Uma temporada horrível com um elenco maravilhoso e carismático (Scarlett Harlett rainha e winner moral da temporada!). A pior parte foi a escolha dos editores e produtores de focar sempre na queen que ia mal nos desafios a cada semana; isso acabou entregando um top 3 em que nenhuma das finalistas tinha tido algo arco de desenvolvimento, ficando bastante incompleto.
Uma observação muito delicada sobre afeto no campo de masculinidades e desejos reprimidos. Mesmo com tantas tensões sendo abordadas, o clima geral de "Matthias & Maxime" é de uma calma melancólica - uma espécie de resignação que chamamos de maturidade.
Dolan já criticou a categorização de filmes como "queer" - separar filmes de temática LGBT dos outros é uma medida afirmativa ou que acaba por marginalizar ainda mais? Entendi esse filme como também uma resposta a isso: seria redutivo dizer que os conflitos entre os protagonistas se resumem à sexualidade. Não são dois amigos héteros apaixonados, nem o desejo homoafetivo é um problema em si: há outras questões, inseparáveis dessas, como a diferença familiar, de classe social, as expectativas dos outros, a amizade de infância. Optando por não focar apenas no homoerotismo, Dolan consegue "humanizar" a história contada, nos mostrando um pouco de sua visão do que seria um mundo onde rótulos não importam tanto, e mesmo assim há problemas mais profundos que distanciam as pessoas e nublam nossas intenções e vontades.
"Todas as Mulheres do Mundo" é perfeita em suas imperfeições. Pra começar, a série não é sobre seu protagonista, Paulo - como o nome diz, é sobre todas as mulheres que ele tem a sorte de conhecer durante os 12 episódios. O desenvolvimento é quase sempre forçado e os personagens, artificiais demais, munidos com uma frase de efeito na ponta da língua e sem nenhuma das preocupações que nos ocupam no dia-a-dia. Mas quem quer assistir a uma série em que as pessoas passam 3/4 do tempo no trabalho, correndo com uma lista de compras no mercado ou sem saber como fazer pra pagar o aluguel do próximo mês?
Superados esses leves estranhamentos, "Todas as Mulheres do Mundo" é um doce prazer. As figuras femininas tomam conta da narrativa, expõem sua visão do mundo e então partem, deixando que Paulo permaneça imerso em si - porque, apesar de ser descrito como um romântico pelos amigos e de se apresentar como um apaixonado crônico, Paulo nunca faz uma conexão real com as mulheres com quem se relaciona. Ele nunca muda suas atitudes, repete os mesmos argumentos durante todos os episódios e, pra mim, esse é justamente o ponto forte da série: Paulo é o protagonista-coadjuvante da história das mulheres que dão título a cada episódio, é sempre conduzido por elas e, sozinho, a série não anda - justamente porque essas mulheres são as reais heroínas da trama, as forças-motrizes que orbitam ao redor de Paulo e que dão sentido à sua vida.
A trama é linear mas não pode ser interpretada de maneira literal - os "relacionamentos" são alegorias que expõe diversas visões de amor, diferentes formas de construção e de interação entre os envolvidos. Algumas fazem sentido pra gente, outras são mera abstração que só funciona nesse Rio de Janeiro ficcionalizado, mas todas são tratadas da mesma forma delicada e poética.
Não perca seu tempo pensando no Paulo: "Todas as Mulheres do Mundo" não é sobre ele, e sim sobre as contradições e complexidades de toda forma e tentativa de relacionamento nos dias de hoje.
Destruíram o núcleo do Francis com a escolha de mandá-lo pro Alasca. Por outro lado, o Dewey mais maduro e consciente do quanto sofre na família rendeu episódios muito engraçados.
"Logo este filme também acabará, então você poderá esquecer alguém como eu - porque eu não me importo se a vida que começar depois disso for normal, daquelas que nunca viraria um filme ou coisa do tipo."
