Filme nacional que estreia nesta quinta (7) nos cinemas tinha tudo para dar certo, porém tropeça ao incorrer em uma série de equívocos que vão da desinformação à transfobia. Listamos 10 erros grosseiros do filme; confira!
O novo longa dirigido por Glauber Filho, o mesmo diretor de “Bezerra de Menezes” e “As mães de Chico Xavier”, mantém o pé na espiritualidade e embora seja bem intencionado, comete graves erros em sua execução. Aos quais iremos nos aprofundar mais pra frente.
Na trama, Sandro é um conquistador cheio de preconceitos, que sofre um ataque de coração em plena noite de Réveillon. Para escapar da morte, precisa de um transplante de urgência. E a salvação vem de onde ele menos espera. Isadora, travesti dona de um salão de beleza da periferia, é vítima de um acidente e se torna a doadora do coração de Sandro. Após o transplante, Isadora, em espírito, passa a seguir os passos do publicitário. Enquanto isso, Sandro começa a perceber mudanças de comportamento e passa a enxergar o mundo de uma maneira diferente.
Uma vez estabelecida essa grande ironia onde um cara machista e homofóbico recebe uma segunda chance graças ao coração de uma travesti, o filme da a entender que teremos pela frente uma história maravilhosa de desconstrução de preconceito, porém não é exatamente isso que o público encontra. Pelo contrário, a comédia acaba reforçando uma série de esteriótipos negativos das travestis.
São tantos equívocos, que resolvemos listar 10 erros grosseiros de “Bate Coração”; confira:
1- Atores cis interpretam travestis
Fica nítido ao ver o filme, que não houve uma preocupação em ouvir as travestis e procurar saber o que as ofende ao serem representadas. Se houvessem travestis com poder de fala envolvidas no projeto, certamente o filme não cometeria tantas gafes que reforçam o preconceito que essa população já sofre.
2 – Confusão entre homofobia e transfobia
Momentos antes de sofrer o acidente que irá culminar em sua morte, a personagem Isadora se vê envolvida em um ataque onde dois motoqueiros intimidam duas travestis. Na cena, ela grita “Homofóbicos!”, contudo se eram travestis sendo atacas, o correto seria usar o termo “Transfobicos”. Parece bobagem, mas essas nomenclaturas importam para não invisibilizar o seguimento das travestis e transexuais que são as mais visadas quando o assunto é agressão e assassinatos motivados por LGBTfobia.
3 – Reforço do esteriótipo de promiscuidade e safadeza
Após o transplante, o espírito de Isadora passa a acompanhar Sandro e na sequência é criada uma cena onde o transplantado esta tomando banho enquanto a travesti assiste o “boy magia” em seu momento íntimo. Reforçando a ideia de que travesti é um ser estritamente sexualizado e comprometendo a mensagem principal do filme de quebrar com o preconceito. Se de um lado a comédia mostra a importância da doação de órgãos, do outro lado ela cria uma situação para que os homens que possuem a sua masculinidade frágil queiram recusar o coração de travestis e homossexuais. Afinal, já pensou que horrível ter o dono do coração que você herdou te assistindo durante o banho?
4 – Afetação como alívio cômico
Ao receber o coração da travesti, o personagem de Sandro passa a sofrer influência e apresentar uma série de comportamentos atípicos: como achar homem gostoso, assistir novela, comédia romântica, reparar no cabelo e nas roupas das mulheres e chega ao extremo de passar batom em sua própria boca. Cena esta que é concluída com os figurantes rindo ao fundo como se ser ou estar afeminado fosse motivo de riso. Infelizmente a influência de Isadora fica limitada aos trejeitos e gostos do personagem, numa camada tão superficial que não chega a contribuir para que ele mude a sua visão de mundo.
5 – Asco ao beijo em travesti
Sandro tem um sonho onde é beijado por Isadora. Ao acordar ele coloca a língua pra fora como se fosse vomitar, reagindo com nojo a ideia de beijar uma travesti. Detalhe: essa cena acontece no terceiro ato do filme, quando o personagem já deveria estar desconstruindo de seus preconceitos. Na prática, o que faz o personagem tomar uma nova postura de vida, não tem nada a ver com a travesti, e sim com a interferência de uma criança cis que precisa de um novo coração. Ou seja, da travesti o personagem pegou os trejeitos cômicos, mas foi só com a criança que ele aprendeu algo de valor.
6 – O Não reconhecimento da travesti como mulher
Uma das cenas mais bizarras do filme, é o momento onde uma criança que consegue enxergar o espírito de Isadora conversa com Sandro. A criança reconhece a figura de Isadora como mulher, inclusive à confunde como namorada de Sandro. Ao perceber que a guria consegue enxergar o espírito, Sandro pergunta: “Mas é homem ou mulher?”. E a resposta de Isadora não poderia ser pior: ela faz com a mão o gesto de “mais ou menos”, como se não fosse nem homem e nem mulher, ou meio homem e meio mulher. Prestando assim um grande desserviço para as travestis e transexuais da vida real que lutam diariamente para serem reconhecidas como mulheres pela sociedade.
7 – A “montagem” da trans
Isadora acorda toda produzida e se surpreende soltando o comentário “Acordei montada”., se referindo ao fato de já estar maquiada. Contudo é importante salientar que travesti e mulher trans são mulheres 24hs por dia, elas não se “montam” como se fosse uma fantasia. Quem se monta e se desmonta é drag queen, que faz isso como forma de arte, que é totalmente diferente de identidade de gênero. Logo, a expressão “montada” poderia ter sido evitado para evitar confusão desnecessária.
8 – Travestis como associação negativa
O melhor amigo de Sandro também é a personificação do hétero escroto e em determinado momento do filme duas travesti resolvem se vingar dele invadindo o trabalho do rapaz e produzindo gemidos para que todos que estivessem do lado de fora da sala pudessem pensar que ele estaria fazendo sexo com elas. “Viemos aqui para acabar com a sua reputação”, diz a travesti antes de emitir os gemidos. Após chantagearem o rapaz e conseguirem o que queriam, elas começam a sair da sala, mas não sem antes ouvir do hétero “saiam com discrição”. Reforçando uma ideia errada de que se relacionar com travesti é algo vergonhoso e digno de ser escondido.
9 – Confusão entre identidade de gênero e orientação sexual
O filme não deixa claro a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual. Gerando muita desinformação sobre o assunto que eles optaram por se apropriar.
10 – Machismo
Como se não bastasse as gafes com a comunidade LGBT, o filme também incorre em machismo. Em uma das cenas duas médicas conversam sobre o bonitão transplantado:
– Conheço muito bem o tipo, é o Don Juan metido a garanhão – Isso é mesmo, não tem jeito, a gente tenta, mas a gente gosta de um cafajeste sincero.
E corta para outra cena qualquer, sem nenhum tipo de oposição a ideia retrógrada de que mulher gosta mesmo é de homem cafajeste.
Em meio a tantos equívocos que colaboram para o reforço do preconceito e a desinformação, fica o questionamento de como uma obra como essa conseguiu ser aprovada pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema).
Enquanto as travestis são usadas como alívio cômico por atores e diretores cis, o homem que matou uma travesti e arrancou o seu coração foi absolvido. Poderia ter sido uma história incrível, mas infelizmente foi apenas um grande desserviço que beira a irresponsabilidade. A gente espera que essa crítica chegue aos envolvidos no projeto (que não são poucos) e torce para que eles leiam os apontamentos feitos de peito aberto e que busquem evoluir com eles. Porque um trabalho como esse que poderia contribuir para a quebra do preconceito, apenas colabora para a perpetuação do mesmo. Um erro rude que poderia ter sido evitado se eles estudassem mais sobre o tipo de personagem que eles se dispuseram a trabalhar.
Chega aos cinemas do Brasil mais um capitulo do fenômeno mundial Jogos Vorazes. Com a polêmica divisão do filme em duas partes, “A Esperança – Parte I” tinha tudo para ser aquele filme arrastado do tipo que o povo enche de lingüiça pra sobrar alguma cena decente para a parte II. Mas a boa notícia é que o filme não chega a ser monótono e surpreende por mostrar o melhor momento de Jennifer Lawrence no papel da personagem Katniss Everdeen.
Se nos dois primeiros filmes a ação predomina por conta dos Jogos Vorazes, neste filme onde não existe jogos o que predomina é o drama, dando assim a abertura necessária para que a atriz Jennifer Lawrence sambasse na cara da sociedade com uma atuação digna de alguém que já ganhou um Oscar.
Aliás, este é um dos grandes diferencias dessa franquia. Pense por um momento nos protagonistas de Harry Potter (Harry), Crepúsculo (Bella) e O Senhor do Anéis (Frodo), por mais carismáticos que alguns pudessem ser (leia-se: estou excluindo a Bella), eles tinham pouca ou quase nenhuma expressão.
Em “A Esperança” temos menos confronto físico e mais confronto psicológico, o que torna o filme mais maduro e menos “Missão Impossível”. Encontramos Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) no Distrito 13, após ela literalmente destruir os jogos para sempre. Sob a liderança da Presidente Coin (Julianne Moore) e o aconselhamento de seus amigos, Katniss mais uma vez abre suas asas para salvar Peeta (Josh Hutcherson) e uma nação movida por sua coragem.
Existem muitos pontos altos nessa história adaptada, tais como os efeitos especiais, a direção de arte, a trilha sonora (Tem “Lorde” ao subir dos créditos! Isso quer dizer que ela pode concorrer ao Oscar na categoria melhor canção ) e a produção que é grandiosa. Destaque para os cenários pós apocalíptico que impressionam com suas ruínas repletas cinzas e esqueletos.
Mas o que mais se destaca em “A Esperança – Parte I”, é a própria história, que faz uma analogia crítica ao modelo da nossa sociedade que sucumbe frente às exigências de um sistema capitalista, sistema este que visa apenas o próprio interesse e o poder acima de qualquer coisa.
Dessa vez mais do que assimilar o sistema e colocá-lo em crise, Katniss irá usar das próprias ferramentas dominadoras do sistema (TV e Publicidade) para lutar contra o mesmo. Impossível não associar a história da revolução do filme (salva as suas devidas proporções), com os protestos que tivemos aqui no Brasil ano passado. Pena que não tivemos um “Tordo” para dar seqüência e inspirar a tal revolução na época. [...]
Como estou escrevendo a crítica dedicado a não soltar muitos spoiler´s, vou dizer apenas que existem cenas choráveis (a que segue após o bombardeio de um hospital <3) e cenas cômicas também, a maioria advindas dos tutores de Katniss que garantem a leveza do filme.
Precisava dividir o filme em duas partes? Não, não precisavam... Só queriam tirar mais dinheiro da galera mesmo.
O filme é ruim por conta disso? Não, não é, vai tranqüilo que você vai gostar. Aliás, é o melhor dos 3 já lançados.
Agora de tudo o que mais incomoda no filme, foi o final que eles escolheram. Se eles tivessem parado 10 minutos antes, na cena em que Katness e Peeta se reencontram seria simplesmente genial. (Haja vista o que se segue deste reencontro).
Mas não, resolveram continuar e explicar uma cena mega intrigante ao invés de deixar o povo voltar curioso pra casa imaginando ou até mesmo pesquisando o que segue daquela cena “WTF?!”.
De qualquer forma, “A Esperança – Parte I” corresponde às expectativas e consegue deixar nós reles mortais curiosos para ver o grande desfecho.
Vou terminar a crítica com uma frase do próprio filme, porque achei digna de reflexão: “São as coisas que mais amamos que nos destroem”.
Nolan mais uma vez mostra porque é um dos melhores diretores da atualidade dando um nó na cabeça do telespectador.
Chega hoje aos cinemas “Interestelar”, o mais novo filme do diretor Christopher Nolan, famoso por dirigir a “trilogia Batman” e filmes como “Amnésia” e “A Origem”, Nolan se destaca por ter uma carreira curta, porém muito expressiva, conseguindo aplicar ideias conceituais em filmes que também agradam o grande público. É o tipo de diretor que agente pode dizer que agrada a gregos e troianos, e isso se deve as várias camadas que seus filmes costumam ter.
Em Interestelar não é diferente, mas a coisa mais importante que você precisa saber sobre Interestelar é: quanto menos você souber sobre a história melhor. A grande sacada deste filme esta em seu roteiro e na edição, é o tipo de filme que você termina de ver com vontade de ver de novo justamente para pegar os detalhes que talvez você não tenha reparado na primeira vez .
De qualquer forma, segue a sinopse comentada da trama para você não chegar tão perdido no cinema: Interestelar se passa em um futuro em que a Terra se torna um lugar inabitável. Destaque para a construção dessa atmosfera, repleta de suspense que muito se assemelha aos filmes de M. Night Shyamalan (O sexto sentido, Sinais, A Vila). Aliás o que não falta no filme são boas referências, que vão desde Kubrick (2001 uma Odisséia no Espaço) à Spilberg (pela forma como o diretor trabalha com a luz).
Com a promessa de encontrar um jeito de solucionar o problema, um grupo de exploradores descobrem um buraco negro capaz de proporcionar viagens pelo espaço e pelo tempo, além de outras dimensões, com a qual os humanos nunca tinham sonhado. Junto desses exploradores está Cooper (Matthew McConaughey), o grande vencedor do Oscar do ano passado que deu vida ao cowboy homofóbico em “Clube de compras Dallas” agora faz um ex-piloto que precisa deixar sua família para seguir rumo ao espaço.
Poderia ser apenas mais uma ficção cientifica que nos enche os olhos com belas imagens e nos entretém com uma história mirabolante, mas o filme vai muito além disso quando explora a relação entre pai e filha e consegue emocionar o público (leia-se: eu chorei vendo o filme) quando adicionam em meio a essa relação a questão da viagem no tempo. É de fazer o público parar e pensar: “O que eu tenho feito mesmo com o meu tempo?”.
Matthew McConaughey brilha mais uma vez e consegue dar as nuâncias que o seu personagem precisa, é uma boa atuação e talvez ele possa sim ser lembrado no Oscar por ela. Já Anne Hathaway (vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em (Os Miseráveis), esta um tanto quanto inexpressiva na trama e funciona mais para levantar as bolas que McConaughey irá cortar.
Além de nos deixar tensos e no emocionar, o filme reserva espaço para risadas, a maior parte advindas dos diálogos entre o personagem de Matthew McConaughey e o robô TARS, que consegue ter um carisma acima do normal para um robô. Os diálogo sobre os dois embora engraçados, são profundos e remetem aos limites existentes entre o homem e a máquina.
Nome certo no Oscar 2015, Interestelar terá fortes chances na categorias técnicas, são elas: melhor edição, melhor mixagem de som, efeitos especiais, direção de arte, fotografia e trilha sonora (aliás Hans Zimmer, estava muito inspirado quando fez essa trilha sonora, que de tão presente no filme acaba quase sendo um personagem da história). É claro que todas essas indicações, se tratam apenas de um palpite deste que vos escreve.
O filme ainda conta com a excelente atuação dabela Jessica Chastain (Hitórias cruzadas / A Hora mais Escura) que faz o papel da filha do piloto na fase adulta e da participação especial do vencedor do Oscar Matt Damon (Gênio Indomável) que aparece no meio da trama para por um tempero especial na história.
Vai soar piegas, mas não deixa de ser verdade: Interestelar é um filme que agrada os olhos, preenche o cérebro e de quebra ainda mexe com as nossas emoções. É o tipo de filme imperdível, tanto para quem gosta de filmes com explosões e efeitos especiais, quanto para quem curte um filme mais cabeça.
PS: Soube no final da sessão que o filme durou cerca de 3 horas. São 3 horas tão bem aproveitadas que eu nem havia reparado! Vale muito apena conferir, sem dúvida um dos melhores filmes do ano.
Existem muitas definições do que seria um bom filme, a minha sempre foi: bom filme é aquele que de alguma forma consegue lhe proporcionar algum tipo de sensação ou reflexão. Se você chora, ri, sente medo, nojo, empatia, repulsa é sinal que o filme de alguma forma mexeu contigo. Se o filme passa indiferente e você não consegue sequer tirar algum tipo de reflexão dele é porque ele não conseguiu estabelecer nenhum tipo de conexão com você.
E porque disse isso tudo? Justamente pelo fato de “Relatos Selvagens”, filme que abriu a mostra internacional de São Paulo, ter estabelecido com grande êxito uma conexão direta com o telespectador, amplificando situações do cotidiano e dando a elas, arte, drama e humor.
O resultado desta conexão é uma catarse que se dá pela identificação das cenas apresentadas no filme. Seja numa discussão no trânsito, uma suspeita de traição ou até mesmo naquela multa que recebemos levianamente.
O filme nos envolve em suas 6 histórias que nos entretém, diverte e nos faz pensar.Situações como as descritas acima acontecem o tempo todo e seriam até entediantes revê-las no cinema, porém, o que torna o filme brilhante é a forma como o diretor Damián Szifron ("El Fondo Del Mar), que também assina o roteiro do filme, trabalha estas situações.
Num misto de influências de Tarantino e Almodovár, (confirmadas pelo próprio diretor em entrevista), “Relatos Selvagens” apresenta uma história melodramática, cheia de reviravoltas, com cenas pra lá de violentas e esteticamente muito bem executadas. (Destaque para a fotografia do filme que esta deslumbrante e que faz uso de ângulos inusitados e do tradicional ângulo de baixo pra cima, marca registrada de Tarantino).
Os personagens da história são os mais casuais possíveis, pessoas absolutamente normais que em algum momento irão perder o controle. O que vemos na tela é a exteriorização do nosso lado mais primitivo, o que faz de cenas normalmente corriqueiras, verdadeiras epopeias.
Assim sendo, o título “Relatos Selvagens”, esta devidamente justificado e dá um bom prenuncio do que as pessoas irão encontrar. Aliás, passadas as duas primeiras histórias, as pessoas começam a ver o filme com olhos mais atentos, e neste momento, o pensamento que se estabelece é: “Ok, em que momento e de que forma essa situação absolutamente normal irá sair do controle?!”.
Sabendo disso a direção brinca com o telespectador, nos induzindo a achar muitas coisas, até chegar de fato aonde quer. Algo que realmente merece ter o seu mérito reconhecido, afinal, o filme consegue mexer com as nossas expectativas, que se renovam a cada inicio de uma nova história.
Relatos Selvagens é estrelado por Ricardo Darín (“Tese Sobre um Homicídio”), Oscar Martínez (“Ninho Vazio”), Leonardo Sbaraglia (“Intacto”), Darío Grandinetti (“Fale com Ela”), Rita Cortese (“Viúvas”), Erica Rivas (“Tetro”) e Julieta Zylberberg (“Um Namorado para Minha Esposa”). Gustavo Santaolalla (“Amores Brutos”, “Diários de Motocicleta”, “Babel”) é o compositor da trilha sonora.
Duas palavras poderiam definir este filme, são elas: “inusitado” e “prazeroso”. Sem dúvida um dos melhores filmes do ano, não é à toa que será o representante da Argentina para concorrer a concorrer ao Oscar 2015. (Péssimas noticiais para o brasileiro “Hoje eu quero voltar sozinho”, nosso candidato ao Oscar que é sim um bom filme, mas que perto deste não terá muitas chances).
Relatos Selvagens estréia hoje, dia 23 de outubro nos cinemas aqui do Brasil. Vale à pena conferir estes personagens que são como eu e você, ricos e pobres, fazendo aquilo que muitas vezes gostaríamos de fazer, mas que nem sempre podemos em nome da boa e velha noção de civilização. Imperdível!
Esse é o tipo de filme que você não da nada pela capa ou pelo título, e olha que dessa vez traduziram o nome do filme ao pé da letra. Mas quando o ator Robert Downwy Jr. (Homem de Ferro / Sherlok Homes) resolve apresentar algo que vai além da ação generalizada, à gente precisa parar pra ver.
Temos em “O Juiz” uma história aparentemente despretensiosa, que demora um certo tempo para prender o telespectador e mostrar o seu valor, é o tipo de filme locomotiva que começa lento e que progressivamente vai ganhando relevância e prestígio.
Na trama um advogado de sucesso (Robert Downwy Jr. ) retorna à sua cidade natal para o funeral de sua mãe somente para descobrir que seu distante pai, o juiz da cidade (Robert Duvall) e portador de Alzheimer, é suspeito de assassinato.
Mais do que centrar a história no julgamento do caso, o filme consegue nos dar ainda mais profundidade ao colocar o próprio filho na posição de advogado do pai, uma tarefa que já não seria fácil e que se complica ainda mais por conta da relação conturbada de ambos.
Desta forma, a história narra em paralelo o julgamento do homicídio que envolve o respeitado juiz da cidade e a relação pai e filho, que sem dúvida, é o ponto alto do filme. A entrega dos atores e as excelentes atuações dão aos personagens a credibilidade para emocionar o público e por vezes nos fazer rir também, graças a Downwy Jr. que empresta ao seu personagem o humor sarcástico do Homem de Ferro e o raciocínio rápido de Sherlock Homes.
Contudo, a história de “O Juiz” é menos simplista que a descrita aqui em cima. Existem muitas outras nuâncias que permeiam a relação pai e filho. Como por exemplo, a relação entre os outros dois irmãos que também são filhos do Juiz, aliás, observando do prisma dos conflitos familiares, não seria nenhum exagero dizer que tivemos nessa obra a versão masculina de “Álbum de Família”, com grandes diálogos e excelentes atuações.
E quando eu digo grandes diálogos, eu me refiro a frases como essa: “Eu queria gostar mais de você” dita de pai para o filho. Ela não é apenas uma frase forte, como se revela muito mais profunda do que aparenta no decorrer da história.
Arrisco-me a dizer, que não seria nenhuma surpresa ver o nome de Downwy Jr. e Robert Duvall na lista dos indicados ao Oscar para melhor atuação.
É claro, que até fevereiro muitos filmes irão surgir, mas até o presente momento, foi à história que apresentou as melhores interpretações masculinas. Destaque para a cena em que o filho ajuda o pai a tomar banho, tem que ter um coração de pedra para não se emocionar nesta cena, que foi conduzida com uma sensibilidade impar pelo diretor David Dobkin que até então só havia feito filminhos água com açúcar como: “Bater ou correr” e “Amigos com benefícios”.
Outro aspecto positivo do filme, é que ele não tem aquele tom didático, os personagens entram e saem na trama sem serem devidamente apresentados, até você entender quem são e a sua relevância na história leva um certo tempo e isso acaba por ser algo bom, pois ao invés de nos deixar perdidos, isso apenas aguça a nossa curiosidade, pois a cada cena nova, algo se revela de lugares onde menos se espera.
Do ponto de vista estético, o filme utiliza um estilo vintage, que vai desde a imagem que não é aquela qualidade ultra HD que estamos acostumados a ver no cinema, até os elementos cenográficos, tais como o modelo do carro, a vitrola que aparece ao fundo da cena e o papel de parede das casas.
É certo que falta um pouco de ritmo e foco na trama, mais ainda sim é um filme bom que merece ser visto e revisto. No fim, o resultado da sentença é o que menos importa, a relação familiar e a forma como os personagens evoluem na trama é o que de fato faz valer o ingresso.
Chega a ser algo realmente bonito de se ver, proporcionando bons momentos de reflexão sobre quem queríamos ser e no que nos tornamos. A cereja do bolo fica por conta da versão country da música “The Scientist”, da banda Coldplay, que encerra o filme e acompanha o subir dos créditos.
“O Juiz” é um drama familiar que levanta temas pertinentes, como a ética e a moral. Se você gosta de histórias com bons diálogos e que emocionam, então se prepare e leve os lenços, pois este é o seu filme!
Baseado no best-seller de James Dashner, esta chegando aos cinemas o filme “Maze Runner”, o primeiro de uma série de filmes que tem tudo para se estabelecer como uma das melhores franquias teens da atualidade. Na história, o jovem Thomas (Dylan O'Brien) acorda sem memória preso em um enorme labirinto com um grupo de outros garotos. Apenas os fragmentos de seus sonhos revelam uma misteriosa organização conhecida como C.R.U.E.L.
A forma como isso é apresentado não poderia ser melhor. Diferentemente da maioria das franquias (Senhor dos Anéis/Jogos Vorazes /Harry Potter) que reservam a primeira parte do filme para narrar o contexto em que o protagonista esta/será inserido, neste filme somos jogados na história da mesma forma que o personagem, ou seja, abruptamente.
