Uma das coisas que faz “As Memórias de Marnie” ser um filme tão maravilhoso é sua capacidade de trabalhar a dualidade no espectador mais sério. Considero-me um cara meio chato pra cinema ás vezes, principalmente quando o filme é muito melancólico, mas isso não acontece neste. Durante o filme, me envolvi fortemente com Marnie e Anna, e pude entendê-las do início ao fim da longa. Seus sentimentos, amizades e aventuras entraram fortemente no meu coração, mas ao mesmo tempo em que aproveitava a leveza de um amor na juventude, encarado de maneira natural e séria, pude também analisar, ao mesmo tempo, uma visão extremamente contrária durante o filme: a de que Marnie, provavelmente, não era real. Tudo indicava isso, que Marnie era ou sobrenatural, ou fruto da imaginação de Anna. Pode-se sentir uma conexão forte com as duas, até de certo modo romântica. Isso me fez querer sempre investigar a origem de Marnie, mas ao mesmo tempo, "shippar" as personagens, mesmo sabendo que uma delas pode não ser real. Fica ai então a dualidade: saber que Marnie pode ser algo imaterial, mas querer uma relação material com as personagens.
Esse duplipensamento me fez ver o filme sempre com olhos diferentes. Estava ou feliz, melancólico, cético, decepcionado... Enfim, a avalanche de emoções com quem se emociona fortemente com uma personagem. Acabou sendo uma experiência marcante demais para mim.
Mas, julgam mal aqueles que pensam que o amor que Anna sentia por Mernie era puramente romântico. O amor era a primeira vista, elas desde o primeiro olhar já sabiam que estavam conectadas. E o amor permanece mesmo depois de saber que era sua avó. O amor vive em uma forma sublime, e talvez, ele sempre foi assim: um amor longe de desejo, longe do beijo, (algo que o Studio Ghibli raramente ou nunca usa), um amor feito no estar presente e no não estar presente. É um amor focado nas emoções sentidas, na capacidade de amar um ser humano e saber que trocas e favores estão longe da realidade, e que o compromisso é visto não como algo que faz perder o tesão a vida, mas que remete a vida em si, e torna o ser mais propenso a humanidade. O amor que transforma. O amor que nos faz ser. O amor sublime. E um amor que, não necessariamente, está preso as camadas do tempo e do espaço. Este amor faz Anna ver beleza na vida, e reconhecer o amor de sua mãe adotiva. O amor transformando o ser.
Gene Hackman teve uma atuação tão fantástica quanto á direção e o roteiro de Coppola, que misturou os gêneros cinematográficos, indo de drama psicológico até suspense no mesmo filme.
O modo como o personagem de Gene é desconexo das suas ações e dos outros á sua volta, como se escondesse algo no fundo de si, e como ele rejeita contato e exteriorização dos sentimentos é frio e deliciosamente bem feito. A atuação junto com os diálogos (e a falta deles) fazem uma representação fantástica da paranoia de um homem moderno.
Sem contar na belíssima e curiosa conversação, a maior personagem do filme... parece que a mente de Harry Caul é um tocador de fitas, no qual a conversa principal se repete infinitamente, o perseguindo da mesma maneira que a culpa pelos assassinatos que ocorreram. A dor do passado é dura e inigualável com qualquer lástima presente, e a redenção é um tema chave neste longa.
Dentro de um ângulo, podemos considerar Fink (nome escolhido á dedo, aliás) como uma vítima no mundo hollywoodiano: um artista que quer expressar a beleza de seus pensamentos interiores, que está preso em mundo onde sua capacidade artística é limitada pelo poder da grandes corporações do mundo de entretenimento, visando ter não uma obra, mas um produto que venda bem. Um homem querendo fazer arte num mundo que inverteu o papel da mesma, tornando ela mero entretenimento.
Entretanto, pode-se ver também o Fink arrogante, que, dentro de um surto da sua própria genialidade, é mostrado um mero ignorante da classe que diz representar, onde, ao tentar fazer um filme para o homem comum, se encontra num cenário onde ele não conhece tal homem, fazendo ele negar seu próprio desconhecimento, e dizer estar "faltando inspiração". A realidade é que, talvez, Fink utilizasse o "homem comum" como artificio artístico, e por mais que o conceito seja mais bonito do que é na teoria, na prática, ele é só mais um querendo expressar seus sentimento mais íntimos a partir de sua arte, através de um discurso questionável. A ironia nisso tudo é que o homem comum não se importa a miníma com os escritos que Fink faz, e que o filmes e as obras que esta classe procura sejam os "filmes B", que nosso personagem tem tanta dificuldade de escrever.
Algo recorrente na filmografia dos Coen, o final de seus filmes tentam fazer uma síntese de todo conteúdo passado, e queo humor e drama que este transmitiu durante sua exibição tem um fundo reflexivo e ás vezes crítico, sendo este final geralmente de difícil interpretação. Ao meu ver, as últimas cenas quiseram representar, através do conceito do quadro, que Fink durante o filme tentar observar para ter tal inspiração, justamente isso: a inspiração que o personagem diz ter, no homem comum, na simplicidade. Porém, ele durante quase todo o filme só tinha menos que a noção; o senso comum sobre essa inspiração, ou seja, só tinha a mimésis desta á sua frente. No final, ele encara ela frente a frente, e percebe como ela é bela realmente, e que nunca tinha parado para apreciar a realidade da "realidade".
Barton Fink é um filme sobre a indentidade do artista moderno, quem é esse artista, como esse artista se comporta diante da sociedade corporativista, como ele é julgado pelos outros, como ele é manipulado e usado, e principalmente, quer discutir se o artista sabe de quem fala, se o homem que compõe os dramas sobre a vida realmente viveu a vida que tanto proclama em sua arte. Uma obra prima sensacional dos Coen, que propõe falar sobre o próprio utilidade da arte e do transmissor dela.
Uma mistura cômica e intrigante de Ruby Sparks e Solaris, entretanto, não tendo o mesmo tom deste último.
Esperava algo mais parecido com Coherence, mas esses dois filme que citei me remeteram mais esse The One I Love. Bem divertido, e leva á umas reflexões parecidas com as de Ruby Sparks.
Fica estranho falar de filosofia nos tempos modernos. Porém certamente é algo presente, mas como não existe coisa mais "pop" que filosofia atualmente, e em uma época em que todos são filósofos, Terrence Melick só veio usar o cinema como meio de expressar um manifesto de seus próprios pensamentos em uma verdadeira exposição de suas ideologias e visões de mundo, algo que se pode perceber em seus outros filmes, mas este aqui representa um verdadeiro trunfo no que se diz a respeito de filosofia no cinema contemporâneo, lembrando muito Tarkovski, e, curiosamente, esta jóia do Melick possui uma abordagem espiritual muito parecida com a do diretor russo.
Assim como "Assim Falou Zaratustra", que é a suma de todo trabalho filosófico de Nietzsche, "A Árvore da Vida" é a visão de Terrence sobre a existência, a transcendência, o surgimento do universo e da vida, além de procurar discutir questões relacionados á Deus e o homem, e, principalmente, do papel da retribuição nessa relação, contado de maneira inclusive parecida como no livro do Alemão, através de um enredo com caráter menos literário e mais reflexivo/expressivo.
