Filme indicado só a categorias técnicas que merecia bem mais indicações, incluindo melhor filme. A violência na fronteira americano-mexicana na visão de Denis Villeneuve. Ciquem em notícias para acessar eu blog Pitacos Cinematográficos.
"A Grande Aposta é uma obra interessante, especialmente em razão de um grande estúdio, a Warner, trazer um tema que ataca fortemente o capitalismo. Corre por fora, mas pode surpreender na premiação de melhor filme." Nas notícias adicionei o link para meu pitaco completo. Acessem.
Tem uns enquadramentos muito interessantes ao nível da estrada e boas cenas de perseguição. Mas a estória é bem sem graça e arrastada. Vi há muito tempo as continuações, mas acho que elas são melhores que o original, especialmente pela estética pós-apocalíptica.
O Exterminador do Futuro teve seu primeiro filme em 1984 e uma sequência mais bem sucedida que o original em 1992. Ambos os filmes se tornaram marcos da cultura pop (quem nunca falou "Hasta la vista, baby" que atire o primeiro T-800). Depois, vieram duas continuações, sendo o terceiro filme um fiasco completo e o quarto um pouco diferente por focar somente na guerra entre humanos e máquinas no futuro, não contando nem com Arnold Schwarzenegger no papel principal. Neste novo Exterminador, a estória retrocede ao primeiro filme, para mostrar uma linha do tempo alternativa.
Assim, o filme inicia-se no momento em que o Exterminador original e o protetor de Sarah Connor, Kyle Reese, são enviados a 1984. As cenas são, inclusive, reproduções quase que fiéis do primeiro filme (veja aqui). Mas tão logo as duas personagens chegam à Los Angeles do passado, suas trajetórias se alteram, com o exterminador original enfrentando sua versão mais velha e com Reese enfrentando o T-1000 e sendo resgatado por Sarah Connor.
Sim, é isso mesmo. Uma profunda alteração na linha do tempo vai ocorrer e todos os eventos dos filmes originais serão mudados. Pode até parecer confuso mas não é tão difícil assim de entender. Aliás, já no primeiro Exterminador existia o paradoxo do filho que manda seu pai de volta ao passado para concebê-lo. Ou seja, cronologias paradoxais não são novidade na série.
O enredo é razoável, e equilibra bem cenas de ação e momentos em que a estória deve ser contada. Por mais que haja idas e vindas no tempo, como dito, não é difícil de acompanhar. E até o envelhecimento do Exterminador é bem explicado.
As atuações variam, mas não comprometem o filme. Schwarzenegger nunca foi um bom ator mas o Exterminador é dele e de mais ninguém. Emilia Clarke (Sarah Connor) é uma ótima atriz, muito elogiada por Game of Thrones, Jason Clarke (John Connor) é competente, e há o apoio de luxo do recém-oscarizado J.K.Simmons (O´Brien), em papel menor. O ponto negativo é Jay Courtney (Kyle Reese), ator de filmes de ação que não consegue passar emoção nenhuma, parecendo mais robô do que o Exterminador.
O Exterminador do Futuro: Gênesis segue a nova moda hollywoodiana de fazer reboots (voltar no tempo com uma série de cinema para contar uma nova estória), o que já foi feito com Star Trek e Homem-Aranha. Essa moda revela a falta de novas ideias e de ousadia dos grandes estúdios. Não vou questionar o fato de que o objetivo final deles é o de buscar lucros milionários, mas parece que agora só fazem investimentos conservadores, e dá-lhes sequências, prequels (os antecedentes de uma estória já contada) e spin-offs (aprofundar em um detalhe de uma obra já mostrada, como contar a estória de um personagem secundário).
E o público aplaude isso, gostando de reviver suas emoções passadas nas telas, chorando sempre a mesma lágrima, diagnóstico que Lima Duarte fez há quase dez anos sobre as novelas da Globo. Neste ano teremos um novo Star Wars, e, por mais que eu espere ansiosamente pelo filme, receio que simplesmente façam um roteiro que seja somente uma cópia atualizada da trilogia original, feito com base na nostalgia das personagens clássicas e da trilha sonora do John Williams, sem nada a acrescentar (clique aqui para ver que até o Hitler do meme ficou preocupado com o trailer).
Mas, retornando ao filme, O Exterminador do Futuro: Gênesis, em um cenário de filmes de estúdio ruins, como a série Velozes e Furiosos, é até um filme de ação/ficção-científica razoável para quem ignorar sua falta de originalidade.
Famosos e cultuados após suas aparições nos dois episódios de Meu Malvado Favorito, os ajudantes do vilão Gru retornam em aventura solo em Minions. Leia minha avaliação completa em: pitacoscinematograficos.blogspot.com.br
Certos estórias bizarras são tão, mas tão inverossímeis, que só podem ter acontecido de verdade. É dessa premissa que parte Um Conto Chinês, filme argentino em que na cena de abertura uma vaca cai do céu sobre uma moça chinesa em um barco no momento em que seu namorado iria pedi-la em casamento. Acreditem ou não, fato semelhante já ocorreu, deixando à deriva alguns homens em um barco pesqueiro japonês (leia a notícia aqui). Magnólia, de Paul Thomas Anderson, é outro filme que trata de coincidências improváveis.
Após essa curta abertura, o filme vai para o outro lado do mundo, mais precisamente a Buenos Aires, onde o amargo dono de uma pequena loja de ferragens, Roberto (o onipresente Ricardo Darín), leva uma vida simples, reclusa e metódica, evitando o máximo possível de contato com outras pessoas.
Passada a apresentação do protagonista, eis que surge em sua vida o chinês cuja namorada foi assassinada por uma vaca, após ser atirado para fora de um táxi, completamente perdido, cuja única pista sobre seu destino é uma tatuagem com o endereço para onde deve ir.
Desse encontro entre homens de culturas tão diferentes e que não compreendem uma só palavra do que o outro diz se desenvolverá o enredo do filme, baseado na dificuldade de comunicação e na interação entre tais personagens.
É incrível como os cineastas argentinos consigam contar tão bem estórias de pessoas ordinárias. Já fiz tal observação ao tratar de Medianeras. Todas as peças estão bem encaixadas: a fotografia, as atuações, os diálogos, a edição e a direção, provando que ninguém precisa de uma superprodução para fazer um bom filme.
E, como não poderia deixar de ser, o espectador fica preso a esse improvável encontro causado por uma vaca que caiu do céu.
Corações de Ferro é mais um filme que trata de um tema recorrente no cinema americano, a II Guerra Mundial. Alguns filmes sobre o confronto são memoráveis, como O Resgate do Soldado Ryan; outros são um completo desastre, como Pearl Harbor (aliás, não é só um filme de guerra ruim, é um dos piores filmes de todos os tempos em qualquer gênero). Corações de Ferro fica num meio termo.
A estória traz um tema pouco explorado no cinema, os últimos dias da II Guerra Mundial, com as tropas americanas lutando em território alemão. A derrota alemã já é uma realidade inevitável, mas os nazistas insistem em lutar até o último homem. Brad Pitt é o Sargento Don Collier, comandante de um tanque de guerra, com quatro homens sob seu comando. Logo no início, um novo membro é designado para a tripulação de homens rudes, o recruta datilógrafo Norman (Logan Lerman) que servirá como contraponto a estes guerreiros.
Um dos pontos altos do filme é a fotografia, que se destaca desde a primeira cena, alternando momentos de tensão com cores fortes com cenas de rotina com cores esmaecidas. No entanto, os tiros no filme parecem muitos os tiros de Star Wars, parecendo feixes de lazer coloridos trocados entre americanos e alemães. Pode tornar mais didático e simples para o espectador entender quem atira em quem e onde o tiro acerta e tem até um efeito artístico interessante, mas, por outro lado, reduz o realismo.
Outro ponto interessante é mostrar a rotina de uma tanque, mostrando como era travada uma batalha motorizada, como estes veículos se posicionavam no campo de batalha e como a tripulação lutava em um ambiente escuro e apertado. Ainda destacando os pontos positivos, os atores são bons e conseguem inserir alguns dramas em suas personagens.
Mas o ponto fraco é o roteiro que se perde no decorrer do filme, escrito por David Ayer (conhecido pelo bom Dia de Treinamento), que também dirige o filme. No começo parecia promissor, um filme que questionava os heroísmos e mostrava que não há homem que cumpra seu dever sem sofrer.
Mas já na metade cai numa falta de ideias que culmina em seu final heroico forçado, do sacrifício pela pátria, inserindo o filme em uma série imensas de filmes clichês do cinema americano. O mencionado O Resgate do Soldado Ryan também tem desses clichês, mas a batalha a que se propõe o capitão de Tom Hanks é difícil, mas possível, ao contrário da que quer o sargento de Brad Pitt.
Assim, o filme tem um tema interessante a tratar, boa direção, bons atores, mas um roteiro sem força, que se perde, fatores que somados tornam o filme mediano.
Recentemente saiu na Folha de SP resenha da biografia de John Hughes (clique aqui para ler a matéria) diretor que tem como marca vários filmes dos anos 80 envolvendo adolescentes. O mais conhecido no Brasil é certamente Curtindo a Vida Adoidado. Clube dos Cinco é outro de seus filmes com status de cult.
No filme encontramos as clássicas personagens de colégio americanos, o nerd, a rainha do baile, o atleta, o marginal e a menina problemática isolada. Todos eles se juntam em uma manhã de sábado para cumprir a chamada detenção, punição padrão da educação dos EUA. Como esperado, essas personagens tão diferentes, que sequer se cumprimentariam no dia a dia, descobrem semelhanças em meio a esse convívio forçado.
A estória então caminha num lento processo de desconstrução dos estereótipos em que os garotos se inserem, como mostrar que o atleta não assedia os mais fracos somente por uma perversão secreta, mas que há uma pressão social para que tal comportamento seja demonstrado. E muitas discussões profundas acerca da busca da identidade, característica marcante da adolescência que acompanha as pessoas ao longo de suas vidas.
O estilo do filme é um aula de estética dos anos 80, especialmente nas roupas dos adolescentes. A trilha sonora de rocks oitentistas segue na mesma linha, com músicas de ritmo agitado e com muitos teclados, com destaque para a música que abre e fecha o filme, Don´t You (Forget About Me), do Simple Minds (clique aqui para ver o clipe).
De negativo, o final do filme que parece ser feito de forma apressada e previsível. Mas o saldo final é bastante positivo, e Clube dos Cinco merece ser tratado com um símbolo dos anos 80.
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/05/ida.html]
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2015, Ida traz a história da personagem-título, a noviça Anna, que pouco antes de jurar seus votos de freira descobre seu verdadeiro nome e que seus pais eram judeus que a entregaram ao convento antes de serem mortos durante a 2ª Guerra Mundial.
A estória começa mostrando a monótona rotina de Ida no convento. Logo após receber a notícia sobre o destino de seus pais, parte com sua tia em busca do esclarecimento do passado. O conflito entre essas duas personagens guiará todo o filme. Ida, como noviça, segue todos os preceitos religiosos, enquanto sua tia Wanda é seu extremo oposto, uma mulher forte e que gosta de desfrutar dos prazeres mundanos como cigarros, bebidas, festas e homens.
As personagens conflitantes são interessantes e as duas atrizes, a jovem Agata Trzebuchowska e a veterana Agata Kulesza estão excelentes em seus papéis. A fotografia em preto e branco fortemente contrastada e a alternância de planos abertos e closes é muito bem feita. E as emoções contidas das personagens são muito bem retratadas. No entanto, a estória deixa a desejar, pois não há grandes surpresas no enredo além do que já foi contado na sinopse.
Ida é um bom filme, muito bem conduzido, mas no qual parece que a embalagem é mais interessante que o conteúdo.
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/vingadores-era-de-ultron.html]
Aqueles que me acompanham com frequência talvez já notaram que não escrevo muito sobre filmes de heróis por aqui, gosto mais de tratar de filmes "alternativos", que eu prefiro chamar de autorais. Mas isso não quer dizer que eu não curta ver uns filmes-pipoca de vez em quando, exceto por bobeiras como Velozes e Furiosos 7.
Na trama, Ultron é a primeira inteligência artificial superior ao homem criada por Tony Stark (Homem de Ferro) e Bruce Banner (Hulk). Assim que toma consciência, Ultron percebe que para cumprir seu propósito de salvar o planeta tem que exterminar os Vingadores e subjugar a raça humana. A inclusão da inteligência artificial como vilão é um bom recurso, tendo em vista que muitos cientistas sérios, como Stephen Hawking, apontam essa nova tecnologia como um grave risco de extinção da humanidade.
