Não posso discordar dos muitos comentários que entoam a lentidão do filme. Sim, é um filme "parado". Entre aspas porque para quem vai assisti-lo na expectativa de ser mais um enredo explosivo ou catastroficamente explícito sobre a II Guerra Mundial, sim, irá se frustrar.
"Zona de Interesse" vai na contramão da maioria das narrativas que expressam o que se passa dentro dos campos de concentração. O grande objetivo do filme é, justamente, mostrar uma faceta pouco explorada ou sequer imaginada por nós: a normalização e banalização da maldade/crueldade de tempos sombrios. Esse é o grande ponto do filme.
Uma família normal vivendo normalmente em tempos hostis vizinhos ao maior campo de concentração nazista. O papel apático e egoísta da esposa tem seu protagonismo. As feições pouco expressivas e frias do marido também entoam o gélido do momento. A pureza das crianças brincando pelo jardim e na piscina mostram as facetas do horror normalizado e vivido.
Não é um fillme de movimento. As câmeras quase que estáticas como se estivéssemos assistindo ao Big Brother são calculadas meticulosamente. É um filme que precisa estar atento aos detalhes. E, mais que isso, reflexivo sobre como o mundo viveu algo tão horrendo e estarmos sempre vigilantes para jamais normalizamos horrores vividos (ou planejados) contemporaneamente.
Esse filme foi indicado por um amigo que já sabia da minha paixão por "About Time". De antemão, já profano: esteja num dia calmo e numa vibe coerente para assistir a "Past Lives". Como todo filme de romance, precisa estar no mood para conseguir absorver. Eu confesso que no dia que assisti, não estava totalmente imerso na energia para um filme como esse, mas diante da expectativa gerada pela indicação, consegui me atentar às quase 2h de duração.
Não é um filme de romance/drama marcado pelas "melosidades" as quais estamos habituados pela indústria norte-americana. "Past Lives" nos leva para uma outra atmosfera: a dos amores não-praticados ou quase que perdidos. O ritmo é lento e as falas são poucas e precisas. Isso pode fazer com que seja entediante. Por isso, repito: esteja num momento "calm down" para absorvê-lo.
Me instigou muito no filme as tomadas precisas das câmeras em diversos momentos e a clara intenção de fazer com que nós, espectadores, sentíssemos de fato as tensões/emoções de dois apaixonados que ficam na iminência de uma paixão de criança que nunca se consumou. A expectativa do "vai rolar? Vai acontecer? Eles finalmente vão ficar?" persegue por boa parte do filme - e acostumados que somos com os clichês dos romances, somos levados a achar que sim.
Mas isso não vem. O grande sumo de "Past Lives" é flertar mesmo com a realidade. O amor não é uma linha reta, você pode se apaixonar por uma amizade e esse amor pode nunca se consumar numa relação a dois (ou a quantos forem). O fato de eles não ficarem e não consumarem essa paixão pode nos trazer, minutos após o término do filme, a sensação de que algo não se completou. Mas, depois que absorvemos a ideia do longa, entendemos que é esse pé na realidade não contada de muitos romances que "Past Lives" se diferencia e não se torna mais um clichê.
No geral, eu ainda acho "About Time" muito mais passional. "Past Lives" chega para mim como um filme que, mesmo sendo suave, traz uma mensagem mais real sem dramas e choros.
"Um Sonho Possível" transpõe-nos para uma atmosfera um tanto quanto clichê do universo de filmes infanto-juvenis. Personagens afortunados estudando em escolas clássicas de sua cidade e um personagem da periferia (ou, como se diz nos filmes, "do outro lado da cidade") ganhando uma bolsa para tal instituição a partir de alguma aptidão que lhe é conferida.
No entanto, o filme ultrapassa a barreira do senso comum e parte para uma análise social e de reflexão pessoal de maneira leve, instigante e emocionante. Sandra Bullock, mais uma vez, demonstra o seu talento para a atuação e me garantiu excelentes minutos de risadas, pensamentos, reflexões e questionamentos.
