Os diálogos cotidianos e muito naturais, porém extremamente bem sacados, me lembraram Tatuagem, do Hilton Lacerda. Foi ótimo ver o nome dele nos créditos finais entre os escritores que participaram da elaboração do filme!
Tô sob efeito do filme! Não sei bem o que comentar (muito pra assimilar!), mas preciso "desabafar" (Filmow costuma me servir principalmente para esses momentos). Obrigada Kleber Mendonça Filho! Você é genial!
1 - Só por ser um filme onde norteamericano assassino se ferra, já é maravilhoso. A "sementinha" poderosa, então, nem se fala.
2 - Adorei a sacada do disco voador/drone. A fantasia do disco voador era pra enganar o pobre-povo-do-interior caso fosse avistado, mas o cara já saca de primeira que é um drone... um tapão na cara até de quem tá assistindo.
Bacurau é um apelo, é resistência. É um baita filme poderoso, muito maior que o Oscar. É antimperialista até os ossos, sagaz, genuíno. Personagens cativantes, com dimensões. Trilha sonora perfeita! Me encantei pela música "Réquiem Para Matraga", do Geraldo Vandré, que toca em dois momentos do filme (descobri que a música é uma referência a um conto do Guimarães Rosa, então compartilho esse fato com vocês. Preciso ir atrás agora!).
Me apaixonei pelo mistério, força e estilo do personagem Lunga. Chico Science já cantava: Banditismo por pura maldade. Banditismo por necessidade. Banditismo por uma questão de classe!
É a cara do Brasil. E recentemente li "As Veias Abertas da America Latina" do Eduardo Galeano e não pude deixar de pensar em toda essa questão colonizadora e inferiorização que a América Latina sofre.
Não passa disso, não me engana que eu sou sulamericano de Feira de Santana Avisa o americano, eu não acredito no Obama Revolucionário, Guevara conhece a liberdade sem olhar no dicionário Sem olhar no dicionário, ele conhece a liberdade Vamos que vamos, vou traçando vários planos Vou seguir cantarolando pra poder contra-atacar Nas veias abertas da América Latina Tem fogo cruzado queimando nas esquinas Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu
E não esqueçamos nunca: o museu e a escola são lugares seguros, lá estaremos armados até os dentes!
Eu não acho que a intenção desse filme foi mostrar o lado brutal (como os documentários), e muito menos romantizar um serial killer. Aliás, eu não achei nada romantizado. A gente sabe desde o começo que ele é culpado, mesmo quando ele está sendo super charmoso. O absurdo é realmente a gente achar ele carismático, apesar de tudo. É essa a jogada. Fazer você duvidar de um fato há muito conhecido por você. Você até gosta dele. É o que a mídia fez na época, o que gerou em algumas meninas da época (que se "apaixonaram" por ele), é até mesmo o que o juiz parecia fazer (embora tenha sido ele que o condenou, parecia muito cordial, não?). Hoje em dia seria diferente? Será? Nas mídias sociais, enquanto uns iriam querer linchá-lo, outros fariam fã clube. Ainda mais nos dias de hoje, todo mundo iria querer advogar, iria ter gente venerando. Na época, ele conseguiu transformar tudo em um espetáculo. Beirava o ridículo. Narcisismo, carisma e ausência de arrependimento: eis um psicopata. Por isso, pra mim, o objetivo do filme foi mostrar, sob a perspectiva da Liz (afinal, parece que foi baseada no livro que ela escreveu, né?), o convívio com um ser humano que ela se envolveu, se apaixonou e, como muitos psicopatas e serial killers, tinha uma vida aparentemente normal, parecendo um homem bom, talvez incapaz de cometer tais atrocidades. Tipo o John Wayne Gacy, o palhaço da vizinhança, aparentemente uma pessoa tranquila. Como na música do Sufjan Stevens sobre o Gacy: "The neighbors they adored him for his humor and his conversation". O filme não perdoa, nem suaviza. A sacada do serial killer não é a perversão. Isso estamos carecas e sádicos de saber em detalhes pavorosos. É através do fato de mostrar ele como um ser humano "normal" e "simpático" a primeira vista que torna tudo muito macabro... Como muitos serial killers, ele não faz o estereótipo de assassino com cara de louco, desgranhado. E arrisco dizer que muitos "estranharam" o filme porque esperavam sentir asco, ódio, e não uma espécie de pena. Esperávamos até ficar horrizados com os crimes que já sabemos de cor e salteado (e a gente de certa forma gosta de saber do terrível, não?! Somos sádicos pra caramba...). Sentir empatia é algo completamente saudável, graças a Jah. E se sentimos pena é porque nos identificamos de alguma forma, vimos semelhança nele como ser humano. No lado bom, no lado normal. E tá tudo bem. É justamente isso que nos torna diferente de pessoas como o Ted Bundy, e que torna pessoas como o Ted Bundy tão terríveis. O que não suaviza de forma alguma a aberração, a maldade e a crueldade dele. Mais uma vez citando a música do Sufjan Stevens sobre o John Wayne Gacy: "And in my best behavior I am really just like him".
Gostei muito da estética! Também me lembrou o surrealismo de Jodorowsky, naquela atmosfera ritualística, e tem até um quê de sonho-pesadelo do tcheco Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos (1970), que gosto muito. Mágica e maravilhosa a presença espalhafatosa e barulhenta do Alceu Valença de espantalho. Psicodelia nordestina da melhor qualidade!
Diálogos pesados e memoráveis... ótima direção e atuações! Senti um ar de "Uma Rua Chamada Pecado". Já tinha interesse, e agora fiquei com mais vontade ainda de ler Plínio Marcos.
Registro importante de um estilo de música, de vestir e de vida (nada disso ou tudo isso!) que fez sua história à brasileira também, num período conturbado e repressivo do nosso país, cuja insatisfação e indignação que só podiam ser traduzidos através do lixo e da fúria (referenciando outro documentário incrível sobre o punk). Maravilhoso! Simples, direto ao ponto, sem firulas, sem consenso algum, violento, sujão... um documentário punk as fuck!
Petra já havia me conquistado com seu olhar sensível e delicado em Elena (2012). Com Democracia em Vertigem, então, foi impossível conter o choro. Em tempos de fragilidade e esquecimento (que acompanha o Brasil desde o não-tão-esplêndido berço), um olhar corajoso, multifacetado e cheio de memória só poderia vir de uma mulher. E que bela narrativa: costurar sua história com a nossa história só deixou tudo mais poético. Em tempos velozes como os nossos, um registro tão bonito se faz necessário para digerir tudo o que estamos vivendo. Ficará para a história.