No entanto, o filme comete uma falha ao querer corporizar Ultron. Mesmo ele estando espalhado por vários corpos, a destruição destes ainda assim não o venceria, pois bastaria que ele espalhasse cópias de seu programa por computadores de todo o mundo que nenhum ser humano (ou super-herói) seria capaz de detê-lo. Mas entendo a decisão do roteiro de querer dar uma cara ao vilão, pois colocar os poderosos Vingadores para enfrentar um software não teria muito sentido, melhor seria colocar um programador nerd atrás de um desktop. Para quem quiser aprender mais sobre inteligência artificial (e tiver disposição para ler um longo texto) clique aqui para ler este excelente artigo do blog Wait But Why. O filme Ela também é bastante realista na forma de abordar nosso relacionamento com a inteligência artificial do futuro.
Eu tenho opiniões variadas sobre os filmes do universo Marvel. Gostei de alguns (especialmente Capitão América 2- O Soldado Invernal), mas não gostei de muitos outros. Achei Os Vingadores um filme bem ruim, que parecia só uma junção de heróis na qual se esqueceram de um roteiro minimamente decente para acompanhar os efeitos especiais exagerados. Fiquei cochilando nas duas vezes que vi, de tão cansativo que são os diálogos e de tão longas que são as cenas de ação. Mas reconheço que Vingadores - A Era de Ultron corrigiu os defeitos do filme anterior.
Primeiro por fazer os efeitos visuais serem acessórios ao roteiro, que é a base de qualquer filme e representa 50% da qualidade de uma produção, como já disse Clint Eastwood. Neste novo filme lembraram-se de contar as histórias de seus personagens. Até mesmo o menos importante, o Gavião-Arqueiro, ganhou um grande destaque. E também dosaram bem a ação com a parte em que a história é contada. E não deixaram de fora as pitadas de bom humor que caracterizam os filmes Marvel.
Um bom roteiro também ajuda a dar destaque as atuações. Claro que neste tipo de filme essas não são o destaque, e nenhum dos atores vai ganhar qualquer prêmio relevante por elas. Mas nesta produção o talento de Scarlett Johansson, Mark Ruffalo e companhia foi mais bem aproveitado. Exceção é Robert Downey Jr, que aparenta ter atuado em piloto automático, talvez cansado por representar o Homem de Ferro pela quinta vez.
A direção abusa menos da ação que no filme anterior. Claro que em um filme desses não pode faltar cenas eletrizantes, mas há diversas formas de fazê-lo. Quando há um excesso de informação o espectador fica perdido em meio a tantas coisas acontecendo simultaneamente. Com poucas exceções, neste filme dá pra acompanhar bem tudo que acontece, seguindo a bem sucedida fórmula de Capitão América 2.
Vingadores - A Era de Ultron é um excelente filme-pipoca, e que faz os que gostaram dele, ainda que não sejam fãs de quadrinhos, esperando pela sequência da história daqui um ano com Capitão América 3: A Guerra Civil, quando os super-heróis tomarão lados opostos, um liderado pelo Capitão América e outro pelo Homem de Ferro.
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/feitico-do-tempo.html]
Comédias românticas tendem a ser o estilo de filme mais detestado por homens em geral e este pitaqueiro concorda com isso. Mas Feitiço do Tempo é uma honrosa exceção em meio ao monte de baboseiras sem graça que a Sandra Bullock e o Ryan Reynolds adoram fazer.
No filme, Phil Connors (Bill Murray) é um prepotente homem do tempo de uma pequena emissora de TV que é escalado pela terceira vez para cobrir o enfadonho Dia da Marmota, um evento em uma cidadezinha interiorana no qual dizem que o bicho pode prever se o inverno será mais curto.
Como previsto, Phil tem um dia horrível, e sequer consegue sair do lugar que tanto abomina em razão de uma nevasca. E no dia seguinte acorda e percebe que o dia anterior retornou, e com o tempo, que ele ficará preso neste dia por muito tempo.
Dessa repetição eterna emerge o humor do filme. Phil passa a reviver as pequenas situações do cotidiano indefinidamente. E sabendo do roteiro, passa a fazer modificações.
O protagonista passa por diversas fases. Primeiro vive um luto em saber que jamais deixará de viver aquele dia. Depois tenta de diversas formas se matar, o que é um dos momentos mais hilários do filme. Depois aceita seu destino e começa a viver sem limites, comendo, bebendo, fumando, etc. E na última fase começa a praticar boas ações, e fazer um esforço sem fim para conquistar sua produtora, Rita (Andie MacDowell).
As diversas repetições são as melhores tiradas do filme. Em uma cena Phil zomba de Rita por ela ter estudado literatura francesa na faculdade. Logo na sequência a mesma cena é mostrada com Phil recitando poesia francesa. Outros momentos memoráveis são o encontro de Phil com seu velho colega mala de escola, Ned. Prévias destas cenas estão no trailer, clique aqui para ver).
Bill Murray é um excelente ator de comédia. Seu humor ácido e cínico funciona especialmente bem para a personagem central. E Andie MacDowell complementa bem o elenco, fazendo o casal principal ter a química necessária.
O melhor aspecto técnico do filme é a edição, que mostra as repetições de forma ágil, contribuindo para o humor da trama. A direção é de Harold Ramis, morto recentemente, conhecido por ter dirigido e atuado em Os Caça Fantasmas.
Feitiço do Tempo é um filme divertidíssimo e é a prova de que comédias românticas não precisam ser sempre a mesma estorinha boba e previsível que mal conseguem fazer rir.
[Publicado em meu blog :http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/operacao-sombra-jack-ryan.html]
Jack Ryan, cria do escritor Tom Clancy, já é uma personagem veterana em filmes de espionagem. Sua carreira começou com o bom A Caçada ao Outubro Vermelho, no qual Alec Baldwin dava vida à personagem. Depois Harrison Ford assumiu o papel por dois filmes, Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato, e na sua última aventura, A Soma de Todos os Medos, foi a vez de Ben Affleck interpretar o protagonista. Agora a série retorna ao ponto zero com Chris Pine (o Capitão Kirk dos novos filmes de Star Trek).
Nesta nova aventura é mostrada a origem de Ryan, um estudante de economia que decide se alistar nos Fuzileiros Navais dos EUA após o 11 de setembro e é ferido no Afeganistão, sendo posteriormente recrutado como analista da CIA e designado para trabalhar sob cobertura junto ao setor financeiro em Wall Street. Em seu trabalho, Jack descobre estranhas transações financeiras da empresa russa sócia da firma na qual trabalha. Aí vai a Moscou onde irá ver mais de perto o que acontece. E, como sempre, Ryan é o analista que da noite pro dia tem que se transformar em um agente operacional em missões de alto risco.
A trama é até interessante, na qual há um plano de ataque terrorista a Wall Street seguido por um plano financeiro para causar uma derrubada do valor do dólar, levando os EUA a uma nova Grande Depressão.
Mas a estória não é bem conduzida.
Primeiro pelo roteiro. As formas mirabolantes para conseguir invadir o prédio do vilão e acessar seus planos são tão exageradas que até a invasão da CIA em Missão Impossível parece mais factível. O destaque dado ao relacionamento afetivo de Ryan com sua namorada também toma tempo demais. E a inclusão dela, uma pessoa completamente leiga, em uma missão de alto risco, também não ofende a inteligência do espectador.
O elenco também não ajuda. Chris Pine é inexpressivo e não convence como Ryan. O vilão, Kenneth Branagh (também diretor do filme), não é mais do que um estereótipo de russo ressentido que quer ver restaurada a grandeza de seu país. Kevin Costner não compromete como chefe de Ryan e Keira Knightley até vai bem como a namorada de Ryan, mas, como já dito, sua personagem seria desnecessária.
A fotografia é até interessante, com belas cenas de Moscou. As cenas de ação são bem coreografadas e não são exageradamente longas. Mas não há direção que resolva um roteiro tão falho e um protagonista que não convence.
O renascimento de Jack Ryan nas telas, assim, não mostra a que veio. Aos fãs de filmes de espionagem, certamente é melhor esperar a aguardada estreia de Spectre a nova aventura de 007.
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/o-poderoso-chefao.html]
Família êh, Família ah, Família!
Filme que costuma figurar entre os primeiros em 99 de 100 listas dos melhores de todos os tempos, liderando em diversas delas, O Poderoso Chefão retrata a saga da família Corleone (na tradução, coração de leão). Nesta primeira parte é apresentado o envelhecido patriarca Vito (Marlon Brando) buscando manter seu poder em meio a concorrência com as outras 4 famílias mafiosas sicilianas, enquanto prepara sua sucessão que deveria passar a seu filho mais velho, Santino (James Caan), enquanto sonha que seu caçula e filho preferido, Michael (Al Pacino), torne-se um homem de prestígio.
A sequência de abertura do filme é majestosa (clique aqui para vê-la). A primeira frase do filme é "Eu acredito na América", dita por um imigrante italiano, enquanto seu rosto é mostrado em um plano bem fechado. A partir daí ele narra o trágico episódio ocorrido com sua filha, enquanto o plano vai se abrindo e mostrando o ombro do homem com quem ele fala, que é o Padrinho Vito Corleone, a quem o imigrante foi clamar por justiça. Em poucas frases se mostra o poder do "Don", cuja primeira fala é "Por que foi a polícia? Porque não veio a mim primeiro?", que sintetiza todo seu poder.
Apesar do Don ser a figura central, o protagonista da estória é Michael. Ele é quem mostra a trágica trajetória de um homem que quis fugir do destino criminosos de sua família, cujos métodos abominava, mas que no final consegue se tornar ainda pior do que tudo que rejeitava. Sua lenta mudança ao longo do filme é espetacular e nos faz ver o quanto às circunstâncias podem mudar o caráter de um homem bom.
Marlon Brando foi merecidamente contemplado com o Oscar de Melhor Ator pelo trabalho. No entanto, ao contrário do que foi feito, ele deveria ter sido indicado como coadjuvante e Al Pacino como protagonista. Certamente não o fizeram pelo prestígio de Brando frente a um novato à época como Pacino. De qualquer forma, prova das atuações fenomenais é o fato de quatro atores do filme foram indicados ao prêmio, três na categoria de coadjuvante (Al Pacino, James Caan e Robert Duvall).
O mais estranho foi a fantástica atuação de Pacino não ter levado o prêmio de coadjuvante de 1973, prêmio que ficou para Joel Grey (quem?). Por isso, como costumam fazer na Academia, após diversas derrotas deram o prêmio a ele em 1993 por Perfume de Mulher, atuação inferior a dos dois primeiros O Poderoso Chefão, e também inferior a de seus concorrentes daquele ano, como Clint Eastwood (Os Imperdoáveis) e Robert Downey Jr. (Chaplin).
O Poderoso Chefão é um filme praticamente sem defeitos. O enredo, os diálogos, as atuações, a fotografia, a edição e a direção funcionam extremamente bem. E, o mais importante de tudo, a estória prende o espectador desde o início, que quer conhecer de perto o mundo secreto da Máfia e viver a intimidade da família Corleone.
E, caso raríssimo, uma obra-prima desta envergadura teve uma continuação tão boa quanto o original dois anos depois em O Poderoso Chefão II, obra na qual a consolidação do poder de Michael é narrada em paralelo com a trajetória de chegada nos EUA e ascensão ao poder de seu pai, Vito (vivido na juventude por Robert DeNiro).
Depois de quase vinte anos veio O Poderoso Chefão III, que é um bom filme, mas que fica distante dos dois primeiros. O diretor Francis Ford Coppola assumidamente fez o filme para resolver dívidas pessoais e não ficou satisfeito com o resultado final. E escalou sua filha, Sofia Coppola, que teve péssima interpretação, devidamente contemplada com duas Framboesas de Ouro (pior atriz coadjuvante e pior nova estrela). Pelo menos ela aprendeu a lição e migrou para trás das câmeras, se tornando uma ótima diretora.
Quem gosta de cinema não pode deixar de assistir a essa grande obra, a melhor saga familiar da história do cinema, e justamente apontado por muitos como o melhor filme de todos os tempos.
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/a-fotografia-oculta-de-vivian-maier.html]
Filme indicado ao Oscar 2015 e primeiro documentário pitacado neste blog, A Fotografia Oculta de Vivian Maier nos apresenta a intrigante personagem do título, fotógrafa e babá. Como assim? Pois bem, é essa pergunta que o filme busca responder.
Sem querer contar toda a estória (eu nem conseguiria, por mais que haja spoilers aqui o filme revela muito mais detalhes da vida da personagem título), o trabalho de Vivian Maier só foi visto após ela morrer em total anonimato em 2009, quando um cara que havia comprado em um leilão negativos de filmes dela os publicou na internet alcançando imenso sucesso.