Em "Um Sonho Possível", o espectador depara-se com o universo de uma família de classe alta que, por destino, encontra o personagem de Quinton Aaron (Big Mike). Aplausos. O simples gesto de corte realizado com ambas as mãos deve ser feito para este ator, que soube, de maneira fantástica, perpassar a angústia, a tristeza, o passado complicado, bagunçado, eufórico que vivera o seu personagem. Através de um simples olhar triste, o espectador pode entrar em contato com toda a tristeza que o Michael trazia consigo no longa-metragem.
Em seu caminho aparece, então, a encantadora Sandra Bullock. De antemão, sugere-se um personagem clichê: uma dondoca, afortunada, que não liga para nenhuma causa exceto a roupa que veste, as posses que administra, o clube que frequente e o círculo de "amizades" que sustenta. Mas, não. Não é isso que temos no longa. A capacidade humanitária, a força humana e a complacência da personagem de Bullock encantou-me em seus primeiros momentos. Apesar de se fazer fechada e durona na maior parte do tempo, mulher de poucas palavras e exposição de sentimentos, Leigh Anne encanta e sugere que reflitamos a cerca de pequenas atitudes e gestos humanos ao abrigar durante uma noite (a princípio) o personagem de Quinton após o mesmo ser expulso de casa. Além disso, o rapaz tem lidar com o fato de não ser o estereótipo pregado pela sociedade americana, como também não ter tido nenhum embasamento para o desenvolvimento de seus estudos. Um personagem complexo e regado de experiências traumáticas que desencadeiam atitudes um tanto quanto quietas (mas, que na verdade, são inquietantes) e uma personalidade recatada, resguardada dentro de si mesmo.
Big Mike frequenta, a partir de uma bolsa sucedida ao mesmo, a escola de maioria branca e começa a despertar a força de vontade de ajuda de alguns professores, que o veem diferenciado e com grande potencial para o aprendizado. O filme, assim, baseia-se nas várias circunstâncias que levam ao garoto superar os traumas sofridos durante a sua infância (a exemplo da mãe alcoólatra e usuária de drogas e a ausência da figura paterna) em um bairro onde predomina a marginalidade, e conseguir, ao fim, a vitória a partir do esforço e da dedicação aos estudos.
"Um Sonho Possível" faz-nos refletir a cerca do que somos e do que queremos para nós mesmos, ao mesmo tempo que nos faz refletir como simples gestos, como uma palavra de consolo ou uma frase de motivação, podem fazer, sem demagogias, a diferença na vida de uma pessoa. Mesmo que o gesto seja pequeno, pode-se ter a certeza que a semente foi planta e deu-se a água para que ela possa ser regada e, por fim, germinada. Um filme que abrange causas sociais, aspectos sociais, humanidade e força mental. Um filme para todas as idades e todos os gêneros.
Mais um filme adolescente? A uma primeira impressão, poderia apostar que sim; contudo, ao assisti-lo, a resposta é mudada inegavelmente para 'não'. "Os sonhadores", realmente, faz valer o próprio título ao levar o espectador ao mais profundo da mente adolescente e jovial do seu protagonista. Ou, melhor, das mentes dos seus três personagens principais.
Embalado por uma carga literária incomum, proveitosa e inteligente, o filme mescla cenas de conteúdo adulto com uma leveza jamais imaginada para uma cenografia de tal tipologia. O enredo soube, extraordinariamente, abordar a sexualidade e os devaneios decorrentes dela de maneira delicada e processual.
A carga literária também merece destaque. É a partir de um fino, divertido e sábio jogo de "que filme é esse?" que todas as ações do filme se desenvolvem, trazendo diversos temas que englobam o mundo jovem e o âmbito fora de suas mentes, afinal, uma revolução estudantil e social passava-se no tempo locado para o filme.
Os elogios às atuações não são à toa. Michael Fit impressiona em mais um espetáculo de atuação, dando leveza e grande maestria a um personagem inteligente e corajoso, hábil em sua personalidade e sábio em suas escolhas; Louis também agrada com sua atmosfera um tanto quanto misteriosa, mas de grande poderio imaginário. Seu personagem, Theo, em um primeiro momento, sugere um personagem secundário, sem interferências significativas. Contudo, engana-se, novamente, quem pensa assim após assistir ao filme; Eva Green, lógico, dispensa comentários: Isabelle age com esperteza e malícia, e soube, ao meu ver, incorporar a questão da virgindade de significativa jovialidade.
