Ver Bava é ter a certeza de que seremos enfeitiçados por uma mise en scene que entregará as mais belas imagens jamais vistas no gênero. “Sei donne...” não foge à regra, e se alguma vez o Mestre das imagens macabras precisou de desculpas para imprimi-las em seus frames pitorescos, aqui ele se deleita nas inúmeras possibilidades visuais que a haute couture proporciona. Cores vibrantes, mulheres lindas e uma trama propositalmente ambígua dão o tom a este giallo essencial.
Tenebre compensa suas falhas técnicas através de sua trilha eletrônica ágil que misturada à trama, conduz o espectador a um espetáculo gore de primeira. Argento não delimita tempo ou espaço para o seu filme, muito embora os seus figurinos e cenários apresentem uma aura futurística reforçada pela fotografia estéril. Destaque para o plano sequência exterior da casa de uma das vítimas, um verdadeiro feito cinematográfico.
Barravento não é melhor de Glauber, mas já anuncia a fúria poética de seu realizador. A relação contestadora com candomblé, parece diluir-se ao longo do filme, talvez um prenúncio do papel que assumiria ao logo da obra cinematográfica do mestre. A importância da película deve-se também a montagem realizada por Nelson Pereira dos Santos. Condensando assim um trabalho histórico, cultural e esteticamente relevante para se compreender a explosão criativa e dilacerante da estética da fome que revolucionaria o modo de se ver, pensar e fazer cinema.
O filme cumpre o que promete, além de entregar ao espectador uma belíssima sequência que se desenrola na ópera de Viena, por sinal muito bem dirigida e fotografada, atenta a detalhes artísticos não muitos comuns em filmes do gênero. Ao som de Puccini, McQuarrie homenageia o mestre Hitchcock, nesta que é talvez a cena mais brilhante e elegante da produção cinematográfica contemporânea desse gênero.
Bresson e seu cinema austero e minimalista, provocam um efeito no espectador muito maior do que se pode prever, até porque, como dizia o próprio realizador, quem assiste às suas películas deve primeiro senti-las para depois intelectualizá-las. O uso da fragmentação e do fora de campo aumentam o suspense da narrativa conduzindo-a para o desfecho já anunciado no título. Aqui o que importa em si não é final, mas o caminho percorrido para chegar-se até ele. Uma obra-prima do realizador francês que trabalha muito bem com a percepção visual, sonora e intelectual do espectador-testemunha da fuga.
Ginger Rogers, do início ao fim desta película, domina cada minuto seja com a sua beleza que reluz na tela ou por suas gags inspiradas. Nos seus números de dança com Fred Astaire, a leveza e elegância da dupla fazem com que eles flutuem em cena, dominando cada espaço dos gigantescos cenários em art déco da RKO Pictures.
A força de Anna Magnani transborda em cena. O que dizer do seu monólogo em " A Voz Humana"? A forma como expressa a angústia de sua personagem, sem exceder o tom e ao mesmo tempo conseguindo manter a tensão dramática, é indiscutivelmente um feito extraordinário. Em " O Milagre", a dama do cinema italiano ganha mais espaço para trabalhar com os elementos de cena e articular sua faceta realista. "O Amor" é uma obra que ajuda a compreender porque Magnani escreveu seu capítulo na história do cinema.
A parceria Rossellini-Bergman, transformou a carreira da atriz. O diretor a despiu de toda a vaidade e glamour hollywoodiano para humanizá-la, ajudá-la a redescobrir os seus valores sociais. Em "Europa 51" a radical transformação de Irene é pontuada por críticas ao modo de vida estimulado pelo consumismo pós-guerra, que estranhamente ignora a situação de miséria daqueles que não conseguiram superar os horrores da devastação. Após o choque provocado por seu egocentrismo, a personagem de Bergman redescobre um propósito para sua vida. Enxerga além dos muros de seu ego. O propósito e o prazer em ajudar aos outros fazem com que seja condenada por seus pares e ludibriada por aqueles a quem dirige a sua bondade. A câmera de Rossellini aproveita ao máximo os espaços de cena, para dar uma amplitude figurativa da devassidão da sociedade, donde Irene passa do conforto do seu luxuoso apartamento, para o labirinto frio e cruel do condomínio popular onde habitam os acolhidos por sua graça, para enfim chegar-se ao final ortodoxo e realista da película.