Com isso, ele buscou mais peças de Vivian Maier em outros leilões e conseguiu a imensa quantia de mais de 100 mil fotos, a maioria nem sequer revelada, e alguns filmes, feitos a partir de 1950. Junto aos negativos, havia vários outros itens, como peças de roupas, cartas, jornais e até recibos de compras (Maier era uma acumuladora compulsiva). Essas pequenas peças permitiram que ele começasse a seguir seus rastros e, surpreendentemente, descobriu que a talentosa fotógrafa era na verdade uma modesta babá. Esse cara que reconstitui a história de Maier e permitiu que o mundo conhecesse seu trabalho é também codiretor e apresentador do documentário, John Maloof.
Só esse mistério já basta para despertar curiosidade. Mas, claro, tal estória não seria interessante de ser contada se as fotos não fossem excepcionais. E elas são! Com poucos minutos do filme as imagens de Maier começam a ser mostradas na tela e certamente deixarão os observadores de queixo caído. São fotos surpreendentes, feitas sobretudo em situações do cotidiano (street photography), com uma qualidade artística única, com ótimo enquadramento, focagem e momento certo de disparo, que poucos fotógrafos renomados conseguiram. Acesse o site com as fotos clicando neste link: http://www.vivianmaier.com/.
As exposições de seu trabalho foram absoluto sucesso de público e de crítica. Certos especialistas em fotografia conseguem ver em seu trabalho semelhanças com os de grandes mestres da arte, como o mais renomado de todos os fotógrafos, Henri Cartier-Bresson.
Para aumentar o interesse na estória, Vivian Maier era uma mulher extremamente reservada e misteriosa. Das pessoas que a conheceram e que foram entrevistadas no filme nenhuma sabia sequer a nacionalidade de Vivian, que, apesar de nova-iorquina, falava com sotaque francês. E, por vezes, alguns entrevistados dizem algo que outro entrevistado diz exatamente o oposto, como uma das pessoas das quais ela cuidou quando criança que diz que a chamava de Viv, e outra que diz que ela exigia ser chamada de Miss Maier. A mulher era uma esfinge.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier é um bom documentário, que revela o trabalho de uma grande artista desconhecida. E nos faz pensar em quantos artistas anônimos não morrem com grandes trabalhos que nunca serão conhecidos abandonados em caixas, gavetas ou HDs.
[Mais análises de filmes em meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br]
[Publicado em 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/sexo-mentiras-e-videotape.html]
Filme cult dos anos 80, especialmente por ter sido indicado ao Oscar de Melhor Roteiro. Apesar do nome, o filme não tem nada de pornográfico ou erótico, sendo que o sexo é somente discutido e a história gira em torno de somente quatro personagens, dois homens e duas mulheres, lembrando o recente e excelente Closer.
John (Peter Gallagher, hoje em dia o tiozão no O.C.) é um advogado bem sucedido casado com Ann (Andie MacDowell), que abandonou a profissão para viver cuidando do marido. A falta do que fazer faz com que ela se submeta à terapia para falar de suas neuras decorrentes de seu quase isolamento como dona de casa. Enquanto isso, John mantém um caso com sua irmã mais nova, Cynthia (Laura San Giacomo), com personalidade muito distinta de Ann, de quem sente profundo ciúme por ser a queridinha de todos. Nesse cenário de mentiras, John ainda faz o papel do senhor certinho, revelando uma profunda hipocrisia.
Com este cenário estabelecido, surge na história Graham (James Spader) amigo de faculdade de John que não o via desde a formatura. Ambos tomaram caminhos muito distintos, e Graham é praticamente um nômade que não trabalha, apenas tem um carro e sai passeando pelo mundo.
No encontro com John, estabelece-se o clima de discordância entre esses. Graham se mostra um cara que não suporta a hipocrisia do mundo, ao mesmo tempo que se revela um desajustado social, não muito habituado as regras de etiqueta do mundo “civilizado”. Esse comportamento diferente intriga Ann, que se sente atraída por essa pessoa diferente, como ela mesma se sente.
Graham revela-se um homem mais estranho do que parece. Apesar de extremamente sincero e simpático, esconde uma mania pouco comum: colecionar depoimentos por ele gravados em vídeo sobre mulheres relatando suas vidas sexuais. Mais interessante ainda é o fato de ele revelar a Ann que é impotente, sendo esses depoimentos sua fonte de prazer.
Como esperado, as máscaras caem no final, sendo que Ann descobre a traição de John com Cynthia e John vê a fita com o depoimento sexual de Ann.
Assim, Sexo, Mentiras e Videotape é um filme com poucos personagens com certa profundidade que busca mostrar a verdade que existe por trás das convenções sociais.
[Publicado em 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/comer-comer.html]
Filme que passou recentemente na sessão cinéfilo do HSBC. O enredo consiste em um grupo de quatro amigos que decide se reunir para comer até morrer. Todos as personagens recebem o nome de seus intérpretes.
Marcello (Mastroianni) é um piloto de aviões machão à moda antiga. Ugo (Tognazzi) é o chef que por motivos óbvios assume a função de carrasco. Michel (Piccoli) é coreógrafo e dono da mansão onde ocorre a cerimônia. E Philippe (Noiret) é o juiz controlado por sua ama de leite. Todos senhores de meia idade e respeitados pelo que fazem.
Logo no início do isolamento, Marcello diz que não pode ficar sem transar e decide chamar algumas prostitutas à casa. Pouco depois, o grupo convida uma professora primária para juntar-se a eles. Dado seu cargo, todos julgavam ser ela uma pessoa muito pudica, temendo pela reação dela juntamente as prostitutas, mas ela releva-se mais devassa que as profissionais do sexo.
Assim, o filme segue esse caminho da comparação entre os prazeres sexuais e degustativos, apresentando-nos uma idéia de que são muito próximos um do outro, senão iguais.
Como todo filme que procura abordar a loucura humana, Comilança é também um filme que nos leva a esse mundo louco, fazendo-nos questionar se o louco são eles ou se os loucos somos nós, ou se ambos.
No entanto, o filme, apesar dos personagens bem construídos e das excelentes interpretações, tem um ritmo lento demais, e caminha para um final esperado. Algumas cenas poderiam ser mais curtas, para o filme ter menos que duas horas.
Como é um filme que gera a dúvida se é brilhante ou estúpido, mas é interessante, aqui vai sua nota
Mais pitacos em http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/o-...]
Analisarei um filme de um dos maiores gênios da história do cinema: o imortal Charles Chaplin. Chaplin, de fato é um mito, o que pode fazer muitas pessoas já irem assisti-lo com uma certa reverência. Mas no caso, a mística é justificada, pois seus filmes, que foram feitos há quase 100 anos, ainda se mostram atuais, tendo em vista sua universalidade e sua atemporalidade. Além disso, seus múltiplos talentos faziam com que ele conduzisse totalmente seus filmes, escrevendo a estória, dirigindo, atuando, produzindo e até mesmo compondo as trilhas sonoras. Na atualidade, creio que somente Woody Allen chega perto deste controle criativo.
O Circo, apresenta a clássica personagem de Chaplin, Carlitos (ou O Vagabundo), conseguindo emprego no picadeiro após fugir de uma confusão com a polícia. No ambiente também se apaixona pela bela acrobata e filha do dono do circo.
Como é costume nas comédias de Chaplin, a questão social está envolvida no sempre pobre e faminto Carlitos. Após a injusta perseguição policial, Carlitos surge acidentalmente no palco e causa furor na plateia que até então estava entediada. A partir daí é contratado como ajudante de palco e torna-se a principal atração do local. Mas ingênuo como é Carlitos, não percebe seu papel, pois, em razão das trapalhadas que sempre causa, seu humor é involuntário, e recebe um salário de fome.
Claro que se o filme se prendesse somente na questão social seria bem chato (e Chaplin já teria sido esquecido). Mas há sempre muito humor, de ótima qualidade. As piadas físicas de Carlitos são universais e atemporais, tanto que até hoje Chaplin é modelo para diversos humoristas, como Rowan "Mr. Bean" Atkinson e o recém falecido Roberto "Cháves" Bolanos. Para ver um prévia, assista ao trailer (clique aqui).
Tecnicamente o filme também causa espanto até hoje. Chaplin contracena com um leão dentro da jaula. E realizou, sem dublês, cenas sobre a corda bamba a metros de altura do chão. Como Chaplin não revelava suas técnicas por entender que seria o mesmo que um mágico revelar seus truques, parte de seu arsenal cinematografico ainda permanece um mistério.
Um belo filme, de um dos maiores gênio dos cinema, que foi prenúncio de suas obras primas da parte final de sua carreira, as obras primas Luzes da Cidade, Tempos Modernos, O Grande Ditador e Luzes da Ribalta.
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[Publicado em maio de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/homem-aranha-3.html]
Continuação desta trilogia cinematográfica do herói de HQs e desenhos animados, que devido aos sucessos de bilheteria é bem provável que gere novos filmes.
Nesta aventura, Peter Parker (Tobey Maguire) começa a finalmente a desfrutar do sucesso como Homem-Aranha, na velha questão da fama subir à cabeça, já que é festejado, poderíamos dizer, por público e crítica. Ao mesmo tempo, sua namorada, Mary Jane (Kirsten Dunst), encontra-se em situação oposta em sua carreira como atriz da Broadway. Colocar o lado humano juntamente à ação não é novidade na série, pois todos os filmes sempre apresentaram algum conflito humano da personagem central, o que vem sendo a tônica nas superproduções de super heróis, como X-Men e Hulk.
O primeiro confronto de Homem-Aranha é com seu antigo amigo Harry Osbourne (James Franco), filho do vilão do primeiro filme, o Duende Verde, que busca vingar à morte de seu pai que acredita ele que foi assassinado por Peter. Munido de uma prancha voadora, ele enfrenta Peter e é derrotado por ele, sofrendo amnésia e retomando a amizade. Cabe aqui um elogio à atuação de Franco, que consegue mudar completamente sua expressão de vilão para bom moço após a amnésia.
Outro novo vilão é Homem-Areia (Thomas Haden Church, do brilhante Sideways) o verdadeiro assassino de Ben Parker, tio e pai de criação de Peter, um bom ladrão que ganha seus poderes em um experimento científico, como as demais personagens da série.
Também pode ser considerada como vilã a substância misteriosa que, logo no início do filme, vinda de um meteoro, entra em contato com Peter. Tal substância torna o uniforme de Aranha negro, dando mais poderes à Peter e estimulando sua agressividade. Por conta disso, surge uma das melhores cenas do filme, no momentoem que Peter, sentindo-se muito confiante, começa a paquerar todas as mulheres com que cruza na rua, inclusive dançando sozinho nas ruas de Manhattan.
Somados todos esses eventos, Peter começa a perder Mary Jane, que não se sente especial junto ao namorado, iniciando um relacionamento com Harry. Por fim, quando Peter se livra da substância, ela cai em seu rival, o fotógrafo Eddie, que se torna Venom, que tem por objetivo único destruir o Aranha, e une-se ao Areia para tanto.
Analisando o filme em relação aos seus antecessores, a nova aventura inclui muitos vilões, o que retira a força desses, pois, desta maneira, não pode aprofundar as personagens, como fez melhor com Duende Verde no primeiro filme e Dr. Octopus no segundo. Por exemplo, o fato de Homem-Areia pedir desculpas ao Homem-Aranha surge do nada, sem grandes explicações. Venom, de seu surgimento ao seu fim, dura menos de uma hora em tela. Harry é o melhor tratado desses, que une-se ao Aranha no final para salvar Mary Jane.
Mesmo o lado humano, o que era a grande força dos dois primeiros filmes, aqui tratou de algo menos emotivo do que nos anteriores, que versavam sobre o crescimento de uma pessoa comum e sobre o conflito entre viver uma vida ordinária e uma de herói. Assim, Homem-Aranha 3 torna-se uma vítima do sucesso da série, perdendo um pouco do tom de aprofundamento que marcaram seus antecessores e apenas repetindo seu sucesso com um grande mosaico para atrair maiores bilheterias.
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[Publicado em abril de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2013/03/borat.html]
Comédia que suscitou muita polêmica ao redor do mundo por seu humor totalmente politicamente incorreto, Borat é um pseudo-documentário que narra a viagem do personagem título, vivido por Sacha Baron Cohen, para conhecer os hábitos norte-americanos.
O filme inicia-se com Borat Sagdiyev apresentando sua aldeia natal, um povoado bastante pobre, no Cazaquistão. Borat apresenta sua família, seu vizinho, e seus hábitos, já fazendo graça com seu próprio país.
A seguir, Borat viaja aos EUA, com o objetivo de centrar sua visita à New York. Chegando lá, faz piadas com os costumes, lembrando um pouco Crocodilo Dundee, ao tentar cumprimentar as pessoas no metrô e nas ruas. As reações são as mais bizarras possíveis, passando por pessoas que ignoram, as que são agressivas e culminando em um louco que sai correndo quando Borat estende a mão para cumprimentá-lo na rua.
