Confesso ter sido surpreendido pela má-recepção do publico ao filme. Um thriller psicológico de certa forma raso, mas eficiente na proposta principal do cinema, entretenimento.
Um garoto com dificuldades busca através da analise do comportamento das pessoas a inserção a sociedade, mas acaba em seus estudos filmados secretamente registrando um assassinato que o coloca como principal suspeito pela policia.
Vejo como ponto mais positivo do longa as atuações de Tye Sheridan (Bart) e Ana De Armas (Andrea). Tye em particular traz uma performance muito consistente, entregando uma ingenuidade genuína com um tom perceptível de desespero por aceitação, ele apesenta trejeitos ao personagem que ajudam a narrativa, ao passo que Ana representa uma garota misteriosa de comportamento doce porém suspeito, não permitindo que por boa parte do longa entendamos as motivações e intenções de sua personagem, o que é condizente a proposta. Tye em particular, eu havia acompanhado uma única vez pelo que me recordo, no filme Amor Bandido (recomendado), ainda um ator mirim, mas mesmo com a pouca idade destacou-se. Foi muito bom vê-lo novamente em uma atuação madura como esta. O restante do elenco de apoio esta igualmente competente, mas sem grande destaque.
Quero exaltar o ritmo do filme, que encaixou de forma orgânica a mim. Trata-se de uma obra curta, aos padrões, mas que se desenrola de forma competente sem transmitir uma sensação de pressa por parte do roteiro, permitindo que o espectador crie empatia, principalmente por Bart. É louvável quando toma-se a decisão de não esticar uma trama, os realizadores precisam entender o que tem em mãos e adaptar-se as necessidades da obra e não do mercado. Os rumos da história mantiveram-se fiéis a proposta, digo isso visto que poderia facilmente descambar a um suspense policial perdendo qualquer mínimo tom de originalidade.
Toda equipe técnica faz um trabalho competente, nada chega a surpreender, mas entrega o necessário para condução da trama. Um ponto que cabe critica é a fotografia, por exemplo nos momentos em que somos apresentados a imagens gravadas por Bart em preto e branco, onde optaram pela nitidez da imagem aos espectadores, o que tirou a imersão de tais cenas, visto que claramente as mesmas não foram gravadas por um cinegrafista amador, ou no caso, um stalker como Bart, se assim o podemos classificar.
Outra pequena falha que me alertei no filme, foram algumas incoerências de tempo na trama, cito uma muito evidente abaixo:
Já no ato final do filme, quando Bart dispara a arma e somos privados de ver o que realmente acontecera, a mãe dele corre a porta que esta trancada. Logo em seguida vemos a policia chegando a residência para buscar o garoto, porém quando adentram ao ambiente, nos é revelado que ele atirou em um dos monitores e saiu de casa. Então a cena é cortada para Bart no shopping, o problema é que os atos acontecem de forma simultânea visto que novamente somos devolvidos a cena da policia em seu quarto. Como em tão pouco tempo ele se deslocou ao shopping? Ou ainda, como sua mãe não o viu sair de casa? Mesmo que vivendo em uma espécie de porão com saída independente a rua, supõem-se que ele foi ao shopping de carro.
De forma alguma estas incoerências estragam a experiência, que teve um saldo muito positivo. Sou totalmente adepto da máxima que o filme soara diferente a cada um dados as circunstancias em que foi assistido, talvez isto tenha contribuído a minha real surpresa a qualidade do longa.
Enfim, temos um filme consistente, com um roteiro coerente, contando com algumas reviravoltas, nada muito original, exceto o fato de apresentar um personagem principal com deficiência que se mostra capaz de defender-se ao mundo que o cerca, mesmo em situações de claro conflito emocional. Apresentou performances muito consistentes para um elenco apoiado em jovens atores, porém sem grandes brilhos em relação a parte técnica da obra. Uma grata surpresa por parte da Netflix.
Um gênio, um monstro (muito propicio) sagrado do cinema de gênero, mas de forma alguma limitando sua influencia pela arte, ela transcende o escopo do terror. John Carpenter merece todos os reconhecimentos.
Reassistir a tal clássico permitiu entender melhor a genialidade por trás da obra, em tempos tão remotos quanto os de hoje.
Em Halloween acompanhamos a história de Michael Myers que ainda criança assassinara sua irmã dentro de casa em uma noite das bruxas. Internado durante 15 anos, ele foge para retomar seu desejo reprimido por sangue em sua cidade natal.
Começo obviamente admitindo que o filme apresenta subterfúgios narrativos facilitadores para o desenrolar da trama (como decisões estupidas por parte dos personagens, por exemplo), mas mesmo quando isto poderia ser um ponto baixo na obra, acabou por se tornar um manual seguido a risca pelos filmes de gênero nos anos seguintes. Entendendo o período de realização da obra, não vou negar que decisões muito burras me incomodam, mas facilmente podemos nos divertir com elas. Ao assistir ao longa devemos nos inserir no contexto histórico de realização, onde a ingenuidade por parte do publico da época era imensamente superior a de hoje, não comentando isto como demérito, mas somos de certa forma "abençoados" pela facilidade de acesso a informação que a tecnologia nos proporciona (claro que nem todos usufruem de forma produtiva da mesma). Por alguns instantes tente fazer o exercício de se inserir na década de 70 e assistir a um filme onde adolescentes que buscam desesperadamente por sexo casual são mortos de forma brutal. Porém engana-se quem pensa que o filme atingiu todo seu reconhecimento baseado apenas nas polemicas que gerou.
O longa apresenta uma filmagem por muitas vezes na perspectiva de primeira pessoa, ou então em terceira pessoa com a câmera muito próxima dos personagens. Isto traz mais intimismo ao espectador, tornando-o, por que não, quase um cumplice do que esta assistindo. Esta opção técnica casou perfeitamente com a proposta e necessidade do filme que não dispunha de grande verba para realização.
Carpenter se cerca de diversas pessoal tão competentes quanto em sua equipe, mas destaco principalmente Dean Cudey, diretor de fotografia (posteriormente fez outros filmes de grande sucesso como De Volta Para o Futuro e Jurassic Park para citar alguns). O trabalho no geral é muito competente, mas algumas cenas são realmente marcantes, trazendo um charme ao filme... cito duas que gostei muito abaixo como spoiler, porém não acreditando que possa estragar a experiência de quem ainda não viu a obra:
A cena da chegada do Dr. Loomis em uma noite de chuva e escuridão igualmente densas revelam através dos faróis do carro a situação do hospício/manicômio, mostrando todos aqueles prisioneiros em roupas brancas caminhando de forma desorientada pelo campo escuro.
A outra em especifico já é muito clássica. Myers olhando Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) pela janela em meio aos lençóis pendurados no varal com o vento batendo nos mesmos. Criou uma composição de cena assustadoramente marcante.
Por parte do elenco temos atuações competentes, com Jamie Lee Curtis como a final girl, e Donald Pleasence (Dr. Loomis) que traz a maior carga de conhecimento acerca da ameaça e consequentemente apresenta os diálogos mais expositivos do filme. Porém gostaria de destacar Nancy Kyes (Annie) que faz um trabalho muito convincente dentro da proposta de sua personagem. Fica aqui um ponto a se refletir... como os adolescentes da época não tinham o maior pudor ou respeito, indiferente do local, o importante era transar.
A trilha sonora composta por Carpenter é uma obra de arte, caberia tranquilamente uma análise individual da mesma, mas me contentarei apenas com um breve paragrafo, classificando-a como genial, um hino ao cinema de gênero.
A presença de Myers na narrativa é constante e não poderia ser diferente, mas é feita de forma eficiente. Ele é corpulento, sem qualquer tipo de emoção aparente, perfeitamente amedrontador. Gosto de como por grande parte do filme apenas é criado tensão, quase que como "cozinhando os espectadores em águas mornas", até que estejam distraídos o suficiente para serem surpreendidos.
Enfim, temos aqui uma obra prima que deve ser respeitada não somente por sua evidente influencia ao longo dos anos, mas também por sua tecnicidade apresentada. É incrível como os elementos técnicos exaltados anteriormente se destacam individualmente, mas ao mesmo tempo conversam entre si em perfeita harmonia. Claro que para os mais novos, principalmente acostumados a nova vertente de terror (no formato James Wan), possa não agradar, mas precisam entender e respeitar sua importância.
Esse filme me trouxe muitas sensações distintas ao longa da jornada, um misto entre pontos interessantes e péssimas decisões de roteiro, mas que com certeza tende a gerar opiniões interessantes a serem debatidas.
Começarei com uma breve sinopse, passando pelos pontos positivos, caminhando pelo terreno negativo, culminando em um balanço geral. Vou tentar estruturar a analise de tal forma que traga organização e uma linha de pensamento coerente, algo que o roteiro do filme poderia ter tentado.
Acompanhamos Marla (Rosamund Pike) uma empresaria bem-sucedida ou caminhando para tal sucesso a passos largos e escrúpulo com certeza não é uma palavra presente no vocabulário da personagem para atingir seus objetivos. Ela coordena uma empresa de curatela de idosos, até que sua grande oportunidade surge, mas ela não sabe exatamente com quem esta se metendo.
De longe os pontos mais positivos do longa são suas partes técnicas (fotografia, montagem e trilha sonora) que contribuem em grande parte para minha avaliação acima da média ao filme, afinal estamos falando de arte, tais aspectos são cruciais ao cinema. A fotografia saturada permeia grande parte da narrativa, com cores muito vibrantes de inicio, que dão lugar a tons mais pasteis com o desenrolar dos eventos, que sim conversa muito bem com a narrativa. A trilha sonora me remeteu a um misto entre o eletrônico contemporâneo e os anos 80, me recordando de imediato a um filme que sou grande fã (Corrente Do Mal)... de forma alguma comparo ambas as obras, porém os estilos se assemelham. Já a montagem por sua vez é dinâmica, ágil com grandes contrastes, mostrando a derrocada de alguns personagens e a ascensão de outros simultaneamente, muito eficiente.
As atuações, convincentes... Rosamund Pike é o maior destaque, é impressionante a antipatia que as personagens normalmente interpretadas por ela trazem ao expectador, é algo quase instantâneo... isto é sinal de que seu trabalho foi bem feito. Peter Dinklage que seria o outro astro de maior destaque no elenco, entrega uma performance ok, nada memorável ou digno de grande destaque, um personagem bem caricato. O restante do elenco cumpre o papel designado, nada relevante.
Entramos agora em alguns dos pontos que mais me incomodaram, começando pelo desenvolvimento dos personagens para não perdermos o foco do ultimo item mencionado. Com o desenrolar da trama descambam quase que para um freakshow, pouquíssimo convincentes, não por causa dos atores, mas sim pelos arcos de história, nada críveis para uma trama que se apresentava como "pé no chão" de inicio.
O grande problema do longa esta sem duvidas roteiro, que utiliza de resoluções fáceis de problemas supostamente complicados, como ele mesmo sugeriu, para trazer uma enormidade de reviravoltas totalmente sem nexo, fugindo e muito de qualquer proximidade da realidade. Veja bem, não seria um problema enorme a fuga da realidade se fosse estabelecido isto ou pelo menos sugerido ao longo do primeiro terço de filme, mas a virada acontece de forma muito brusca. Vou comentar uma passagem do filme em spoiler abaixo, onde realmente o longa me perdeu:
A médica que falsificou o diagnostico da mãe de Roman (Peter Dinklage) é assassinada a mando do próprio como punição, o que reforça realmente a ameaça que tal personagem representa. Porém quando o mesmo sequestra Marla e se vê de frente a ela tomando a decisão de mata-la, tudo é feito de forma muito amadora, sem contar obviamente a conveniência de a personagem acordar logo antes de todo o plano ser completado. Isto acabou com qualquer credibilidade do personagem que vinha sendo construído até então. Não torne seus personagens burros para proporcionar "grandes viradas" de roteiro, faça isso de forma inteligente.
O final do filme caminha para uma mensagem perigosa (acredito que realmente a transmitiu), mas que em seus últimos momentos corrige parcialmente o curso, apresentando mais um ponto de grande virada na trama, que felizmente, foi a única que funcionou, ainda assim em partes somente.
Enfim, temos um obra muito competente em aspectos técnicos, porém com um roteiro completamente bagunçado, personagens com arcos de desenvolvimento nenhum pouco convincentes, pontos de viradas mirabolantes que causam enorme frustração e uma mensagem perigosa ("corrigida" em partes). Uma obra totalmente esquecível, a não ser pelas propostas artísticas contidas no mesmo.
O longa filmado em meados dos anos 80 e lançado precisamente em 1989 reconta a história do brilhante romance, O Cemitério de Stephen King e aqui falo em recontar, mas de uma forma bem fiel, apenas com algumas alterações pontuais das quais acredito ter captado seus motivos.
Particularmente quando assisto a uma adaptação, seja ela de um livro, quadrinhos ou jogo de videogame por exemplo, busco sim um grau de fidelidade elevado ao material original, afinal, se eu busquei assistir também ao filme já sabendo da história é porque a mesma me agradou de alguma forma. Entendo perfeitamente que algumas pequenas mudanças se fazem necessárias por vezes, porém sou contra alterações drásticas. Este para mim é um dos pontos mais elevados deste filme, trata com respeito o romance.
Acompanhamos a mudança de uma família de Chicago para o interior do Maine, onde o pai, Louis Creed conseguiu um novo emprego como médico da faculdade local. A nova casa encontra-se numa localização no mínimo curiosa... em uma extremidade temos uma perigosa rodovia, ao outro lado adentrando aos bosques temos um "Simitério de Bichos" e terras sem donos, por assim dizer. A vida desta família vira de cabeças para baixo quando uma terrível tragédia os assola, e acompanhamos por inteiro tal processo de degradação.
Confesso que alguns efeitos práticos do filme realmente ficaram datados, e já deveriam ser considerados duvidosos na época de lançamento... estamos falando do final dos anos 80, uma década antes já haviam sido lançados o Massacre Da Serra Elétrica e Halloween para citar alguns exemplos. As interpretações surpreendentemente me agradaram, acredito que não por mérito somente dos atores, mas pelo meu apego aos personagens. Temos algumas passagens bem canastronas, principalmente protagonizadas por Dale Midkiff (Louis Creed), mas nada que chegue a realmente incomodar, da pra se dizer que traz até um charme da época, ou seria muito saudosismo de minha parte? A atuação de Fred Gwynne (Jud Crandall) é a de maior destaque, tem um sotaque carregado, e bate com as características corpulentas descritas no romance original... não chega a ser nada impressionante, mas fui bem critico com o mesmo visto que trata-se de meu personagem favorito dentro da história, caso não me agradasse contaria como grande ponto negativo a adaptação.
A narrativa se desenrola de forma muito ágil, com mudanças de cenas bruscas... em um momento estamos vendo um acontecimento chocante que em rápidos segundos é substituído por uma cena alegre, por exemplo, mas nos acostumamos ao ritmo proposto... não chega a ser algo que desgaste a narrativa, mas causa sim certa estranheza.
A recriação de cenário é muito interessante e competente, me senti imerso na pequena cidade, é um dos pontos de maior destaque do longa. Uma cena em especifico que gostaria de destacar é a aparição de Stephen King ao melhor estilo Stan Lee para os mais novos (para quem tem curiosidade e não tenha captado no momento, ele é o padre).
Algumas mudanças de roteiro são impactantes, mas como disse no inicio desta analise, acredito que tenha captado os motivos das mudanças e descrevo abaixo para os que tiverem interesse:
1- Em momento algum é mencionado e muito menos mostrado o Wendigo. Crença da qual permeia a trama do romance, funcionando como explicação aos acontecimentos da trama. Acredito que a escolha tenha sido pelo fato de não conseguir retratar com eficiência (dado o período de realização da obra) uma das passagens mais assustadoras do livro onde tal criatura se apresenta, não de forma totalmente reveladora, mas como uma descrição do desconhecido. Como critica a este ponto, acredito que acertaram em não tentar mostrar a criatura, mas poderiam ter mantido a mística com diálogos bem construídos entre Jud e Louis.
2 - A ausência da personagem Norma, esposa de Jud. que nem ao menos é citada no filme. Meu palpite é de que a sequencia final da historia traz passagens muito pesadas de supostas revelações do passado da personagem, que são proferidas por Gage, a criança. Com certeza tal linguajar não poderia ser reproduzido pelo ator mirim.
3 - Esta realmente me incomodo: a morte de Rachel pelas mãos de seu filho Gage, que no romance não são narradas detalhadamente, mas fica subentendido que foi com o mesmo bisturi que matou Jud. Já no longa optaram por ela aparecer de repente em cena enforcada apenas como jumpscare barato... ficou ridículo... como uma criança de dois ano enforcaria uma mulher adulta no sótão da residência?
Enfim, temos sim um bom filme dos anos 80 que representa de forma muito satisfatória, mas principalmente respeitosa este grande clássico da literatura de horror. A recordação bate forte e me fez lembrar de grandes pérolas dos filmes trash. Uma direção regular, com fotografia e composição de cenários muito competentes e um ritmo ágil. As atuações tem um tom até brega, mas que funcionaram na minha opinião. Devemos entender a época de realização do longa que algumas decisões tanto de roteiro quanto de cena farão mais sentido. Uma obra que deve ser mais respeitada no cenário de horror, e uma das melhores adaptações do mestre King.
Ouvi a poucos dias atrás, confesso que não me recordo aonde (caso contrario daria os créditos), uma frase que voltou a minha memória ao assistir este filme: "Del Toro é o nerd mais bem-sucedido!"
A grande maioria dos projetos, não somente no cinema, mas em várias áreas, que tem a participação de Del Toro são acima da média. Em Circulo de Fogo afirmo, é mais um acerto do artista.
No longa acompanhamos um planeta Terra que vem sendo atacado diversas vezes por kaijus (do japonês, Besta Estranha) que emergem de uma fenda no oceano. Os ataques se mostram cada vez mais constantes o que faz com que os humanos ajam frente a tal situação e dá-se inicio o projeto Jagger, grandes robôs comandados pelos chamados pilotos para combaterem tais monstros colossais. O filme tem inicio quando até mesmo o projeto Jagger foi descontinuado e a humanidade tentará uma ultima cartada para resistir a extinção.
O roteiro bebe diretamente na fonte de grandes clássicos como Ultraman e Power Ranger (para os mais novos), para não mencionar os mais óbvios Godzilla e King Kong e veja bem, para muitas pessoas mais novas tais comparações podem soar como demérito, mas de forma alguma... esta formula é adaptada e melhorada neste filme.
Del Toro começa se cercando de um elenco gabaritado, como Charlie Hunnam (que retorna em mais uma obra do diretor) no protagonismo muito carismático como em grande parte de suas atuações, aliado a personagens secundários muito bem desenvolvidos como Idris Elba, Charlie Day, Rinko Kikuchi e o sempre formidável Ron Pearlman (Hannibal Chau, que infelizmente aparece pouco em tela, mas é o suficiente). Adianto e resumo, todas atuações foram competentes, nada ficou deslocado ou forçado, tudo encaixou com a proposta do roteiro.
Acompanhamos a clássica jornada do herói, começando por sua derrocada até sua ascensão e por que não, redenção. Tal estrutura básica não é nenhuma novidade, muito pelo contrario, já foi explorada a exaustão, mas quando bem conduzida, como neste caso, é extremamente satisfatória. Gosto dos destaques dados aos personagens secundários que ajudam a dar continuidade na resolução do problema, trazendo mais valia aos mesmos.
Nas mãos de outra equipe, cair em clichês seria esperado diante da proposta e embora eles (os temidos clichês) estejam lá presentes, não são enfadonhos, bregas ou cafonas... claro que os efeitos visuais lindíssimos ajudam a tornar tal experiência muito agradável. Aproveito para comentar outros dois pontos técnicos de grande destaque, a fotografia (muito competente, com lindas composições de cena) e a condução da câmera que ao longo dos takes de ação se mostra muito consciente, de fácil entendimento e acompanhamento. Os efeitos sonoros dão o complemento necessário para encaixar este pacote audiovisual eficiente.