Temporada mais fraca até agora, com os primeiros episódios ficando extremamente forçados. Depois começa a engrenar e a season finale é maravilhosa (com Colin Meloy e Jeff Tweedy!). Divertido acompanhar o desenvolvimento dos personagens, mas muitos perderam a graça - com exceção do casal Andy e April. Ansioso pra temporada final, que vem em boa hora pois parece não haver muito mais o que contar sobre Pawnee.
There will be wise men singing, bringing you love Now it's the precious summertime Hand in pocket, bright light Wild Tigers I Have Known They send me down, messing around
"Mommy" é uma experiência essencialmente dolorida. Fácil sentir empatia por Die e Steve, mãe e filho que constantemente tentam demonstrar o amor que sentem um pelo outro e acabam provocando dor (às vezes, intencionalmente); por Kyla, a vizinha de presença sutil, sempre solícita, delicada, emocionalmente rachada, que ironicamente surge tratando das feridas de Steve e, no desenrolar da trama, encontra um caminho para a própria cura (na medida em que isso é possível), ainda que seja um caminho doloroso. A dinâmica dos três facilmente oscila entre o útil e o disfuncional e é desgastante, mas a beleza das cenas faz valer a pena.
Destaques para a cena em que o Steve 'liberta' os três do claustrofóbico quadrado 1:1 ao som de "Wonderwall". Para o devaneio da Die e de seu 'final feliz' -mas, para isso, ela precisaria ser uma mãe melhor; ele, um filho melhor; um mundo melhor-. Para os agora vintage celulares flip. Para a despedida de Kyla e para as palavras ditas com tanta sinceridade ("eu nunca abandonaria minha família"), enquanto Die sufoca o choro escondida atrás das cortinas com o cordão "Mommy" reluzindo, desolado.
Só estranhei a trilha da cena final, destoando da aura 90's do resto do filme, até que meu amigo sabiamente me apontou que não havia música melhor, afinal, "we were born to 'Die'".
Perfeito para se desconectar da realidade e se identificar com alguns fragmentos desconexos das vidas dessas quatro mulheres tão diferentes que moram do outro lado do mundo. E, sem perceber, se pegar desejando "que elas sejam felizes".
Me lembrou bastante de "tokyo.sora", do Hiroshi Ishikawa.
O primeiro episódio foi bem plástico, assim como São Francisco: pessoas bonitas com pequenos problemas de relacionamento e que se dão muito bem no fim. Não convenceu muito, mas vamos esperar, né.
"That is because no one could ever hate me as much as I hate myself, okay. So any mean thing someone's gonna think of to say about me, I've already said to me, about me, probably in the last half hour."
O sentimentalismo e a nostalgia chegam ao fim em um 'bittersweet happy ending'. É normal sentir como se as quase oito horas da trilogia correspondam aos seis anos que se passaram desde o primeiro filme? Da mesma maneira como no começo, a despedida consiste em observar o sol poente tingir a cidade. E ninguém deveria ficar sozinho ao observar o sol se por.
Um excelente romance de formação inevitavelmente comparável ao "Apanhador no Campo de Centeio". Completamente emocional sem cair na pieguice. Desolador. Infinito.
RuPaul’s Drag Race UK (3ª Temporada)
3.3 29Uma temporada horrível com um elenco maravilhoso e carismático (Scarlett Harlett rainha e winner moral da temporada!). A pior parte foi a escolha dos editores e produtores de focar sempre na queen que ia mal nos desafios a cada semana; isso acabou entregando um top 3 em que nenhuma das finalistas tinha tido algo arco de desenvolvimento, ficando bastante incompleto.
E claro, as decisões horríveis de
desafio sem vencedoras e eliminação dupla injustificada num lipsync bastante razoável
contribuíram pro gosto amargo que essa temporada deixou. Espero que sirva de lição pra temporadas melhor planejadas no futuro.
Matthias & Maxime
3.4 132 Assista AgoraUma observação muito delicada sobre afeto no campo de masculinidades e desejos reprimidos. Mesmo com tantas tensões sendo abordadas, o clima geral de "Matthias & Maxime" é de uma calma melancólica - uma espécie de resignação que chamamos de maturidade.