Assistindo à TV no hotel, Borat apaixona-se por Pámela Anderson, a mais famosa salva-vidas do seriado Baywatch, e decide cruzar os EUA até Los Angeles para encontrá-la. Assim, inicia-se uma jornada que cruza o país, retratando o comportamento “gangsta life” dos negros de Atlanta, as tradicionais famílias cheias de regras de etiqueta do sul do país, universitários que querem beber até cair, prostitutas, evangélicos petencostais, cowboys entre outras figuras típicas da cultura americana.
As piadas retiradas desse estranhamento cultural são excelentes. O protagonista utiliza-se da velha fórmula de se fazer de bobo da corte, para que as pessoas mostrem o pior de si mesmas. Obviamente, fica a questão do que é verdade e do que é encenado no filme. Creio que as melhores piadas são frases reais, ditas por americanos estúpidos.
Borat não é um filme para toda a família. Muitas piadas são pesadas, e há um humor escatológico para chocar até mesmo quem se divirta com isso. Mas quem for assistir ao filme sem estar preocupado com o politicamente correto, com certeza irá rir bastante até mesmo dos momentos mais, digamos, heterodoxos.
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[Publicado em abril de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007_04_01_archive.html]
Baseado na história em quadrinhos de Frank Miller, 300 retrata a épica batalha dos 300 melhores guerreiros de Esparta, liderados pelo valente Rei Leônidas (Gerard Butler) contra os 2 milhões de soldados do rei Xerxes, da Pérsia (Rodrigo Santoro).
O filme é um espetáculo gráfico fantástico. Excelentes efeitos visuais, figurinos, fotografia e edição dão o tom à grandeza da batalha das Termópilas. Seguindo uma linha totalmente diversa da que vinha sendo utilizada em épicos recentes, como Gladiador e O resgate do Soldado Ryan, que utilizaram edição extremamente recortada, que confere tensão ao filme mas retira do espectador à percepção do todo, em 300 são utilizadas seqüências longas em slow motion em alguns confrontos, o que dá ao espectador a percepção real dos movimentos corporais da batalha. Percebemos todos os movimentos utilizados pelo guerreiro para matar diversos oponentes.
O enredo inicia-se apresentando-nos no panorama da vida de caserna espartana. Didaticamente, é mostrado o treinamento militar desde a infância, que diferenciava a pólis de Esparta. Lá, desde o nascimento, o sujeito era condicionado a ser um soldado. Tal traço fundamental da cultura espartana é mostrado ao longo de todo o filme, por meio da determinação dos guerreiros, seu treinamento exclusivo para a guerra, a figura do corcunda rejeitado para ser soldado, entre outras.
Seguindo no enredo, emissários persas vêm a Esparta com o propósito de pedirem que Leônidas ajoelhasse-se perante Xerxes e aceita-se seu domínio, tornando-se vassalo deste, o que é prontamente recusado. Como a cidade tem dúvidas da eficiência que teria uma guerra contra os persas, recusasse a entregar seu exército. Assim o rei Leônidas convoca sua elite, numa missão sem o carimbo de oficial, reforçando o espírito guerreiro de seus homens.
Reunidos, a turma de sunguinha e capa parte para a batalha. Aí começa o espetáculo gráfico do filme.
Passado parte dos confrontos, o imperador Xerxes reúne-se com Leônidas. Neste momento, o homossexualismo do filme, já pronunciado com a turma dos marombados de sunguinha, atinge o ápice, quando Xerxes, cheio de piercings, depilado e alto, no melhor estilo Vera Verão, como bem lembrado pelo pessoal do Pânico na TV, coloca as mãos no ombro de Leônidas e dizendo: “Não é meu chicote que eles temem”. Os cinemas brasileiros estão desabando em risos neste momento, apesar de ser uma cena séria, na qual Xerxes tenta convencer Leônidas a aceitar a dominação.
Paralelamente a ação, na cidade de Esparta, a rainha busca convencer o conselho a enviar o exército para defender a nação, sendo algo que poderia ser retirado do filme, pois, além de quebrar a seqüência, é muito mal feito, com discursos grandiloquentes, sedução, etc. tudo pela necessidade do filme de colocar uma mulher em destaque numa história de guerra.
Neste caso, melhor seria deixar histórias de amor e política de salões de lado, concentrando o foco no filme na batalha. Mas é Hollywood, então é necessário introduzir alguns elementos para atraírem maior público.
Assim, o filme é dividido numa clássica história épica e numa intriga política. Não fosse o visual assombroso, 300 seria um filme qualquer. Mas, devido a isso, merece seu crédito.
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[Publicado em março de 2007 no meu blog:http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/03/o-ilusionista-illusionist-dir.html]
Filme ambientado em meados do século XIX, na Áustria, que retrata a trajetória da personagem-título protagonista, o mágico Eisenheim, vivido pelo ótimo Edward Norton. O início da história retrata a adolescência de Eisenheim, quando se apaixona por uma jovem aristocrata, Sophie. Por ser um camponês, o amor não pode ir adiante, e o ilusionista muda-se para outros países da Europa.
De volta à Áustria, já na casa dos trinta anos, Einsenheim apresenta um espetáculo que conquista e ao mesmo tempo assusta o público, pois suas atrações envolvem fantasmas. Nisso, reencontra sua amada, agora noiva do príncipe herdeiro do trono austro-húngaro, atiçando seu ciúme e vendo-se perseguido pelo agente de polícia local, vivido por Paul Giamatti, de Sideways.
A história desenvolve-se de maneira lenta e enfadonha. O filme é daqueles nos quais o espectador pergunta-se se ainda falta muito para acabar. Além disso, é mais uma historinha de amor bobinha e previsível.
Fica nítido durante o filme que alguns detalhes são propositalmente omitidos, como o “assassinato” da mocinha. No qual utiliza-se a tática dos ilusionistas de mostrar somente um ângulo. Assim, o filme tem mais algumas dessas “ilusões”.
Ao final, o mocinho e a mocinha unem-se para um bobo final feliz, enquanto o inspetor fica todo feliz por ter descoberto a trama por eles armada.
Se o diretor quis criar uma ilusão, conseguiu, ao colocar dois bons atores (que precisam escolher melhor seus papéis, pois aqui decepcionam) e de conseguir uma ampla divulgação para um filme péssimo.
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[Publicado em março de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/03/o-horror-o-ultimo-rei-da-escocia-last.html]
Apesar do título do filme, a história retrata o ditador de Uganda, Idi Amin Dada, que ascendeu ao poder na década de 1970, que se auto-intitulou Rei da Escócia por ser admirador deste país e por ser inimigo da Inglaterra, assim como os escoceses. O papel do ditador coube a Forest Whitaker, em excelente atuação que foi coroada pelo Oscar, com todos os méritos.
Mas o papel central fica com James McAvoy, que interpreta um jovem médico escocês recém formado, Nicholas Garrigan, angustiado pelo fato do pai, também médico, não deixar que ele desenvolva seu brilho próprio, decidindo ir a busca de novos horizontes, partindo para Uganda em uma jornada de fuga.
Chegando a África, o jovem médico vai trabalhar na assistência as comunidades carentes, cenário de grande falta de recursos no hospital, mas que não o incomodava, pois finalmente ele se via livre para se destacar sem a sombra paterna. Além disso, ele sente-se bem junto aos sofridos mas alegres africanos e com seu sucesso junto às mulheres africanas.
Em uma jogada do destino, o jovem médico é chamado às pressas para ajudar o ditador, que, em visita ao campo, sofre um pequeno acidente. No episódio ele toma uma atitude de grande coragem e chama a atenção do presidente.
Em pouco tempo, ele é chamado para ser médico particular de Amin, e, assim, vai ganhando sua confiança, vivendo os glamoures da corte do déspota, cercado por dinheiro, luxo, grandes festas e belas mulheres. Além disso, sua relação com Amin evolui a ponto do ditador considerá-lo conselheiro pessoal, dando assim poder e prestígio a Garrigan. Mas o que a princípio eram somente flores vai se revelando. Garrigan começa a descobrir as atrocidades do regime, cercado por prisões e assassinatos a mando do ditador, e quando vê já não tem mais para onde fugir, percebendo que aquilo não é o mundo dos sonhos que vislumbrava.
Assim, o filme revela-se uma história na qual o eixo central é a desilusão humana, na qual a fuga de uma realidade desagradável leva-o a uma realidade ainda pior.
No entanto, um eixo central que poderia revelar-se muito bom em mãos competentes perde-se aqui. O filme é muito mal dirigido e escrito. Desde o princípio o espectador sabe o que vai acontecer, mostrando-se um filme extremamente previsível e quadrado. Mesmo a loucura de Amin, que vai aumentando à medida que cresce seu poder, não é um recurso novo. Apesar disso, Whitaker retrata tal loucura muito bem, o que acaba sendo a grande salvação do filme.
No elenco ainda, a sumida Gillian Anderson, a agente Scully de Arquivo X, em papel menor.
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[Publicado em março de 2007 em meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2013/03/herois-conquista-da-honra-flags-of-our.html]
Este novo filme do astro dos filmes de faroeste e já oscarizado diretor, Clint Eastwood, mostra o lado dos americanos na Batalha de Iwo Jima, na qual enfrentou o Império Japonês, episódio célebre da Guerra do Pacífico, da Segunda Guerra Mundial, na qual se combateu por uma pequena ilha, estratégica para alcançar o Japão. Quase simultaneamente, Eastwood lançou Cartas de Iwo Jima, face oposta de A conquista da Honra, que mostra o lado japonês no conflito.
A história de Conquista enfoca a famosa foto em que 6 fuzileiros navais americanos, os marines, aparecem erguendo a bandeira dos EUA após a conquista da ilha. Tal foto alça os retratados à condição de heróis ao chegar aos EUA. Clint mostra com coragem como uma nação pode se servir de falsos heróis para poder angariar recursos para a guerra. Aliado a uma visão humana muito poderosa, mostra os dramas vividos por homens comuns alçados à condição de heróis, mesmo sem terem praticado nenhum ato de heroísmo, mas somente por terem estado em uma foto na qual era possível retirar significados diversos dos reais.
Na época do combate em Iwo Jima as tropas americanas já estavam exaustas pelos 3 anos de combate a que estavam expostas. Conseqüentemente, a opinião pública do país também não exibia o mesmo entusiasmo em apoio à participação na guerra. Assim, somente um fato novo reverteria este quadro, o que ocorreu graças à publicação da foto na primeira capa dos principais jornais dos EUA. O imaginário popular viu na imagem um esforço hercúleo dos combatentes para hastear a bandeira do país, pela qual eles tanto se orgulhavam.
Tal fato transformou os presentes na foto em heróis instantâneos, tendo os 3 sobreviventes da foto sidos retirados do front para serem recebidos nos EUA com honras que não lhes cabiam, já que sequer hastearam a primeira bandeira na ilha, mas simplesmente a substituíram por outra, já que a primeira foi pedida pelo comandante da missão como troféu particular. Além disso, um dos “heróis” não estava presente na foto, tendo sido responsável por hastear a primeira bandeira, sendo que este tampouco era combatente, mas um mensageiro, e, mesmo assim, recebeu a mais alta honraria dos EUA, a Medalha de Honra.
Em comum entre os 3 “heróis” está o fato de nenhum deles considerar-se um herói. Mas cada um demonstra isso de sua forma. O mensageiro, o mais insignificante dos três, fica vislumbrado com sua fama, e leva em sua “bagagem” na turnê dos heróis entra sua namorada, que se aproveita de sua fama para aparecer. Já o mais valente dos combatentes, índio americano, nem queria estar na turnê, e tem problemas com alcoolismo para lidar com as cicatrizes da guerra. Por fim, o enfermeiro da marinha, é o mais introspectivo dos três, e é o ponto de equilíbrio na desigualdade entre os dois primeiros protagonistas.
No elenco, os mais famosos são Ryan Phillippe e Barry Pepper, mas o destaque fica por conta de Adam Beach, na pele do índio Ira Hayes.
Destaque também para a produção caprichada, que recriou muito bem as cenas da batalha, valendo-se de recursos semelhantes aos de Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, que, a propósito, é produtor do filme.
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 942 Assista AgoraFilme indicado só a categorias técnicas que merecia bem mais indicações, incluindo melhor filme. A violência na fronteira americano-mexicana na visão de Denis Villeneuve. Ciquem em notícias para acessar eu blog Pitacos Cinematográficos.
A Grande Aposta
3.7 1,3K"A Grande Aposta é uma obra interessante, especialmente em razão de um grande estúdio, a Warner, trazer um tema que ataca fortemente o capitalismo. Corre por fora, mas pode surpreender na premiação de melhor filme." Nas notícias adicionei o link para meu pitaco completo. Acessem.