Terrence Melick já foi professor de filosofia e certamente tem conhecimento sobre a área, mas a maneira que o filme foi realizado é magnifica. A filosofia da "Graça e da Natureza", que mostra basicamente que não só o homem, mas TODAS as criações de Deus, inclusive seres inanimados como pedras ou minérios, vivem ou pelo individualismo (natureza), ou pela misericórdia e altruísmo (graça, que inclusive, no latim, a palavra correspondente á "Caridade" é "chàris", que significa nada mais nada menos que graça). Essa filosofia é mostrada através de imagens da criação do universo, de como ele pode ser belo e caridoso criando-nos, mas também pode ser "mal" com as cenas do vulcão, que podem fazer o mal á todos;um dinossauro marinho fora d'água com um enorme corte na barriga, representado que este é a sobra de uma presa(ou talvez não);a bondade de um animal carnívoro deixando sua presa viver; além de, obviamente, do contraste desses dois extremos no dualismo representado pelos pais do Jack, que não passam de símbolos para representar a grande filosofia do filme.
Disser em textos tudo o que Árvore da Vida quer transmitir não passa de perda de tempo. O mínimo que faço aqui é quase um crime ao pensamento de Terrence. Deixo meus parabéns pela contribuição de Terrence a filosofia, ao cinema, á fotografia e a arte em geral por alcançar um patamar invejável na categoria de "Drama filosófico".
Bela bosta. Provavelmente o pior filme do ano. Um filme do Adam Sandler com cg fraca, e com piadas tão ruins quanto a atuação do Kevin James como presidente. Não sei como um Lannister aceitou fazer parte disso.
O mais interessante no longa de Terrence é como o filme em si nunca julga as ações dos personagens como errada ou antiética. O tom é muito natural e todas as ações tem que ser julgadas pelo telespectador. Provavelmente, vai continuar sendo uma joia escondida.
Uma ótima estréia, de fato, mas não deixa de ser uma das experiências mais intrigantes e ousadas dos anos 70, onde a morte de um peixe traz mais dor do que a morte de um pai...
Assim como o busto provavelmente pertencente á algum filósofo grego, ao qual eu ainda não identifiquei a quem este rosto realmente pertence (gosto de pensar que é Sócrates), que hora ou outra aparece durante a trama, quer mostrar um lado completamente novo que veio na filosofia pós-socrática: a do homem no centro da filosofia, não a natureza.
De fato, o homem procura pelo entendimento do espaço, como ele funciona, porque ele existe e junto com isso, porque Solaris se comporta do jeito que é e porque raios o ser mais inteligente que encontramos é um mar, e não um ser bípede, com encéfalo super-desenvolvido e com dedo indicador.
Isso se reflete ainda mais neste esplendido diálogo do filme:
"Não queremos conquistar o espaço. Queremos expandir a Terra infinitamente. Não queremos novos mundos; queremos um espelho. Buscamos um contato que jamais alcançaremos. Estamos na tola posição de um homem lutando por um objetivo que teme e não deseja. O homem precisa do homem!"
Pois então, assim como em uma das capas do filme, o homem só quer um espelho, e quando o encontra, não sabe nem dizer se aquilo é um espelho dele mesmo. Conclui-se então, que o o tripulante da nave na verdade descobre que precisa de outro ser para existir, e que a novo "ser vivo" criado pela inteligência alienígena descobre que "ser é ser percebido", e que enquanto ela não é percebida como ser humano, sua existência se encontra em estado indefinido.
Uma obra simplesmente fantástica de Tarkovsky. Todo seus méritos são reais, aliás, exceto um: não o considero um "2001 soviético", e sim mais um "anti-2001".
Só de ver essa obra maravilhosa do Andrei Tarkovsky, já se pode notar uma grande carga que esse diretor acrescenta em diálogos. As falas do personagem são tão poderosas, que quando você menos espera uma destas te pega de surpresa durante o filme, e alastra toda a alma do ouvinte... Quase como se o filme fosse uma grande poesia, repleta de imagens e sons para acompanhar as últimas 1 hora e meia, que fazem de filme um que já era um incrível sci-fi pós apocalíptico em um incrível sci-fi pós apocalíptico, filosófico, poético, humanista e existencialista.
Ele pode ter um início "lento", mas sinto que consegue fluir bastante para te levar á Zona, e conseguir perceber a beleza e a ironia de um cientista, um artista e um "crente" estarem procurando somente pelo mesmo objetivo, realizar seus sonhos... no final, isso mostra que não somos tão diferentes assim. O que leva uma pessoa a acreditar em tal divisão do conhecimento não torna elas inferiores ou muito menos uma espécime de ser superior do sentimento e do conhecimento nato do Homo Sapiens. Isso só te torna um humano pensante, e poucas coisas vão te fazer superar isso. E a busca pelo sentimento da importância e da felicidade são alguns dos milhares de temas abordados neste filme. Uma aula de filosofia, que vai perdurar durante a eternidade da arte cinematográfica.
Esse aqui é, sem dúvida, uma das obras mais importantes do cinema.
A atuação do Peter é memorável. Você não precisa de um flashback contando o passado do personagem, ou um diálogo expositório fora de contexto. A gente sabe quem é Lawrence nos primeiros 10 minutos de filme, só pelas suas peculiaridades e estranhezas.
E, conforme o filme passa, seu estado de progressão que começa com um personagem estranho mas com um ar de gênio dentro dele, e intercepta de momentos de grandeza de além-homem, sendo adorado pelo seu povo, passando para uma criatura endemoniada dentro de um ser humano, terminando com um homem que recebeu um enorme cargo militar, mas perdeu seu status de divindade.
Isso fica claro na atuação até certo ponto "exagerada" do Peter e nas ações do personagem.
" I'm not hurt at all. Didn't you know? They can only kill me with a golden bullet."
Cena fantástica, mostrando como o personagem virou um ser "imortal": https://youtu.be/IBeMUoMTeZo
A história de um homem que virou um Deus, passou pelo céu e pelo inferno, viu a tristeza de seu estado e voltou a ser um humano novamente. Mal ele sabia que, como mostra a cena final do filme, ele sentiria falta da sensação de poder e admiração.
O cachorro é o elo que nos une, nosso traço de humanidade que ainda existe em nossos amargos corações.
Assim como "No Country for Old Men", quer mostrar a perda de valores e como isso influência nossa perda de humanização e compaixão nas relações sociais. Acho que não é um filme fácil de se ver, mas é uma das melhores coisas que já saiu do cinema latino. Preciso ver o resto da trilogia, mas já admiro muito o diretor pelo excelente trabalho neste (em "Biutiful" e "Birdman" também).
A genialidade da história e suas conexões para mostrar que nossas vidas tem mais ligações do que se parece, que tudo é uma grande orquestra de acontecimentos inter-relacionados que nunca param e como afetamos a vida de quem nem conhecemos. Impossível não lembrar de Pulp Fiction vendo esse filme, mas ambos merecem ser analisados individualmente por seus méritos. O modo como os irmãos se tratam, tanto o da primeira história e na da última, e como essa perda de companheirismo é uma realidade, é simplesmente algo chocante.
Os amores que "justificam" a violência, desprezo e egoísmo nos nossos corações. Tocante, real, e "bruto".
Excelente estudo de personagem de Nicolas Refn, que deu um show em Drive também.
Certos momentos simplesmente não sabemos o que esse personagem é capaz de fazer. Completamente imprevisível e niilista, Charles Bronson dá uma revivida no gênero da "violência romantizada", tão conhecida pelo público por "Laranja Mecânica", sendo até possível ver detalhes e situações que ambos os filmes compartilham.
A visão de um homem que só consegue se expressar pelo mundo através da violência, sendo que esta visão perturbada pode causa desconforto em quem assiste, mas é uma experiência 100% válida para quem curte o gênero.