O tom documental da obra dos irmãos Taviani reforça o poder da sua mise-en-scène, que confunde o expectador entre o real e o encenado. O elenco de presidiários apresenta um galeria de variados tipos humanos que enriquecem a experiência cinematográfica roteirizada através da obra Julius Caesar, de Shakespeare, donde a trama de traições, assassinatos e conspirações provavelmente não divirja da história de vida dos "atores encarcerados". Um tour de force com pinceladas neorrealistas que se reafirma, desnecessariamente, nas palavras de um de seus atores: “A cela se tornou uma prisão desde que descobri a arte.”.
Um dos primeiros filmes do mestre Fellini, I Vitelloni não demonstra ainda o diretor alegórico e surreal de Oito e Meio e seus sucessores, mas nem por isso deixa de ser um trabalho menos contundente. A fase realista do cineasta é pontuada por uma direção objetiva e narrativas cruas e fieis à fase neorrealista italiana. O caráter autobiográfico que pontuaria as obras do mestre, já se faz presente aqui. Essa película é, por fim, uma pequena joia pouco conhecida e que merece ser redescoberta.
Tive a impressão que vi dois filmes: o primeiro remetendo à atmosfera da franquia e um outro que se transformou em um filme-matinê com todos os elementos já consagrados por clássicos do gênero como Indiana Jones. O diretor parece indeciso sobre qual caminho seguir. Saldo final, um filme fraco e que destoa da proposta de seus antecessores.
Sarcástica como o personagem de Mastroianni, essa película traz a conhecida Itália machista mas que valoriza suas "mammas", o credo que prega a retidão por meio de oráculos tortos e o casamento como instituto sacro e indissolúvel segundo as leis divinas e dos homens. Germi, faz seu povo rir de suas próprias contradições. A metalinguística homenagem à " La Dolce Vita" de Fellini é um capítulo à parte e que mostra o respeito de Germi pelo cineasta que melhor traduziu os tipos italianos para as telas.
Ao fugir das narrativas aristocráticas bavianas, a última película em P&B do mestre do horror refinado, abre espaço para um despojamento narrativo que criaria as convenções do Giallo. O belo trabalho de fotografia e iluminação, marca registrada de Bava, ganha mais força graças a beleza de uma Roma turística.
Miller entrega um Mad Max frenético e repleto de fúria. O frenesi provocado pela película trabalha a favor da sua atmosfera analógica e apocalíptica, factível graças aos cenários assustadoramente belos e densos e a trilha carregada. Aos espectadores, sugiro: agarrem-se às suas poltronas e embarquem nessa odisseia.
A objetividade de "Noite sem Fim" trabalha a seu favor, a dispensável verborragia dos filmes do gênero não contamina esta película. Liam Neeson sabe a que veio e entrega uma atuação precisa, sem excessos de dramaticidade. Os travelings são espetaculares e, além de situarem os espectadores, ajudam a compor e deslocar a ação da trama.
Investir em um gênero subestimado e praticamente inexiste na produção nacional já é um desafio por si só. A obra urbana e claustrofóbica de Dutra surpreende por utilizar os shots muito mais como meio para sugerir o terror do que este em si mesmo. Assim, a apreensão aqui é causada pelas conclusões a que os espectadores são induzidos. Fugindo, desta forma, do padrão de cortes bruscos, gritos ou banhos de sangue amplamente difundidos no gênero.
Fausto é uma obra completa e atemporal, seus frames pictóricos são inesquecíveis. O marco expressionista, aliado à era de ouro da produção cinematográfica da UFA dão uma ideia da grandeza da produção e dos sets. Murnau entrega uma direção poderosa e autoral, controlando cada aspecto impresso nos frames, de um perfeccionismo só encontrado dentre os grandes mestres. Uma obra-prima, que como tal firmou-se e passou à posteridade.
Olivier cria aqui uma obra cinematográfica singular, talvez a que melhor tenha incorporado o espírito shakespeariano nas suas diversas transposições para o cinema. À teatralidade que conduz a narrativa, somam-se o uso expressivo das cores enfatizadas pelo Technicolor, os cenários gigantescos feitos sob medida para o uso do VistaVison e a ruptura do espaço entre a plateia e o intérprete. A força do texto exige que o espectador concentre-se na tela, que ouça e mensure a entonação dos diálogos-duelos.