Confesso que o final em partes foi anticlimático a mim, porém entendo que meu gosto é mais particular a finais e acredito que a decisão tomada pela equipe vá mais agradar aos espectadores do que desagradar.
Enfim, temos aqui uma grande homenagem ao cinema japonês, coberto de clichês, mas que funcionam de forma muito harmônica ao roteiro. A experiência audiovisual é marcante, ponto alto do filme:
O filme traz consigo uma tarefa muito indigesta de recontar mais uma vez a história clássica de King Kong. A linha entre o satisfatório e a perda da essência é muito tênue, ainda mais se levarmos em consideração a evolução, ou involução (fica em aberto a ser debatido) acerca das questões sociais entre hoje e quando a obra foi originalmente idealizada.
Em partes afirmo sim que o filme perdeu (ou talvez nem tenha buscado) fidelidade, porém isto é de todo o ruim? De forma alguma, por vezes uma releitura vem em boa hora.
Temos aqui um núcleo de personagens militarizados com fortes convicções, como já cansamos de ver em outros filmes que exaltam soldados americanos. Porém então que fui pego de forma inesperada pelo desempenho do papel dos mesmos frente o desenrolar da trama. O filme traça um paralelo bem claro, por que não uma releitura, da guerra do Vietnam, e isto é bem explicito, visto que a trama se passa no mesmo período histórico do conflito real. Samuel L. Jackson esta muito bem em seu papel, confortável e seguro como de costume, apresentando camadas e um arco de evolução interessante e veja que a missão para ele era complicada, fugir de diversos clichês de personagens com premissas parecidas, para não dizer idênticas, vistos em tantas outras obras. Rodeado de diversos outros personagens totalmente esquecíveis, inclusive os protagonistas (Tom Hiddleston e Brie Larson), vão a Ilha da Caveira em uma missão cientifica/militar para mapear a região até então inexplorada. Destaco com louvor a participação de John C. Reilly, como o ermitão da ilha, que é um sopro de ar fresco dentro do roteiro... rouba a cena.
O filme é sim em sua maioria conduzido por clichês, o que normalmente me incomodaria... explosões, câmeras-lentas, efeitos em CGI (o pacote completo)... tudo que o publico mais casual pede nos filmes, mas de forma surpreendente, funcionou desta vez para mim.
Atribuo isto a fotografia extremamente saturada que me prendeu ao longo de todo o percurso. Algo no estilo artístico me deixou intrigado, remetendo a longas renomados que retratam o mesmo período histórico. Alguns takes e posicionamentos de câmera também são bem eficientes para conduzir a narrativa. Em termos artísticos outro fator que me agradou foram as fotografias tiradas pela personagem de Brie Larson que são mostradas em tela logo na sequencia do fato, nada que mudará o filme de patamar, mas funcionou a mim como apreciador desta arte.
Na reta final confesso que meu interesse foi reduzindo, mais e mais clichês foram jogados em tela, até culminar em um final que realmente não me agradou, mas confesso que foi eficiente dentro da proposta deste "monstroverse", visto que todos estão ansiosos pelo longa deste ano, Godzilla Vs Kong.
É um longa agradável, nada memorável, longe de suas raízes e até mesmo do remake de 2005 conduzido magistralmente por Peter Jackson, mas é uma releitura competente para dar seguimento no que os produtores estão buscando. Filme para se assistir de forma descompromissada, sem grandes expectativas em termos de narrativa onde sem sombra de duvidas se destaca pela experiência visual que fornece.
O filme dirigido por David Cronenberg faz jus a fama do diretor de ser um dos melhores adaptadores das obras do mestre do horror, King (conveniente, não?).
O longa lançado em 1983 adapta um dos primeiros romances de Stephen King, o que muitos julgam ser a primeira e melhor fase do autor. Vou me abster em comparações entre filme e livro visto que ainda não tive o prazer e oportunidade de lê-lo, mas um fato afirmo: Tal adaptação ao cinema somente aumentou minha vontade e curiosidade pela obra literária.
Acompanhamos Johnny Smith, interpretado de forma eficiente por Christopher Walken, que sofre um acidente de carro que o deixa em coma por cinco anos. Ao acordar, percebe que sua vida prévia já não existe mais, sem emprego e principalmente sem a até então futura esposa ele se depara que um novo dom (ou maldição?) de prever o futuro das pessoas com quem tem contato físico. Aqui cabe um parêntese quanto a atuação do ator principal, que pelos primeiros trinta minutos aproximadamente "torci o nariz" entendendo a mesma como robótica até então, porém ela cresce com o avanço da trama o que me fez perceber que não se tratava de uma falha do ator, mas sim fruto da própria trama, onde King quase sempre busca pelo seguinte: Pessoas comuns em situações totalmente incomuns. Além é claro do próprio período de realização do longa, onde tínhamos outras características referente a atuação.
Em termos de elenco, o ponto alto com certeza fica por conta de Martin Sheen, que entrega um personagem palpável em todas suas esferas, e traz uma realidade que infelizmente no Brasil em especial conhecemos muito bem... quem assistir ao longa na hora entenderá tal paralelo.
A direção se mostra hábil de grande estilo por diversos momentos, apresentando tons melancólicos com eficiência, mas nunca deixando o espectador esquecer que esta diante de uma obra adaptada de King, ou seja, o clima de estranheza e imprevisibilidade permeia a obra. A fotografia e composição de cenários são também pontos a serem destacados com louvor, passando de forma correta e eficiente o clima de cidade pequena, não o impondo mas inserindo de forma orgânica ao publico, quando percebemos fazemos parte de tal realidade.
A trama muito bem roteirizada não lhe entrega por boa parte do longa o rumo daquela história, entendemos perfeitamente o que esta se passando, porém para onde vamos? Este na minha opinião foi a característica mais marcante do filme, que lhe guia por caminhos inimagináveis até seu desfecho, fazendo com que nos importemos com os personagens que ali acompanhamos, algo que é crescente conforme o filme evolui. Exemplo, eu mesmo mais cedo nesta analise comentei que a atuação de Christopher Walken me incomodou no inicio, mas ao fim do longa já torcia para o mesmo de forma fervorosa.
Não espere aqui por mocinhos característicos, temos como o mestre gosta de pessoas comuns, que pesam de acordo com suas necessidades as atitudes que serão tomadas, nem sempre elas sendo a mais correta em termos de moralidade.
Quando a trama engrena e lhe mostra onde gostaria de chegar, ainda sim o final lhe surpreende de forma bruta. Um encerramento corajoso, satisfatórios, reconfortante, mas principalmente cru.
Um filme atemporal, vi ali naquele longa de 1983 baseado em uma historia escrita ainda antes, muitos temas infelizmente atuais. Nos questionamos como agiríamos no lugar do protagonista diante do poder que o mesmo de forma inesperada adquiriu. Seriamos realmente íntegros nas decisões que permeariam nosso futuro? Nos limitaríamos a tomar atitudes que afetassem a nós mesmos ou feriríamos os princípios de livre arbítrio de terceiros? Tais questionamentos são ainda recorrentes (onde o egoísmo toma conta da sociedade), talvez ate mais válidos do que na época de idealização da obra. Belíssimo filme!
A obsessão humana em buscar respostas para sua própria existência, afeta pessoas de forma muitas vezes incompreensível, onde sua própria vida é posta abaixo de tal descoberta. A busca pelo renome por vezes se mostrou essencial para a evolução da sociedade moderna, porém em diversos outros momentos se mostra totalmente superficial, e esta linha é muito tênue.
No filme acompanhamos Percy, interpretado magistralmente por Charlie Hunnam, um militar/explorador europeu designado a uma missão de mapear a região até então inexplorada da Amazônia boliviana, sob o pretexto de limpar o nome de sua família perante a sociedade. Acompanhado de Costin (Robert Pattinson) que já comentei em outros posts o apreço por tal ator, que sem duvida será, caso ainda não seja, um dos grandes nomes da indústria.
O senso de perigo proposto pelo filme é palpável em muitas das cenas dos personagens no território hostil, auxiliado por certos pontos muito sutis, na minha visão, e possivelmente mal explorados na visão de outros (exemplo a doença presente no local), dão o tom desta primeira jornada. Não prosseguirei muito afundo nos ocorridos do filme evitando spoilers, mas segue por rumos do qual não esperava, com diversas voltas muito interessantes a mim que não li o livro original. Durante o próprio período em terras europeias, não consegui sentir a segurança necessária de viver entre pessoas "civilizadas", a sensação de traição paira no ar durante todo o longa.
A retratação de época me manteve imerso, temos um período onde a vida humana em partes era muito pomposa e para os demais, totalmente descartável. Passamos pelo pré e pós Primeira Guerra, notando as alterações que tal acontecimento infligiu nas personalidades e objetivos de cada personagem.
A fotografia do filme é belíssima, vide o tom quase que artístico (uma pintura mesmo) das breves cenas durante os campos de batalha da Primeira Guerra, além das cenas de maior destaque dentro dos territórios nativos na Bolívia. A direção entrega um trabalho competente. Algo que me causou estranheza, porém de forma positiva, foi a clarividência do ocorrido em tela, sem momentos de muita escuridão e subjetividade dos ocorridos.
Ao decorrer da trama ainda temos espaços para reviravoltas, nada surpreendente, porém eficiente por parte de alguns personagens secundários. A inserção de Tom Holland ao filme, excelente e consistente como sempre, agrega substancialmente. Um grande destaque que faço é o final do filme, na minha visão a escolha por parte do roteiro de encerrar o longa com um final claro (embora pareça de certa forma interpretativo) que vem precedido de um conforto, deu o tom certo ao que acompanhei em tela por mais de duas horas e meia.
Enfim, um filme consistente, levantando questões acerca do quão valiosa a descoberta de nossas origens ou a simples, porém nem tanto, ambição de marcar o nome na história podem ditar os rumos de um núcleo social. Atuações que entregam resultados muito satisfatórios, além de uma bela fotografia aliado a um final que atendeu e superou minhas expectativas com pesar e conforto em um mesmo nível de intensidade, recomendo a todos.
Em tempos não via um filme de tal trama, de certa forma genérica, que me empolgasse como este em questão.
Bronx traz uma historia "complexa" (explico mais a frente as aspas), em partes, ambientada na realidade francesa, mas porque não global, visto que diversos filmes de origens totalmente diferentes a abordam. Trama policial repleta de corrupção, reviravoltas e em grande parte a sensação de impunidade.
Aqui acompanhamos um esquadrão anti-guanges da policia de Marselha, com diversos estereótipos, cada um com seu próprio segredo e fardo a ser explorado. O longa começa de forma chocante, o que mais a frente comento também como sendo o ponto de maior desafeto de minha parte com a trama. Um acontecimento brutal será explorado no filme que retoma 3 semanas antes do ocorrido para explica-lo. Tal artificio narrativo já foi utilizado nos mais diversos gêneros possíveis, e na minha visão é muito eficiente. Saber como teremos o desfecho de determinado personagem, faz refletir de forma desconfortável a todo o momento que o mesmo aparece em cena.
Personagens sólidos e carismáticos conduzem a trama com eficiência... embora sim, admito que por utilizar de muitos nomes incomuns a nós, acaba confundindo a quem se referem em determinados diálogos (muitos nomes jogados em cena, sem grande explanações). De inicio, a cada nome comentado, normalmente uma foto do mesmo é apresentada, porém por termos muitos sub-personagens, se assim podemos colocar, acaba por confundir o espectador, o que acredito ser o ponto que traz realmente mais "complexidade" a trama. Acostumado a acompanhar enredos semelhantes, no detalhe, temos até mesmo uma trama simples, mas que por tantos envolvidos acaba por gerar determinada confusão, o que gera a tal complexidade "falsa".
Destaco os atores que fizeram um trabalho sólido. Entendo que em grande maioria, nada extraordinário, mas muito competentes... principalmente Lannick Gautry (Richard), Stanislas Merhar (Kapellian), Patrick Catalifo (Georges) e claro Jean Reno (Leonetti) o mais renomado de todos. A direção é segura e mostra ângulos claros para as cenas de maior impacto, me agradou muito. O movimento New French Extremity se faz presente, e encaixa de forma necessária a trama... efeitos realmente muito bem executados. Temos sim cenas bem impactantes ao longo do filme.
Com relação ao enredo, o que mais me incomodou segue em destaque abaixo como spoiler:
Os assassinatos cometidos por Kapellian a sua família e o suicídio em sequencia, causam pouco, para não dizer nenhum, impacto nos demais personagens da trama. Vemos por diversas vezes seus companheiros o auxiliando a lidar com seus demônios, demonstrando empatia ao mesmo, porém tal brutalidade em nada os afeta posteriormente.
Tivemos uma ocorrência muito grave, a uma família muito próxima dos personagens e isto mal é comentado/refletido, a não ser por um repórter já na reta final do filme, totalmente irrelevante. Acredito que tal reação, ou a falta da mesma, por parte dos personagens tomou maiores proporções justamente pelo inicio do longa, que sugere aquele ato como algo central a narrativa, anunciando uma tragédia que seria "justificada" ao longo do filme e que traria consequências avassaladoras. No final, acabou sendo completamente deixada de lado. Havia muita carga emocional a ser explorada, uma pena.
Enfim, temos sim um filme genérico em sua grande maioria, chocante e bem conduzido. Destaco principalmente decisões corajosas de roteiro, como de inicio já somos apresentados, culminando em um final totalmente inesperado. Cabe alguns pontos de reflexão sobre o mesmo, mas na minha opinião funcionou e me marcou. Grata surpresa!
Temos aqui Scorsese, em uma versão segura, porém não sua melhor, mas de forma alguma isto é demérito.
Infiltrados traz novamente a temática de máfia ao cinema, focado em personagens como o próprio nome já indica, infiltrados, e não somente o policial em meio a organização criminosa como de costume, mas também o inverso, onde acompanhamos o processo de infiltração do criminoso dentro da policia, algo trabalhado desde muito cedo. Este conflito nos deixa angustiados ao longo de toda a obra, com a sensação de tragédia inevitável, que carrega na sua integridade a trama adiante.
Como se era esperado, trata-se de um filme de ritmo lento por certas vezes, com exceção do final que realmente descamba trazendo cenas de tirar o folego. Personagens criveis, aprofundados na medida certa, o suficiente para explanar as decisões tomadas pelos mesmos ao longa da trama. Algumas caracterizações soam por vezes como genéricas (Mark Whalberg), mas no decorrer da história, impossível não se sentir representado pelo mesmo. Veja bem, não coloco aqui o genérico como um problema de roteiro ou da atuação, mas sim como um ponto proposital que nos revela posteriormente ser necessário.
A fotografia apresentada é competente, aqui realizada por Michael Ballhaus, porém confesso que não me chamou a atenção como em outros filmes de Scorsese, visto o mais recente O Irlandês, de temática semelhante.
Trilha sonora destaco como ponto positivo, presente em momentos certos, ditando o ritmo de grandes cenas, referindo-me a parte musical. Já em efeitos técnicos de som, também não deixa de se mostrar muito eficiente.
O elenco muito bem dirigido, entrega belas atuações, como a de DiCaprio, que sinceramente, é "chover no molhado" falar de grandes trabalhos do mesmo. Meu ponto de destaque fica por conta de Vera Farmiga (Madolyn), que sim já se mostrou muito competente diversas vezes, mas se destaca neste papel em questão. Jack Nicholson faz um arco de vilão muito coerente, com seus trejeitos clássicos/nostálgicos, que o torna quase impossível de ser odiado. Já Matt Damon vejo da forma contrária, facilmente odiado, o que sim, é um ponto muito positivo a um "antagonista". Menção honrosa a Martin Sheen, eficientemente competente, entregando um potencial acima do que o personagem poderia apresentar.
Mais um trabalho muito digno por parte deste cineasta incrível. Com certeza não é o filme de maior destaque do mesmo e nem o mais aclamado, mas muito competente. Temos uma trama ainda que densa, descomplicada ao publico, aprofundada na medida certa e com pontos chave de grande surpresa, o que ao meu ver que pode agradar as mais variadas audiências. Porém a trama da forma como é apresentada, faz com que seja quase impossível não compara-la aos seus pares de mercado (outras obras de mesma temática), que então acabam por retirar parte do brilho da obra.
Um clássico... obviamente comento isto com ressalva a mente por trás da série e toda sua vida pessoal polemica e incrédula, porém quero aqui mais do que nunca, separar a obra de seu criador.
Logo no inicio da trama somos apresentados aos dois protagonistas, irmãos, viajando de carro de volta da faculdade para passarem as férias em casa. Somos introduzidos em uma brincadeira dos mesmos, o que de cara faz com que sejamos inseridos dentro daquele relacionamento e de forma muito surpreendente, gera empatia quase que instantaneamente.
Temos aqui um road movie na essência, e na minha opinião, o melhor deste subgênero. Uma trama de certa forma simples, porém tensa, e construída de forma intrigante e inteligente, onde por grande parte do longa, o mistério nos assola, não somente do que se trata a criatura (sua estória e o que busca), mas o próprio ser em si, suas feições. Ao melhor estilo clássico de filmes com baixo orçamento, onde a subjetividade fala mais alto durante grande parte da trama, isto nos prende do inicio ao final, ansiando por descobrir o que realmente estamos acompanhando e de certa forma, enfrentando, junto dos protagonistas.
A localização do filme, passando por cidades quase que esquecidas no tempo, onde diversas lendas são passadas de geração, trazem ao longa um toque peculiar, necessário e competente para imersão. Por mais absurda que muitas das situações apresentadas sejam, nos vemos tão envolvidos que acabam sendo "críveis".
Todos estes elogios se estende por 2/3 do longa, onde realmente no ato final, acaba por perder parte da imersão justamente por ir de certa forma, contra a subjetividade, onde a criatura é apresentada explicitamente. Entendo que muitas das pessoas querem ver tais cenas e entender por completo, porém como comentei em alguns outros filmes, o medo do desconhecido é muito mais palpável. A partir do momento que vemos aquele "demônio alado", parte daquele cenário crível se perde. Veja bem, de forma alguma isto desmerece a obra, todo o restante é satisfatório ao extremo.
O elenco, ou aqui, basicamente os protagonistas Justin Long e Gina Phillips carregam o filme tranquilamente, e não somente por competência dos mesmos, mas também por um roteiro muito bem escrito. Salvo algumas exceções, não vemos decisões estupidas sendo tomadas apenas pela continuidade da trama, e mesmo as que possam parecer impensadas, podem ser balanceadas por sentimentos altruístas.
A direção, é segura e muito competente, com planos que nos deixam desorientados e ao mesmos tempo compreendendo a ameaça apresentada, algo que é muito difícil de ser realizado, visto o tema surrealista apresentado pelo filme.
Outro ponto que julgo muito necessário ser destacado é a trilha sonora. Extremamente competente e aliada ao longa de forma inteligente e não apenas como pano de fundo. A mesma gera uma das frases/letras mais marcantes na minha opinião nos filmes do gênero:
"Jeepers creepers where did you get those peppers Jeepers creepers where did you get those eyes..."
Sendo muito sincero e me baseando em grande parte nas continuações da série, toda vez que assisto a este filme vejo o mesmo como um acidente de percurso, onde a ideia do diretor não conseguiu ser expressa da forma esperada, porém que gerou um resultado muito acima do que poderia ter sido. Sem sombras de duvida é um dos meus filmes favoritos do gênero de terror, uma pena realmente os rumos dos demais capítulos.
As vezes me pego perguntando mentalmente durante alguns longas: "o quão influentes são ou poderiam ser os componentes do elenco (renomados) no roteiro da obra que escolheram participar?". E a cada decisão tomada neste filme esta pergunta voltava a minha cabeça.
Temos aqui atores que já se provaram muito competentes ao longo de suas carreiras, mas que não conseguem salvar uma mistura de influencias que a cada cena avançada se tornam mais incoerente e sem inspiração.