Vale mencionar a câmera anormal de Refn, e a abertura fantástica do filme.
Afinal, é a vida que imita a arte, ou a arte que imita a vida?
A frase no espelho do camarim do Riggan realmente mostra o que o filme quer falar pros telespectador. E nosso protagonista tinha isso literalmente NA SUA CARA em mais da metade do filme, ele tinha uma ideia que ia totalmente contra seus atos durante todo filme, e mesmo assim ele tenta seguir o sonho de uma peça que como dito pela sua própria filha, é uma tentativa de voltar pros seus anos de sucesso.
E talvez o que torne esse filme brilhante seja o fato dele literalmente brincar com seus atores, dá pra realmente acreditar que os atores passam pelas situações. Porque?
Michael Keaton fez o Batman nos anos 90, assim como Birdman também fez sucesso na mesma epóca, e curiosamente os dois personagens recusaram fazer o terceiro filme de suas franquias.
Edward Norton é conhecido por ser um ator que é "dificíl" de trabalhar, e seu personagem no filme também apresenta um comportamento similar. Tanto que ele leva muito a sério o fator de atuação.
E isso que é Birdman. Uma carta de amor aos atores não só de cinema, mas de teatro também e á experiência de atuar. Quem não lembra do famoso caso do Heath Ledger, o coringa que "supostamente" se matou por ficar louco pelo seu papel, como se o personagem continuasse dentro do ator. E muitos outros atores relataram experiências parecidas.
Senti nesse filme uma crítica muito boa á indústria cinematográfica em geral, e ao modo como pessoas lidam com. Senti falta de mais críticas ao Oscar e premiações não tão justas (porque será, hein?). A obra ainda brinca com o papel do crítico na indústria. Porém, por mais de críticos serem apenas "criadores de rótulos", senti que no fundo, talvez Keaton se importe com esses tais rótulos.
No mais, o filme do ano na minha opinião. Simplesmente genial.
Não precisamos de efeitos especiais. Não precisamos de um plot que remete á violência banalizada para chamar á atenção. Você precisa de uma câmera e uma ideia. Isso e uma boa história pra se expressar na sétima arte. Só isso.
Talvez a simplicidade geral desse filme que me diz o porque amo tanto cinema. Esse filme se passa numa corte em 1957. Mas todos os seus aspectos são tão atuais que assustam. São pessoas que você já conhece. Personalidades e jeitos do dia-a-dia. Até o preconceito mostrado no filme é atual e correspondente á alguma identidade das nossas vidas. Talvez o que faça esse filme tão interessante seja o fato dele ser filmado num só cenário.
É basicamente "Discussão:O filme".
Mas ao mesmo tempo não é.
O filme remete á tantas situações, tantas questões éticas e questões ATEMPORAIS, que faz ele difícil de não gostar. Isso mesmo. Essa sinopse pode parecer a coisa mais chata do mundo, mas a maneira que o filme te prende e te faz pensar, com tão baixo custo é surpreendente. Acho que o cinema precisou de mais obras assim durante sua vida. Hoje em dia vai ser difícil ver um "filme-peça" que nem esse nas telonas. Talvez não venda mais. Talvez nunca tivesse vendido. Mas foi umas das experiências mais fantásticas em cinema que já vi.
É, acho que o filme perfeito pra cada pessoa já tenha sido feito. Já tenha sido pensado. Penso que o meu, pra ser sincero, foi "Her" (2013). Mas "12 homens e uma Sentença" veio num momento certo na minha vida. Faz você pensar duas vezes sobre as suas opiniões políticas. Faz você pensar antes de recorrer a barbárie em qualquer situação (e faz você perceber que quem faz isso geralmente não sabe o que falar). Faz você rever sobre seu conceito de justiça, sobre quem tem o direito de tirar a vida de alguém ou não. E, principalmente, faz você lembrar porque cinema é tão lindo.
Ta aí um filme que merece um pouco mais de reconhecimento. Talvez este seja o melhor filme que fala de preconceito que eu já vi. Em tempos de violência em massa contra os negros no Estados Unidos, esse filme é um bom modo de mostrar que nem sempre tudo é o que parece. É um filme bem neutro no assunto, na minha opinião. Os negros não são "os bonzinhos" e os brancos são "os vilões da humanidade" sabe? (estou olhando pra você, 12 anos de escravidão)
É um filme humano nesse sentindo. Não é o branco, o negro, o mexicano ou o asiático que é preconceituoso em particular. O ser humano é que é. Todos somos. O preconceito faz parte de nossas vidas e temos que simplesmente aprender a conviver com ele.
Recomendo á todos, é um filme bonito demais e que todos podem apreciar e sacar e mensagem. Fato curioso : vi esse filme com meu pai quando tinha 9 anos com meu pai do lado, e até hoje algumas cenas ainda ficam na minha cabeça. Bom demais!
Desculpa discordar de alguns aqui, mas eu realmente vejo que o filme não fica do lado de ninguém. No final vemos que os negros culparam o Sal pelos atos contra o cara do Rádio. Fala sério, vocês acham que ele merecia ter sua loja destruída? E não deu pra perceber que algumas pessoas nem sabiam do que se tratava da situação, mas simplesmente queriam ver o circo pegar fogo? O aglomerado de pessoas aumentou tanto que ficou claro que muitos "maria vai com os outras" estavam no meio da baderna.
Então, no final, mostrou uma coisa que todos os seres humanos tem, independente da sua cor : a necessidade de fazer justiça com as próprias mãos. A cena da destruição da loja é uma cena realmente tocante, e nunca vai sair da minha cabeça.
Vale lembrar as cenas que Buggin' Out exige fotos de negros na pizzaria, mas depois reclama de um branco morando no seu bairro, pois é "seu bairro, no seu lado da rua". É uma contraposição de idéias muito boa, isso só mostra como a direção de Spike Lee foi inteligente, e perspicaz.
Ninguém está salvo do preconceito e esse filme me ensinou isso de maneira direta, com bons atores e uma trilha sonora fenomenal.
Esse filme tem uma carga emotiva muito grande. Quase que inexplicável o motivo de assistir ele. Eu vi sem saber ABSOLUTAMENTE nada sobre a história, nem a sinopse eu li. Olhem pro pôster e pensem o que quiserem á respeito dele. Acredite, vale muito mais á pena fazer desse jeito.
Mas posso dizer que é algo simplesmente fascinante. Sem palavras pra descrever esse longa.
Esse filme não segura sua mão em quesito de narrativa. Isso pode ser algo ruim, mas acompanhe esse pensamento:
Sabe quando em outros filmes, onde tem um período entre o segundo e o terceiro ato, onde tudo rola de ruim com o personagem principal, e a vida dele vira uma completa merda, e ele tenta refletir sobre os seus erros e tenta resolver a vida dele?
Pois então, Balada de um Homem Comum é basicamente essa sequência dando voltas e voltas durante o filme inteiro. Ele te joga no meio de um período ruim pro personagem, e te traz narrativas muito interessantes ao redor do mundo dele.
Sabe, o personagem sabe que ele tá numa situação ruim, e ele está confortável com tudo isso. Ele sabe que ele tá com muitos problemas mas não parece tentar realmente se esforçar para resolver eles.
Sem falar que existem várias cenas que não parecem fazer o MENOR sentido, mas olhando pela segunda vez são importantes pra entender o roteiro. Acho que tem alguma coisa á ver com esses diretores, é meu primeiro filme dos "irmãos Coen".
