As idas e vindas da trama não confundem, pelo contrário; elas são essenciais para que se possa comparar o antes e o depois. Na história vislumbramos a forma pela qual os ricos enxergam as classes menos abastadas, o desprezo que eles sentem e o uso da falsidade para aproximar-se com suas espúrias intenções. Falsidade que também se percebe nos encontros entre esses mesmos ricos, vangloriando-se de suas conquistas, num puro jogo de interesse mútuo. Mas a realidade da vida nunca tarda a aparecer e o glamour e a riqueza desabam feito peças de dominó. Num instante a protagonista encontra-se morando mal, tendo que lutar por sua sobrevivência e passando por diversos constrangimentos. Na reta final, percebemos como a mentira é capaz de acabar com todos os sonhos e esperanças, já que a triste Jasmine faz uso da mesma do início ao fim. A tragicomédia de Allen é um filme sem clichês, sem final feliz, repleto de críticas ao capitalismo, às amizades por interesse, à hipocrisia na vida das pessoas e, principalmente, ao demonstrar que as coisas são muito diferentes daquilo que aparentam. Estupendas atuações de todo o elenco, direção primorosa, roteiro agradável, trilha sonora charmosa, decepções, muitas decepções aos que insistem em acreditar em ilusões. Poucos diretores são capazes de retratar a vida nua e crua como o velho Allen. Refleti a respeito dos acontecimentos por vários dias. Ao menos momentaneamente, não consigo enxergar a Cate Blanchett da mesma forma, sem desassociá-la de seu personagem em estado de colapso. A comédia dramática do ano, sem sombra de dúvida. Imperdível!
Em comparação ao seu último trabalho, PROMETHEUS (2012), o diretor Ridley Scott parece ter perdido a mão. O CONSELHEIRO DO CRIME consegue a proeza de ser desinteressante do começo ao fim. O elenco de estrelas é mal aproveitado, nenhum dos atores tem seu potencial explorado. Cameron Diaz, personagem de maior destaque, faz o possível para segurar a trama, interpretando papel distinto das besteiras que costuma protagonizar, mas seu esforço não é capaz de salvar do infortúnio essa história. A trama mostra sobretudo o que a ganância causa na vida das pessoas, as conseqüências do querer mais do que se tem e até que ponto a ambição pode levar. O que talvez resultasse em algo interessante transformou-se num emaranhado de conversas tolas, cansativas e sem sentido que não leva a lugar nenhum. O sexo está sempre presente nesses papos sem futuro e presenciamos bizarrices como Cameron Diaz praticando o ato com um carro (não achar que é NO carro; é COM um carro mesmo), sendo assistida por um Javier Bardem sofrível e babão. Os parcos acontecimentos ocorrem em ritmo lento, causando agonia e impaciência no espectador, que aguarda, num período de mais de 100 minutos, por algum fato notável. Fato esse que surge apenas nos momentos finais, no desfecho do personagem de Brad Pitt; com exceção disso, não há possibilidade de qualquer envolvimento com a história. Não fosse o alto valor investido para assistir este filme, teria ido embora na metade. Uma lástima produção tão ruim ser disponibilizada em dezenas de cinemas, quando obras muito superiores, porém sem nenhum nome de peso, não encontram lugar nas salas comerciais. Inútil e completamente esquecível.
Tendo como mote principal o seqüestro/desaparecimento de crianças, tema muito atual em nossa sociedade, OS SUSPEITOS é um suspense/ policial de arrepiar. Conduzido de forma competente e segura pelo canadense Denis Villeneuve, superando-se a cada novo trabalho, a atmosfera sombria numa região onde só chove aumenta a ansiedade e tensão no desenrolar dos acontecimentos. Seguindo a linha de SEVEN (1995) e O ZODÍACO (2007), do excelente diretor David Fincher, são muitos mistérios, enigmas e reviravoltas; vários personagens parecem ser culpados até que se possa chegar a um único nome interligado aos demais suspeitos. A trama parece mais um quebra cabeça de difícil solução. Quanto às atuações, Jake Gyllenhaal destaca-se como um policial destemido e perturbado com a falta de evidências na resolução de crime tão complicado. O interessante é que o espectador sente a mesma inércia do policial, literalmente com as mãos na cabeça sem saber qual caminho seguir, pois as pistas não ajudam muito. Gyllenhaal, com o passar dos anos, está ficando com aparência carrancuda, bem diferente do galã de filmes recentes como AMOR E OUTRAS DROGAS (2010). Chama atenção também a atuação de Hugh Jackman, representando um pai atormentado e inconformado com o sumiço da filha. O ator protagoniza as cenas mais chocantes da história, fazendo uso descomunal da violência no intuito de achar a menina a qualquer preço. Atitudes extremas de alguém desesperado, causando horror devido ao ponto em que as coisas chegam, retratando abertamente a perda do controle por pessoas consideradas “normais”. O elenco em geral está muito bem, com exceção do sempre fraco Terrence Howard, pai de uma das meninas seqüestradas. Seu desempenho mostra-se muito superficial e apático para uma situação de tamanha gravidade. O final é repleto de surpresas, cabendo até mesmo um outro filme, mas provavelmente isso não irá acontecer, pois não haveria sentido. São 150 minutos incansáveis e bem aproveitados nesta excelente produção, cujo desfecho é ainda mais eletrizante do que o já tenso desenrolar da trama. Grande filme!
Em mais um péssimo trabalho de direção de Sofia Coppola, retrata-se uma vida de festas, curtição, inconseqüência, aparências, cinismo e hipocrisia. A cultura da celebridade e o alcance da fama a qualquer preço permeiam toda a história, num círculo vicioso. Invadir casas e roubar objetos torna-se banal, ato comum da fase adolescente. Nada é visto por essa gente jovem como erro, como atitude condenável. Para esses inconseqüentes, um mundo de futilidades e a ilusão de ser ricos, famosos e legais são alguns dos objetivos primordiais. A ausência ou a total inversão de valores, o distanciamento dos pais e a falta de limites são incentivadores de tamanha catarse na vida dessas pessoas. A trama é morna, parada e em muitos momentos assemelha-se a um documentário, aumentando a sensação de tédio, onde situações se repetem e sequer há uma trilha sonora digna desse nome. Destaco apenas dois pontos positivos: a presença da sempre linda Emma Watson, que não sendo o personagem de maior destaque, faz o possível para transformar essa chatice em algo palatável. Não obteve sucesso; e o desfecho, onde enfim veio a punição. Já que os transgressores desejavam cegamente a fama, ela veio, e de forma abominável eles se tornaram as celebridades que tanto sonhavam ser. Ficar preso na mesma cadeia da pessoa a qual se assaltou é a prova de como andam a ética, moral e princípios do nosso tempo. Uma história lamentável em todos os sentidos. Filme péssimo.