Dolan já criticou a categorização de filmes como "queer" - separar filmes de temática LGBT dos outros é uma medida afirmativa ou que acaba por marginalizar ainda mais? Entendi esse filme como também uma resposta a isso: seria redutivo dizer que os conflitos entre os protagonistas se resumem à sexualidade. Não são dois amigos héteros apaixonados, nem o desejo homoafetivo é um problema em si: há outras questões, inseparáveis dessas, como a diferença familiar, de classe social, as expectativas dos outros, a amizade de infância. Optando por não focar apenas no homoerotismo, Dolan consegue "humanizar" a história contada, nos mostrando um pouco de sua visão do que seria um mundo onde rótulos não importam tanto, e mesmo assim há problemas mais profundos que distanciam as pessoas e nublam nossas intenções e vontades.
Todas as Mulheres do Mundo
3.7 124"Todas as Mulheres do Mundo" é perfeita em suas imperfeições. Pra começar, a série não é sobre seu protagonista, Paulo - como o nome diz, é sobre todas as mulheres que ele tem a sorte de conhecer durante os 12 episódios.
O desenvolvimento é quase sempre forçado e os personagens, artificiais demais, munidos com uma frase de efeito na ponta da língua e sem nenhuma das preocupações que nos ocupam no dia-a-dia. Mas quem quer assistir a uma série em que as pessoas passam 3/4 do tempo no trabalho, correndo com uma lista de compras no mercado ou sem saber como fazer pra pagar o aluguel do próximo mês?
Superados esses leves estranhamentos, "Todas as Mulheres do Mundo" é um doce prazer. As figuras femininas tomam conta da narrativa, expõem sua visão do mundo e então partem, deixando que Paulo permaneça imerso em si - porque, apesar de ser descrito como um romântico pelos amigos e de se apresentar como um apaixonado crônico, Paulo nunca faz uma conexão real com as mulheres com quem se relaciona. Ele nunca muda suas atitudes, repete os mesmos argumentos durante todos os episódios e, pra mim, esse é justamente o ponto forte da série: Paulo é o protagonista-coadjuvante da história das mulheres que dão título a cada episódio, é sempre conduzido por elas e, sozinho, a série não anda - justamente porque essas mulheres são as reais heroínas da trama, as forças-motrizes que orbitam ao redor de Paulo e que dão sentido à sua vida.
A trama é linear mas não pode ser interpretada de maneira literal - os "relacionamentos" são alegorias que expõe diversas visões de amor, diferentes formas de construção e de interação entre os envolvidos. Algumas fazem sentido pra gente, outras são mera abstração que só funciona nesse Rio de Janeiro ficcionalizado, mas todas são tratadas da mesma forma delicada e poética.
Não perca seu tempo pensando no Paulo: "Todas as Mulheres do Mundo" não é sobre ele, e sim sobre as contradições e complexidades de toda forma e tentativa de relacionamento nos dias de hoje.
Malcolm (3ª Temporada)
4.2 8 Assista AgoraDestruíram o núcleo do Francis com a escolha de mandá-lo pro Alasca. Por outro lado, o Dewey mais maduro e consciente do quanto sofre na família rendeu episódios muito engraçados.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraDa próxima vez que eu quiser ver um sermão de duas horas, vou pra missa mesmo.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraIs it a video?
100 Yen Love
3.7 20"Logo este filme também acabará, então você poderá esquecer alguém como eu - porque eu não me importo se a vida que começar depois disso for normal, daquelas que nunca viraria um filme ou coisa do tipo."
Parks and Recreation (6ª Temporada)
4.3 108Temporada mais fraca até agora, com os primeiros episódios ficando extremamente forçados. Depois começa a engrenar e a season finale é maravilhosa (com Colin Meloy e Jeff Tweedy!). Divertido acompanhar o desenvolvimento dos personagens, mas muitos perderam a graça - com exceção do casal Andy e April. Ansioso pra temporada final, que vem em boa hora pois parece não haver muito mais o que contar sobre Pawnee.