Roma é Amor, mesmo que de trás pra frente. Mesmo sem estrutura, sem estantes (o que importa são os livros, mesmo). Um bom começo é arrumar um carro que realmente caiba na sua garagem.
Sensacional! Que pena que o projeto de "acender o mundo" não deu certo. Realmente o ácido ajuda, mas vai da vontade de dentro também... é a parte mais difícil. Nesse caso, Scully foi para um caminho maravilhoso também, estudando sobre meditação e suas reações semelhantes ao psicodélico. A combinação desses dois caminhos, junto com a consciência de classe, talvez seja a faísca necessária para acender o mundo, afinal de contas! Estamos presenciando a volta do estudo dos psicodélicos, calado na Ciência e deslegitimado/demonizado por 50 anos. Espero que um dia esse potencial possa ser mais explorado. Toda minha admiração aos pioneiros da contracultura e os elementos que implicam nela. Todo meu respeito e admiração pelos guerreiros psicodélicos, é preciso coragem mesmo! Enquanto isso, cá estou, cá estamos fazendo parte de uma centelha, uma pequena fagulha, que quem sabe um dia se torne uma grande fogueira planetária!
P. T. Anderson tem uma forma única e minuciosa de desenvolver as tramas de seus filmes. Assim foi com Sangue Negro e O Mestre (este último, meu preferido, junto com Magnólia, mas acho que Trama Fantasma segue mais o estilo dos outros dois). É com sutileza, como mensagens miúdas bordadas por dentro da barra de um vestido, que a Coisa é relevada. Mas Coisa é presente a todo momento, ainda que sua presença seja fantasmagórica. E você vai encaixando, vai costurando as partes. A Coisa pode não ser falada, mas é revelada através da atuação de Vicky Krieps (com seus olhos bondosos) e da atuação (sempre) impecável do Day-Lewis .
Aliás, eu realmente espero que Day-Lewis não encerre sua carreira aqui, como vem sendo anunciado. Acho que uma vez eu li (acredito que devo ter lido, embora eu concorde com cada palavra, não lembro de ter pensado nisso sozinha, mas infelizmente não consigo lembrar onde li) algo assim: que ainda que sejam dois dos melhores atores da atualidade, P.T. Anderson conseguiu extrair o melhor de Day-Lewis e Joaquin Phoenix quando os dirigiu, mas que a diferença crucial no modo de atuar é bem marcante: Phoenix deixa-se dominar pelo personagem (de O Mestre), é possuído, é uma atuação "irracional", pura e primitiva, por isso perfeita, enquanto a atuação do Day-Lewis é o maior exemplo de ator controlando um personagem, ator possuindo o personagem, dominando cada esgar, uma atuação "cerebral", por isso perfeita também.
Trama Fantasma matou minha saudade dessa atuação cerebral do Day-Lewis, extraída da melhor forma possível por P. T. Anderson (ainda que eu ache que este filme não supera alguns dos anteriores do mesmo diretor); confesso que ainda não vi Vício Inerente (por algum motivo não me senti muito empolgada), mas meu maior desejo seria ver Phoenix dirigido mais vezes por este cara, dando ao máximo sua atuação "irracional"!
Voltando rapidamente ao enredo (sim, uso o Filmow como desabafo!), me lembrou algo meio Machado de Assis: "alta sociedade" e seus problemas, os poucos fatos, "narração" objetiva e crua, os personagens complexos psicologicamente, até mesmo a personagem feminina, seu crescimento e sua relação com o protagonista. Até mesmo o "detalhe" chocante da trama lembra muito um dos contos de Machado.
Filmão! Pesado, mas divertido. Atuações muito boas, e o que falar desta trilha sonora com Heart, Fleetwood Mac e Iggy Pop por Siouxsie? Me agradou mais do que alguns dos que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme.
Amelie Poulain meeting Anna de Possessão (1981) do Zulawski: algo que só Del Toro poderia fazer. Brincadeiras a parte, uma bela combinação do sublime e grotesco (a própria criatura é assim, é deus e é monstro), dá aquela sensação de pureza e leveza do amor, misturada com o peso da solidão e da água num profundo mergulho... Lindíssimo! ♥
Eu juro que amei. Ainda que a perspectiva da câmera esteja meio esgotada (muitos filmes de terror recentemente vem explorando exaustivamente este recurso), achei tenso, mas engraçado em algumas cenas - o que me surpreendeu -, os personagens são todos cativantes de algum modo, e tem umas cenas realmente horripilantes, na minha opinião! E sem apelar para o barulho, tipo grito, baque, como em muitos filmes de susto pré fabricado (ainda que, claro, os sustos nos filmes de terror sejam intencionados). Para mim, Shyamalan acertou... assustou e divertiu. E tem aquele desfecho revelador e maluco bem digno do cara.
Apesar de ainda preferir The Lobster - que entrou na minha lista de favoritos -, este tem ares bem "familiares" com ótimo Dente Canino, e aqui Yorgos continua se consagrando e se reinventando. A estranheza, incômodo e o humor singular são marcas registradas do cara, e eu adoro isso. Longa vida a ele!
Não é surpresa ver nos comentários aqui que o filme faz alusões as tragédias gregas, mas sabe, eu só pensei em referências bíblicas.
Além do poder dos médicos de "playing god", há algumas coisas que notei, mas podem ser viagem: quando a Anna beija os pés de Martin, como Maria Madalena; o fato do Martin poder fazer, quando bem quisesse, os paralíticos andarem ("o milagre de Cafarnaum", valeu Google), quando o Bob "chora" sangue; e, por fim, desde o título, já que animais são comuns na bíblia como oferenda, até mesmo o próprio Jesus, que serve de sacrifício para expiar os pecados (o filho de Deus = o filho daquele que brincou de Deus na sala de cirurgia?), o que me lembrou bastante "A um carneiro morto", do Augusto dos Anjos...
...mas enfim, acho que é porque assisti Mother do Aronofsky recentemente.
Terminei o filme e percebi que eu estava me comportando de maneira robótica e monotona na fala! rs E que título lindo!