Desta forma, o filme consegue proporcionar com grande êxito ao telespectador algumas das sensações do personagem, tais como a desorientação e a perplexidade diante de um cenário tão intrigante. Algo que realmente merece ser digno de nota, pois aquela narrativa didática e cansativa que estamos acostumados a ver por aí já estava com a fórmula um tanto quanto gasta.
E nada melhor que o desconhecido, para potencializar o suspense de uma história, afinal, quando não sabemos o que nos espera, acabamos por esperar de tudo. E neste ponto, as cenas do labirinto se revelam uma verdadeiro playgraund para os amantes de um bom suspense.
Quem contribui bastante para intensificar o clima de suspense, é a trilha sonora e a mixagem de som, estes dois itens somados a uma excelente direção contribuíram para que o suspense do filme funcione do inicio ao fim. E se me permitem dizer, até depois do fim.
É um filme que pode ter várias leituras, desde a mais superficial, como apenas um filme de que mistura ficção, ação e suspense e serve como entretenimento, até mesmo leituras mais profundas, afinal, o labirinto não deixa de ser uma grande metáfora da vida e da sociedade.
Inclusive, existe um livro anterior a Maze Runner de caráter de auto-ajuda chamado “Quem mexeu no meu queijo?” cuja a história se passava num labirinto com 4 ratos e cada um representa uma forma diferente em que reagimos as adversidades da vida.
Em Maze Runner não é diferente, é certo que ainda que em níveis diferentes todos temos medo do desconhecido, mas em alguns casos a curiosidade é maior que o medo, enquanto em outros o comodismo é maior que a vontade de mudar. Isso tudo é explorado na trama com a divisão dos grupos que se estabelece entre os que querem sair do labirinto e arriscarem suas vidas e os que já aceitarem viver naquela situação que muitos nem ousariam chamar de vida.
Se o filme é fiel ao livro? Quanto a isso eu não poderei avaliar, pois não cheguei a ler o livro. Mas uma coisa é certa, ao termina de ver o filme dá uma vontade enorme de ler os demais livros para saber o que acontece na história depois do subir dos créditos do cinema.
Se eu senti falta de alguma coisa no filme? Sim, de sangue, é incrível ver como eles conseguiram fazer tantas cenas de morte sem exibir uma única gota de sangue. A gente sabe que eles fazem isso para não elevar a faixa etária do filme, mas algumas cenas simplesmente não convencem.
Isso porquê o tamanho das criaturas que eles enfrentam no labirinto em detrimento ao tamanho deles é algo um tanto quanto desproporcional e não ver sangue em meio a tudo aquilo deixaram as cenas no mínimo inverosímeis.
Pontos altos do filme: efeitos especiais, fotografia (destaque para as cenas do entardecer no labirinto explorando a contra luz e mostrando apenas a silhueta do grupo), direção de arte, trilha sonora e mixagem de som. Ou seja, do ponto de vista técnico o filme é impecável.
A atuação não chega a ser ruim, mas também não é nada digna de nota. A única coisa digna de nota é a incrível semelhança física do protagonista com o ator que fez Percy Jackson e da única menina do grupo que é a cara da Bela do Crepusculo. Mas podem ficar tranquilos, pois as semelhanças se limitam ao caráter físico.
Se eles conseguem sair do labirinto? Kkkkkkkkk aí vocês terão que ver o filme ou ler o livro pra descobrir! O Filme “Maze Runner” estreia amanhã em todo o Brasil e é o tipo de filme pipocão que deve agradar principalmente o público teen. Mas se você for levar seu filho ao cinema e não tiver mais nada pra fazer, pode entrar na sessão também pois provavelmente irá gostar.
Eu sei, vão dizer: “Não é um dos melhores filme do Woody Allen”, mas ainda que não seja a sua obra mais genial, sem dúvida se trata de um filme acima da média e com certeza vale a pena o ingresso.
Sobre tudo por conta da atuação do casal protagonista, o vencedor do Oscar Colin Firht (O Discurso do Rei) e da bela e carismática Emma Stone (Histórias Cruzadas / O Espetacular Homem Aranha). Ele um ateu charmoso de mão cheia e ela uma garota mística encantadora, personagens bem construídos que sofrem uma verdadeira reviravolta em suas vidas quando se conhecem.
“Magia ao Luar” é o tipo de filme leve, que flui e nos proporciona verdadeiros momentos de prazer através de seus diálogos inteligentes com pitada de humor sarcástico, marca registrada do diretor Woody Allen que também assina o roteiro do filme.
“Você era mais feliz quando deixava a mentira entrar em sua vida”. Como não amar um filme que te presenteia com uma frase dessas? E esta é apenas uma de muitas frases bem sacadas do filme, que te fazem rir, pensar e rir mais um pouco.
A história do filme se passa na Riviera Francesa durante as décadas de 1920 e 1930. No filme, Colin vive Stanley, um inglês que é convidado para desmascarar uma possível fraude.
O alvo dessa investigação é a misteriosa Sophia vivida por Emma Stone. Impressionante como essa personagem é hipnotizante, é quase impossível tirar os olhos dela durante o filme, não só por conta de sua beleza que é muito bem captada pelas lentes de Woody Allen, mas por conta do carisma que seduz a todos na trama, inclusive quem a assiste.
Outro ponto alto do filme é o seu visual, eles conseguiram recriar com veracidade a década de 20, e não me surpreenderia se este filme ganhasse indicações ao Oscar do ano que vem nas categorias melhor Figurino, Direção de Arte e Fotografia. Além dos figurinos deslumbrantes e dos cenários deslumbrantes, a trilha sonora de muito bom gosto composta na maior parte por jazz dá ao filme um clima ideal para embarcar na história e se esquecer por alguns momentos do século XXI.
Assim como o último filme de Allen (Blue Jasmine), a grande força desta obra esta em seus personagens. Existe uma química inegável no trabalho de Colin Firht e Emma Stone, ainda que a diferença de idade dos dois seja um tanto quanto gritante. (Um assunto que eu no lugar do Woody Allen evitaria, após tantos escândalos envolvendo acusações de que o próprio teria se envolvido com suas filhas adotadas).
Embora o desfecho da história seja previsível, acredito que isso seja apenas um detalhe, mais vale a forma como o filme é conduzido, do que o desfecho em si. E embora o final não seja o mais original, ele não chega a ser ruim, apenas não surpreende. (Ainda sim, é o tipo de filme que você fica com um sorriso no canto de boca quando acaba)
“Magia ao Luar” é um excelente filme para se ver a dois, em família ou até mesmo sozinho. Sem palavrões, sem sexo, sem drogas, sem efeitos especiais gritantes, é o tipo de filme que te ganha sem apelações. Se eu tivesse que definir o filme em uma palavra, diria: prazeroso.
Há uma corrente cientifica que afirma que o ser humano utiliza apenas 10% de sua capacidade cerebral. O desafio audacioso desse filme foi elaborar uma ficção cientifica que mostra como seria se uma pessoa passasse a acessar 100% do seu cérebro. O resultado disso?! Um filme 100% imperdível!
“A ignorância traz o caos, não o conhecimento” é com frases inspiradoras como esta, que “Lucy” faz um verdadeiro manisfeto pró-conhecimento, em um mix de ação e ficção, que cumpre bem a função de entreter e de quebra nos da margem para várias divagações.
O longa estrelado por Scarlett Johansson (A Viúva Negra de Os Vingadores) e Morgan Freeman (Um sonho de liberdade) no elenco, “Lucy” conta com direção de Luc Besson, responsável pelo roteiro de “Busca Implacável” e pela direção de “O Quinto Elemento” e “Nikita”, de 1990 - filme que deu origem a série de TV “Nikita”. (Taí um cara que gosta de ver as mulheres no comando botando pra quebrar).
Na trama, que estreia em 28 de agosto, Scarlett Johansson vive uma jovem que acidentalmente se envolve em uma negociação de drogas no mercado negro. Depois de absorver a substância que carrega em seu estômago, ela se transforma em uma guerreira implacável capaz de evoluir além da lógica humana. Morgan Freeman, por sua vez, atua como um cientista que estuda os limites do cérebro humano e auxiliará Lucy a controlar suas novas habilidades. Confesso que quando vi a Scarlett Johansson atirando em todo mundo no trailer do filme, eu pensei: “Mas gente! É o filme a Viúva Negra só que com outro nome”, e embora exista alguns momentos em que se nota certa semelhança entre as personagem, a trama se distancia bastante do que já vimos e consegue construir uma personagem autoral.
De cara o que chama atenção no filme é a edição que ajuda a criar uma identidade visual impar e dita de forma muito boa o ritmo acelerado do filme. O tempo inteiro somos surpreendidos com cortes das cenas da trama principal, para imagens de animais em seu habitat natural.
Essas imagens aparentemente desconexas, se revelam como um contraponto do dois extremos da escala da evolução, que surgem na trama com o propósito de mostrar que embora tenhamos evoluído tanto, de certa forma ainda compartilhamos da mesma essencial dos demais animais.
Um exemplo dessa brincadeira que o filme executa muito bem, é a cena que a personagem esta prestes a sofrer uma emboscada. Antes da emboscada se revelar é feito um corte de imagem, para a cena de um rato prestes a ser pego por uma ratoeira recheada de queijo. (Eu não sei como vai funcionar para as demais pessoas, mas eu achei muito espirituosa essa sacada).
Os destaques da edição não param por ai, diferentemente da maioria dos super heróis que ganham seus poderes todos de uma vez, “Lucy” evolui de forma progressiva, e acompanhamos o estágio de sua capacidade de utilizar o cérebro através do número da porcentagem que saltam a tela.
Primeiro 0% quando ela tem um momento estúpido, depois 10%, 20%, 30% até chegar no tão esperado 100%. A cada vez que os dizeres da porcentagem saltam a tela o telespectador se pergunta: “E agora o que mais ela conseguirá fazer?!”, e sem duvida essa foi a grande sacada do filme que faz com que as pessoas se prendam a história do inicio ao fim.
Recentemente tivemos no cinema uma ficção cientifica estrelado por Jhonny Depp chamada Transcendence, que curiosamente também contava com o a participação de Morgan Freeman, e a imprensão que fiquei é que tudo aquilo que Transcendence errou, ao construir uma trama vaga e pouco envolvente, “Lucy” acertou. Parece até que o Besson foi lá e disse: “Não gente, não é assim que faz, é assim” e fez o filme dele.
Além de uma ficção cientifica bem argumentada e porque não dizer plausível, “Lucy” também agradar os fãs de uma boa ação ao nos brindar com a ótima cena de perseguição de carro e das lutas quando acaba de receber seus poderes.
E como não falar da bela Scarlett Johansson? Ela parece estar vivendo um período iluminado da sua carreira. Depois de nos dar a voz mais sexy em “Her”, e estrelar um dos melhores filmes do ano “Sob a pele”, ela mais uma vez da conta do recado, com a sua personagem que se divide em dois momentos: antes e depois de acessar mais que os 10% do cérebro.
A mudança é brutal, muita embora a parte dos 20% pra frente muito se assemelha com a personagem que ela fez em “Sob a pele”, uma figura um tanto quanto blasé que não parece fazer uso dos sentimentos... (Sim, no filme fica claro que quanto mais racionalizamos, menos vemos sentido no sentir).
A trilha sonora do filme é muito boa, e faz uso desde sons não convencionais como ruídos até música clássica. Outro ponto que chama atenção, são os diálogos que são bastante espirituosos e inteligentes.
Assim como acostumamos a ver nos filmes assinados por Tarantino, esse filme também consegue nos fazer rir nos momentos mais improváveis, como no meio daquele momento de tensão que de repente acontece algo que te faz rir e se sentir até mal de estar rindo da situação. O que denota todo controle e tato do diretor ao brincar com nossas emoções.
Se o filmes tem defeitos? Tem sim senhor, o principal problema esta no roteiro. Em determinado momento a personagem resolve ir atrás dos responsáveis que a colocaram naquela situação e vai matando todo mundo por onde passa, porém quando ela chega nos chefões os deixa vivos. Oi?!! Como uma personagem que usa mais que 10% do cérebro consegue ser tão estúpida?
Enfim... Infelizmente foi esta a forma que encontraram de criar uma situação conflito no final do filme, com a volta do chefão que a nossa gênia deixou vivo. Tirando esse aspecto, o filme é impecável e vale e muito a pena ser visto no cinema, tanto pela história, quanto pela qualidade das imagens. É o tipo de filme que se a gente vê pela TV depois se arrepende de não ter visto no cinema.
E sabe o mais engraçado desse filme? É que alguns filmes depois que vemos nos fazem ter vontade de viver uma grande história de amor, outros de seguir atrás dos sonhos, esse filme, porém, nos deixa com uma vontade enorme de adquirir mais e mais conhecimento.
Ainda que se trate de uma ficção, “Lucy” é uma grande inspiração para a nossa realidade. Afinal, não precisamos ter superpoderes para saber que o conhecimento transforma, né?
Uma ultima curiosidade: “Lucy” é o nome do primeiro ancestral bípede do homo sapiens encontrado na Etiópia. E claro que a escolha desse nome não se trata de uma coincidência. Vejam o filme e entendam o porque!
Politicamente incorreto, repleto de maus exemplos e divertidíssimo!
Mais do que um filme onde Zac Efron (High School Musica) fica 90% do tempo sem camisa mostrando a boa forma, “Vizinhos” é um besteirol americano repleto de referências e boas sacadas.
É certo que nem tudo são flores no filme, alguma piadas são um tanto quanto ácidas e inconsequentes, mas o longa cumpre bem a missão de fazer rir e garante boas risadas ao público do começo ao fim.
Dirigido por Nicholas Stoller, o filme já começa mostrando para o que veio desde a primeira cena, onde o casal Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne) tentam ignorar a presença da filha recém nascida que esta no mesmo cômodo para concluírem o coito. A cena que racionalmente seria de um grande mau gosto, no filme acaba funcionando muito bem, isso se deve graças a fofura da criança que consegue cortar todo clima do casal.
A trama se divide basicamente em dois núcleos: o casal com a filha recém-nascida e os vizinhos recém-chegados: uma república com mais de 50 estudantes festeiros, lideradas por Teddy Sanders (Zac Efron). E é do conflito desses dois núcleos que o filme ganha a sua cara: de um lado uma republica barulhenta que só quer saber de curtir a vida e do outro um casal que apenas quer zelar pela qualidade do sono da filha.
De cara, a primeira coisa que chama atenção no filme é a excelente química dos atores que fazem a dupla de protagonistas, Seth Rogen (É o fim) e Rose Byrne (Missão Madrinha de Casamento), convencem no papel dos pais de primeira viagem e praticamente levam o filme nas costas no quesito fazer rir.
É interessante observar que este não é o típico casal estereotipado que estamos acostumados a ver reclamar dos vizinhos. Geralmente quando se pensa em vizinho “chato” vem na mente a imagem daquela senhora de bobes no cabelo com aquela voz irritante cheia dos sermões pedindo para baixar o volume da festa. Mas este não é o caso do casal do filme, que embora tenham uma filha, são de certa forma jovens e ainda estão naquele processo de assimilar a nova realidade da vida de adulto.
E é dessa tentativa de não ser careta que surgem boas cenas, como por exemplo, a cena onde o casal tenta de forma amistosa se socializar com o grupo da república. Para se ter uma ideia, ao invés de uma clássica torta de maça, eles oferecem como boas vindas cigarros de maconha, tudo para tentar mostrar que são pessoas descoladas.
A primeira vista tudo parece dar certo, mas é claro que com o desenrolar da história, as tentativas de se levar uma politica de boa vizinhança com o grupo da república se mostram inúteis. Dessa forma se estabelece uma guerra não declarada entre: a sabedoria da maturidade X a vitalidade da juventude.
Já no núcleo da república, que também conta com a presença do ator Davi Franco (Truque de Mestre) que da vida a Pete, temos algo mais próximo do esteriótipo já explorado por Hollywood: uma república com muita festa, música, sexo e drogas. Aliás, a droga esta quase onipresente na republica. (É sério, tem uma cena em que eles conseguem deixar todos os ambientes tomados por maconha).
O roteiro de Andrew J. Cohen e Brendan O´Brien (produtores de O Virgem de 40 Anos e Tá Rindo de Que?), é um capitulo a parte graças a verdade com que eles desenvolvem os seus personagens facilmente reconhecíveis. São personagens reais, carismáticos, onde até mesmo o que poderia ser o vilão, consegue nos fazer rir com a sua falta de senso e visão de futuro. (Estamos falando aqui do personagem de Zac Efron, que acaba dando preferência para festas e popularidade, e depois acaba por ter um choque de realidade).
O que de certa forma é bacana, porque o filme não é aquele oba-oba que no final tudo termina bem e da certo. Existem piadas pesadas sim, mas também existem as consequências. Que não são exatamente proporcionais as piadas, mas já é um passo além daquelas comédias que no fazem rir, mas que não fazem sentido.
O filme ainda reserva uma séries de referências e piadas bastante atualizadas, o que torna os jovens o grande público alvo. As referências vão desde Batman a Games of Thrones, mas entre todas as cenas, a mais hilária fica por conta da festa a fantasia temática de Robert de Niro, para quem viu os filmes referenciados são momentos de puro deleite. (Ps: Davi Franco ficou idêntico a Robert de Niro em “Entrando numa Fria”)
Com um excelente ritmo e uma trilha sonora jovem e efervescente, “Vizinhos” se estabelece como a melhor comédia do ano até o momento.
E ainda que seja um comentário extremamente pessoal, eu tenho que dizer: é muito difícil eu rir em um filme de comédia, mas nesse o difícil mesmo foi não rir. Não é o tipo de comédia pra toda família, mas se você tem mais de 16 anos (censura do filme), super recomendo!
Como todo mundo já escreveu sobre "A Culpa é das estrelas", farei apenas um breve comentário: O filme é uma espécie de montanha russa que elava e joga os nossos sentimentos no chão, várias e várias vezes. Tem um potencial filosófico, frases de efeito que propõem reflexão e uma trilha sonora impecável, que contribui brilhantemente ao longa. Embora algumas cenas sejam improváveis e altamente questionáveis (Como o contexto do primeiro beijo do casal e aquela comoção das pessoas seguida de aplausos), o conjunto da obra faz valer a pena. Eu, por exemplo, achei que iria sair do filme em depressão, e embora eu tenha chorado bastante, sai do filme com vontade de viver uma grande história de amor. Dessas que não se deixa pra depois, pois a gente entende que a vida é breve e que tudo o que temos é o hoje. A Culpa é das Estrelas, é um filme piegas sim, mas uma pieguisse de excelente bom gosto. Super indico!
Mais conhecido como o penúltimo filme do ator Paul Walker, “13° Distrito” tem como atrativo maior a presença do astro que ganhou fama por protagonizar ao lado de Vin Diesel a franquia “Velozes e Furiosos” e que ironicamente morreu em um acidente de trânsito no passado.
“13° Distrito” compõe a lista interminável de remakes que estão pipocando no cinema e se trata de uma refilmagem da produção francesa de 2004 chamada: ‘B13 – 13º Distrito’, lançada direto nas locadoras no Brasil.
O que encontramos no longa, é um misto de ação, drama e crítica social, onde a ação predomina reservando boas cenas de fuga, a maioria explorando o Le Parkour (técnica onde os praticantes usam o corpo para passar obstáculo de uma forma rápida e fluente). Tanto do ponto de vista das manobras, quanto da fotografia, as cenas de ação chamam atenção. Graças aos vários e inusitados ângulos em que as sequências são gravadas, dando ao filme o dinamismo que o gênero ação pede.
A história em si não é nada original (até porque trata-se de um remake) e lembra bastante a trama do filme “Distrito 9” só que ao invés de apresentar alienígenas isolados em guetos por humanos, são homens ricos que isolam outros homens pobres por pura ganância e sede de poder.
Vamos à sinopse:
Brick Mansions é uma área da cidade de Detroit onde a violência tem índices altíssimos, o que fez com que a prefeitura local praticamente abandonasse o local à própria sorte. Com isso, traficantes como Tremaine Alexander (RZA) ganharam status e poder, por mais que sejam combatidos por Lino (David Belle), um especialista em le parkour que tenta erradicar as drogas do local.
Entretanto, Lino tem problemas com a polícia, corrompida pelo crime organizado, o que faz com que seja preso. Um dos poucos que tentam realmente seguir as leis é Damien Collier (Paul Walker), um detetive que recebe como missão entrar em Brick Mansions para resgatar uma bomba que pode matar milhões. Para tanto, ele precisa contar com a ajuda de Lino, que deseja retornar ao local para resgatar Lola (Catalina Denis), sua namorada, que foi raptada pelos capangas de Tremaine.
Temos dessa forma, a velha receita onde duas figuras antagônicas precisam se unir por um interesse comum: o policial e o bad boy são forçados a se ajudarem para conseguirem seus objetivos. Porém, antes dessa união se estabelecer temos uma eterna briga de cão e gato entre os dois, o que para um filme de ação é pra lá de pertinente. As atuações os protagonistas estão “ok”, salvo o ator que faz o traficante mor que simplesmente não convence no papel com aquele corpo e voz mirrada.
Para os héteros e lésbicas de plantão, o filme reserva uma luta de briga de mulheres pra lá de sensual e para os fãs de Paul Walker que cresceram vendo ele cantando pneu em “Velozes e Furioso” o filme reserva boas cenas de fuga em carro. O que deve saciar a nostalgia do ator que volta ao cinema pela última vez em “Velozes e Furiosos 7” que tem data de lançamento prevista para 9 de abril de 2015.
A trilha sonora do filme é agradável, porém previsível, composta majoritariamente por Hip Hop.
Quem assina a direção do filme é o estreante Camille Delamarre, editor de ‘Busca Implacável 2’ e ‘Carga Explosiva 3′. Bibi Naceri e Luc Besson, que assinaram o longa original, adaptaram seu próprio roteiro para a refilmagem.
Resumo da obra: é um mais do mesmo que cumpre bem o seu papel de entreter. Em tese não haveria necessidade do remake existir, pois não acrescenta muito ao seu anterior. Porém, a necessidade de se fazer dinheiro com algo que já deu certo é maior do que o risco de se criar algo novo. Eu diria que Hollywood já foi mais criativa, mas trata-se de uma produção franco-canadense, enfim...
Confesso que fui conferir o filme só para ver se ele era tão machista quanto o título sugeria, afinal, porque as mulheres precisam ir para Marte?! Porque os homens não podem ir até elas? E para desespero das feminista de plantão o filme vai na contramão das conquistas da mulher contemporânea, apresentando uma personagem que condiciona a sua própria felicidade na busca por encontrar “o homem de sua vida”.
Engraçado mesmo é ler a sinopse da história desenvolvida pela própria equipe do filme, vejam só: “Fernanda (Mônica Martelli), exemplo da mulher do terceiro milênio, é livre em suas escolhas, independente e com dificuldade de encontrar um amor. Ela se envolve com diferentes tipos de homens - do político sedutor ao hippie gringo. E a cada tentativa acredita ter encontrado o amor da sua vida. Ela se joga nas relações sem medo, vive intensamente cada encontro e é muito otimista: sempre acha que vai dar certo”.
Resta saber que exemplo é esse, né? Tudo bem que existem muitas mulheres de meia idade que irão rir e se identificar com este filme, disso eu não tenho dúvida, mas daí a dizer que a protagonista é um exemplo de mulher do terceiro milênio, isso já é forçar um pouquinho a barra...
A personagem pode até ser independente profissionalmente, mas a sua independência acaba por ai. Porque o filme se resume numa busca incessante da protagonista para encontrar o seu grande amor. É uma espécie de “Comer, rezar e amar”, só que bem menos requintado.
Mas o que mais incomoda nessa história é a submissão da personagem que acaba abrindo mão de sua personalidade para se moldar aos gostos de seus pretendentes. O que vemos em cena é uma personagem sem carisma que na duvida do que fazer, ri de tudo numa tentativa desesperada de ser agradável.
Para se ter uma noção, em uma de suas investidas a personagem chega a abrir mão de sua carreira para viver com o cara que ela acredita ser o homem de sua vida. (Quanta independência, não?)
Mas se ignorar o fator “mulher submissa” e ver o filme desligando o cérebro, pode-se ter bons momentos de risada. A maior parte graças ao personagem Aníbal interpretado por Paulo Gustavo, que na trama desempenha o papel do sócio/amigo gay da protagonista.