Num misto de emoção e pavor, não tenho dúvida de que esta é uma das melhores ficções científicas dos últimos tempos. Caso contrário, não haveria como justificar um filme possuir apenas 2 personagens e praticamente 1 cenário e causar tanta apreensão, a ponto de não desgrudarmos os olhos da tela, vibrarmos com as poucas vitórias dos protagonistas e nos assustar com diversas derrotas na luta pela sobrevivência. Há uma imersão total na história e muita tensão com o prenúncio do fim. Ter a vida no limite e a absoluta sensação de desesperança contrasta com as belas imagens do planeta Terra e do espaço sideral vistas a pequenas distâncias. A sensação que causa é de que somos nós, os espectadores, quem estamos lá perdidos, vagando no infinito e tentando sobreviver a qualquer custo. O personagem do Clooney é a salvação para uma mulher que já não tinha motivos para lutar pela sua vida. É claro que há cenas absurdas, como por exemplo aquela em que a engenheira escolhe botões de controle de forma aleatória, sem nenhuma noção se o que está fazendo é correto ou não. Absurdo e mentiroso esse joguinho de escolha ter dado certo. Isso não estraga a grandiosidade da obra de Cuarón, diretor talentoso que ainda tem muito que mostrar. A cena final de GRAVIDADE é emblemática, um retrato de como, em situações aparentemente impossíveis, o ser humano pode e deve começar tudo novamente. Um belo filme, que ao final nos deixa extasiados com tamanha coragem e bravura, quando tudo o que se poderia vislumbrar era uma morte solitária. Uma produção muito bem feita. Ótima opção para assistir e se emocionar.
Nunca fui fã do diretor Gus Van Sant, e a cada novo trabalho tento mudar minha opinião sobre ele. Mas não será com TERRA PROMETIDA que isso irá acontecer. O que presenciamos nesta obra é a típica guerra entre uma poderosa companhia e uma cidadezinha do interior, uma querendo apossar-se das riquezas naturais da região e outra tentando resistir ao poder do dinheiro que supostamente melhoraria a situação de tão pacato lugar. A trama é chata, parada, sem emoção e sem trilha sonora. Mostra apenas a vida bucólica do interior americano, onde nada de interessante ocorre. Baseado nessa pasmaceira, os cochilos são inevitáveis, a despeito da boa atuação de Matt Damon, sempre versátil em seus papéis. Damon já interpretou todo tipo de personagem em quase 50 filmes, e isso faz dele um ator admirável, mas que não consegue salvar essa chatice aqui. Frances McDormand não serve para absolutamente nada, caso seu personagem não existisse, não faria a menor falta. Que decepção! O elenco secundário é completamente dispensável e apagado. Numa história onde pouco ou nada acontece, tanto no início, no meio ou no fim, a espera por algo relevante é inútil, pois o fato marcante, o clímax do filme, não aparece em momento algum. Com um final improvável, passamos mais de 100 minutos aguardando chegar a lugar nenhum. Não vale a pena!
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraEm comparação a CISNE NEGRO, não há como negar que Aronofsky dessa vez errou feio, com um filme didático sobre o personagem bíblico Noé. Mas, se ao invés de fazermos comparações com outros filmes, nos determos somente na aventura que é este aqui, a diversão é garantida.
Os efeitos especiais são bem produzidos; as atuações estão apenas corretas, sem nada de excepcional; Russel Crowe, como sempre, dá o melhor de si, e é claro que não decepciona; a fotografia e a trilha sonora são excelentes, compatíveis com uma super produção. NOÉ não deve ser levado tão a sério, pois seu intuito maior é de apenas entreter (assim como todo blockbuster).
Quanto ao elenco, os veteranos Anthony Hopkins e Jennifer Connelly foram mal aproveitados, mas se o enfoque era mesmo no protagonista, não havia como ser diferente; Logan Lerman, o filho deslocado, apenas repete o personagem de todos os filmes que participou, como aquele sujeito que não se encaixa no meio em que vive; há também o casal fofo Emma Watson e Douglas Booth, criados como irmãos, mas que acabam se apaixonando.
Antes do dilúvio acontecer, a narrativa é monótona, se dividindo entre antes e depois do fenômeno. A construção da arca não convence ninguém, jamais um entrelaçado de gravetos daquela espécie protegeria quem quer que fosse de uma ocorrência natural tão grave. E o absurdo dos absurdos: quem protege Noé e sua família são pedras gigantes, que um dia já foram luz. Quer fantasia maior? A trama realmente não é tão fiel à história bíblica... Mas vale ser vista, com seus inúmeros momentos emocionantes e tensos.
A trama peca também na cronologia dos fatos. Em questão de minutos, os filhos do patriarca crescem, a filha adotiva engravida e dá a luz em menos de meia hora e a esposa de Noé incrivelmente não envelhece (qual a receita pra isso?). A construção da arca e a passagem dos anos ocorrem à velocidade da luz, fazendo da história algo inverossímil.
Na reta final, o personagem título torna-se tão obcecado em cumprir a profecia que transforma-se num monstro, a ponto de querer destruir a vida de seus próprios familiares, o que só demonstra que, assim como os demais pecadores do reino, a família de Noé também é falha e nem um pouco santificada, como se faz parecer no início de tudo.
Mas esses furos não comprometem a boa qualidade da produção, uma versão moderna do milagre da criação e com inúmeros dilemas morais a ser discutidos. Com certeza não será lembrado como um dos melhores épicos, mas na lista dos piores também não entra. Recomendo!
Fruitvale Station - A Última Parada
3.9 332 Assista AgoraNão sei pra quê tanto estardalhaço com esse filme estilo “novela da Globo.” Atuações toscas, roteiro ruim, quase nenhuma tensão, clichês aos montes, pouca coisa pra contar. A maior parte do tempo vemos a rotina banal de um homem comum de classe baixa americana, com sua vidinha sem graça cuja única coisa relevante que acontece é seu fim trágico e absurdo, e nada mais. Um filmeco de verdade! Não recomendo essa baboseira dispensável e amadora.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraAlgo não se pode negar sobre esta ficção científica: é um bom filme! Os críticos e insatisfeitos ficam procurando questões existenciais e filosóficas numa história policial e fantasiosa que não passa de mero e simples entretenimento. José Padilha entrega o que promete – diversão, adrenalina, fantasia e muita mentira. Não há interpretações marcantes, muito menos nenhum tipo de reflexão a se fazer: é filme pipoca mesmo. Me diverti bastante degustando a minha. O elenco é fraco, a história é irreal e o enredo não se sustenta, como ocorreu nas tramas anteriores, mas que nem por isso deixaram de fazer sucesso. Esta é apenas uma repaginada de uma idéia que deu certo tempos atrás. Todos os elementos existentes aqui não passam de materialização de ilusões futuristas dos envolvidos no projeto. Para quem curte desligar-se da realidade por algumas horas e resolver apreciar essa aventura sem comprometimento, é uma agradável escolha, que em poucos minutos será esquecida. Mesmo sabendo não haver necessidade de continuação, caso um novo episódio seja produzido seguirei acompanhando (e viajando) nesse mundo imaginário onde os policiais são meio homens, meio máquinas, e que, a despeito do uso da força bruta e truculência, costumam eliminar os bandidos, ao contrário da polícia do mundo real, inútil, ineficiente, corrupta e desmoralizada. Superprodução e bom entretenimento!