Ava (Jessica Chastain) é uma assassina treinada, que acaba colocando seu trabalho em conflito com algumas questões morais e por conta disto acaba por se tornar alvo de sua própria organização. Essa premissa é muito básica, genérica e sem graça, mas que já vimos ser muito bem exploradas nos cinemas, com filmes de grande impacto, como o que me pareceu ser a maior influencia para o longa em questão, John Wick. A protagonista e titulo do filme, é uma mistura do próprio personagem interpretado por Keanu Reeves, Agente 47 (Hitman), James Bond e Penny Lane (Quase Famosos).
Acredite, eu consegui enxergar a personagem interpretada magistralmente por Kate Hudson em Quase Famosos, no que tange rebeldia adolescente, porém nessa versão assassina complexada.
Embora as cenas de ação não sejam de encher os olhos, vemos uma coreografia aceitável por parte do elenco, porém com sucessivos cortes que acabam por confundir os movimentos executados, mas de longe não é o maior problema deste filme.
Um drama familiar raso permeia a trama, quase uma "novela mexicana". Não vou me aprofundar em detalhes, mas todas as cenas que envolviam a família da protagonista me causavam desconforto, de tão insignificantes que seus problemas nos foram transmitidos. Não temos química e nem mesmo diálogos inteligentes, tudo é forçado para que mostrem ao expectador que tal núcleo enfrenta problemas de relacionamento.
Outro ponto de grande incomodo na minha opinião foi a exposição excessiva da relação da protagonista com as bebidas alcoólicas. A tentação se mostra presente a todo momento, e vemos a mesma flertando com diversas bebidas ao longo de toda a trama, o que faz com que tal problema (na vida real muito grave) acabe se tornando mais um ponto de saturação para quem esta assistindo.
Personagens descartáveis surgem ao longo da trama, com algumas das piores atuações vistas recentemente, como a de Toni (personagem da qual Michael deve dinheiro) e a filha de Simon... sendo elas "over reacting" total e sem alguma expressão (nem mesmo falas) respectivamente.
Como já havia comentado em uma das minhas analises recentes (Na Mira Do Chefe), sou grande fã de Colin Farrel, mas estas escolhas duvidosas acabam por colocar sua reputação em risco. Temos aqui uma atuação regular do mesmo, porém com atitudes e escolhas impensáveis e irracionais de seu personagem. Vou me restringir a ele, mas tais irracionalidades são cometidas por todos. Sendo justamente neste ponto que volto a minha pergunta inicial destacada na critica. Será mesmo que tais atores de respeito, não poderiam intervir e colocar um pouco de juízo nas ideias dos realizadores?
A respeito da direção, foi de certa forma aceitável ao longo das cenas de ação, mas péssima na condução de seu elenco. O roteiro traz tantas influencias que perde totalmente qualquer resquício de singularidade. Um universo mal explorado, cercado de decisões pouco inteligentes dos personagens faz com que o engajamento por parte do espectador se perca logo no inicio. Fotografia pouco inspirada, com certos cenários sendo deploráveis, como o do desfecho da trama principalmente.
Enfim, não julgo o filme como um desperdício de ideias, pois em sua concepção nada de extraordinário era proposto, porém a execução acabou fazendo com que o longa se tornasse maçante mesmo que com uma duração relativamente curta para os padrões da indústria.
Comecei a assistir o filme de forma despretensiosa, esperando por uma carga emocional "rasa", onde o advogado interpretado pelo Robert Downey Jr. fosse vestir a armadura do Homem De Ferro a qualquer momento. E em partes confesso que vi sim Tony Stark em tela, mas não me incomodou como o esperado e encaixou no roteiro, pontualmente.
Gosto de salientar inclusive, que ocorre com diversos atores renomados, onde o papel de maior destaque de suas carreiras acaba tomando forma em diversos trabalhos posteriores. Infelizmente ou felizmente para alguns, Robert Downey Jr. é sim o Tony Stark, muito mais do que o próprio Robert. Neste filme vemos Tony em ação, embora muito contido. E veja bem, não vou ser tão critico quanto a tal detalhe para esta analise, como sou com relação a outros atores e filmes (principalmente Johnny Depp, e seu eterno Capitão Sparrow), pois deu um toque sarcástico interesse ao roteiro.
Mas vamos lá... o filme acompanha a vida de um advogado bem-sucedido, pelo menos em sua vida profissional, pois logo em cinco minutos de longa, o roteiro desconstrói por completo a imagem de vida perfeita, o que é muito interessante, e de cara me prendeu. Então um infeliz acontecimento, faz com que o personagem regresse as suas raízes, fazendo-o obviamente reviver os dramas do passado.
Então que somos apresentados ao verdadeiro astro do filme, Ken Howard, interpretando o personagem titulo do longa, o juiz e pai de Henry (Downey Jr.). Que atuação magistral, o veterano da um show em todas suas cenas, com grande carga emocional enrustida em uma pessoal não rancorosa, mas sim muito rude e pratica... impossível não nos apegarmos de cara com aquele cidadão de bem, correto ao extremo, muito rígido e ao mesmo tempo abalado emocionalmente. Claro que ao longo da trama, vamos entendendo todo o desenrolar dos fatos que culminaram em um período tão melancólico pelo qual não somente ele passa, mas toda sua família.
Me agrada como somos inseridos a tal realidade (familia e cidade) de forma orgânica. Nem tudo é entregue de bandeja aos espectadores, precisamos em partes ligar os pontos, claro que nada muito complexo, mas evita diálogos expositivos que duvidam da capacidade intelectual das pessoas. Infelizmente, quando um filme não "lhe pega pela mão" precisamos destacar, pois cada vez é mais raro.
O restante do elenco performa de forma eficiente, vamos ter algum destaque por parte do irmão de Henry, Dale (Jeremy Strong) que possui deficiência intelectual, algo não aprofundado por não ser essencial a tal período da trama, mas que agrega uma carga emocional maior aquele núcleo familiar.
Acompanhamos então os dramas que são desencadeados mais um evento trágico na cidade e vida dos personagens, que faz com que os familiares precisem se unir para supera-lo. Vemos aqui um desenvolvimento de certa forma clichê, um filho buscando reconciliação e acima de tudo aprovação do pai, que claramente foi um espelho em sua vida profissional ao menos, mas que o afastou ainda jovem do convívio familiar. Um pai duro (ou rigoroso), responsável e acima de tudo, correto ao extremo, o que desencadeia os conflitos familiares. Porém algumas cenas e reviravoltas de roteiro são sim emocionantes. Discursos fortes, coesos, e um final não tão convencional como se esperava.
Temos aqui uma direção segura, com toques sutis que ajudam no desenvolvimento de roteiro, que tem seu destaque devido aos diálogos muito bem escritos e atuados. A fotografia não entrega nada surpreendente, porém eficiente, destaque na minha opinião para o restaurante Flying Deer, sensacional a vista do mesmo. Este restaurante que por sinal entra naqueles pequenos detalhes nada expositivos dos diálogos, mas super eficientes para ambientação.
Em resumo, temos um filme muito "redondo", que não traz elementos inovadores mas é extremamente competente no que se propõem. Destaco muito as atuações, que sempre são essenciais, mas em filmes de tal gênero, carregam um peso ainda maior para a verossimilhança das ocorrências e engajamento dos espectadores. Um roteiro muito bem escrito e conduzido pela equipe técnica, com forte carga emocional e espaço para alguns alívios cômicos, sutis e que de forma alguma quebram o ritmo do longa.
Confesso que fui pego de surpresa pelo desenrolar da trama apresentado, mas não de uma maneira positiva.
O longa apresenta uma estória intrigante e nervosa, onde vemos um mundo já dominado por uma raça de seres, possivelmente, provenientes do espaço (margem para interpretação. Nesta analise vou me referir aos mesmos como aliens). Então nos é proposto a acompanhar como uma determinada família, ou melhor referindo, sobreviventes diante da realidade que lhes é imposta.
O filme começa já com um clima muito tenso, de silencio total, que permeia grande parte do longa, o que não poderia ser diferente... e este já é um dos pontos mais positivos a ser ressaltado. Somos inseridos de forma bem orgânica ao mundo, agora, pós-apocalíptico e sendo pegos de surpresa pela cena mais impactante do filme com toda a certeza.
Não espere aqui grandes explicações de como o mundo descambou para chegar no atual cenário, e isto também considero interessante. Não precisamos sempre ter mastigado os mínimos detalhes, visto que estamos acompanhando a jornada daquele grupo de sobreviventes em especifico, que por si só pode, ou não, ter informações relevantes do que realmente tenha acontecido.
Até sua metade, o longa apresenta o ritmo que eu já esperava, mais lento, melancólico e nos apresentando calmamente as rotinas daquela família, trazendo informações de forma sutil por muitas vezes que na hora nos fazem pensar nas consequências que irão ou poderão causar. E isto sim é feito de forma muito competente, nos fazendo ansiar pelo que esta por vir... mas também é o grande "calcanhar de Aquiles" do filme. Explico mais adiante.
Sim, me refiro principalmente a gravidez da Evelyn.
Porém a partir da segunda metade do filme o que mais me causou incomodo, e não em um sentido positivo, visto que é um filme de terror teoricamente, é a exposição em excesso dos aliens. Veja bem, não coloco isto como um ponto referente a maquiagem ou efeitos, pois mesmo sendo uma produção de U$ 17 milhões (baixo para os padrões da indústria) foram muito satisfatórias. Porém na minha concepção o medo do desconhecido, e até mesmo a curiosidade seriam muito mais eficientes para a estória que contaram. Passar uma sensação de perigo, mostrando os aliens apenas em rápidos frames, onde a identificação/entendimento dos mesmo fosse complicada, e fizesse com que minha imaginação delirasse a respeito, me teria feito abrir um sorriso de nervoso. Os aliens foram apresentados de forma tão expositiva que quase conseguimos entende-los anatomicamente em suas totalidades, o que os deixou na minha visão, menos ameaçadores.
Outro ponto que somou para diminuir tal ameaça apresentada, foi o fato de os aliens serem enganados diversas vezes, seguidas, em um espaço curto de tempo do filme. O que contradiz toda aquela expectativa que nos é imposta de inicio, que passam o ar de "caçadores implacáveis". Ver crianças os "enganando" em diversas cenas, é no mínimo frustrante.
Preciso ressaltar aqui principalmente é a falta de coerência com algumas "regras" que foram impostas pela própria narrativa, o que vou precisar usar de spoilers para aprofundar.
A gravidez da mãe, foi algo que de cara me deixou com expectativas elevadas, de como passariam por tal situação visto que nenhum barulho praticamente poderia ser emitido. Mas a solução deste problema, em parte nem ao menos é apresentada pelo filme.
A situação se complica quando ela ao pisar em um prego já com a bolsa estourada, derruba uma lamparina, fazendo obviamente barulho que atrai os aliens. Ao acionar as luzes vermelhas no exterior do acampamento, logo alerta pai e filho que haviam saído para pescar.
Então o pai traça um plano para atrair os aliens para fora da casa onde ele supõem que sua esposa esteja, perfeito até ai. Porém quando acionam os fogos de artificio o alien esta a porta do banheiro, onde a mãe se encontra deitada na banheira já em trabalho de parto. Obviamente o alien atraído pelos fogos se afasta e a mãe neste mesmo instante berra de dor. Mas como o alien que esta ao lado da porta não ouviu tal grito?
Ao adentrar no banheiro, o marido a encontra já com o recém-nascido em seus braços. Isto foi muito frustrante, acabou diminuindo e muito o problema que vinha se desenhando ao longo da trama e o resolvendo-o de forma simplista e corrida. Caberia ressaltar pelo menos mais uma cena em especifico, mas não quero me alongar.
Este momento da trama citado acima apresenta dois graves problemas na minha opinião, sendo eles: i) a resolução "fácil" de determinado problema apresentado que gerou grande expectativa; ii) a falta de cumprimento das "regras" estabelecidas pelo roteiro.
Nos momentos finais, quando já havia perdido meu entusiasmo em partes, vi mais um filme genérico de ação, abandonando por completo o terror/suspense que permeava a trama.
Cabe ressaltar a atuação muito eficaz de John Krasinski e Emily Blunt. Ela em especial entrega sim uma performance muito completa, transmitindo com segurança todas as emoções vividas pela personagem. Já no elenco infantil, a atuação de Millicent Simmonds me incomodou. Tem um arco muito trágico que envolve a personagem, porém a atriz fez com que eu não conseguisse encarar tal motivação com a seriedade necessária.
Direção muito segura de Krasinski aliado a uma fotografia muito interessante. Me vi submerso por grande parte da trama naquele ambiente hostil devido obviamente a trilha sonora, praticamente, inexistente. Muito eficaz.
Sou grande entusiasta de produções de baixo orçamento, corajosas, e talvez isto tenha contado contra neste longa. Assisti ao mesmo cheio de expectativas, porém a meu gosto, acabou se perdendo em sua segunda metade, descambando para o que cansamos de ver em produções genéricas com maiores investimentos. Fica claro na minha visão, que o orçamento foi concentrado quase que em sua totalidade no ultimo ato do longa, que foi justamente onde s perdeu, tentando apresentar algo mais ambicioso do que vinha sendo mostrado e principalmente, expositivo.
O filme trabalha com uma temática perigosa, visto tamanho os atos de crueldades já feitos por tais gangues. E perigosa no sentido de buscar mostrar a realidade tão próxima destas pessoas e acabar romantizando um ato, um movimento tão repulsivo.
No longa acompanhamos Matt (Elijah Wood) que faz o papel de um estrangeiro sendo introduzido aquela realidade totalmente destoante de sua passada. Teoricamente tal personagem deveria nos representar em tela, mas em momento algum pude me sentir desta forma. Aqui vai um ponto que demonstra que não seja somente culpa do Elijah, embora eu seja muito critico do trabalho do mesmo (e aqui fala um fã de Senhor dos Anéis). A realidade do personagem Matt é muito distante da brasileira, onde temos um personagem americano que em momento algum de sua vida teve interesse pelo esporte em questão destacado no longa, o futebol (o que gera algumas perguntas/cenas no mínimo toscas por parte do personagem). O que vai totalmente de contra nossa cultura, visto que por mais que muitas pessoas não tenham apreço pelo esporte, a exposição ao mesmo é absurda.
Em função do drama vivido pelo personagem principal, acabamos tendo certo apreço (nada absurdo) pelo mesmo, pois nada melhor para gerar empatia do que uma enorme injustiça. Mas então somos apresentados aos personagens que sim fazem a trama avançar, Pete (Charlie Hunnam), Bovver (Leo Gregory), Shannon (Clair Forlani), Steve (Marc Warren) e Tommy (Geoff Bell) cada um vivendo um drama pessoal característico e tentando a todo tempo se provar diante da realidade por eles vivida.
Pete, busca a superação ao que seu irmão Steve representava... Bovver anseia por uma aprovação de Pete... Shannon vive seus dramas familiares e quer claramente um rumo diferente para a família que esta construindo, contrario a suas experiências passadas... Steve busca redenção, ao passo que Tommy quer vingança. Tudo isto traz uma carga emocional para os atos que serão apresentados ao longa da trama.
Obs: coloquei como spoiler, pois somente mais para a metade do filme que é apresentado o passado de Steve e Tommy.
Charlie Hunnam até então desconhecido por grande parte do publico brilha, e traz muito daquele sentimento "perigoso" que o filme poderia agregar. impossível não sentir empatia pelo personagem por ele representado, mas que ao final realmente apresenta uma realidade crua e brutal, o que acaba por espantar qualquer sentimento de algo positivo nos atos cometidos pelos hooligans.
A direção se mostra muito competente junto da fotografia adotada pelo filme, representando de forma eficaz a cultura local. Cenas em pub's, estádios lotados e o próprio clima (tempo), sempre cinza, nos remetem a cultura inglesa, que nos permite obviamente uma maior imersão ao filme.
Acho interessante como o filme, mesmo que pelo seu tema abordado, não precisa apelar para uma violência incessante e demasiada gráfica para ser eficiente. Temos sim cenas muito fortes, porém em pontos chave da estória, o que ajuda a trazer o impacto necessário para os desfechos. A partir do momento que temos um longa com grande exposição a violência, nem sempre teremos o choque/sentimento necessário nas cenas realmente significantes, pois somos expostos ao longo de todo o filme a cenas brutais que acabam sendo banalizadas, mas o que não é o caso aqui. Ressalto isto como um ponto louvável visto o enredo.
Enfim, temos um roteiro muito bem escrito e dirigido, com uma fotografia imersiva. A ressalva negativa fica a cargo do protagonista, porém não a ponto de estragar a experiência, por motivos já comentados acima, não sendo somente pela atuação do Elijah. Já os demais atores do elenco (principais), interpretam com segurança, em partes com maestria, transmitindo as angustias de cada personagem, tornando-os relevantes dentro do longa, até nos apresentar um desfecho cru e racional/realista do enredo.
Este me mostrou ser um exemplo clássico de potencial desperdiçado. Temos aqui sim, uma trama densa, intrigante, claustrofóbica, intensa e que nos apresenta muitas incertezas... porém é ofuscada quase que em sua totalidade por uma técnica pouco apurada e inspirada por parte dos realizadores.
Por não ter lido o livro no qual o longa se baseou, não abordarei comparações entre ambas as obras, não tenho base para tais comentários, buscarei me atentar a aspectos mais técnicos do filme.
Logo de inicio nos é apresentada a uma realidade, que principalmente hoje em 2020 parece fazer muito mais sentido, infelizmente, do que na própria época de realização do longa. Busca trazer muitos elementos hoje explorados principalmente em materiais de terror (como séries e filmes, principalmente que abordam zumbis em suas tramas), como a degradação e podridão humana frente a uma situação de vulnerabilidade da sociedade.
Por muitas vezes o filme consegue nos entregar cenas angustiantes e até mesmo chocantes, mas que são totalmente quebradas pela edição do longa e principalmente sua fotografia. Entendo a intenção dos realizadores de utilizar este estilo muito claro por vezes, pois é assim que os infectados alegam que seja, porém esteticamente não ficou agradável e ofuscou cenas que poderiam entregar maior impacto.
Um tom cinza permeia o filme inteiro, e quando tais momentos de maior claridade são expostos aos espectadores, ficou realmente ruim... uma opção de mal gosto na minha opinião.
E veja bem, mesmo assim, a trama me prendeu de certa forma até sua conclusão, fazendo com que queiramos ver o desfecho da situação, talvez principalmente agora em 2020 que vivemos de certa forma uma realidade semelhante, guardada as devidas proporções.
Fernando Meirelles, diretor brasileiro, acabou pagando um preço bem alto por tal escolha estética, onde vejo sendo um dos longas mais criticados da carreira do cineasta, muito competente por sinal e grande parte de seus trabalhos.
Acerca das atuações, não vejo nenhum destaque digno de menção além da Juliane Moore, que sempre entrega trabalhos muito consistentes, com a carga emocional necessária, e aqui ela se sobressai. Imagine a situação a ela imposta, sendo a única privilegiada de não ser afetada pela doença, e mesmo ainda com o dom da visão, não conseguir traçar um rumo mais digno a sociedade. É angustiante.
Um ponto interessante que elogio no longa, é a falta de nomes aos personagens. Isto me transmitiu uma sensação de que todo o ser humano na adversidade é igual, seja qual for o nome dele (e aqui pode-se entender também por influencia) ao longo da vida nos acontecimentos prévios. Transmite uma sensação que cada individuo é somente mais um, totalmente descartável, se assim podemos colocar. Este elemento agrega ao tom da estória.
Enfim, trata-se de um longa com uma estória envolvente embora não trabalhada de uma forma muito eficiente por parte do roteiro, mas principalmente impactada pela direção mal conduzida e escolhas técnicas da equipe. Acredito que seja muito mais interessante assistir ao longa após os acontecimentos vividos por nós ao longo deste 2020 do que na própria época de lançamento do filme, pois nos causa uma maior reflexão mesmo que o filme não tenha sido eficiente na sua proposta.