É interessante observar que o ator Paulo Gustavo, é o mesmo sempre, esteja ele fazendo o papel da mãe, do amigo gay ou do hetero. As únicas coisas que mudam é a roupa e a caracterização, porque as piadas aceleradas e debochadas são sempre as mesmas. (Mas elas funcionam e isso é o que importa).
A trilha sonora do filme conta com nomes como Marcelo Jeneci, Amy Winehouse e Lulu Santos (esse último mais do que emprestar a voz também contribui com sua participação especial fazendo o papel dele mesmo).
O desfecho da história é pra lá de previsível e clichê, com direito a esta frase de efeito, reflitão: “Consegui a conquista mais importante da minha vida que é o casamento”. PARA TUDO! Sério... Consigo imaginar mulheres do século XVI falando isso, mas a frase foi dita por esse “exemplo da mulher do terceiro milênio”, enfim...
“Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou”, reserva boas risadas, é um filme que deve gerar muita empatia por parte das mulheres encalhadas que acreditam que a felicidade venha somente aos pares. Com uma mensagem pra lá de questionável, mas de uma sinceridade sem precedentes é o tipo de filme que deve agradar o grande público.
Um dos filmes mais esperados do ano chega ao cinema, em “Malévola” temos o encontro da vilã mais famosa da Disney com a atriz mais linda de Hollywood, tudo isso embalado pela voz da cantora Lana Del Rey que conseguiu dar o seu toque original e sombrio ao clássico “Once Upon a Dream”.
Tinha tudo pra dar certo, mas talvez a palavra que melhor defina a relação expectativa e realidade do filme seja: decepção.
[...] De.cep.ção sf (lat deceptione) 1 Ação de enganar. 2 Surpresa desagradável. 3 Desilusão. 4 Logro. [...]
Fiz questão de colocar a definição do dicionário, porque a decepção do filme cabe nos 4 sentidos supracitados.
Não que o filme não tenha o seu lado bom, ele tem, mas tendo em vista tudo o que poderia ser, deixou bastante a desejar. Vou explicar o porquê da decepção, mas antes quero lembrar um pouquinho das expectativas...
Primeiro filme da Disney tendo como protagonista uma vilã, todo mundo estava curioso pra saber mais sobre a origem dessa personagem icônica que vive até hoje no imaginário popular. Para tanto, escolheram a bela Angelina Jolie, que tinha nessa história a grande oportunidade de viver uma vilã de mão cheia: debochada, teatral e perversa. (Confesso que revi o desenho e fiquei imaginando a Angelina falando as falas da Malévola e via nesses diálogos um grande potencial para a atriz mostrar para que veio).
As primeiras fotos do filme saíram, e a caracterização (roupa + maquiagem) estava incrivelmente bem feita e tudo indicava que teríamos um grande filme, mas as aparências enganam.
Cheguei ao cinema achando que iria ver a história de uma grande vilã e o que vi foi apenas a Angelina Jolie com um par de chifres fazendo o papel de uma personagem vitimada que após ser desiludida no amor resolve infernizar a vida do amado/traidor e desconta toda a sua ira na filha dele: Aurora, mais conhecida como Bela Adormecida.
O filme destina 1/3 do seu tempo para contar a origem de Malévola, uma história plausível dentro do universo já apresentado anteriormente em “A Bela adormecida”, não vou dar muito detalhes para não estragar as possíveis surpresas de quem for ver o filme, mas em síntese eles mostram que nem sempre Malévola foi uma menina má.
Engraçado que a personagem chama-se Malévola desde sempre (Quem é que dá um nome desses para uma criança?). Sério... Dentro do próprio nome já esta o estigma da maldade, nem para darem outro nome eles se prestaram.
Sim, porque ela poderia ter uma infância “normal” e depois receber o título de Malévola. Mas não... O que vemos é uma criança doce, com chifres e asas que ama a natureza e se chama Malévola. (Essa contradição de nome e visual causa uma certa estranheza no público, mas até ai tudo bem...).
Interessante observar que a própria Aurora, na história de A Bela Adormecida recebe o pseudônimo de Rosa enquanto é criada escondida de Malévola. (Mas isso também é mudado na história do filme).
Aliás, tudo o que puderam fazer para simplificar, eles simplificaram. O filme em si consegue ser menos complexo que o desenho apresentado em 1959.
Resumiram toda ira de Malévola a dor de corno, um trocadilho bastante pertinente haja vista que a protagonista é famosa por seus chifres. Mas ela não é traída por outra pessoa e sim pelo poder. (Sabe como é, né? A Disney sempre coloca lições de moral em suas histórias)
E na versão Disney até mesmo Malévola vira mocinha, simmmm, ela não é má, só mal amada. Então se você esta esperando ver uma super vilã em ação pode tirar o cavalinho da chuva, porque o filme tem o propósito de mostrar que tudo é uma questão de ponto de vista e que o mal ás vezes é apenas uma garota incompreendida que não acredita mais no amor.
Por isso mesmo a maldição que ela joga na pobre criança diz que ela dormirá para sempre a menos que receba o beijo de um amor verdadeiro. Imaginem vocês uma pessoa desiludida jogando essa praga, na cabeça dela não existe amor verdadeiro e ai esta a ironia da maldição. Essa sacada no filme ficou muito boa.
Mais irônico ainda é o desfecho da história que obviamente eu não vou contar, mas irei opinar em uma única palavra: péssimo. Pegaram a história original e viraram ela do avesso. E o pior: fizeram isso tudo aos moldes do desfecho do filme “Frozen”. Parece que depois de séculos de alienação a Disney resolveu acabar de vez com a ideia do príncipe encantado. (O que de certa forma é bacana, mas fica muito repetitivo ver a mesma fórmula empregada nessa história).
Do ponto de vista estético o filme esta impecável, destaque para a direção de arte que esta muito boa, com cenários lindos e assombrosos, a maquiagem e figurino também chamam a atenção.
Os efeitos especiais ora estão incríveis e ora estão bem mais ou menos. Na cena onde Malévola ainda é criança e voa pelo campo os efeitos estão bem ruinzinhos, dava pra ver que se tratava de uma montagem. Já as cenas de batalha e as que envolviam a Jolie estavam muito boas.
Eu destacaria 3 cenas nesse filme, uma boa, outra ruim e a terceira apenas curiosa: A cena boa: o batizado de Aurora, uma das poucas cenas que seguiu a risca os diálogos do desenho e que no filme funcionou muito bem. É um dos poucos momentos em que Angelina esta realmente bem no papel.
A cena ruim: quando Malévola perde as asas, metaforicamente a cena é incrível, porque se pararmos para observar ela perde as asas simultaneamente com o momento em que ela se desiludiu no amor.
Mas a atuação... Ao invés de se ver raiva por parte da protagonista marcando a transição do momento que ela deixa de ser boa moça para virar vilã, vemos um chororô de doer. Tudo para humanizar a vilã e justificar as maldades que na verdade nem são tão más assim.
A cena curiosa: Angelina Jolie interage com sua própria filha no filme, a garota vive Aurora na fase dos seus 4 anos. Essa cena é fofa, mas não é exatamente fofura que a gente esperara ver da relação entre Malévola e Aurora, né?
Ahhhhhh! Eu ainda não mencionei a atriz Elle Fanning que faz a Aurora/Bela Adormecida, mas pensa numa personagem que apenas sorri o filme inteiro, pronto, é ela.
Existem muitos aspectos que poderiam ser questionados e comentados em Malévola, tais como a péssima construção das 3 fadas mágicas, o aparecimento das rocas no desfecho da história (que em tese já deveriam estar destruídas como é mostrado em cenas do próprio filme), entre outros....
Massss cabe a ressalva que embora o filme não seja aquilo que se esperava, ele consegue entreter o público e deve agradar aqueles que gostam de histórias de fantasia e efeitos especiais. Poderia ter sido incrível, porém foi apenas um filme mediano.
Uma pena... Talvez fizesse mais sentido se o rebatizassem para “Benévola”, ao menos seria mais congruente com alguém que fica salvando a Bela Adormecida o filme inteiro. Mas é isso ai, “Malévola” é a prova que até mesmo uma grande história pode ficar comprometida por uma direção medíocre.
Que as próximas vilãs do cinema tenham mais sorte. Amém.
Mais que ação e efeitos especiais, um filme de super-heróis maduro que diverte e faz pensar.
Chega aos cinemas de todo Brasil, o novo filme da franquia X-Men, a adaptação do quadrinho “X-men - Days of future past” lançado em janeiro de 1980 nos EUA, ganha a sua versão cinematográfica 34 anos depois de seu lançamento, reunindo o elenco da trilogia X-Men e do aclamado “X-Men Primeira classe”.
Dirigido por Bryan Singer (X-Men 1e 2) e com roteiro de Matthew Vaughn (diretor e roteirista de X-Men Primeira Classe), o filme mescla o melhor dos dois mundos: um roteiro inteligente e uma direção que consegue empolgar ao proporcionar boas cenas de ação, drama e humor.
A história se passa no futuro. Na trama os mutantes do “bem e do mal” se unem contra os Sentinelas (robôs desenvolvidos pelos humanos que rastreiam e matam os mutantes). Já não restam muitas esperanças e a única forma encontrada para mudar o quadro é voltar para o passado e mudar o ato que desencadeou os eventos que iriam motivar a criação dos Sentinelas.
Porém esse lance de voltar para o passado não é algo tão simples assim, não se trata de uma viagem no tempo e sim de uma transferência da consciência do presente para o passado que a Mutante Kitty (Ellen Page) consegue fazer (Para quem não lembra ela é aquela que atravessas as paredes em X-men 3).
E é claro, o único mutante capaz de fazer essa viagem longa no tempo sem sofrer com os danos na consciência é o Wolverine, que por ter o poder da regeneração é o X-Men escolhido para fazer a ponte do futuro com o passado. Ver o personagem Wolverine tentar convencer Eric (Magneto) e Charles (professor Xavier) de que ele veio do futuro e que precisa da ajuda deles, rende cenas bastante engraçadas. Sobre tudo porque para permanecer na consciência do passado ele precisa se manter calmo, um desafio e tanto para um personagem que não tem como ponto forte a paciência.
O filme oscila entre os núcleos do passado e futuro, mas sem dúvida é no núcleo do passado que a história se desenvolve melhor, os efeitos especiais e as cenas de ação estão ótimos, destaque para a cena onde o Magneto cerca a casa branca com a estrutura de um estádio de futebol.
Porém, cabe a ressalva de que o 3D no filme não acrescenta muito, então eu não indicaria aos leitores pagar o dobro para ver um 3D que não funciona tão bem. Mas talvez um dos aspectos que mais chamem atenção no longa seja o elenco, que conta com no mínimo 6 atores que já foram indicados ao Oscar (Ellen Page, Hugh Jackman, Michael Fassbender, Halle Berry, Ian McKellen e Jennifer Lawrence). Nunca antes na história dos filmes de super-heróis tivemos um projeto que conseguisse reunir tantos atores expressivos como em “X-Men – Dias de um futuro esquecido”.
Temos os galãs do momento Michael Fassbender (12 anos de Escravidão) e James McAvoy que dão vida respectivamente aos amigos/antagonistas Magneto e professor Xavier. Destaque para James McAvoy que brilha ao interpretar um Xavier com nuances até então não exploradas nos filmes anteriores.
Com mais complexidade, rebeldia e cenas dramáticas, o que se vê na tela do cinema vai muito além do que poderia ser uma caricatura do professor imortalizado pelo ator Patrick Stewart. McAvoy conseguiu dar o seu toque pessoal ao personagem sem fazer com que o mesmo perdesse a sua essência.
A cena emblemática em que o personagem Xavier do passado e do futuro se encontram e conversam entre si já é o que podemos chamar, ainda que prematuramente, de clássico do cinema. (Simplesmente incrível e potencialmente filosófica, afinal, como não pensar após ver essa cena o que você diria hoje para o seu eu do passado se tivesse a oportunidade?).
Ainda sobre o elenco, o filme conta com Hugh Jackman (Os Miseráveis) que da vida a Wolverine pela SÉTIMA vez, o Sir Ian McKellen (O Senhor dos Anéis), temos também a vencedora do Oscar Jennifer Lawrence (O Lado bom da vida / Jogos Vorazes) que interpreta a mutante Mística, personagem que ganha um destaque desproporcional nesse filme. (Tudo para aproveitar do carisma e da legião de fãs da atriz que esta cada dia mais em alta).
E como se não bastasse isso tudo, ainda encontraram tempo e espaço para incluírem o ator Peter Dinklage, mais conhecido por interpretar o anão Tyrion Lannister na série Game of Thrones. No filme ele interpreta um líder politico que irá desenvolver a tecnologia capaz de criar os robôs que irão por em risco o futuro dos mutantes. Interessante observar a semelhança da trama com o Holocausto. (Ao menos eu fiz essa analogia)
Veja bem, ele é um líder politico que não se enquadra nos padrões (afinal um anão por definição já esta fora dos padrões humanos) e que por sua vez incita o extermínio dos diferentes, no caso os mutantes. Algo semelhante ao que Hitler fez quando pregava a hegemonia da raça ariana: alemães, loiros, altos, de olhos claros. Sendo que o mesmo era, austríaco, moreno, baixinho e de olhos castanhos.
Esse aspecto do filme nos faz pensar sobre a forma como lidamos com o diferente e sobre tudo com as nossas próprias diferenças. Ocorre pensar que muitos dos defeitos que nós apontamos no próximo, são formas ainda que inconscientes de desviar a atenção de nossas não aceitações. Nesse sentido o personagem Charles Xavier que também sofre por ser diferente nos dá um bom exemplo de caminho a ser tomado. (Vale a reflexão)
A parte cômica do filme fica por conta do personagem Mercúrio que rouba a cena em sua passagem em slow motion ao som de Time in a Bottle. (Pra quem não sabe mercúrio tem o poder de ser muito rápido, ou seja, ela é uma espécie de Flash da Marvel). É uma pena que ele suma no meio da história sem maiores explicações e só volte no fim... Com certeza ele poderia ser bastante útil na trama, mas não souberam explorar tudo o que o personagem podia dar.
E por falar em personagens, o que foi a Tempestade (Halle Berry)? Sério, eles deveriam reclassifica-la para “Brisa”, porque no filme ela esta totalmente sem peso, função ou porquê de existir. E como se não bastasse ainda esta fazendo cosplay de Ana Maria Braga com aquele corte de cabelo de gosto duvidoso.
Aliás, esse é um dos pontos negativos do filme, são tantos personagens que ficou difícil administrar tudo isso de forma a dar peso e função a todos. Outro aspecto que o filme peca é a ingenuidade de que achar que mudar um único evento do passado irá mudar o futuro necessariamente para melhor. Filmes como “Efeito Borboleta” exploraram melhor o tema e toda a questão da teoria do caos que diz que “O leve bater das asas de uma borboleta aqui, pode causar um tufão do outro lado do mundo”.
Como se o fato de o Wolverine do futuro contar para o Fera do passado que o personagem não chega a estar vivo no futuro, não fosse deixa-lo de alguma forma louco ou esquizofrênico...
Mas de modo geral, o filme esta acima da média, o melhor da franquia X-Men e talvez o mais completo filme de super-heróis do ano.
Sem dúvida vale a pena conferir, mais que ação generalizada e efeitos especiais, é um filme de super-heróis maduro que diverte e faz pensar. Deve agradar a pessoas de todas as idades, fãs da saga e amantes de um bom filme. “X-Men - Dias de um futuro esquecido” estreia nesta quinta, dia 22 de maio em todo Brasil”. O próximo filme da saga já tem nome e data prevista, “X-Men – Apocalipse” deve chegar aos cinemas em maio de 2016 e também será dirigido por Bryan Singer.
Um encontro feliz de uma direção sensível e atuações arrebatadoras.
Sabe aquela frase que diz que o que importa não é o destino em si e sim à trajetória? Pois bem, “Praia do Futuro” parece que pegou a essência dessa frase e a transformou em um belíssimo filme que mais do que encantar com a deslumbrante fotografia, nos permite divagar ao embarcar em uma história melancólica, intimista que tem como ponto em comum a perda e a forma como lidamos com ela. Para os desavisados de plantão: não se trata de um filme futurista, “Praia do Futuro” é o nome de uma praia localizada no estado do Ceará que serve de cenário para a primeira metade do filme com seus cenários paradisíacos muito bem explorados pela fotografia que enfatiza as cores vibrantes que mais tarde irão se contrastar com as cores frias da Alemanha. Na trama Wagner Moura interpreta um salva-vidas (Donato) que trabalha na Praia do Futuro, em Fortaleza. Ao fracassar pela primeira vez em um resgate, ele acaba conhecendo o alemão Konrad (Clemens Schick), amigo da vítima. Motivado pelas circunstâncias (leia-se um romance homo afetivo), Donato resolve recomeçar a sua vida em Berlim, deixando para trás a família e o passado. Anos mais tarde, Ayrton (Jesuíta Barbosa), o irmão mais novo de Donato, embarca para a Europa em busca do irmão, que considerava ser seu herói. Do ponto de vista técnico o filme é impecável: de cara a fotografia e a música se destacam e como se nos fosse dado um golpe de chave de braço, ficamos presos ao filme do início ao fim em uma história que nos conta mais pelos seus silêncios do que pelos diálogos. Ponto para a direção de Karim Aïnouz (Madame Satã / O Abismo Prateado) que conseguiu tirar dos atores Wagner Moura e Jesuíta Barbosa interpretações incríveis em cenas em que ambos dispensam a fala e se comunicam de formas menos usuais. Mas antes que se esqueça, entre a relação dos irmãos existe um gringo, a ponta fraca do triângulo dos atores que passa 1/3 do filme tirando a camiseta para explorar o seu capital erótico. Enquanto os atores brasileiros sambaram na hora de falar alemão, o alemão escorregou no português e algumas de suas falas são quase incompreensíveis. (Mas tudo bem, o personagem dele era um gringo, então a gente perdoa) A questão da homossexualidade (que irá atrair muita gente ao cinema), não é o foco da história, embora o personagem central da trama seja gay, os conflitos que se estabelecem vão muito além de sua orientação sexual. De tal forma que o fato dele ser gay, acaba por ser um detalhe, isso se deve muito a excelente atuação de Wagner Moura que não caiu no erro de compor um personagem estereotipado e a sensível direção de Karin que conseguiu fazer com que o assunto fosse absorvido de forma mais orgânica pelo público. A trilha sonora é um capitulo a parte, melancólica e expressiva, ela aparece nos momentos mais felizes do filme, como a cena da balada e a cena onde o casal aparece na encosta do mar. Uma escolha bastante interessante, que dá a nós telespectadores a possibilidade de interpretar que talvez toda aquela felicidade mostrada nas imagens não seja real. E que a música neste caso esteja desempenhando o papel do eu interior que comumente tentamos disfarçar e ignorar. Talvez o ponto mais interessante do filme seja o fato de ele nos prender mesmo com tão poucos diálogos, sem dúvida o roteiro ajudou muito nesse sentido. E são exatamente nessas cenas de poucas falas que o filme ganha um ar intimista, nos tocando e propondo reflexões que perduram até depois dos créditos. É um filme que vale a pena conferir, para quem gosta de um bom filme é um prato cheio, para quem quer ver o Wagner Moura pelado é a oportunidade e para quem diz que o cinema nacional não produz nada de bom é uma grande chance para mudar de opinião. Praia do Futuro estreia nesta quinta, dia 15 de maio em todo o Brasil.
Antes de qualquer coisa, tenho duas considerações a fazer:
Primeiro: Desde que me conheço por gente o Homem Aranha é o meu herói favorito, por “N” motivos que não cabe aqui explicar.
Segundo: Isso não quer dizer que o meu lado fã anule o meu lado crítico, pelo contrário...
Por essas e outras razões, me esforcei para tentar ver o filme procurando ver os dois lados, tentando ao máximo manter o conceito utópico da imparcialidade. Vejamos o que consegui...
Para começar, talvez o nome mais apropriado para o novo filme do nosso herói aracnídeo deveria ser: “O Espetacular Homem Aranha – A ameaça da sombra da franquia anterior”, sim, pois antes mesmo do filme estrear aqui no Brasil os fãs já saíram ao ataque atribuindo uma nota media de 2,9 ao novo filme aqui no Filmow.
Tanta hostilidade a um filme que a maioria ainda nem viu, na verdade denota o carinho e apego que os fãs desenvolveram com a franquia anterior. O curto período de tempo (5 anos) entre o lançamento do primeiro filme dessa franquia e o último da anterior também incomodou os fãs, que viram nessa nova saga uma espécie de máquina de ganhar dinheiro.
Se eu concordo com eles? Sim!
Se eu deixo de ver os filmes por causa disso? Não
Massssssssss.... A nova franquia tem seus méritos, para começar ela é mais fiel aos quadrinhos e apresenta uma versão de Peter Parker menos estereotipada que o anterior. Temos um Peter que desenvolve a sua própria teia (o que honra o seu lado nerd), mais sarcástico e menos “Loser”. A diferença básica entre o novo homem aranha e o anterior é que hoje rimos das piadas que ele faz e não dele. (E o melhor, ele consegue ser sarcástico sem ser arrogante como o Homem de Ferro)
Dizer que “O Espetacular Homem Aranha – A Ameaça de Electro” é melhor que o seu anterior (Me refiro ao primeiro Espetacular Homem Aranha), não é exatamente um elogio, é no mínimo o dever de casa feito pelo diretor Mark Webb, que após estrear essa nova franquia com um roteiro fraco movido a coincidências, agora apresenta uma trama no mínimo mais envolvente.
O filme começa do mesmo ponto que o anterior, quando Peter ainda era uma criança e seu pai estava fugindo sabe-se lá para onde ou de quem. Só que dessa vez a história é mostrada da perspectiva do pai de Peter, retomando um mistério que neste filme Peter soluciona de uma vez por todas. (Ufa!)
E o que dizer de Hans Zimmer?! Esse cara que se consagrou fazendo trilhas de filmes como “Rei Leão”, agora se especializou em fazer música para heróis, primeiro assinando a trilogia Batman, depois “O Homem de Aço” e agora esta também em o Espetacular Homem Aranha 2. Interessante observar que ele conseguiu compor uma música marcante para o vilão, mais expressiva até que a do próprio herói.
E por falar nisso, tão importante quanto o herói é a figura do vilão para os filmes do gênero, afinal são eles que garantem a dose de antagonismo necessária para a história existir.
Da mesma forma que o teatro não existe sem plateia, um herói, pelo menos no que se refere a quadrinhos não existe sem um bom vilão. Filmes como “Batman – O cavaleiro das trevas” e “Os Vingadores” se tornaram o que são hoje muito mais pelo desempenho dos vilões do que dos heróis em si.
Pensando nisso e na lembrança de um “Lagarto” sem carisma do filme anterior, eles resolveram introduzir seriedade ao filme colocando o ator vencedor do Oscar Jamiee Foxx (Ray Charles/ Django Livre) no papel do vilão central da trama: o Electro. Um personagem pacato que antes de conseguir seus poderes (por acaso pra variar) desenvolve um fanatismo pelo herói que salvou a sua vida.
Todo esse amor e admiração, é claro, se transformam em raiva e desejo de vingança por motivos que quem for ver o filme saberá. (Mas devo dizer que achei bem bobinha/ mal executada a transformação do Electro que mal sabia lidar com os seus poderes, para o Electro arco-inimigo do Homem Aranha).
A verdade é que nem o ator Jamiee Foxx conseguiu salvar o personagem, que de tão bobo se torna uma marionete de um dos vilões mais famosos do Aranha: o Duende Verde (Dane DeHaan). Este sim roubou a cena e esta infinitamente melhor no papel de Harry do que o ator James Franco que interpretou o mesmo personagem na franquia anterior.
Apenas a caracterização do personagem deixou a desejar, o mau gosto é tamanho, que a impressão que dá é que estavam sem verba para fazer algo melhor. O que não faz muito sentido haja vista os demais aspectos do filme como os efeitos especiais / mixagem de som que estão muito bons, ainda que em alguns momentos as imagens se assemelhem a jogos de vídeo game.
De qualquer forma, ver o mundo da perspectiva do homem aranha é algo realmente incrível, só por este aspecto o 3D já vale. Assim como as cenas de luta entre o Aranha e o Electro.