Além disso, Llewyn Davis é um completo babaca.
Mas é um babaca que você sente pena, bem no fundo. É um filme bem engraçado, mas ao mesmo tempo bem depressivo, mas o tipo de depressão que você pode simpatizar.
Se queres ter uma boa prova de interpretação artística no cinema, acredito que esse é o filme pra você. É um tipo de filme que pode levar a horas de discussão e ser analisado cena-a-cena. Nada é o que realmente parece nele.
Acabas descobrindo um pouco mais da vida de quem tentou ariscar tudo pra fazer o que gosta, mas acaba tendo que lidar com aquele papo de que "trabalho é sempre trabalho".
Tônico Pereira e Paulo José estavam demais, as cenas de filmagem do filme deles foram hilárias, e o Lázaro Ramos chegou de maneira ótima no meio do filme. Aquela cena da moto com o Wagner Moura, muito boa! Diálogos fantásticos como em todo filme do Furtado, e um comentário social bacana mesmo que ofuscado no meio de tudo.
Comédia ótima, não é o melhor filme do furtado, mas vem na linha metalinguística que ele andou adotando nos longas dele.
Esse é um filme muito humano. Talvez até demais. Um dos melhores e mais belos filmes que tive o prazer de ver. Consegue ser competente o bastante pra te prender até o final. Uma das melhores obras que Jack Nicholson já participou.
E é um filme divertido, mas muito mesmo. É a perfeita combinação de uma comédia e um drama sólido. Não costumo colocar comédias como favoritas, mas esse é especial.
Não tenho palavras pra descrever o elenco e as atuações. Você vai se identificar com alguns dos personagens mostrados. Além disso, o filme em sí faz vários questionamentos
e o título do filme é simplesmente sensacional. É um obra prima sem efeitos especiais caros, um enredo "inovador" ou algo do tipo. É uma história contada do jeito certo.
Chega a ser inacreditável. Mas é uma obra de arte mesmo.
Um pequeno pensamento sobre os momentos finais do filme:
A pia que o Chief pega no final do filme simboliza confiança. No inicio do filme, Jack Nicholson aposta com todo mundo que ele pode pega-lá e jogar ela na janela. O personagem dele é tão confiante que acredita que pode fazer qualquer coisa, ele é a personificação da confiança (escapar do hospital, dirigir barcos, pegar mulheres etc). Enquanto isso, Chief é o completo oposto disso (fingindo ser burro e surdo sua vida inteira pra evitar contato com o mundo). Quando o Jack Nicholson pede pra ele fugir, o Chief diz que ele não consegue, dizendo que Jack é "maior que ele", sendo que Chief nem se compara com a estatura do Jack. No final do filme, ele pega a pia e a joga pela janela, dizendo que sente "Grande como uma montanha". É o renascimento de um ser humano bem na nossa frente .
Como muitos que assistiram o filme, me senti um pouco decepcionado pelo que o filme trouxe. Acho que acabei esperando uma coisa e acabei vendo outra. Mas isso não quer dizer que você NÃO deva ver o filme. Ele tem seus momentos, e é uma sátira elegante e atual.
Tecnicamente, é um bom filme, e o estilo da animação é muito belo e original, diga-se de passagem. Não vou comentar sobre o enredo, acho que você tem que ver por si mesmo.
Se você gostou do filme, achou ele fofo etc etc... Bem, parabéns, mas eu não achei essa coca-cola toda. Para os que assistiram o filme (e SOMENTE para os que assistiram), eis o motivo:
Bem, antes de tudo... isso pode ter chegado cedo ou tarde pra você, mas sabemos muito bem que você já sabia o que ia rolar no final. Não precisava ser um gênio pra saber. Você pode ter descobrido pela metade do filme, a partir do momento que o terceiro filho deles nasce e começa a se expressar, ou antes mesmo do filme começar. Mas você sabia o que ia rolar.
Durante o filme, eles banalizam bastante a depressão e o suicídio, vemos todos na rua tristes, e a cidade é cinza e sem graça. Pessoas morrem e ninguém liga. É algo natural, tanto que existe multa pra quem se matar. Quer dizer: virou algo que aconteceu TANTAS vezes, que foi necessário criar uma espécie de impedimento para as pessoas parassem de praticar esse ato.
Ai que conhecemos á tal loja, um pouco depois do filme começar. Então, descobrimos... que se trata de um musical. Ok, isso não é um problema, e não necessariamente significa que será algo mais "infantil". Na verdade, achei muito interessante. E a primeira música é uma ótima apresentação ao universo que as personagens vivem. Sem dúvida, um dos pontos altos do filme é seu começo, um ótimo modo de "boas vindas" para esse universo fictício.
Mas ai é que está: me perguntei durante o inicio: "como esse filme vai acabar? eles não podem fazer uma propaganda sobre o suicídio... seria... imoral" Conforme o filme vai passando , ai que saquei tudo. O filho veio como uma espécie de Jesus, chegar abalando as estruturas, sendo alguém otimista, feliz, e que vê tudo pelo lado bom das coisas.
E o filme passa, músicas desnecessárias rolam, alguns momentos de reflexão pelos membros da família, questionando se vale á pena ser triste o tempo todo... E chegamos ao ponto principal. O momento que os garotos chegam de carro na loja, quebrando tudo com um som alto. Por mais bonito que essa cena possa parecer, ela simplesmente mostra como o filme foi meio imaturo para tratar o assunto.
Depressão sempre foi taxada como "frescura", sempre tem aquele colega que fala que basta você "ficar tranquilo", "sair com o pessoal" ou "pegar uma mulher" e tudo se resolve. Mas não é assim que funciona. Depressão e pessimismo não se trata com sorrisos não-espontâneos, com canções, amor e outras coisas parecidas. Depressão é uma doença séria. Nossa, até os mortos "renascem" pra dizer como eles foram bobos por terem se matado e questionado sua felicidade. O garoto quer resolver tudo de maneira simples, e tudo funciona, tudo é perfeito e maravilhoso nesse mundo... Só na ficção mesmo.
Por mais bonita que essa animação seja, não mostra como o suicídio, depressão e pessimismo existencial realmente deve ser combatidos. Eu sei, eu sei... é só uma animação, foi feito pra ser uma sátira... Mas convenhamos, felicidade, amor e compaixão não resolvem esses problemas magicamente.
O filme, ridiculariza as pessoas que sofrem disso. As pessoas ainda são meio insensíveis á depressão, e ao invés de mostrar no filme realmente, PORQUE ela acontece, o que faz as pessoas se sentirem assim... Ela os coloca em uma situação inferior, de ridicularização.
Porque é claro... todos os seus problemas vão se resolver com crepe... não é?
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista AgoraUma das coisas que faz “As Memórias de Marnie” ser um filme tão maravilhoso é sua capacidade de trabalhar a dualidade no espectador mais sério. Considero-me um cara meio chato pra cinema ás vezes, principalmente quando o filme é muito melancólico, mas isso não acontece neste. Durante o filme, me envolvi fortemente com Marnie e Anna, e pude entendê-las do início ao fim da longa. Seus sentimentos, amizades e aventuras entraram fortemente no meu coração, mas ao mesmo tempo em que aproveitava a leveza de um amor na juventude, encarado de maneira natural e séria, pude também analisar, ao mesmo tempo, uma visão extremamente contrária durante o filme: a de que Marnie, provavelmente, não era real. Tudo indicava isso, que Marnie era ou sobrenatural, ou fruto da imaginação de Anna. Pode-se sentir uma conexão forte com as duas, até de certo modo romântica. Isso me fez querer sempre investigar a origem de Marnie, mas ao mesmo tempo, "shippar" as personagens, mesmo sabendo que uma delas pode não ser real. Fica ai então a dualidade: saber que Marnie pode ser algo imaterial, mas querer uma relação material com as personagens.