300: A Ascensão do Império
3.2 1,6K Assista AgoraAchar que este novo capítulo seria melhor que o filme anterior é possuir total desconhecimento da lógica cinematográfica: continuações não possuem o benefício da surpresa nem da novidade; porém, não é pelo fato de não ser tão boas que as mesmas não mereçam ser prestigiadas. Uma coisa é certa: A ASCENSÃO DO IMPÉRIO é um bom entretenimento!
Diante de tantos guerreiros imponentes, o poder está mesmo em mãos femininas. Seja na autoridade da rainha Gorgo ou na inteligência, argúcia e beleza de Artemísia – interpretada por uma Eva Green sexy e esplêndida - as coisas só ocorrem com o aval delas. Não havendo muito que contar, a trama detém-se nas batalhas, repletas de imagens chocantes, com sangue esguichando a todo momento. Não fossem a sensualidade explícita, a violência exacerbada e a tensão sexual entre os dois comandantes dos exércitos (Themístocles e Artemísia), 300 poderia ser considerado uma sessão da tarde.
A expectativa de maior destaque para Rodrigo Santoro é vã. Mesmo com a morte do rei Leônidas, Xerxes permanece como mero coadjuvante, dando total autonomia e poder de fogo à chefe de seu exército. O reizinho é apenas um mimado fantoche persa. Coadjuvante também é a viúva rainha Gorgo, quase sem importância na história.
No quesito técnico, houve excessos no uso da computação gráfica, mas tendo em vista a super produção que se apresenta, isso é mero detalhe. A trilha sonora é estimulante e tensa. 300 é visualmente rico e carente de um bom roteiro. Parece um caça níquel, mas com qualidade. Com exceção de Eva Green, nenhum outro personagem se destaca. A cena de sexo selvagem entre ela e Themístocles é o único momento cômico; causar alguns risinhos no público em meio a tanto drama e sanguinolência, só pra contrabalançar, não seria má idéia.
Os ideais de liberdade e democracia são exaltados, principalmente antes das batalhas e mortes quase certas. Mentiras surgem aos montes: visualizamos guerreiros gravemente feridos por flechas conversando e resistindo bravamente, e uma mulher magricela sendo capaz de derrubar homens enormes, dentre outras situações fantasiosas; mas que filme de guerra não as têm?
O que importa mesmo é a imersão que a história proporciona. A Grécia hoje é um país falido, mas seus valores, ensinamentos, ideais e acima de tudo, suas estratégias de guerra são infalíveis. Não havia necessidade da existência desta produção, mas já que foi realizada, livremo-nos de preconceitos e exigências tolas e vamos à diversão, em mais uma adaptação dos quadrinhos de Frank Miller. Vale o ingresso!
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista AgoraRetratar a existência de pessoas reais nunca foi tarefa fácil: são muitas nuances, fatos não confirmados e o risco imenso de não conseguir manter-se fiel à personalidade retratada. Imagine a dificuldade em contar a história de alguém tão difícil e fechado em seu próprio mundo como a escritora P. L. Travers, de cuja mente fértil e criativa surgiu a babá Mary Poppins. E não seria John Lee Hancock, com tão modesta experiência cinematográfica, quem iria acertar na versão para as telas da vida de um personagem repleto de excentricidades e antipatia quanto ela. Injustamente esquecida pela Academia este ano, Emma Thompson entrega uma de suas melhores interpretações, representando de forma sublime uma mulher amargurada, solitária e saudosa de seu pai, maior incentivador da engenhosidade intelectual da menina prodígio. O mesmo primor de atuação não se pode afirmar de Tom Hanks, que apresenta desempenho tímido de alguém tão singular quanto o gênio Walt Disney. WALT... não é um filme fácil de digerir. Seus diálogos são rápidos e por vezes confusos, exigindo boa dose de concentração do espectador. Traz diversas referências à infância da escritora e também a obras de Disney, o que considero positivo, por termos que montar o quebra cabeça e tentar fazer a ligação entre os acontecimentos. Essa suposta complicação no entendimento da narrativa não a deixa menos instigante, mas sua natureza melancólica e morosa se faz presente. O encantamento com o mundo mágico da Disney é imediato, assim como a sonolência e impaciência com um filme que poderia ser no mínimo 30 minutos mais curto. É curioso ver um sucesso como MARY POPPINS ser montado e perceber quão penosa é a produção de uma obra de primeira categoria como essa. Lamentavelmente, um dos momentos antológicos - a cena da babá voadora chegando em seu guarda chuva - foi ignorado. Uma falha gritante! As idas e vindas na vida da protagonista são o ponto alto: sem dúvida, seu passado sofrido é bem mais interessante que seu presente glamoroso. Insuportável é o adjetivo ideal para referir-se a esta mulher tão arredia à convivência humana. Os fatos decorridos em seu ambiente familiar marcaram negativamente a adulta que se tornou, deixando-lhe alguns traumas como a aversão a pêras e à cor vermelha, dentre outros. Curiosamente, é também de seu passado a inspiração para a heroína dos livros, numa semelhança fascinante com uma tia. WALT é um bom filme, mas com ressalvas. Não é obra prima nem muito menos inesquecível, mas sim uma produção que de tempos em tempos merece ser revisitada, servindo como boa fonte de história cinematográfica.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraSó mesmo os velhotes da Academia para indicar algo tão ruim como este filme à corrida do Oscar. Desde os primeiros minutos percebemos que essa bobagem não possui cacife para ganhar nada, tendo em vista sua qualidade inferior e seu perfil que não se encaixa, de forma alguma, no rol de vencedores de prêmios cinematográficos. A fotografia é satisfatória, e só; não há mais nada nessa trama que seja digno de elogio. Propagandeado como um road movie, não passa de uma enganação: quando o protagonista chega em sua cidade de origem, antes do destino final (Lincoln, Nebraska), quase não sai mais de lá. E tome conversas chatas e sem sentido, tempo que não passa, cochilos intermináveis. O elenco é ruim, o roteiro é péssimo e o final é uma droga. Em determinado momento, cheguei a acreditar que a perspicácia do velhinho tivesse algum fundamento. Mas que nada, tudo não passa de tolice. As indicações vieram mesmo para homenagear veteranos como Bruce Dern e a desconhecida June Squibb, que possui poucos trabalhos no cinema, e neste filme seu personagem é uma idiota. Sofrível esta produção. Nem sentindo insônia tremenda recomendo assistir isso aqui. Péssimo!