Agora de todos os aspectos do filme o que mais funciona é o casal, que nos envolve, diverte e emociona. Mais do que um rostinho bonito, Gwen Stacy (Emma Stone) é parte ativa da história e contribui diretamente na trama com sua teimosia e inteligência. (Claro que o fato dos atores serem um casal na vida real, e poderem treinar as cenas fora do set deve contribuir para toda essa química que vemos na telona...)
Embora esteja me coçando aqui para contar, não irei entregar o que acontece com a personagem, ainda que os leitores dos quadrinhos (e aqui eu me incluo) estejam indo ao cinema justamente para conferir a cena épica que a envolve. (Diga-se de passagem, a cena não esta fiel aos quadrinhos, mas ainda sim ela foi bem executada se considerarmos a censura do filme).
O ritmo desse filme é pra lá de frenético, sem as frases de efeito do Tio Ben, todas já usadas na franquia anterior, o filme não guarda mais nenhum momento para reflexão. O lado bom é que você nem vê o tempo passar, o ruim é que acontecem tantas coisas ao mesmo tempo, que ao fim de tudo a gente fica com certa dificuldade para lembrar e assimilar tudo aquilo que acabamos de ver.
Não é o tipo de filme que fixa na cabeça, ou que tem aquela cena marcante, mas dentro do que se propõe uma história de super herói ela cumpre bem o seu papel. Se tem alguma cena que eu destacaria no filme? A cena onde o Homem Aranha “salva” uma criança nerd de um grupo de garotos mais velhos. Mais tarde esse mesmo garoto volta vestido de Homem Aranha à trama para protagonizar um dos melhores momentos do filme.
“Homem Aranha – A Ameaça de Electro” é um excelente filme família, sem sangue, sem palavrões, ele consegue empolgar, divertir, emocionar e entreter. Alguns dirão que é um pouco infantil, eu diria que é um filme espirituoso, do tipo que eu adoraria levar o filho (que eu não tenho) para ver.
Até porque quem disse que para um filme ser bom ele tem que ser adulto? E outra... Que tipo de pessoa vai ver um filme de herói esperando ver algo adulto? Estamos falando de superpoderes, heróis e vilões. Se você busca algo adulto vá ver um drama né... Até porque definitivamente este não é um filme na pegada Nolan.
Comentário final: Fiquem atentos a personagem “Felicia” que já aparece de forma tímida neste filme, ela será a tão emblemática Gata Negra dos quadrinhos nos próximos filmes!
Depois de se consagrar no cinema nacional com “Se eu fosse você 1 e 2” e de uma breve participação no filme “Chico Xavier”, Tony Ramos volta às telonas de cinema para encarar o desafio de dar vida ao ex-presidente Vargas no longa “Getúlio”. O thriller político dirigido por João Jardim (Lixo Extraordinário) estreia dia primeiro de maio (não por acaso) e narra os últimos dias de vida desse personagem histórico que divide opiniões até hoje.
A trama tem inicio quando o jornalista de oposição Carlos Lacerda (Alexandre Borges), sofre um atentado a bala. O pistoleiro erra o tiro e mata o Major da Aeronáutica Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda. O então presidente da República, Getúlio Vargas, é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo. Getúlio passa a ser pressionado por lideranças militares e pela oposição para renunciar ao mandato. Ao lado da filha, Alzira Vargas (Drica Moraes), seu braço direito na presidência, e colaboradores fiéis como Tancredo Neves (Michel Bercovitch) e o general Zenóbio da Costa (Adriano Garib), Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência.
Passadas as apresentações, já podemos começar a crítica:
O que dizer de um filme que tinha um potencial gigante, mas preferiu ficar na zona de conforto?
Todo mundo que fez ensino médio sabe (ou deveria saber) que unanimidade nunca foi o forte de Getúlio, o cara que ficou conhecido “como pai dos pobres” por conta de suas melhorias nos direitos trabalhistas, é o mesmo que governou o Brasil por 8 anos em um regime ditatorial.
Amado por muitos, odiado por tantos outros, esse era o tipo de filme que tinha tudo para nos apresentar um personagem forte e complexo, porém não é exatamente isso que encontramos no cinema...
E isso não tem nada a ver com o ator Tony Ramos, que pra variar está ótimo e devidamente bem caracterizado com uma barriga extra e menos cabelo. Na verdade, vendo por esse lado, daria até para dizer que o filme “Getúlio” é a “Dama de Ferro” do Brasil. Ótimas atuações, boa caracterização, porém a direção preferiu mostrar a decadência desses personagens, do que as ações que ajudaram os mesmos a se tornarem emblemáticos a ponto de poderem render um filme.
Aos moldes de filmes como “A Queda” que retrata os últimos momentos da vida de Hitler, em “Getúlio” acompanhamos os últimos 19 dias da vida de Vargas. Só que diferentemente de Hitler que grande parte da população mundial repudia e adora ver ele se ferrar, “Getúlio” divide bastante a opinião dos brasileiros e não mostrar ao telespectador o que fez dele este grande nome, acaba por diluir a empatia que alguns poderiam ter com o personagem em seus momentos derradeiros.
De qualquer forma, a história que é contada no filme esta bem contada, por vezes bem contada até demais, com um tom didático irritante, típico de quem estava acostumado a fazer documentário e agora esta fazendo o seu primeiro longa, que é o caso do diretor João Jardim.
O filme tem um bom ritmo e boas atuações, destaque para a atriz Drica Moraes que faz Alzira Vargas, a filha e Getúlio. Com uma presença marcante, a atriz conseguiu levar bem a personagem que possui uma grande carga dramática e soube transmitir com maestria olhares que diziam muito, sem precisar dizer nada.
Aliás, o que o filme tem e melhor são os seus silêncios, que são um convite para a nossa reflexão. Pena que eles eram comumente quebrados por uma trilha sonora quase onipresente no filme, que de tão recorrente se tornou quase um personagem. Um personagem chato e inconveniente, diga-se de passagem...
Agora o que todo mundo quer saber mesmo é como pintaram Getúlio: Vilão ou mocinho? Ditador ou presidente? Afinal, a gente sabe que no final ele se mata, né? E se você não sabia disso, por favor, não me xingue, xingue o seu professor de história do ensino médio ou o cara que fez o trailer do filme, porque até a cena do suicídio esta lá.
Então o que nos resta é a curiosidade de saber como ele será representado, e para o desagrado de muitos eu devo compartilhar com vocês que colocaram Getúlio de vítima e Lacerda como o vilão. (Afinal, o jornalista foi um “monstro” ao sofrer um atentado e atribuir a culpa a um ex-ditador a quem ele vivia fazendo críticas ferrenhas) Independente de Getúlio ter dado ou não a ordem do ataque, ele era um alvo fácil para os seus opositores e refém de seu passado.
Porém no filme não da nem pra se ver a sombra do que um dia foi um ditador. É quase uma versão Disney de Getúlio, só que com final triste. (Para Getúlio é claro). Não que Getúlio não tenha o seu lado bom, mas o lado ruim foi categoricamente ignorado. Existem tantos filmes que são divididos em várias partes sem a menor necessidade (Leia-se: “Amanhecer”, “O Hobbit”, “A Esperança”), este sim seria um ótimo caso para se fazer uma divisão. Se houvesse antes a parte um de “Getúlio” e depois fosse apresentado este capitulo derradeiro, ai sim o filme funcionaria melhor.
Mudando um pouco de assunto, em alguns momentos da trama da para fazer analogias entre o governo Lula e o de Getúlio, claro que eles colocam tudo isso de forma sútil, mas é um ponto interessante a se observar e refletir.
Já do ponto de vista técnico algumas cenas são pra lá de despropositadas, como a cena onde a câmera faz um 360 em torno de um lustre do palácio e que mais tarde volta sem nenhum porque ou função na cena da morte de Getúlio. Oi?!?!
Resultado: Não chega a ser um filme ruim, mas perto do que poderia ser deixou um pouco a desejar, vale pelo caráter histórico e para dar uma refletida na politica nacional. Se observarmos bem, muitas questões levantadas na trama, ainda são questões atuais.
“Getúlio” estreia dia 1 de maio nos cinemas, dia do trabalhador. Uma data escolhida a dedo pelos produtores do filme, uma vez que Vargas esta diretamente associado aos avanços nos direitos trabalhistas. Pena que isso não é mostrado no filme...
Como fazer um filme para ganhar dinheiro no Brasil? Receita: pegue um punhado de filmes que fizeram sucesso recentemente no cinema nacional para atrair a massa, adicione como plano de fundo o evento mais esperado do ano pelos brasileiros (Copa do Mundo), misture bem com atores de várias emissoras diferentes e para fermentar adicione uma pitada da cantora mais tocada do ano passado (Anita) e uma dose extra do cara mais seguido no twitter (Rafinha Bastos). Com o forno já pré-aquecido, coloque a massa e espere o bolo crescer. Pronto! Assim temos a receita que rende para um país inteiro, afinal brasileiro é um povo que adora justificar sua falta de interesse em filmes que não sejam do gênero comédia com o argumento: “A vida real já é tão difícil, por isso quando vou ao cinema, eu vou porque quero rir e esvaziar a cabeça”. E dessa forma, temos mais uma comédia que não alimenta esse povo que adora se distrair. (Não é atoa que as maiores bilheterias de filmes nacionais do ano passado foram comédias. Pra se ter uma noção dos 10 filmes que mais arrecadaram, 8 eram comédias.) Passada a receita, vamos à história do filme que é pra lá de forçada. Afinal, só assim para conseguir contextualizar em um único filme sátiras de: “Minha mãe é uma peça”, “De pernas para o ar”, ”Se eu fosse você”,“2 filhos de Francisco”, “Tropa de Elite”, “Bruna Surfistinha, “Chico Xavier”, “Meu nome não é Jhonny”, “O homem do futuro”, entre outros... Na trama Jorge Capitão (Marcos Veras) é um destemido Capitão do BOP, e um ídolo brasileiro. Porém, após salvar o maior craque argentino de um sequestro às vésperas da Copa do Mundo, ele acaba virando o inimigo público número 1 do Brasil. Expulso da corporação, ele terá que aprender a trabalhar em equipe para evitar um atentado contra o Papa na final do torneio. Para isso ele conta com a ajuda de uma seleção de craques como a empresária de sex shop Bia Alpinistinha (Julia Rabello), um médium (Bento Ribeiro) que fará a ponte com o além e de sua mãe (Alexandre Frota) que é uma peça. Em seu primeiro longa, o diretor Vitor Brandt optou parodiar os sucessos nacionais. Algo aos moldes de filmes americanos como “Todo mundo em pânico”, “Inatividade paranormal” e afins... Porém, satirizar filmes de terror é bemmmmm diferente de satirizar comédia. Isso porque, funciona muito mais rir de algo que costumava te dar medo do que rir de algo que você já riu. Ou seja, o que vemos no cinema é a piada da piada, o pior é que as sátiras não são nada sutis, eles visivelmente subestimaram a capacidade de assimilação do público e forçaram as paródias com as mesmas frases dos filmes parodiados, como se temessem que piadas mais inteligentes ou menos óbvias não fossem captadas pelo povão. Desta forma, define-se bem o público a quem o filme quer atingir, que é o mesmo publico que curte Zorra Total, A praça é nossa e por mais que existam 2 atores do canal do Youtube “Porta dos Fundos”, as piadas do filme nada se assemelham com a do canal que ficou famoso por seus quadros ácidos e suas críticas sociais. Dizem que comédia boa é aquela te faz rir, independente do estilo ou dos recursos que ela utiliza a serviço do riso. Mas infelizmente, esse filme não funcionou para mim que cheguei a ver a maioria dos filmes satirizados, que dirá para aqueles que não viram os filmes. Deu pra contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que esbocei uma risada tímida. Massssssssssssssssssssss, senso de humor é uma coisa muito pessoal, né? Eu quero deixar claro que não tenho nada contra comédias, o me incomoda é o oportunismo que existe nesse mercado que fica nessa de fazer mais do mesmo. Nessas histórias que parecem que foram feitas em 5 dias de tão improvisadas. É muito recurso e dinheiro investido para pouca história, o Brasil merece histórias e enredos que não o subestimem. O lado bom de “Copa de Elite”? É que esse filme não poderia existir há 5 anos atrás. Isso porque não havia muitos lançamentos no cinema nacional e que dirá filmes emblemáticos para poder fazer uma sátira reconhecida pelo público. Quer ajudar o cinema nacional a continuar crescendo só que da forma certa? Vá ao cinema ver “Confia em mim” ou o excelente “Hoje eu quero voltar sozinho”. Desta forma estaremos dando um passo de uma longa caminhada rumo a uma nova cultura de filmes nacionais. Filmes como “Copa de Elite” só existem porque existe público para ver. E o pior: se este filme fizer sucesso teremos uma continuação. Algo como: “Copa de elite 2- missão Olimpíadas”, sério... O Brasil merece mais que isso, desculpem o desabafo. De qualquer forma, se você é duro na queda e ainda sim quer ver o filme e encarar o grupo “Molejão” (que faz a sua participação especial), “Copa de Elite” estreia dia 17 de abril nos cinemas de todo o Brasil. Só não vai dizer depois que eu não avisei.
Enfim um filme nacional que quebra o esteriótipo de que no mundo gay só existe putaria e gente promiscua. É bom ver o amor através dos olhos de um cego.
Após 3 anos do lançamento do curta “Hoje eu não quero voltar sozinho”, sucesso que virou febre no Youtube e contabiliza mais de 3 milhões de visualizações, chega aos cinemas o tão esperado longa “Hoje eu quero voltar sozinho” do diretor Daniel Ribeiro.
Isso mesmo, vocês não leram errado, agora no lugar da negativa, o que temos é uma afirmação no título do filme, e isso é sabiamente explorado na trama que não apenas surpreende como também encanta e diverte o público.
Para quem ainda não viu o curta e esta se sentindo deslocado, a boa notícia é que o filme não é uma continuação. Então é possível ir ao cinema sem aquela neura: “se eu não ver o curta não vou entender o filme”.
Vamos à história… Na trama Leonardo (Ghilherme Lobo) é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Para tanto, ele precisa lidar com suas limitações e a superproteção da mãe.
“Porque tem que ser diferente? Porque você não tenta fazer ser igual?” Esta frase dita pelo personagem Leonardo para a mãe, ilustra bem a relação dos dois. Aliás, de modo geral, o texto do filme esta ótimo, incrivelmente atualizado com o vocabulário jovem, sem cair no erro de tentar ser moderninho demais, ele simplesmente flui transmitindo verdade.
Mas a história é centrada mesmo na relação do trio de amigos Leonardo, Giovana (Tess Amorim) e Gabriel (Fabio Audi). Onde Gabriel é o garoto novo da escola que irá despertar sentimentos até então desconhecidos em Leonardo.
E ainda que a história do garoto novo que chega na escola seja pra lá de recorrente, o fato do protagonista ser cego e vivenciar um romance gay fez com que ao diretor pudesse trabalhar o tema de forma original, explorando de forma sensível a sutiliza dos detalhes.
Talvez o grande mérito do filme esteja na forma como ele foi conduzido, com um ritmo que flui tão bem quanto o curta, mesmo ao aprofundar mais a história.
As cenas em que Leonardo não esta vendo algo especifico e a gente vê o que ele não esta vendo, funcionam muito bem causando no telespectador reações. A vontade mais eloquente que nos dá em alguns momentos é a de emprestar os nossos olhos ao protagonista, mas é justamente o oposto que o filme faz, ele nos faz ver o mundo através da perspectiva do personagem. (Um grande feito, diga-se de passagem).
Tudo que tem no curta esta no filme de alguma forma, a história muda um pouco para dar ao longa mais complexidade, alguns personagens são acrescentados, mas a leveza e o tom singelo do curta são mantidos, assim como a belíssima e sensível fotografia que sem dúvida é o melhor do filme.
Daria para escrever uma página de Word só para tecer elogios à fotografia. Os enquadramentos ora super focados nos detalhes como olhos, orelhas, costas, mãos e ora colocando os atores no canto da tela, proporcionam mais do que boas imagens, transmitiram sensações e contribuíram de forma decisiva no resultado do filme.
Não bastasse isso, as cores vibrantes chamam atenção, como o violeta que predomina na cena em que os personagens Gabriel e Giovana estão conversando no chão do banheiro e o vermelho que predomina na cena da festa. Aliás... Esse momento do filme lembrou e muito “As vantagens de ser invisível”, ao mostrar o protagonista sozinho no sofá, enquanto a festa rola em torno dele.
Para poder aproveitar os mesmos atores do curta (que a propósito dão conta do recado), o diretor optou por contextualizar a história no colegial, ao invés do ensino médio. Com conflitos mais maduros, o filme ganha mais sobriedade que o curta ao explorar as aflições típicas da adolescência, sobre tudo as que estão no campo sentimental.
E para embalar todos os encontros e desencontros amorosos, o filme conta com uma ótima trilha sonora. Um misto de mpb, rock e música clássica, passando por Marcelo Camelo, Cicero, a banda indie Belle and Sebastia até chegar aos clássicos de Bach. (Há tempos não assistia um filme com uma trilha sonora de tamanho bom gosto)
Na atuação Ghilherme Lobo e Tess Amorim se destacam, ele por convencer ao fazer um deficiente visual. (Tem gente até hoje que se espanta quando descobre que o ator enxerga na vida real). E ela por garantir boas risadas com a sua personagem deslocada.
Tão bom quanto à introdução e o desenrolar da história é o desfecho, que na cerimonia de lançamento do filme que aconteceu no Cine Sesc de São Paulo conseguiu retirar aplausos da plateia.
É o tipo de cena que dificilmente irá sair da cabeça das pessoas, e não estou falando de beijo gay ou de algo dramático, a cena final consegue ser ao mesmo tempo forte e delicada.
Com tantas qualidades, pequenos errinhos de continuidade como a cena do protetor solar onde o protetor some e depois volta a lugares da pele que já tinham sido espalhados, passam quase despercebidos.
“Hoje quero voltar sozinho” que estreia em todo Brasil dia 10 de abril, não só conseguiu superar as expectativas, como se estabelece como um dos melhores filmes nacionais do ano até o presente momento. (Se não for o melhor)
Consegue ser um filme jovem sem ser bobo, polêmico sem ser pesado e sensível sem ser careta. Da vontade de ver de novo!
Em seu primeiro trabalho no cinema, o diretor Michel Tikhomiroff (da série "Julie e os Fantasmas", da Band), apresenta a história de Caio (Mateus Solano), um cara sedutor que utiliza de seu charme para tirar dinheiro de suas vítimas.
A história contada pela perspectiva da vítima (Fernanda Machado), embora tenha seus bons momentos, demora para pegar o ritmo e peca por não acrescentar nada do que já foi visto anteriormente nos filmes do gênero. A impressão que dá, é que estamos tendo um deja vu ao ver o filme, pois tudo soa estranhamente familiar e previsível.
Tá certo que fazer suspense em um país onde a cada 10 filmes, 8 são comédias tem lá o seu mérito, mas infelizmente este é o único mérito do filme. Que embora não seja bom, também não chega a ser de todo ruim. É o que podemos chamar de filme mediano, do tipo que você vê, se entretêm e depois esquece.
A trama pra lá de manjada é algo que todo mundo já viu alguma vez na vida: o cara sedutor que vai roubar a moça rica e indefesa. A diferença é que ao invés de roubar milhões como vemos nos filmes hollywoodianos, em “Confia em Mim” os roubos são mais modestos, (na casa dos 200 mil reais), o que dá a obra um tom mais realista para os parâmetros do Brasil.
A verdade é que a história só fica mais interessante depois que a personagem se da conta do golpe, até lá o filme é levado em banho Maria, com diálogos artificias que não convencem o telespectador e tão pouco contribuem para desenvolver qualquer empatia com os personagens.
Embora a atuação de Fernanda Machado e Matheus Solano, tenham sido “Ok”, há quem jure que em cena o ator não conseguiu se desfazer totalmente dos trejeitos do personagem Felix da novela “Viver a Vida”. O que seria um sério problema, haja vista que os personagens possuem orientações sexuais diferentes. De qualquer forma, eu não senti tanto as desmunhecadas do ator, que a meu ver, foi o melhor do filme.
Ainda no quesito atuação, o filme deixa a desejar, as atrizes que fazem ponta como a mãe e a irmã da protagonista, definitivamente não convencem com suas falas e expressões robóticas.
A direção de fotografia não ousa muito e o filme tem na maior parte do tempo o formato que estamos acostumados a ver nas novelas. Cenas que poderiam ser exploradas melhor, como as da cozinha (vale lembrar que a personagem é uma sub chefe de cozinha), foram feita de forma chapada, perdendo a oportunidade de mostrar o preparo da comida em ângulos menos óbvios como o que a gente vê no “Mais Você”.
O que funciona no filme? O suspense! Depois que a trama é estabelecida e as peças colocadas no tabuleiro o filme ganha ritmo e consegue proporcionar duas ou três cenas que deixam o publico apreensivo. (Destaque para a cena do “download”, quem assistir o filme vai entender do que estou falando).
A trilha sonora, é um verdadeiro desastre que ao invés de somar a trama e conversar com o filme, briga com as imagens, parecendo se tratar de uma música que foi feita para outra ocasião.
Apesar dos pesares, repito: o filme não é ruim. Dá pra assistir e achar “legal”, tem o seu valor já que de certa forma se trata de uma prestação de serviço, uma vez que o filme aborda uma problemática real que acontece com muitas mulheres em nosso país. Aliás, foi dessa forma que o diretor teve a ideia de fazer o filme, quando uma mulher próxima a ele passou por uma situação semelhante.
Um aspecto positivo do filme é a forma como ele expõe a problemática da pessoa que leva o golpe, afinal ela não perde só o dinheiro, junto com a grana tão vão o orgulho e a fé na humanidade, o que causa vergonha e constrangimento na vítima que na maioria das vezes prefere não denunciar o golpe a ter que se expor como “a trouxa” da história.
Como a personagem reage a essa situação na trama e como a história termina, vocês descobrem assistindo o filme que estreia dia 10 de abril nos cinemas. Ambientado em São Paulo e rodado em Paulínia, “Confia em mim” estreia em todo o Brasil em mais de 250 salas.
A LINHA TÊNUE ENTRE O BIZARRO, O ERÓTICO E O POÉTICO
Confesso que cheguei a sessão de “Ninfomaníaca volume 2” com os dois pés atrás, para ser bem franco com vocês leitores, acabei vendo primeiro o volume 2 e só depois consegui conferir o volume 1.
Agora que já vi as duas partes dessa unidade, posso compartilhar com vocês minhas impressões e dizer o porquê dos meus pés atrás com a tão estimada obra de Lars Von Trier.
Sabe aquela frase que diz que toda unanimidade é burra? Pois bem, antes mesmo dos filmes serem lançados, muitos já o consideravam uma obra prima do cinema. O que automaticamente me fez querer ver o filme única e exclusivamente para contrariá-los.
Não que eu goste de ser do contra, mas acredito que muitas vezes um autor é tão superestimado que as pessoas preferem dizer que gostaram pelo simples fato de não quererem se dar ao trabalho de reunir argumentos para explicar os porquês de não terem gostado.
Como se não gostar de um filme X endeusado por muitos, fosse sinônimo de burrice ou falta de capacidade de compreendê-lo em sua totalidade… (Bobagem isso…)
O problema é que neste caso especifico eu amei o filme, e isso quebrou as minhas pernas. Impressionante como um filme que narra à saga de uma ninfomaníaca consegue ser tudo menos vulgar.
A forma como o sexo é abordado é tão fantástica e natural que mesmo contendo zilhões de cenas de sexo e nudez, o filme consegue ter conteúdo suficiente para que tamanha exposição não ficasse sem peso ou sem sentido. A verdade é que o filme não seria o mesmo sem tamanha exposição, pois o objetivo da obra (pelo menos essa foi minha interpretação) é justamente transformar em banal algo que na nossa sociedade ainda é um assunto tabu: o sexo.
“É possível classificar as qualidades humanas em uma palavra: hipocrisia”, dita por Joe nossa protagonista, esta frase defende bem qualquer crítica que possa vir do público mais moralistas.