A batalha que se trava nesta película é a mais primitiva de todas: a sobrevivência. Todos têm os seus motivos para apoiar ou não a causa de Sandra, mas nenhum deles deixa de levar em conta a luta pela sobrevivência, seja por razões materiais ou morais. A peregrinação da protagonista é dolorosa porque ela sabe que mais do que renúncia, ela pede aos seus colegas humanidade. Marion Cotillard reina em cena, a direção quase documental abre mais espaço para tom realista, reforçado pela sucessão de planos abertos e contínuos.
A fotografia exuberante em um preto e branco vívido dá o tom a esta película magistral. À narrativa, soma-se o enquadramento que dá mais espaço aos cenários do que às personagens em uma espécie de alegoria do vazio que as domina. O ritmo da película, apesar dos exíguos 82 min, é lento e contemplativo, o que não é de todo ruim, pois assim fica mais fácil inebriar-se com tanta beleza.
Um filme delicioso, com um elenco na medida certa. Nessa película descompromissada sobra espaço até para uma Melissa McCarthy mais contida. Naomi Watts rouba a cena com sua persona caricata, Bill Murray dispensa comentários, mas a surpresa fica por conta do pequeno Lieberher, o garoto não se intimida diante do elenco de veteranos e conquista seu espaço de forma promissora.
Ao limitar o retrato da trajetória de Martin Luther King Jr. aos fatos desencadeados em Selma, a cinebiografia apresenta um relato contundente e apurado da conquista plena da cidadania pelos negros antes segregados. A trilha sonora destaca-se como um manifesto por si só, somando-se a um elenco de veteranos e novatos que se completam em uma perfeita sintonia.
Uma história impressionante! As inserções de imagens reais do conflito ajudam a criar uma empatia maior com o que é narrado. Cumberbatch, como sempre, se destaca.
Seis Mulheres Para o Assassino
3.9 90Ver Bava é ter a certeza de que seremos enfeitiçados por uma mise en scene que entregará as mais belas imagens jamais vistas no gênero. “Sei donne...” não foge à regra, e se alguma vez o Mestre das imagens macabras precisou de desculpas para imprimi-las em seus frames pitorescos, aqui ele se deleita nas inúmeras possibilidades visuais que a haute couture proporciona. Cores vibrantes, mulheres lindas e uma trama propositalmente ambígua dão o tom a este giallo essencial.
Tenebre
3.8 132 Assista AgoraTenebre compensa suas falhas técnicas através de sua trilha eletrônica ágil que misturada à trama, conduz o espectador a um espetáculo gore de primeira. Argento não delimita tempo ou espaço para o seu filme, muito embora os seus figurinos e cenários apresentem uma aura futurística reforçada pela fotografia estéril. Destaque para o plano sequência exterior da casa de uma das vítimas, um verdadeiro feito cinematográfico.
Barravento
3.9 70Barravento não é melhor de Glauber, mas já anuncia a fúria poética de seu realizador. A relação contestadora com candomblé, parece diluir-se ao longo do filme, talvez um prenúncio do papel que assumiria ao logo da obra cinematográfica do mestre. A importância da película deve-se também a montagem realizada por Nelson Pereira dos Santos. Condensando assim um trabalho histórico, cultural e esteticamente relevante para se compreender a explosão criativa e dilacerante da estética da fome que revolucionaria o modo de se ver, pensar e fazer cinema.
Missão: Impossível - Nação Secreta
3.7 805 Assista AgoraO filme cumpre o que promete, além de entregar ao espectador uma belíssima sequência que se desenrola na ópera de Viena, por sinal muito bem dirigida e fotografada, atenta a detalhes artísticos não muitos comuns em filmes do gênero. Ao som de Puccini, McQuarrie homenageia o mestre Hitchcock, nesta que é talvez a cena mais brilhante e elegante da produção cinematográfica contemporânea desse gênero.
Um Condenado à Morte Escapou
4.4 69Bresson e seu cinema austero e minimalista, provocam um efeito no espectador muito maior do que se pode prever, até porque, como dizia o próprio realizador, quem assiste às suas películas deve primeiro senti-las para depois intelectualizá-las. O uso da fragmentação e do fora de campo aumentam o suspense da narrativa conduzindo-a para o desfecho já anunciado no título. Aqui o que importa em si não é final, mas o caminho percorrido para chegar-se até ele. Uma obra-prima do realizador francês que trabalha muito bem com a percepção visual, sonora e intelectual do espectador-testemunha da fuga.
