"BARBIE BOY" (curta, 13 min, 2013) é a história de Bobby, um garoto de sete anos cujo brinquedo favorito é a boneca Barbie. Depois de um comentário do seu pai, Bobby se permite uma dúvida e começa a flanar nas suas introspecções e angústias. Decide pelo ritual de passagem. O curta dirigido e idealizado por Nick Corporon problematiza os papéis de gênero na infância, coloca pontos de interrogação para o pai e para o filho. Relutei a princípio, mas percebo agora a importância no fato do curta mostrar que até pelo ponto de vista da criança pode haver reflexão. RESPEITO às escolhas dos outros, acima de tudo, com ou sem boneca. :-)
Um delicioso especial de natal com segmentos de flashback que retomam os momentos mais marcantes da segunda temporada da série, inclusive a tag de Merry Christmas adicionada ao final do episódio "Drafted" da 1ª temporada que mostra a gangue vestida de papai noel. Assistir I Love Lucy em cores é uma experiência diferente e inusitada. Vale a pena aos fãs, ainda que o charme da convencional fotografia da TV seja de fato insubstituível. I Love Lucy é uma série inesquecível e que possuia elementos recorrentes, a graça estava relacionada à simplicidade e ao carinho de seus produtores.
Que beleza poderia ser pousar eternamente e infinitamente o meu olhar apenas em imagens de tamanha sensibilidade como esta em que Ozon coloca o seu personagem para pedalar vestido com um robe d'été. Seu trabalho se deleita nas estampas daquele téxtil.
Uma pequena sinopse viria ser: homem atrapalhado abre a carta da amada, encontra nela o pedido de término do relacionamento, os desdobramentos da situação atravessam meandros entre o humor negro e a comédia-pastel.
Pierre Étaix é um das melhores coisas que já vi na vida, seu humor elegante no auge dos anos 60 supera o screwball por si só, conseguindo dizer o mundo apenas com gestos, o triunfo da pantomina depois de uma restauração química que agora nos enche os olhos.
Este primeiro trabalho de Bresson é conhecido pela cópia conservada da Cinemateca Francesa, pois antes disso era tido como um filme perdido. Redescoberto praticamente no final do séc. XX, esta pérola do grande diretor francês conhece bem a comédia canastrona dos anos 30. É um tratado para os curiosos que gostam de assistir cronologicamente.
Disponível com legendas no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=aeeOxY3LvH4
Imperdível! O documentário traz comentário pertinente a respeito da consolidação de Crawford, seu legado e imposições para poder construir seus personagens. Figuras singulares por natureza com longa trajetória e tendências à autobiografia.
Excelente apropriação daquele humor mórbido que conhecemos dos melhores filmes de suspense. Uma pérola brilhante nos festivais que conta com uma técnica afiada, primeiríssimos planos inspiradores, além provocar com o tal guaraná Jesus que detesto, o troço tem gosto de tutti-frutti, mas fica lindo nas telonas.
O melhor do filme é a subversão que ele prega dos clássicos, garoto encontra cachorro que por desventuras do destino irá morrer. Aqui é diferente, a linguagem construída vai remeter aos cânones deste tipo gratuito de chororô, porém com a quebra do final dá o choque de valores que o filme precisa para explodir nas nossas mentes pela forma de alguma reflexão. É um filme que faz deboche do tradicional que percorre as nossas veias, com seu belo cachorrinho e a criança cultivada com seu poster de <2001: A Space Odyssey>, tudo isso termina na bravura dos instintos, quem é o mais forte? Claro que é o cerne das profundezas egoístas do homem, sou o que quero ser e se eu não o tenho, ninguém terá.
A produção maravilhosa só esqueceu do ditado: "Galinha que acompanha pato, morre afogada". De um tom apologético que muito se perde ao longo da sessão, a experiência com aves mais particular que tive desde "Os Pássaros".
Dor latente, a insatisfação do quotidiano. No filme de Gabriela Amaral Almeida, a técnica afiadíssima casa em harmonia com a dramaturgia que propõe um olhar de acalento aos detalhes mais comuns, a beleza dos gestos simples.