Antes de ler comentários aqui explicando as metáforas (que confesso que não peguei! e olha que amo/sou alegorias, ainda mais bíblicas, deste cunho), eu havia interpretado como um drama/thriller psicológico - mais próximo de Black Swan -, uma coisa mais microcósmica, ou, no máximo, numa alusão ao masculino e o feminino, e seus papeis distribuídos em nossa sociedade (quando nossa interpretação é reflexo do nosso estudo né!): masculino protagonista, egocêntrico, o intelecto, enquanto o feminino (mãe) é a intuição, cuida, acode, limpa, arruma, engole tudo passiva. Apesar disso, muita coisa eu ainda não havia interpretado (o primeiro visitante passando mal e tal), e já havia gostado do filme, mas ler os comentários me fez achar ainda melhor, genial, e gigante.
Talvez tenha a delicadeza do Terrence Malick, com uma pegada do peso do Lars von Trier, mas definitivamente é um belíssimo e forte filme do Aronofsky.
Só agora que vi que um dos diretores é o David Fincher. Que legal! Não é à toa que a série é maravilhosa, então! Fazia um tempo que uma série nova não me fazia ficar tão encantada. Houve uma época que eu lia muito sobre os serial killers mais famosos, gosto de filmes e séries que tratam disso, mas nunca pensei na "origem" dos estudos sobre o tema! Parece claro quando os estudos estão "prontos" para nós, mas como é complexa a ideia de existir pessoas que matam compulsivamente, ainda que não sejam "insanas". E como é complexa também a nossa própria reação quando ficamos sabendo de tudo que a maioria deles passou. Interpretações magníficas, e gostei muito da ambientação dos anos 70!
O protagonista também, maior weirdo, mas ficou cretino lá pro fim, né. É o que o bigodudo falou: Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
E que histórias (tanto a vida, quanto os crimes) tensas dos entrevistados. Repito o que a moça disse lá num comentário abaixo: senti MEDO do Ed Kemper, e também não me lembro qual a última vez que senti isso! O fato dele ser tão cordial e até agradável, em certa altura, deixou tudo mais pavoroso. Ansiosa para a próxima temporada. Run, run, run, run, run, run, run awaaaaaay
Para mim, a pior temporada de todas. Nunca me imaginei dando menos que 4 estrelas para essa série. Roteiro horrível, constrangedor. E sem aquela "essência de AHS". Me surpreende a quantidade de pessoas que gostaram.
O tema (fascismo em ascensão, e tudo que vem relacionado a isso, como patriotismo, misoginia, etc) seria uma boa sacada, mas acho que foi tão mal desenvolvido que prestou mais um desserviço do que uma crítica a atual situação.
Fiquei pensando que um fascista assistindo isso ficaria menos ofendido pela caracterização (afinal, o Kai a todo momento é mostrado como carismático e "mito", coisa que ele não é) e mais feliz, já que a todo momento podemos ver as minorias voltando contra si mesmas, totalmente sem criticidade, vomitando chavões, estereótipos, etc.
Como a Winter no primeiro episódio, que foi praticamente a anunciação de um desastre que foi essa temporada. Ela diz no telefone com a amiga: "Trump ganhou. E se eu engravidar agora? Onde irei abortar?". Ou então as feministas na fila da votação: passa um cara pedindo silêncio e elas gritam que vão destruir o patriarcado. Juro que para mim, que sou feminista, foi embaraçoso, cringing, de verdade. Se eu não conhecesse os criadores e a própria série, que sempre mostrou representatividade, iria achar que estavam zoando com a cara do pessoal que luta pelas causas sociais. E ainda tem gente que achou a série ativista demais? Não que eu ache que eles tenham a obrigação de fazer uma temporada ativista, propagandológica, ficaria piegas se a mensagem fosse explícita. Mas vou ser sincera e dizer que achei forçadíssimo e até prejudicial esse papo de "liberar a fúria feminina", "matar vários homens". Houve mais empoderamento em Coven, por exemplo, sem dúvidas.
A melhor parte (ainda que mal executada, na minha opinião) foi o contraponto de tais líderes conservadores (Trump, Bolsonaro, simbolizados na figura de Kai) com as histórias reais, de outras épocas (coisa típico de outras temporadas de AHS e, para mim, um charme). Nomes como Jim Jones, Charles Manson... uma ótima sacada. Entretanto, pareceu para mim feito "de qualquer jeito". O próprio Charles Manson real, sucumbiu aos 83 anos, na data de ontem; provavelmente contaram a ele sobre a caracterização que fizeram. Fora que a pegada assustadora desses líderes de seita (Jones, Manson) é que, acima de tudo, eles eram extremamente carismáticos, e por isso, tão perigosos e agregadores. Tudo o que o Kai NÃO É!
A cena dele sarrando a televisão, colocando chips no liquidificador e passando no rosto quando Trump ganhou... gente. Isso me lembrou mais meu primo palhaço reacinha do que qualquer um desses líderes perigosos e "carismáticos". Ainda que pessoas como Trump e Bolsonaro sejam de fato uns palhaços.
Personagem totalmente mal construído. AHS tem personagens tão legais, e até quando a gente percebe uma contradição ou outra, passa batido. Mas, dessa vez, não consegui conciliar as atitudes, personalidade e etc de Kai com o efeito que ele causava nos demais personagens. Só assisti inteira porque é AHS, e eu não podia fazer essa desfeita.
Me decepcionei/me preocupei bastante com várias coisas, e tendo em vista alguns comentários que li por aí, não fui a única. É visível que a série caiu de qualidade depois que os episódios foram feitos sem ter o livro do George Martin como base (ainda que passe pela supervisão dele, com certeza). Tirando alguma coisas, a série costuma ter uma qualidade impecável, na minha opinião. O desenvolvimento da história, a construção e transformação dos personagens, os acontecimentos surpreendentes, etc.
Nessa temporada, a temporalidade foi péssima: várias viagens aconteceram rapidamente, como se no mesmo dia até. Claro que a série tem que "agilizar" as coisas, mas o caminho é tão importante quanto o fim, e se até a sexta temporada eles conseguiram respeitar a temporalidade, por que apressar tudo agora? Parece algo feito "nas coxas"; na realidade, parece mesmo uma fanfic, como li em um texto. Sem desmerecer fanfics, mas tem aquele ar de amadorismo.