Tigres Selvagens
3.8 48There will be wise men singing, bringing you love
Now it's the precious summertime
Hand in pocket, bright light
Wild Tigers I Have Known
They send me down, messing around
Mommy
4.3 1,2K Assista Agora"Mommy" é uma experiência essencialmente dolorida.
Fácil sentir empatia por Die e Steve, mãe e filho que constantemente tentam demonstrar o amor que sentem um pelo outro e acabam provocando dor (às vezes, intencionalmente); por Kyla, a vizinha de presença sutil, sempre solícita, delicada, emocionalmente rachada, que ironicamente surge tratando das feridas de Steve e, no desenrolar da trama, encontra um caminho para a própria cura (na medida em que isso é possível), ainda que seja um caminho doloroso. A dinâmica dos três facilmente oscila entre o útil e o disfuncional e é desgastante, mas a beleza das cenas faz valer a pena.
Destaques para a cena em que o Steve 'liberta' os três do claustrofóbico quadrado 1:1 ao som de "Wonderwall". Para o devaneio da Die e de seu 'final feliz' -mas, para isso, ela precisaria ser uma mãe melhor; ele, um filho melhor; um mundo melhor-. Para os agora vintage celulares flip. Para a despedida de Kyla e para as palavras ditas com tanta sinceridade ("eu nunca abandonaria minha família"), enquanto Die sufoca o choro escondida atrás das cortinas com o cordão "Mommy" reluzindo, desolado.
Só estranhei a trilha da cena final, destoando da aura 90's do resto do filme, até que meu amigo sabiamente me apontou que não havia música melhor, afinal, "we were born to 'Die'".
O Sussurro dos Deuses
3.8 5Perturbador.
Strawberry Shortcakes
4.1 1Perfeito para se desconectar da realidade e se identificar com alguns fragmentos desconexos das vidas dessas quatro mulheres tão diferentes que moram do outro lado do mundo. E, sem perceber, se pegar desejando "que elas sejam felizes".
Me lembrou bastante de "tokyo.sora", do Hiroshi Ishikawa.
E nossa, como me senti aliviado na cena do funeral ao ver que não era a Akiyo.
blue
3.7 5Delicado.
Looking (1ª Temporada)
4.0 378 Assista AgoraO primeiro episódio foi bem plástico, assim como São Francisco: pessoas bonitas com pequenos problemas de relacionamento e que se dão muito bem no fim. Não convenceu muito, mas vamos esperar, né.
Petal Dance
3.9 6sayonaraba
Parks and Recreation (4ª Temporada)
4.5 133Adorei o amadurecimento da April durante a temporada, completamente natural e a deixando ainda mais engraçada. Minha favorita. <3
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraSuper rich kids with nothing but loose ends
Super rich kids with nothing but fake friends
Girls (1ª Temporada)
4.1 315"That is because no one could ever hate me as much as I hate myself, okay. So any mean thing someone's gonna think of to say about me, I've already said to me, about me, probably in the last half hour."
That one time I strongly related to Hannah.
The Outs (1ª Temporada)
4.4 11Sometimes it's over but you're not over it.
Não Minha Filha, Você Não Irá Dançar
3.3 94Eu sou a Lena. Não, eu não irei dançar.
Catfish
4.0 346"Não importa que seja real, desde que seja verdadeiro".
O Sol Sempre se Põe na Terceira Rua 3
3.8 1O sentimentalismo e a nostalgia chegam ao fim em um 'bittersweet happy ending'. É normal sentir como se as quase oito horas da trilogia correspondam aos seis anos que se passaram desde o primeiro filme?
Da mesma maneira como no começo, a despedida consiste em observar o sol poente tingir a cidade. E ninguém deveria ficar sozinho ao observar o sol se por.
Maundy Thursday
3.9 8"Acho que o que as pessoas que cometeram crimes precisam não é punição, mas ao invés disso conhecer a dor de serem perdoadas".
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraUm excelente romance de formação inevitavelmente comparável ao "Apanhador no Campo de Centeio". Completamente emocional sem cair na pieguice. Desolador. Infinito.