A temática 'adolescente' sempre me pareceu de difícil enredo, pois muitos escritores e diretores não se expressam corretamente ou não sabem como incluir atmosferas e fatos dentro de uma tipologia onde só se pensa que a sexualidade é força motriz para a geração de uma história. Em "Os sonhadores", com certeza, toda a equipe detrás das cenas soube, inigualavelmente, interagir um contexto histórico com um contexto mental de três jovens em um mundo apoteótico, efervescente e real. Em "Os sonhadores" você é convidado a sonhar e, pode ter certeza, o sonho não é pesadelo.
"As vantagens de ser invisível", a princípio, pareceu-me ser um filme mediano ou até mesmo mais um roteiro adolescente a tratar das relações nessa fase da vida. Nem a sinopse eu li; o mal dos pré-conceitos.
Contudo, ao assistir, fiquei cada vez mais envolvido com a excelente e perfeita atmosfera do extenso (e por que não dizer, confuso e difícil?) mundo da consciência de Charlie. O personagem criado, assim como a excelente atuação de Logan Lerman, respira todo um clima de anseio por viver, respirar, ao mesmo tempo que descobrir e dar novos passos ou apenas fazer novos laços de amizade.
Não posso deixar de comentar o quanto me identifiquei com Charlie. A personalidade tímida, um tanto quanto recatada, mas que traz um turbilhão de sentimentos e anseios, que realiza o possível e, talvez o impossível, para fazer o próximo feliz é um tanto quanto semelhante a mim. Gostei de dois trechos, em especial:
1. "-Por que as pessoas boas escolhem as pessoas erradas? -A gente aceita o amor que acha que merece."
2. "Não pode colocar a vida das pessoas à frente da sua."
Essa última, em especial, remonta-me aos meus questionamentos de eu mesmo ser assim: por que por, muitas das vezes, a vida de outras pessoas à frente da minha? Talvez eu ainda não tenha a resposta, mas acho que já comecei a trilhar um caminho que me levará àquela.
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Zona de Interesse
3.6 589 Assista AgoraNão posso discordar dos muitos comentários que entoam a lentidão do filme. Sim, é um filme "parado". Entre aspas porque para quem vai assisti-lo na expectativa de ser mais um enredo explosivo ou catastroficamente explícito sobre a II Guerra Mundial, sim, irá se frustrar.
"Zona de Interesse" vai na contramão da maioria das narrativas que expressam o que se passa dentro dos campos de concentração. O grande objetivo do filme é, justamente, mostrar uma faceta pouco explorada ou sequer imaginada por nós: a normalização e banalização da maldade/crueldade de tempos sombrios. Esse é o grande ponto do filme.
Uma família normal vivendo normalmente em tempos hostis vizinhos ao maior campo de concentração nazista. O papel apático e egoísta da esposa tem seu protagonismo. As feições pouco expressivas e frias do marido também entoam o gélido do momento. A pureza das crianças brincando pelo jardim e na piscina mostram as facetas do horror normalizado e vivido.
Não é um fillme de movimento. As câmeras quase que estáticas como se estivéssemos assistindo ao Big Brother são calculadas meticulosamente. É um filme que precisa estar atento aos detalhes. E, mais que isso, reflexivo sobre como o mundo viveu algo tão horrendo e estarmos sempre vigilantes para jamais normalizamos horrores vividos (ou planejados) contemporaneamente.
Vidas Passadas
4.2 737 Assista AgoraEsse filme foi indicado por um amigo que já sabia da minha paixão por "About Time". De antemão, já profano: esteja num dia calmo e numa vibe coerente para assistir a "Past Lives". Como todo filme de romance, precisa estar no mood para conseguir absorver. Eu confesso que no dia que assisti, não estava totalmente imerso na energia para um filme como esse, mas diante da expectativa gerada pela indicação, consegui me atentar às quase 2h de duração.
Não é um filme de romance/drama marcado pelas "melosidades" as quais estamos habituados pela indústria norte-americana. "Past Lives" nos leva para uma outra atmosfera: a dos amores não-praticados ou quase que perdidos. O ritmo é lento e as falas são poucas e precisas. Isso pode fazer com que seja entediante. Por isso, repito: esteja num momento "calm down" para absorvê-lo.