Não só pela temporalidade, mas também pelas cenas "massavéio": em geral, as temporadas tem a tradição, ainda que provavelmente não de propósito, de, no decorrer dos dez episódios (como de costume), acontecer algo terrível no episódio nove (vide Red Wedding, Purple Wedding, o "mar" de fogo vivo, etc., se não estou enganada, só para citar alguns). E isso acontecia somente no episódio nove, penúltimo, justamente porque para culminar em um determinado acontecimento, havia preparação - linda, calculista, com zelo, ou seja, um desenvolvimento com maestria. Falta muito desenvolvimento nessa sétima temporada.
E isso ocasionou um problema horrível, que foi o fato de que alguns personagens estavam meio "fora do personagem". O climão da Sansa/Arya foi o maior exemplo disso, mas foi justificado no último e maravilhoso episódio, que para mim salvou a série. Infelizmente, outras cenas parecidas não foram justificadas: acho que alguns diálogos da Dany e do Jon não condizem com o personagem.
Inclusive, esse é o quarto problema. Não que eu seja contra o casal (rs), mas pareceu mesmo que foi feito para agradar os fãs. Não a união, mas como se deu a coisa. Não foi desenvolvido de maneira condizente com a realidade/personalidade deles. Ficou tão piegas, mas TÃO PIEGAS, isso eu não esperava da série.
Por fim, o pior: essa temporada peca no famigerado roteiro. A melhor coisa da série para mim são as "saídas de mestre", os desenrolares surpreendentes, etc. Gente, me deu vergonha alheia essa ideia de capturar um White Walker e levar pra Cersei ver. Achei uma saída tão amadora que parecia piada. Um desperdício de tudo: tempo, dragão, gente, etc. Tanto a "captura", quanto levar pra Cersei ver. Achei isso imperdoável. Tenho ideia melhor? Não. Mas acho que poderia ser mil vezes melhor, pois até então não havia acontecido uma falha dessas. Achei uma mescla de tosco com absurdo.
Mas apesar disso, o último episódio realmente foi muito bom e compensou muita coisa, principalmente os últimos vinte minutos.
Principalmente a cena da morte do Little Finger né! Finalmente. Personagem muito bem feito. Incrível como que ele esteve por trás de tudo de ruim que aconteceu originalmente. Aliás, o momento da acusação dele foi a melhor! Vibrei demais.
Segue sendo uma das melhores séries que já vi, apesar de torcer que o nível suba novamente na próxima temporada (será a última, não?), afinal, merece muito ser fechada com chave de ouro.
Gosto muito do cinema surrealista, então de primeira não quis/tentei interpretar o filme como uma metáfora; assim, literal, já me ganhou, pois tem esse elemento que me lembrou uma mistura (maravilhosa) de dois diretores que gosto muito que são o David Lynch e o David Cronenberg: o cinema-sonho (pesadelo) delirante lynchiano e o cinema carnal do Crona, no sentido mais amplo, desde sangue, moedor de carne, faca elétrica até carnal no sentido dessa tensão sexual presente em todo o filme.
Me lembrou também um pouco de H.P Lovecraft (por motivos "tentaculares") com Kafka (pelo absurdo, sim, mas também pelo esvaziamento de sentido das coisas da vida, como trabalho, casamento, etc). E após ler os comentários aqui do pessoal explicando o filme como metáfora (divórcio, culpa, etc) gostei mais ainda dele.
As atuações são assombrosas, de início ao fim. Estou hipnotizada pela atuação da Isabelle Adjani. E por ela. Ela e seus olhos. E há nesse filme várias cenas que são no mínimo inesquecíveis.
A cena que o marido bate na Anna e ela ainda sai de casa com a boca/nariz sangrando, ele diz que seguirá ela e ela se vira e grita "DON'T EVEN TRY"; a clássica cena do metrô - sem nenhum artifício e realmente arrebatadora... Adjani estava realmente possuída - uma performance de total entrega; o sexo com a criatura... etc.
Timidamente, confesso que às vezes me soou como um grito convulsivo de liberdade contra a posse do marido - a "possessão" viria daí, pois afinal a personagem Anna rejeitou a "receita cultural": deixou o marido, traiu, deixou a casa, não limpou, não passou, até o filho foi esquecido. Pecados dos maiores, e vindo de uma mulher, inaceitável (ainda que seja compreensível ou no mínimo comum quando vem do homem). Engraçado é que a mulher durante os séculos, quando apresenta um comportamento fora do comum, veio sendo associada com bruxaria, possessão, etc... E a personagem ter "comprado" essa verdade, se entregado ao "mal", me lembrou um pouco The Witch (2016). Enfim, cada um com seus monstros ou sua meia social rosa...
Curiosa também as dualidades do filme: os "duplos" "perfeitos" de Anna e Mark; a fala da Anna sobre as irmãs Fé e Acaso. O Acaso, o Caos.... ser liderado pela vontade, pelo instinto, guiado pela animalidade, o inconsciente. A Fé, a Ordem, os papéis estabelecidos sendo cumpridos, como a Professora que dá banho, faz dormir, deita-se com Mark, não o questiona, não se entristece nem fica nervosa; entretanto, Anna diz: "O bem não é nada além do que uma espécie de reflexão sobre o mal". E, ainda que o filme chama-se "Possessão", ao invés de Diabo versus Deus, a dualidade presente relacionada a isso é o questionamento frequente sobre Deus (bem saramaguiano inclusive): ou ele não está nem aí, ou é o diabólico, um anjo da morte que paira às escadas no último suspiro aterrorizante do cachorro que morreu de velho...
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraO Homem de Palha meets Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos meets A Montanha Sagrada + drogas pesadas
tô é apaixonada
Corpo Elétrico
3.5 216Os diálogos cotidianos e muito naturais, porém extremamente bem sacados, me lembraram Tatuagem, do Hilton Lacerda. Foi ótimo ver o nome dele nos créditos finais entre os escritores que participaram da elaboração do filme!
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraTô sob efeito do filme! Não sei bem o que comentar (muito pra assimilar!), mas preciso "desabafar" (Filmow costuma me servir principalmente para esses momentos).
Obrigada Kleber Mendonça Filho! Você é genial!
1 - Só por ser um filme onde norteamericano assassino se ferra, já é maravilhoso. A "sementinha" poderosa, então, nem se fala.