Mad Max
3.6 723 Assista AgoraTem uns enquadramentos muito interessantes ao nível da estrada e boas cenas de perseguição. Mas a estória é bem sem graça e arrastada. Vi há muito tempo as continuações, mas acho que elas são melhores que o original, especialmente pela estética pós-apocalíptica.
O Exterminador do Futuro: Gênesis
3.2 1,2K Assista AgoraO Exterminador do Futuro teve seu primeiro filme em 1984 e uma sequência mais bem sucedida que o original em 1992. Ambos os filmes se tornaram marcos da cultura pop (quem nunca falou "Hasta la vista, baby" que atire o primeiro T-800). Depois, vieram duas continuações, sendo o terceiro filme um fiasco completo e o quarto um pouco diferente por focar somente na guerra entre humanos e máquinas no futuro, não contando nem com Arnold Schwarzenegger no papel principal. Neste novo Exterminador, a estória retrocede ao primeiro filme, para mostrar uma linha do tempo alternativa.
Assim, o filme inicia-se no momento em que o Exterminador original e o protetor de Sarah Connor, Kyle Reese, são enviados a 1984. As cenas são, inclusive, reproduções quase que fiéis do primeiro filme (veja aqui). Mas tão logo as duas personagens chegam à Los Angeles do passado, suas trajetórias se alteram, com o exterminador original enfrentando sua versão mais velha e com Reese enfrentando o T-1000 e sendo resgatado por Sarah Connor.
Sim, é isso mesmo. Uma profunda alteração na linha do tempo vai ocorrer e todos os eventos dos filmes originais serão mudados. Pode até parecer confuso mas não é tão difícil assim de entender. Aliás, já no primeiro Exterminador existia o paradoxo do filho que manda seu pai de volta ao passado para concebê-lo. Ou seja, cronologias paradoxais não são novidade na série.
O enredo é razoável, e equilibra bem cenas de ação e momentos em que a estória deve ser contada. Por mais que haja idas e vindas no tempo, como dito, não é difícil de acompanhar. E até o envelhecimento do Exterminador é bem explicado.
As atuações variam, mas não comprometem o filme. Schwarzenegger nunca foi um bom ator mas o Exterminador é dele e de mais ninguém. Emilia Clarke (Sarah Connor) é uma ótima atriz, muito elogiada por Game of Thrones, Jason Clarke (John Connor) é competente, e há o apoio de luxo do recém-oscarizado J.K.Simmons (O´Brien), em papel menor. O ponto negativo é Jay Courtney (Kyle Reese), ator de filmes de ação que não consegue passar emoção nenhuma, parecendo mais robô do que o Exterminador.
O Exterminador do Futuro: Gênesis segue a nova moda hollywoodiana de fazer reboots (voltar no tempo com uma série de cinema para contar uma nova estória), o que já foi feito com Star Trek e Homem-Aranha. Essa moda revela a falta de novas ideias e de ousadia dos grandes estúdios. Não vou questionar o fato de que o objetivo final deles é o de buscar lucros milionários, mas parece que agora só fazem investimentos conservadores, e dá-lhes sequências, prequels (os antecedentes de uma estória já contada) e spin-offs (aprofundar em um detalhe de uma obra já mostrada, como contar a estória de um personagem secundário).
E o público aplaude isso, gostando de reviver suas emoções passadas nas telas, chorando sempre a mesma lágrima, diagnóstico que Lima Duarte fez há quase dez anos sobre as novelas da Globo. Neste ano teremos um novo Star Wars, e, por mais que eu espere ansiosamente pelo filme, receio que simplesmente façam um roteiro que seja somente uma cópia atualizada da trilogia original, feito com base na nostalgia das personagens clássicas e da trilha sonora do John Williams, sem nada a acrescentar (clique aqui para ver que até o Hitler do meme ficou preocupado com o trailer).
Mas, retornando ao filme, O Exterminador do Futuro: Gênesis, em um cenário de filmes de estúdio ruins, como a série Velozes e Furiosos, é até um filme de ação/ficção-científica razoável para quem ignorar sua falta de originalidade.
Minions
3.3 995 Assista AgoraFamosos e cultuados após suas aparições nos dois episódios de Meu Malvado Favorito, os ajudantes do vilão Gru retornam em aventura solo em Minions. Leia minha avaliação completa em: pitacoscinematograficos.blogspot.com.br
Um Conto Chinês
4.0 852 Assista AgoraVacas me caiam
Certos estórias bizarras são tão, mas tão inverossímeis, que só podem ter acontecido de verdade. É dessa premissa que parte Um Conto Chinês, filme argentino em que na cena de abertura uma vaca cai do céu sobre uma moça chinesa em um barco no momento em que seu namorado iria pedi-la em casamento. Acreditem ou não, fato semelhante já ocorreu, deixando à deriva alguns homens em um barco pesqueiro japonês (leia a notícia aqui). Magnólia, de Paul Thomas Anderson, é outro filme que trata de coincidências improváveis.
Após essa curta abertura, o filme vai para o outro lado do mundo, mais precisamente a Buenos Aires, onde o amargo dono de uma pequena loja de ferragens, Roberto (o onipresente Ricardo Darín), leva uma vida simples, reclusa e metódica, evitando o máximo possível de contato com outras pessoas.
Passada a apresentação do protagonista, eis que surge em sua vida o chinês cuja namorada foi assassinada por uma vaca, após ser atirado para fora de um táxi, completamente perdido, cuja única pista sobre seu destino é uma tatuagem com o endereço para onde deve ir.
Desse encontro entre homens de culturas tão diferentes e que não compreendem uma só palavra do que o outro diz se desenvolverá o enredo do filme, baseado na dificuldade de comunicação e na interação entre tais personagens.
É incrível como os cineastas argentinos consigam contar tão bem estórias de pessoas ordinárias. Já fiz tal observação ao tratar de Medianeras. Todas as peças estão bem encaixadas: a fotografia, as atuações, os diálogos, a edição e a direção, provando que ninguém precisa de uma superprodução para fazer um bom filme.
E, como não poderia deixar de ser, o espectador fica preso a esse improvável encontro causado por uma vaca que caiu do céu.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraVida no Tanque
Corações de Ferro é mais um filme que trata de um tema recorrente no cinema americano, a II Guerra Mundial. Alguns filmes sobre o confronto são memoráveis, como O Resgate do Soldado Ryan; outros são um completo desastre, como Pearl Harbor (aliás, não é só um filme de guerra ruim, é um dos piores filmes de todos os tempos em qualquer gênero). Corações de Ferro fica num meio termo.
A estória traz um tema pouco explorado no cinema, os últimos dias da II Guerra Mundial, com as tropas americanas lutando em território alemão. A derrota alemã já é uma realidade inevitável, mas os nazistas insistem em lutar até o último homem. Brad Pitt é o Sargento Don Collier, comandante de um tanque de guerra, com quatro homens sob seu comando. Logo no início, um novo membro é designado para a tripulação de homens rudes, o recruta datilógrafo Norman (Logan Lerman) que servirá como contraponto a estes guerreiros.
Um dos pontos altos do filme é a fotografia, que se destaca desde a primeira cena, alternando momentos de tensão com cores fortes com cenas de rotina com cores esmaecidas. No entanto, os tiros no filme parecem muitos os tiros de Star Wars, parecendo feixes de lazer coloridos trocados entre americanos e alemães. Pode tornar mais didático e simples para o espectador entender quem atira em quem e onde o tiro acerta e tem até um efeito artístico interessante, mas, por outro lado, reduz o realismo.
Outro ponto interessante é mostrar a rotina de uma tanque, mostrando como era travada uma batalha motorizada, como estes veículos se posicionavam no campo de batalha e como a tripulação lutava em um ambiente escuro e apertado. Ainda destacando os pontos positivos, os atores são bons e conseguem inserir alguns dramas em suas personagens.
Mas o ponto fraco é o roteiro que se perde no decorrer do filme, escrito por David Ayer (conhecido pelo bom Dia de Treinamento), que também dirige o filme. No começo parecia promissor, um filme que questionava os heroísmos e mostrava que não há homem que cumpra seu dever sem sofrer.
Mas já na metade cai numa falta de ideias que culmina em seu final heroico forçado, do sacrifício pela pátria, inserindo o filme em uma série imensas de filmes clichês do cinema americano. O mencionado O Resgate do Soldado Ryan também tem desses clichês, mas a batalha a que se propõe o capitão de Tom Hanks é difícil, mas possível, ao contrário da que quer o sargento de Brad Pitt.
Assim, o filme tem um tema interessante a tratar, boa direção, bons atores, mas um roteiro sem força, que se perde, fatores que somados tornam o filme mediano.
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraAdolescência anos 80
Recentemente saiu na Folha de SP resenha da biografia de John Hughes (clique aqui para ler a matéria) diretor que tem como marca vários filmes dos anos 80 envolvendo adolescentes. O mais conhecido no Brasil é certamente Curtindo a Vida Adoidado. Clube dos Cinco é outro de seus filmes com status de cult.
No filme encontramos as clássicas personagens de colégio americanos, o nerd, a rainha do baile, o atleta, o marginal e a menina problemática isolada. Todos eles se juntam em uma manhã de sábado para cumprir a chamada detenção, punição padrão da educação dos EUA. Como esperado, essas personagens tão diferentes, que sequer se cumprimentariam no dia a dia, descobrem semelhanças em meio a esse convívio forçado.
A estória então caminha num lento processo de desconstrução dos estereótipos em que os garotos se inserem, como mostrar que o atleta não assedia os mais fracos somente por uma perversão secreta, mas que há uma pressão social para que tal comportamento seja demonstrado. E muitas discussões profundas acerca da busca da identidade, característica marcante da adolescência que acompanha as pessoas ao longo de suas vidas.
O estilo do filme é um aula de estética dos anos 80, especialmente nas roupas dos adolescentes. A trilha sonora de rocks oitentistas segue na mesma linha, com músicas de ritmo agitado e com muitos teclados, com destaque para a música que abre e fecha o filme, Don´t You (Forget About Me), do Simple Minds (clique aqui para ver o clipe).
De negativo, o final do filme que parece ser feito de forma apressada e previsível. Mas o saldo final é bastante positivo, e Clube dos Cinco merece ser tratado com um símbolo dos anos 80.
Ida
3.7 439Fantasmas do Passado
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/05/ida.html]
Vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2015, Ida traz a história da personagem-título, a noviça Anna, que pouco antes de jurar seus votos de freira descobre seu verdadeiro nome e que seus pais eram judeus que a entregaram ao convento antes de serem mortos durante a 2ª Guerra Mundial.
A estória começa mostrando a monótona rotina de Ida no convento. Logo após receber a notícia sobre o destino de seus pais, parte com sua tia em busca do esclarecimento do passado. O conflito entre essas duas personagens guiará todo o filme. Ida, como noviça, segue todos os preceitos religiosos, enquanto sua tia Wanda é seu extremo oposto, uma mulher forte e que gosta de desfrutar dos prazeres mundanos como cigarros, bebidas, festas e homens.
As personagens conflitantes são interessantes e as duas atrizes, a jovem Agata Trzebuchowska e a veterana Agata Kulesza estão excelentes em seus papéis. A fotografia em preto e branco fortemente contrastada e a alternância de planos abertos e closes é muito bem feita. E as emoções contidas das personagens são muito bem retratadas. No entanto, a estória deixa a desejar, pois não há grandes surpresas no enredo além do que já foi contado na sinopse.
Ida é um bom filme, muito bem conduzido, mas no qual parece que a embalagem é mais interessante que o conteúdo.
Godzilla
2.6 430 Assista AgoraEstá nos meus top 10 de piores filmes de todos os tempos!
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraHeróis vs Máquina
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/vingadores-era-de-ultron.html]
Aqueles que me acompanham com frequência talvez já notaram que não escrevo muito sobre filmes de heróis por aqui, gosto mais de tratar de filmes "alternativos", que eu prefiro chamar de autorais. Mas isso não quer dizer que eu não curta ver uns filmes-pipoca de vez em quando, exceto por bobeiras como Velozes e Furiosos 7.
Na trama, Ultron é a primeira inteligência artificial superior ao homem criada por Tony Stark (Homem de Ferro) e Bruce Banner (Hulk). Assim que toma consciência, Ultron percebe que para cumprir seu propósito de salvar o planeta tem que exterminar os Vingadores e subjugar a raça humana. A inclusão da inteligência artificial como vilão é um bom recurso, tendo em vista que muitos cientistas sérios, como Stephen Hawking, apontam essa nova tecnologia como um grave risco de extinção da humanidade.