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KO preconceito racial parece ser uma praga que nunca terá fim. Dos séculos passados até os dias de hoje, esse tipo de tratamento rancoroso e cruel contra pessoas de pele escura vai se permeando por anos afora. O tema é tão atual que um filme que possui a escravidão como assunto principal levou o principal prêmio de cinema este ano. 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO é uma obra primorosa em diversos sentidos. Uma trama que nos faz sentir na pele todo o sofrimento, temor e desesperança vivenciados por aqueles pobres seres que foram condenados desde o nascimento apenas por causa de um tom de pele. O tratamento reservado a eles é pior do que o dado aos animais, e absurdamente isso é visto como algo comum, cotidiano. As surras, as agressões indiscriminadas, o cárcere, a ausência total dos direitos básicos são de chocar o coração e provocar lágrimas. Quanta tristeza, meu Deus! E saber que boa parte dos negros retratados morreram nessa existência miserável, sem nunca saber o significado da palavra felicidade nos deixa ainda mais indignados. Esta fatídica história mereceu todos os Oscars a que foi indicada, sem dúvida. Um primor de atuações, direção, fotografia, roteiro. Excelente, marcante e inesquecível filme. Recomendo!
Serra Pelada
3.6 353 Assista AgoraMais um drama nacional com padrão Globo de qualidade: quadrado, com começo, meio e fim bem delineados, roteiro sofrível e atores de novela. Apesar da boa caracterização de época e da exibição de cenas reais, é uma trama esquecível. Presenciamos o poder da ambição e seus males, transformando pessoas, destruindo amizades, perpetuando deslealdades. Personagens pouco complexos interpretados por atores de TV geralmente não empolgam, muito menos surpreendem. Nem mesmo o astro brasileiro do momento, Wagner Moura, conseguiu tornar esta produção atrativa. Não nos emocionamos, não torcemos por ninguém. Apenas perdemos nosso tempo assistindo a isso feito robôs teleguiados. Talvez com roteiro e elenco melhor selecionados, a tentativa de mostrar um episódio marcante da história contemporânea do Brasil tivesse dado certo. Como não foi o caso, não funcionou. Dispensável, bobo, desinteressante. Não recomendo!
Paixão
2.7 333Na versão americana do suspense UM CRIME DE AMOR (2010), o diretor Brian de Palma cometeu a proeza de depreciar a história. Ao contrário do original francês, neste não estão presentes o glamour, o erotismo, a guerra de egos, o magnetismo, a ansiedade. Pouco ou nada se aproveita desta trama sem graça. Tudo é quadrado, previsível, sem tesão. Apenas uma cópia mal feita. Vejamos: o filme é chato, claustrofóbico; as atuações são ruins, à beira do amadorismo, restringindo-se apenas à simples e primitiva leitura do texto; há poucas tomadas externas, o que só aumenta o tédio; é uma obra sem razão de existir. Com tantos sucessos na carreira, De Palma não deveria ter se envolvido nisto, tendo em vista que refilmagens americanas na maior parte das vezes são inferiores aos seus correspondentes originais. Durante os 100 minutos de projeção, fica-se à procura de algo digno de elogio, mas nada se encontra. O que poderia ser um diferencial, a presença de Noomi Rapace, foi um verdadeiro equívoco. A atriz sueca é muito velha para o papel e passa longe da sensualidade da francesa Ludivine Sagnier. Afinal, o que as mulheres viram na Isabelle James em sua versão americana? Com um visual assustador, Rapace vive aqui seus piores momentos, não convencendo em nada com sua franja esquisita, expressões estáticas e sem emoção. Quanta perda de tempo... E Rachel McAdams como vilã? Não há um só trabalho dessa moça que me agrade, sempre considerei seu rostinho bonito o maior chamariz para sua escalação nas produções cinematográficas. Ter a audácia de dar-lhe um papel que foi da excelente Kristin Scott Thomas foi uma idéia infeliz. McAdams não sabe interpretar vilãs; sua carinha de boa moça e sua incapacidade em assumir papéis fora dessa zona de conforto não cativam ninguém. O elenco como um todo foi mal escolhido, o roteiro e a montagem são sofríveis. Não há química entre as protagonistas e a tensão sexual é inexistente. PASSION é mais uma tentativa de história mirabolante pra americano ver. Pra aumentar a palhaçada, ainda inventaram uma irmã gêmea que mal aparece, que não tem nenhuma fala, que não faz nenhum sentido e que não serve pra nada. Que filme mais medonho! O final, assim como toda a trama, é uma bomba. Melhor assistir a produção francesa, bem melhor que esta sandice. Péssimo!