Me instigou muito no filme as tomadas precisas das câmeras em diversos momentos e a clara intenção de fazer com que nós, espectadores, sentíssemos de fato as tensões/emoções de dois apaixonados que ficam na iminência de uma paixão de criança que nunca se consumou. A expectativa do "vai rolar? Vai acontecer? Eles finalmente vão ficar?" persegue por boa parte do filme - e acostumados que somos com os clichês dos romances, somos levados a achar que sim.
Mas isso não vem. O grande sumo de "Past Lives" é flertar mesmo com a realidade. O amor não é uma linha reta, você pode se apaixonar por uma amizade e esse amor pode nunca se consumar numa relação a dois (ou a quantos forem). O fato de eles não ficarem e não consumarem essa paixão pode nos trazer, minutos após o término do filme, a sensação de que algo não se completou. Mas, depois que absorvemos a ideia do longa, entendemos que é esse pé na realidade não contada de muitos romances que "Past Lives" se diferencia e não se torna mais um clichê.
No geral, eu ainda acho "About Time" muito mais passional. "Past Lives" chega para mim como um filme que, mesmo sendo suave, traz uma mensagem mais real sem dramas e choros.
Um Sonho Possível
4.0 2,4K Assista Agora"Um Sonho Possível" transpõe-nos para uma atmosfera um tanto quanto clichê do universo de filmes infanto-juvenis. Personagens afortunados estudando em escolas clássicas de sua cidade e um personagem da periferia (ou, como se diz nos filmes, "do outro lado da cidade") ganhando uma bolsa para tal instituição a partir de alguma aptidão que lhe é conferida.
No entanto, o filme ultrapassa a barreira do senso comum e parte para uma análise social e de reflexão pessoal de maneira leve, instigante e emocionante. Sandra Bullock, mais uma vez, demonstra o seu talento para a atuação e me garantiu excelentes minutos de risadas, pensamentos, reflexões e questionamentos.
Em "Um Sonho Possível", o espectador depara-se com o universo de uma família de classe alta que, por destino, encontra o personagem de Quinton Aaron (Big Mike). Aplausos. O simples gesto de corte realizado com ambas as mãos deve ser feito para este ator, que soube, de maneira fantástica, perpassar a angústia, a tristeza, o passado complicado, bagunçado, eufórico que vivera o seu personagem. Através de um simples olhar triste, o espectador pode entrar em contato com toda a tristeza que o Michael trazia consigo no longa-metragem.
Em seu caminho aparece, então, a encantadora Sandra Bullock. De antemão, sugere-se um personagem clichê: uma dondoca, afortunada, que não liga para nenhuma causa exceto a roupa que veste, as posses que administra, o clube que frequente e o círculo de "amizades" que sustenta. Mas, não. Não é isso que temos no longa. A capacidade humanitária, a força humana e a complacência da personagem de Bullock encantou-me em seus primeiros momentos. Apesar de se fazer fechada e durona na maior parte do tempo, mulher de poucas palavras e exposição de sentimentos, Leigh Anne encanta e sugere que reflitamos a cerca de pequenas atitudes e gestos humanos ao abrigar durante uma noite (a princípio) o personagem de Quinton após o mesmo ser expulso de casa. Além disso, o rapaz tem lidar com o fato de não ser o estereótipo pregado pela sociedade americana, como também não ter tido nenhum embasamento para o desenvolvimento de seus estudos. Um personagem complexo e regado de experiências traumáticas que desencadeiam atitudes um tanto quanto quietas (mas, que na verdade, são inquietantes) e uma personalidade recatada, resguardada dentro de si mesmo.
Big Mike frequenta, a partir de uma bolsa sucedida ao mesmo, a escola de maioria branca e começa a despertar a força de vontade de ajuda de alguns professores, que o veem diferenciado e com grande potencial para o aprendizado. O filme, assim, baseia-se nas várias circunstâncias que levam ao garoto superar os traumas sofridos durante a sua infância (a exemplo da mãe alcoólatra e usuária de drogas e a ausência da figura paterna) em um bairro onde predomina a marginalidade, e conseguir, ao fim, a vitória a partir do esforço e da dedicação aos estudos.