Excelente! Um filme paulistano sensível e sofisticado. Com nuanças de humor e drama, trata o quotidiano com a aceitação de suas dores sem deixar de lado o encanto no próprio fazer fílmico. Daquelas narrativas em que a música é personagem.
Se a intenção é produzir algo perfeitamente feito para importar valores cinematográficos norteamericanos e vender o discurso do oba-oba, da direção como videoclipe, o filme triunfa. Contudo, a dramaturgia não consegue ser tão boa quanto a maquiagem e o fetiche sanguinário à la Tarantino.
Deleitosa homenagem ao clássico de Michael Powell - THE RED SHOES. Deve-se evidenciar o trabalho singular de Kate Bush, um misto cativante de poesia e dança.
Um curta muito bem idealizado. Empregando as memórias de seu indivíduo protagonista como mote para experimentar uma fotografia bacana, este trabalho de Fernando Coimbra usa o foco com um propósito para lá de interessante.
Faz parte desta fita experimentalista de Buñuel a questão polissêmica das imagens. Já especulada a possibilidade de alguns significados, a saber: o desejo de matar e a relação afetiva humana, esta obra primorosa de parceria com Salvador Dalí ainda instiga o espectador com compreensões vagas muitas vezes implicadas por uma narrativa incomum. Sendo Buñuel reconhecido pelo pioneirismo experimental e cinematográfico no movimento surrealista, não faltaria logicamente, neste poderio visual de UN CHIEN ANDALOU, o uso imagético das questões que temos como subjetivas. Temos de valioso nessa história uma premissa, influenciada fortemente pelos pensamentos freudianos, que almeja retratar os elementos que fogem a nossa consciência. Para a psicanálise, é importante evidenciar que ao inconsciente não atingimos de forma direta como a racionalidade. Então, o desejo ardente de querer atribuir sentido às imagens de Buñuel não será contemplado de muita eficácia. A apreciação de sua mão artística e espirituosa sobrepõe a necessidade de sentido, não apenas subjetivamente, mas também conforme a dificuldade constatada por Freud, desde seus primeiros estudos, sobre a tentativa de recorrer ao inconsciente, que requer histórico e conhecimento íntimo do paciente.
A incisiva não-reciprocidade de AMOR CRUDO faz refletir, e até se identificar como em meu caso, pelo argumento que aborda esse sentimento passional e efêmero da juventude. No entanto, a proposta desta delicada e bem-feita pequena produção não assume de forma tão perspicaz o próprio argumento central. Quando ameaça desenvolver questões homoafetivas, o curta interrompe-as conforme passa então a brincar com a transição do jovem à vida adulta, não promovendo ao espectador nenhuma consistente questão a se aprofundar. Despretensiosamente superficial e gostoso de assistir, este tema, que poderia ser tratado de forma piegas e melodramática, ganha por aqui um ar despojado e cheio de sorrisos.
Imageticamente brilhante e executado a partir de uma atraente trilha sonora, SCORPIO RISING se tornou cult e poético não só pelos peitos nus e as vestes de couro, mas na sua instância que codifica os imperativos da cultura. Direto do estigma anos 50, o jovem anti-herói americano, colocado à parte das reais forças de produção capitalista, brinca com as suas pulsões de vida e morte. A rebeldia é simbolicamente pressuposta por James Dean e Marlon Brando que, pregados como fotografia na parede ou vislumbrados em seus momentos mais rebeldes, inspiram uma camada juvenil a superar o seus fatores de mal-estar. A instância universal de SCORPIO RISING brinca com o Rock'N'Roll neste enredo, em que se preparam motociclistas a um passeio, cheio de sugestões homossexuais e discussões a serem provocadas.
Espontâneo ainda que deveras categórico na abordagem da superação entre gerações, THE CLOSET vislumbra imagens belíssimas e consegue manusear a narrativa com eficácia de forma que o conteúdo seja subentendido a partir dos poucos minutos de duração.