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraAmbientado na década de 70, o novo filme do competente diretor David O. Russell é um achado. Tudo nele é superlativo. Da parte técnica às atuações, há uma junção de talento, destreza, dedicação, verossimilhança e coerência. Mostrando com afinco o poder da máfia e da corrupção num mundo em que todos têm o seu preço, aos poucos nos vemos completamente magnetizados no tempo, ambiente e situações vividas pelos personagens, todos eles interessantes: o empresário trambiqueiro, mulherengo e de bom coração; sua esposa escandalosa e que fala demais; uma amante sensual e inconformada; um ambicioso agente do FBI e um prefeito metido a bonzinho mas que não escapará das armadilhas da ganância. Robert DeNiro, numa participação especialíssima, surge para completar a galeria de seres ambíguos. A quem acha que O. Russell está mais Scorsese do que nunca, como já citado inúmeras vezes, essa é a mais pura verdade. O diretor está muito inspirado, tornando esta produção uma de suas melhores. Dos 10 Oscars a que concorre (indicações que considero justas) torço para que leve pelo menos a metade. Sobre as atuações, excetuando-se Amy Adams – bem aquém aos demais – elas foram estupendas. Christian Bale domina a cena com seu protagonista duas caras e mulherengo; ora pensamos ser um cara legal, ora percebemos como é sacana. Jennifer Lawrence é o diferencial que só se supera com o passar do tempo. Suas aparições são adrenalina pura, nos divertindo com seu comportamento subversivo e causando apreensão sobre qual o próximo passo catastrófico que dará. Bradley Cooper e Jeremy Renner estão apenas corretos. O poder do dinheiro sobre as pessoas é realmente inexorável. Ele a tudo compra e a todos corrompe, assim como foi no último filme do Scorsese. A trilha sonora dos anos 70 é excepcional. Quanta nostalgia devem ter sentido as pessoas daquele período ao ouvir as tocantes canções que marcaram época. Um detalhe que me chamou atenção é a dubiedade do roteiro, onde frequentemente trocam-se os papéis. Quem parece justo e correto na realidade não é; quem poderia ser tachado como vilão termina quase como vítima. Ponto para o enredo engenhoso e cheio de reviravoltas, cuja comicidade também se faz presente: o relacionamento desastroso de Christian Bale e Jennifer Lawrence, como também o cabelo bizarro do ator, foram sacadas bem humoradas. A luxúria fica por conta do quase envolvimento entre Amy Adams e Bradley Cooper, carregado de tensão sexual. Ao contrário da Lawrence, que provavelmente levará seu 2º Oscar, Amy Adams não mereceu a indicação. Apesar da profundidade de sua Edith, seu desempenho é o mais fraco da trama. TRAPAÇA é um sobe e desce de emoções; escolha seu trapaceiro preferido. Em tempo: a ambição desmedida de certo personagem, que pensa ser o salvador da pátria mas que no fundo deseja apenas se dar bem, o levará à destruição moral e ao completo esquecimento, uma das conclusões mais relevantes dessa história. Para mim, este já figura entre os melhores filmes do ano, e olha que mal começou. Mesmo com desfecho fraco, esse detalhe não desmerece o ótimo trabalho do O. Russell, que se resolver repetir a parceria com a Lawrence (assim como ocorre entre DiCaprio e Scorsese) a mesma será muito bem vinda. Ansiosa pelo próximo trabalho do diretor, que cada vez mais ganha meu respeito. Excelente!
Como Não Perder Essa Mulher
3.0 1,4K Assista AgoraJoseph Gordon-Levitt sempre foi um bom ator, mas parece que andava insatisfeito com os diversos filmes de sucesso de que participou. Sua 1ª investida na direção foi infeliz e firmou uma nódoa em sua excelente carreira. A quem se iludiu e foi ao cinema gastar dinheiro para ver algo tão frustrante, só há o que lamentar. No enredo, um rapaz feio, pobre e viciado em pornografia não consegue livrar-se dessa obsessão, apesar de seu envolvimento com lindas mulheres. O roteiro é assombroso, assim como as atuações, a fotografia e diversos outros equívocos; temos que acreditar na inconsistência de um romance entre uma diva escultural (Scarlet Jonhasson) com um jovem imaturo cujo maior propósito na vida é fazer sexo o máximo possível: nunca, nem nos melhores sonhos, uma beldade daquela iria querer relacionar-se com um sujeito desprovido de beleza e intelectualidade, machão e grosseiro feito o protagonista. Só mesmo na cabeça do Gordon Levitt... A trama só se aproxima da realidade quando a moça decide largar aquela coisa desengonçada; aí sim, dá pra acreditar no que se vê! E a participação de Julianne Moore? Uma lástima! Num papel que definitivamente não é para ela, a atriz está mais deslocada do que nunca com seu personagem superficial, fora que a química com o mulherengo do filme não existe. Repleto de cenas nojentas e muito clichê, este drama é uma verdadeira porcaria que tenta tocar num assunto preocupante e que perturba de forma considerável a vida do homem moderno: o vício em pornografia. Poderia render uma boa história, mas infelizmente não foi o caso, pelo contrário: a estreia do Joseph por trás das câmeras foi medonha. Melhor mesmo permanecer à frente delas, e de preferência, que ele não seja seu próprio diretor. Lixo total e absoluto!
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraO diretor Martin Scorsese, do alto de seus 36 filmes e mais de 40 anos de carreira, pode ser considerado um dos maiores do cinema. Com boa qualidade técnica, roteiros instigantes e uma direção competente, suas produções são quase sempre sinônimo de sucesso e, consequentemente, grandes bilheterias. Não poderia ser diferente com O LOBO DE WALL STREET que, com quase 200 minutos de duração, não cansa nem entedia, o que sem dúvida é um grande feito. Há exatos 12 anos, Scorsese resolveu que seus protagonistas seriam vividos por Leonardo DiCaprio. Não deu outra: a junção de um exímio diretor com um excelente ator só poderia resultar em êxitos cinematográficos. Mas vamos ao enredo: um rapaz com muito talento e lábia consegue enganar seus clientes a fim de que eles adquiram ações de empresas sem futuro; com isso, o corretor vigarista torna-se milionário. Com a riqueza vem a bajulação, a aproximação de gente interesseira e fútil, o dinheiro que tudo compra e que a todos corrompe e, é claro, a perdição das drogas, cuja apologia é propalada desde as primeiras cenas. Nesta história, aprende-se a arte de enganar idiotas através de lições quase didáticas do personagem principal, numa tremenda atuação que faz jus à indicação ao Oscar. Jordan Belfort é um homem de vida perdulária, que vive num ambiente onde o sexo, as drogas, a linguagem de baixo calão, as mulheres como meros objetos sexuais e a manipulação de pessoas fazem parte do cotidiano. Suas reuniões de trabalho mais parecem pregações religiosas; confesso que após este filme não desejo mais nenhum tipo de contato com corretores de ações, visto as encrencas e diversas mentiras as quais eles infligem a seus ignorantes clientes. A cena em que Jordan Belfort, completamente dopado, se arrasta pelos degraus de uma escada a fim de chegar em seu carro foi espantosa e ao mesmo tempo cômica, fora a bagunça que faz num avião com destino à Europa, em que ele estava igualmente chapado. Que trabalho marcante de Martin Scorsese! Excelente filme.
O Mordomo da Casa Branca
4.0 595 Assista AgoraNessa triste história para americano ver, uma das primeiras impressões é de que grande parte do elenco negro hollywoodiano está presente (alguns bons, outros nem tanto). Extenso e arrastado, mostra um panorama da política americana, englobando diversos governos aos quais o mordomo do título serviu e, é claro, a luta pelos direitos dos negros, um objetivo que à época pareceu quase impossível de ser conquistado. Dentre as diversas interpretações de presidentes nenhuma se sobressai, pois todos os atores destacados para o papel atuam no piloto automático. O início é até interessante, com cenas chocantes de preconceito, humilhação e violência, fatos que se repetem no decorrer da história, mas não com o mesmo fervor do princípio. Após esse começo instigante, a trama se perde numa baboseira patriótica e cansativa em que os bons momentos tornam-se coisa rara; além do mais, de onde surgiu a patética idéia de que a Oprah deveria concorrer ao Oscar? Felizmente, essa irracionalidade não aconteceu. Ninguém foi capaz de salvar este filme, nem mesmo o protagonista. O roteiro é frívolo, superficial; a maquiagem é assustadora de tão mal feita e a direção é no mínimo descompromissada; o que poderia ser um filme bonito transformou-se numa caricatura besta e previsível. A quem tiver interesse em conhecer a vida sofrida de um negro serviçal dos tempos modernos, recomendo ler o livro, pois sua adaptação para as telas é pra lá de dispensável. Longo, lento, fatigante e sem futuro.
