É o equilíbrio perfeito entre o primeiro e o terceiro filmes. Mantém um quê da experimentação do primeiro no jeito de filmar a ação, mas constrói um universo mais claro e que permite a quem tá assistindo entender o que está em jogo naquele mundo. Cria-se uma trama mais coesa, mas sem cair num excesso de se enquadrar num cinema de gênero como no terceiro filme.
Tem que ir com um olhar de ser um filme B experimental pra curtir, mas tem uns temas bem interessantes desse primeiro momento apocalíptico que é a queda da sociedade. O mundo físico é o mesmo, mas já resta pouca moralidade, as regras sociais são derretidas pela derrocada do mundo. E o primeiro alvo vai ser atacar qualquer rastro de afeto: a polícia aponta a arma pro casal transando, a gangue caça o casal hippie, até que o próprio Max é atacado quando está dedicado a sua família. Também praticamente dilui a linha entre polícia e violência, mostrando como muitas vezes a própria polícia gera a violência que a vitimiza depois.
Extremamente bonito sobre a imposição do amadurecer! Acho que o que torna o filme mais rico, para além de ficar apenas nesse subgênero, é a camada simbólica sobre a natureza/o real, como esse estado natural, versus a imposição da estrutura predatória que mata o espírito infantil, que é manifestado pelas várias tragédias que acontecem no filme. Ainda tem um pano de fundo social que também acrescenta bem à história.
Não acho que seja um filme apolítico, acho que ele toma um lado bem claramente. Mas a premissa realmente vem de um lugar confortável, meio jornadas de junho, da coisa de se unir pra derrotar um bem maior, um tanto perigoso isso rs. Só que no fim, o filme não se propõe tanto a fazer uma análise política, e sim mais uma carta de amor ao jornalismo, o que ele executa bem, ainda que não impeça essa sensação de um vazio no discurso geral.
A segunda metade acaba entrando num lado mais melodramático e discursivo que quebra o tom psicológico do todo. Toda a trama de fundo, do passado soviético, fica perdida e até difícil de comprar com o elenco hollywoodiano a frente do filme.
Muito atual também se fizermos um paralelo com a ascensão de classe nos países emergentes, em que você se vê diante do conflito do direito a cidadania através do consumo versus a consequência de reforçar a lógica predatória da estrutura que nunca deixará essa cidadania existir plenamente.
Achei um dos mais provocativos desse ano, provoca sobre a nossa noção cultural de felicidade, de solidão, a expectativa do envelhecimento. Mas aborda tudo isso sem deixar que vire um grande discurso do diretor de como é o jeito certo de se viver. As escolhas do protagonista o colocam em momentos de conflito, mostra o que ele pode estar abrindo mão, mas não o coloca em posição de julgamento, a não ser pelo próprio sistema que nos molda a olhar um personagem como esse com pena, crítica ou invisibilidade. No fim, é muito mais sobre como a estrutura econômica-social molda nosso modo de vida a ponto de qualquer escolha fora dela ser visto como estranhamento.
Tem uma temática forte sobre poder e narrativa, ego versus ética e um personagem que se define pelo conflito. Mas a abordagem pra isso tudo é muito discursiva e racional, numa escolha de estrutura que pesa ainda mais essas características.
Uma mensagem de esperança em meio aos temas de morte e renascimento, dos personagens, do planeta e da sociedade num sonhado pós guerra. Tem algo comum a filmes de diretores com grande filmografia que é a repetição de temas de filmes anteriores, o que pode tirar um pouco do impacto e da imersão nessa história específica.
O filme é bastante metalinguístico e pra mim tem sua maior força na contraposição do protagonista no universo branco profissional com o universo negro familiar. Neste último o protagonista é ainda egoísta e idealista, mas parece poder ser ele por completo. E aqui o filme ganha em ternura e justamente rompe com o esteriótipo das histórias negras esperadas pelos brancos, da qual o filme aborda como narrativa. Por outro lado, acho que também tem uma dificuldade em conectar esses dois universos na hora do conflito dramático, que o filme resolve pelo romance mais melodramático. Poderia ter mais da interação dele com a personagem da Issa Rae, que é o único momento em que ele é confrontado em seu idealismo no lado profissional. Ainda assim, a mensagem de se permitir ser amado é um ótimo fechamento pro ponto central do filme.
Trabalha bem uma estrutura consagrada de filme de tribunal para temas da modernidade - como a inversão do imaginário de gênero entre o que se espera do marido e o que se espera da mulher. Não peguei muito bem o motivo do foco tão grande no filho, se tem a ver com a perda da inocência apenas ou algo a mais.