Comentar a respeito de John Wick hoje em dia pode parecer fácil e elogia-lo é chover no molhado, por assim dizer. Porém me recordo do dia que estava olhando o catalogo da Netflix e me deparei com o filme "De Volta Ao Jogo", com esta capa apenas do Keanu apontando uma arma, que obviamente me gerou a ideia de: - Filme genérico de ação, mas vou olhar, pois tem o Keanu, que estrela um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, "Caçadores De Emoções" (outro nome fantástico, traduzido de forma brilhante do inglês Point Break... ironia).
Entendo a questão de que o filme intitulado somente pelo nome do personagem no Brasil possa não atrair o publico, porém "De Volta Ao Jogo" ficou horrível e genérico, como eu esperava que o filme fosse. Eis que me deparo com um inicio brutal, pelos fatos que desencadeiam a ação do filme, me despertando assim um maior interesse. Até que surge a primeira cena de ação realmente do filme. Não vou me esquecer a reação que tive ao ver aqueles movimentos muito bem coreografados, coordenados, com uma câmera completamente lucida que me fizeram largar de vez as redes sociais e focar apenas no que acontecia em tela... a sensação/prazer de ver tais movimentos tão plásticos, de forma "seca" e entender perfeitamente o que estava se passando e como ele havia o executado... me brilhou os olhos, e daquele momento em diante, não desgrudei do filme e da série como um todo.
Há tempos não assistia a um filme de ação (realizados recentemente) que me prendesse a atenção de tal forma, que me fizesse ansiar pelas suas continuações. O que também me fez lembrar outro fator que havia se perdido nos últimos anos... como Keanu Reeves é competente. Na minha opinião seus últimos trabalhos haviam sido no mínimo questionáveis, e veja bem, não só por suas atuações decepcionantes, mas principalmente por escolhas errôneas de longas para participar.
Quero destacar a dupla de diretores, mais ainda Chad, que conseguiu dar continuidade a franquia de forma brilhante, mantendo o mesmo estilo de filmagem e coordenação de atores. A fotografia utilizada neste primeiro filme, mostra traços estilizados, porém de forma muito mais tímida do que viriam a ser apresentados em suas continuações, trazendo para o período contemporâneos, elementos que remetam ao movimento cyberpunk (muito representado aqui pelo neon e ainda mais nos outros filmes), aliado a mística mais arcaica da organização de assassinos. Este estilo tanto de fotografia quanto de enredo se complementaram de forma eficiente.
A impressão que o filme entrega, é de que nem mesmo os realizadores esperassem o sucesso do mesmo, e isto não é negativo, trabalhar de um ponto mais realista e focado me agrada. Comento este ponto, visto que a mitologia por trás da estória contada se expande exponencialmente nos próximos capítulos, o que me remeteu a grandes franquias, como Star Wars, onde nem mesmo George Lucas tinha noção do impacto causado por sua obra lançada em meados de 1977, que veio a se tornar um dos maiores universos fantasiosos já criados posteriormente. Veja bem, não estou comparando as duas franquias, apenas um ponto em comum que permeiam ambas as produções.
Enfim, o grande mérito deste primeiro filme, é entender suas "limitações" em termos narrativos, e entregar principalmente o ponto do qual poderiam se destacar, as cenas de ações. Convenhamos que neste primeiro longa, não tínhamos todo o conhecimento acerca do que poderia se tornar o universo do filme, e isto me cativou. O longa manteve seus pés no chão do inicio ao fim, dando margem para uma continuação que fortuitamente aconteceu e hoje já aguardamos de forma ansiosa pelo quarto capitulo.
O filme explora um lado mais cru da realidade da época, onde a depressão do pós-guerra assolava a sociedade, o fanatismo religioso mostrava uma face inescrupulosa, onde a manipulação acontece baseado em uma das fraquezas humanas, e aqui não entenda com demérito, mas sim pela vulnerabilidade que ela gera, a fé.
Particularmente sou propenso a me engajar com mais entusiasmos em filmes que trabalham com o período em questão, além é claro de assuntos mais "brutais" e que ainda são tratados como tabus pela sociedade. E o Diabo De Cada Dia uniu estes dois elementos e entregou uma narrativa com diversas estórias paralelas que anunciam um desfecho trágico. Ao longo de toda a trama você se pergunta, onde tais histórias vão se cruzar e espera pelo pior de tal encontro.
Não temos aqui um elemento novo/inovador narrativo ou técnico, mas sim uma fórmula muito bem executada, tanto pela direção competente do longa, quanto principalmente pelas atuações. E aqui destaco principalmente dois atores, Robert Pattinson como o pastor Roy e Tom Holland como Arvin.
Pattinson a cada trabalho tem se mostrado mais competente, versátil e entregue ao papel que se propôs a desempenhar. Conseguimos perceber claramente o esforço do mesmo para entregar tal atuação e a personificação necessária para cada personagem. Não consigo mais me recordar de tal ator como "aquele vampiro que brilhava", esta é uma imagem que infelizmente o acompanhou por anos, que hoje se mostra que nem de longe fazia jus a seu talento.
Já Holland me surpreendeu, embora eu entenda o potencial apresentado pelo jovem ator, não via ainda nele um trabalho de destaque longe dos blockbusters, e aqui ele o faz com maestria. Me senti representado por ele ao longo do filme, onde se mostrava ser o único personagem que não aceitava a realidade que enfrentava diariamente.
Todos outros atores entregam sim atuações sólidas, mas precisava destacar estes dois mencionados acima.
Entendo a critica por parte de alguns alegando que o filme seja arrastado, e realmente por vezes é, porém isto faz parte da narrativa pelo mesmo contada. Uma cena apressada poderia retirar a imersão proposta por ele, e na minha opinião o ritmo se desenvolveu na medida certa.
Alguns planos ao longo do filme se destacam, e aqui recordo principalmente os que tem como centro o personagem interpretado por Bill Skarsgard. Personagem do qual acredito carregar o maior fardo e justificativa para seus atos, se assim podemos colocar.
Um dos planos que me refiro, mostra o soldado Willard ainda em meio a guerra, encontrando seus compatriotas crucificados. Uma cena pesada, porém tal impressão deve-se muito pela fotografia do filme, com um plano impactante.
Outro ponto do qual vi alguns levantamentos a respeito na internet, seria referente a submissão apresentada pelas mulheres na trama. De forma alguma vejo isso como demérito, mas sim uma retratação do papel injusto representado por elas na época, e de forma alguma demonstrados com desrespeito pelo roteiro
Em resumo, trata-se de um filme com diversas frentes, contando trajetórias individuais que anunciam um desfecho catastrófico, causando inquietude e agonia por parte dos expectadores, que ao final entrega sim algo tão impactante quanto o esperado. Um elenco impecável, dando destaques importantes a cada um dos personagens com suas ações, trejeitos, crenças e pontos de vista de suas realidades (em sua maioria, fora do usual e aceitável). E tais realidades de cada personagem entregam o tom sórdido necessário para a trama, onde o nome do filme por si faz jus, retratando a podridão que assola a realidade das pessoas neste contexto inseridas.
Mostra uma realidade que vai contra o que grande parte dos filmes americanos com tal temática defende. Aqui somos apresentados a soldados muito bem-treinados, que dedicaram suas vidas ao exercito americano e o mesmo não os recompensou, financeiramente e até psicologicamente, da forma adequada. Pelo menos é a sensação trazida pelo longa e que torna plausível todas as ocorrências que iremos presenciar.
Confesso que me vi empolgado em olhar o filme devido ao elenco no mesmo envolvido, mas me senti cativado ao perceber este lado, infelizmente, mais humano por parte dos protagonistas. Aqui temos sim, "super-soldados" porém com falhas de caráter muito marcantes e de certa forma plausíveis, tentando conciliar sua razão aos desejos e necessidades, o que nos traz angustia e incerteza por toda a narrativa.
Entendo que o filme se mostra arrastado em certas cenas, porém me fez imergir mais profundamente e criar empatia pelos personagens. Ao mesmo tempo que ficamos com raiva pela ganancia demonstrada, entendemos os motivos, mas já na cena seguinte voltamos a sentir raiva/desgosto pelos atos. Esta montanha-russa de sentimentos trouxe certa surpresa para a trama da qual não esperava.
Foi um roteiro inteligente, corajoso, sem medo de mostrar a real face dos soldados ali representados, e trazendo momentos extremamente impactantes para o filme.
Temos aqui uma direção muito segura por parte de J. C. Chandor, com sequencia de ações bem conduzidas e principalmente lucidas. Temos total ciência do que esta acontecendo em tela, nada se apresenta de forma confusa, algo infelizmente raro de se ver em filmes de ação hoje em dia.
Reforçando a atuação do elenco, todos seguros de seus papeis, apresentando de forma crível os sentimentos, desejos e conflitos vividos por cada um. Temos ainda uma caracterização mais especifica, um pequeno detalhe a respeito de cada personagem que ao longo do filme vai se apresentando de forma mais relevante.
Embora sei que para muitos o longa possa ter se perdido no seu terço final, foi o que me cativou. Não buscava por um filme em que tudo fosse ocorrer de forma perfeita, ou no mínimo que tudo se encaixasse como o planejado, mas sim uma estória crua, que entregasse algo minimamente realista dentro da proposta. Afinal, são soldados treinados, porém ainda humanos.
O final do filme para mim manteve realmente aquele sentimento misto com relação aos protagonistas, onde por hora agiam de forma humana e em outras deixavam se tomar pela ganância, e que nem mesmo uma tragédia claramente sentida por todos, fez com que colocassem suas necessidades em um segundo plano.
Isto fica claro quando acreditamos que os soldados haviam feito algo realmente altruísta, cedendo o valor que conseguiram trazer aos familiares de Tom (Ben Affleck), somos pego de surpresa ao descobrir que William (Charlie Hunnam), anotou as coordenadas do montante atirado no desfiladeiro, que seria muito superior aparentemente a quantia doada por cada um a família do falecido.
Gostei também da fotografia entregue pelo filme, com cenários inóspitos em boa parte do longa, assim como da trilha sonora, que não chega a se destacar porém é muito competente quando necessária.
Em resumo, temos aqui um filme com uma direção segura, com cenas muito bem elaboradas de ação, um roteiro corajoso, se assim podemos colocar, e atuações consistentes com personagens bem caracterizados.
De certa forma um filme cômico, porém que maquia brilhantemente um tema "pesado" e complicado para quem o enfrenta ou convive diretamente com quem o enfrenta.
Temos aqui um filme prazeroso de ser assistido, com diversos momentos cômicos que nos fazem por certos momentos pensar no filme como "pastelão" ou "sessão da tarde", por assim dizer.
Porém conforme o avanço da estória acontece, percebemos que existem muitos outros elementos compondo-a, e nos sentimos até mesmo a "enganados" ou "ingênuos" quando o filme revela sua verdadeira realidade.
Somos apresentados a personagens cativantes, que logo de cara nos geram um mix de sentimentos, pelo menos de minha parte, a maioria positivos. E este na minha opinião é o ponto que fez o filme se tornar impactante e me fazer refletir por dias (acredito que todo bom filme precise gerar reflexão não somente no momento, mas em diversas ocasiões).
A narrativa aliada a uma direção competente, não te preparam durante o filme para entregar a mensagem do mesmo, e quando isto acontece é que vem o fator "UAU" ( vi esta expressão estes tempos em um programa de reforma de casa com suas sempre "marcantes" dublagens).
Tratar sobre problemas psicológicos influenciados pelos mais variados casos é sempre muito complicado, e desta forma leve e até mesmo lúdica, embarcamos nesta fantasia criada pelo protagonista (quando Johnny Depp realmente atuava), mas ao mesmo tempo vivemos um sentimento de angustia para querer saber a realidade por trás de toda aquela fantasia. O DR. Jack (interpretado magistralmente pelo Marlon Brando) nos representa dentro do filme como a razão, é impossível acreditar que tudo que estamos ouvindo (e no filme, presenciando) seja de fato verdade, mas sempre nos deixa com o sentimento de: "- E se for mesmo verdade".
E esta angustia aliada a curiosidade nos prende a atenção e torna a realidade ainda mais brutal, quando a mesma é revelada.
Em resumo, o filme apresenta atuações muito sólidas e um roteiro de certa forma "pesado" através de uma narrativa em sua maioria lúdica e fantasiosa, o que com que surpreendentemente eu me apegasse ao filme.
Faço uma breve menção a trilha sonora do filme que tem seus momentos de grande destaque!
Com toda certeza Frank Darabont é um dos melhores diretores a trazer as estórias de King para a sétima arte. De forma estranha, e não poderia ser diferente, ele consegue trazer todo o clima sempre proposto por King em seus contos e romances.
Destaco este filme por me remeter a grandes clássicos do escritor, com uma atmosfera tanto tensa quanto esquisita.
O clima de cidade pequena, onde as comunicações e distancias são realmente sentidas e impactantes, dificultando tarefas que possivelmente seriam facilmente solucionadas se ocorressem em grandes centros urbanos e isso é brilhante.
Me agrada o desenvolvimento dos personagens ao longo da narrativa, embora alguns efeitos especiais acabem por nos tirar a imersão por breves momentos. E quando me refiro a efeitos especiais estão mais para "defeitos especiais", muito fracos na minha opinião, mas de forma alguma me tiraram a imersão, "comprei" o drama e a situação vivida.
Escolhas difíceis permeiam o caminho dos personagens, abordando temas persistentes em nossa realidade mesmo inserido em uma situação absurda... sensacional.
O final permite uma das maiores sensações de injustiça (não pelo lado literal da palavra), mas nos mostra como a realidade é crua.
Entendo que não seja um filme direcionado a todos os públicos, principalmente a parcela que aprecia bons efeitos especiais, porém com certeza vale a pena conferir, seja a quem esta sendo introduzido ao universo King, ou como no meu caso, um deleito aos veteranos e fãs do autor.
Aqui temos fortemente elementos de humor negro permeando ao longo de toda a narrativa, nos colocando em duvida referente a sanidade dos personagens e o "quão normais" os mesmos são. E então vem outra reflexão que o próprio filme propõem: "O que é normal dentro do comportamento humano?"
Com uma direção competente acompanhado de uma bela trilha sonora, linda fotografia e um cenário de certa forma pouco comum, que tem sua atmosfera muito bem explorada e representada. Ao mesmo tempo que me fez querer conhecer a Bélgica, local que se passa e da nome ao filme (em seu titulo original obviamente) me fez ficar incomodado com o clima que ela transmite, e isto é genial, um mix que nos deixa em conflito durante todo o filme.
Colin Farrel realmente é um ator muito subestimado na minha opinião, concordo que tem certas decisões um tanto quanto questionáveis ao longo da carreira, porém quando acerta, nos entrega atuações magnificas como neste filme, e uma indicação a premiação em nada me surpreenderia.
Brendam Gleeson também está impecável e entrega a cena mais impactante sem sombra de duvidas ao longo do filme, o que me fez acordar a noite e pensar a respeito (sem exageros). A frieza demonstrada pelos personagens e o clima sórdido do longa me remeteram muito ao estilo artístico do agora já mais comentado e conhecido diretor grego Yorgos Lanthimos, que por sinal cultua muito as atuações de Farrel em seus longas.
Destaco a química entre os personagens, onde temos eles embora muito semelhantes quanto a frieza, completamente o oposto em outros pontos, como por exemplo a importância dada por Ken na busca de conhecimento e cultura que vai totalmente contra a falta de interesse por tudo e todos de Ray, o que gera momentos tensos e ao mesmo tempo engraçados (aquela risada de nervoso).
Importante ressaltar ainda acerca dos personagens, o conflito que Ken vive de tentar ser uma "boa pessoa" mesmo com tudo que já precisou fazer em sua vida, enquanto que Ray já perdeu totalmente sua fé na humanidade, embora também enfrente o medo de uma "punição divina" por seus atos, o que o tira completamente da realidade e sanidade por muitas vezes, e explica em grande parte tais comportamentos e comentários absurdos. Temos uma pessoa completamente destruída pela brutalidade de seus atos.
Entendo perfeitamente que não seja destinado a todos públicos, possui uma narrativa arrastada, um clima estranho, pesado e desconfortável além é claro do humor negro já comentado anteriormente, porém para quem busca um filme imersivo e marcante, tende a atender tais expectativas.
Confesso que o assisti de forma despretensiosa, em uma noite de inverno bebendo um bom vinho. O selecionei sem pensar muito (se não me engano Amazon Prime) o que é raro de acontecer, e de forma impressionante o filme me cativou e me prendeu muito rápido. Compactuo do pensamento que o ambiente ao seu redor ajuda a impulsionar as experiências tanto de forma positiva quanto negativa, o que pode ter acontecido neste caso visto que o filme se enquadrou perfeitamente com o contexto.
A começar pela sua direção de fotografia, trabalho impecável nos fazendo imergir naquela região, o que julgo complicado, visto que em meu caso, vivo em situações opostas a realidade daquela região, e isto conta muito dentro da estória que filme busca contar.
As atuações valem certo destaque, não vemos por aqui nada digno de oscar, na minha opinião, mas como sempre por parte do Willem podemos esperar trabalhos sólidos, com "peso".
A trama possui um ritmo de certa forma lento, mas que fez com que eu me apegasse a situação que cada personagem se encontrava, criou empatia de minha parte e por consequência, carinho com os mesmos.
Existem certos pontos explorados dos quais já vimos, e soam inicialmente até clichês, porém não quebram a evolução da narrativa. Todo o clima por ela proposta me fez "comprar" tal situação.
Porém o que quero destacar realmente no roteiro, é a coragem, o fator surpresa, trazer uma carga emocional ao filme do qual embora entendêssemos o conflito que ali existia, jamais esperaria por tais consequências, justamente por ser um movimento de certa forma ousado.
Entendo não ser um filme para todos os públicos, exige certa paciência por parte de quem o assiste, mas acredito que isso tudo é recompensado com uma experiência sólida e "redonda", "fechada", com margem para reflexão, mas não interpretação.
O filme é uma homenagem clara e em momento algum busca mascarar isto, o que possivelmente é seu ponto mais forte, o longo de toda narrativa inclusive com sua edição. Porém tem muito espaço e o utiliza de forma inteligente para novas abordagens, como a câmera flutuante ao longo da cidade que é magnifica.
Cenas estáticas onde se precisa prender a atenção do espectador apenas pelos diálogos são dificeis, requerem muita sutilidade e habilidade dos atores, mas principalmente de um roteiro muito bem escrito.
Isto me fez refletir sobre a essência do cinema, que é o de contar historias, e aqui o foi feito de forma simples e muito eficaz. Grande prazer ver filmes nestes moldes surgindo e tendo seu reconhecimento no meio de uma industria bilionária onde muito da essência/criatividade se perdeu.
Obviamente existem alguns pontos que devem ser destacados na minha visão cde forma negativa... ao mesmo ponto que sempre aplaudo diálogos longos, que nem sempre caminham para uma condução da narrativa e ideia central do enredo, no inicio deste filme se tornou até mesmo cansativo... dialogo rápido, por vezes interessantes e outras nem tanto. Concordo que serve para humanizar os personagens e nos inserir no roteiro, porém passou um pouco do limite.
Pra fechar, filme muito válido, uma grata surpresa deste ano em minha opinião, intrigante, com uma bela fotografia, enredo central interessante, porém com alguns "furos" (na verdade, situações pouco explicadas, foco no terceiro ato) e certas vezes arrastados, mas que na sequencia já lhe pega pela mão novamente para colocar nos trilhos da estória.
O Recepcionista
2.6 232Confesso ter sido surpreendido pela má-recepção do publico ao filme. Um thriller psicológico de certa forma raso, mas eficiente na proposta principal do cinema, entretenimento.
Um garoto com dificuldades busca através da analise do comportamento das pessoas a inserção a sociedade, mas acaba em seus estudos filmados secretamente registrando um assassinato que o coloca como principal suspeito pela policia.