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraMais uma bela porcaria do diretor sul coreano Chan-wook Park, que nunca deveria ter abraçado essa profissão. Um suspense monótono, previsível, com elenco fraco e atuações deploráveis. A protagonista Mia Wasikowska é inexpressiva – nunca sabemos o que se passa na cabeça oca de seu personagem; o galã magricela Matthew Goode só sabe arregalar os olhos e exibir seu charme permeado de segundas intenções que não enganam ninguém; Nicole Kidman, mesmo plastificada, é a intérprete menos sofrível, transmitindo com exatidão sua frieza, insensibilidade, carência e solidão, apesar do péssimo roteiro tê-la presenteado com diálogos rasos e superficiais; um erro a veterana ter participado disso aqui. Elementos nem um pouco originais presentes na trama (assassinato, vingança, traições, amores proibidos) dão forma a uma espécie de supercine manjado e repetitivo, que inclui um triângulo amoroso sem razão de ser e o passado obscuro de um psicopata cujas maldades tiveram início desde a infância. Psicopatia não justificada, como convém a todo filme inútil e sem pretensões. Na verdade, todos os personagens parecem ter problemas psicológicos, mas como alguém deve se destacar mais que os outros, que seja então o bonitão avidamente desejado pelas mulheres. Há uma insinuação de sensualidade da Wasikowska que acaba não se confirmando, frustrando expectativas, fora a fixação por sapatos e as diversas cenas com armas, todas bizarrices protagonizadas pela atriz, numa miscelânea de desvarios. Descartável, dispensável e esquecível são alguns dos elogios que dispenso a esta historieta. Não recomendo!
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraUm livro que tornou-se peça teatral e que agora virou filme. Esse foi o caminho percorrido por ÁLBUM DE FAMÍLIA, cuja versão cinematográfica está repleta de atores consagrados (e outros nem tanto) vivenciando confusões e desentendimentos entre parentes que só possuem essa condição por puro e simples acidente. Com inúmeros personagens, a história concentra-se principalmente no imbróglio envolvendo mãe e filha mais velha, cabendo a Meryl Streep e Julia Roberts levar o filme nas costas. As tramas paralelas, que reúnem casamentos fracassados, emancipação, distância do lar, traições, desprezo, amores impossíveis e tantos outros elementos adequados a novelões, são apenas acessórios ao embate entre duas atrizes de talento inigualável. Nada disso é suficiente para fazer deste drama algo estarrecedor e comovente. O câncer da protagonista, uma infância infeliz e o suposto abandono por parte das filhas são alguns pretextos para que seja tão cruel, insensível e grosseira com seus familiares. Sua relação de amor e ódio com a primogênita parece mais um carma que ambas tem que carregar, dada a semelhança entre elas na forma de lidar com as situações. As mais jovens são completamente desprezadas pela mãe fria e incapaz de qualquer demonstração de afeto. Com tanta riqueza em mãos, o diretor realizou uma obra parada, sonolenta; em 2h de duração, presenciamos no máximo 30 min de tensão. O resto do tempo é composto de monotonia, conversa mole e paisagens bucólicas potencializadoras de tédio. Diálogos arrastados não funcionam na tela grande. ÁLBUM DE FAMÍLIA não deveria deixar de ser peça de teatro, pois é lá, onde se interage com o público e se fazem improvisações, que histórias como essa obtêm maior sucesso. Excetuando-se Sam Shepard, intérprete do marido suicida (morte essa muito mal explicada) o restante do elenco possui bom desempenho (quando o roteiro ajuda). Há desperdício de talentos, como por exemplo, o da sempre eficiente Juliette Lewis, veterana e reconhecida pelos seus inúmeros trabalhos. Aqui ela é a irmã distante que menos aparece. A maior atriz da atualidade, Meryl Streep - assustadora e ao mesmo tempo esplendorosa - dá um show de interpretação, mas não o suficiente para ganhar um Oscar. Há poucas cenas cômicas que arrancam parcos sorrisos amarelos. É grande a luta para não adormecer durante a projeção. O final é emblemático, uma lição do peso que todos temos que levar em nossas vidas. Lamentavelmente, ficou claro que a união de duas atrizes de ponta não é sinônimo de um filme inesquecível. Regular!
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraQuando CAPITÃO PHILLIPS estreou, ignorei-o completamente, por achar tratar-se de mais do mesmo. Me enganei! A história é de tirar o fôlego, retratando a luta pela sobrevivência de um capitão digno deste nome, a fim de livrar-se de milicianos somalis, brutos e de horrível aparência, capazes de empalidecer até o mais corajoso dos homens. Dotada de muito realismo e riqueza de detalhes, a trama começa morna e rotineira, mas é por pouco tempo. Conforme a ameaça de invasão ao navio vai se tornando real, a tensão, medo e nervosismo só aumentam, deixando qualquer pessoa à beira de um ataque de pânico. Numa fiel caracterização, os vilões parecem uns ratos magros e sem querer acreditar percebemos que, mesmo em condições muito precárias, eles conseguem dominar o navio imenso e toda a sua tripulação desarmada. No lado oposto, há uma demonstração inequívoca do fabuloso poderio militar americano, deixando os despreparados somalis atônitos, sem saber como agir perante a força espantosa da marinha americana. Quanto ao elenco, Tom Hanks inicia a história apenas correto para causar comoção no final, em que sentimos na pele toda sua agonia. E o que dizer dos intérpretes africanos? Bem escalados, assemelham-se bastante aos verídicos piratas, que assombram nosso imaginário. Mais um na lista de bons trabalhos do diretor Paul Greengrass, sinônimo de filmes de qualidade. Faço uma ressalva quanto à vida pregressa do capitão, pouco explorada; conhecemos apenas uma parte ínfima de sua rotina, antes do embarque rumo a momentos extremamente dramáticos. Eletrizante, tenso e pavoroso, é filme que não se esquece rápido, tamanho o grau de envolvimento ocasionado e ao grito de alívio que bradamos (ao menos internamente) no final. Ótimo!