2 - Adorei a sacada do disco voador/drone. A fantasia do disco voador era pra enganar o pobre-povo-do-interior caso fosse avistado, mas o cara já saca de primeira que é um drone... um tapão na cara até de quem tá assistindo.
Bacurau é um apelo, é resistência. É um baita filme poderoso, muito maior que o Oscar. É antimperialista até os ossos, sagaz, genuíno. Personagens cativantes, com dimensões.
Trilha sonora perfeita! Me encantei pela música "Réquiem Para Matraga", do Geraldo Vandré, que toca em dois momentos do filme (descobri que a música é uma referência a um conto do Guimarães Rosa, então compartilho esse fato com vocês. Preciso ir atrás agora!).
Me apaixonei pelo mistério, força e estilo do personagem Lunga. Chico Science já cantava: Banditismo por pura maldade. Banditismo por necessidade. Banditismo por uma questão de classe!
É a cara do Brasil. E recentemente li "As Veias Abertas da America Latina" do Eduardo Galeano e não pude deixar de pensar em toda essa questão colonizadora e inferiorização que a América Latina sofre.
Não passa disso, não me engana que eu sou sulamericano de Feira de Santana
Avisa o americano, eu não acredito no Obama
Revolucionário, Guevara conhece a liberdade sem olhar no dicionário
Sem olhar no dicionário, ele conhece a liberdade
Vamos que vamos, vou traçando vários planos
Vou seguir cantarolando pra poder contra-atacar
Nas veias abertas da América Latina
Tem fogo cruzado queimando nas esquinas
Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil
Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu
E não esqueçamos nunca: o museu e a escola são lugares seguros, lá estaremos armados até os dentes!
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal
3.3 584 Assista AgoraEu não acho que a intenção desse filme foi mostrar o lado brutal (como os documentários), e muito menos romantizar um serial killer. Aliás, eu não achei nada romantizado. A gente sabe desde o começo que ele é culpado, mesmo quando ele está sendo super charmoso. O absurdo é realmente a gente achar ele carismático, apesar de tudo. É essa a jogada. Fazer você duvidar de um fato há muito conhecido por você. Você até gosta dele. É o que a mídia fez na época, o que gerou em algumas meninas da época (que se "apaixonaram" por ele), é até mesmo o que o juiz parecia fazer (embora tenha sido ele que o condenou, parecia muito cordial, não?). Hoje em dia seria diferente? Será? Nas mídias sociais, enquanto uns iriam querer linchá-lo, outros fariam fã clube. Ainda mais nos dias de hoje, todo mundo iria querer advogar, iria ter gente venerando. Na época, ele conseguiu transformar tudo em um espetáculo. Beirava o ridículo. Narcisismo, carisma e ausência de arrependimento: eis um psicopata.
Por isso, pra mim, o objetivo do filme foi mostrar, sob a perspectiva da Liz (afinal, parece que foi baseada no livro que ela escreveu, né?), o convívio com um ser humano que ela se envolveu, se apaixonou e, como muitos psicopatas e serial killers, tinha uma vida aparentemente normal, parecendo um homem bom, talvez incapaz de cometer tais atrocidades. Tipo o John Wayne Gacy, o palhaço da vizinhança, aparentemente uma pessoa tranquila. Como na música do Sufjan Stevens sobre o Gacy: "The neighbors they adored him for his humor and his conversation". O filme não perdoa, nem suaviza. A sacada do serial killer não é a perversão. Isso estamos carecas e sádicos de saber em detalhes pavorosos. É através do fato de mostrar ele como um ser humano "normal" e "simpático" a primeira vista que torna tudo muito macabro...
Como muitos serial killers, ele não faz o estereótipo de assassino com cara de louco, desgranhado. E arrisco dizer que muitos "estranharam" o filme porque esperavam sentir asco, ódio, e não uma espécie de pena. Esperávamos até ficar horrizados com os crimes que já sabemos de cor e salteado (e a gente de certa forma gosta de saber do terrível, não?! Somos sádicos pra caramba...). Sentir empatia é algo completamente saudável, graças a Jah. E se sentimos pena é porque nos identificamos de alguma forma, vimos semelhança nele como ser humano. No lado bom, no lado normal. E tá tudo bem. É justamente isso que nos torna diferente de pessoas como o Ted Bundy, e que torna pessoas como o Ted Bundy tão terríveis. O que não suaviza de forma alguma a aberração, a maldade e a crueldade dele. Mais uma vez citando a música do Sufjan Stevens sobre o John Wayne Gacy: "And in my best behavior I am really just like him".
O Beijo da Mulher-Aranha
3.9 256 Assista AgoraAmei o Gomez Addams comunista!
A Noite do Espantalho
4.0 27Gostei muito da estética!
Também me lembrou o surrealismo de Jodorowsky, naquela atmosfera ritualística, e tem até um quê de sonho-pesadelo do tcheco Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos (1970), que gosto muito.
Mágica e maravilhosa a presença espalhafatosa e barulhenta do Alceu Valença de espantalho.
Psicodelia nordestina da melhor qualidade!
Amei a mulher dragão com as tetas de fora.
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraPoderia ser melhor, mas é despretensioso e encantador a sua maneira.
O Slater é o melhor personagem, sem dúvida, e a trilha sonora vale a pena!
A Navalha na Carne
3.9 34Diálogos pesados e memoráveis... ótima direção e atuações!
Senti um ar de "Uma Rua Chamada Pecado".
Já tinha interesse, e agora fiquei com mais vontade ainda de ler Plínio Marcos.
Botinada
4.2 102Registro importante de um estilo de música, de vestir e de vida (nada disso ou tudo isso!) que fez sua história à brasileira também, num período conturbado e repressivo do nosso país, cuja insatisfação e indignação que só podiam ser traduzidos através do lixo e da fúria (referenciando outro documentário incrível sobre o punk).
Maravilhoso! Simples, direto ao ponto, sem firulas, sem consenso algum, violento, sujão... um documentário punk as fuck!
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KPetra já havia me conquistado com seu olhar sensível e delicado em Elena (2012). Com Democracia em Vertigem, então, foi impossível conter o choro. Em tempos de fragilidade e esquecimento (que acompanha o Brasil desde o não-tão-esplêndido berço), um olhar corajoso, multifacetado e cheio de memória só poderia vir de uma mulher. E que bela narrativa: costurar sua história com a nossa história só deixou tudo mais poético. Em tempos velozes como os nossos, um registro tão bonito se faz necessário para digerir tudo o que estamos vivendo. Ficará para a história.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraRoma é Amor, mesmo que de trás pra frente.