Dance Comigo
3.9 27Ginger Rogers, do início ao fim desta película, domina cada minuto seja com a sua beleza que reluz na tela ou por suas gags inspiradas. Nos seus números de dança com Fred Astaire, a leveza e elegância da dupla fazem com que eles flutuem em cena, dominando cada espaço dos gigantescos cenários em art déco da RKO Pictures.
O Amor
4.0 12A força de Anna Magnani transborda em cena. O que dizer do seu monólogo em " A Voz Humana"? A forma como expressa a angústia de sua personagem, sem exceder o tom e ao mesmo tempo conseguindo manter a tensão dramática, é indiscutivelmente um feito extraordinário. Em " O Milagre", a dama do cinema italiano ganha mais espaço para trabalhar com os elementos de cena e articular sua faceta realista. "O Amor" é uma obra que ajuda a compreender porque Magnani escreveu seu capítulo na história do cinema.
Europa '51
4.1 26 Assista AgoraA parceria Rossellini-Bergman, transformou a carreira da atriz. O diretor a despiu de toda a vaidade e glamour hollywoodiano para humanizá-la, ajudá-la a redescobrir os seus valores sociais. Em "Europa 51" a radical transformação de Irene é pontuada por críticas ao modo de vida estimulado pelo consumismo pós-guerra, que estranhamente ignora a situação de miséria daqueles que não conseguiram superar os horrores da devastação. Após o choque provocado por seu egocentrismo, a personagem de Bergman redescobre um propósito para sua vida. Enxerga além dos muros de seu ego. O propósito e o prazer em ajudar aos outros fazem com que seja condenada por seus pares e ludibriada por aqueles a quem dirige a sua bondade. A câmera de Rossellini aproveita ao máximo os espaços de cena, para dar uma amplitude figurativa da devassidão da sociedade, donde Irene passa do conforto do seu luxuoso apartamento, para o labirinto frio e cruel do condomínio popular onde habitam os acolhidos por sua graça, para enfim chegar-se ao final ortodoxo e realista da película.
César Deve Morrer
4.0 82 Assista AgoraO tom documental da obra dos irmãos Taviani reforça o poder da sua mise-en-scène, que confunde o expectador entre o real e o encenado. O elenco de presidiários apresenta um galeria de variados tipos humanos que enriquecem a experiência cinematográfica roteirizada através da obra Julius Caesar, de Shakespeare, donde a trama de traições, assassinatos e conspirações provavelmente não divirja da história de vida dos "atores encarcerados". Um tour de force com pinceladas neorrealistas que se reafirma, desnecessariamente, nas palavras de um de seus atores: “A cela se tornou uma prisão desde que descobri a arte.”.
Os Boas-Vidas
4.0 54 Assista AgoraUm dos primeiros filmes do mestre Fellini, I Vitelloni não demonstra ainda o diretor alegórico e surreal de Oito e Meio e seus sucessores, mas nem por isso deixa de ser um trabalho menos contundente. A fase realista do cineasta é pontuada por uma direção objetiva e narrativas cruas e fieis à fase neorrealista italiana. O caráter autobiográfico que pontuaria as obras do mestre, já se faz presente aqui. Essa película é, por fim, uma pequena joia pouco conhecida e que merece ser redescoberta.
Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão
3.4 485 Assista AgoraTive a impressão que vi dois filmes: o primeiro remetendo à atmosfera da franquia e um outro que se transformou em um filme-matinê com todos os elementos já consagrados por clássicos do gênero como Indiana Jones. O diretor parece indeciso sobre qual caminho seguir. Saldo final, um filme fraco e que destoa da proposta de seus antecessores.
Divórcio à Italiana
4.0 22Sarcástica como o personagem de Mastroianni, essa película traz a conhecida Itália machista mas que valoriza suas "mammas", o credo que prega a retidão por meio de oráculos tortos e o casamento como instituto sacro e indissolúvel segundo as leis divinas e dos homens. Germi, faz seu povo rir de suas próprias contradições. A metalinguística homenagem à " La Dolce Vita" de Fellini é um capítulo à parte e que mostra o respeito de Germi pelo cineasta que melhor traduziu os tipos italianos para as telas.
A Garota Que Sabia Demais
3.8 36Ao fugir das narrativas aristocráticas bavianas, a última película em P&B do mestre do horror refinado, abre espaço para um despojamento narrativo que criaria as convenções do Giallo. O belo trabalho de fotografia e iluminação, marca registrada de Bava, ganha mais força graças a beleza de uma Roma turística.