Esse duplipensamento me fez ver o filme sempre com olhos diferentes. Estava ou feliz, melancólico, cético, decepcionado... Enfim, a avalanche de emoções com quem se emociona fortemente com uma personagem. Acabou sendo uma experiência marcante demais para mim.
Mas, julgam mal aqueles que pensam que o amor que Anna sentia por Mernie era puramente romântico. O amor era a primeira vista, elas desde o primeiro olhar já sabiam que estavam conectadas. E o amor permanece mesmo depois de saber que era sua avó. O amor vive em uma forma sublime, e talvez, ele sempre foi assim: um amor longe de desejo, longe do beijo, (algo que o Studio Ghibli raramente ou nunca usa), um amor feito no estar presente e no não estar presente. É um amor focado nas emoções sentidas, na capacidade de amar um ser humano e saber que trocas e favores estão longe da realidade, e que o compromisso é visto não como algo que faz perder o tesão a vida, mas que remete a vida em si, e torna o ser mais propenso a humanidade. O amor que transforma. O amor que nos faz ser. O amor sublime. E um amor que, não necessariamente, está preso as camadas do tempo e do espaço. Este amor faz Anna ver beleza na vida, e reconhecer o amor de sua mãe adotiva. O amor transformando o ser.
A Conversação
4.0 231 Assista AgoraGene Hackman teve uma atuação tão fantástica quanto á direção e o roteiro de Coppola, que misturou os gêneros cinematográficos, indo de drama psicológico até suspense no mesmo filme.
O modo como o personagem de Gene é desconexo das suas ações e dos outros á sua volta, como se escondesse algo no fundo de si, e como ele rejeita contato e exteriorização dos sentimentos é frio e deliciosamente bem feito. A atuação junto com os diálogos (e a falta deles) fazem uma representação fantástica da paranoia de um homem moderno.
Sem contar na belíssima e curiosa conversação, a maior personagem do filme... parece que a mente de Harry Caul é um tocador de fitas, no qual a conversa principal se repete infinitamente, o perseguindo da mesma maneira que a culpa pelos assassinatos que ocorreram. A dor do passado é dura e inigualável com qualquer lástima presente, e a redenção é um tema chave neste longa.
"He'd kill us if he got the chance."
Barton Fink, Delírios de Hollywood
4.0 174 Assista AgoraDentro de um ângulo, podemos considerar Fink (nome escolhido á dedo, aliás) como uma vítima no mundo hollywoodiano: um artista que quer expressar a beleza de seus pensamentos interiores, que está preso em mundo onde sua capacidade artística é limitada pelo poder da grandes corporações do mundo de entretenimento, visando ter não uma obra, mas um produto que venda bem. Um homem querendo fazer arte num mundo que inverteu o papel da mesma, tornando ela mero entretenimento.
Entretanto, pode-se ver também o Fink arrogante, que, dentro de um surto da sua própria genialidade, é mostrado um mero ignorante da classe que diz representar, onde, ao tentar fazer um filme para o homem comum, se encontra num cenário onde ele não conhece tal homem, fazendo ele negar seu próprio desconhecimento, e dizer estar "faltando inspiração". A realidade é que, talvez, Fink utilizasse o "homem comum" como artificio artístico, e por mais que o conceito seja mais bonito do que é na teoria, na prática, ele é só mais um querendo expressar seus sentimento mais íntimos a partir de sua arte, através de um discurso questionável. A ironia nisso tudo é que o homem comum não se importa a miníma com os escritos que Fink faz, e que o filmes e as obras que esta classe procura sejam os "filmes B", que nosso personagem tem tanta dificuldade de escrever.
Algo recorrente na filmografia dos Coen, o final de seus filmes tentam fazer uma síntese de todo conteúdo passado, e queo humor e drama que este transmitiu durante sua exibição tem um fundo reflexivo e ás vezes crítico, sendo este final geralmente de difícil interpretação. Ao meu ver, as últimas cenas quiseram representar, através do conceito do quadro, que Fink durante o filme tentar observar para ter tal inspiração, justamente isso: a inspiração que o personagem diz ter, no homem comum, na simplicidade. Porém, ele durante quase todo o filme só tinha menos que a noção; o senso comum sobre essa inspiração, ou seja, só tinha a mimésis desta á sua frente. No final, ele encara ela frente a frente, e percebe como ela é bela realmente, e que nunca tinha parado para apreciar a realidade da "realidade".
Barton Fink é um filme sobre a indentidade do artista moderno, quem é esse artista, como esse artista se comporta diante da sociedade corporativista, como ele é julgado pelos outros, como ele é manipulado e usado, e principalmente, quer discutir se o artista sabe de quem fala, se o homem que compõe os dramas sobre a vida realmente viveu a vida que tanto proclama em sua arte. Uma obra prima sensacional dos Coen, que propõe falar sobre o próprio utilidade da arte e do transmissor dela.
Complicações Do Amor
3.6 215 Assista AgoraUma mistura cômica e intrigante de Ruby Sparks e Solaris, entretanto, não tendo o mesmo tom deste último.
Esperava algo mais parecido com Coherence, mas esses dois filme que citei me remeteram mais esse The One I Love. Bem divertido, e leva á umas reflexões parecidas com as de Ruby Sparks.
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraEm suma, Árvore da Vida é um filme de caráter filosófico com enredo e imagens simbólicas.
Fica estranho falar de filosofia nos tempos modernos. Porém certamente é algo presente, mas como não existe coisa mais "pop" que filosofia atualmente, e em uma época em que todos são filósofos, Terrence Melick só veio usar o cinema como meio de expressar um manifesto de seus próprios pensamentos em uma verdadeira exposição de suas ideologias e visões de mundo, algo que se pode perceber em seus outros filmes, mas este aqui representa um verdadeiro trunfo no que se diz a respeito de filosofia no cinema contemporâneo, lembrando muito Tarkovski, e, curiosamente, esta jóia do Melick possui uma abordagem espiritual muito parecida com a do diretor russo.
Assim como "Assim Falou Zaratustra", que é a suma de todo trabalho filosófico de Nietzsche, "A Árvore da Vida" é a visão de Terrence sobre a existência, a transcendência, o surgimento do universo e da vida, além de procurar discutir questões relacionados á Deus e o homem, e, principalmente, do papel da retribuição nessa relação, contado de maneira inclusive parecida como no livro do Alemão, através de um enredo com caráter menos literário e mais reflexivo/expressivo.
Terrence Melick já foi professor de filosofia e certamente tem conhecimento sobre a área, mas a maneira que o filme foi realizado é magnifica. A filosofia da "Graça e da Natureza", que mostra basicamente que não só o homem, mas TODAS as criações de Deus, inclusive seres inanimados como pedras ou minérios, vivem ou pelo individualismo (natureza), ou pela misericórdia e altruísmo (graça, que inclusive, no latim, a palavra correspondente á "Caridade" é "chàris", que significa nada mais nada menos que graça). Essa filosofia é mostrada através de imagens da criação do universo, de como ele pode ser belo e caridoso criando-nos, mas também pode ser "mal" com as cenas do vulcão, que podem fazer o mal á todos;um dinossauro marinho fora d'água com um enorme corte na barriga, representado que este é a sobra de uma presa(ou talvez não);a bondade de um animal carnívoro deixando sua presa viver; além de, obviamente, do contraste desses dois extremos no dualismo representado pelos pais do Jack, que não passam de símbolos para representar a grande filosofia do filme.