No entanto, o filme comete uma falha ao querer corporizar Ultron. Mesmo ele estando espalhado por vários corpos, a destruição destes ainda assim não o venceria, pois bastaria que ele espalhasse cópias de seu programa por computadores de todo o mundo que nenhum ser humano (ou super-herói) seria capaz de detê-lo. Mas entendo a decisão do roteiro de querer dar uma cara ao vilão, pois colocar os poderosos Vingadores para enfrentar um software não teria muito sentido, melhor seria colocar um programador nerd atrás de um desktop. Para quem quiser aprender mais sobre inteligência artificial (e tiver disposição para ler um longo texto) clique aqui para ler este excelente artigo do blog Wait But Why. O filme Ela também é bastante realista na forma de abordar nosso relacionamento com a inteligência artificial do futuro.
Eu tenho opiniões variadas sobre os filmes do universo Marvel. Gostei de alguns (especialmente Capitão América 2- O Soldado Invernal), mas não gostei de muitos outros. Achei Os Vingadores um filme bem ruim, que parecia só uma junção de heróis na qual se esqueceram de um roteiro minimamente decente para acompanhar os efeitos especiais exagerados. Fiquei cochilando nas duas vezes que vi, de tão cansativo que são os diálogos e de tão longas que são as cenas de ação. Mas reconheço que Vingadores - A Era de Ultron corrigiu os defeitos do filme anterior.
Primeiro por fazer os efeitos visuais serem acessórios ao roteiro, que é a base de qualquer filme e representa 50% da qualidade de uma produção, como já disse Clint Eastwood. Neste novo filme lembraram-se de contar as histórias de seus personagens. Até mesmo o menos importante, o Gavião-Arqueiro, ganhou um grande destaque. E também dosaram bem a ação com a parte em que a história é contada. E não deixaram de fora as pitadas de bom humor que caracterizam os filmes Marvel.
Um bom roteiro também ajuda a dar destaque as atuações. Claro que neste tipo de filme essas não são o destaque, e nenhum dos atores vai ganhar qualquer prêmio relevante por elas. Mas nesta produção o talento de Scarlett Johansson, Mark Ruffalo e companhia foi mais bem aproveitado. Exceção é Robert Downey Jr, que aparenta ter atuado em piloto automático, talvez cansado por representar o Homem de Ferro pela quinta vez.
A direção abusa menos da ação que no filme anterior. Claro que em um filme desses não pode faltar cenas eletrizantes, mas há diversas formas de fazê-lo. Quando há um excesso de informação o espectador fica perdido em meio a tantas coisas acontecendo simultaneamente. Com poucas exceções, neste filme dá pra acompanhar bem tudo que acontece, seguindo a bem sucedida fórmula de Capitão América 2.
Vingadores - A Era de Ultron é um excelente filme-pipoca, e que faz os que gostaram dele, ainda que não sejam fãs de quadrinhos, esperando pela sequência da história daqui um ano com Capitão América 3: A Guerra Civil, quando os super-heróis tomarão lados opostos, um liderado pelo Capitão América e outro pelo Homem de Ferro.
Feitiço do Tempo
3.9 754 Assista AgoraDéjà Vu
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/feitico-do-tempo.html]
Comédias românticas tendem a ser o estilo de filme mais detestado por homens em geral e este pitaqueiro concorda com isso. Mas Feitiço do Tempo é uma honrosa exceção em meio ao monte de baboseiras sem graça que a Sandra Bullock e o Ryan Reynolds adoram fazer.
No filme, Phil Connors (Bill Murray) é um prepotente homem do tempo de uma pequena emissora de TV que é escalado pela terceira vez para cobrir o enfadonho Dia da Marmota, um evento em uma cidadezinha interiorana no qual dizem que o bicho pode prever se o inverno será mais curto.
Como previsto, Phil tem um dia horrível, e sequer consegue sair do lugar que tanto abomina em razão de uma nevasca. E no dia seguinte acorda e percebe que o dia anterior retornou, e com o tempo, que ele ficará preso neste dia por muito tempo.
Dessa repetição eterna emerge o humor do filme. Phil passa a reviver as pequenas situações do cotidiano indefinidamente. E sabendo do roteiro, passa a fazer modificações.
O protagonista passa por diversas fases. Primeiro vive um luto em saber que jamais deixará de viver aquele dia. Depois tenta de diversas formas se matar, o que é um dos momentos mais hilários do filme. Depois aceita seu destino e começa a viver sem limites, comendo, bebendo, fumando, etc. E na última fase começa a praticar boas ações, e fazer um esforço sem fim para conquistar sua produtora, Rita (Andie MacDowell).
As diversas repetições são as melhores tiradas do filme. Em uma cena Phil zomba de Rita por ela ter estudado literatura francesa na faculdade. Logo na sequência a mesma cena é mostrada com Phil recitando poesia francesa. Outros momentos memoráveis são o encontro de Phil com seu velho colega mala de escola, Ned. Prévias destas cenas estão no trailer, clique aqui para ver).
Bill Murray é um excelente ator de comédia. Seu humor ácido e cínico funciona especialmente bem para a personagem central. E Andie MacDowell complementa bem o elenco, fazendo o casal principal ter a química necessária.
O melhor aspecto técnico do filme é a edição, que mostra as repetições de forma ágil, contribuindo para o humor da trama. A direção é de Harold Ramis, morto recentemente, conhecido por ter dirigido e atuado em Os Caça Fantasmas.
Feitiço do Tempo é um filme divertidíssimo e é a prova de que comédias românticas não precisam ser sempre a mesma estorinha boba e previsível que mal conseguem fazer rir.
Operação Sombra - Jack Ryan
3.1 322 Assista Agora[Publicado em meu blog :http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/04/operacao-sombra-jack-ryan.html]
Jack Ryan, cria do escritor Tom Clancy, já é uma personagem veterana em filmes de espionagem. Sua carreira começou com o bom A Caçada ao Outubro Vermelho, no qual Alec Baldwin dava vida à personagem. Depois Harrison Ford assumiu o papel por dois filmes, Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato, e na sua última aventura, A Soma de Todos os Medos, foi a vez de Ben Affleck interpretar o protagonista. Agora a série retorna ao ponto zero com Chris Pine (o Capitão Kirk dos novos filmes de Star Trek).
Nesta nova aventura é mostrada a origem de Ryan, um estudante de economia que decide se alistar nos Fuzileiros Navais dos EUA após o 11 de setembro e é ferido no Afeganistão, sendo posteriormente recrutado como analista da CIA e designado para trabalhar sob cobertura junto ao setor financeiro em Wall Street. Em seu trabalho, Jack descobre estranhas transações financeiras da empresa russa sócia da firma na qual trabalha. Aí vai a Moscou onde irá ver mais de perto o que acontece. E, como sempre, Ryan é o analista que da noite pro dia tem que se transformar em um agente operacional em missões de alto risco.
A trama é até interessante, na qual há um plano de ataque terrorista a Wall Street seguido por um plano financeiro para causar uma derrubada do valor do dólar, levando os EUA a uma nova Grande Depressão.
Primeiro pelo roteiro. As formas mirabolantes para conseguir invadir o prédio do vilão e acessar seus planos são tão exageradas que até a invasão da CIA em Missão Impossível parece mais factível. O destaque dado ao relacionamento afetivo de Ryan com sua namorada também toma tempo demais. E a inclusão dela, uma pessoa completamente leiga, em uma missão de alto risco, também não ofende a inteligência do espectador.
O elenco também não ajuda. Chris Pine é inexpressivo e não convence como Ryan. O vilão, Kenneth Branagh (também diretor do filme), não é mais do que um estereótipo de russo ressentido que quer ver restaurada a grandeza de seu país. Kevin Costner não compromete como chefe de Ryan e Keira Knightley até vai bem como a namorada de Ryan, mas, como já dito, sua personagem seria desnecessária.
A fotografia é até interessante, com belas cenas de Moscou. As cenas de ação são bem coreografadas e não são exageradamente longas. Mas não há direção que resolva um roteiro tão falho e um protagonista que não convence.
O renascimento de Jack Ryan nas telas, assim, não mostra a que veio. Aos fãs de filmes de espionagem, certamente é melhor esperar a aguardada estreia de Spectre a nova aventura de 007.
O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista Agora[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/o-poderoso-chefao.html]
Família êh, Família ah, Família!
Filme que costuma figurar entre os primeiros em 99 de 100 listas dos melhores de todos os tempos, liderando em diversas delas, O Poderoso Chefão retrata a saga da família Corleone (na tradução, coração de leão). Nesta primeira parte é apresentado o envelhecido patriarca Vito (Marlon Brando) buscando manter seu poder em meio a concorrência com as outras 4 famílias mafiosas sicilianas, enquanto prepara sua sucessão que deveria passar a seu filho mais velho, Santino (James Caan), enquanto sonha que seu caçula e filho preferido, Michael (Al Pacino), torne-se um homem de prestígio.
A sequência de abertura do filme é majestosa (clique aqui para vê-la). A primeira frase do filme é "Eu acredito na América", dita por um imigrante italiano, enquanto seu rosto é mostrado em um plano bem fechado. A partir daí ele narra o trágico episódio ocorrido com sua filha, enquanto o plano vai se abrindo e mostrando o ombro do homem com quem ele fala, que é o Padrinho Vito Corleone, a quem o imigrante foi clamar por justiça. Em poucas frases se mostra o poder do "Don", cuja primeira fala é "Por que foi a polícia? Porque não veio a mim primeiro?", que sintetiza todo seu poder.
Apesar do Don ser a figura central, o protagonista da estória é Michael. Ele é quem mostra a trágica trajetória de um homem que quis fugir do destino criminosos de sua família, cujos métodos abominava, mas que no final consegue se tornar ainda pior do que tudo que rejeitava. Sua lenta mudança ao longo do filme é espetacular e nos faz ver o quanto às circunstâncias podem mudar o caráter de um homem bom.
Marlon Brando foi merecidamente contemplado com o Oscar de Melhor Ator pelo trabalho. No entanto, ao contrário do que foi feito, ele deveria ter sido indicado como coadjuvante e Al Pacino como protagonista. Certamente não o fizeram pelo prestígio de Brando frente a um novato à época como Pacino. De qualquer forma, prova das atuações fenomenais é o fato de quatro atores do filme foram indicados ao prêmio, três na categoria de coadjuvante (Al Pacino, James Caan e Robert Duvall).
O mais estranho foi a fantástica atuação de Pacino não ter levado o prêmio de coadjuvante de 1973, prêmio que ficou para Joel Grey (quem?). Por isso, como costumam fazer na Academia, após diversas derrotas deram o prêmio a ele em 1993 por Perfume de Mulher, atuação inferior a dos dois primeiros O Poderoso Chefão, e também inferior a de seus concorrentes daquele ano, como Clint Eastwood (Os Imperdoáveis) e Robert Downey Jr. (Chaplin).
O Poderoso Chefão é um filme praticamente sem defeitos. O enredo, os diálogos, as atuações, a fotografia, a edição e a direção funcionam extremamente bem. E, o mais importante de tudo, a estória prende o espectador desde o início, que quer conhecer de perto o mundo secreto da Máfia e viver a intimidade da família Corleone.
E, caso raríssimo, uma obra-prima desta envergadura teve uma continuação tão boa quanto o original dois anos depois em O Poderoso Chefão II, obra na qual a consolidação do poder de Michael é narrada em paralelo com a trajetória de chegada nos EUA e ascensão ao poder de seu pai, Vito (vivido na juventude por Robert DeNiro).
Depois de quase vinte anos veio O Poderoso Chefão III, que é um bom filme, mas que fica distante dos dois primeiros. O diretor Francis Ford Coppola assumidamente fez o filme para resolver dívidas pessoais e não ficou satisfeito com o resultado final. E escalou sua filha, Sofia Coppola, que teve péssima interpretação, devidamente contemplada com duas Framboesas de Ouro (pior atriz coadjuvante e pior nova estrela). Pelo menos ela aprendeu a lição e migrou para trás das câmeras, se tornando uma ótima diretora.
Quem gosta de cinema não pode deixar de assistir a essa grande obra, a melhor saga familiar da história do cinema, e justamente apontado por muitos como o melhor filme de todos os tempos.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
4.4 106Uma mulher misteriosa
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/a-fotografia-oculta-de-vivian-maier.html]
Filme indicado ao Oscar 2015 e primeiro documentário pitacado neste blog, A Fotografia Oculta de Vivian Maier nos apresenta a intrigante personagem do título, fotógrafa e babá. Como assim? Pois bem, é essa pergunta que o filme busca responder.
Sem querer contar toda a estória (eu nem conseguiria, por mais que haja spoilers aqui o filme revela muito mais detalhes da vida da personagem título), o trabalho de Vivian Maier só foi visto após ela morrer em total anonimato em 2009, quando um cara que havia comprado em um leilão negativos de filmes dela os publicou na internet alcançando imenso sucesso.