Na verdade, LUCKY BLUE nos atinge pelas beiradas por meio da ingenuidade com a qual se desdobram demonstrações de afeto. Claramente não se trata de um assunto visceral, mas o retratar da descoberta sentimental entre pessoas do mesmo sexo já é uma discussão extremamente batida. Contudo, este curta sueco consegue não trabalhar este elemento sob a forma de clichês, não apresentar personagens se debatendo para aceitar a condição sexual, muito menos para serem aceitos no ambiente que compartilham. O enfoque, na verdade, permeia a reciprocidade entre duas pessoas e não saber lidar com ela.
Duas imagens me despertaram o interesse durante a narrativa – uma delas foi, indubitavelmente, a fuga do pássaro e a outra, concebida pela montagem daquele palco, a seleção de músicas que ligavam os dois garotos aos personagens secundários. Inicialmente, na fuga do pássaro, passou-me pela cabeça a sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, assegurada pelo vínculo emocional ao próximo.
Ao desfecho, fui convidado por admitir indiretamente que o romance ocorrido entre os dois garotos era menor que o evento proporcionado por um deles ao resto das pessoas. Imageticamente, o curta traduz com maturidade um discurso que não se fundamenta apenas na exploração do afeto homossexual.
Barbie Boy
4.1 3"BARBIE BOY" (curta, 13 min, 2013) é a história de Bobby, um garoto de sete anos cujo brinquedo favorito é a boneca Barbie. Depois de um comentário do seu pai, Bobby se permite uma dúvida e começa a flanar nas suas introspecções e angústias. Decide pelo ritual de passagem. O curta dirigido e idealizado por Nick Corporon problematiza os papéis de gênero na infância, coloca pontos de interrogação para o pai e para o filho. Relutei a princípio, mas percebo agora a importância no fato do curta mostrar que até pelo ponto de vista da criança pode haver reflexão. RESPEITO às escolhas dos outros, acima de tudo, com ou sem boneca. :-)
I Love Lucy Christmas Special
4.3 1Um delicioso especial de natal com segmentos de flashback que retomam os momentos mais marcantes da segunda temporada da série, inclusive a tag de Merry Christmas adicionada ao final do episódio "Drafted" da 1ª temporada que mostra a gangue vestida de papai noel. Assistir I Love Lucy em cores é uma experiência diferente e inusitada. Vale a pena aos fãs, ainda que o charme da convencional fotografia da TV seja de fato insubstituível. I Love Lucy é uma série inesquecível e que possuia elementos recorrentes, a graça estava relacionada à simplicidade e ao carinho de seus produtores.
Um Vestido de Verão
3.8 47Que beleza poderia ser pousar eternamente e infinitamente o meu olhar apenas em imagens de tamanha sensibilidade como esta em que Ozon coloca o seu personagem para pedalar vestido com um robe d'été. Seu trabalho se deleita nas estampas daquele téxtil.
Ruptura
3.6 4Uma pequena sinopse viria ser: homem atrapalhado abre a carta da amada, encontra nela o pedido de término do relacionamento, os desdobramentos da situação atravessam meandros entre o humor negro e a comédia-pastel.
Pierre Étaix é um das melhores coisas que já vi na vida, seu humor elegante no auge dos anos 60 supera o screwball por si só, conseguindo dizer o mundo apenas com gestos, o triunfo da pantomina depois de uma restauração química que agora nos enche os olhos.
Assista online, independe de legendas:
http://www.youtube.com/watch?v=orX3qV2Bskw
Feliz Aniversário
4.0 3Pierre Étaix trouxe o screwball nos anos 60 a um outro patamar, mostrando todo o charme francês na concepção de um humor ágil e delicioso!
Tarefas Públicas
3.1 2Este primeiro trabalho de Bresson é conhecido pela cópia conservada da Cinemateca Francesa, pois antes disso era tido como um filme perdido. Redescoberto praticamente no final do séc. XX, esta pérola do grande diretor francês conhece bem a comédia canastrona dos anos 30. É um tratado para os curiosos que gostam de assistir cronologicamente.