Vejo como ponto mais positivo do longa as atuações de Tye Sheridan (Bart) e Ana De Armas (Andrea). Tye em particular traz uma performance muito consistente, entregando uma ingenuidade genuína com um tom perceptível de desespero por aceitação, ele apesenta trejeitos ao personagem que ajudam a narrativa, ao passo que Ana representa uma garota misteriosa de comportamento doce porém suspeito, não permitindo que por boa parte do longa entendamos as motivações e intenções de sua personagem, o que é condizente a proposta. Tye em particular, eu havia acompanhado uma única vez pelo que me recordo, no filme Amor Bandido (recomendado), ainda um ator mirim, mas mesmo com a pouca idade destacou-se. Foi muito bom vê-lo novamente em uma atuação madura como esta. O restante do elenco de apoio esta igualmente competente, mas sem grande destaque.
Quero exaltar o ritmo do filme, que encaixou de forma orgânica a mim. Trata-se de uma obra curta, aos padrões, mas que se desenrola de forma competente sem transmitir uma sensação de pressa por parte do roteiro, permitindo que o espectador crie empatia, principalmente por Bart. É louvável quando toma-se a decisão de não esticar uma trama, os realizadores precisam entender o que tem em mãos e adaptar-se as necessidades da obra e não do mercado. Os rumos da história mantiveram-se fiéis a proposta, digo isso visto que poderia facilmente descambar a um suspense policial perdendo qualquer mínimo tom de originalidade.
Toda equipe técnica faz um trabalho competente, nada chega a surpreender, mas entrega o necessário para condução da trama. Um ponto que cabe critica é a fotografia, por exemplo nos momentos em que somos apresentados a imagens gravadas por Bart em preto e branco, onde optaram pela nitidez da imagem aos espectadores, o que tirou a imersão de tais cenas, visto que claramente as mesmas não foram gravadas por um cinegrafista amador, ou no caso, um stalker como Bart, se assim o podemos classificar.
Outra pequena falha que me alertei no filme, foram algumas incoerências de tempo na trama, cito uma muito evidente abaixo:
Já no ato final do filme, quando Bart dispara a arma e somos privados de ver o que realmente acontecera, a mãe dele corre a porta que esta trancada. Logo em seguida vemos a policia chegando a residência para buscar o garoto, porém quando adentram ao ambiente, nos é revelado que ele atirou em um dos monitores e saiu de casa. Então a cena é cortada para Bart no shopping, o problema é que os atos acontecem de forma simultânea visto que novamente somos devolvidos a cena da policia em seu quarto. Como em tão pouco tempo ele se deslocou ao shopping? Ou ainda, como sua mãe não o viu sair de casa? Mesmo que vivendo em uma espécie de porão com saída independente a rua, supõem-se que ele foi ao shopping de carro.
De forma alguma estas incoerências estragam a experiência, que teve um saldo muito positivo. Sou totalmente adepto da máxima que o filme soara diferente a cada um dados as circunstancias em que foi assistido, talvez isto tenha contribuído a minha real surpresa a qualidade do longa.
Enfim, temos um filme consistente, com um roteiro coerente, contando com algumas reviravoltas, nada muito original, exceto o fato de apresentar um personagem principal com deficiência que se mostra capaz de defender-se ao mundo que o cerca, mesmo em situações de claro conflito emocional. Apresentou performances muito consistentes para um elenco apoiado em jovens atores, porém sem grandes brilhos em relação a parte técnica da obra. Uma grata surpresa por parte da Netflix.
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista AgoraUm gênio, um monstro (muito propicio) sagrado do cinema de gênero, mas de forma alguma limitando sua influencia pela arte, ela transcende o escopo do terror. John Carpenter merece todos os reconhecimentos.
Reassistir a tal clássico permitiu entender melhor a genialidade por trás da obra, em tempos tão remotos quanto os de hoje.
Em Halloween acompanhamos a história de Michael Myers que ainda criança assassinara sua irmã dentro de casa em uma noite das bruxas. Internado durante 15 anos, ele foge para retomar seu desejo reprimido por sangue em sua cidade natal.
Começo obviamente admitindo que o filme apresenta subterfúgios narrativos facilitadores para o desenrolar da trama (como decisões estupidas por parte dos personagens, por exemplo), mas mesmo quando isto poderia ser um ponto baixo na obra, acabou por se tornar um manual seguido a risca pelos filmes de gênero nos anos seguintes. Entendendo o período de realização da obra, não vou negar que decisões muito burras me incomodam, mas facilmente podemos nos divertir com elas. Ao assistir ao longa devemos nos inserir no contexto histórico de realização, onde a ingenuidade por parte do publico da época era imensamente superior a de hoje, não comentando isto como demérito, mas somos de certa forma "abençoados" pela facilidade de acesso a informação que a tecnologia nos proporciona (claro que nem todos usufruem de forma produtiva da mesma). Por alguns instantes tente fazer o exercício de se inserir na década de 70 e assistir a um filme onde adolescentes que buscam desesperadamente por sexo casual são mortos de forma brutal. Porém engana-se quem pensa que o filme atingiu todo seu reconhecimento baseado apenas nas polemicas que gerou.
O longa apresenta uma filmagem por muitas vezes na perspectiva de primeira pessoa, ou então em terceira pessoa com a câmera muito próxima dos personagens. Isto traz mais intimismo ao espectador, tornando-o, por que não, quase um cumplice do que esta assistindo. Esta opção técnica casou perfeitamente com a proposta e necessidade do filme que não dispunha de grande verba para realização.
Carpenter se cerca de diversas pessoal tão competentes quanto em sua equipe, mas destaco principalmente Dean Cudey, diretor de fotografia (posteriormente fez outros filmes de grande sucesso como De Volta Para o Futuro e Jurassic Park para citar alguns). O trabalho no geral é muito competente, mas algumas cenas são realmente marcantes, trazendo um charme ao filme... cito duas que gostei muito abaixo como spoiler, porém não acreditando que possa estragar a experiência de quem ainda não viu a obra:
A cena da chegada do Dr. Loomis em uma noite de chuva e escuridão igualmente densas revelam através dos faróis do carro a situação do hospício/manicômio, mostrando todos aqueles prisioneiros em roupas brancas caminhando de forma desorientada pelo campo escuro.
A outra em especifico já é muito clássica. Myers olhando Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) pela janela em meio aos lençóis pendurados no varal com o vento batendo nos mesmos. Criou uma composição de cena assustadoramente marcante.
Por parte do elenco temos atuações competentes, com Jamie Lee Curtis como a final girl, e Donald Pleasence (Dr. Loomis) que traz a maior carga de conhecimento acerca da ameaça e consequentemente apresenta os diálogos mais expositivos do filme. Porém gostaria de destacar Nancy Kyes (Annie) que faz um trabalho muito convincente dentro da proposta de sua personagem. Fica aqui um ponto a se refletir... como os adolescentes da época não tinham o maior pudor ou respeito, indiferente do local, o importante era transar.
A trilha sonora composta por Carpenter é uma obra de arte, caberia tranquilamente uma análise individual da mesma, mas me contentarei apenas com um breve paragrafo, classificando-a como genial, um hino ao cinema de gênero.
A presença de Myers na narrativa é constante e não poderia ser diferente, mas é feita de forma eficiente. Ele é corpulento, sem qualquer tipo de emoção aparente, perfeitamente amedrontador. Gosto de como por grande parte do filme apenas é criado tensão, quase que como "cozinhando os espectadores em águas mornas", até que estejam distraídos o suficiente para serem surpreendidos.
Enfim, temos aqui uma obra prima que deve ser respeitada não somente por sua evidente influencia ao longo dos anos, mas também por sua tecnicidade apresentada. É incrível como os elementos técnicos exaltados anteriormente se destacam individualmente, mas ao mesmo tempo conversam entre si em perfeita harmonia. Claro que para os mais novos, principalmente acostumados a nova vertente de terror (no formato James Wan), possa não agradar, mas precisam entender e respeitar sua importância.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraEsse filme me trouxe muitas sensações distintas ao longa da jornada, um misto entre pontos interessantes e péssimas decisões de roteiro, mas que com certeza tende a gerar opiniões interessantes a serem debatidas.
Começarei com uma breve sinopse, passando pelos pontos positivos, caminhando pelo terreno negativo, culminando em um balanço geral. Vou tentar estruturar a analise de tal forma que traga organização e uma linha de pensamento coerente, algo que o roteiro do filme poderia ter tentado.
Acompanhamos Marla (Rosamund Pike) uma empresaria bem-sucedida ou caminhando para tal sucesso a passos largos e escrúpulo com certeza não é uma palavra presente no vocabulário da personagem para atingir seus objetivos. Ela coordena uma empresa de curatela de idosos, até que sua grande oportunidade surge, mas ela não sabe exatamente com quem esta se metendo.
De longe os pontos mais positivos do longa são suas partes técnicas (fotografia, montagem e trilha sonora) que contribuem em grande parte para minha avaliação acima da média ao filme, afinal estamos falando de arte, tais aspectos são cruciais ao cinema. A fotografia saturada permeia grande parte da narrativa, com cores muito vibrantes de inicio, que dão lugar a tons mais pasteis com o desenrolar dos eventos, que sim conversa muito bem com a narrativa. A trilha sonora me remeteu a um misto entre o eletrônico contemporâneo e os anos 80, me recordando de imediato a um filme que sou grande fã (Corrente Do Mal)... de forma alguma comparo ambas as obras, porém os estilos se assemelham. Já a montagem por sua vez é dinâmica, ágil com grandes contrastes, mostrando a derrocada de alguns personagens e a ascensão de outros simultaneamente, muito eficiente.
As atuações, convincentes... Rosamund Pike é o maior destaque, é impressionante a antipatia que as personagens normalmente interpretadas por ela trazem ao expectador, é algo quase instantâneo... isto é sinal de que seu trabalho foi bem feito. Peter Dinklage que seria o outro astro de maior destaque no elenco, entrega uma performance ok, nada memorável ou digno de grande destaque, um personagem bem caricato. O restante do elenco cumpre o papel designado, nada relevante.
Entramos agora em alguns dos pontos que mais me incomodaram, começando pelo desenvolvimento dos personagens para não perdermos o foco do ultimo item mencionado. Com o desenrolar da trama descambam quase que para um freakshow, pouquíssimo convincentes, não por causa dos atores, mas sim pelos arcos de história, nada críveis para uma trama que se apresentava como "pé no chão" de inicio.
O grande problema do longa esta sem duvidas roteiro, que utiliza de resoluções fáceis de problemas supostamente complicados, como ele mesmo sugeriu, para trazer uma enormidade de reviravoltas totalmente sem nexo, fugindo e muito de qualquer proximidade da realidade. Veja bem, não seria um problema enorme a fuga da realidade se fosse estabelecido isto ou pelo menos sugerido ao longo do primeiro terço de filme, mas a virada acontece de forma muito brusca. Vou comentar uma passagem do filme em spoiler abaixo, onde realmente o longa me perdeu:
A médica que falsificou o diagnostico da mãe de Roman (Peter Dinklage) é assassinada a mando do próprio como punição, o que reforça realmente a ameaça que tal personagem representa. Porém quando o mesmo sequestra Marla e se vê de frente a ela tomando a decisão de mata-la, tudo é feito de forma muito amadora, sem contar obviamente a conveniência de a personagem acordar logo antes de todo o plano ser completado. Isto acabou com qualquer credibilidade do personagem que vinha sendo construído até então. Não torne seus personagens burros para proporcionar "grandes viradas" de roteiro, faça isso de forma inteligente.
O final do filme caminha para uma mensagem perigosa (acredito que realmente a transmitiu), mas que em seus últimos momentos corrige parcialmente o curso, apresentando mais um ponto de grande virada na trama, que felizmente, foi a única que funcionou, ainda assim em partes somente.
Enfim, temos um obra muito competente em aspectos técnicos, porém com um roteiro completamente bagunçado, personagens com arcos de desenvolvimento nenhum pouco convincentes, pontos de viradas mirabolantes que causam enorme frustração e uma mensagem perigosa ("corrigida" em partes). Uma obra totalmente esquecível, a não ser pelas propostas artísticas contidas no mesmo.
Cemitério Maldito
3.7 1,1K Assista AgoraO longa filmado em meados dos anos 80 e lançado precisamente em 1989 reconta a história do brilhante romance, O Cemitério de Stephen King e aqui falo em recontar, mas de uma forma bem fiel, apenas com algumas alterações pontuais das quais acredito ter captado seus motivos.
Particularmente quando assisto a uma adaptação, seja ela de um livro, quadrinhos ou jogo de videogame por exemplo, busco sim um grau de fidelidade elevado ao material original, afinal, se eu busquei assistir também ao filme já sabendo da história é porque a mesma me agradou de alguma forma. Entendo perfeitamente que algumas pequenas mudanças se fazem necessárias por vezes, porém sou contra alterações drásticas. Este para mim é um dos pontos mais elevados deste filme, trata com respeito o romance.
Acompanhamos a mudança de uma família de Chicago para o interior do Maine, onde o pai, Louis Creed conseguiu um novo emprego como médico da faculdade local. A nova casa encontra-se numa localização no mínimo curiosa... em uma extremidade temos uma perigosa rodovia, ao outro lado adentrando aos bosques temos um "Simitério de Bichos" e terras sem donos, por assim dizer. A vida desta família vira de cabeças para baixo quando uma terrível tragédia os assola, e acompanhamos por inteiro tal processo de degradação.
Confesso que alguns efeitos práticos do filme realmente ficaram datados, e já deveriam ser considerados duvidosos na época de lançamento... estamos falando do final dos anos 80, uma década antes já haviam sido lançados o Massacre Da Serra Elétrica e Halloween para citar alguns exemplos. As interpretações surpreendentemente me agradaram, acredito que não por mérito somente dos atores, mas pelo meu apego aos personagens. Temos algumas passagens bem canastronas, principalmente protagonizadas por Dale Midkiff (Louis Creed), mas nada que chegue a realmente incomodar, da pra se dizer que traz até um charme da época, ou seria muito saudosismo de minha parte? A atuação de Fred Gwynne (Jud Crandall) é a de maior destaque, tem um sotaque carregado, e bate com as características corpulentas descritas no romance original... não chega a ser nada impressionante, mas fui bem critico com o mesmo visto que trata-se de meu personagem favorito dentro da história, caso não me agradasse contaria como grande ponto negativo a adaptação.
A narrativa se desenrola de forma muito ágil, com mudanças de cenas bruscas... em um momento estamos vendo um acontecimento chocante que em rápidos segundos é substituído por uma cena alegre, por exemplo, mas nos acostumamos ao ritmo proposto... não chega a ser algo que desgaste a narrativa, mas causa sim certa estranheza.
A recriação de cenário é muito interessante e competente, me senti imerso na pequena cidade, é um dos pontos de maior destaque do longa. Uma cena em especifico que gostaria de destacar é a aparição de Stephen King ao melhor estilo Stan Lee para os mais novos (para quem tem curiosidade e não tenha captado no momento, ele é o padre).
Algumas mudanças de roteiro são impactantes, mas como disse no inicio desta analise, acredito que tenha captado os motivos das mudanças e descrevo abaixo para os que tiverem interesse:
1- Em momento algum é mencionado e muito menos mostrado o Wendigo. Crença da qual permeia a trama do romance, funcionando como explicação aos acontecimentos da trama. Acredito que a escolha tenha sido pelo fato de não conseguir retratar com eficiência (dado o período de realização da obra) uma das passagens mais assustadoras do livro onde tal criatura se apresenta, não de forma totalmente reveladora, mas como uma descrição do desconhecido. Como critica a este ponto, acredito que acertaram em não tentar mostrar a criatura, mas poderiam ter mantido a mística com diálogos bem construídos entre Jud e Louis.
2 - A ausência da personagem Norma, esposa de Jud. que nem ao menos é citada no filme. Meu palpite é de que a sequencia final da historia traz passagens muito pesadas de supostas revelações do passado da personagem, que são proferidas por Gage, a criança. Com certeza tal linguajar não poderia ser reproduzido pelo ator mirim.
3 - Esta realmente me incomodo: a morte de Rachel pelas mãos de seu filho Gage, que no romance não são narradas detalhadamente, mas fica subentendido que foi com o mesmo bisturi que matou Jud. Já no longa optaram por ela aparecer de repente em cena enforcada apenas como jumpscare barato... ficou ridículo... como uma criança de dois ano enforcaria uma mulher adulta no sótão da residência?
Enfim, temos sim um bom filme dos anos 80 que representa de forma muito satisfatória, mas principalmente respeitosa este grande clássico da literatura de horror. A recordação bate forte e me fez lembrar de grandes pérolas dos filmes trash. Uma direção regular, com fotografia e composição de cenários muito competentes e um ritmo ágil. As atuações tem um tom até brega, mas que funcionaram na minha opinião. Devemos entender a época de realização do longa que algumas decisões tanto de roteiro quanto de cena farão mais sentido. Uma obra que deve ser mais respeitada no cenário de horror, e uma das melhores adaptações do mestre King.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraOuvi a poucos dias atrás, confesso que não me recordo aonde (caso contrario daria os créditos), uma frase que voltou a minha memória ao assistir este filme: "Del Toro é o nerd mais bem-sucedido!"
A grande maioria dos projetos, não somente no cinema, mas em várias áreas, que tem a participação de Del Toro são acima da média. Em Circulo de Fogo afirmo, é mais um acerto do artista.
No longa acompanhamos um planeta Terra que vem sendo atacado diversas vezes por kaijus (do japonês, Besta Estranha) que emergem de uma fenda no oceano. Os ataques se mostram cada vez mais constantes o que faz com que os humanos ajam frente a tal situação e dá-se inicio o projeto Jagger, grandes robôs comandados pelos chamados pilotos para combaterem tais monstros colossais. O filme tem inicio quando até mesmo o projeto Jagger foi descontinuado e a humanidade tentará uma ultima cartada para resistir a extinção.
O roteiro bebe diretamente na fonte de grandes clássicos como Ultraman e Power Ranger (para os mais novos), para não mencionar os mais óbvios Godzilla e King Kong e veja bem, para muitas pessoas mais novas tais comparações podem soar como demérito, mas de forma alguma... esta formula é adaptada e melhorada neste filme.
Del Toro começa se cercando de um elenco gabaritado, como Charlie Hunnam (que retorna em mais uma obra do diretor) no protagonismo muito carismático como em grande parte de suas atuações, aliado a personagens secundários muito bem desenvolvidos como Idris Elba, Charlie Day, Rinko Kikuchi e o sempre formidável Ron Pearlman (Hannibal Chau, que infelizmente aparece pouco em tela, mas é o suficiente). Adianto e resumo, todas atuações foram competentes, nada ficou deslocado ou forçado, tudo encaixou com a proposta do roteiro.
Acompanhamos a clássica jornada do herói, começando por sua derrocada até sua ascensão e por que não, redenção. Tal estrutura básica não é nenhuma novidade, muito pelo contrario, já foi explorada a exaustão, mas quando bem conduzida, como neste caso, é extremamente satisfatória. Gosto dos destaques dados aos personagens secundários que ajudam a dar continuidade na resolução do problema, trazendo mais valia aos mesmos.
Nas mãos de outra equipe, cair em clichês seria esperado diante da proposta e embora eles (os temidos clichês) estejam lá presentes, não são enfadonhos, bregas ou cafonas... claro que os efeitos visuais lindíssimos ajudam a tornar tal experiência muito agradável. Aproveito para comentar outros dois pontos técnicos de grande destaque, a fotografia (muito competente, com lindas composições de cena) e a condução da câmera que ao longo dos takes de ação se mostra muito consciente, de fácil entendimento e acompanhamento. Os efeitos sonoros dão o complemento necessário para encaixar este pacote audiovisual eficiente.
Confesso que o final em partes foi anticlimático a mim, porém entendo que meu gosto é mais particular a finais e acredito que a decisão tomada pela equipe vá mais agradar aos espectadores do que desagradar.
Enfim, temos aqui uma grande homenagem ao cinema japonês, coberto de clichês, mas que funcionam de forma muito harmônica ao roteiro. A experiência audiovisual é marcante, ponto alto do filme:
ver um robô enorme batendo em um monstro igualmente enorme com um navio, é no mínimo interessante
Conta ainda com excelentes atuações que conduzem a trama simples e previsível de forma fluida. Del Toro é de fato o nerd de maior sucesso!