Mesmo sem estrutura, sem estantes (o que importa são os livros, mesmo).
Um bom começo é arrumar um carro que realmente caiba na sua garagem.
The Sunshine Makers
3.9 11Sensacional!
Que pena que o projeto de "acender o mundo" não deu certo.
Realmente o ácido ajuda, mas vai da vontade de dentro também... é a parte mais difícil. Nesse caso, Scully foi para um caminho maravilhoso também, estudando sobre meditação e suas reações semelhantes ao psicodélico. A combinação desses dois caminhos, junto com a consciência de classe, talvez seja a faísca necessária para acender o mundo, afinal de contas!
Estamos presenciando a volta do estudo dos psicodélicos, calado na Ciência e deslegitimado/demonizado por 50 anos. Espero que um dia esse potencial possa ser mais explorado.
Toda minha admiração aos pioneiros da contracultura e os elementos que implicam nela. Todo meu respeito e admiração pelos guerreiros psicodélicos, é preciso coragem mesmo!
Enquanto isso, cá estou, cá estamos fazendo parte de uma centelha, uma pequena fagulha, que quem sabe um dia se torne uma grande fogueira planetária!
Trama Fantasma
3.7 804 Assista AgoraP. T. Anderson tem uma forma única e minuciosa de desenvolver as tramas de seus filmes. Assim foi com Sangue Negro e O Mestre (este último, meu preferido, junto com Magnólia, mas acho que Trama Fantasma segue mais o estilo dos outros dois). É com sutileza, como mensagens miúdas bordadas por dentro da barra de um vestido, que a Coisa é relevada. Mas Coisa é presente a todo momento, ainda que sua presença seja fantasmagórica. E você vai encaixando, vai costurando as partes. A Coisa pode não ser falada, mas é revelada através da atuação de Vicky Krieps (com seus olhos bondosos) e da atuação (sempre) impecável do Day-Lewis .
Aliás, eu realmente espero que Day-Lewis não encerre sua carreira aqui, como vem sendo anunciado. Acho que uma vez eu li (acredito que devo ter lido, embora eu concorde com cada palavra, não lembro de ter pensado nisso sozinha, mas infelizmente não consigo lembrar onde li) algo assim: que ainda que sejam dois dos melhores atores da atualidade, P.T. Anderson conseguiu extrair o melhor de Day-Lewis e Joaquin Phoenix quando os dirigiu, mas que a diferença crucial no modo de atuar é bem marcante: Phoenix deixa-se dominar pelo personagem (de O Mestre), é possuído, é uma atuação "irracional", pura e primitiva, por isso perfeita, enquanto a atuação do Day-Lewis é o maior exemplo de ator controlando um personagem, ator possuindo o personagem, dominando cada esgar, uma atuação "cerebral", por isso perfeita também.
Trama Fantasma matou minha saudade dessa atuação cerebral do Day-Lewis, extraída da melhor forma possível por P. T. Anderson (ainda que eu ache que este filme não supera alguns dos anteriores do mesmo diretor); confesso que ainda não vi Vício Inerente (por algum motivo não me senti muito empolgada), mas meu maior desejo seria ver Phoenix dirigido mais vezes por este cara, dando ao máximo sua atuação "irracional"!
Voltando rapidamente ao enredo (sim, uso o Filmow como desabafo!), me lembrou algo meio Machado de Assis: "alta sociedade" e seus problemas, os poucos fatos, "narração" objetiva e crua, os personagens complexos psicologicamente, até mesmo a personagem feminina, seu crescimento e sua relação com o protagonista. Até mesmo o "detalhe" chocante da trama lembra muito um dos contos de Machado.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraFilmão! Pesado, mas divertido. Atuações muito boas, e o que falar desta trilha sonora com Heart, Fleetwood Mac e Iggy Pop por Siouxsie?
Me agradou mais do que alguns dos que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme.
A Forma da Água
3.9 2,7KAmelie Poulain meeting Anna de Possessão (1981) do Zulawski: algo que só Del Toro poderia fazer. Brincadeiras a parte, uma bela combinação do sublime e grotesco (a própria criatura é assim, é deus e é monstro), dá aquela sensação de pureza e leveza do amor, misturada com o peso da solidão e da água num profundo mergulho... Lindíssimo! ♥
A Visita
3.3 1,6K Assista AgoraEu juro que amei. Ainda que a perspectiva da câmera esteja meio esgotada (muitos filmes de terror recentemente vem explorando exaustivamente este recurso), achei tenso, mas engraçado em algumas cenas - o que me surpreendeu -, os personagens são todos cativantes de algum modo, e tem umas cenas realmente horripilantes, na minha opinião!
E sem apelar para o barulho, tipo grito, baque, como em muitos filmes de susto pré fabricado (ainda que, claro, os sustos nos filmes de terror sejam intencionados). Para mim, Shyamalan acertou... assustou e divertiu. E tem aquele desfecho revelador e maluco bem digno do cara.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraApesar de ainda preferir The Lobster - que entrou na minha lista de favoritos -, este tem ares bem "familiares" com ótimo Dente Canino, e aqui Yorgos continua se consagrando e se reinventando. A estranheza, incômodo e o humor singular são marcas registradas do cara, e eu adoro isso. Longa vida a ele!
Não é surpresa ver nos comentários aqui que o filme faz alusões as tragédias gregas, mas sabe, eu só pensei em referências bíblicas.
Além do poder dos médicos de "playing god", há algumas coisas que notei, mas podem ser viagem: quando a Anna beija os pés de Martin, como Maria Madalena; o fato do Martin poder fazer, quando bem quisesse, os paralíticos andarem ("o milagre de Cafarnaum", valeu Google), quando o Bob "chora" sangue; e, por fim, desde o título, já que animais são comuns na bíblia como oferenda, até mesmo o próprio Jesus, que serve de sacrifício para expiar os pecados (o filho de Deus = o filho daquele que brincou de Deus na sala de cirurgia?), o que me lembrou bastante "A um carneiro morto", do Augusto dos Anjos...
...mas enfim, acho que é porque assisti Mother do Aronofsky recentemente.