A Fórmula Crawford: Ficção e Realidade
4.7 1Disponível com legendas no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=aeeOxY3LvH4
Imperdível! O documentário traz comentário pertinente a respeito da consolidação de Crawford, seu legado e imposições para poder construir seus personagens. Figuras singulares por natureza com longa trajetória e tendências à autobiografia.
O Membro Decaído
3.5 9Excelente apropriação daquele humor mórbido que conhecemos dos melhores filmes de suspense. Uma pérola brilhante nos festivais que conta com uma técnica afiada, primeiríssimos planos inspiradores, além provocar com o tal guaraná Jesus que detesto, o troço tem gosto de tutti-frutti, mas fica lindo nas telonas.
The Best of Lambada
4.2 1Um dos fenômenos na nossa identidade cultural que merece ser revisitado.
Menino do Cinco
3.8 13O melhor do filme é a subversão que ele prega dos clássicos, garoto encontra cachorro que por desventuras do destino irá morrer. Aqui é diferente, a linguagem construída vai remeter aos cânones deste tipo gratuito de chororô, porém com a quebra do final dá o choque de valores que o filme precisa para explodir nas nossas mentes pela forma de alguma reflexão. É um filme que faz deboche do tradicional que percorre as nossas veias, com seu belo cachorrinho e a criança cultivada com seu poster de <2001: A Space Odyssey>, tudo isso termina na bravura dos instintos, quem é o mais forte? Claro que é o cerne das profundezas egoístas do homem, sou o que quero ser e se eu não o tenho, ninguém terá.
A Galinha Que Burlou O Sistema
4.2 17A produção maravilhosa só esqueceu do ditado: "Galinha que acompanha pato, morre afogada". De um tom apologético que muito se perde ao longo da sessão, a experiência com aves mais particular que tive desde "Os Pássaros".
A Mão que Afaga
3.9 27Dor latente, a insatisfação do quotidiano. No filme de Gabriela Amaral Almeida, a técnica afiadíssima casa em harmonia com a dramaturgia que propõe um olhar de acalento aos detalhes mais comuns, a beleza dos gestos simples.
O Afinador
3.7 3Excelente! Um filme paulistano sensível e sofisticado. Com nuanças de humor e drama, trata o quotidiano com a aceitação de suas dores sem deixar de lado o encanto no próprio fazer fílmico. Daquelas narrativas em que a música é personagem.
Câmara escura
3.6 4Cheio de hermetismo com uma técnica demasiado crua. Parte de uma ideia excelente que discute privacidade nesse caos social em que vivemos.
Desalmados - O Vírus
2.8 5Se a intenção é produzir algo perfeitamente feito para importar valores cinematográficos norteamericanos e vender o discurso do oba-oba, da direção como videoclipe, o filme triunfa. Contudo, a dramaturgia não consegue ser tão boa quanto a maquiagem e o fetiche sanguinário à la Tarantino.
A Ardente Chapeuzinho Vermelho
4.1 7Bárbaro!
The Line, the Cross & the Curve
4.2 6Deleitosa homenagem ao clássico de Michael Powell - THE RED SHOES. Deve-se evidenciar o trabalho singular de Kate Bush, um misto cativante de poesia e dança.
Trópico das Cabras
3.6 1Um curta muito bem idealizado. Empregando as memórias de seu indivíduo protagonista como mote para experimentar uma fotografia bacana, este trabalho de Fernando Coimbra usa o foco com um propósito para lá de interessante.
O Rosto de Karin
4.1 22A beleza está no uso sutil de narrar uma história.
...E o silêncio enquanto linguagem cinematográfica.
À la moda bergmaniana!