Com isso, ele buscou mais peças de Vivian Maier em outros leilões e conseguiu a imensa quantia de mais de 100 mil fotos, a maioria nem sequer revelada, e alguns filmes, feitos a partir de 1950. Junto aos negativos, havia vários outros itens, como peças de roupas, cartas, jornais e até recibos de compras (Maier era uma acumuladora compulsiva). Essas pequenas peças permitiram que ele começasse a seguir seus rastros e, surpreendentemente, descobriu que a talentosa fotógrafa era na verdade uma modesta babá. Esse cara que reconstitui a história de Maier e permitiu que o mundo conhecesse seu trabalho é também codiretor e apresentador do documentário, John Maloof.
Só esse mistério já basta para despertar curiosidade. Mas, claro, tal estória não seria interessante de ser contada se as fotos não fossem excepcionais. E elas são! Com poucos minutos do filme as imagens de Maier começam a ser mostradas na tela e certamente deixarão os observadores de queixo caído. São fotos surpreendentes, feitas sobretudo em situações do cotidiano (street photography), com uma qualidade artística única, com ótimo enquadramento, focagem e momento certo de disparo, que poucos fotógrafos renomados conseguiram. Acesse o site com as fotos clicando neste link: http://www.vivianmaier.com/.
As exposições de seu trabalho foram absoluto sucesso de público e de crítica. Certos especialistas em fotografia conseguem ver em seu trabalho semelhanças com os de grandes mestres da arte, como o mais renomado de todos os fotógrafos, Henri Cartier-Bresson.
Para aumentar o interesse na estória, Vivian Maier era uma mulher extremamente reservada e misteriosa. Das pessoas que a conheceram e que foram entrevistadas no filme nenhuma sabia sequer a nacionalidade de Vivian, que, apesar de nova-iorquina, falava com sotaque francês. E, por vezes, alguns entrevistados dizem algo que outro entrevistado diz exatamente o oposto, como uma das pessoas das quais ela cuidou quando criança que diz que a chamava de Viv, e outra que diz que ela exigia ser chamada de Miss Maier. A mulher era uma esfinge.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier é um bom documentário, que revela o trabalho de uma grande artista desconhecida. E nos faz pensar em quantos artistas anônimos não morrem com grandes trabalhos que nunca serão conhecidos abandonados em caixas, gavetas ou HDs.
[Mais análises de filmes em meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br]
Sexo, Mentiras e Videotape
3.7 251 Assista AgoraSexo Verbal
[Publicado em 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/sexo-mentiras-e-videotape.html]
Filme cult dos anos 80, especialmente por ter sido indicado ao Oscar de Melhor Roteiro. Apesar do nome, o filme não tem nada de pornográfico ou erótico, sendo que o sexo é somente discutido e a história gira em torno de somente quatro personagens, dois homens e duas mulheres, lembrando o recente e excelente Closer.
John (Peter Gallagher, hoje em dia o tiozão no O.C.) é um advogado bem sucedido casado com Ann (Andie MacDowell), que abandonou a profissão para viver cuidando do marido. A falta do que fazer faz com que ela se submeta à terapia para falar de suas neuras decorrentes de seu quase isolamento como dona de casa. Enquanto isso, John mantém um caso com sua irmã mais nova, Cynthia (Laura San Giacomo), com personalidade muito distinta de Ann, de quem sente profundo ciúme por ser a queridinha de todos. Nesse cenário de mentiras, John ainda faz o papel do senhor certinho, revelando uma profunda hipocrisia.
Com este cenário estabelecido, surge na história Graham (James Spader) amigo de faculdade de John que não o via desde a formatura. Ambos tomaram caminhos muito distintos, e Graham é praticamente um nômade que não trabalha, apenas tem um carro e sai passeando pelo mundo.
No encontro com John, estabelece-se o clima de discordância entre esses. Graham se mostra um cara que não suporta a hipocrisia do mundo, ao mesmo tempo que se revela um desajustado social, não muito habituado as regras de etiqueta do mundo “civilizado”. Esse comportamento diferente intriga Ann, que se sente atraída por essa pessoa diferente, como ela mesma se sente.
Graham revela-se um homem mais estranho do que parece. Apesar de extremamente sincero e simpático, esconde uma mania pouco comum: colecionar depoimentos por ele gravados em vídeo sobre mulheres relatando suas vidas sexuais. Mais interessante ainda é o fato de ele revelar a Ann que é impotente, sendo esses depoimentos sua fonte de prazer.
Como esperado, as máscaras caem no final, sendo que Ann descobre a traição de John com Cynthia e John vê a fita com o depoimento sexual de Ann.
Assim, Sexo, Mentiras e Videotape é um filme com poucos personagens com certa profundidade que busca mostrar a verdade que existe por trás das convenções sociais.
A Comilança
3.7 64 Assista AgoraComer comer.... é o melhor para poder morrer
[Publicado em 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/comer-comer.html]
Filme que passou recentemente na sessão cinéfilo do HSBC. O enredo consiste em um grupo de quatro amigos que decide se reunir para comer até morrer. Todos as personagens recebem o nome de seus intérpretes.
Marcello (Mastroianni) é um piloto de aviões machão à moda antiga. Ugo (Tognazzi) é o chef que por motivos óbvios assume a função de carrasco. Michel (Piccoli) é coreógrafo e dono da mansão onde ocorre a cerimônia. E Philippe (Noiret) é o juiz controlado por sua ama de leite. Todos senhores de meia idade e respeitados pelo que fazem.
Logo no início do isolamento, Marcello diz que não pode ficar sem transar e decide chamar algumas prostitutas à casa. Pouco depois, o grupo convida uma professora primária para juntar-se a eles. Dado seu cargo, todos julgavam ser ela uma pessoa muito pudica, temendo pela reação dela juntamente as prostitutas, mas ela releva-se mais devassa que as profissionais do sexo.
Assim, o filme segue esse caminho da comparação entre os prazeres sexuais e degustativos, apresentando-nos uma idéia de que são muito próximos um do outro, senão iguais.
Como todo filme que procura abordar a loucura humana, Comilança é também um filme que nos leva a esse mundo louco, fazendo-nos questionar se o louco são eles ou se os loucos somos nós, ou se ambos.
No entanto, o filme, apesar dos personagens bem construídos e das excelentes interpretações, tem um ritmo lento demais, e caminha para um final esperado. Algumas cenas poderiam ser mais curtas, para o filme ter menos que duas horas.
Como é um filme que gera a dúvida se é brilhante ou estúpido, mas é interessante, aqui vai sua nota
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O Circo
4.4 227 Assista AgoraRespeitável Público
[Publicado no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2015/03/o-...]
Analisarei um filme de um dos maiores gênios da história do cinema: o imortal Charles Chaplin. Chaplin, de fato é um mito, o que pode fazer muitas pessoas já irem assisti-lo com uma certa reverência. Mas no caso, a mística é justificada, pois seus filmes, que foram feitos há quase 100 anos, ainda se mostram atuais, tendo em vista sua universalidade e sua atemporalidade. Além disso, seus múltiplos talentos faziam com que ele conduzisse totalmente seus filmes, escrevendo a estória, dirigindo, atuando, produzindo e até mesmo compondo as trilhas sonoras. Na atualidade, creio que somente Woody Allen chega perto deste controle criativo.
O Circo, apresenta a clássica personagem de Chaplin, Carlitos (ou O Vagabundo), conseguindo emprego no picadeiro após fugir de uma confusão com a polícia. No ambiente também se apaixona pela bela acrobata e filha do dono do circo.
Como é costume nas comédias de Chaplin, a questão social está envolvida no sempre pobre e faminto Carlitos. Após a injusta perseguição policial, Carlitos surge acidentalmente no palco e causa furor na plateia que até então estava entediada. A partir daí é contratado como ajudante de palco e torna-se a principal atração do local. Mas ingênuo como é Carlitos, não percebe seu papel, pois, em razão das trapalhadas que sempre causa, seu humor é involuntário, e recebe um salário de fome.
Claro que se o filme se prendesse somente na questão social seria bem chato (e Chaplin já teria sido esquecido). Mas há sempre muito humor, de ótima qualidade. As piadas físicas de Carlitos são universais e atemporais, tanto que até hoje Chaplin é modelo para diversos humoristas, como Rowan "Mr. Bean" Atkinson e o recém falecido Roberto "Cháves" Bolanos. Para ver um prévia, assista ao trailer (clique aqui).
Tecnicamente o filme também causa espanto até hoje. Chaplin contracena com um leão dentro da jaula. E realizou, sem dublês, cenas sobre a corda bamba a metros de altura do chão. Como Chaplin não revelava suas técnicas por entender que seria o mesmo que um mágico revelar seus truques, parte de seu arsenal cinematografico ainda permanece um mistério.
Um belo filme, de um dos maiores gênio dos cinema, que foi prenúncio de suas obras primas da parte final de sua carreira, as obras primas Luzes da Cidade, Tempos Modernos, O Grande Ditador e Luzes da Ribalta.
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Homem-Aranha 3
3.1 1,5K Assista AgoraMosaico Aranha
[Publicado em maio de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/05/homem-aranha-3.html]
Continuação desta trilogia cinematográfica do herói de HQs e desenhos animados, que devido aos sucessos de bilheteria é bem provável que gere novos filmes.
Nesta aventura, Peter Parker (Tobey Maguire) começa a finalmente a desfrutar do sucesso como Homem-Aranha, na velha questão da fama subir à cabeça, já que é festejado, poderíamos dizer, por público e crítica. Ao mesmo tempo, sua namorada, Mary Jane (Kirsten Dunst), encontra-se em situação oposta em sua carreira como atriz da Broadway. Colocar o lado humano juntamente à ação não é novidade na série, pois todos os filmes sempre apresentaram algum conflito humano da personagem central, o que vem sendo a tônica nas superproduções de super heróis, como X-Men e Hulk.
O primeiro confronto de Homem-Aranha é com seu antigo amigo Harry Osbourne (James Franco), filho do vilão do primeiro filme, o Duende Verde, que busca vingar à morte de seu pai que acredita ele que foi assassinado por Peter. Munido de uma prancha voadora, ele enfrenta Peter e é derrotado por ele, sofrendo amnésia e retomando a amizade. Cabe aqui um elogio à atuação de Franco, que consegue mudar completamente sua expressão de vilão para bom moço após a amnésia.
Outro novo vilão é Homem-Areia (Thomas Haden Church, do brilhante Sideways) o verdadeiro assassino de Ben Parker, tio e pai de criação de Peter, um bom ladrão que ganha seus poderes em um experimento científico, como as demais personagens da série.
Também pode ser considerada como vilã a substância misteriosa que, logo no início do filme, vinda de um meteoro, entra em contato com Peter. Tal substância torna o uniforme de Aranha negro, dando mais poderes à Peter e estimulando sua agressividade. Por conta disso, surge uma das melhores cenas do filme, no momentoem que Peter, sentindo-se muito confiante, começa a paquerar todas as mulheres com que cruza na rua, inclusive dançando sozinho nas ruas de Manhattan.
Somados todos esses eventos, Peter começa a perder Mary Jane, que não se sente especial junto ao namorado, iniciando um relacionamento com Harry.
Por fim, quando Peter se livra da substância, ela cai em seu rival, o fotógrafo Eddie, que se torna Venom, que tem por objetivo único destruir o Aranha, e une-se ao Areia para tanto.
Analisando o filme em relação aos seus antecessores, a nova aventura inclui muitos vilões, o que retira a força desses, pois, desta maneira, não pode aprofundar as personagens, como fez melhor com Duende Verde no primeiro filme e Dr. Octopus no segundo. Por exemplo, o fato de Homem-Areia pedir desculpas ao Homem-Aranha surge do nada, sem grandes explicações. Venom, de seu surgimento ao seu fim, dura menos de uma hora em tela. Harry é o melhor tratado desses, que une-se ao Aranha no final para salvar Mary Jane.
Mesmo o lado humano, o que era a grande força dos dois primeiros filmes, aqui tratou de algo menos emotivo do que nos anteriores, que versavam sobre o crescimento de uma pessoa comum e sobre o conflito entre viver uma vida ordinária e uma de herói.
Assim, Homem-Aranha 3 torna-se uma vítima do sucesso da série, perdendo um pouco do tom de aprofundamento que marcaram seus antecessores e apenas repetindo seu sucesso com um grande mosaico para atrair maiores bilheterias.
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Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão …
3.4 1,2K Assista AgoraMichael Moore da Comédia
[Publicado em abril de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2013/03/borat.html]
Comédia que suscitou muita polêmica ao redor do mundo por seu humor totalmente politicamente incorreto, Borat é um pseudo-documentário que narra a viagem do personagem título, vivido por Sacha Baron Cohen, para conhecer os hábitos norte-americanos.
O filme inicia-se com Borat Sagdiyev apresentando sua aldeia natal, um povoado bastante pobre, no Cazaquistão. Borat apresenta sua família, seu vizinho, e seus hábitos, já fazendo graça com seu próprio país.