Disser em textos tudo o que Árvore da Vida quer transmitir não passa de perda de tempo. O mínimo que faço aqui é quase um crime ao pensamento de Terrence. Deixo meus parabéns pela contribuição de Terrence a filosofia, ao cinema, á fotografia e a arte em geral por alcançar um patamar invejável na categoria de "Drama filosófico".
Um dos grandes filmes desse século.
Pixels: O Filme
2.8 1,0K Assista AgoraBela bosta. Provavelmente o pior filme do ano. Um filme do Adam Sandler com cg fraca, e com piadas tão ruins quanto a atuação do Kevin James como presidente.
Não sei como um Lannister aceitou fazer parte disso.
Terra de Ninguém
3.9 193O mais interessante no longa de Terrence é como o filme em si nunca julga as ações dos personagens como errada ou antiética. O tom é muito natural e todas as ações tem que ser julgadas pelo telespectador. Provavelmente, vai continuar sendo uma joia escondida.
Uma ótima estréia, de fato, mas não deixa de ser uma das experiências mais intrigantes e ousadas dos anos 70, onde a morte de um peixe traz mais dor do que a morte de um pai...
Solaris
4.2 369 Assista AgoraAssim como o busto provavelmente pertencente á algum filósofo grego, ao qual eu ainda não identifiquei a quem este rosto realmente pertence (gosto de pensar que é Sócrates), que hora ou outra aparece durante a trama, quer mostrar um lado completamente novo que veio na filosofia pós-socrática: a do homem no centro da filosofia, não a natureza.
De fato, o homem procura pelo entendimento do espaço, como ele funciona, porque ele existe e junto com isso, porque Solaris se comporta do jeito que é e porque raios o ser mais inteligente que encontramos é um mar, e não um ser bípede, com encéfalo super-desenvolvido e com dedo indicador.
Isso se reflete ainda mais neste esplendido diálogo do filme:
"Não queremos conquistar o espaço. Queremos expandir a Terra infinitamente. Não queremos novos mundos; queremos um espelho. Buscamos um contato que jamais alcançaremos. Estamos na tola posição de um homem lutando por um objetivo que teme e não deseja. O homem precisa do homem!"
Pois então, assim como em uma das capas do filme, o homem só quer um espelho, e quando o encontra, não sabe nem dizer se aquilo é um espelho dele mesmo. Conclui-se então, que o o tripulante da nave na verdade descobre que precisa de outro ser para existir, e que a novo "ser vivo" criado pela inteligência alienígena descobre que "ser é ser percebido", e que enquanto ela não é percebida como ser humano, sua existência se encontra em estado indefinido.
Uma obra simplesmente fantástica de Tarkovsky. Todo seus méritos são reais, aliás, exceto um: não o considero um "2001 soviético", e sim mais um "anti-2001".
Stalker
4.3 503 Assista AgoraSó de ver essa obra maravilhosa do Andrei Tarkovsky, já se pode notar uma grande carga que esse diretor acrescenta em diálogos. As falas do personagem são tão poderosas, que quando você menos espera uma destas te pega de surpresa durante o filme, e alastra toda a alma do ouvinte... Quase como se o filme fosse uma grande poesia, repleta de imagens e sons para acompanhar as últimas 1 hora e meia, que fazem de filme um que já era um incrível sci-fi pós apocalíptico em um incrível sci-fi pós apocalíptico, filosófico, poético, humanista e existencialista.
Ele pode ter um início "lento", mas sinto que consegue fluir bastante para te levar á Zona, e conseguir perceber a beleza e a ironia de um cientista, um artista e um "crente" estarem procurando somente pelo mesmo objetivo, realizar seus sonhos... no final, isso mostra que não somos tão diferentes assim. O que leva uma pessoa a acreditar em tal divisão do conhecimento não torna elas inferiores ou muito menos uma espécime de ser superior do sentimento e do conhecimento nato do Homo Sapiens. Isso só te torna um humano pensante, e poucas coisas vão te fazer superar isso. E a busca pelo sentimento da importância e da felicidade são alguns dos milhares de temas abordados neste filme. Uma aula de filosofia, que vai perdurar durante a eternidade da arte cinematográfica.
Lawrence da Arábia
4.2 417 Assista AgoraEsse aqui é, sem dúvida, uma das obras mais importantes do cinema.
A atuação do Peter é memorável. Você não precisa de um flashback contando o passado do personagem, ou um diálogo expositório fora de contexto. A gente sabe quem é Lawrence nos primeiros 10 minutos de filme, só pelas suas peculiaridades e estranhezas.
E, conforme o filme passa, seu estado de progressão que começa com um personagem estranho mas com um ar de gênio dentro dele, e intercepta de momentos de grandeza de além-homem, sendo adorado pelo seu povo, passando para uma criatura endemoniada dentro de um ser humano, terminando com um homem que recebeu um enorme cargo militar, mas perdeu seu status de divindade.
Isso fica claro na atuação até certo ponto "exagerada" do Peter e nas ações do personagem.
" I'm not hurt at all. Didn't you know? They can only kill me with a golden bullet."
Cena fantástica, mostrando como o personagem virou um ser "imortal": https://youtu.be/IBeMUoMTeZo
A história de um homem que virou um Deus, passou pelo céu e pelo inferno, viu a tristeza de seu estado e voltou a ser um humano novamente. Mal ele sabia que, como mostra a cena final do filme, ele sentiria falta da sensação de poder e admiração.
Não Matarás
4.1 131 Assista AgoraTira qualquer glamour apresentado nos crimes brutais já banalizados no cinema de hoje.
O Samurai
4.2 145Um olhar fala mais que mil palavras.
Estiloso, para se dizer o minimo.
É a tarefa de um samurai manter sua honra até na sua morte.
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraO cachorro é o elo que nos une, nosso traço de humanidade que ainda existe em nossos amargos corações.
Assim como "No Country for Old Men", quer mostrar a perda de valores e como isso influência nossa perda de humanização e compaixão nas relações sociais. Acho que não é um filme fácil de se ver, mas é uma das melhores coisas que já saiu do cinema latino. Preciso ver o resto da trilogia, mas já admiro muito o diretor pelo excelente trabalho neste (em "Biutiful" e "Birdman" também).
A genialidade da história e suas conexões para mostrar que nossas vidas tem mais ligações do que se parece, que tudo é uma grande orquestra de acontecimentos inter-relacionados que nunca param e como afetamos a vida de quem nem conhecemos. Impossível não lembrar de Pulp Fiction vendo esse filme, mas ambos merecem ser analisados individualmente por seus méritos. O modo como os irmãos se tratam, tanto o da primeira história e na da última, e como essa perda de companheirismo é uma realidade, é simplesmente algo chocante.
Os amores que "justificam" a violência, desprezo e egoísmo nos nossos corações.
Tocante, real, e "bruto".
Bronson
3.8 426Excelente estudo de personagem de Nicolas Refn, que deu um show em Drive também.
Certos momentos simplesmente não sabemos o que esse personagem é capaz de fazer. Completamente imprevisível e niilista, Charles Bronson dá uma revivida no gênero da "violência romantizada", tão conhecida pelo público por "Laranja Mecânica", sendo até possível ver detalhes e situações que ambos os filmes compartilham.