Terminei o filme e percebi que eu estava me comportando de maneira robótica e monotona na fala! rs E que título lindo!
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraLindo! Mais um "extraordinário" acerto do querido Stephen Chbosky. ♥
Jack Will é a cópia mirim do Seth do The O.C. ou é impressão minha?
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraAntes de ler comentários aqui explicando as metáforas (que confesso que não peguei! e olha que amo/sou alegorias, ainda mais bíblicas, deste cunho), eu havia interpretado como um drama/thriller psicológico - mais próximo de Black Swan -, uma coisa mais microcósmica, ou, no máximo, numa alusão ao masculino e o feminino, e seus papeis distribuídos em nossa sociedade (quando nossa interpretação é reflexo do nosso estudo né!): masculino protagonista, egocêntrico, o intelecto, enquanto o feminino (mãe) é a intuição, cuida, acode, limpa, arruma, engole tudo passiva. Apesar disso, muita coisa eu ainda não havia interpretado (o primeiro visitante passando mal e tal), e já havia gostado do filme, mas ler os comentários me fez achar ainda melhor, genial, e gigante.
Talvez tenha a delicadeza do Terrence Malick, com uma pegada do peso do Lars von Trier, mas definitivamente é um belíssimo e forte filme do Aronofsky.
Mindhunter (1ª Temporada)
4.4 804 Assista AgoraSó agora que vi que um dos diretores é o David Fincher. Que legal! Não é à toa que a série é maravilhosa, então! Fazia um tempo que uma série nova não me fazia ficar tão encantada. Houve uma época que eu lia muito sobre os serial killers mais famosos, gosto de filmes e séries que tratam disso, mas nunca pensei na "origem" dos estudos sobre o tema! Parece claro quando os estudos estão "prontos" para nós, mas como é complexa a ideia de existir pessoas que matam compulsivamente, ainda que não sejam "insanas". E como é complexa também a nossa própria reação quando ficamos sabendo de tudo que a maioria deles passou. Interpretações magníficas, e gostei muito da ambientação dos anos 70!
O protagonista também, maior weirdo, mas ficou cretino lá pro fim, né. É o que o bigodudo falou: Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
E que histórias (tanto a vida, quanto os crimes) tensas dos entrevistados. Repito o que a moça disse lá num comentário abaixo: senti MEDO do Ed Kemper, e também não me lembro qual a última vez que senti isso! O fato dele ser tão cordial e até agradável, em certa altura, deixou tudo mais pavoroso. Ansiosa para a próxima temporada. Run, run, run, run, run, run, run awaaaaaay
American Horror Story: Cult (7ª Temporada)
3.6 483 Assista AgoraPara mim, a pior temporada de todas. Nunca me imaginei dando menos que 4 estrelas para essa série. Roteiro horrível, constrangedor. E sem aquela "essência de AHS". Me surpreende a quantidade de pessoas que gostaram.
O tema (fascismo em ascensão, e tudo que vem relacionado a isso, como patriotismo, misoginia, etc) seria uma boa sacada, mas acho que foi tão mal desenvolvido que prestou mais um desserviço do que uma crítica a atual situação.
Fiquei pensando que um fascista assistindo isso ficaria menos ofendido pela caracterização (afinal, o Kai a todo momento é mostrado como carismático e "mito", coisa que ele não é) e mais feliz, já que a todo momento podemos ver as minorias voltando contra si mesmas, totalmente sem criticidade, vomitando chavões, estereótipos, etc.
Como a Winter no primeiro episódio, que foi praticamente a anunciação de um desastre que foi essa temporada. Ela diz no telefone com a amiga: "Trump ganhou. E se eu engravidar agora? Onde irei abortar?". Ou então as feministas na fila da votação: passa um cara pedindo silêncio e elas gritam que vão destruir o patriarcado. Juro que para mim, que sou feminista, foi embaraçoso, cringing, de verdade. Se eu não conhecesse os criadores e a própria série, que sempre mostrou representatividade, iria achar que estavam zoando com a cara do pessoal que luta pelas causas sociais. E ainda tem gente que achou a série ativista demais? Não que eu ache que eles tenham a obrigação de fazer uma temporada ativista, propagandológica, ficaria piegas se a mensagem fosse explícita. Mas vou ser sincera e dizer que achei forçadíssimo e até prejudicial esse papo de "liberar a fúria feminina", "matar vários homens". Houve mais empoderamento em Coven, por exemplo, sem dúvidas.
A melhor parte (ainda que mal executada, na minha opinião) foi o contraponto de tais líderes conservadores (Trump, Bolsonaro, simbolizados na figura de Kai) com as histórias reais, de outras épocas (coisa típico de outras temporadas de AHS e, para mim, um charme). Nomes como Jim Jones, Charles Manson... uma ótima sacada. Entretanto, pareceu para mim feito "de qualquer jeito". O próprio Charles Manson real, sucumbiu aos 83 anos, na data de ontem; provavelmente contaram a ele sobre a caracterização que fizeram. Fora que a pegada assustadora desses líderes de seita (Jones, Manson) é que, acima de tudo, eles eram extremamente carismáticos, e por isso, tão perigosos e agregadores. Tudo o que o Kai NÃO É!
A cena dele sarrando a televisão, colocando chips no liquidificador e passando no rosto quando Trump ganhou... gente. Isso me lembrou mais meu primo palhaço reacinha do que qualquer um desses líderes perigosos e "carismáticos". Ainda que pessoas como Trump e Bolsonaro sejam de fato uns palhaços.
Personagem totalmente mal construído. AHS tem personagens tão legais, e até quando a gente percebe uma contradição ou outra, passa batido. Mas, dessa vez, não consegui conciliar as atitudes, personalidade e etc de Kai com o efeito que ele causava nos demais personagens. Só assisti inteira porque é AHS, e eu não podia fazer essa desfeita.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraEpisódio 16 foi um dos melhores da temporada! ♥
Que saudade desse jeitinho do bom Cooper!
E ameeei a participação do Eddie Vedder! <3
Game of Thrones (7ª Temporada)
4.1 1,2K Assista AgoraA temporada "menos legal", sem sombra de dúvida.