Achei que a direção e o elenco elevaram o patamar do roteiro, mas é uma ótima trama sobre maturidade, poder e édipo. Muito legal tb como o filme dentro do filme evidencia a coisa das aparências que vão distanciando ainda mais o espectador daquilo que é o real do que está sendo mostrado.
Incrível na execução e em como humaniza cada personagem, dando nomes um a um a quem esteve no avião, sem maniqueísmos. O que acho que não o faz ser um grande filme é a falta de um tema mais contudente que aprofunde a narrativa, além da sequência de acontecimentos em si. A coisa mais forte acaba sendo uma oposição entre milagre/fé no acaso vs acreditar nas ações práticas. Mas no fim é um filme mais pra vivenciar o que aconteceu, do que comentar sobre as questões que a situação impôs, e isso ele faz muito bem.
Além da ótima maneira como o filme entrelaça o trauma da guerra com o trauma pessoal do personagem, o comentário da guerra a partir da visão da população é muito marcante. Como há um senso de abandono do Estado naquele contexto. O filme porém segue uma estrutura mais ocidental, o que acaba pesando ainda mais o melodrama no segundo ato. Mas a forma como faz o desfecho faz todo sentido pra mensagem do filme. Fora a trilha e a mixagem de som que são absurdas, se fosse americano tava indicado a 200 categorias técnicas nos prêmios da vida.
Mad Max 2: A Caçada Continua
3.8 478 Assista AgoraÉ o equilíbrio perfeito entre o primeiro e o terceiro filmes. Mantém um quê da experimentação do primeiro no jeito de filmar a ação, mas constrói um universo mais claro e que permite a quem tá assistindo entender o que está em jogo naquele mundo. Cria-se uma trama mais coesa, mas sem cair num excesso de se enquadrar num cinema de gênero como no terceiro filme.
Mad Max
3.6 729 Assista AgoraTem que ir com um olhar de ser um filme B experimental pra curtir, mas tem uns temas bem interessantes desse primeiro momento apocalíptico que é a queda da sociedade. O mundo físico é o mesmo, mas já resta pouca moralidade, as regras sociais são derretidas pela derrocada do mundo. E o primeiro alvo vai ser atacar qualquer rastro de afeto: a polícia aponta a arma pro casal transando, a gangue caça o casal hippie, até que o próprio Max é atacado quando está dedicado a sua família. Também praticamente dilui a linha entre polícia e violência, mostrando como muitas vezes a própria polícia gera a violência que a vitimiza depois.
Sem Coração
3.7 22 Assista AgoraExtremamente bonito sobre a imposição do amadurecer! Acho que o que torna o filme mais rico, para além de ficar apenas nesse subgênero, é a camada simbólica sobre a natureza/o real, como esse estado natural, versus a imposição da estrutura predatória que mata o espírito infantil, que é manifestado pelas várias tragédias que acontecem no filme. Ainda tem um pano de fundo social que também acrescenta bem à história.
Guerra Civil
3.7 323Não acho que seja um filme apolítico, acho que ele toma um lado bem claramente. Mas a premissa realmente vem de um lugar confortável, meio jornadas de junho, da coisa de se unir pra derrotar um bem maior, um tanto perigoso isso rs. Só que no fim, o filme não se propõe tanto a fazer uma análise política, e sim mais uma carta de amor ao jornalismo, o que ele executa bem, ainda que não impeça essa sensação de um vazio no discurso geral.
O Sabor da Vida
3.8 32Lindo visualmente, tem uma inspiração impressionista na construção dos planos, e passa uma mensagem bonita no final.
O Posto
4.2 1660 anos depois e a vida continua sendo esgotada pela estrutura.
Todos Nós Desconhecidos
3.8 190 Assista AgoraO filme fica bastante tempo numa mesma nota, mas o desfecho conclui o tema da história lindamente.
O Astronauta
2.9 120 Assista AgoraA segunda metade acaba entrando num lado mais melodramático e discursivo que quebra o tom psicológico do todo. Toda a trama de fundo, do passado soviético, fica perdida e até difícil de comprar com o elenco hollywoodiano a frente do filme.
A Viagem da Hiena
4.0 23Muito atual também se fizermos um paralelo com a ascensão de classe nos países emergentes, em que você se vê diante do conflito do direito a cidadania através do consumo versus a consequência de reforçar a lógica predatória da estrutura que nunca deixará essa cidadania existir plenamente.