Cães Raivosos
4.1 99 Assista AgoraIntenso, claustrofóbico e feroz. Uma obra incomum na carreira de um cineasta que criou gêneros.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraMiller entrega um Mad Max frenético e repleto de fúria. O frenesi provocado pela película trabalha a favor da sua atmosfera analógica e apocalíptica, factível graças aos cenários assustadoramente belos e densos e a trilha carregada. Aos espectadores, sugiro: agarrem-se às suas poltronas e embarquem nessa odisseia.
Noite Sem Fim
3.4 341 Assista AgoraA objetividade de "Noite sem Fim" trabalha a seu favor, a dispensável verborragia dos filmes do gênero não contamina esta película. Liam Neeson sabe a que veio e entrega uma atuação precisa, sem excessos de dramaticidade. Os travelings são espetaculares e, além de situarem os espectadores, ajudam a compor e deslocar a ação da trama.
Quando Eu Era Vivo
2.9 323Investir em um gênero subestimado e praticamente inexiste na produção nacional já é um desafio por si só. A obra urbana e claustrofóbica de Dutra surpreende por utilizar os shots muito mais como meio para sugerir o terror do que este em si mesmo. Assim, a apreensão aqui é causada pelas conclusões a que os espectadores são induzidos. Fugindo, desta forma, do padrão de cortes bruscos, gritos ou banhos de sangue amplamente difundidos no gênero.
Fausto
4.3 129Fausto é uma obra completa e atemporal, seus frames pictóricos são inesquecíveis. O marco expressionista, aliado à era de ouro da produção cinematográfica da UFA dão uma ideia da grandeza da produção e dos sets. Murnau entrega uma direção poderosa e autoral, controlando cada aspecto impresso nos frames, de um perfeccionismo só encontrado dentre os grandes mestres. Uma obra-prima, que como tal firmou-se e passou à posteridade.
Ricardo III
3.9 20 Assista AgoraOlivier cria aqui uma obra cinematográfica singular, talvez a que melhor tenha incorporado o espírito shakespeariano nas suas diversas transposições para o cinema. À teatralidade que conduz a narrativa, somam-se o uso expressivo das cores enfatizadas pelo Technicolor, os cenários gigantescos feitos sob medida para o uso do VistaVison e a ruptura do espaço entre a plateia e o intérprete. A força do texto exige que o espectador concentre-se na tela, que ouça e mensure a entonação dos diálogos-duelos.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542A batalha que se trava nesta película é a mais primitiva de todas: a sobrevivência. Todos têm os seus motivos para apoiar ou não a causa de Sandra, mas nenhum deles deixa de levar em conta a luta pela sobrevivência, seja por razões materiais ou morais. A peregrinação da protagonista é dolorosa porque ela sabe que mais do que renúncia, ela pede aos seus colegas humanidade. Marion Cotillard reina em cena, a direção quase documental abre mais espaço para tom realista, reforçado pela sucessão de planos abertos e contínuos.
Ida
3.7 439A fotografia exuberante em um preto e branco vívido dá o tom a esta película magistral. À narrativa, soma-se o enquadramento que dá mais espaço aos cenários do que às personagens em uma espécie de alegoria do vazio que as domina. O ritmo da película, apesar dos exíguos 82 min, é lento e contemplativo, o que não é de todo ruim, pois assim fica mais fácil inebriar-se com tanta beleza.
Um Santo Vizinho
3.7 421 Assista AgoraUm filme delicioso, com um elenco na medida certa. Nessa película descompromissada sobra espaço até para uma Melissa McCarthy mais contida. Naomi Watts rouba a cena com sua persona caricata, Bill Murray dispensa comentários, mas a surpresa fica por conta do pequeno Lieberher, o garoto não se intimida diante do elenco de veteranos e conquista seu espaço de forma promissora.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
4.2 794Ao limitar o retrato da trajetória de Martin Luther King Jr. aos fatos desencadeados em Selma, a cinebiografia apresenta um relato contundente e apurado da conquista plena da cidadania pelos negros antes segregados. A trilha sonora destaca-se como um manifesto por si só, somando-se a um elenco de veteranos e novatos que se completam em uma perfeita sintonia.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraUma história impressionante! As inserções de imagens reais do conflito ajudam a criar uma empatia maior com o que é narrado. Cumberbatch, como sempre, se destaca.