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraAs expectativas pela segunda parte da trilogia eram altas, porém, mais uma vez não se confirmaram. O que começa de forma grandiosa acaba na mesmice e nas conversas sem fim. Os anões passam por diversos perigos, correrias, lutas desiguais e no final sempre triunfam, fatos que não justificam a produção durar quase três horas. Martin Freeman (um ator de que nunca gostei) repete sua fraca atuação como Bilbo Bolseiro; Ian McKellen está igual a todos os filmes anteriores, assim como os demais personagens. Felizmente, há uma lufada de jovialidade e beleza com a presença de Orlando Bloom e Evangeline Lilly, os elfos. É uma super produção: a fotografia é de encher os olhos, a direção de arte, figurino e tantos outros detalhes técnicos impressionam; a trilha sonora é um personagem à parte, mas emoção e envolvimento com o público não há. Quando a trilha silencia e predominam os diálogos arrastados, a sonolência se instala. A trama é muito longa, cansa o espectador. No decorrer da narrativa os personagens somem por um tempo considerável e depois ressurgem sem mais nem menos, denotando um problema de continuidade. Para alívio do público, dessa vez o horrível Smeagol não aparece à procura do poderoso e desejado anel. Como melhor momento do filme, destaco a batalha entre anões, orcs e elfos, sequência bem feita causadora de diversas risadas. Mas os combates, as fugas, a divisão entre o bem e o mal se repetem exaustivamente, numa previsibilidade sem fim. Quando Smaug enfim resolve dar o ar da graça, ao invés de sustos, sente-se tédio e um sono inevitável. Um vilão que não faz jus ao título. Essa história de anão já saturou faz tempo. O HOBBIT jamais fará o mesmo sucesso que a trilogia do anel. Melhor assistir em casa, onde se pode dividir o filme em mil partes. zzzzzzzzzzzzzzzz........................
Última Viagem a Vegas
3.5 502 Assista AgoraUma reunião de medalhões do cinema acabou se transformando em uma sessão da tarde da 3ª idade. Com roteiro fraco e personagens rasos, as situações vivenciadas pelos protagonistas são historinhas de fácil resolução e que não causam nenhum envolvimento ao espectador, que não consegue torcer por ninguém. Kline é o velho que não aceita a idade que possui; Freeman é o bonzinho que aproveita a vida mesmo com saúde debilitada; DeNiro é o depressivo que só pensa na esposa morta e Douglas é o garanhão solitário. Difícil escolher o personagem mais patético, mas pode-se fazer um ranking. Nesta trama tudo é só alegria, há pouco espaço para o drama e a direção força a barra para que se escolha por quem torcer. Com seu final previsível desde o 1º minuto de projeção, considero esta produção uma grande bobagem que tenta atrair os fãs dos peso pesados aqui presentes, mas que não passa de uma franca demonstração de decadência de atores que outrora já impressionaram em seus filmes. O desapontamento é crescente no decorrer da história, a sonolência se instala e o tédio também. Ao final da sessão, o sentimento de decepção é incontestável. Não serve nem para ver em casa, é muita perda de tempo. Nada mais nada menos do que deprimente.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraUm cotidiano de luxo e ostentação cai por terra, dando lugar a uma realidade bem diferente: a morada agora é numa pequena casa de subúrbio de uma cidade feia e sem grandes atrativos, povoada por seres ignóbeis que trazem à tona o pior dos pesadelos para quem já viveu como rainha. Isso é Woody Allen 2013, de volta à boa forma após diversos filmes fracos, decepcionantes e de gosto duvidoso. Desde 2008 que o ótimo diretor não fazia uma obra que valesse. Seu último bom trabalho foi VICKY CRISTINA BARCELONA. Protagonizado pela excelente Cate Blanchett, BLUE JASMINE é uma lição de vida, um soco no estômago para quem acha estar acima de todas as outras pessoas. O elenco de apoio é ótimo e a química entre Blanchett e a competente e carismática Sally Hawkins agrada. As idas e vindas da trama não confundem, pelo contrário; elas são essenciais para que se possa comparar o antes e o depois. Na história vislumbramos a forma pela qual os ricos enxergam as classes menos abastadas, o desprezo que eles sentem e o uso da falsidade para aproximar-se com suas espúrias intenções. Falsidade que também se percebe nos encontros entre esses mesmos ricos, vangloriando-se de suas conquistas, num puro jogo de interesse mútuo. Mas a realidade da vida nunca tarda a aparecer e o glamour e a riqueza desabam feito peças de dominó. Num instante a protagonista encontra-se morando mal, tendo que lutar por sua sobrevivência e passando por diversos constrangimentos. Na reta final, percebemos como a mentira é capaz de acabar com todos os sonhos e esperanças, já que a triste Jasmine faz uso da mesma do início ao fim. A tragicomédia de Allen é um filme sem clichês, sem final feliz, repleto de críticas ao capitalismo, às amizades por interesse, à hipocrisia na vida das pessoas e, principalmente, ao demonstrar que as coisas são muito diferentes daquilo que aparentam. Estupendas atuações de todo o elenco, direção primorosa, roteiro agradável, trilha sonora charmosa, decepções, muitas decepções aos que insistem em acreditar em ilusões. Poucos diretores são capazes de retratar a vida nua e crua como o velho Allen. Refleti a respeito dos acontecimentos por vários dias. Ao menos momentaneamente, não consigo enxergar a Cate Blanchett da mesma forma, sem desassociá-la de seu personagem em estado de colapso. A comédia dramática do ano, sem sombra de dúvida. Imperdível!