Me decepcionei/me preocupei bastante com várias coisas, e tendo em vista alguns comentários que li por aí, não fui a única. É visível que a série caiu de qualidade depois que os episódios foram feitos sem ter o livro do George Martin como base (ainda que passe pela supervisão dele, com certeza). Tirando alguma coisas, a série costuma ter uma qualidade impecável, na minha opinião. O desenvolvimento da história, a construção e transformação dos personagens, os acontecimentos surpreendentes, etc.
Nessa temporada, a temporalidade foi péssima: várias viagens aconteceram rapidamente, como se no mesmo dia até. Claro que a série tem que "agilizar" as coisas, mas o caminho é tão importante quanto o fim, e se até a sexta temporada eles conseguiram respeitar a temporalidade, por que apressar tudo agora? Parece algo feito "nas coxas"; na realidade, parece mesmo uma fanfic, como li em um texto. Sem desmerecer fanfics, mas tem aquele ar de amadorismo.
Não só pela temporalidade, mas também pelas cenas "massavéio": em geral, as temporadas tem a tradição, ainda que provavelmente não de propósito, de, no decorrer dos dez episódios (como de costume), acontecer algo terrível no episódio nove (vide Red Wedding, Purple Wedding, o "mar" de fogo vivo, etc., se não estou enganada, só para citar alguns). E isso acontecia somente no episódio nove, penúltimo, justamente porque para culminar em um determinado acontecimento, havia preparação - linda, calculista, com zelo, ou seja, um desenvolvimento com maestria. Falta muito desenvolvimento nessa sétima temporada.
E isso ocasionou um problema horrível, que foi o fato de que alguns personagens estavam meio "fora do personagem". O climão da Sansa/Arya foi o maior exemplo disso, mas foi justificado no último e maravilhoso episódio, que para mim salvou a série. Infelizmente, outras cenas parecidas não foram justificadas: acho que alguns diálogos da Dany e do Jon não condizem com o personagem.
Inclusive, esse é o quarto problema. Não que eu seja contra o casal (rs), mas pareceu mesmo que foi feito para agradar os fãs. Não a união, mas como se deu a coisa. Não foi desenvolvido de maneira condizente com a realidade/personalidade deles. Ficou tão piegas, mas TÃO PIEGAS, isso eu não esperava da série.
Por fim, o pior: essa temporada peca no famigerado roteiro. A melhor coisa da série para mim são as "saídas de mestre", os desenrolares surpreendentes, etc. Gente, me deu vergonha alheia essa ideia de capturar um White Walker e levar pra Cersei ver. Achei uma saída tão amadora que parecia piada. Um desperdício de tudo: tempo, dragão, gente, etc. Tanto a "captura", quanto levar pra Cersei ver. Achei isso imperdoável. Tenho ideia melhor? Não. Mas acho que poderia ser mil vezes melhor, pois até então não havia acontecido uma falha dessas. Achei uma mescla de tosco com absurdo.
Mas apesar disso, o último episódio realmente foi muito bom e compensou muita coisa, principalmente os últimos vinte minutos.
Principalmente a cena da morte do Little Finger né! Finalmente. Personagem muito bem feito. Incrível como que ele esteve por trás de tudo de ruim que aconteceu originalmente. Aliás, o momento da acusação dele foi a melhor! Vibrei demais.
Segue sendo uma das melhores séries que já vi, apesar de torcer que o nível suba novamente na próxima temporada (será a última, não?), afinal, merece muito ser fechada com chave de ouro.
Possessão
3.9 589Gosto muito do cinema surrealista, então de primeira não quis/tentei interpretar o filme como uma metáfora; assim, literal, já me ganhou, pois tem esse elemento que me lembrou uma mistura (maravilhosa) de dois diretores que gosto muito que são o David Lynch e o David Cronenberg: o cinema-sonho (pesadelo) delirante lynchiano e o cinema carnal do Crona, no sentido mais amplo, desde sangue, moedor de carne, faca elétrica até carnal no sentido dessa tensão sexual presente em todo o filme.
Me lembrou também um pouco de H.P Lovecraft (por motivos "tentaculares") com Kafka (pelo absurdo, sim, mas também pelo esvaziamento de sentido das coisas da vida, como trabalho, casamento, etc). E após ler os comentários aqui do pessoal explicando o filme como metáfora (divórcio, culpa, etc) gostei mais ainda dele.
As atuações são assombrosas, de início ao fim. Estou hipnotizada pela atuação da Isabelle Adjani. E por ela. Ela e seus olhos. E há nesse filme várias cenas que são no mínimo inesquecíveis.
A cena que o marido bate na Anna e ela ainda sai de casa com a boca/nariz sangrando, ele diz que seguirá ela e ela se vira e grita "DON'T EVEN TRY"; a clássica cena do metrô - sem nenhum artifício e realmente arrebatadora... Adjani estava realmente possuída - uma performance de total entrega; o sexo com a criatura... etc.
Timidamente, confesso que às vezes me soou como um grito convulsivo de liberdade contra a posse do marido - a "possessão" viria daí, pois afinal a personagem Anna rejeitou a "receita cultural": deixou o marido, traiu, deixou a casa, não limpou, não passou, até o filho foi esquecido. Pecados dos maiores, e vindo de uma mulher, inaceitável (ainda que seja compreensível ou no mínimo comum quando vem do homem). Engraçado é que a mulher durante os séculos, quando apresenta um comportamento fora do comum, veio sendo associada com bruxaria, possessão, etc... E a personagem ter "comprado" essa verdade, se entregado ao "mal", me lembrou um pouco The Witch (2016). Enfim, cada um com seus monstros ou sua meia social rosa...
Curiosa também as dualidades do filme: os "duplos" "perfeitos" de Anna e Mark; a fala da Anna sobre as irmãs Fé e Acaso. O Acaso, o Caos.... ser liderado pela vontade, pelo instinto, guiado pela animalidade, o inconsciente. A Fé, a Ordem, os papéis estabelecidos sendo cumpridos, como a Professora que dá banho, faz dormir, deita-se com Mark, não o questiona, não se entristece nem fica nervosa; entretanto, Anna diz: "O bem não é nada além do que uma espécie de reflexão sobre o mal". E, ainda que o filme chama-se "Possessão", ao invés de Diabo versus Deus, a dualidade presente relacionada a isso é o questionamento frequente sobre Deus (bem saramaguiano inclusive): ou ele não está nem aí, ou é o diabólico, um anjo da morte que paira às escadas no último suspiro aterrorizante do cachorro que morreu de velho...