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraO filme traz consigo uma tarefa muito indigesta de recontar mais uma vez a história clássica de King Kong. A linha entre o satisfatório e a perda da essência é muito tênue, ainda mais se levarmos em consideração a evolução, ou involução (fica em aberto a ser debatido) acerca das questões sociais entre hoje e quando a obra foi originalmente idealizada.
Em partes afirmo sim que o filme perdeu (ou talvez nem tenha buscado) fidelidade, porém isto é de todo o ruim? De forma alguma, por vezes uma releitura vem em boa hora.
Temos aqui um núcleo de personagens militarizados com fortes convicções, como já cansamos de ver em outros filmes que exaltam soldados americanos. Porém então que fui pego de forma inesperada pelo desempenho do papel dos mesmos frente o desenrolar da trama. O filme traça um paralelo bem claro, por que não uma releitura, da guerra do Vietnam, e isto é bem explicito, visto que a trama se passa no mesmo período histórico do conflito real. Samuel L. Jackson esta muito bem em seu papel, confortável e seguro como de costume, apresentando camadas e um arco de evolução interessante e veja que a missão para ele era complicada, fugir de diversos clichês de personagens com premissas parecidas, para não dizer idênticas, vistos em tantas outras obras. Rodeado de diversos outros personagens totalmente esquecíveis, inclusive os protagonistas (Tom Hiddleston e Brie Larson), vão a Ilha da Caveira em uma missão cientifica/militar para mapear a região até então inexplorada. Destaco com louvor a participação de John C. Reilly, como o ermitão da ilha, que é um sopro de ar fresco dentro do roteiro... rouba a cena.
O filme é sim em sua maioria conduzido por clichês, o que normalmente me incomodaria... explosões, câmeras-lentas, efeitos em CGI (o pacote completo)... tudo que o publico mais casual pede nos filmes, mas de forma surpreendente, funcionou desta vez para mim.
Atribuo isto a fotografia extremamente saturada que me prendeu ao longo de todo o percurso. Algo no estilo artístico me deixou intrigado, remetendo a longas renomados que retratam o mesmo período histórico. Alguns takes e posicionamentos de câmera também são bem eficientes para conduzir a narrativa. Em termos artísticos outro fator que me agradou foram as fotografias tiradas pela personagem de Brie Larson que são mostradas em tela logo na sequencia do fato, nada que mudará o filme de patamar, mas funcionou a mim como apreciador desta arte.
Na reta final confesso que meu interesse foi reduzindo, mais e mais clichês foram jogados em tela, até culminar em um final que realmente não me agradou, mas confesso que foi eficiente dentro da proposta deste "monstroverse", visto que todos estão ansiosos pelo longa deste ano, Godzilla Vs Kong.
É um longa agradável, nada memorável, longe de suas raízes e até mesmo do remake de 2005 conduzido magistralmente por Peter Jackson, mas é uma releitura competente para dar seguimento no que os produtores estão buscando. Filme para se assistir de forma descompromissada, sem grandes expectativas em termos de narrativa onde sem sombra de duvidas se destaca pela experiência visual que fornece.
Na Hora da Zona Morta
3.6 323 Assista AgoraO filme dirigido por David Cronenberg faz jus a fama do diretor de ser um dos melhores adaptadores das obras do mestre do horror, King (conveniente, não?).
O longa lançado em 1983 adapta um dos primeiros romances de Stephen King, o que muitos julgam ser a primeira e melhor fase do autor. Vou me abster em comparações entre filme e livro visto que ainda não tive o prazer e oportunidade de lê-lo, mas um fato afirmo: Tal adaptação ao cinema somente aumentou minha vontade e curiosidade pela obra literária.
Acompanhamos Johnny Smith, interpretado de forma eficiente por Christopher Walken, que sofre um acidente de carro que o deixa em coma por cinco anos. Ao acordar, percebe que sua vida prévia já não existe mais, sem emprego e principalmente sem a até então futura esposa ele se depara que um novo dom (ou maldição?) de prever o futuro das pessoas com quem tem contato físico. Aqui cabe um parêntese quanto a atuação do ator principal, que pelos primeiros trinta minutos aproximadamente "torci o nariz" entendendo a mesma como robótica até então, porém ela cresce com o avanço da trama o que me fez perceber que não se tratava de uma falha do ator, mas sim fruto da própria trama, onde King quase sempre busca pelo seguinte: Pessoas comuns em situações totalmente incomuns. Além é claro do próprio período de realização do longa, onde tínhamos outras características referente a atuação.
Em termos de elenco, o ponto alto com certeza fica por conta de Martin Sheen, que entrega um personagem palpável em todas suas esferas, e traz uma realidade que infelizmente no Brasil em especial conhecemos muito bem... quem assistir ao longa na hora entenderá tal paralelo.
A direção se mostra hábil de grande estilo por diversos momentos, apresentando tons melancólicos com eficiência, mas nunca deixando o espectador esquecer que esta diante de uma obra adaptada de King, ou seja, o clima de estranheza e imprevisibilidade permeia a obra. A fotografia e composição de cenários são também pontos a serem destacados com louvor, passando de forma correta e eficiente o clima de cidade pequena, não o impondo mas inserindo de forma orgânica ao publico, quando percebemos fazemos parte de tal realidade.
A trama muito bem roteirizada não lhe entrega por boa parte do longa o rumo daquela história, entendemos perfeitamente o que esta se passando, porém para onde vamos? Este na minha opinião foi a característica mais marcante do filme, que lhe guia por caminhos inimagináveis até seu desfecho, fazendo com que nos importemos com os personagens que ali acompanhamos, algo que é crescente conforme o filme evolui. Exemplo, eu mesmo mais cedo nesta analise comentei que a atuação de Christopher Walken me incomodou no inicio, mas ao fim do longa já torcia para o mesmo de forma fervorosa.
Não espere aqui por mocinhos característicos, temos como o mestre gosta de pessoas comuns, que pesam de acordo com suas necessidades as atitudes que serão tomadas, nem sempre elas sendo a mais correta em termos de moralidade.
Quando a trama engrena e lhe mostra onde gostaria de chegar, ainda sim o final lhe surpreende de forma bruta. Um encerramento corajoso, satisfatórios, reconfortante, mas principalmente cru.
Um filme atemporal, vi ali naquele longa de 1983 baseado em uma historia escrita ainda antes, muitos temas infelizmente atuais. Nos questionamos como agiríamos no lugar do protagonista diante do poder que o mesmo de forma inesperada adquiriu. Seriamos realmente íntegros nas decisões que permeariam nosso futuro? Nos limitaríamos a tomar atitudes que afetassem a nós mesmos ou feriríamos os princípios de livre arbítrio de terceiros? Tais questionamentos são ainda recorrentes (onde o egoísmo toma conta da sociedade), talvez ate mais válidos do que na época de idealização da obra. Belíssimo filme!
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraA obsessão humana em buscar respostas para sua própria existência, afeta pessoas de forma muitas vezes incompreensível, onde sua própria vida é posta abaixo de tal descoberta. A busca pelo renome por vezes se mostrou essencial para a evolução da sociedade moderna, porém em diversos outros momentos se mostra totalmente superficial, e esta linha é muito tênue.
No filme acompanhamos Percy, interpretado magistralmente por Charlie Hunnam, um militar/explorador europeu designado a uma missão de mapear a região até então inexplorada da Amazônia boliviana, sob o pretexto de limpar o nome de sua família perante a sociedade. Acompanhado de Costin (Robert Pattinson) que já comentei em outros posts o apreço por tal ator, que sem duvida será, caso ainda não seja, um dos grandes nomes da indústria.
O senso de perigo proposto pelo filme é palpável em muitas das cenas dos personagens no território hostil, auxiliado por certos pontos muito sutis, na minha visão, e possivelmente mal explorados na visão de outros (exemplo a doença presente no local), dão o tom desta primeira jornada. Não prosseguirei muito afundo nos ocorridos do filme evitando spoilers, mas segue por rumos do qual não esperava, com diversas voltas muito interessantes a mim que não li o livro original. Durante o próprio período em terras europeias, não consegui sentir a segurança necessária de viver entre pessoas "civilizadas", a sensação de traição paira no ar durante todo o longa.
A retratação de época me manteve imerso, temos um período onde a vida humana em partes era muito pomposa e para os demais, totalmente descartável. Passamos pelo pré e pós Primeira Guerra, notando as alterações que tal acontecimento infligiu nas personalidades e objetivos de cada personagem.
A fotografia do filme é belíssima, vide o tom quase que artístico (uma pintura mesmo) das breves cenas durante os campos de batalha da Primeira Guerra, além das cenas de maior destaque dentro dos territórios nativos na Bolívia. A direção entrega um trabalho competente. Algo que me causou estranheza, porém de forma positiva, foi a clarividência do ocorrido em tela, sem momentos de muita escuridão e subjetividade dos ocorridos.
Ao decorrer da trama ainda temos espaços para reviravoltas, nada surpreendente, porém eficiente por parte de alguns personagens secundários. A inserção de Tom Holland ao filme, excelente e consistente como sempre, agrega substancialmente. Um grande destaque que faço é o final do filme, na minha visão a escolha por parte do roteiro de encerrar o longa com um final claro (embora pareça de certa forma interpretativo) que vem precedido de um conforto, deu o tom certo ao que acompanhei em tela por mais de duas horas e meia.
Enfim, um filme consistente, levantando questões acerca do quão valiosa a descoberta de nossas origens ou a simples, porém nem tanto, ambição de marcar o nome na história podem ditar os rumos de um núcleo social. Atuações que entregam resultados muito satisfatórios, além de uma bela fotografia aliado a um final que atendeu e superou minhas expectativas com pesar e conforto em um mesmo nível de intensidade, recomendo a todos.
Bronx
3.0 51Em tempos não via um filme de tal trama, de certa forma genérica, que me empolgasse como este em questão.
Bronx traz uma historia "complexa" (explico mais a frente as aspas), em partes, ambientada na realidade francesa, mas porque não global, visto que diversos filmes de origens totalmente diferentes a abordam. Trama policial repleta de corrupção, reviravoltas e em grande parte a sensação de impunidade.
Aqui acompanhamos um esquadrão anti-guanges da policia de Marselha, com diversos estereótipos, cada um com seu próprio segredo e fardo a ser explorado. O longa começa de forma chocante, o que mais a frente comento também como sendo o ponto de maior desafeto de minha parte com a trama. Um acontecimento brutal será explorado no filme que retoma 3 semanas antes do ocorrido para explica-lo. Tal artificio narrativo já foi utilizado nos mais diversos gêneros possíveis, e na minha visão é muito eficiente. Saber como teremos o desfecho de determinado personagem, faz refletir de forma desconfortável a todo o momento que o mesmo aparece em cena.
Personagens sólidos e carismáticos conduzem a trama com eficiência... embora sim, admito que por utilizar de muitos nomes incomuns a nós, acaba confundindo a quem se referem em determinados diálogos (muitos nomes jogados em cena, sem grande explanações). De inicio, a cada nome comentado, normalmente uma foto do mesmo é apresentada, porém por termos muitos sub-personagens, se assim podemos colocar, acaba por confundir o espectador, o que acredito ser o ponto que traz realmente mais "complexidade" a trama. Acostumado a acompanhar enredos semelhantes, no detalhe, temos até mesmo uma trama simples, mas que por tantos envolvidos acaba por gerar determinada confusão, o que gera a tal complexidade "falsa".
Destaco os atores que fizeram um trabalho sólido. Entendo que em grande maioria, nada extraordinário, mas muito competentes... principalmente Lannick Gautry (Richard), Stanislas Merhar (Kapellian), Patrick Catalifo (Georges) e claro Jean Reno (Leonetti) o mais renomado de todos. A direção é segura e mostra ângulos claros para as cenas de maior impacto, me agradou muito. O movimento New French Extremity se faz presente, e encaixa de forma necessária a trama... efeitos realmente muito bem executados. Temos sim cenas bem impactantes ao longo do filme.
Com relação ao enredo, o que mais me incomodou segue em destaque abaixo como spoiler:
Os assassinatos cometidos por Kapellian a sua família e o suicídio em sequencia, causam pouco, para não dizer nenhum, impacto nos demais personagens da trama. Vemos por diversas vezes seus companheiros o auxiliando a lidar com seus demônios, demonstrando empatia ao mesmo, porém tal brutalidade em nada os afeta posteriormente.
Tivemos uma ocorrência muito grave, a uma família muito próxima dos personagens e isto mal é comentado/refletido, a não ser por um repórter já na reta final do filme, totalmente irrelevante. Acredito que tal reação, ou a falta da mesma, por parte dos personagens tomou maiores proporções justamente pelo inicio do longa, que sugere aquele ato como algo central a narrativa, anunciando uma tragédia que seria "justificada" ao longo do filme e que traria consequências avassaladoras. No final, acabou sendo completamente deixada de lado. Havia muita carga emocional a ser explorada, uma pena.
Enfim, temos sim um filme genérico em sua grande maioria, chocante e bem conduzido. Destaco principalmente decisões corajosas de roteiro, como de inicio já somos apresentados, culminando em um final totalmente inesperado. Cabe alguns pontos de reflexão sobre o mesmo, mas na minha opinião funcionou e me marcou. Grata surpresa!
Os Infiltrados
4.2 1,7K Assista AgoraTemos aqui Scorsese, em uma versão segura, porém não sua melhor, mas de forma alguma isto é demérito.
Infiltrados traz novamente a temática de máfia ao cinema, focado em personagens como o próprio nome já indica, infiltrados, e não somente o policial em meio a organização criminosa como de costume, mas também o inverso, onde acompanhamos o processo de infiltração do criminoso dentro da policia, algo trabalhado desde muito cedo. Este conflito nos deixa angustiados ao longo de toda a obra, com a sensação de tragédia inevitável, que carrega na sua integridade a trama adiante.
Como se era esperado, trata-se de um filme de ritmo lento por certas vezes, com exceção do final que realmente descamba trazendo cenas de tirar o folego. Personagens criveis, aprofundados na medida certa, o suficiente para explanar as decisões tomadas pelos mesmos ao longa da trama. Algumas caracterizações soam por vezes como genéricas (Mark Whalberg), mas no decorrer da história, impossível não se sentir representado pelo mesmo. Veja bem, não coloco aqui o genérico como um problema de roteiro ou da atuação, mas sim como um ponto proposital que nos revela posteriormente ser necessário.
A fotografia apresentada é competente, aqui realizada por Michael Ballhaus, porém confesso que não me chamou a atenção como em outros filmes de Scorsese, visto o mais recente O Irlandês, de temática semelhante.
Trilha sonora destaco como ponto positivo, presente em momentos certos, ditando o ritmo de grandes cenas, referindo-me a parte musical. Já em efeitos técnicos de som, também não deixa de se mostrar muito eficiente.
O elenco muito bem dirigido, entrega belas atuações, como a de DiCaprio, que sinceramente, é "chover no molhado" falar de grandes trabalhos do mesmo. Meu ponto de destaque fica por conta de Vera Farmiga (Madolyn), que sim já se mostrou muito competente diversas vezes, mas se destaca neste papel em questão. Jack Nicholson faz um arco de vilão muito coerente, com seus trejeitos clássicos/nostálgicos, que o torna quase impossível de ser odiado. Já Matt Damon vejo da forma contrária, facilmente odiado, o que sim, é um ponto muito positivo a um "antagonista". Menção honrosa a Martin Sheen, eficientemente competente, entregando um potencial acima do que o personagem poderia apresentar.
Mais um trabalho muito digno por parte deste cineasta incrível. Com certeza não é o filme de maior destaque do mesmo e nem o mais aclamado, mas muito competente. Temos uma trama ainda que densa, descomplicada ao publico, aprofundada na medida certa e com pontos chave de grande surpresa, o que ao meu ver que pode agradar as mais variadas audiências. Porém a trama da forma como é apresentada, faz com que seja quase impossível não compara-la aos seus pares de mercado (outras obras de mesma temática), que então acabam por retirar parte do brilho da obra.
Olhos Famintos
3.1 1,0K Assista AgoraUm clássico... obviamente comento isto com ressalva a mente por trás da série e toda sua vida pessoal polemica e incrédula, porém quero aqui mais do que nunca, separar a obra de seu criador.
Logo no inicio da trama somos apresentados aos dois protagonistas, irmãos, viajando de carro de volta da faculdade para passarem as férias em casa. Somos introduzidos em uma brincadeira dos mesmos, o que de cara faz com que sejamos inseridos dentro daquele relacionamento e de forma muito surpreendente, gera empatia quase que instantaneamente.
Temos aqui um road movie na essência, e na minha opinião, o melhor deste subgênero. Uma trama de certa forma simples, porém tensa, e construída de forma intrigante e inteligente, onde por grande parte do longa, o mistério nos assola, não somente do que se trata a criatura (sua estória e o que busca), mas o próprio ser em si, suas feições. Ao melhor estilo clássico de filmes com baixo orçamento, onde a subjetividade fala mais alto durante grande parte da trama, isto nos prende do inicio ao final, ansiando por descobrir o que realmente estamos acompanhando e de certa forma, enfrentando, junto dos protagonistas.
A localização do filme, passando por cidades quase que esquecidas no tempo, onde diversas lendas são passadas de geração, trazem ao longa um toque peculiar, necessário e competente para imersão. Por mais absurda que muitas das situações apresentadas sejam, nos vemos tão envolvidos que acabam sendo "críveis".
Todos estes elogios se estende por 2/3 do longa, onde realmente no ato final, acaba por perder parte da imersão justamente por ir de certa forma, contra a subjetividade, onde a criatura é apresentada explicitamente. Entendo que muitas das pessoas querem ver tais cenas e entender por completo, porém como comentei em alguns outros filmes, o medo do desconhecido é muito mais palpável. A partir do momento que vemos aquele "demônio alado", parte daquele cenário crível se perde. Veja bem, de forma alguma isto desmerece a obra, todo o restante é satisfatório ao extremo.
O elenco, ou aqui, basicamente os protagonistas Justin Long e Gina Phillips carregam o filme tranquilamente, e não somente por competência dos mesmos, mas também por um roteiro muito bem escrito. Salvo algumas exceções, não vemos decisões estupidas sendo tomadas apenas pela continuidade da trama, e mesmo as que possam parecer impensadas, podem ser balanceadas por sentimentos altruístas.
A direção, é segura e muito competente, com planos que nos deixam desorientados e ao mesmos tempo compreendendo a ameaça apresentada, algo que é muito difícil de ser realizado, visto o tema surrealista apresentado pelo filme.
Outro ponto que julgo muito necessário ser destacado é a trilha sonora. Extremamente competente e aliada ao longa de forma inteligente e não apenas como pano de fundo. A mesma gera uma das frases/letras mais marcantes na minha opinião nos filmes do gênero:
"Jeepers creepers where did you get those peppers
Jeepers creepers where did you get those eyes..."
Sendo muito sincero e me baseando em grande parte nas continuações da série, toda vez que assisto a este filme vejo o mesmo como um acidente de percurso, onde a ideia do diretor não conseguiu ser expressa da forma esperada, porém que gerou um resultado muito acima do que poderia ter sido. Sem sombras de duvida é um dos meus filmes favoritos do gênero de terror, uma pena realmente os rumos dos demais capítulos.
Ava
2.6 291 Assista AgoraAs vezes me pego perguntando mentalmente durante alguns longas: "o quão influentes são ou poderiam ser os componentes do elenco (renomados) no roteiro da obra que escolheram participar?". E a cada decisão tomada neste filme esta pergunta voltava a minha cabeça.
Temos aqui atores que já se provaram muito competentes ao longo de suas carreiras, mas que não conseguem salvar uma mistura de influencias que a cada cena avançada se tornam mais incoerente e sem inspiração.