A visão de um homem que só consegue se expressar pelo mundo através da violência, sendo que esta visão perturbada pode causa desconforto em quem assiste, mas é uma experiência 100% válida para quem curte o gênero.
Vale mencionar a câmera anormal de Refn, e a abertura fantástica do filme.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraA crítica que o cinema atual de blockbusters precisava.
Afinal, é a vida que imita a arte, ou a arte que imita a vida?
A frase no espelho do camarim do Riggan realmente mostra o que o filme quer falar pros telespectador. E nosso protagonista tinha isso literalmente NA SUA CARA em mais da metade do filme, ele tinha uma ideia que ia totalmente contra seus atos durante todo filme, e mesmo assim ele tenta seguir o sonho de uma peça que como dito pela sua própria filha, é uma tentativa de voltar pros seus anos de sucesso.
E talvez o que torne esse filme brilhante seja o fato dele literalmente brincar com seus atores, dá pra realmente acreditar que os atores passam pelas situações. Porque?
Michael Keaton fez o Batman nos anos 90, assim como Birdman também fez sucesso na mesma epóca, e curiosamente os dois personagens recusaram fazer o terceiro filme de suas franquias.
Edward Norton é conhecido por ser um ator que é "dificíl" de trabalhar, e seu personagem no filme também apresenta um comportamento similar. Tanto que ele leva muito a sério o fator de atuação.
E isso que é Birdman. Uma carta de amor aos atores não só de cinema, mas de teatro também e á experiência de atuar. Quem não lembra do famoso caso do Heath Ledger, o coringa que "supostamente" se matou por ficar louco pelo seu papel, como se o personagem continuasse dentro do ator. E muitos outros atores relataram experiências parecidas.
Senti nesse filme uma crítica muito boa á indústria cinematográfica em geral, e ao modo como pessoas lidam com. Senti falta de mais críticas ao Oscar e premiações não tão justas (porque será, hein?). A obra ainda brinca com o papel do crítico na indústria. Porém, por mais de críticos serem apenas "criadores de rótulos", senti que no fundo, talvez Keaton se importe com esses tais rótulos.
No mais, o filme do ano na minha opinião. Simplesmente genial.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraNão mostre esse filme para sua namorada
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraSPOILERS ABAIXO
Não precisamos de efeitos especiais. Não precisamos de um plot que remete á violência banalizada para chamar á atenção. Você precisa de uma câmera e uma ideia.
Isso e uma boa história pra se expressar na sétima arte. Só isso.
Talvez a simplicidade geral desse filme que me diz o porque amo tanto cinema. Esse filme se passa numa corte em 1957. Mas todos os seus aspectos são tão atuais que assustam. São pessoas que você já conhece. Personalidades e jeitos do dia-a-dia.
Até o preconceito mostrado no filme é atual e correspondente á alguma identidade das nossas vidas. Talvez o que faça esse filme tão interessante seja o fato dele ser filmado num só cenário.
É basicamente "Discussão:O filme".
Mas ao mesmo tempo não é.
O filme remete á tantas situações, tantas questões éticas e questões ATEMPORAIS, que faz ele difícil de não gostar. Isso mesmo. Essa sinopse pode parecer a coisa mais chata do mundo, mas a maneira que o filme te prende e te faz pensar, com tão baixo custo é surpreendente. Acho que o cinema precisou de mais obras assim durante sua vida. Hoje em dia vai ser difícil ver um "filme-peça" que nem esse nas telonas. Talvez não venda mais. Talvez nunca tivesse vendido. Mas foi umas das experiências mais fantásticas em cinema que já vi.
É, acho que o filme perfeito pra cada pessoa já tenha sido feito. Já tenha sido pensado. Penso que o meu, pra ser sincero, foi "Her" (2013). Mas "12 homens e uma Sentença" veio num momento certo na minha vida. Faz você pensar duas vezes sobre as suas opiniões políticas. Faz você pensar antes de recorrer a barbárie em qualquer situação (e faz você perceber que quem faz isso geralmente não sabe o que falar). Faz você rever sobre seu conceito de justiça, sobre quem tem o direito de tirar a vida de alguém ou não. E, principalmente, faz você lembrar porque cinema é tão lindo.
Recomendo á todos os amantes da sétima arte.
Faça a Coisa Certa
4.2 398Ta aí um filme que merece um pouco mais de reconhecimento. Talvez este seja o melhor filme que fala de preconceito que eu já vi. Em tempos de violência em massa contra os negros no Estados Unidos, esse filme é um bom modo de mostrar que nem sempre tudo é o que parece. É um filme bem neutro no assunto, na minha opinião. Os negros não são "os bonzinhos" e os brancos são "os vilões da humanidade" sabe? (estou olhando pra você, 12 anos de escravidão)
É um filme humano nesse sentindo. Não é o branco, o negro, o mexicano ou o asiático que é preconceituoso em particular. O ser humano é que é. Todos somos. O preconceito faz parte de nossas vidas e temos que simplesmente aprender a conviver com ele.
Recomendo á todos, é um filme bonito demais e que todos podem apreciar e sacar e mensagem. Fato curioso : vi esse filme com meu pai quando tinha 9 anos com meu pai do lado, e até hoje algumas cenas ainda ficam na minha cabeça. Bom demais!
Desculpa discordar de alguns aqui, mas eu realmente vejo que o filme não fica do lado de ninguém. No final vemos que os negros culparam o Sal pelos atos contra o cara do Rádio. Fala sério, vocês acham que ele merecia ter sua loja destruída? E não deu pra perceber que algumas pessoas nem sabiam do que se tratava da situação, mas simplesmente queriam ver o circo pegar fogo? O aglomerado de pessoas aumentou tanto que ficou claro que muitos "maria vai com os outras" estavam no meio da baderna.
Então, no final, mostrou uma coisa que todos os seres humanos tem, independente da sua cor : a necessidade de fazer justiça com as próprias mãos. A cena da destruição da loja é uma cena realmente tocante, e nunca vai sair da minha cabeça.
Vale lembrar as cenas que Buggin' Out exige fotos de negros na pizzaria, mas depois reclama de um branco morando no seu bairro, pois é "seu bairro, no seu lado da rua". É uma contraposição de idéias muito boa, isso só mostra como a direção de Spike Lee foi inteligente, e perspicaz.
Ninguém está salvo do preconceito e esse filme me ensinou isso de maneira direta, com bons atores e uma trilha sonora fenomenal.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraEsse filme tem uma carga emotiva muito grande. Quase que inexplicável o motivo de assistir ele. Eu vi sem saber ABSOLUTAMENTE nada sobre a história, nem a sinopse eu li. Olhem pro pôster e pensem o que quiserem á respeito dele. Acredite, vale muito mais á pena fazer desse jeito.
Mas posso dizer que é algo simplesmente fascinante. Sem palavras pra descrever esse longa.
E sim, a depressão pós filme é real,
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraEsse filme não segura sua mão em quesito de narrativa. Isso pode ser algo ruim, mas acompanhe esse pensamento:
Sabe quando em outros filmes, onde tem um período entre o segundo e o terceiro ato, onde tudo rola de ruim com o personagem principal, e a vida dele vira uma completa merda, e ele tenta refletir sobre os seus erros e tenta resolver a vida dele?
Pois então, Balada de um Homem Comum é basicamente essa sequência dando voltas e voltas durante o filme inteiro. Ele te joga no meio de um período ruim pro personagem, e te traz narrativas muito interessantes ao redor do mundo dele.