Aliás, um dos grandes feitos do filme é questionar de forma contundente os conceitos de moral, ética e é claro como não podia deixar de ser da religião, que influenciou de forma definitiva nos conceitos supracitados. (Destaque para a cena em que Joe vai parar em um clube de Ninfomaníacas Anônimas, a fala dela nesta cena é realmente sensacional)
Sem maiores surpresas, a história do volume 2 continua exatamente do ponto que parou em seu anterior. O que fica claro, no entanto, é que enquanto o volume 1 tratou de mostrar as descobertas do prazer, o volume 2 esta mais focado nos conflitos que a busca incessante pelo sexo pode causar.
NINFOMANIACA VOLUME 201
Já com um filho para criar e um marido que por mais que se esforce não consegue saciar o apetite sexual de Joe, a parte 2 do filme traça uma linha imaginária que separa de forma fria amor e sexo. Onde é claro, o amor sucumbe em detrimento ao sexo, justificando assim o slogan do cartaz “Esqueça o amor”.
É interessante/ bizarro observar a “evolução” dessa personagem que é totalmente submissa aos seus desejos. De tal forma que na busca por novas sensações acaba por se colocar em situações de risco sem medir as consequências de seus atos.
Nesse novo capitulo da história, o sexo é abordado das mais diversas formas, desde o tradicional: sexo oral, masturbação até a dupla penetração, chuva de prata, masoquismo e até mesmo pedofilia é abordado. (Este último de forma não direta).
A impressão que dá, é que o diretor tentou colocar em um único filme tudo que havia de polêmico envolvendo sexo. (Por sorte ele se esqueceu da zoofilia, porque definitivamente eu não teria estomago para isso.)
A fotografia sem maiores exageros esta impecável, as tomadas de câmera estão gênias, alternando bastante entre o primeiro e segundo plano, foco e desfoco, o que em muitas vezes nos direciona a olhar as expressões dos atores e não o órgão genital que embora esteja na cena é colocado em segundo plano como algo banal.
Outro aspecto interessante do filme é a inserção de números que se sobrepõem as cenas de sexo. Além de dar um ar contemporâneo à obra e criar uma identidade visual impar, contribuiu na trama para colocar o sexo como algo tedioso, como se o ato em si para a personagem fosse algo mecânico e não orgânico.
A trilha sonora é composta majoritariamente por música clássica, mas também contém uma pitada de rock, uma mistura que deu certo.
Com um elenco que se doou de forma brilhante e por que não dizer chocante, o filme possui uma narrativa agradável, repleta de bons diálogos e pausas para divagações.
O volume 2 de “Ninfomaníaca” mantém o seu caráter polêmico e traz em sua conclusão uma espécie de tapa na cara da sociedade ao questionar a cultura machista.
“Ninfomaníaca 2” é a conclusão de um filme que realmente não cabia em apenas 2 horas. Diferentemente de filmes como Crepúsculo e O Hobbit cuja divisão em duas e três partes se deu apenas para visar lucro, aqui fica nítido que tal divisão se deu para aprofundar o assunto e explorá-lo das mais diversas formas.
Concluindo, o filme consegue encontrar espaço para cenas bizarras, hilárias, excitantes e poéticas. Da pra rir, ter nojo, se excitar, ficar constrangido enfim… Isso varia de pessoa pra pessoa… O que é certo, é que dificilmente alguém conseguirá passar indiferente a este filme.
Vale apena conferir, “Ninfomaníaca 2” que estreia hoje no Brasil. Em alguns cinemas será possível a façanha de assistir o Volume 1, sair e ver o 2 graças ao curto intervalo de lançamento entre um filme e outro. Uma ótima oportunidade para aqueles que curtem fazer uma sessão dupla no cinema!
E sim, eles estavam certos, trata-se de uma obra-prima.
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Bate Coração
2.5 18Filme nacional que estreia nesta quinta (7) nos cinemas tinha tudo para dar certo, porém tropeça ao incorrer em uma série de equívocos que vão da desinformação à transfobia. Listamos 10 erros grosseiros do filme; confira!
O novo longa dirigido por Glauber Filho, o mesmo diretor de “Bezerra de Menezes” e “As mães de Chico Xavier”, mantém o pé na espiritualidade e embora seja bem intencionado, comete graves erros em sua execução. Aos quais iremos nos aprofundar mais pra frente.
Na trama, Sandro é um conquistador cheio de preconceitos, que sofre um ataque de coração em plena noite de Réveillon. Para escapar da morte, precisa de um transplante de urgência. E a salvação vem de onde ele menos espera. Isadora, travesti dona de um salão de beleza da periferia, é vítima de um acidente e se torna a doadora do coração de Sandro.
Após o transplante, Isadora, em espírito, passa a seguir os passos do publicitário. Enquanto isso, Sandro começa a perceber mudanças de comportamento e passa a enxergar o mundo de uma maneira diferente.
Uma vez estabelecida essa grande ironia onde um cara machista e homofóbico recebe uma segunda chance graças ao coração de uma travesti, o filme da a entender que teremos pela frente uma história maravilhosa de desconstrução de preconceito, porém não é exatamente isso que o público encontra. Pelo contrário, a comédia acaba reforçando uma série de esteriótipos negativos das travestis.
São tantos equívocos, que resolvemos listar 10 erros grosseiros de “Bate Coração”; confira:
1- Atores cis interpretam travestis
Fica nítido ao ver o filme, que não houve uma preocupação em ouvir as travestis e procurar saber o que as ofende ao serem representadas. Se houvessem travestis com poder de fala envolvidas no projeto, certamente o filme não cometeria tantas gafes que reforçam o preconceito que essa população já sofre.
2 – Confusão entre homofobia e transfobia
Momentos antes de sofrer o acidente que irá culminar em sua morte, a personagem Isadora se vê envolvida em um ataque onde dois motoqueiros intimidam duas travestis. Na cena, ela grita “Homofóbicos!”, contudo se eram travestis sendo atacas, o correto seria usar o termo “Transfobicos”. Parece bobagem, mas essas nomenclaturas importam para não invisibilizar o seguimento das travestis e transexuais que são as mais visadas quando o assunto é agressão e assassinatos motivados por LGBTfobia.
3 – Reforço do esteriótipo de promiscuidade e safadeza
Após o transplante, o espírito de Isadora passa a acompanhar Sandro e na sequência é criada uma cena onde o transplantado esta tomando banho enquanto a travesti assiste o “boy magia” em seu momento íntimo. Reforçando a ideia de que travesti é um ser estritamente sexualizado e comprometendo a mensagem principal do filme de quebrar com o preconceito. Se de um lado a comédia mostra a importância da doação de órgãos, do outro lado ela cria uma situação para que os homens que possuem a sua masculinidade frágil queiram recusar o coração de travestis e homossexuais. Afinal, já pensou que horrível ter o dono do coração que você herdou te assistindo durante o banho?
4 – Afetação como alívio cômico
Ao receber o coração da travesti, o personagem de Sandro passa a sofrer influência e apresentar uma série de comportamentos atípicos: como achar homem gostoso, assistir novela, comédia romântica, reparar no cabelo e nas roupas das mulheres e chega ao extremo de passar batom em sua própria boca. Cena esta que é concluída com os figurantes rindo ao fundo como se ser ou estar afeminado fosse motivo de riso. Infelizmente a influência de Isadora fica limitada aos trejeitos e gostos do personagem, numa camada tão superficial que não chega a contribuir para que ele mude a sua visão de mundo.
5 – Asco ao beijo em travesti
Sandro tem um sonho onde é beijado por Isadora. Ao acordar ele coloca a língua pra fora como se fosse vomitar, reagindo com nojo a ideia de beijar uma travesti. Detalhe: essa cena acontece no terceiro ato do filme, quando o personagem já deveria estar desconstruindo de seus preconceitos. Na prática, o que faz o personagem tomar uma nova postura de vida, não tem nada a ver com a travesti, e sim com a interferência de uma criança cis que precisa de um novo coração. Ou seja, da travesti o personagem pegou os trejeitos cômicos, mas foi só com a criança que ele aprendeu algo de valor.
6 – O Não reconhecimento da travesti como mulher
Uma das cenas mais bizarras do filme, é o momento onde uma criança que consegue enxergar o espírito de Isadora conversa com Sandro. A criança reconhece a figura de Isadora como mulher, inclusive à confunde como namorada de Sandro. Ao perceber que a guria consegue enxergar o espírito, Sandro pergunta: “Mas é homem ou mulher?”. E a resposta de Isadora não poderia ser pior: ela faz com a mão o gesto de “mais ou menos”, como se não fosse nem homem e nem mulher, ou meio homem e meio mulher. Prestando assim um grande desserviço para as travestis e transexuais da vida real que lutam diariamente para serem reconhecidas como mulheres pela sociedade.
7 – A “montagem” da trans
Isadora acorda toda produzida e se surpreende soltando o comentário “Acordei montada”., se referindo ao fato de já estar maquiada. Contudo é importante salientar que travesti e mulher trans são mulheres 24hs por dia, elas não se “montam” como se fosse uma fantasia. Quem se monta e se desmonta é drag queen, que faz isso como forma de arte, que é totalmente diferente de identidade de gênero. Logo, a expressão “montada” poderia ter sido evitado para evitar confusão desnecessária.
8 – Travestis como associação negativa
O melhor amigo de Sandro também é a personificação do hétero escroto e em determinado momento do filme duas travesti resolvem se vingar dele invadindo o trabalho do rapaz e produzindo gemidos para que todos que estivessem do lado de fora da sala pudessem pensar que ele estaria fazendo sexo com elas. “Viemos aqui para acabar com a sua reputação”, diz a travesti antes de emitir os gemidos. Após chantagearem o rapaz e conseguirem o que queriam, elas começam a sair da sala, mas não sem antes ouvir do hétero “saiam com discrição”. Reforçando uma ideia errada de que se relacionar com travesti é algo vergonhoso e digno de ser escondido.
9 – Confusão entre identidade de gênero e orientação sexual
O filme não deixa claro a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual. Gerando muita desinformação sobre o assunto que eles optaram por se apropriar.
10 – Machismo
Como se não bastasse as gafes com a comunidade LGBT, o filme também incorre em machismo. Em uma das cenas duas médicas conversam sobre o bonitão transplantado:
– Conheço muito bem o tipo, é o Don Juan metido a garanhão
– Isso é mesmo, não tem jeito, a gente tenta, mas a gente gosta de um cafajeste sincero.
E corta para outra cena qualquer, sem nenhum tipo de oposição a ideia retrógrada de que mulher gosta mesmo é de homem cafajeste.
Em meio a tantos equívocos que colaboram para o reforço do preconceito e a desinformação, fica o questionamento de como uma obra como essa conseguiu ser aprovada pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema).
Enquanto as travestis são usadas como alívio cômico por atores e diretores cis, o homem que matou uma travesti e arrancou o seu coração foi absolvido. Poderia ter sido uma história incrível, mas infelizmente foi apenas um grande desserviço que beira a irresponsabilidade. A gente espera que essa crítica chegue aos envolvidos no projeto (que não são poucos) e torce para que eles leiam os apontamentos feitos de peito aberto e que busquem evoluir com eles. Porque um trabalho como esse que poderia contribuir para a quebra do preconceito, apenas colabora para a perpetuação do mesmo. Um erro rude que poderia ter sido evitado se eles estudassem mais sobre o tipo de personagem que eles se dispuseram a trabalhar.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraO melhor momento da saga até aqui
Chega aos cinemas do Brasil mais um capitulo do fenômeno mundial Jogos Vorazes. Com a polêmica divisão do filme em duas partes, “A Esperança – Parte I” tinha tudo para ser aquele filme arrastado do tipo que o povo enche de lingüiça pra sobrar alguma cena decente para a parte II. Mas a boa notícia é que o filme não chega a ser monótono e surpreende por mostrar o melhor momento de Jennifer Lawrence no papel da personagem Katniss Everdeen.
Se nos dois primeiros filmes a ação predomina por conta dos Jogos Vorazes, neste filme onde não existe jogos o que predomina é o drama, dando assim a abertura necessária para que a atriz Jennifer Lawrence sambasse na cara da sociedade com uma atuação digna de alguém que já ganhou um Oscar.
Aliás, este é um dos grandes diferencias dessa franquia. Pense por um momento nos protagonistas de Harry Potter (Harry), Crepúsculo (Bella) e O Senhor do Anéis (Frodo), por mais carismáticos que alguns pudessem ser (leia-se: estou excluindo a Bella), eles tinham pouca ou quase nenhuma expressão.
Em “A Esperança” temos menos confronto físico e mais confronto psicológico, o que torna o filme mais maduro e menos “Missão Impossível”. Encontramos Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) no Distrito 13, após ela literalmente destruir os jogos para sempre. Sob a liderança da Presidente Coin (Julianne Moore) e o aconselhamento de seus amigos, Katniss mais uma vez abre suas asas para salvar Peeta (Josh Hutcherson) e uma nação movida por sua coragem.
Existem muitos pontos altos nessa história adaptada, tais como os efeitos especiais, a direção de arte, a trilha sonora (Tem “Lorde” ao subir dos créditos! Isso quer dizer que ela pode concorrer ao Oscar na categoria melhor canção ) e a produção que é grandiosa. Destaque para os cenários pós apocalíptico que impressionam com suas ruínas repletas cinzas e esqueletos.
Mas o que mais se destaca em “A Esperança – Parte I”, é a própria história, que faz uma analogia crítica ao modelo da nossa sociedade que sucumbe frente às exigências de um sistema capitalista, sistema este que visa apenas o próprio interesse e o poder acima de qualquer coisa.
Dessa vez mais do que assimilar o sistema e colocá-lo em crise, Katniss irá usar das próprias ferramentas dominadoras do sistema (TV e Publicidade) para lutar contra o mesmo. Impossível não associar a história da revolução do filme (salva as suas devidas proporções), com os protestos que tivemos aqui no Brasil ano passado. Pena que não tivemos um “Tordo” para dar seqüência e inspirar a tal revolução na época. [...]
Como estou escrevendo a crítica dedicado a não soltar muitos spoiler´s, vou dizer apenas que existem cenas choráveis (a que segue após o bombardeio de um hospital <3) e cenas cômicas também, a maioria advindas dos tutores de Katniss que garantem a leveza do filme.
Precisava dividir o filme em duas partes? Não, não precisavam... Só queriam tirar mais dinheiro da galera mesmo.
O filme é ruim por conta disso? Não, não é, vai tranqüilo que você vai gostar. Aliás, é o melhor dos 3 já lançados.
Agora de tudo o que mais incomoda no filme, foi o final que eles escolheram. Se eles tivessem parado 10 minutos antes, na cena em que Katness e Peeta se reencontram seria simplesmente genial. (Haja vista o que se segue deste reencontro).
Mas não, resolveram continuar e explicar uma cena mega intrigante ao invés de deixar o povo voltar curioso pra casa imaginando ou até mesmo pesquisando o que segue daquela cena “WTF?!”.
De qualquer forma, “A Esperança – Parte I” corresponde às expectativas e consegue deixar nós reles mortais curiosos para ver o grande desfecho.
Vou terminar a crítica com uma frase do próprio filme, porque achei digna de reflexão: “São as coisas que mais amamos que nos destroem”.
#Reflitam
Vlw, flw!
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraNolan mais uma vez mostra porque é um dos melhores diretores da atualidade dando um nó na cabeça do telespectador.
Chega hoje aos cinemas “Interestelar”, o mais novo filme do diretor Christopher Nolan, famoso por dirigir a “trilogia Batman” e filmes como “Amnésia” e “A Origem”, Nolan se destaca por ter uma carreira curta, porém muito expressiva, conseguindo aplicar ideias conceituais em filmes que também agradam o grande público. É o tipo de diretor que agente pode dizer que agrada a gregos e troianos, e isso se deve as várias camadas que seus filmes costumam ter.
Em Interestelar não é diferente, mas a coisa mais importante que você precisa saber sobre Interestelar é: quanto menos você souber sobre a história melhor. A grande sacada deste filme esta em seu roteiro e na edição, é o tipo de filme que você termina de ver com vontade de ver de novo justamente para pegar os detalhes que talvez você não tenha reparado na primeira vez .
De qualquer forma, segue a sinopse comentada da trama para você não chegar tão perdido no cinema: Interestelar se passa em um futuro em que a Terra se torna um lugar inabitável. Destaque para a construção dessa atmosfera, repleta de suspense que muito se assemelha aos filmes de M. Night Shyamalan (O sexto sentido, Sinais, A Vila). Aliás o que não falta no filme são boas referências, que vão desde Kubrick (2001 uma Odisséia no Espaço) à Spilberg (pela forma como o diretor trabalha com a luz).
Com a promessa de encontrar um jeito de solucionar o problema, um grupo de exploradores descobrem um buraco negro capaz de proporcionar viagens pelo espaço e pelo tempo, além de outras dimensões, com a qual os humanos nunca tinham sonhado. Junto desses exploradores está Cooper (Matthew McConaughey), o grande vencedor do Oscar do ano passado que deu vida ao cowboy homofóbico em “Clube de compras Dallas” agora faz um ex-piloto que precisa deixar sua família para seguir rumo ao espaço.
Poderia ser apenas mais uma ficção cientifica que nos enche os olhos com belas imagens e nos entretém com uma história mirabolante, mas o filme vai muito além disso quando explora a relação entre pai e filha e consegue emocionar o público (leia-se: eu chorei vendo o filme) quando adicionam em meio a essa relação a questão da viagem no tempo. É de fazer o público parar e pensar: “O que eu tenho feito mesmo com o meu tempo?”.
Matthew McConaughey brilha mais uma vez e consegue dar as nuâncias que o seu personagem precisa, é uma boa atuação e talvez ele possa sim ser lembrado no Oscar por ela. Já Anne Hathaway (vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em (Os Miseráveis), esta um tanto quanto inexpressiva na trama e funciona mais para levantar as bolas que McConaughey irá cortar.
Além de nos deixar tensos e no emocionar, o filme reserva espaço para risadas, a maior parte advindas dos diálogos entre o personagem de Matthew McConaughey e o robô TARS, que consegue ter um carisma acima do normal para um robô. Os diálogo sobre os dois embora engraçados, são profundos e remetem aos limites existentes entre o homem e a máquina.
Nome certo no Oscar 2015, Interestelar terá fortes chances na categorias técnicas, são elas: melhor edição, melhor mixagem de som, efeitos especiais, direção de arte, fotografia e trilha sonora (aliás Hans Zimmer, estava muito inspirado quando fez essa trilha sonora, que de tão presente no filme acaba quase sendo um personagem da história). É claro que todas essas indicações, se tratam apenas de um palpite deste que vos escreve.
O filme ainda conta com a excelente atuação dabela Jessica Chastain (Hitórias cruzadas / A Hora mais Escura) que faz o papel da filha do piloto na fase adulta e da participação especial do vencedor do Oscar Matt Damon (Gênio Indomável) que aparece no meio da trama para por um tempero especial na história.
Vai soar piegas, mas não deixa de ser verdade: Interestelar é um filme que agrada os olhos, preenche o cérebro e de quebra ainda mexe com as nossas emoções. É o tipo de filme imperdível, tanto para quem gosta de filmes com explosões e efeitos especiais, quanto para quem curte um filme mais cabeça.
PS: Soube no final da sessão que o filme durou cerca de 3 horas. São 3 horas tão bem aproveitadas que eu nem havia reparado! Vale muito apena conferir, sem dúvida um dos melhores filmes do ano.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraO descontrole nunca foi tão prazeroso
Existem muitas definições do que seria um bom filme, a minha sempre foi: bom filme é aquele que de alguma forma consegue lhe proporcionar algum tipo de sensação ou reflexão. Se você chora, ri, sente medo, nojo, empatia, repulsa é sinal que o filme de alguma forma mexeu contigo. Se o filme passa indiferente e você não consegue sequer tirar algum tipo de reflexão dele é porque ele não conseguiu estabelecer nenhum tipo de conexão com você.
E porque disse isso tudo? Justamente pelo fato de “Relatos Selvagens”, filme que abriu a mostra internacional de São Paulo, ter estabelecido com grande êxito uma conexão direta com o telespectador, amplificando situações do cotidiano e dando a elas, arte, drama e humor.
O resultado desta conexão é uma catarse que se dá pela identificação das cenas apresentadas no filme. Seja numa discussão no trânsito, uma suspeita de traição ou até mesmo naquela multa que recebemos levianamente.
O filme nos envolve em suas 6 histórias que nos entretém, diverte e nos faz pensar.Situações como as descritas acima acontecem o tempo todo e seriam até entediantes revê-las no cinema, porém, o que torna o filme brilhante é a forma como o diretor Damián Szifron ("El Fondo Del Mar), que também assina o roteiro do filme, trabalha estas situações.
Num misto de influências de Tarantino e Almodovár, (confirmadas pelo próprio diretor em entrevista), “Relatos Selvagens” apresenta uma história melodramática, cheia de reviravoltas, com cenas pra lá de violentas e esteticamente muito bem executadas. (Destaque para a fotografia do filme que esta deslumbrante e que faz uso de ângulos inusitados e do tradicional ângulo de baixo pra cima, marca registrada de Tarantino).
Os personagens da história são os mais casuais possíveis, pessoas absolutamente normais que em algum momento irão perder o controle. O que vemos na tela é a exteriorização do nosso lado mais primitivo, o que faz de cenas normalmente corriqueiras, verdadeiras epopeias.
Assim sendo, o título “Relatos Selvagens”, esta devidamente justificado e dá um bom prenuncio do que as pessoas irão encontrar. Aliás, passadas as duas primeiras histórias, as pessoas começam a ver o filme com olhos mais atentos, e neste momento, o pensamento que se estabelece é: “Ok, em que momento e de que forma essa situação absolutamente normal irá sair do controle?!”.
Sabendo disso a direção brinca com o telespectador, nos induzindo a achar muitas coisas, até chegar de fato aonde quer. Algo que realmente merece ter o seu mérito reconhecido, afinal, o filme consegue mexer com as nossas expectativas, que se renovam a cada inicio de uma nova história.
Relatos Selvagens é estrelado por Ricardo Darín (“Tese Sobre um Homicídio”), Oscar Martínez (“Ninho Vazio”), Leonardo Sbaraglia (“Intacto”), Darío Grandinetti (“Fale com Ela”), Rita Cortese (“Viúvas”), Erica Rivas (“Tetro”) e Julieta Zylberberg (“Um Namorado para Minha Esposa”). Gustavo Santaolalla (“Amores Brutos”, “Diários de Motocicleta”, “Babel”) é o compositor da trilha sonora.
Duas palavras poderiam definir este filme, são elas: “inusitado” e “prazeroso”. Sem dúvida um dos melhores filmes do ano, não é à toa que será o representante da Argentina para concorrer a concorrer ao Oscar 2015. (Péssimas noticiais para o brasileiro “Hoje eu quero voltar sozinho”, nosso candidato ao Oscar que é sim um bom filme, mas que perto deste não terá muitas chances).
Relatos Selvagens estréia hoje, dia 23 de outubro nos cinemas aqui do Brasil. Vale à pena conferir estes personagens que são como eu e você, ricos e pobres, fazendo aquilo que muitas vezes gostaríamos de fazer, mas que nem sempre podemos em nome da boa e velha noção de civilização. Imperdível!
O Juiz
3.8 783 Assista AgoraEsse é o tipo de filme que você não da nada pela capa ou pelo título, e olha que dessa vez traduziram o nome do filme ao pé da letra. Mas quando o ator Robert Downwy Jr. (Homem de Ferro / Sherlok Homes) resolve apresentar algo que vai além da ação generalizada, à gente precisa parar pra ver.
Temos em “O Juiz” uma história aparentemente despretensiosa, que demora um certo tempo para prender o telespectador e mostrar o seu valor, é o tipo de filme locomotiva que começa lento e que progressivamente vai ganhando relevância e prestígio.
Na trama um advogado de sucesso (Robert Downwy Jr. ) retorna à sua cidade natal para o funeral de sua mãe somente para descobrir que seu distante pai, o juiz da cidade (Robert Duvall) e portador de Alzheimer, é suspeito de assassinato.
Mais do que centrar a história no julgamento do caso, o filme consegue nos dar ainda mais profundidade ao colocar o próprio filho na posição de advogado do pai, uma tarefa que já não seria fácil e que se complica ainda mais por conta da relação conturbada de ambos.
Desta forma, a história narra em paralelo o julgamento do homicídio que envolve o respeitado juiz da cidade e a relação pai e filho, que sem dúvida, é o ponto alto do filme. A entrega dos atores e as excelentes atuações dão aos personagens a credibilidade para emocionar o público e por vezes nos fazer rir também, graças a Downwy Jr. que empresta ao seu personagem o humor sarcástico do Homem de Ferro e o raciocínio rápido de Sherlock Homes.