Ava (Jessica Chastain) é uma assassina treinada, que acaba colocando seu trabalho em conflito com algumas questões morais e por conta disto acaba por se tornar alvo de sua própria organização. Essa premissa é muito básica, genérica e sem graça, mas que já vimos ser muito bem exploradas nos cinemas, com filmes de grande impacto, como o que me pareceu ser a maior influencia para o longa em questão, John Wick. A protagonista e titulo do filme, é uma mistura do próprio personagem interpretado por Keanu Reeves, Agente 47 (Hitman), James Bond e Penny Lane (Quase Famosos).
Acredite, eu consegui enxergar a personagem interpretada magistralmente por Kate Hudson em Quase Famosos, no que tange rebeldia adolescente, porém nessa versão assassina complexada.
Embora as cenas de ação não sejam de encher os olhos, vemos uma coreografia aceitável por parte do elenco, porém com sucessivos cortes que acabam por confundir os movimentos executados, mas de longe não é o maior problema deste filme.
Um drama familiar raso permeia a trama, quase uma "novela mexicana". Não vou me aprofundar em detalhes, mas todas as cenas que envolviam a família da protagonista me causavam desconforto, de tão insignificantes que seus problemas nos foram transmitidos. Não temos química e nem mesmo diálogos inteligentes, tudo é forçado para que mostrem ao expectador que tal núcleo enfrenta problemas de relacionamento.
Outro ponto de grande incomodo na minha opinião foi a exposição excessiva da relação da protagonista com as bebidas alcoólicas. A tentação se mostra presente a todo momento, e vemos a mesma flertando com diversas bebidas ao longo de toda a trama, o que faz com que tal problema (na vida real muito grave) acabe se tornando mais um ponto de saturação para quem esta assistindo.
Personagens descartáveis surgem ao longo da trama, com algumas das piores atuações vistas recentemente, como a de Toni (personagem da qual Michael deve dinheiro) e a filha de Simon... sendo elas "over reacting" total e sem alguma expressão (nem mesmo falas) respectivamente.
Como já havia comentado em uma das minhas analises recentes (Na Mira Do Chefe), sou grande fã de Colin Farrel, mas estas escolhas duvidosas acabam por colocar sua reputação em risco. Temos aqui uma atuação regular do mesmo, porém com atitudes e escolhas impensáveis e irracionais de seu personagem. Vou me restringir a ele, mas tais irracionalidades são cometidas por todos. Sendo justamente neste ponto que volto a minha pergunta inicial destacada na critica. Será mesmo que tais atores de respeito, não poderiam intervir e colocar um pouco de juízo nas ideias dos realizadores?
A respeito da direção, foi de certa forma aceitável ao longo das cenas de ação, mas péssima na condução de seu elenco. O roteiro traz tantas influencias que perde totalmente qualquer resquício de singularidade. Um universo mal explorado, cercado de decisões pouco inteligentes dos personagens faz com que o engajamento por parte do espectador se perca logo no inicio. Fotografia pouco inspirada, com certos cenários sendo deploráveis, como o do desfecho da trama principalmente.
Enfim, não julgo o filme como um desperdício de ideias, pois em sua concepção nada de extraordinário era proposto, porém a execução acabou fazendo com que o longa se tornasse maçante mesmo que com uma duração relativamente curta para os padrões da indústria.
O Juiz
3.8 782 Assista AgoraComecei a assistir o filme de forma despretensiosa, esperando por uma carga emocional "rasa", onde o advogado interpretado pelo Robert Downey Jr. fosse vestir a armadura do Homem De Ferro a qualquer momento. E em partes confesso que vi sim Tony Stark em tela, mas não me incomodou como o esperado e encaixou no roteiro, pontualmente.
Gosto de salientar inclusive, que ocorre com diversos atores renomados, onde o papel de maior destaque de suas carreiras acaba tomando forma em diversos trabalhos posteriores. Infelizmente ou felizmente para alguns, Robert Downey Jr. é sim o Tony Stark, muito mais do que o próprio Robert. Neste filme vemos Tony em ação, embora muito contido. E veja bem, não vou ser tão critico quanto a tal detalhe para esta analise, como sou com relação a outros atores e filmes (principalmente Johnny Depp, e seu eterno Capitão Sparrow), pois deu um toque sarcástico interesse ao roteiro.
Mas vamos lá... o filme acompanha a vida de um advogado bem-sucedido, pelo menos em sua vida profissional, pois logo em cinco minutos de longa, o roteiro desconstrói por completo a imagem de vida perfeita, o que é muito interessante, e de cara me prendeu. Então um infeliz acontecimento, faz com que o personagem regresse as suas raízes, fazendo-o obviamente reviver os dramas do passado.
Então que somos apresentados ao verdadeiro astro do filme, Ken Howard, interpretando o personagem titulo do longa, o juiz e pai de Henry (Downey Jr.). Que atuação magistral, o veterano da um show em todas suas cenas, com grande carga emocional enrustida em uma pessoal não rancorosa, mas sim muito rude e pratica... impossível não nos apegarmos de cara com aquele cidadão de bem, correto ao extremo, muito rígido e ao mesmo tempo abalado emocionalmente. Claro que ao longo da trama, vamos entendendo todo o desenrolar dos fatos que culminaram em um período tão melancólico pelo qual não somente ele passa, mas toda sua família.
Me agrada como somos inseridos a tal realidade (familia e cidade) de forma orgânica. Nem tudo é entregue de bandeja aos espectadores, precisamos em partes ligar os pontos, claro que nada muito complexo, mas evita diálogos expositivos que duvidam da capacidade intelectual das pessoas. Infelizmente, quando um filme não "lhe pega pela mão" precisamos destacar, pois cada vez é mais raro.
O restante do elenco performa de forma eficiente, vamos ter algum destaque por parte do irmão de Henry, Dale (Jeremy Strong) que possui deficiência intelectual, algo não aprofundado por não ser essencial a tal período da trama, mas que agrega uma carga emocional maior aquele núcleo familiar.
Acompanhamos então os dramas que são desencadeados mais um evento trágico na cidade e vida dos personagens, que faz com que os familiares precisem se unir para supera-lo. Vemos aqui um desenvolvimento de certa forma clichê, um filho buscando reconciliação e acima de tudo aprovação do pai, que claramente foi um espelho em sua vida profissional ao menos, mas que o afastou ainda jovem do convívio familiar. Um pai duro (ou rigoroso), responsável e acima de tudo, correto ao extremo, o que desencadeia os conflitos familiares. Porém algumas cenas e reviravoltas de roteiro são sim emocionantes. Discursos fortes, coesos, e um final não tão convencional como se esperava.
Temos aqui uma direção segura, com toques sutis que ajudam no desenvolvimento de roteiro, que tem seu destaque devido aos diálogos muito bem escritos e atuados. A fotografia não entrega nada surpreendente, porém eficiente, destaque na minha opinião para o restaurante Flying Deer, sensacional a vista do mesmo. Este restaurante que por sinal entra naqueles pequenos detalhes nada expositivos dos diálogos, mas super eficientes para ambientação.
Em resumo, temos um filme muito "redondo", que não traz elementos inovadores mas é extremamente competente no que se propõem. Destaco muito as atuações, que sempre são essenciais, mas em filmes de tal gênero, carregam um peso ainda maior para a verossimilhança das ocorrências e engajamento dos espectadores. Um roteiro muito bem escrito e conduzido pela equipe técnica, com forte carga emocional e espaço para alguns alívios cômicos, sutis e que de forma alguma quebram o ritmo do longa.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraConfesso que fui pego de surpresa pelo desenrolar da trama apresentado, mas não de uma maneira positiva.
O longa apresenta uma estória intrigante e nervosa, onde vemos um mundo já dominado por uma raça de seres, possivelmente, provenientes do espaço (margem para interpretação. Nesta analise vou me referir aos mesmos como aliens). Então nos é proposto a acompanhar como uma determinada família, ou melhor referindo, sobreviventes diante da realidade que lhes é imposta.
O filme começa já com um clima muito tenso, de silencio total, que permeia grande parte do longa, o que não poderia ser diferente... e este já é um dos pontos mais positivos a ser ressaltado. Somos inseridos de forma bem orgânica ao mundo, agora, pós-apocalíptico e sendo pegos de surpresa pela cena mais impactante do filme com toda a certeza.
A morte do até então, filho mais novo.
Não espere aqui grandes explicações de como o mundo descambou para chegar no atual cenário, e isto também considero interessante. Não precisamos sempre ter mastigado os mínimos detalhes, visto que estamos acompanhando a jornada daquele grupo de sobreviventes em especifico, que por si só pode, ou não, ter informações relevantes do que realmente tenha acontecido.
Até sua metade, o longa apresenta o ritmo que eu já esperava, mais lento, melancólico e nos apresentando calmamente as rotinas daquela família, trazendo informações de forma sutil por muitas vezes que na hora nos fazem pensar nas consequências que irão ou poderão causar. E isto sim é feito de forma muito competente, nos fazendo ansiar pelo que esta por vir... mas também é o grande "calcanhar de Aquiles" do filme. Explico mais adiante.
Sim, me refiro principalmente a gravidez da Evelyn.
Porém a partir da segunda metade do filme o que mais me causou incomodo, e não em um sentido positivo, visto que é um filme de terror teoricamente, é a exposição em excesso dos aliens. Veja bem, não coloco isto como um ponto referente a maquiagem ou efeitos, pois mesmo sendo uma produção de U$ 17 milhões (baixo para os padrões da indústria) foram muito satisfatórias. Porém na minha concepção o medo do desconhecido, e até mesmo a curiosidade seriam muito mais eficientes para a estória que contaram. Passar uma sensação de perigo, mostrando os aliens apenas em rápidos frames, onde a identificação/entendimento dos mesmo fosse complicada, e fizesse com que minha imaginação delirasse a respeito, me teria feito abrir um sorriso de nervoso. Os aliens foram apresentados de forma tão expositiva que quase conseguimos entende-los anatomicamente em suas totalidades, o que os deixou na minha visão, menos ameaçadores.
Outro ponto que somou para diminuir tal ameaça apresentada, foi o fato de os aliens serem enganados diversas vezes, seguidas, em um espaço curto de tempo do filme. O que contradiz toda aquela expectativa que nos é imposta de inicio, que passam o ar de "caçadores implacáveis". Ver crianças os "enganando" em diversas cenas, é no mínimo frustrante.
Preciso ressaltar aqui principalmente é a falta de coerência com algumas "regras" que foram impostas pela própria narrativa, o que vou precisar usar de spoilers para aprofundar.
A gravidez da mãe, foi algo que de cara me deixou com expectativas elevadas, de como passariam por tal situação visto que nenhum barulho praticamente poderia ser emitido. Mas a solução deste problema, em parte nem ao menos é apresentada pelo filme.
A situação se complica quando ela ao pisar em um prego já com a bolsa estourada, derruba uma lamparina, fazendo obviamente barulho que atrai os aliens. Ao acionar as luzes vermelhas no exterior do acampamento, logo alerta pai e filho que haviam saído para pescar.
Então o pai traça um plano para atrair os aliens para fora da casa onde ele supõem que sua esposa esteja, perfeito até ai. Porém quando acionam os fogos de artificio o alien esta a porta do banheiro, onde a mãe se encontra deitada na banheira já em trabalho de parto. Obviamente o alien atraído pelos fogos se afasta e a mãe neste mesmo instante berra de dor. Mas como o alien que esta ao lado da porta não ouviu tal grito?
Ao adentrar no banheiro, o marido a encontra já com o recém-nascido em seus braços. Isto foi muito frustrante, acabou diminuindo e muito o problema que vinha se desenhando ao longo da trama e o resolvendo-o de forma simplista e corrida. Caberia ressaltar pelo menos mais uma cena em especifico, mas não quero me alongar.
Este momento da trama citado acima apresenta dois graves problemas na minha opinião, sendo eles: i) a resolução "fácil" de determinado problema apresentado que gerou grande expectativa; ii) a falta de cumprimento das "regras" estabelecidas pelo roteiro.
Nos momentos finais, quando já havia perdido meu entusiasmo em partes, vi mais um filme genérico de ação, abandonando por completo o terror/suspense que permeava a trama.
Cabe ressaltar a atuação muito eficaz de John Krasinski e Emily Blunt. Ela em especial entrega sim uma performance muito completa, transmitindo com segurança todas as emoções vividas pela personagem. Já no elenco infantil, a atuação de Millicent Simmonds me incomodou. Tem um arco muito trágico que envolve a personagem, porém a atriz fez com que eu não conseguisse encarar tal motivação com a seriedade necessária.
Direção muito segura de Krasinski aliado a uma fotografia muito interessante. Me vi submerso por grande parte da trama naquele ambiente hostil devido obviamente a trilha sonora, praticamente, inexistente. Muito eficaz.
Sou grande entusiasta de produções de baixo orçamento, corajosas, e talvez isto tenha contado contra neste longa. Assisti ao mesmo cheio de expectativas, porém a meu gosto, acabou se perdendo em sua segunda metade, descambando para o que cansamos de ver em produções genéricas com maiores investimentos. Fica claro na minha visão, que o orçamento foi concentrado quase que em sua totalidade no ultimo ato do longa, que foi justamente onde s perdeu, tentando apresentar algo mais ambicioso do que vinha sendo mostrado e principalmente, expositivo.
Hooligans
3.8 529 Assista AgoraO filme trabalha com uma temática perigosa, visto tamanho os atos de crueldades já feitos por tais gangues. E perigosa no sentido de buscar mostrar a realidade tão próxima destas pessoas e acabar romantizando um ato, um movimento tão repulsivo.
No longa acompanhamos Matt (Elijah Wood) que faz o papel de um estrangeiro sendo introduzido aquela realidade totalmente destoante de sua passada. Teoricamente tal personagem deveria nos representar em tela, mas em momento algum pude me sentir desta forma. Aqui vai um ponto que demonstra que não seja somente culpa do Elijah, embora eu seja muito critico do trabalho do mesmo (e aqui fala um fã de Senhor dos Anéis). A realidade do personagem Matt é muito distante da brasileira, onde temos um personagem americano que em momento algum de sua vida teve interesse pelo esporte em questão destacado no longa, o futebol (o que gera algumas perguntas/cenas no mínimo toscas por parte do personagem). O que vai totalmente de contra nossa cultura, visto que por mais que muitas pessoas não tenham apreço pelo esporte, a exposição ao mesmo é absurda.
Em função do drama vivido pelo personagem principal, acabamos tendo certo apreço (nada absurdo) pelo mesmo, pois nada melhor para gerar empatia do que uma enorme injustiça. Mas então somos apresentados aos personagens que sim fazem a trama avançar, Pete (Charlie Hunnam), Bovver (Leo Gregory), Shannon (Clair Forlani), Steve (Marc Warren) e Tommy (Geoff Bell) cada um vivendo um drama pessoal característico e tentando a todo tempo se provar diante da realidade por eles vivida.
Pete, busca a superação ao que seu irmão Steve representava... Bovver anseia por uma aprovação de Pete... Shannon vive seus dramas familiares e quer claramente um rumo diferente para a família que esta construindo, contrario a suas experiências passadas... Steve busca redenção, ao passo que Tommy quer vingança. Tudo isto traz uma carga emocional para os atos que serão apresentados ao longa da trama.
Obs: coloquei como spoiler, pois somente mais para a metade do filme que é apresentado o passado de Steve e Tommy.
Charlie Hunnam até então desconhecido por grande parte do publico brilha, e traz muito daquele sentimento "perigoso" que o filme poderia agregar. impossível não sentir empatia pelo personagem por ele representado, mas que ao final realmente apresenta uma realidade crua e brutal, o que acaba por espantar qualquer sentimento de algo positivo nos atos cometidos pelos hooligans.
A direção se mostra muito competente junto da fotografia adotada pelo filme, representando de forma eficaz a cultura local. Cenas em pub's, estádios lotados e o próprio clima (tempo), sempre cinza, nos remetem a cultura inglesa, que nos permite obviamente uma maior imersão ao filme.
Acho interessante como o filme, mesmo que pelo seu tema abordado, não precisa apelar para uma violência incessante e demasiada gráfica para ser eficiente. Temos sim cenas muito fortes, porém em pontos chave da estória, o que ajuda a trazer o impacto necessário para os desfechos. A partir do momento que temos um longa com grande exposição a violência, nem sempre teremos o choque/sentimento necessário nas cenas realmente significantes, pois somos expostos ao longo de todo o filme a cenas brutais que acabam sendo banalizadas, mas o que não é o caso aqui. Ressalto isto como um ponto louvável visto o enredo.
Enfim, temos um roteiro muito bem escrito e dirigido, com uma fotografia imersiva. A ressalva negativa fica a cargo do protagonista, porém não a ponto de estragar a experiência, por motivos já comentados acima, não sendo somente pela atuação do Elijah. Já os demais atores do elenco (principais), interpretam com segurança, em partes com maestria, transmitindo as angustias de cada personagem, tornando-os relevantes dentro do longa, até nos apresentar um desfecho cru e racional/realista do enredo.
Ensaio Sobre a Cegueira
4.0 2,5KEste me mostrou ser um exemplo clássico de potencial desperdiçado. Temos aqui sim, uma trama densa, intrigante, claustrofóbica, intensa e que nos apresenta muitas incertezas... porém é ofuscada quase que em sua totalidade por uma técnica pouco apurada e inspirada por parte dos realizadores.
Por não ter lido o livro no qual o longa se baseou, não abordarei comparações entre ambas as obras, não tenho base para tais comentários, buscarei me atentar a aspectos mais técnicos do filme.
Logo de inicio nos é apresentada a uma realidade, que principalmente hoje em 2020 parece fazer muito mais sentido, infelizmente, do que na própria época de realização do longa. Busca trazer muitos elementos hoje explorados principalmente em materiais de terror (como séries e filmes, principalmente que abordam zumbis em suas tramas), como a degradação e podridão humana frente a uma situação de vulnerabilidade da sociedade.
Por muitas vezes o filme consegue nos entregar cenas angustiantes e até mesmo chocantes, mas que são totalmente quebradas pela edição do longa e principalmente sua fotografia. Entendo a intenção dos realizadores de utilizar este estilo muito claro por vezes, pois é assim que os infectados alegam que seja, porém esteticamente não ficou agradável e ofuscou cenas que poderiam entregar maior impacto.
Um tom cinza permeia o filme inteiro, e quando tais momentos de maior claridade são expostos aos espectadores, ficou realmente ruim... uma opção de mal gosto na minha opinião.
E veja bem, mesmo assim, a trama me prendeu de certa forma até sua conclusão, fazendo com que queiramos ver o desfecho da situação, talvez principalmente agora em 2020 que vivemos de certa forma uma realidade semelhante, guardada as devidas proporções.
Fernando Meirelles, diretor brasileiro, acabou pagando um preço bem alto por tal escolha estética, onde vejo sendo um dos longas mais criticados da carreira do cineasta, muito competente por sinal e grande parte de seus trabalhos.
Acerca das atuações, não vejo nenhum destaque digno de menção além da Juliane Moore, que sempre entrega trabalhos muito consistentes, com a carga emocional necessária, e aqui ela se sobressai. Imagine a situação a ela imposta, sendo a única privilegiada de não ser afetada pela doença, e mesmo ainda com o dom da visão, não conseguir traçar um rumo mais digno a sociedade. É angustiante.
Um ponto interessante que elogio no longa, é a falta de nomes aos personagens. Isto me transmitiu uma sensação de que todo o ser humano na adversidade é igual, seja qual for o nome dele (e aqui pode-se entender também por influencia) ao longo da vida nos acontecimentos prévios. Transmite uma sensação que cada individuo é somente mais um, totalmente descartável, se assim podemos colocar. Este elemento agrega ao tom da estória.
Enfim, trata-se de um longa com uma estória envolvente embora não trabalhada de uma forma muito eficiente por parte do roteiro, mas principalmente impactada pela direção mal conduzida e escolhas técnicas da equipe. Acredito que seja muito mais interessante assistir ao longa após os acontecimentos vividos por nós ao longo deste 2020 do que na própria época de lançamento do filme, pois nos causa uma maior reflexão mesmo que o filme não tenha sido eficiente na sua proposta.