Um Cão Andaluz
4.1 707Faz parte desta fita experimentalista de Buñuel a questão polissêmica das imagens. Já especulada a possibilidade de alguns significados, a saber: o desejo de matar e a relação afetiva humana, esta obra primorosa de parceria com Salvador Dalí ainda instiga o espectador com compreensões vagas muitas vezes implicadas por uma narrativa incomum. Sendo Buñuel reconhecido pelo pioneirismo experimental e cinematográfico no movimento surrealista, não faltaria logicamente, neste poderio visual de UN CHIEN ANDALOU, o uso imagético das questões que temos como subjetivas. Temos de valioso nessa história uma premissa, influenciada fortemente pelos pensamentos freudianos, que almeja retratar os elementos que fogem a nossa consciência. Para a psicanálise, é importante evidenciar que ao inconsciente não atingimos de forma direta como a racionalidade. Então, o desejo ardente de querer atribuir sentido às imagens de Buñuel não será contemplado de muita eficácia. A apreciação de sua mão artística e espirituosa sobrepõe a necessidade de sentido, não apenas subjetivamente, mas também conforme a dificuldade constatada por Freud, desde seus primeiros estudos, sobre a tentativa de recorrer ao inconsciente, que requer histórico e conhecimento íntimo do paciente.
Amor Cru
3.7 119A incisiva não-reciprocidade de AMOR CRUDO faz refletir, e até se identificar como em meu caso, pelo argumento que aborda esse sentimento passional e efêmero da juventude.
No entanto, a proposta desta delicada e bem-feita pequena produção não assume de forma tão perspicaz o próprio argumento central.
Quando ameaça desenvolver questões homoafetivas, o curta interrompe-as conforme passa então a brincar com a transição do jovem à vida adulta, não promovendo ao espectador nenhuma consistente questão a se aprofundar. Despretensiosamente superficial e gostoso de assistir, este tema, que poderia ser tratado de forma piegas e melodramática, ganha por aqui um ar despojado e cheio de sorrisos.
Scorpio Rising
3.6 44Imageticamente brilhante e executado a partir de uma atraente trilha sonora, SCORPIO RISING se tornou cult e poético não só pelos peitos nus e as vestes de couro, mas na sua instância que codifica os imperativos da cultura. Direto do estigma anos 50, o jovem anti-herói americano, colocado à parte das reais forças de produção capitalista, brinca com as suas pulsões de vida e morte. A rebeldia é simbolicamente pressuposta por James Dean e Marlon Brando que, pregados como fotografia na parede ou vislumbrados em seus momentos mais rebeldes, inspiram uma camada juvenil a superar o seus fatores de mal-estar. A instância universal de SCORPIO RISING brinca com o Rock'N'Roll neste enredo, em que se preparam motociclistas a um passeio, cheio de sugestões homossexuais e discussões a serem provocadas.
The Closet
3.9 64Espontâneo ainda que deveras categórico na abordagem da superação entre gerações, THE CLOSET vislumbra imagens belíssimas e consegue manusear a narrativa com eficácia de forma que o conteúdo seja subentendido a partir dos poucos minutos de duração.
Lucky Blue
3.5 98Na verdade, LUCKY BLUE nos atinge pelas beiradas por meio da ingenuidade com a qual se desdobram demonstrações de afeto. Claramente não se trata de um assunto visceral, mas o retratar da descoberta sentimental entre pessoas do mesmo sexo já é uma discussão extremamente batida. Contudo, este curta sueco consegue não trabalhar este elemento sob a forma de clichês, não apresentar personagens se debatendo para aceitar a condição sexual, muito menos para serem aceitos no ambiente que compartilham. O enfoque, na verdade, permeia a reciprocidade entre duas pessoas e não saber lidar com ela.
Duas imagens me despertaram o interesse durante a narrativa – uma delas foi, indubitavelmente, a fuga do pássaro e a outra, concebida pela montagem daquele palco, a seleção de músicas que ligavam os dois garotos aos personagens secundários. Inicialmente, na fuga do pássaro, passou-me pela cabeça a sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, assegurada pelo vínculo emocional ao próximo.
Ao desfecho, fui convidado por admitir indiretamente que o romance ocorrido entre os dois garotos era menor que o evento proporcionado por um deles ao resto das pessoas. Imageticamente, o curta traduz com maturidade um discurso que não se fundamenta apenas na exploração do afeto homossexual.