Contudo, a história de “O Juiz” é menos simplista que a descrita aqui em cima. Existem muitas outras nuâncias que permeiam a relação pai e filho. Como por exemplo, a relação entre os outros dois irmãos que também são filhos do Juiz, aliás, observando do prisma dos conflitos familiares, não seria nenhum exagero dizer que tivemos nessa obra a versão masculina de “Álbum de Família”, com grandes diálogos e excelentes atuações.
E quando eu digo grandes diálogos, eu me refiro a frases como essa: “Eu queria gostar mais de você” dita de pai para o filho. Ela não é apenas uma frase forte, como se revela muito mais profunda do que aparenta no decorrer da história.
Arrisco-me a dizer, que não seria nenhuma surpresa ver o nome de Downwy Jr. e Robert Duvall na lista dos indicados ao Oscar para melhor atuação.
É claro, que até fevereiro muitos filmes irão surgir, mas até o presente momento, foi à história que apresentou as melhores interpretações masculinas. Destaque para a cena em que o filho ajuda o pai a tomar banho, tem que ter um coração de pedra para não se emocionar nesta cena, que foi conduzida com uma sensibilidade impar pelo diretor David Dobkin que até então só havia feito filminhos água com açúcar como: “Bater ou correr” e “Amigos com benefícios”.
Outro aspecto positivo do filme, é que ele não tem aquele tom didático, os personagens entram e saem na trama sem serem devidamente apresentados, até você entender quem são e a sua relevância na história leva um certo tempo e isso acaba por ser algo bom, pois ao invés de nos deixar perdidos, isso apenas aguça a nossa curiosidade, pois a cada cena nova, algo se revela de lugares onde menos se espera.
Do ponto de vista estético, o filme utiliza um estilo vintage, que vai desde a imagem que não é aquela qualidade ultra HD que estamos acostumados a ver no cinema, até os elementos cenográficos, tais como o modelo do carro, a vitrola que aparece ao fundo da cena e o papel de parede das casas.
É certo que falta um pouco de ritmo e foco na trama, mais ainda sim é um filme bom que merece ser visto e revisto. No fim, o resultado da sentença é o que menos importa, a relação familiar e a forma como os personagens evoluem na trama é o que de fato faz valer o ingresso.
Chega a ser algo realmente bonito de se ver, proporcionando bons momentos de reflexão sobre quem queríamos ser e no que nos tornamos. A cereja do bolo fica por conta da versão country da música “The Scientist”, da banda Coldplay, que encerra o filme e acompanha o subir dos créditos.
“O Juiz” é um drama familiar que levanta temas pertinentes, como a ética e a moral. Se você gosta de histórias com bons diálogos e que emocionam, então se prepare e leve os lenços, pois este é o seu filme!
Maze Runner: Correr ou Morrer
3.6 2,1K Assista AgoraBaseado no best-seller de James Dashner, esta chegando aos cinemas o filme “Maze Runner”, o primeiro de uma série de filmes que tem tudo para se estabelecer como uma das melhores franquias teens da atualidade.
Na história, o jovem Thomas (Dylan O'Brien) acorda sem memória preso em um enorme labirinto com um grupo de outros garotos. Apenas os fragmentos de seus sonhos revelam uma misteriosa organização conhecida como C.R.U.E.L.
A forma como isso é apresentado não poderia ser melhor. Diferentemente da maioria das franquias (Senhor dos Anéis/Jogos Vorazes /Harry Potter) que reservam a primeira parte do filme para narrar o contexto em que o protagonista esta/será inserido, neste filme somos jogados na história da mesma forma que o personagem, ou seja, abruptamente.
Desta forma, o filme consegue proporcionar com grande êxito ao telespectador algumas das sensações do personagem, tais como a desorientação e a perplexidade diante de um cenário tão intrigante. Algo que realmente merece ser digno de nota, pois aquela narrativa didática e cansativa que estamos acostumados a ver por aí já estava com a fórmula um tanto quanto gasta.
E nada melhor que o desconhecido, para potencializar o suspense de uma história, afinal, quando não sabemos o que nos espera, acabamos por esperar de tudo. E neste ponto, as cenas do labirinto se revelam uma verdadeiro playgraund para os amantes de um bom suspense.
Quem contribui bastante para intensificar o clima de suspense, é a trilha sonora e a mixagem de som, estes dois itens somados a uma excelente direção contribuíram para que o suspense do filme funcione do inicio ao fim. E se me permitem dizer, até depois do fim.
É um filme que pode ter várias leituras, desde a mais superficial, como apenas um filme de que mistura ficção, ação e suspense e serve como entretenimento, até mesmo leituras mais profundas, afinal, o labirinto não deixa de ser uma grande metáfora da vida e da sociedade.
Inclusive, existe um livro anterior a Maze Runner de caráter de auto-ajuda chamado “Quem mexeu no meu queijo?” cuja a história se passava num labirinto com 4 ratos e cada um representa uma forma diferente em que reagimos as adversidades da vida.
Em Maze Runner não é diferente, é certo que ainda que em níveis diferentes todos temos medo do desconhecido, mas em alguns casos a curiosidade é maior que o medo, enquanto em outros o comodismo é maior que a vontade de mudar. Isso tudo é explorado na trama com a divisão dos grupos que se estabelece entre os que querem sair do labirinto e arriscarem suas vidas e os que já aceitarem viver naquela situação que muitos nem ousariam chamar de vida.
Se o filme é fiel ao livro? Quanto a isso eu não poderei avaliar, pois não cheguei a ler o livro. Mas uma coisa é certa, ao termina de ver o filme dá uma vontade enorme de ler os demais livros para saber o que acontece na história depois do subir dos créditos do cinema.
Se eu senti falta de alguma coisa no filme? Sim, de sangue, é incrível ver como eles conseguiram fazer tantas cenas de morte sem exibir uma única gota de sangue. A gente sabe que eles fazem isso para não elevar a faixa etária do filme, mas algumas cenas simplesmente não convencem.
Isso porquê o tamanho das criaturas que eles enfrentam no labirinto em detrimento ao tamanho deles é algo um tanto quanto desproporcional e não ver sangue em meio a tudo aquilo deixaram as cenas no mínimo inverosímeis.
Pontos altos do filme: efeitos especiais, fotografia (destaque para as cenas do entardecer no labirinto explorando a contra luz e mostrando apenas a silhueta do grupo), direção de arte, trilha sonora e mixagem de som. Ou seja, do ponto de vista técnico o filme é impecável.
A atuação não chega a ser ruim, mas também não é nada digna de nota. A única coisa digna de nota é a incrível semelhança física do protagonista com o ator que fez Percy Jackson e da única menina do grupo que é a cara da Bela do Crepusculo. Mas podem ficar tranquilos, pois as semelhanças se limitam ao caráter físico.
Se eles conseguem sair do labirinto? Kkkkkkkkk aí vocês terão que ver o filme ou ler o livro pra descobrir! O Filme “Maze Runner” estreia amanhã em todo o Brasil e é o tipo de filme pipocão que deve agradar principalmente o público teen. Mas se você for levar seu filho ao cinema e não tiver mais nada pra fazer, pode entrar na sessão também pois provavelmente irá gostar.
Magia ao Luar
3.4 569 Assista AgoraEu sei, vão dizer: “Não é um dos melhores filme do Woody Allen”, mas ainda que não seja a sua obra mais genial, sem dúvida se trata de um filme acima da média e com certeza vale a pena o ingresso.
Sobre tudo por conta da atuação do casal protagonista, o vencedor do Oscar Colin Firht (O Discurso do Rei) e da bela e carismática Emma Stone (Histórias Cruzadas / O Espetacular Homem Aranha). Ele um ateu charmoso de mão cheia e ela uma garota mística encantadora, personagens bem construídos que sofrem uma verdadeira reviravolta em suas vidas quando se conhecem.
“Magia ao Luar” é o tipo de filme leve, que flui e nos proporciona verdadeiros momentos de prazer através de seus diálogos inteligentes com pitada de humor sarcástico, marca registrada do diretor Woody Allen que também assina o roteiro do filme.
“Você era mais feliz quando deixava a mentira entrar em sua vida”. Como não amar um filme que te presenteia com uma frase dessas? E esta é apenas uma de muitas frases bem sacadas do filme, que te fazem rir, pensar e rir mais um pouco.
A história do filme se passa na Riviera Francesa durante as décadas de 1920 e 1930. No filme, Colin vive Stanley, um inglês que é convidado para desmascarar uma possível fraude.
O alvo dessa investigação é a misteriosa Sophia vivida por Emma Stone. Impressionante como essa personagem é hipnotizante, é quase impossível tirar os olhos dela durante o filme, não só por conta de sua beleza que é muito bem captada pelas lentes de Woody Allen, mas por conta do carisma que seduz a todos na trama, inclusive quem a assiste.
Outro ponto alto do filme é o seu visual, eles conseguiram recriar com veracidade a década de 20, e não me surpreenderia se este filme ganhasse indicações ao Oscar do ano que vem nas categorias melhor Figurino, Direção de Arte e Fotografia. Além dos figurinos deslumbrantes e dos cenários deslumbrantes, a trilha sonora de muito bom gosto composta na maior parte por jazz dá ao filme um clima ideal para embarcar na história e se esquecer por alguns momentos do século XXI.
Assim como o último filme de Allen (Blue Jasmine), a grande força desta obra esta em seus personagens. Existe uma química inegável no trabalho de Colin Firht e Emma Stone, ainda que a diferença de idade dos dois seja um tanto quanto gritante. (Um assunto que eu no lugar do Woody Allen evitaria, após tantos escândalos envolvendo acusações de que o próprio teria se envolvido com suas filhas adotadas).
Embora o desfecho da história seja previsível, acredito que isso seja apenas um detalhe, mais vale a forma como o filme é conduzido, do que o desfecho em si. E embora o final não seja o mais original, ele não chega a ser ruim, apenas não surpreende. (Ainda sim, é o tipo de filme que você fica com um sorriso no canto de boca quando acaba)
“Magia ao Luar” é um excelente filme para se ver a dois, em família ou até mesmo sozinho. Sem palavrões, sem sexo, sem drogas, sem efeitos especiais gritantes, é o tipo de filme que te ganha sem apelações. Se eu tivesse que definir o filme em uma palavra, diria: prazeroso.
Lucy
3.3 3,4K Assista AgoraHá uma corrente cientifica que afirma que o ser humano utiliza apenas 10% de sua capacidade cerebral. O desafio audacioso desse filme foi elaborar uma ficção cientifica que mostra como seria se uma pessoa passasse a acessar 100% do seu cérebro. O resultado disso?! Um filme 100% imperdível!
“A ignorância traz o caos, não o conhecimento” é com frases inspiradoras como esta, que “Lucy” faz um verdadeiro manisfeto pró-conhecimento, em um mix de ação e ficção, que cumpre bem a função de entreter e de quebra nos da margem para várias divagações.
O longa estrelado por Scarlett Johansson (A Viúva Negra de Os Vingadores) e Morgan Freeman (Um sonho de liberdade) no elenco, “Lucy” conta com direção de Luc Besson, responsável pelo roteiro de “Busca Implacável” e pela direção de “O Quinto Elemento” e “Nikita”, de 1990 - filme que deu origem a série de TV “Nikita”. (Taí um cara que gosta de ver as mulheres no comando botando pra quebrar).
Na trama, que estreia em 28 de agosto, Scarlett Johansson vive uma jovem que acidentalmente se envolve em uma negociação de drogas no mercado negro. Depois de absorver a substância que carrega em seu estômago, ela se transforma em uma guerreira implacável capaz de evoluir além da lógica humana. Morgan Freeman, por sua vez, atua como um cientista que estuda os limites do cérebro humano e auxiliará Lucy a controlar suas novas habilidades.
Confesso que quando vi a Scarlett Johansson atirando em todo mundo no trailer do filme, eu pensei: “Mas gente! É o filme a Viúva Negra só que com outro nome”, e embora exista alguns momentos em que se nota certa semelhança entre as personagem, a trama se distancia bastante do que já vimos e consegue construir uma personagem autoral.
De cara o que chama atenção no filme é a edição que ajuda a criar uma identidade visual impar e dita de forma muito boa o ritmo acelerado do filme. O tempo inteiro somos surpreendidos com cortes das cenas da trama principal, para imagens de animais em seu habitat natural.
Essas imagens aparentemente desconexas, se revelam como um contraponto do dois extremos da escala da evolução, que surgem na trama com o propósito de mostrar que embora tenhamos evoluído tanto, de certa forma ainda compartilhamos da mesma essencial dos demais animais.
Um exemplo dessa brincadeira que o filme executa muito bem, é a cena que a personagem esta prestes a sofrer uma emboscada. Antes da emboscada se revelar é feito um corte de imagem, para a cena de um rato prestes a ser pego por uma ratoeira recheada de queijo. (Eu não sei como vai funcionar para as demais pessoas, mas eu achei muito espirituosa essa sacada).
Os destaques da edição não param por ai, diferentemente da maioria dos super heróis que ganham seus poderes todos de uma vez, “Lucy” evolui de forma progressiva, e acompanhamos o estágio de sua capacidade de utilizar o cérebro através do número da porcentagem que saltam a tela.
Primeiro 0% quando ela tem um momento estúpido, depois 10%, 20%, 30% até chegar no tão esperado 100%. A cada vez que os dizeres da porcentagem saltam a tela o telespectador se pergunta: “E agora o que mais ela conseguirá fazer?!”, e sem duvida essa foi a grande sacada do filme que faz com que as pessoas se prendam a história do inicio ao fim.
Recentemente tivemos no cinema uma ficção cientifica estrelado por Jhonny Depp chamada Transcendence, que curiosamente também contava com o a participação de Morgan Freeman, e a imprensão que fiquei é que tudo aquilo que Transcendence errou, ao construir uma trama vaga e pouco envolvente, “Lucy” acertou. Parece até que o Besson foi lá e disse: “Não gente, não é assim que faz, é assim” e fez o filme dele.
Além de uma ficção cientifica bem argumentada e porque não dizer plausível, “Lucy” também agradar os fãs de uma boa ação ao nos brindar com a ótima cena de perseguição de carro e das lutas quando acaba de receber seus poderes.
E como não falar da bela Scarlett Johansson? Ela parece estar vivendo um período iluminado da sua carreira. Depois de nos dar a voz mais sexy em “Her”, e estrelar um dos melhores filmes do ano “Sob a pele”, ela mais uma vez da conta do recado, com a sua personagem que se divide em dois momentos: antes e depois de acessar mais que os 10% do cérebro.
A mudança é brutal, muita embora a parte dos 20% pra frente muito se assemelha com a personagem que ela fez em “Sob a pele”, uma figura um tanto quanto blasé que não parece fazer uso dos sentimentos... (Sim, no filme fica claro que quanto mais racionalizamos, menos vemos sentido no sentir).
A trilha sonora do filme é muito boa, e faz uso desde sons não convencionais como ruídos até música clássica. Outro ponto que chama atenção, são os diálogos que são bastante espirituosos e inteligentes.
Assim como acostumamos a ver nos filmes assinados por Tarantino, esse filme também consegue nos fazer rir nos momentos mais improváveis, como no meio daquele momento de tensão que de repente acontece algo que te faz rir e se sentir até mal de estar rindo da situação. O que denota todo controle e tato do diretor ao brincar com nossas emoções.
Se o filmes tem defeitos? Tem sim senhor, o principal problema esta no roteiro. Em determinado momento a personagem resolve ir atrás dos responsáveis que a colocaram naquela situação e vai matando todo mundo por onde passa, porém quando ela chega nos chefões os deixa vivos. Oi?!! Como uma personagem que usa mais que 10% do cérebro consegue ser tão estúpida?
Enfim... Infelizmente foi esta a forma que encontraram de criar uma situação conflito no final do filme, com a volta do chefão que a nossa gênia deixou vivo. Tirando esse aspecto, o filme é impecável e vale e muito a pena ser visto no cinema, tanto pela história, quanto pela qualidade das imagens. É o tipo de filme que se a gente vê pela TV depois se arrepende de não ter visto no cinema.
E sabe o mais engraçado desse filme? É que alguns filmes depois que vemos nos fazem ter vontade de viver uma grande história de amor, outros de seguir atrás dos sonhos, esse filme, porém, nos deixa com uma vontade enorme de adquirir mais e mais conhecimento.
Ainda que se trate de uma ficção, “Lucy” é uma grande inspiração para a nossa realidade. Afinal, não precisamos ter superpoderes para saber que o conhecimento transforma, né?
Uma ultima curiosidade: “Lucy” é o nome do primeiro ancestral bípede do homo sapiens encontrado na Etiópia. E claro que a escolha desse nome não se trata de uma coincidência. Vejam o filme e entendam o porque!
Vizinhos
3.1 886 Assista AgoraPoliticamente incorreto, repleto de maus exemplos e divertidíssimo!
Mais do que um filme onde Zac Efron (High School Musica) fica 90% do tempo sem camisa mostrando a boa forma, “Vizinhos” é um besteirol americano repleto de referências e boas sacadas.
É certo que nem tudo são flores no filme, alguma piadas são um tanto quanto ácidas e inconsequentes, mas o longa cumpre bem a missão de fazer rir e garante boas risadas ao público do começo ao fim.
Dirigido por Nicholas Stoller, o filme já começa mostrando para o que veio desde a primeira cena, onde o casal Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne) tentam ignorar a presença da filha recém nascida que esta no mesmo cômodo para concluírem o coito. A cena que racionalmente seria de um grande mau gosto, no filme acaba funcionando muito bem, isso se deve graças a fofura da criança que consegue cortar todo clima do casal.
A trama se divide basicamente em dois núcleos: o casal com a filha recém-nascida e os vizinhos recém-chegados: uma república com mais de 50 estudantes festeiros, lideradas por Teddy Sanders (Zac Efron). E é do conflito desses dois núcleos que o filme ganha a sua cara: de um lado uma republica barulhenta que só quer saber de curtir a vida e do outro um casal que apenas quer zelar pela qualidade do sono da filha.
De cara, a primeira coisa que chama atenção no filme é a excelente química dos atores que fazem a dupla de protagonistas, Seth Rogen (É o fim) e Rose Byrne (Missão Madrinha de Casamento), convencem no papel dos pais de primeira viagem e praticamente levam o filme nas costas no quesito fazer rir.
É interessante observar que este não é o típico casal estereotipado que estamos acostumados a ver reclamar dos vizinhos. Geralmente quando se pensa em vizinho “chato” vem na mente a imagem daquela senhora de bobes no cabelo com aquela voz irritante cheia dos sermões pedindo para baixar o volume da festa. Mas este não é o caso do casal do filme, que embora tenham uma filha, são de certa forma jovens e ainda estão naquele processo de assimilar a nova realidade da vida de adulto.
E é dessa tentativa de não ser careta que surgem boas cenas, como por exemplo, a cena onde o casal tenta de forma amistosa se socializar com o grupo da república. Para se ter uma ideia, ao invés de uma clássica torta de maça, eles oferecem como boas vindas cigarros de maconha, tudo para tentar mostrar que são pessoas descoladas.
A primeira vista tudo parece dar certo, mas é claro que com o desenrolar da história, as tentativas de se levar uma politica de boa vizinhança com o grupo da república se mostram inúteis. Dessa forma se estabelece uma guerra não declarada entre: a sabedoria da maturidade X a vitalidade da juventude.
Já no núcleo da república, que também conta com a presença do ator Davi Franco (Truque de Mestre) que da vida a Pete, temos algo mais próximo do esteriótipo já explorado por Hollywood: uma república com muita festa, música, sexo e drogas. Aliás, a droga esta quase onipresente na republica. (É sério, tem uma cena em que eles conseguem deixar todos os ambientes tomados por maconha).
O roteiro de Andrew J. Cohen e Brendan O´Brien (produtores de O Virgem de 40 Anos e Tá Rindo de Que?), é um capitulo a parte graças a verdade com que eles desenvolvem os seus personagens facilmente reconhecíveis. São personagens reais, carismáticos, onde até mesmo o que poderia ser o vilão, consegue nos fazer rir com a sua falta de senso e visão de futuro. (Estamos falando aqui do personagem de Zac Efron, que acaba dando preferência para festas e popularidade, e depois acaba por ter um choque de realidade).
O que de certa forma é bacana, porque o filme não é aquele oba-oba que no final tudo termina bem e da certo. Existem piadas pesadas sim, mas também existem as consequências. Que não são exatamente proporcionais as piadas, mas já é um passo além daquelas comédias que no fazem rir, mas que não fazem sentido.
O filme ainda reserva uma séries de referências e piadas bastante atualizadas, o que torna os jovens o grande público alvo. As referências vão desde Batman a Games of Thrones, mas entre todas as cenas, a mais hilária fica por conta da festa a fantasia temática de Robert de Niro, para quem viu os filmes referenciados são momentos de puro deleite. (Ps: Davi Franco ficou idêntico a Robert de Niro em “Entrando numa Fria”)
Com um excelente ritmo e uma trilha sonora jovem e efervescente, “Vizinhos” se estabelece como a melhor comédia do ano até o momento.
E ainda que seja um comentário extremamente pessoal, eu tenho que dizer: é muito difícil eu rir em um filme de comédia, mas nesse o difícil mesmo foi não rir. Não é o tipo de comédia pra toda família, mas se você tem mais de 16 anos (censura do filme), super recomendo!
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraComo todo mundo já escreveu sobre "A Culpa é das estrelas", farei apenas um breve comentário: O filme é uma espécie de montanha russa que elava e joga os nossos sentimentos no chão, várias e várias vezes. Tem um potencial filosófico, frases de efeito que propõem reflexão e uma trilha sonora impecável, que contribui brilhantemente ao longa. Embora algumas cenas sejam improváveis e altamente questionáveis (Como o contexto do primeiro beijo do casal e aquela comoção das pessoas seguida de aplausos), o conjunto da obra faz valer a pena. Eu, por exemplo, achei que iria sair do filme em depressão, e embora eu tenha chorado bastante, sai do filme com vontade de viver uma grande história de amor. Dessas que não se deixa pra depois, pois a gente entende que a vida é breve e que tudo o que temos é o hoje. A Culpa é das Estrelas, é um filme piegas sim, mas uma pieguisse de excelente bom gosto. Super indico!
13º Distrito
3.0 242 Assista AgoraMais conhecido como o penúltimo filme do ator Paul Walker, “13° Distrito” tem como atrativo maior a presença do astro que ganhou fama por protagonizar ao lado de Vin Diesel a franquia “Velozes e Furiosos” e que ironicamente morreu em um acidente de trânsito no passado.
“13° Distrito” compõe a lista interminável de remakes que estão pipocando no cinema e se trata de uma refilmagem da produção francesa de 2004 chamada: ‘B13 – 13º Distrito’, lançada direto nas locadoras no Brasil.
O que encontramos no longa, é um misto de ação, drama e crítica social, onde a ação predomina reservando boas cenas de fuga, a maioria explorando o Le Parkour (técnica onde os praticantes usam o corpo para passar obstáculo de uma forma rápida e fluente).
Tanto do ponto de vista das manobras, quanto da fotografia, as cenas de ação chamam atenção. Graças aos vários e inusitados ângulos em que as sequências são gravadas, dando ao filme o dinamismo que o gênero ação pede.
A história em si não é nada original (até porque trata-se de um remake) e lembra bastante a trama do filme “Distrito 9” só que ao invés de apresentar alienígenas isolados em guetos por humanos, são homens ricos que isolam outros homens pobres por pura ganância e sede de poder.
Vamos à sinopse:
Brick Mansions é uma área da cidade de Detroit onde a violência tem índices altíssimos, o que fez com que a prefeitura local praticamente abandonasse o local à própria sorte. Com isso, traficantes como Tremaine Alexander (RZA) ganharam status e poder, por mais que sejam combatidos por Lino (David Belle), um especialista em le parkour que tenta erradicar as drogas do local.
Entretanto, Lino tem problemas com a polícia, corrompida pelo crime organizado, o que faz com que seja preso. Um dos poucos que tentam realmente seguir as leis é Damien Collier (Paul Walker), um detetive que recebe como missão entrar em Brick Mansions para resgatar uma bomba que pode matar milhões. Para tanto, ele precisa contar com a ajuda de Lino, que deseja retornar ao local para resgatar Lola (Catalina Denis), sua namorada, que foi raptada pelos capangas de Tremaine.