O Conselheiro do Crime
2.4 584Em comparação ao seu último trabalho, PROMETHEUS (2012), o diretor Ridley Scott parece ter perdido a mão. O CONSELHEIRO DO CRIME consegue a proeza de ser desinteressante do começo ao fim. O elenco de estrelas é mal aproveitado, nenhum dos atores tem seu potencial explorado. Cameron Diaz, personagem de maior destaque, faz o possível para segurar a trama, interpretando papel distinto das besteiras que costuma protagonizar, mas seu esforço não é capaz de salvar do infortúnio essa história. A trama mostra sobretudo o que a ganância causa na vida das pessoas, as conseqüências do querer mais do que se tem e até que ponto a ambição pode levar. O que talvez resultasse em algo interessante transformou-se num emaranhado de conversas tolas, cansativas e sem sentido que não leva a lugar nenhum. O sexo está sempre presente nesses papos sem futuro e presenciamos bizarrices como Cameron Diaz praticando o ato com um carro (não achar que é NO carro; é COM um carro mesmo), sendo assistida por um Javier Bardem sofrível e babão. Os parcos acontecimentos ocorrem em ritmo lento, causando agonia e impaciência no espectador, que aguarda, num período de mais de 100 minutos, por algum fato notável. Fato esse que surge apenas nos momentos finais, no desfecho do personagem de Brad Pitt; com exceção disso, não há possibilidade de qualquer envolvimento com a história. Não fosse o alto valor investido para assistir este filme, teria ido embora na metade. Uma lástima produção tão ruim ser disponibilizada em dezenas de cinemas, quando obras muito superiores, porém sem nenhum nome de peso, não encontram lugar nas salas comerciais. Inútil e completamente esquecível.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraTendo como mote principal o seqüestro/desaparecimento de crianças, tema muito atual em nossa sociedade, OS SUSPEITOS é um suspense/ policial de arrepiar. Conduzido de forma competente e segura pelo canadense Denis Villeneuve, superando-se a cada novo trabalho, a atmosfera sombria numa região onde só chove aumenta a ansiedade e tensão no desenrolar dos acontecimentos. Seguindo a linha de SEVEN (1995) e O ZODÍACO (2007), do excelente diretor David Fincher, são muitos mistérios, enigmas e reviravoltas; vários personagens parecem ser culpados até que se possa chegar a um único nome interligado aos demais suspeitos. A trama parece mais um quebra cabeça de difícil solução. Quanto às atuações, Jake Gyllenhaal destaca-se como um policial destemido e perturbado com a falta de evidências na resolução de crime tão complicado. O interessante é que o espectador sente a mesma inércia do policial, literalmente com as mãos na cabeça sem saber qual caminho seguir, pois as pistas não ajudam muito. Gyllenhaal, com o passar dos anos, está ficando com aparência carrancuda, bem diferente do galã de filmes recentes como AMOR E OUTRAS DROGAS (2010). Chama atenção também a atuação de Hugh Jackman, representando um pai atormentado e inconformado com o sumiço da filha. O ator protagoniza as cenas mais chocantes da história, fazendo uso descomunal da violência no intuito de achar a menina a qualquer preço. Atitudes extremas de alguém desesperado, causando horror devido ao ponto em que as coisas chegam, retratando abertamente a perda do controle por pessoas consideradas “normais”. O elenco em geral está muito bem, com exceção do sempre fraco Terrence Howard, pai de uma das meninas seqüestradas. Seu desempenho mostra-se muito superficial e apático para uma situação de tamanha gravidade. O final é repleto de surpresas, cabendo até mesmo um outro filme, mas provavelmente isso não irá acontecer, pois não haveria sentido. São 150 minutos incansáveis e bem aproveitados nesta excelente produção, cujo desfecho é ainda mais eletrizante do que o já tenso desenrolar da trama. Grande filme!
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraEm mais um péssimo trabalho de direção de Sofia Coppola, retrata-se uma vida de festas, curtição, inconseqüência, aparências, cinismo e hipocrisia. A cultura da celebridade e o alcance da fama a qualquer preço permeiam toda a história, num círculo vicioso. Invadir casas e roubar objetos torna-se banal, ato comum da fase adolescente. Nada é visto por essa gente jovem como erro, como atitude condenável. Para esses inconseqüentes, um mundo de futilidades e a ilusão de ser ricos, famosos e legais são alguns dos objetivos primordiais. A ausência ou a total inversão de valores, o distanciamento dos pais e a falta de limites são incentivadores de tamanha catarse na vida dessas pessoas. A trama é morna, parada e em muitos momentos assemelha-se a um documentário, aumentando a sensação de tédio, onde situações se repetem e sequer há uma trilha sonora digna desse nome. Destaco apenas dois pontos positivos: a presença da sempre linda Emma Watson, que não sendo o personagem de maior destaque, faz o possível para transformar essa chatice em algo palatável. Não obteve sucesso; e o desfecho, onde enfim veio a punição. Já que os transgressores desejavam cegamente a fama, ela veio, e de forma abominável eles se tornaram as celebridades que tanto sonhavam ser. Ficar preso na mesma cadeia da pessoa a qual se assaltou é a prova de como andam a ética, moral e princípios do nosso tempo. Uma história lamentável em todos os sentidos. Filme péssimo.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraNum misto de emoção e pavor, não tenho dúvida de que esta é uma das melhores ficções científicas dos últimos tempos. Caso contrário, não haveria como justificar um filme possuir apenas 2 personagens e praticamente 1 cenário e causar tanta apreensão, a ponto de não desgrudarmos os olhos da tela, vibrarmos com as poucas vitórias dos protagonistas e nos assustar com diversas derrotas na luta pela sobrevivência. Há uma imersão total na história e muita tensão com o prenúncio do fim. Ter a vida no limite e a absoluta sensação de desesperança contrasta com as belas imagens do planeta Terra e do espaço sideral vistas a pequenas distâncias. A sensação que causa é de que somos nós, os espectadores, quem estamos lá perdidos, vagando no infinito e tentando sobreviver a qualquer custo. O personagem do Clooney é a salvação para uma mulher que já não tinha motivos para lutar pela sua vida. É claro que há cenas absurdas, como por exemplo aquela em que a engenheira escolhe botões de controle de forma aleatória, sem nenhuma noção se o que está fazendo é correto ou não. Absurdo e mentiroso esse joguinho de escolha ter dado certo. Isso não estraga a grandiosidade da obra de Cuarón, diretor talentoso que ainda tem muito que mostrar. A cena final de GRAVIDADE é emblemática, um retrato de como, em situações aparentemente impossíveis, o ser humano pode e deve começar tudo novamente. Um belo filme, que ao final nos deixa extasiados com tamanha coragem e bravura, quando tudo o que se poderia vislumbrar era uma morte solitária. Uma produção muito bem feita. Ótima opção para assistir e se emocionar.
Terra Prometida
3.2 96 Assista AgoraNunca fui fã do diretor Gus Van Sant, e a cada novo trabalho tento mudar minha opinião sobre ele. Mas não será com TERRA PROMETIDA que isso irá acontecer. O que presenciamos nesta obra é a típica guerra entre uma poderosa companhia e uma cidadezinha do interior, uma querendo apossar-se das riquezas naturais da região e outra tentando resistir ao poder do dinheiro que supostamente melhoraria a situação de tão pacato lugar. A trama é chata, parada, sem emoção e sem trilha sonora. Mostra apenas a vida bucólica do interior americano, onde nada de interessante ocorre. Baseado nessa pasmaceira, os cochilos são inevitáveis, a despeito da boa atuação de Matt Damon, sempre versátil em seus papéis. Damon já interpretou todo tipo de personagem em quase 50 filmes, e isso faz dele um ator admirável, mas que não consegue salvar essa chatice aqui. Frances McDormand não serve para absolutamente nada, caso seu personagem não existisse, não faria a menor falta. Que decepção! O elenco secundário é completamente dispensável e apagado. Numa história onde pouco ou nada acontece, tanto no início, no meio ou no fim, a espera por algo relevante é inútil, pois o fato marcante, o clímax do filme, não aparece em momento algum. Com um final improvável, passamos mais de 100 minutos aguardando chegar a lugar nenhum. Não vale a pena!