"Um Sonho Possível" faz-nos refletir a cerca do que somos e do que queremos para nós mesmos, ao mesmo tempo que nos faz refletir como simples gestos, como uma palavra de consolo ou uma frase de motivação, podem fazer, sem demagogias, a diferença na vida de uma pessoa. Mesmo que o gesto seja pequeno, pode-se ter a certeza que a semente foi planta e deu-se a água para que ela possa ser regada e, por fim, germinada. Um filme que abrange causas sociais, aspectos sociais, humanidade e força mental. Um filme para todas as idades e todos os gêneros.
Os Sonhadores
4.1 1,9K Assista AgoraMais um filme adolescente? A uma primeira impressão, poderia apostar que sim; contudo, ao assisti-lo, a resposta é mudada inegavelmente para 'não'. "Os sonhadores", realmente, faz valer o próprio título ao levar o espectador ao mais profundo da mente adolescente e jovial do seu protagonista. Ou, melhor, das mentes dos seus três personagens principais.
Embalado por uma carga literária incomum, proveitosa e inteligente, o filme mescla cenas de conteúdo adulto com uma leveza jamais imaginada para uma cenografia de tal tipologia. O enredo soube, extraordinariamente, abordar a sexualidade e os devaneios decorrentes dela de maneira delicada e processual.
A carga literária também merece destaque. É a partir de um fino, divertido e sábio jogo de "que filme é esse?" que todas as ações do filme se desenvolvem, trazendo diversos temas que englobam o mundo jovem e o âmbito fora de suas mentes, afinal, uma revolução estudantil e social passava-se no tempo locado para o filme.
Os elogios às atuações não são à toa. Michael Fit impressiona em mais um espetáculo de atuação, dando leveza e grande maestria a um personagem inteligente e corajoso, hábil em sua personalidade e sábio em suas escolhas; Louis também agrada com sua atmosfera um tanto quanto misteriosa, mas de grande poderio imaginário. Seu personagem, Theo, em um primeiro momento, sugere um personagem secundário, sem interferências significativas. Contudo, engana-se, novamente, quem pensa assim após assistir ao filme; Eva Green, lógico, dispensa comentários: Isabelle age com esperteza e malícia, e soube, ao meu ver, incorporar a questão da virgindade de significativa jovialidade.
A temática 'adolescente' sempre me pareceu de difícil enredo, pois muitos escritores e diretores não se expressam corretamente ou não sabem como incluir atmosferas e fatos dentro de uma tipologia onde só se pensa que a sexualidade é força motriz para a geração de uma história. Em "Os sonhadores", com certeza, toda a equipe detrás das cenas soube, inigualavelmente, interagir um contexto histórico com um contexto mental de três jovens em um mundo apoteótico, efervescente e real. Em "Os sonhadores" você é convidado a sonhar e, pode ter certeza, o sonho não é pesadelo.
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista Agora"As vantagens de ser invisível", a princípio, pareceu-me ser um filme mediano ou até mesmo mais um roteiro adolescente a tratar das relações nessa fase da vida. Nem a sinopse eu li; o mal dos pré-conceitos.
Contudo, ao assistir, fiquei cada vez mais envolvido com a excelente e perfeita atmosfera do extenso (e por que não dizer, confuso e difícil?) mundo da consciência de Charlie. O personagem criado, assim como a excelente atuação de Logan Lerman, respira todo um clima de anseio por viver, respirar, ao mesmo tempo que descobrir e dar novos passos ou apenas fazer novos laços de amizade.
Não posso deixar de comentar o quanto me identifiquei com Charlie. A personalidade tímida, um tanto quanto recatada, mas que traz um turbilhão de sentimentos e anseios, que realiza o possível e, talvez o impossível, para fazer o próximo feliz é um tanto quanto semelhante a mim. Gostei de dois trechos, em especial:
1. "-Por que as pessoas boas escolhem as pessoas erradas?
-A gente aceita o amor que acha que merece."
2. "Não pode colocar a vida das pessoas à frente da sua."
Essa última, em especial, remonta-me aos meus questionamentos de eu mesmo ser assim: por que por, muitas das vezes, a vida de outras pessoas à frente da minha? Talvez eu ainda não tenha a resposta, mas acho que já comecei a trilhar um caminho que me levará àquela.
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