John Wick: De Volta ao Jogo
3.8 1,8K Assista AgoraComentar a respeito de John Wick hoje em dia pode parecer fácil e elogia-lo é chover no molhado, por assim dizer. Porém me recordo do dia que estava olhando o catalogo da Netflix e me deparei com o filme "De Volta Ao Jogo", com esta capa apenas do Keanu apontando uma arma, que obviamente me gerou a ideia de: - Filme genérico de ação, mas vou olhar, pois tem o Keanu, que estrela um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, "Caçadores De Emoções" (outro nome fantástico, traduzido de forma brilhante do inglês Point Break... ironia).
Entendo a questão de que o filme intitulado somente pelo nome do personagem no Brasil possa não atrair o publico, porém "De Volta Ao Jogo" ficou horrível e genérico, como eu esperava que o filme fosse. Eis que me deparo com um inicio brutal, pelos fatos que desencadeiam a ação do filme, me despertando assim um maior interesse. Até que surge a primeira cena de ação realmente do filme. Não vou me esquecer a reação que tive ao ver aqueles movimentos muito bem coreografados, coordenados, com uma câmera completamente lucida que me fizeram largar de vez as redes sociais e focar apenas no que acontecia em tela... a sensação/prazer de ver tais movimentos tão plásticos, de forma "seca" e entender perfeitamente o que estava se passando e como ele havia o executado... me brilhou os olhos, e daquele momento em diante, não desgrudei do filme e da série como um todo.
Há tempos não assistia a um filme de ação (realizados recentemente) que me prendesse a atenção de tal forma, que me fizesse ansiar pelas suas continuações. O que também me fez lembrar outro fator que havia se perdido nos últimos anos... como Keanu Reeves é competente. Na minha opinião seus últimos trabalhos haviam sido no mínimo questionáveis, e veja bem, não só por suas atuações decepcionantes, mas principalmente por escolhas errôneas de longas para participar.
Quero destacar a dupla de diretores, mais ainda Chad, que conseguiu dar continuidade a franquia de forma brilhante, mantendo o mesmo estilo de filmagem e coordenação de atores. A fotografia utilizada neste primeiro filme, mostra traços estilizados, porém de forma muito mais tímida do que viriam a ser apresentados em suas continuações, trazendo para o período contemporâneos, elementos que remetam ao movimento cyberpunk (muito representado aqui pelo neon e ainda mais nos outros filmes), aliado a mística mais arcaica da organização de assassinos. Este estilo tanto de fotografia quanto de enredo se complementaram de forma eficiente.
A impressão que o filme entrega, é de que nem mesmo os realizadores esperassem o sucesso do mesmo, e isto não é negativo, trabalhar de um ponto mais realista e focado me agrada. Comento este ponto, visto que a mitologia por trás da estória contada se expande exponencialmente nos próximos capítulos, o que me remeteu a grandes franquias, como Star Wars, onde nem mesmo George Lucas tinha noção do impacto causado por sua obra lançada em meados de 1977, que veio a se tornar um dos maiores universos fantasiosos já criados posteriormente. Veja bem, não estou comparando as duas franquias, apenas um ponto em comum que permeiam ambas as produções.
Enfim, o grande mérito deste primeiro filme, é entender suas "limitações" em termos narrativos, e entregar principalmente o ponto do qual poderiam se destacar, as cenas de ações. Convenhamos que neste primeiro longa, não tínhamos todo o conhecimento acerca do que poderia se tornar o universo do filme, e isto me cativou. O longa manteve seus pés no chão do inicio ao fim, dando margem para uma continuação que fortuitamente aconteceu e hoje já aguardamos de forma ansiosa pelo quarto capitulo.
Vida longa ao Baba Yaga!
O Diabo de Cada Dia
3.8 1,0K Assista AgoraO filme explora um lado mais cru da realidade da época, onde a depressão do pós-guerra assolava a sociedade, o fanatismo religioso mostrava uma face inescrupulosa, onde a manipulação acontece baseado em uma das fraquezas humanas, e aqui não entenda com demérito, mas sim pela vulnerabilidade que ela gera, a fé.
Particularmente sou propenso a me engajar com mais entusiasmos em filmes que trabalham com o período em questão, além é claro de assuntos mais "brutais" e que ainda são tratados como tabus pela sociedade. E o Diabo De Cada Dia uniu estes dois elementos e entregou uma narrativa com diversas estórias paralelas que anunciam um desfecho trágico. Ao longo de toda a trama você se pergunta, onde tais histórias vão se cruzar e espera pelo pior de tal encontro.
Não temos aqui um elemento novo/inovador narrativo ou técnico, mas sim uma fórmula muito bem executada, tanto pela direção competente do longa, quanto principalmente pelas atuações. E aqui destaco principalmente dois atores, Robert Pattinson como o pastor Roy e Tom Holland como Arvin.
Pattinson a cada trabalho tem se mostrado mais competente, versátil e entregue ao papel que se propôs a desempenhar. Conseguimos perceber claramente o esforço do mesmo para entregar tal atuação e a personificação necessária para cada personagem. Não consigo mais me recordar de tal ator como "aquele vampiro que brilhava", esta é uma imagem que infelizmente o acompanhou por anos, que hoje se mostra que nem de longe fazia jus a seu talento.
Já Holland me surpreendeu, embora eu entenda o potencial apresentado pelo jovem ator, não via ainda nele um trabalho de destaque longe dos blockbusters, e aqui ele o faz com maestria. Me senti representado por ele ao longo do filme, onde se mostrava ser o único personagem que não aceitava a realidade que enfrentava diariamente.
Todos outros atores entregam sim atuações sólidas, mas precisava destacar estes dois mencionados acima.
Entendo a critica por parte de alguns alegando que o filme seja arrastado, e realmente por vezes é, porém isto faz parte da narrativa pelo mesmo contada. Uma cena apressada poderia retirar a imersão proposta por ele, e na minha opinião o ritmo se desenvolveu na medida certa.
Alguns planos ao longo do filme se destacam, e aqui recordo principalmente os que tem como centro o personagem interpretado por Bill Skarsgard. Personagem do qual acredito carregar o maior fardo e justificativa para seus atos, se assim podemos colocar.
Um dos planos que me refiro, mostra o soldado Willard ainda em meio a guerra, encontrando seus compatriotas crucificados. Uma cena pesada, porém tal impressão deve-se muito pela fotografia do filme, com um plano impactante.
Outro ponto do qual vi alguns levantamentos a respeito na internet, seria referente a submissão apresentada pelas mulheres na trama. De forma alguma vejo isso como demérito, mas sim uma retratação do papel injusto representado por elas na época, e de forma alguma demonstrados com desrespeito pelo roteiro
Em resumo, trata-se de um filme com diversas frentes, contando trajetórias individuais que anunciam um desfecho catastrófico, causando inquietude e agonia por parte dos expectadores, que ao final entrega sim algo tão impactante quanto o esperado. Um elenco impecável, dando destaques importantes a cada um dos personagens com suas ações, trejeitos, crenças e pontos de vista de suas realidades (em sua maioria, fora do usual e aceitável). E tais realidades de cada personagem entregam o tom sórdido necessário para a trama, onde o nome do filme por si faz jus, retratando a podridão que assola a realidade das pessoas neste contexto inseridas.
Operação Fronteira
3.1 379 Assista AgoraMostra uma realidade que vai contra o que grande parte dos filmes americanos com tal temática defende. Aqui somos apresentados a soldados muito bem-treinados, que dedicaram suas vidas ao exercito americano e o mesmo não os recompensou, financeiramente e até psicologicamente, da forma adequada. Pelo menos é a sensação trazida pelo longa e que torna plausível todas as ocorrências que iremos presenciar.
Confesso que me vi empolgado em olhar o filme devido ao elenco no mesmo envolvido, mas me senti cativado ao perceber este lado, infelizmente, mais humano por parte dos protagonistas. Aqui temos sim, "super-soldados" porém com falhas de caráter muito marcantes e de certa forma plausíveis, tentando conciliar sua razão aos desejos e necessidades, o que nos traz angustia e incerteza por toda a narrativa.
Entendo que o filme se mostra arrastado em certas cenas, porém me fez imergir mais profundamente e criar empatia pelos personagens. Ao mesmo tempo que ficamos com raiva pela ganancia demonstrada, entendemos os motivos, mas já na cena seguinte voltamos a sentir raiva/desgosto pelos atos. Esta montanha-russa de sentimentos trouxe certa surpresa para a trama da qual não esperava.
Foi um roteiro inteligente, corajoso, sem medo de mostrar a real face dos soldados ali representados, e trazendo momentos extremamente impactantes para o filme.
Temos aqui uma direção muito segura por parte de J. C. Chandor, com sequencia de ações bem conduzidas e principalmente lucidas. Temos total ciência do que esta acontecendo em tela, nada se apresenta de forma confusa, algo infelizmente raro de se ver em filmes de ação hoje em dia.
Reforçando a atuação do elenco, todos seguros de seus papeis, apresentando de forma crível os sentimentos, desejos e conflitos vividos por cada um. Temos ainda uma caracterização mais especifica, um pequeno detalhe a respeito de cada personagem que ao longo do filme vai se apresentando de forma mais relevante.
Embora sei que para muitos o longa possa ter se perdido no seu terço final, foi o que me cativou. Não buscava por um filme em que tudo fosse ocorrer de forma perfeita, ou no mínimo que tudo se encaixasse como o planejado, mas sim uma estória crua, que entregasse algo minimamente realista dentro da proposta. Afinal, são soldados treinados, porém ainda humanos.
O final do filme para mim manteve realmente aquele sentimento misto com relação aos protagonistas, onde por hora agiam de forma humana e em outras deixavam se tomar pela ganância, e que nem mesmo uma tragédia claramente sentida por todos, fez com que colocassem suas necessidades em um segundo plano.
Isto fica claro quando acreditamos que os soldados haviam feito algo realmente altruísta, cedendo o valor que conseguiram trazer aos familiares de Tom (Ben Affleck), somos pego de surpresa ao descobrir que William (Charlie Hunnam), anotou as coordenadas do montante atirado no desfiladeiro, que seria muito superior aparentemente a quantia doada por cada um a família do falecido.
Gostei também da fotografia entregue pelo filme, com cenários inóspitos em boa parte do longa, assim como da trilha sonora, que não chega a se destacar porém é muito competente quando necessária.
Em resumo, temos aqui um filme com uma direção segura, com cenas muito bem elaboradas de ação, um roteiro corajoso, se assim podemos colocar, e atuações consistentes com personagens bem caracterizados.
Don Juan DeMarco
3.7 516 Assista AgoraDe certa forma um filme cômico, porém que maquia brilhantemente um tema "pesado" e complicado para quem o enfrenta ou convive diretamente com quem o enfrenta.
Temos aqui um filme prazeroso de ser assistido, com diversos momentos cômicos que nos fazem por certos momentos pensar no filme como "pastelão" ou "sessão da tarde", por assim dizer.
Porém conforme o avanço da estória acontece, percebemos que existem muitos outros elementos compondo-a, e nos sentimos até mesmo a "enganados" ou "ingênuos" quando o filme revela sua verdadeira realidade.
Somos apresentados a personagens cativantes, que logo de cara nos geram um mix de sentimentos, pelo menos de minha parte, a maioria positivos. E este na minha opinião é o ponto que fez o filme se tornar impactante e me fazer refletir por dias (acredito que todo bom filme precise gerar reflexão não somente no momento, mas em diversas ocasiões).
A narrativa aliada a uma direção competente, não te preparam durante o filme para entregar a mensagem do mesmo, e quando isto acontece é que vem o fator "UAU" ( vi esta expressão estes tempos em um programa de reforma de casa com suas sempre "marcantes" dublagens).
Tratar sobre problemas psicológicos influenciados pelos mais variados casos é sempre muito complicado, e desta forma leve e até mesmo lúdica, embarcamos nesta fantasia criada pelo protagonista (quando Johnny Depp realmente atuava), mas ao mesmo tempo vivemos um sentimento de angustia para querer saber a realidade por trás de toda aquela fantasia. O DR. Jack (interpretado magistralmente pelo Marlon Brando) nos representa dentro do filme como a razão, é impossível acreditar que tudo que estamos ouvindo (e no filme, presenciando) seja de fato verdade, mas sempre nos deixa com o sentimento de: "- E se for mesmo verdade".
E esta angustia aliada a curiosidade nos prende a atenção e torna a realidade ainda mais brutal, quando a mesma é revelada.
Em resumo, o filme apresenta atuações muito sólidas e um roteiro de certa forma "pesado" através de uma narrativa em sua maioria lúdica e fantasiosa, o que com que surpreendentemente eu me apegasse ao filme.
Faço uma breve menção a trilha sonora do filme que tem seus momentos de grande destaque!
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraCom toda certeza Frank Darabont é um dos melhores diretores a trazer as estórias de King para a sétima arte. De forma estranha, e não poderia ser diferente, ele consegue trazer todo o clima sempre proposto por King em seus contos e romances.
Destaco este filme por me remeter a grandes clássicos do escritor, com uma atmosfera tanto tensa quanto esquisita.
O clima de cidade pequena, onde as comunicações e distancias são realmente sentidas e impactantes, dificultando tarefas que possivelmente seriam facilmente solucionadas se ocorressem em grandes centros urbanos e isso é brilhante.
Me agrada o desenvolvimento dos personagens ao longo da narrativa, embora alguns efeitos especiais acabem por nos tirar a imersão por breves momentos. E quando me refiro a efeitos especiais estão mais para "defeitos especiais", muito fracos na minha opinião, mas de forma alguma me tiraram a imersão, "comprei" o drama e a situação vivida.
Escolhas difíceis permeiam o caminho dos personagens, abordando temas persistentes em nossa realidade mesmo inserido em uma situação absurda... sensacional.
O final permite uma das maiores sensações de injustiça (não pelo lado literal da palavra), mas nos mostra como a realidade é crua.
Entendo que não seja um filme direcionado a todos os públicos, principalmente a parcela que aprecia bons efeitos especiais, porém com certeza vale a pena conferir, seja a quem esta sendo introduzido ao universo King, ou como no meu caso, um deleito aos veteranos e fãs do autor.
Na Mira do Chefe
3.7 360Filme impecável e marcante o descrevem.
Aqui temos fortemente elementos de humor negro permeando ao longo de toda a narrativa, nos colocando em duvida referente a sanidade dos personagens e o "quão normais" os mesmos são. E então vem outra reflexão que o próprio filme propõem: "O que é normal dentro do comportamento humano?"
Com uma direção competente acompanhado de uma bela trilha sonora, linda fotografia e um cenário de certa forma pouco comum, que tem sua atmosfera muito bem explorada e representada. Ao mesmo tempo que me fez querer conhecer a Bélgica, local que se passa e da nome ao filme (em seu titulo original obviamente) me fez ficar incomodado com o clima que ela transmite, e isto é genial, um mix que nos deixa em conflito durante todo o filme.
Colin Farrel realmente é um ator muito subestimado na minha opinião, concordo que tem certas decisões um tanto quanto questionáveis ao longo da carreira, porém quando acerta, nos entrega atuações magnificas como neste filme, e uma indicação a premiação em nada me surpreenderia.
Brendam Gleeson também está impecável e entrega a cena mais impactante sem sombra de duvidas ao longo do filme, o que me fez acordar a noite e pensar a respeito (sem exageros). A frieza demonstrada pelos personagens e o clima sórdido do longa me remeteram muito ao estilo artístico do agora já mais comentado e conhecido diretor grego Yorgos Lanthimos, que por sinal cultua muito as atuações de Farrel em seus longas.
Destaco a química entre os personagens, onde temos eles embora muito semelhantes quanto a frieza, completamente o oposto em outros pontos, como por exemplo a importância dada por Ken na busca de conhecimento e cultura que vai totalmente contra a falta de interesse por tudo e todos de Ray, o que gera momentos tensos e ao mesmo tempo engraçados (aquela risada de nervoso).
Importante ressaltar ainda acerca dos personagens, o conflito que Ken vive de tentar ser uma "boa pessoa" mesmo com tudo que já precisou fazer em sua vida, enquanto que Ray já perdeu totalmente sua fé na humanidade, embora também enfrente o medo de uma "punição divina" por seus atos, o que o tira completamente da realidade e sanidade por muitas vezes, e explica em grande parte tais comportamentos e comentários absurdos. Temos uma pessoa completamente destruída pela brutalidade de seus atos.
Entendo perfeitamente que não seja destinado a todos públicos, possui uma narrativa arrastada, um clima estranho, pesado e desconfortável além é claro do humor negro já comentado anteriormente, porém para quem busca um filme imersivo e marcante, tende a atender tais expectativas.
O Caçador
3.2 195 Assista AgoraComeço com: Filme espetacular!
Confesso que o assisti de forma despretensiosa, em uma noite de inverno bebendo um bom vinho. O selecionei sem pensar muito (se não me engano Amazon Prime) o que é raro de acontecer, e de forma impressionante o filme me cativou e me prendeu muito rápido. Compactuo do pensamento que o ambiente ao seu redor ajuda a impulsionar as experiências tanto de forma positiva quanto negativa, o que pode ter acontecido neste caso visto que o filme se enquadrou perfeitamente com o contexto.
A começar pela sua direção de fotografia, trabalho impecável nos fazendo imergir naquela região, o que julgo complicado, visto que em meu caso, vivo em situações opostas a realidade daquela região, e isto conta muito dentro da estória que filme busca contar.
As atuações valem certo destaque, não vemos por aqui nada digno de oscar, na minha opinião, mas como sempre por parte do Willem podemos esperar trabalhos sólidos, com "peso".
A trama possui um ritmo de certa forma lento, mas que fez com que eu me apegasse a situação que cada personagem se encontrava, criou empatia de minha parte e por consequência, carinho com os mesmos.
Existem certos pontos explorados dos quais já vimos, e soam inicialmente até clichês, porém não quebram a evolução da narrativa. Todo o clima por ela proposta me fez "comprar" tal situação.
Porém o que quero destacar realmente no roteiro, é a coragem, o fator surpresa, trazer uma carga emocional ao filme do qual embora entendêssemos o conflito que ali existia, jamais esperaria por tais consequências, justamente por ser um movimento de certa forma ousado.
Entendo não ser um filme para todos os públicos, exige certa paciência por parte de quem o assiste, mas acredito que isso tudo é recompensado com uma experiência sólida e "redonda", "fechada", com margem para reflexão, mas não interpretação.
A Vastidão da Noite
3.5 575 Assista AgoraO filme é uma homenagem clara e em momento algum busca mascarar isto, o que possivelmente é seu ponto mais forte, o longo de toda narrativa inclusive com sua edição. Porém tem muito espaço e o utiliza de forma inteligente para novas abordagens, como a câmera flutuante ao longo da cidade que é magnifica.
Cenas estáticas onde se precisa prender a atenção do espectador apenas pelos diálogos são dificeis, requerem muita sutilidade e habilidade dos atores, mas principalmente de um roteiro muito bem escrito.
Isto me fez refletir sobre a essência do cinema, que é o de contar historias, e aqui o foi feito de forma simples e muito eficaz. Grande prazer ver filmes nestes moldes surgindo e tendo seu reconhecimento no meio de uma industria bilionária onde muito da essência/criatividade se perdeu.
Obviamente existem alguns pontos que devem ser destacados na minha visão cde forma negativa... ao mesmo ponto que sempre aplaudo diálogos longos, que nem sempre caminham para uma condução da narrativa e ideia central do enredo, no inicio deste filme se tornou até mesmo cansativo... dialogo rápido, por vezes interessantes e outras nem tanto. Concordo que serve para humanizar os personagens e nos inserir no roteiro, porém passou um pouco do limite.
Pra fechar, filme muito válido, uma grata surpresa deste ano em minha opinião, intrigante, com uma bela fotografia, enredo central interessante, porém com alguns "furos" (na verdade, situações pouco explicadas, foco no terceiro ato) e certas vezes arrastados, mas que na sequencia já lhe pega pela mão novamente para colocar nos trilhos da estória.