A seguir, Borat viaja aos EUA, com o objetivo de centrar sua visita à New York. Chegando lá, faz piadas com os costumes, lembrando um pouco Crocodilo Dundee, ao tentar cumprimentar as pessoas no metrô e nas ruas. As reações são as mais bizarras possíveis, passando por pessoas que ignoram, as que são agressivas e culminando em um louco que sai correndo quando Borat estende a mão para cumprimentá-lo na rua.
Assistindo à TV no hotel, Borat apaixona-se por Pámela Anderson, a mais famosa salva-vidas do seriado Baywatch, e decide cruzar os EUA até Los Angeles para encontrá-la.
Assim, inicia-se uma jornada que cruza o país, retratando o comportamento “gangsta life” dos negros de Atlanta, as tradicionais famílias cheias de regras de etiqueta do sul do país, universitários que querem beber até cair, prostitutas, evangélicos petencostais, cowboys entre outras figuras típicas da cultura americana.
As piadas retiradas desse estranhamento cultural são excelentes. O protagonista utiliza-se da velha fórmula de se fazer de bobo da corte, para que as pessoas mostrem o pior de si mesmas. Obviamente, fica a questão do que é verdade e do que é encenado no filme. Creio que as melhores piadas são frases reais, ditas por americanos estúpidos.
Borat não é um filme para toda a família. Muitas piadas são pesadas, e há um humor escatológico para chocar até mesmo quem se divirta com isso. Mas quem for assistir ao filme sem estar preocupado com o politicamente correto, com certeza irá rir bastante até mesmo dos momentos mais, digamos, heterodoxos.
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300
3.8 1,7K Assista AgoraNão é meu chicote que eles temem!
[Publicado em abril de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007_04_01_archive.html]
Baseado na história em quadrinhos de Frank Miller, 300 retrata a épica batalha dos 300 melhores guerreiros de Esparta, liderados pelo valente Rei Leônidas (Gerard Butler) contra os 2 milhões de soldados do rei Xerxes, da Pérsia (Rodrigo Santoro).
O filme é um espetáculo gráfico fantástico. Excelentes efeitos visuais, figurinos, fotografia e edição dão o tom à grandeza da batalha das Termópilas. Seguindo uma linha totalmente diversa da que vinha sendo utilizada em épicos recentes, como Gladiador e O resgate do Soldado Ryan, que utilizaram edição extremamente recortada, que confere tensão ao filme mas retira do espectador à percepção do todo, em 300 são utilizadas seqüências longas em slow motion em alguns confrontos, o que dá ao espectador a percepção real dos movimentos corporais da batalha. Percebemos todos os movimentos utilizados pelo guerreiro para matar diversos oponentes.
O enredo inicia-se apresentando-nos no panorama da vida de caserna espartana. Didaticamente, é mostrado o treinamento militar desde a infância, que diferenciava a pólis de Esparta. Lá, desde o nascimento, o sujeito era condicionado a ser um soldado. Tal traço fundamental da cultura espartana é mostrado ao longo de todo o filme, por meio da determinação dos guerreiros, seu treinamento exclusivo para a guerra, a figura do corcunda rejeitado para ser soldado, entre outras.
Seguindo no enredo, emissários persas vêm a Esparta com o propósito de pedirem que Leônidas ajoelhasse-se perante Xerxes e aceita-se seu domínio, tornando-se vassalo deste, o que é prontamente recusado. Como a cidade tem dúvidas da eficiência que teria uma guerra contra os persas, recusasse a entregar seu exército. Assim o rei Leônidas convoca sua elite, numa missão sem o carimbo de oficial, reforçando o espírito guerreiro de seus homens.
Reunidos, a turma de sunguinha e capa parte para a batalha. Aí começa o espetáculo gráfico do filme.
Passado parte dos confrontos, o imperador Xerxes reúne-se com Leônidas. Neste momento, o homossexualismo do filme, já pronunciado com a turma dos marombados de sunguinha, atinge o ápice, quando Xerxes, cheio de piercings, depilado e alto, no melhor estilo Vera Verão, como bem lembrado pelo pessoal do Pânico na TV, coloca as mãos no ombro de Leônidas e dizendo: “Não é meu chicote que eles temem”. Os cinemas brasileiros estão desabando em risos neste momento, apesar de ser uma cena séria, na qual Xerxes tenta convencer Leônidas a aceitar a dominação.
Paralelamente a ação, na cidade de Esparta, a rainha busca convencer o conselho a enviar o exército para defender a nação, sendo algo que poderia ser retirado do filme, pois, além de quebrar a seqüência, é muito mal feito, com discursos grandiloquentes, sedução, etc. tudo pela necessidade do filme de colocar uma mulher em destaque numa história de guerra.
Assim, o filme é dividido numa clássica história épica e numa intriga política. Não fosse o visual assombroso, 300 seria um filme qualquer. Mas, devido a isso, merece seu crédito.
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O Ilusionista
3.8 1,4K Assista AgoraSó não ilude a platéia
[Publicado em março de 2007 no meu blog:http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/03/o-ilusionista-illusionist-dir.html]
Filme ambientado em meados do século XIX, na Áustria, que retrata a trajetória da personagem-título protagonista, o mágico Eisenheim, vivido pelo ótimo Edward Norton.
O início da história retrata a adolescência de Eisenheim, quando se apaixona por uma jovem aristocrata, Sophie. Por ser um camponês, o amor não pode ir adiante, e o ilusionista muda-se para outros países da Europa.
De volta à Áustria, já na casa dos trinta anos, Einsenheim apresenta um espetáculo que conquista e ao mesmo tempo assusta o público, pois suas atrações envolvem fantasmas. Nisso, reencontra sua amada, agora noiva do príncipe herdeiro do trono austro-húngaro, atiçando seu ciúme e vendo-se perseguido pelo agente de polícia local, vivido por Paul Giamatti, de Sideways.
A história desenvolve-se de maneira lenta e enfadonha. O filme é daqueles nos quais o espectador pergunta-se se ainda falta muito para acabar. Além disso, é mais uma historinha de amor bobinha e previsível.
Fica nítido durante o filme que alguns detalhes são propositalmente omitidos, como o “assassinato” da mocinha. No qual utiliza-se a tática dos ilusionistas de mostrar somente um ângulo. Assim, o filme tem mais algumas dessas “ilusões”.
Ao final, o mocinho e a mocinha unem-se para um bobo final feliz, enquanto o inspetor fica todo feliz por ter descoberto a trama por eles armada.
Se o diretor quis criar uma ilusão, conseguiu, ao colocar dois bons atores (que precisam escolher melhor seus papéis, pois aqui decepcionam) e de conseguir uma ampla divulgação para um filme péssimo.
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O Último Rei da Escócia
4.0 594 Assista AgoraO Horror...
[Publicado em março de 2007 no meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2007/03/o-horror-o-ultimo-rei-da-escocia-last.html]
Apesar do título do filme, a história retrata o ditador de Uganda, Idi Amin Dada, que ascendeu ao poder na década de 1970, que se auto-intitulou Rei da Escócia por ser admirador deste país e por ser inimigo da Inglaterra, assim como os escoceses.
O papel do ditador coube a Forest Whitaker, em excelente atuação que foi coroada pelo Oscar, com todos os méritos.
Mas o papel central fica com James McAvoy, que interpreta um jovem médico escocês recém formado, Nicholas Garrigan, angustiado pelo fato do pai, também médico, não deixar que ele desenvolva seu brilho próprio, decidindo ir a busca de novos horizontes, partindo para Uganda em uma jornada de fuga.
Chegando a África, o jovem médico vai trabalhar na assistência as comunidades carentes, cenário de grande falta de recursos no hospital, mas que não o incomodava, pois finalmente ele se via livre para se destacar sem a sombra paterna. Além disso, ele sente-se bem junto aos sofridos mas alegres africanos e com seu sucesso junto às mulheres africanas.
Em uma jogada do destino, o jovem médico é chamado às pressas para ajudar o ditador, que, em visita ao campo, sofre um pequeno acidente. No episódio ele toma uma atitude de grande coragem e chama a atenção do presidente.
Em pouco tempo, ele é chamado para ser médico particular de Amin, e, assim, vai ganhando sua confiança, vivendo os glamoures da corte do déspota, cercado por dinheiro, luxo, grandes festas e belas mulheres. Além disso, sua relação com Amin evolui a ponto do ditador considerá-lo conselheiro pessoal, dando assim poder e prestígio a Garrigan.
Mas o que a princípio eram somente flores vai se revelando. Garrigan começa a descobrir as atrocidades do regime, cercado por prisões e assassinatos a mando do ditador, e quando vê já não tem mais para onde fugir, percebendo que aquilo não é o mundo dos sonhos que vislumbrava.
Assim, o filme revela-se uma história na qual o eixo central é a desilusão humana, na qual a fuga de uma realidade desagradável leva-o a uma realidade ainda pior.
No entanto, um eixo central que poderia revelar-se muito bom em mãos competentes perde-se aqui. O filme é muito mal dirigido e escrito. Desde o princípio o espectador sabe o que vai acontecer, mostrando-se um filme extremamente previsível e quadrado. Mesmo a loucura de Amin, que vai aumentando à medida que cresce seu poder, não é um recurso novo. Apesar disso, Whitaker retrata tal loucura muito bem, o que acaba sendo a grande salvação do filme.
No elenco ainda, a sumida Gillian Anderson, a agente Scully de Arquivo X, em papel menor.
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A Conquista da Honra
3.6 224 Assista AgoraHeróis?
[Publicado em março de 2007 em meu blog: http://pitacoscinematograficos.blogspot.com.br/2013/03/herois-conquista-da-honra-flags-of-our.html]
Este novo filme do astro dos filmes de faroeste e já oscarizado diretor, Clint Eastwood, mostra o lado dos americanos na Batalha de Iwo Jima, na qual enfrentou o Império Japonês, episódio célebre da Guerra do Pacífico, da Segunda Guerra Mundial, na qual se combateu por uma pequena ilha, estratégica para alcançar o Japão. Quase simultaneamente, Eastwood lançou Cartas de Iwo Jima, face oposta de A conquista da Honra, que mostra o lado japonês no conflito.
A história de Conquista enfoca a famosa foto em que 6 fuzileiros navais americanos, os marines, aparecem erguendo a bandeira dos EUA após a conquista da ilha. Tal foto alça os retratados à condição de heróis ao chegar aos EUA. Clint mostra com coragem como uma nação pode se servir de falsos heróis para poder angariar recursos para a guerra. Aliado a uma visão humana muito poderosa, mostra os dramas vividos por homens comuns alçados à condição de heróis, mesmo sem terem praticado nenhum ato de heroísmo, mas somente por terem estado em uma foto na qual era possível retirar significados diversos dos reais.
Na época do combate em Iwo Jima as tropas americanas já estavam exaustas pelos 3 anos de combate a que estavam expostas. Conseqüentemente, a opinião pública do país também não exibia o mesmo entusiasmo em apoio à participação na guerra. Assim, somente um fato novo reverteria este quadro, o que ocorreu graças à publicação da foto na primeira capa dos principais jornais dos EUA. O imaginário popular viu na imagem um esforço hercúleo dos combatentes para hastear a bandeira do país, pela qual eles tanto se orgulhavam.
Tal fato transformou os presentes na foto em heróis instantâneos, tendo os 3 sobreviventes da foto sidos retirados do front para serem recebidos nos EUA com honras que não lhes cabiam, já que sequer hastearam a primeira bandeira na ilha, mas simplesmente a substituíram por outra, já que a primeira foi pedida pelo comandante da missão como troféu particular. Além disso, um dos “heróis” não estava presente na foto, tendo sido responsável por hastear a primeira bandeira, sendo que este tampouco era combatente, mas um mensageiro, e, mesmo assim, recebeu a mais alta honraria dos EUA, a Medalha de Honra.
Em comum entre os 3 “heróis” está o fato de nenhum deles considerar-se um herói. Mas cada um demonstra isso de sua forma. O mensageiro, o mais insignificante dos três, fica vislumbrado com sua fama, e leva em sua “bagagem” na turnê dos heróis entra sua namorada, que se aproveita de sua fama para aparecer. Já o mais valente dos combatentes, índio americano, nem queria estar na turnê, e tem problemas com alcoolismo para lidar com as cicatrizes da guerra. Por fim, o enfermeiro da marinha, é o mais introspectivo dos três, e é o ponto de equilíbrio na desigualdade entre os dois primeiros protagonistas.
No elenco, os mais famosos são Ryan Phillippe e Barry Pepper, mas o destaque fica por conta de Adam Beach, na pele do índio Ira Hayes.
Destaque também para a produção caprichada, que recriou muito bem as cenas da batalha, valendo-se de recursos semelhantes aos de Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, que, a propósito, é produtor do filme.