Dias Perfeitos
4.2 298 Assista AgoraAchei um dos mais provocativos desse ano, provoca sobre a nossa noção cultural de felicidade, de solidão, a expectativa do envelhecimento. Mas aborda tudo isso sem deixar que vire um grande discurso do diretor de como é o jeito certo de se viver. As escolhas do protagonista o colocam em momentos de conflito, mostra o que ele pode estar abrindo mão, mas não o coloca em posição de julgamento, a não ser pelo próprio sistema que nos molda a olhar um personagem como esse com pena, crítica ou invisibilidade. No fim, é muito mais sobre como a estrutura econômica-social molda nosso modo de vida a ponto de qualquer escolha fora dela ser visto como estranhamento.
Oppenheimer
4.0 1,1KTem uma temática forte sobre poder e narrativa, ego versus ética e um personagem que se define pelo conflito. Mas a abordagem pra isso tudo é muito discursiva e racional, numa escolha de estrutura que pesa ainda mais essas características.
A Sala dos Professores
3.9 141 Assista AgoraVigiar e punir embalado como suspense psicológico, mistura boa
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraO prêmio mais difícil do oscar: Emma Stone ou Lily Gladstone
O Menino e a Garça
4.0 218Uma mensagem de esperança em meio aos temas de morte e renascimento, dos personagens, do planeta e da sociedade num sonhado pós guerra. Tem algo comum a filmes de diretores com grande filmografia que é a repetição de temas de filmes anteriores, o que pode tirar um pouco do impacto e da imersão nessa história específica.
Ficção Americana
3.8 383 Assista AgoraO filme é bastante metalinguístico e pra mim tem sua maior força na contraposição do protagonista no universo branco profissional com o universo negro familiar. Neste último o protagonista é ainda egoísta e idealista, mas parece poder ser ele por completo. E aqui o filme ganha em ternura e justamente rompe com o esteriótipo das histórias negras esperadas pelos brancos, da qual o filme aborda como narrativa. Por outro lado, acho que também tem uma dificuldade em conectar esses dois universos na hora do conflito dramático, que o filme resolve pelo romance mais melodramático. Poderia ter mais da interação dele com a personagem da Issa Rae, que é o único momento em que ele é confrontado em seu idealismo no lado profissional. Ainda assim, a mensagem de se permitir ser amado é um ótimo fechamento pro ponto central do filme.
Anatomia de uma Queda
4.0 822 Assista AgoraTrabalha bem uma estrutura consagrada de filme de tribunal para temas da modernidade - como a inversão do imaginário de gênero entre o que se espera do marido e o que se espera da mulher. Não peguei muito bem o motivo do foco tão grande no filho, se tem a ver com a perda da inocência apenas ou algo a mais.
O Conde
3.2 97 Assista AgoraUm dos melhores do ano
Segredos de um Escândalo
3.5 334 Assista AgoraAchei que a direção e o elenco elevaram o patamar do roteiro, mas é uma ótima trama sobre maturidade, poder e édipo. Muito legal tb como o filme dentro do filme evidencia a coisa das aparências que vão distanciando ainda mais o espectador daquilo que é o real do que está sendo mostrado.
A Sociedade da Neve
4.2 724 Assista AgoraIncrível na execução e em como humaniza cada personagem, dando nomes um a um a quem esteve no avião, sem maniqueísmos. O que acho que não o faz ser um grande filme é a falta de um tema mais contudente que aprofunde a narrativa, além da sequência de acontecimentos em si. A coisa mais forte acaba sendo uma oposição entre milagre/fé no acaso vs acreditar nas ações práticas. Mas no fim é um filme mais pra vivenciar o que aconteceu, do que comentar sobre as questões que a situação impôs, e isso ele faz muito bem.
Godzilla: Minus One
4.0 378Além da ótima maneira como o filme entrelaça o trauma da guerra com o trauma pessoal do personagem, o comentário da guerra a partir da visão da população é muito marcante. Como há um senso de abandono do Estado naquele contexto. O filme porém segue uma estrutura mais ocidental, o que acaba pesando ainda mais o melodrama no segundo ato. Mas a forma como faz o desfecho faz todo sentido pra mensagem do filme. Fora a trilha e a mixagem de som que são absurdas, se fosse americano tava indicado a 200 categorias técnicas nos prêmios da vida.
Pedágio
3.7 72Muito bom, sobre saídas (ou aprisionamentos) da condição social pelo capital ou pela religião
Dois
2.1 139Filme pensa muito na forma, mas na hora que chega no ponto dramático não tem quase nada pra contar
If You Were the Last
3.1 3Surpreendentemente bom, apesar de optar pelos caminhos mais fáceis
Sly
3.6 43 Assista AgoraÉ um doc bem factual, mas que acaba sendo bem sucedido em justificar o artista pelo trauma da relação com o pai.