Temos dessa forma, a velha receita onde duas figuras antagônicas precisam se unir por um interesse comum: o policial e o bad boy são forçados a se ajudarem para conseguirem seus objetivos. Porém, antes dessa união se estabelecer temos uma eterna briga de cão e gato entre os dois, o que para um filme de ação é pra lá de pertinente.
As atuações os protagonistas estão “ok”, salvo o ator que faz o traficante mor que simplesmente não convence no papel com aquele corpo e voz mirrada.
Para os héteros e lésbicas de plantão, o filme reserva uma luta de briga de mulheres pra lá de sensual e para os fãs de Paul Walker que cresceram vendo ele cantando pneu em “Velozes e Furioso” o filme reserva boas cenas de fuga em carro. O que deve saciar a nostalgia do ator que volta ao cinema pela última vez em “Velozes e Furiosos 7” que tem data de lançamento prevista para 9 de abril de 2015.
A trilha sonora do filme é agradável, porém previsível, composta majoritariamente por Hip Hop.
Quem assina a direção do filme é o estreante Camille Delamarre, editor de ‘Busca Implacável 2’ e ‘Carga Explosiva 3′. Bibi Naceri e Luc Besson, que assinaram o longa original, adaptaram seu próprio roteiro para a refilmagem.
Resumo da obra: é um mais do mesmo que cumpre bem o seu papel de entreter. Em tese não haveria necessidade do remake existir, pois não acrescenta muito ao seu anterior. Porém, a necessidade de se fazer dinheiro com algo que já deu certo é maior do que o risco de se criar algo novo. Eu diria que Hollywood já foi mais criativa, mas trata-se de uma produção franco-canadense, enfim...
Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que …
3.0 604 Assista AgoraConfesso que fui conferir o filme só para ver se ele era tão machista quanto o título sugeria, afinal, porque as mulheres precisam ir para Marte?! Porque os homens não podem ir até elas? E para desespero das feminista de plantão o filme vai na contramão das conquistas da mulher contemporânea, apresentando uma personagem que condiciona a sua própria felicidade na busca por encontrar “o homem de sua vida”.
Engraçado mesmo é ler a sinopse da história desenvolvida pela própria equipe do filme, vejam só: “Fernanda (Mônica Martelli), exemplo da mulher do terceiro milênio, é livre em suas escolhas, independente e com dificuldade de encontrar um amor. Ela se envolve com diferentes tipos de homens - do político sedutor ao hippie gringo. E a cada tentativa acredita ter encontrado o amor da sua vida. Ela se joga nas relações sem medo, vive intensamente cada encontro e é muito otimista: sempre acha que vai dar certo”.
Resta saber que exemplo é esse, né? Tudo bem que existem muitas mulheres de meia idade que irão rir e se identificar com este filme, disso eu não tenho dúvida, mas daí a dizer que a protagonista é um exemplo de mulher do terceiro milênio, isso já é forçar um pouquinho a barra...
A personagem pode até ser independente profissionalmente, mas a sua independência acaba por ai. Porque o filme se resume numa busca incessante da protagonista para encontrar o seu grande amor. É uma espécie de “Comer, rezar e amar”, só que bem menos requintado.
Mas o que mais incomoda nessa história é a submissão da personagem que acaba abrindo mão de sua personalidade para se moldar aos gostos de seus pretendentes. O que vemos em cena é uma personagem sem carisma que na duvida do que fazer, ri de tudo numa tentativa desesperada de ser agradável.
Para se ter uma noção, em uma de suas investidas a personagem chega a abrir mão de sua carreira para viver com o cara que ela acredita ser o homem de sua vida. (Quanta independência, não?)
Mas se ignorar o fator “mulher submissa” e ver o filme desligando o cérebro, pode-se ter bons momentos de risada. A maior parte graças ao personagem Aníbal interpretado por Paulo Gustavo, que na trama desempenha o papel do sócio/amigo gay da protagonista.
É interessante observar que o ator Paulo Gustavo, é o mesmo sempre, esteja ele fazendo o papel da mãe, do amigo gay ou do hetero. As únicas coisas que mudam é a roupa e a caracterização, porque as piadas aceleradas e debochadas são sempre as mesmas. (Mas elas funcionam e isso é o que importa).
A trilha sonora do filme conta com nomes como Marcelo Jeneci, Amy Winehouse e Lulu Santos (esse último mais do que emprestar a voz também contribui com sua participação especial fazendo o papel dele mesmo).
O desfecho da história é pra lá de previsível e clichê, com direito a esta frase de efeito, reflitão: “Consegui a conquista mais importante da minha vida que é o casamento”. PARA TUDO! Sério... Consigo imaginar mulheres do século XVI falando isso, mas a frase foi dita por esse “exemplo da mulher do terceiro milênio”, enfim...
“Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou”, reserva boas risadas, é um filme que deve gerar muita empatia por parte das mulheres encalhadas que acreditam que a felicidade venha somente aos pares. Com uma mensagem pra lá de questionável, mas de uma sinceridade sem precedentes é o tipo de filme que deve agradar o grande público.
Malévola
3.7 3,8K Assista AgoraMALÉVOLA
Um dos filmes mais esperados do ano chega ao cinema, em “Malévola” temos o encontro da vilã mais famosa da Disney com a atriz mais linda de Hollywood, tudo isso embalado pela voz da cantora Lana Del Rey que conseguiu dar o seu toque original e sombrio ao clássico “Once Upon a Dream”.
Tinha tudo pra dar certo, mas talvez a palavra que melhor defina a relação expectativa e realidade do filme seja: decepção.
[...] De.cep.ção sf (lat deceptione) 1 Ação de enganar. 2 Surpresa desagradável. 3 Desilusão. 4 Logro. [...]
Fiz questão de colocar a definição do dicionário, porque a decepção do filme cabe nos 4 sentidos supracitados.
Não que o filme não tenha o seu lado bom, ele tem, mas tendo em vista tudo o que poderia ser, deixou bastante a desejar. Vou explicar o porquê da decepção, mas antes quero lembrar um pouquinho das expectativas...
Primeiro filme da Disney tendo como protagonista uma vilã, todo mundo estava curioso pra saber mais sobre a origem dessa personagem icônica que vive até hoje no imaginário popular. Para tanto, escolheram a bela Angelina Jolie, que tinha nessa história a grande oportunidade de viver uma vilã de mão cheia: debochada, teatral e perversa. (Confesso que revi o desenho e fiquei imaginando a Angelina falando as falas da Malévola e via nesses diálogos um grande potencial para a atriz mostrar para que veio).
As primeiras fotos do filme saíram, e a caracterização (roupa + maquiagem) estava incrivelmente bem feita e tudo indicava que teríamos um grande filme, mas as aparências enganam.
Cheguei ao cinema achando que iria ver a história de uma grande vilã e o que vi foi apenas a Angelina Jolie com um par de chifres fazendo o papel de uma personagem vitimada que após ser desiludida no amor resolve infernizar a vida do amado/traidor e desconta toda a sua ira na filha dele: Aurora, mais conhecida como Bela Adormecida.
O filme destina 1/3 do seu tempo para contar a origem de Malévola, uma história plausível dentro do universo já apresentado anteriormente em “A Bela adormecida”, não vou dar muito detalhes para não estragar as possíveis surpresas de quem for ver o filme, mas em síntese eles mostram que nem sempre Malévola foi uma menina má.
Engraçado que a personagem chama-se Malévola desde sempre (Quem é que dá um nome desses para uma criança?). Sério... Dentro do próprio nome já esta o estigma da maldade, nem para darem outro nome eles se prestaram.
Sim, porque ela poderia ter uma infância “normal” e depois receber o título de Malévola. Mas não... O que vemos é uma criança doce, com chifres e asas que ama a natureza e se chama Malévola. (Essa contradição de nome e visual causa uma certa estranheza no público, mas até ai tudo bem...).
Interessante observar que a própria Aurora, na história de A Bela Adormecida recebe o pseudônimo de Rosa enquanto é criada escondida de Malévola. (Mas isso também é mudado na história do filme).
Aliás, tudo o que puderam fazer para simplificar, eles simplificaram. O filme em si consegue ser menos complexo que o desenho apresentado em 1959.
Resumiram toda ira de Malévola a dor de corno, um trocadilho bastante pertinente haja vista que a protagonista é famosa por seus chifres. Mas ela não é traída por outra pessoa e sim pelo poder. (Sabe como é, né? A Disney sempre coloca lições de moral em suas histórias)
E na versão Disney até mesmo Malévola vira mocinha, simmmm, ela não é má, só mal amada. Então se você esta esperando ver uma super vilã em ação pode tirar o cavalinho da chuva, porque o filme tem o propósito de mostrar que tudo é uma questão de ponto de vista e que o mal ás vezes é apenas uma garota incompreendida que não acredita mais no amor.
Por isso mesmo a maldição que ela joga na pobre criança diz que ela dormirá para sempre a menos que receba o beijo de um amor verdadeiro. Imaginem vocês uma pessoa desiludida jogando essa praga, na cabeça dela não existe amor verdadeiro e ai esta a ironia da maldição. Essa sacada no filme ficou muito boa.
Mais irônico ainda é o desfecho da história que obviamente eu não vou contar, mas irei opinar em uma única palavra: péssimo. Pegaram a história original e viraram ela do avesso. E o pior: fizeram isso tudo aos moldes do desfecho do filme “Frozen”. Parece que depois de séculos de alienação a Disney resolveu acabar de vez com a ideia do príncipe encantado. (O que de certa forma é bacana, mas fica muito repetitivo ver a mesma fórmula empregada nessa história).
Do ponto de vista estético o filme esta impecável, destaque para a direção de arte que esta muito boa, com cenários lindos e assombrosos, a maquiagem e figurino também chamam a atenção.
Os efeitos especiais ora estão incríveis e ora estão bem mais ou menos. Na cena onde Malévola ainda é criança e voa pelo campo os efeitos estão bem ruinzinhos, dava pra ver que se tratava de uma montagem. Já as cenas de batalha e as que envolviam a Jolie estavam muito boas.
Eu destacaria 3 cenas nesse filme, uma boa, outra ruim e a terceira apenas curiosa:
A cena boa: o batizado de Aurora, uma das poucas cenas que seguiu a risca os diálogos do desenho e que no filme funcionou muito bem. É um dos poucos momentos em que Angelina esta realmente bem no papel.
A cena ruim: quando Malévola perde as asas, metaforicamente a cena é incrível, porque se pararmos para observar ela perde as asas simultaneamente com o momento em que ela se desiludiu no amor.
Mas a atuação... Ao invés de se ver raiva por parte da protagonista marcando a transição do momento que ela deixa de ser boa moça para virar vilã, vemos um chororô de doer. Tudo para humanizar a vilã e justificar as maldades que na verdade nem são tão más assim.
A cena curiosa: Angelina Jolie interage com sua própria filha no filme, a garota vive Aurora na fase dos seus 4 anos. Essa cena é fofa, mas não é exatamente fofura que a gente esperara ver da relação entre Malévola e Aurora, né?
Ahhhhhh! Eu ainda não mencionei a atriz Elle Fanning que faz a Aurora/Bela Adormecida, mas pensa numa personagem que apenas sorri o filme inteiro, pronto, é ela.
Existem muitos aspectos que poderiam ser questionados e comentados em Malévola, tais como a péssima construção das 3 fadas mágicas, o aparecimento das rocas no desfecho da história (que em tese já deveriam estar destruídas como é mostrado em cenas do próprio filme), entre outros....
Massss cabe a ressalva que embora o filme não seja aquilo que se esperava, ele consegue entreter o público e deve agradar aqueles que gostam de histórias de fantasia e efeitos especiais. Poderia ter sido incrível, porém foi apenas um filme mediano.
Uma pena... Talvez fizesse mais sentido se o rebatizassem para “Benévola”, ao menos seria mais congruente com alguém que fica salvando a Bela Adormecida o filme inteiro. Mas é isso ai, “Malévola” é a prova que até mesmo uma grande história pode ficar comprometida por uma direção medíocre.
Que as próximas vilãs do cinema tenham mais sorte. Amém.
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraMais que ação e efeitos especiais, um filme de super-heróis maduro que diverte e faz pensar.
Chega aos cinemas de todo Brasil, o novo filme da franquia X-Men, a adaptação do quadrinho “X-men - Days of future past” lançado em janeiro de 1980 nos EUA, ganha a sua versão cinematográfica 34 anos depois de seu lançamento, reunindo o elenco da trilogia X-Men e do aclamado “X-Men Primeira classe”.
Dirigido por Bryan Singer (X-Men 1e 2) e com roteiro de Matthew Vaughn (diretor e roteirista de X-Men Primeira Classe), o filme mescla o melhor dos dois mundos: um roteiro inteligente e uma direção que consegue empolgar ao proporcionar boas cenas de ação, drama e humor.
A história se passa no futuro. Na trama os mutantes do “bem e do mal” se unem contra os Sentinelas (robôs desenvolvidos pelos humanos que rastreiam e matam os mutantes). Já não restam muitas esperanças e a única forma encontrada para mudar o quadro é voltar para o passado e mudar o ato que desencadeou os eventos que iriam motivar a criação dos Sentinelas.
Porém esse lance de voltar para o passado não é algo tão simples assim, não se trata de uma viagem no tempo e sim de uma transferência da consciência do presente para o passado que a Mutante Kitty (Ellen Page) consegue fazer (Para quem não lembra ela é aquela que atravessas as paredes em X-men 3).
E é claro, o único mutante capaz de fazer essa viagem longa no tempo sem sofrer com os danos na consciência é o Wolverine, que por ter o poder da regeneração é o X-Men escolhido para fazer a ponte do futuro com o passado. Ver o personagem Wolverine tentar convencer Eric (Magneto) e Charles (professor Xavier) de que ele veio do futuro e que precisa da ajuda deles, rende cenas bastante engraçadas. Sobre tudo porque para permanecer na consciência do passado ele precisa se manter calmo, um desafio e tanto para um personagem que não tem como ponto forte a paciência.
O filme oscila entre os núcleos do passado e futuro, mas sem dúvida é no núcleo do passado que a história se desenvolve melhor, os efeitos especiais e as cenas de ação estão ótimos, destaque para a cena onde o Magneto cerca a casa branca com a estrutura de um estádio de futebol.
Porém, cabe a ressalva de que o 3D no filme não acrescenta muito, então eu não indicaria aos leitores pagar o dobro para ver um 3D que não funciona tão bem.
Mas talvez um dos aspectos que mais chamem atenção no longa seja o elenco, que conta com no mínimo 6 atores que já foram indicados ao Oscar (Ellen Page, Hugh Jackman, Michael Fassbender, Halle Berry, Ian McKellen e Jennifer Lawrence). Nunca antes na história dos filmes de super-heróis tivemos um projeto que conseguisse reunir tantos atores expressivos como em “X-Men – Dias de um futuro esquecido”.
Temos os galãs do momento Michael Fassbender (12 anos de Escravidão) e James McAvoy que dão vida respectivamente aos amigos/antagonistas Magneto e professor Xavier. Destaque para James McAvoy que brilha ao interpretar um Xavier com nuances até então não exploradas nos filmes anteriores.
Com mais complexidade, rebeldia e cenas dramáticas, o que se vê na tela do cinema vai muito além do que poderia ser uma caricatura do professor imortalizado pelo ator Patrick Stewart. McAvoy conseguiu dar o seu toque pessoal ao personagem sem fazer com que o mesmo perdesse a sua essência.
A cena emblemática em que o personagem Xavier do passado e do futuro se encontram e conversam entre si já é o que podemos chamar, ainda que prematuramente, de clássico do cinema. (Simplesmente incrível e potencialmente filosófica, afinal, como não pensar após ver essa cena o que você diria hoje para o seu eu do passado se tivesse a oportunidade?).
Ainda sobre o elenco, o filme conta com Hugh Jackman (Os Miseráveis) que da vida a Wolverine pela SÉTIMA vez, o Sir Ian McKellen (O Senhor dos Anéis), temos também a vencedora do Oscar Jennifer Lawrence (O Lado bom da vida / Jogos Vorazes) que interpreta a mutante Mística, personagem que ganha um destaque desproporcional nesse filme. (Tudo para aproveitar do carisma e da legião de fãs da atriz que esta cada dia mais em alta).
E como se não bastasse isso tudo, ainda encontraram tempo e espaço para incluírem o ator Peter Dinklage, mais conhecido por interpretar o anão Tyrion Lannister na série Game of Thrones. No filme ele interpreta um líder politico que irá desenvolver a tecnologia capaz de criar os robôs que irão por em risco o futuro dos mutantes. Interessante observar a semelhança da trama com o Holocausto. (Ao menos eu fiz essa analogia)
Veja bem, ele é um líder politico que não se enquadra nos padrões (afinal um anão por definição já esta fora dos padrões humanos) e que por sua vez incita o extermínio dos diferentes, no caso os mutantes. Algo semelhante ao que Hitler fez quando pregava a hegemonia da raça ariana: alemães, loiros, altos, de olhos claros. Sendo que o mesmo era, austríaco, moreno, baixinho e de olhos castanhos.
Esse aspecto do filme nos faz pensar sobre a forma como lidamos com o diferente e sobre tudo com as nossas próprias diferenças. Ocorre pensar que muitos dos defeitos que nós apontamos no próximo, são formas ainda que inconscientes de desviar a atenção de nossas não aceitações. Nesse sentido o personagem Charles Xavier que também sofre por ser diferente nos dá um bom exemplo de caminho a ser tomado. (Vale a reflexão)
A parte cômica do filme fica por conta do personagem Mercúrio que rouba a cena em sua passagem em slow motion ao som de Time in a Bottle. (Pra quem não sabe mercúrio tem o poder de ser muito rápido, ou seja, ela é uma espécie de Flash da Marvel).
É uma pena que ele suma no meio da história sem maiores explicações e só volte no fim... Com certeza ele poderia ser bastante útil na trama, mas não souberam explorar tudo o que o personagem podia dar.
E por falar em personagens, o que foi a Tempestade (Halle Berry)? Sério, eles deveriam reclassifica-la para “Brisa”, porque no filme ela esta totalmente sem peso, função ou porquê de existir. E como se não bastasse ainda esta fazendo cosplay de Ana Maria Braga com aquele corte de cabelo de gosto duvidoso.
Aliás, esse é um dos pontos negativos do filme, são tantos personagens que ficou difícil administrar tudo isso de forma a dar peso e função a todos. Outro aspecto que o filme peca é a ingenuidade de que achar que mudar um único evento do passado irá mudar o futuro necessariamente para melhor. Filmes como “Efeito Borboleta” exploraram melhor o tema e toda a questão da teoria do caos que diz que “O leve bater das asas de uma borboleta aqui, pode causar um tufão do outro lado do mundo”.
Como se o fato de o Wolverine do futuro contar para o Fera do passado que o personagem não chega a estar vivo no futuro, não fosse deixa-lo de alguma forma louco ou esquizofrênico...
Mas de modo geral, o filme esta acima da média, o melhor da franquia X-Men e talvez o mais completo filme de super-heróis do ano.
Sem dúvida vale a pena conferir, mais que ação generalizada e efeitos especiais, é um filme de super-heróis maduro que diverte e faz pensar. Deve agradar a pessoas de todas as idades, fãs da saga e amantes de um bom filme.
“X-Men - Dias de um futuro esquecido” estreia nesta quinta, dia 22 de maio em todo Brasil”. O próximo filme da saga já tem nome e data prevista, “X-Men – Apocalipse” deve chegar aos cinemas em maio de 2016 e também será dirigido por Bryan Singer.
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraUm encontro feliz de uma direção sensível e atuações arrebatadoras.
Sabe aquela frase que diz que o que importa não é o destino em si e sim à trajetória? Pois bem, “Praia do Futuro” parece que pegou a essência dessa frase e a transformou em um belíssimo filme que mais do que encantar com a deslumbrante fotografia, nos permite divagar ao embarcar em uma história melancólica, intimista que tem como ponto em comum a perda e a forma como lidamos com ela.
Para os desavisados de plantão: não se trata de um filme futurista, “Praia do Futuro” é o nome de uma praia localizada no estado do Ceará que serve de cenário para a primeira metade do filme com seus cenários paradisíacos muito bem explorados pela fotografia que enfatiza as cores vibrantes que mais tarde irão se contrastar com as cores frias da Alemanha.
Na trama Wagner Moura interpreta um salva-vidas (Donato) que trabalha na Praia do Futuro, em Fortaleza. Ao fracassar pela primeira vez em um resgate, ele acaba conhecendo o alemão Konrad (Clemens Schick), amigo da vítima. Motivado pelas circunstâncias (leia-se um romance homo afetivo), Donato resolve recomeçar a sua vida em Berlim, deixando para trás a família e o passado. Anos mais tarde, Ayrton (Jesuíta Barbosa), o irmão mais novo de Donato, embarca para a Europa em busca do irmão, que considerava ser seu herói.
Do ponto de vista técnico o filme é impecável: de cara a fotografia e a música se destacam e como se nos fosse dado um golpe de chave de braço, ficamos presos ao filme do início ao fim em uma história que nos conta mais pelos seus silêncios do que pelos diálogos.
Ponto para a direção de Karim Aïnouz (Madame Satã / O Abismo Prateado) que conseguiu tirar dos atores Wagner Moura e Jesuíta Barbosa interpretações incríveis em cenas em que ambos dispensam a fala e se comunicam de formas menos usuais.
Mas antes que se esqueça, entre a relação dos irmãos existe um gringo, a ponta fraca do triângulo dos atores que passa 1/3 do filme tirando a camiseta para explorar o seu capital erótico. Enquanto os atores brasileiros sambaram na hora de falar alemão, o alemão escorregou no português e algumas de suas falas são quase incompreensíveis. (Mas tudo bem, o personagem dele era um gringo, então a gente perdoa)
A questão da homossexualidade (que irá atrair muita gente ao cinema), não é o foco da história, embora o personagem central da trama seja gay, os conflitos que se estabelecem vão muito além de sua orientação sexual.
De tal forma que o fato dele ser gay, acaba por ser um detalhe, isso se deve muito a excelente atuação de Wagner Moura que não caiu no erro de compor um personagem estereotipado e a sensível direção de Karin que conseguiu fazer com que o assunto fosse absorvido de forma mais orgânica pelo público.
A trilha sonora é um capitulo a parte, melancólica e expressiva, ela aparece nos momentos mais felizes do filme, como a cena da balada e a cena onde o casal aparece na encosta do mar. Uma escolha bastante interessante, que dá a nós telespectadores a possibilidade de interpretar que talvez toda aquela felicidade mostrada nas imagens não seja real. E que a música neste caso esteja desempenhando o papel do eu interior que comumente tentamos disfarçar e ignorar.
Talvez o ponto mais interessante do filme seja o fato de ele nos prender mesmo com tão poucos diálogos, sem dúvida o roteiro ajudou muito nesse sentido. E são exatamente nessas cenas de poucas falas que o filme ganha um ar intimista, nos tocando e propondo reflexões que perduram até depois dos créditos.
É um filme que vale a pena conferir, para quem gosta de um bom filme é um prato cheio, para quem quer ver o Wagner Moura pelado é a oportunidade e para quem diz que o cinema nacional não produz nada de bom é uma grande chance para mudar de opinião.
Praia do Futuro estreia nesta quinta, dia 15 de maio em todo o Brasil.
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
3.5 2,6K Assista AgoraAntes de qualquer coisa, tenho duas considerações a fazer:
Primeiro: Desde que me conheço por gente o Homem Aranha é o meu herói favorito, por “N” motivos que não cabe aqui explicar.
Segundo: Isso não quer dizer que o meu lado fã anule o meu lado crítico, pelo contrário...
Por essas e outras razões, me esforcei para tentar ver o filme procurando ver os dois lados, tentando ao máximo manter o conceito utópico da imparcialidade. Vejamos o que consegui...
Para começar, talvez o nome mais apropriado para o novo filme do nosso herói aracnídeo deveria ser: “O Espetacular Homem Aranha – A ameaça da sombra da franquia anterior”, sim, pois antes mesmo do filme estrear aqui no Brasil os fãs já saíram ao ataque atribuindo uma nota media de 2,9 ao novo filme aqui no Filmow.