Sabe, o personagem sabe que ele tá numa situação ruim, e ele está confortável com tudo isso. Ele sabe que ele tá com muitos problemas mas não parece tentar realmente se esforçar para resolver eles.
Sem falar que existem várias cenas que não parecem fazer o MENOR sentido, mas olhando pela segunda vez são importantes pra entender o roteiro. Acho que tem alguma coisa á ver com esses diretores, é meu primeiro filme dos "irmãos Coen".
Além disso, Llewyn Davis é um completo babaca.
Mas é um babaca que você sente pena, bem no fundo. É um filme bem engraçado, mas ao mesmo tempo bem depressivo, mas o tipo de depressão que você pode simpatizar.
Se queres ter uma boa prova de interpretação artística no cinema, acredito que esse é o filme pra você. É um tipo de filme que pode levar a horas de discussão e ser analisado cena-a-cena. Nada é o que realmente parece nele.
Acabas descobrindo um pouco mais da vida de quem tentou ariscar tudo pra fazer o que gosta, mas acaba tendo que lidar com aquele papo de que "trabalho é sempre trabalho".
Ótimo filme.
Saneamento Básico, O Filme
3.7 708 Assista AgoraUma perola do cinema nacional, uma comédia metalinguística muito interessante de se ver!
Tem muitas coisas que se podem destacar nesse filme, mas só pelo fato de ter Jorge Furtado, já foi um filme fantástico.
Tônico Pereira e Paulo José estavam demais, as cenas de filmagem do filme deles foram hilárias, e o Lázaro Ramos chegou de maneira ótima no meio do filme. Aquela cena da moto com o Wagner Moura, muito boa! Diálogos fantásticos como em todo filme do Furtado, e um comentário social bacana mesmo que ofuscado no meio de tudo.
Comédia ótima, não é o melhor filme do furtado, mas vem na linha metalinguística que ele andou adotando nos longas dele.
Recomendo.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraQuando o filme termina e você tem um sorriso no rosto...
Qualidade e sensibilidade que eu nunca vi no cinema nacional.
Só fico triste de não ter visto antes.
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8KEsse é um filme muito humano. Talvez até demais. Um dos melhores e mais belos filmes que tive o prazer de ver. Consegue ser competente o bastante pra te prender até o final. Uma das melhores obras que Jack Nicholson já participou.
E é um filme divertido, mas muito mesmo. É a perfeita combinação de uma comédia e um drama sólido. Não costumo colocar comédias como favoritas, mas esse é especial.
Não tenho palavras pra descrever o elenco e as atuações. Você vai se identificar com alguns dos personagens mostrados. Além disso, o filme em sí faz vários questionamentos
(afinal, quem é louco, de fato?)
Chega a ser inacreditável. Mas é uma obra de arte mesmo.
Um pequeno pensamento sobre os momentos finais do filme:
A pia que o Chief pega no final do filme simboliza confiança. No inicio do filme, Jack Nicholson aposta com todo mundo que ele pode pega-lá e jogar ela na janela. O personagem dele é tão confiante que acredita que pode fazer qualquer coisa, ele é a personificação da confiança (escapar do hospital, dirigir barcos, pegar mulheres etc). Enquanto isso, Chief é o completo oposto disso (fingindo ser burro e surdo sua vida inteira pra evitar contato com o mundo). Quando o Jack Nicholson pede pra ele fugir, o Chief diz que ele não consegue, dizendo que Jack é "maior que ele", sendo que Chief nem se compara com a estatura do Jack. No final do filme, ele pega a pia e a joga pela janela, dizendo que sente "Grande como uma montanha". É o renascimento de um ser humano bem na nossa frente .
Um final simplesmente perfeito.
A Pequena Loja de Suicídios
3.7 774Como muitos que assistiram o filme, me senti um pouco decepcionado pelo que o filme trouxe. Acho que acabei esperando uma coisa e acabei vendo outra.
Mas isso não quer dizer que você NÃO deva ver o filme. Ele tem seus momentos, e é uma sátira elegante e atual.
Tecnicamente, é um bom filme, e o estilo da animação é muito belo e original, diga-se de passagem. Não vou comentar sobre o enredo, acho que você tem que ver por si mesmo.
Se você gostou do filme, achou ele fofo etc etc... Bem, parabéns, mas eu não achei essa coca-cola toda. Para os que assistiram o filme (e SOMENTE para os que assistiram), eis o motivo:
Bem, antes de tudo... isso pode ter chegado cedo ou tarde pra você, mas sabemos muito bem que você já sabia o que ia rolar no final. Não precisava ser um gênio pra saber. Você pode ter descobrido pela metade do filme, a partir do momento que o terceiro filho deles nasce e começa a se expressar, ou antes mesmo do filme começar. Mas você sabia o que ia rolar.
Durante o filme, eles banalizam bastante a depressão e o suicídio, vemos todos na rua tristes, e a cidade é cinza e sem graça. Pessoas morrem e ninguém liga. É algo natural, tanto que existe multa pra quem se matar. Quer dizer: virou algo que aconteceu TANTAS vezes, que foi necessário criar uma espécie de impedimento para as pessoas parassem de praticar esse ato.
Ai que conhecemos á tal loja, um pouco depois do filme começar. Então, descobrimos... que se trata de um musical. Ok, isso não é um problema, e não necessariamente significa que será algo mais "infantil". Na verdade, achei muito interessante. E a primeira música é uma ótima apresentação ao universo que as personagens vivem. Sem dúvida, um dos pontos altos do filme é seu começo, um ótimo modo de "boas vindas" para esse universo fictício.
Mas ai é que está: me perguntei durante o inicio: "como esse filme vai acabar? eles não podem fazer uma propaganda sobre o suicídio... seria... imoral" Conforme o filme vai passando , ai que saquei tudo. O filho veio como uma espécie de Jesus, chegar abalando as estruturas, sendo alguém otimista, feliz, e que vê tudo pelo lado bom das coisas.
E o filme passa, músicas desnecessárias rolam, alguns momentos de reflexão pelos membros da família, questionando se vale á pena ser triste o tempo todo...
E chegamos ao ponto principal. O momento que os garotos chegam de carro na loja, quebrando tudo com um som alto. Por mais bonito que essa cena possa parecer, ela simplesmente mostra como o filme foi meio imaturo para tratar o assunto.
Depressão sempre foi taxada como "frescura", sempre tem aquele colega que fala que basta você "ficar tranquilo", "sair com o pessoal" ou "pegar uma mulher" e tudo se resolve. Mas não é assim que funciona. Depressão e pessimismo não se trata com sorrisos não-espontâneos, com canções, amor e outras coisas parecidas. Depressão é uma doença séria. Nossa, até os mortos "renascem" pra dizer como eles foram bobos por terem se matado e questionado sua felicidade. O garoto quer resolver tudo de maneira simples, e tudo funciona, tudo é perfeito e maravilhoso nesse mundo... Só na ficção mesmo.
Por mais bonita que essa animação seja, não mostra como o suicídio, depressão e pessimismo existencial realmente deve ser combatidos. Eu sei, eu sei... é só uma animação, foi feito pra ser uma sátira... Mas convenhamos, felicidade, amor e compaixão não resolvem esses problemas magicamente.
O filme, ridiculariza as pessoas que sofrem disso. As pessoas ainda são meio insensíveis á depressão, e ao invés de mostrar no filme realmente, PORQUE ela acontece, o que faz as pessoas se sentirem assim... Ela os coloca em uma situação inferior, de ridicularização.
Porque é claro... todos os seus problemas vão se resolver com crepe... não é?