Tanta hostilidade a um filme que a maioria ainda nem viu, na verdade denota o carinho e apego que os fãs desenvolveram com a franquia anterior. O curto período de tempo (5 anos) entre o lançamento do primeiro filme dessa franquia e o último da anterior também incomodou os fãs, que viram nessa nova saga uma espécie de máquina de ganhar dinheiro.
Se eu concordo com eles? Sim!
Se eu deixo de ver os filmes por causa disso? Não
Massssssssss.... A nova franquia tem seus méritos, para começar ela é mais fiel aos quadrinhos e apresenta uma versão de Peter Parker menos estereotipada que o anterior. Temos um Peter que desenvolve a sua própria teia (o que honra o seu lado nerd), mais sarcástico e menos “Loser”. A diferença básica entre o novo homem aranha e o anterior é que hoje rimos das piadas que ele faz e não dele. (E o melhor, ele consegue ser sarcástico sem ser arrogante como o Homem de Ferro)
Dizer que “O Espetacular Homem Aranha – A Ameaça de Electro” é melhor que o seu anterior (Me refiro ao primeiro Espetacular Homem Aranha), não é exatamente um elogio, é no mínimo o dever de casa feito pelo diretor Mark Webb, que após estrear essa nova franquia com um roteiro fraco movido a coincidências, agora apresenta uma trama no mínimo mais envolvente.
O filme começa do mesmo ponto que o anterior, quando Peter ainda era uma criança e seu pai estava fugindo sabe-se lá para onde ou de quem. Só que dessa vez a história é mostrada da perspectiva do pai de Peter, retomando um mistério que neste filme Peter soluciona de uma vez por todas. (Ufa!)
E o que dizer de Hans Zimmer?! Esse cara que se consagrou fazendo trilhas de filmes como “Rei Leão”, agora se especializou em fazer música para heróis, primeiro assinando a trilogia Batman, depois “O Homem de Aço” e agora esta também em o Espetacular Homem Aranha 2. Interessante observar que ele conseguiu compor uma música marcante para o vilão, mais expressiva até que a do próprio herói.
E por falar nisso, tão importante quanto o herói é a figura do vilão para os filmes do gênero, afinal são eles que garantem a dose de antagonismo necessária para a história existir.
Da mesma forma que o teatro não existe sem plateia, um herói, pelo menos no que se refere a quadrinhos não existe sem um bom vilão. Filmes como “Batman – O cavaleiro das trevas” e “Os Vingadores” se tornaram o que são hoje muito mais pelo desempenho dos vilões do que dos heróis em si.
Pensando nisso e na lembrança de um “Lagarto” sem carisma do filme anterior, eles resolveram introduzir seriedade ao filme colocando o ator vencedor do Oscar Jamiee Foxx (Ray Charles/ Django Livre) no papel do vilão central da trama: o Electro. Um personagem pacato que antes de conseguir seus poderes (por acaso pra variar) desenvolve um fanatismo pelo herói que salvou a sua vida.
Todo esse amor e admiração, é claro, se transformam em raiva e desejo de vingança por motivos que quem for ver o filme saberá. (Mas devo dizer que achei bem bobinha/ mal executada a transformação do Electro que mal sabia lidar com os seus poderes, para o Electro arco-inimigo do Homem Aranha).
A verdade é que nem o ator Jamiee Foxx conseguiu salvar o personagem, que de tão bobo se torna uma marionete de um dos vilões mais famosos do Aranha: o Duende Verde (Dane DeHaan). Este sim roubou a cena e esta infinitamente melhor no papel de Harry do que o ator James Franco que interpretou o mesmo personagem na franquia anterior.
Apenas a caracterização do personagem deixou a desejar, o mau gosto é tamanho, que a impressão que dá é que estavam sem verba para fazer algo melhor. O que não faz muito sentido haja vista os demais aspectos do filme como os efeitos especiais / mixagem de som que estão muito bons, ainda que em alguns momentos as imagens se assemelhem a jogos de vídeo game.
De qualquer forma, ver o mundo da perspectiva do homem aranha é algo realmente incrível, só por este aspecto o 3D já vale. Assim como as cenas de luta entre o Aranha e o Electro.
Agora de todos os aspectos do filme o que mais funciona é o casal, que nos envolve, diverte e emociona. Mais do que um rostinho bonito, Gwen Stacy (Emma Stone) é parte ativa da história e contribui diretamente na trama com sua teimosia e inteligência. (Claro que o fato dos atores serem um casal na vida real, e poderem treinar as cenas fora do set deve contribuir para toda essa química que vemos na telona...)
Embora esteja me coçando aqui para contar, não irei entregar o que acontece com a personagem, ainda que os leitores dos quadrinhos (e aqui eu me incluo) estejam indo ao cinema justamente para conferir a cena épica que a envolve. (Diga-se de passagem, a cena não esta fiel aos quadrinhos, mas ainda sim ela foi bem executada se considerarmos a censura do filme).
O ritmo desse filme é pra lá de frenético, sem as frases de efeito do Tio Ben, todas já usadas na franquia anterior, o filme não guarda mais nenhum momento para reflexão. O lado bom é que você nem vê o tempo passar, o ruim é que acontecem tantas coisas ao mesmo tempo, que ao fim de tudo a gente fica com certa dificuldade para lembrar e assimilar tudo aquilo que acabamos de ver.
Não é o tipo de filme que fixa na cabeça, ou que tem aquela cena marcante, mas dentro do que se propõe uma história de super herói ela cumpre bem o seu papel.
Se tem alguma cena que eu destacaria no filme? A cena onde o Homem Aranha “salva” uma criança nerd de um grupo de garotos mais velhos. Mais tarde esse mesmo garoto volta vestido de Homem Aranha à trama para protagonizar um dos melhores momentos do filme.
“Homem Aranha – A Ameaça de Electro” é um excelente filme família, sem sangue, sem palavrões, ele consegue empolgar, divertir, emocionar e entreter. Alguns dirão que é um pouco infantil, eu diria que é um filme espirituoso, do tipo que eu adoraria levar o filho (que eu não tenho) para ver.
Até porque quem disse que para um filme ser bom ele tem que ser adulto? E outra... Que tipo de pessoa vai ver um filme de herói esperando ver algo adulto? Estamos falando de superpoderes, heróis e vilões. Se você busca algo adulto vá ver um drama né... Até porque definitivamente este não é um filme na pegada Nolan.
Comentário final: Fiquem atentos a personagem “Felicia” que já aparece de forma tímida neste filme, ela será a tão emblemática Gata Negra dos quadrinhos nos próximos filmes!
Getúlio
3.1 383 Assista AgoraUm filme modesto para um grande homem.
Depois de se consagrar no cinema nacional com “Se eu fosse você 1 e 2” e de uma breve participação no filme “Chico Xavier”, Tony Ramos volta às telonas de cinema para encarar o desafio de dar vida ao ex-presidente Vargas no longa “Getúlio”. O thriller político dirigido por João Jardim (Lixo Extraordinário) estreia dia primeiro de maio (não por acaso) e narra os últimos dias de vida desse personagem histórico que divide opiniões até hoje.
A trama tem inicio quando o jornalista de oposição Carlos Lacerda (Alexandre Borges), sofre um atentado a bala. O pistoleiro erra o tiro e mata o Major da Aeronáutica Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda. O então presidente da República, Getúlio Vargas, é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo. Getúlio passa a ser pressionado por lideranças militares e pela oposição para renunciar ao mandato. Ao lado da filha, Alzira Vargas (Drica Moraes), seu braço direito na presidência, e colaboradores fiéis como Tancredo Neves (Michel Bercovitch) e o general Zenóbio da Costa (Adriano Garib), Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência.
Passadas as apresentações, já podemos começar a crítica:
O que dizer de um filme que tinha um potencial gigante, mas preferiu ficar na zona de conforto?
Todo mundo que fez ensino médio sabe (ou deveria saber) que unanimidade nunca foi o forte de Getúlio, o cara que ficou conhecido “como pai dos pobres” por conta de suas melhorias nos direitos trabalhistas, é o mesmo que governou o Brasil por 8 anos em um regime ditatorial.
Amado por muitos, odiado por tantos outros, esse era o tipo de filme que tinha tudo para nos apresentar um personagem forte e complexo, porém não é exatamente isso que encontramos no cinema...
E isso não tem nada a ver com o ator Tony Ramos, que pra variar está ótimo e devidamente bem caracterizado com uma barriga extra e menos cabelo. Na verdade, vendo por esse lado, daria até para dizer que o filme “Getúlio” é a “Dama de Ferro” do Brasil. Ótimas atuações, boa caracterização, porém a direção preferiu mostrar a decadência desses personagens, do que as ações que ajudaram os mesmos a se tornarem emblemáticos a ponto de poderem render um filme.
Aos moldes de filmes como “A Queda” que retrata os últimos momentos da vida de Hitler, em “Getúlio” acompanhamos os últimos 19 dias da vida de Vargas. Só que diferentemente de Hitler que grande parte da população mundial repudia e adora ver ele se ferrar, “Getúlio” divide bastante a opinião dos brasileiros e não mostrar ao telespectador o que fez dele este grande nome, acaba por diluir a empatia que alguns poderiam ter com o personagem em seus momentos derradeiros.
De qualquer forma, a história que é contada no filme esta bem contada, por vezes bem contada até demais, com um tom didático irritante, típico de quem estava acostumado a fazer documentário e agora esta fazendo o seu primeiro longa, que é o caso do diretor João Jardim.
O filme tem um bom ritmo e boas atuações, destaque para a atriz Drica Moraes que faz Alzira Vargas, a filha e Getúlio. Com uma presença marcante, a atriz conseguiu levar bem a personagem que possui uma grande carga dramática e soube transmitir com maestria olhares que diziam muito, sem precisar dizer nada.
Aliás, o que o filme tem e melhor são os seus silêncios, que são um convite para a nossa reflexão. Pena que eles eram comumente quebrados por uma trilha sonora quase onipresente no filme, que de tão recorrente se tornou quase um personagem. Um personagem chato e inconveniente, diga-se de passagem...
Agora o que todo mundo quer saber mesmo é como pintaram Getúlio: Vilão ou mocinho? Ditador ou presidente? Afinal, a gente sabe que no final ele se mata, né? E se você não sabia disso, por favor, não me xingue, xingue o seu professor de história do ensino médio ou o cara que fez o trailer do filme, porque até a cena do suicídio esta lá.
Então o que nos resta é a curiosidade de saber como ele será representado, e para o desagrado de muitos eu devo compartilhar com vocês que colocaram Getúlio de vítima e Lacerda como o vilão. (Afinal, o jornalista foi um “monstro” ao sofrer um atentado e atribuir a culpa a um ex-ditador a quem ele vivia fazendo críticas ferrenhas)
Independente de Getúlio ter dado ou não a ordem do ataque, ele era um alvo fácil para os seus opositores e refém de seu passado.
Porém no filme não da nem pra se ver a sombra do que um dia foi um ditador. É quase uma versão Disney de Getúlio, só que com final triste. (Para Getúlio é claro). Não que Getúlio não tenha o seu lado bom, mas o lado ruim foi categoricamente ignorado.
Existem tantos filmes que são divididos em várias partes sem a menor necessidade (Leia-se: “Amanhecer”, “O Hobbit”, “A Esperança”), este sim seria um ótimo caso para se fazer uma divisão. Se houvesse antes a parte um de “Getúlio” e depois fosse apresentado este capitulo derradeiro, ai sim o filme funcionaria melhor.
Mudando um pouco de assunto, em alguns momentos da trama da para fazer analogias entre o governo Lula e o de Getúlio, claro que eles colocam tudo isso de forma sútil, mas é um ponto interessante a se observar e refletir.
Já do ponto de vista técnico algumas cenas são pra lá de despropositadas, como a cena onde a câmera faz um 360 em torno de um lustre do palácio e que mais tarde volta sem nenhum porque ou função na cena da morte de Getúlio. Oi?!?!
Resultado: Não chega a ser um filme ruim, mas perto do que poderia ser deixou um pouco a desejar, vale pelo caráter histórico e para dar uma refletida na politica nacional. Se observarmos bem, muitas questões levantadas na trama, ainda são questões atuais.
“Getúlio” estreia dia 1 de maio nos cinemas, dia do trabalhador. Uma data escolhida a dedo pelos produtores do filme, uma vez que Vargas esta diretamente associado aos avanços nos direitos trabalhistas. Pena que isso não é mostrado no filme...
Copa de Elite
1.8 343Como fazer um filme para ganhar dinheiro no Brasil?
Receita: pegue um punhado de filmes que fizeram sucesso recentemente no cinema nacional para atrair a massa, adicione como plano de fundo o evento mais esperado do ano pelos brasileiros (Copa do Mundo), misture bem com atores de várias emissoras diferentes e para fermentar adicione uma pitada da cantora mais tocada do ano passado (Anita) e uma dose extra do cara mais seguido no twitter (Rafinha Bastos). Com o forno já pré-aquecido, coloque a massa e espere o bolo crescer.
Pronto! Assim temos a receita que rende para um país inteiro, afinal brasileiro é um povo que adora justificar sua falta de interesse em filmes que não sejam do gênero comédia com o argumento: “A vida real já é tão difícil, por isso quando vou ao cinema, eu vou porque quero rir e esvaziar a cabeça”. E dessa forma, temos mais uma comédia que não alimenta esse povo que adora se distrair. (Não é atoa que as maiores bilheterias de filmes nacionais do ano passado foram comédias. Pra se ter uma noção dos 10 filmes que mais arrecadaram, 8 eram comédias.)
Passada a receita, vamos à história do filme que é pra lá de forçada. Afinal, só assim para conseguir contextualizar em um único filme sátiras de: “Minha mãe é uma peça”, “De pernas para o ar”, ”Se eu fosse você”,“2 filhos de Francisco”, “Tropa de Elite”, “Bruna Surfistinha, “Chico Xavier”, “Meu nome não é Jhonny”, “O homem do futuro”, entre outros...
Na trama Jorge Capitão (Marcos Veras) é um destemido Capitão do BOP, e um ídolo brasileiro. Porém, após salvar o maior craque argentino de um sequestro às vésperas da Copa do Mundo, ele acaba virando o inimigo público número 1 do Brasil.
Expulso da corporação, ele terá que aprender a trabalhar em equipe para evitar um atentado contra o Papa na final do torneio. Para isso ele conta com a ajuda de uma seleção de craques como a empresária de sex shop Bia Alpinistinha (Julia Rabello), um médium (Bento Ribeiro) que fará a ponte com o além e de sua mãe (Alexandre Frota) que é uma peça.
Em seu primeiro longa, o diretor Vitor Brandt optou parodiar os sucessos nacionais. Algo aos moldes de filmes americanos como “Todo mundo em pânico”, “Inatividade paranormal” e afins... Porém, satirizar filmes de terror é bemmmmm diferente de satirizar comédia. Isso porque, funciona muito mais rir de algo que costumava te dar medo do que rir de algo que você já riu.
Ou seja, o que vemos no cinema é a piada da piada, o pior é que as sátiras não são nada sutis, eles visivelmente subestimaram a capacidade de assimilação do público e forçaram as paródias com as mesmas frases dos filmes parodiados, como se temessem que piadas mais inteligentes ou menos óbvias não fossem captadas pelo povão.
Desta forma, define-se bem o público a quem o filme quer atingir, que é o mesmo publico que curte Zorra Total, A praça é nossa e por mais que existam 2 atores do canal do Youtube “Porta dos Fundos”, as piadas do filme nada se assemelham com a do canal que ficou famoso por seus quadros ácidos e suas críticas sociais.
Dizem que comédia boa é aquela te faz rir, independente do estilo ou dos recursos que ela utiliza a serviço do riso. Mas infelizmente, esse filme não funcionou para mim que cheguei a ver a maioria dos filmes satirizados, que dirá para aqueles que não viram os filmes. Deu pra contar nos dedos de uma mão a quantidade de vezes que esbocei uma risada tímida.
Massssssssssssssssssssss, senso de humor é uma coisa muito pessoal, né? Eu quero deixar claro que não tenho nada contra comédias, o me incomoda é o oportunismo que existe nesse mercado que fica nessa de fazer mais do mesmo. Nessas histórias que parecem que foram feitas em 5 dias de tão improvisadas.
É muito recurso e dinheiro investido para pouca história, o Brasil merece histórias e enredos que não o subestimem. O lado bom de “Copa de Elite”? É que esse filme não poderia existir há 5 anos atrás. Isso porque não havia muitos lançamentos no cinema nacional e que dirá filmes emblemáticos para poder fazer uma sátira reconhecida pelo público.
Quer ajudar o cinema nacional a continuar crescendo só que da forma certa? Vá ao cinema ver “Confia em mim” ou o excelente “Hoje eu quero voltar sozinho”. Desta forma estaremos dando um passo de uma longa caminhada rumo a uma nova cultura de filmes nacionais.
Filmes como “Copa de Elite” só existem porque existe público para ver. E o pior: se este filme fizer sucesso teremos uma continuação. Algo como: “Copa de elite 2- missão Olimpíadas”, sério... O Brasil merece mais que isso, desculpem o desabafo.
De qualquer forma, se você é duro na queda e ainda sim quer ver o filme e encarar o grupo “Molejão” (que faz a sua participação especial), “Copa de Elite” estreia dia 17 de abril nos cinemas de todo o Brasil. Só não vai dizer depois que eu não avisei.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraEnfim um filme nacional que quebra o esteriótipo de que no mundo gay só existe putaria e gente promiscua. É bom ver o amor através dos olhos de um cego.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraApós 3 anos do lançamento do curta “Hoje eu não quero voltar sozinho”, sucesso que virou febre no Youtube e contabiliza mais de 3 milhões de visualizações, chega aos cinemas o tão esperado longa “Hoje eu quero voltar sozinho” do diretor Daniel Ribeiro.
Isso mesmo, vocês não leram errado, agora no lugar da negativa, o que temos é uma afirmação no título do filme, e isso é sabiamente explorado na trama que não apenas surpreende como também encanta e diverte o público.
Para quem ainda não viu o curta e esta se sentindo deslocado, a boa notícia é que o filme não é uma continuação. Então é possível ir ao cinema sem aquela neura: “se eu não ver o curta não vou entender o filme”.
Vamos à história… Na trama Leonardo (Ghilherme Lobo) é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Para tanto, ele precisa lidar com suas limitações e a superproteção da mãe.
“Porque tem que ser diferente? Porque você não tenta fazer ser igual?” Esta frase dita pelo personagem Leonardo para a mãe, ilustra bem a relação dos dois. Aliás, de modo geral, o texto do filme esta ótimo, incrivelmente atualizado com o vocabulário jovem, sem cair no erro de tentar ser moderninho demais, ele simplesmente flui transmitindo verdade.
Mas a história é centrada mesmo na relação do trio de amigos Leonardo, Giovana (Tess Amorim) e Gabriel (Fabio Audi). Onde Gabriel é o garoto novo da escola que irá despertar sentimentos até então desconhecidos em Leonardo.
E ainda que a história do garoto novo que chega na escola seja pra lá de recorrente, o fato do protagonista ser cego e vivenciar um romance gay fez com que ao diretor pudesse trabalhar o tema de forma original, explorando de forma sensível a sutiliza dos detalhes.
Talvez o grande mérito do filme esteja na forma como ele foi conduzido, com um ritmo que flui tão bem quanto o curta, mesmo ao aprofundar mais a história.
As cenas em que Leonardo não esta vendo algo especifico e a gente vê o que ele não esta vendo, funcionam muito bem causando no telespectador reações. A vontade mais eloquente que nos dá em alguns momentos é a de emprestar os nossos olhos ao protagonista, mas é justamente o oposto que o filme faz, ele nos faz ver o mundo através da perspectiva do personagem. (Um grande feito, diga-se de passagem).
Tudo que tem no curta esta no filme de alguma forma, a história muda um pouco para dar ao longa mais complexidade, alguns personagens são acrescentados, mas a leveza e o tom singelo do curta são mantidos, assim como a belíssima e sensível fotografia que sem dúvida é o melhor do filme.
Daria para escrever uma página de Word só para tecer elogios à fotografia. Os enquadramentos ora super focados nos detalhes como olhos, orelhas, costas, mãos e ora colocando os atores no canto da tela, proporcionam mais do que boas imagens, transmitiram sensações e contribuíram de forma decisiva no resultado do filme.
Não bastasse isso, as cores vibrantes chamam atenção, como o violeta que predomina na cena em que os personagens Gabriel e Giovana estão conversando no chão do banheiro e o vermelho que predomina na cena da festa. Aliás... Esse momento do filme lembrou e muito “As vantagens de ser invisível”, ao mostrar o protagonista sozinho no sofá, enquanto a festa rola em torno dele.
Para poder aproveitar os mesmos atores do curta (que a propósito dão conta do recado), o diretor optou por contextualizar a história no colegial, ao invés do ensino médio. Com conflitos mais maduros, o filme ganha mais sobriedade que o curta ao explorar as aflições típicas da adolescência, sobre tudo as que estão no campo sentimental.
E para embalar todos os encontros e desencontros amorosos, o filme conta com uma ótima trilha sonora. Um misto de mpb, rock e música clássica, passando por Marcelo Camelo, Cicero, a banda indie Belle and Sebastia até chegar aos clássicos de Bach. (Há tempos não assistia um filme com uma trilha sonora de tamanho bom gosto)
Na atuação Ghilherme Lobo e Tess Amorim se destacam, ele por convencer ao fazer um deficiente visual. (Tem gente até hoje que se espanta quando descobre que o ator enxerga na vida real). E ela por garantir boas risadas com a sua personagem deslocada.
Tão bom quanto à introdução e o desenrolar da história é o desfecho, que na cerimonia de lançamento do filme que aconteceu no Cine Sesc de São Paulo conseguiu retirar aplausos da plateia.
É o tipo de cena que dificilmente irá sair da cabeça das pessoas, e não estou falando de beijo gay ou de algo dramático, a cena final consegue ser ao mesmo tempo forte e delicada.
Com tantas qualidades, pequenos errinhos de continuidade como a cena do protetor solar onde o protetor some e depois volta a lugares da pele que já tinham sido espalhados, passam quase despercebidos.
“Hoje quero voltar sozinho” que estreia em todo Brasil dia 10 de abril, não só conseguiu superar as expectativas, como se estabelece como um dos melhores filmes nacionais do ano até o presente momento. (Se não for o melhor)
Consegue ser um filme jovem sem ser bobo, polêmico sem ser pesado e sensível sem ser careta. Da vontade de ver de novo!
Confia em Mim
3.2 284 Assista AgoraUm mais do mesmo nacional
Em seu primeiro trabalho no cinema, o diretor Michel Tikhomiroff (da série "Julie e os Fantasmas", da Band), apresenta a história de Caio (Mateus Solano), um cara sedutor que utiliza de seu charme para tirar dinheiro de suas vítimas.
A história contada pela perspectiva da vítima (Fernanda Machado), embora tenha seus bons momentos, demora para pegar o ritmo e peca por não acrescentar nada do que já foi visto anteriormente nos filmes do gênero. A impressão que dá, é que estamos tendo um deja vu ao ver o filme, pois tudo soa estranhamente familiar e previsível.
Tá certo que fazer suspense em um país onde a cada 10 filmes, 8 são comédias tem lá o seu mérito, mas infelizmente este é o único mérito do filme. Que embora não seja bom, também não chega a ser de todo ruim. É o que podemos chamar de filme mediano, do tipo que você vê, se entretêm e depois esquece.
A trama pra lá de manjada é algo que todo mundo já viu alguma vez na vida: o cara sedutor que vai roubar a moça rica e indefesa. A diferença é que ao invés de roubar milhões como vemos nos filmes hollywoodianos, em “Confia em Mim” os roubos são mais modestos, (na casa dos 200 mil reais), o que dá a obra um tom mais realista para os parâmetros do Brasil.
A verdade é que a história só fica mais interessante depois que a personagem se da conta do golpe, até lá o filme é levado em banho Maria, com diálogos artificias que não convencem o telespectador e tão pouco contribuem para desenvolver qualquer empatia com os personagens.
Embora a atuação de Fernanda Machado e Matheus Solano, tenham sido “Ok”, há quem jure que em cena o ator não conseguiu se desfazer totalmente dos trejeitos do personagem Felix da novela “Viver a Vida”. O que seria um sério problema, haja vista que os personagens possuem orientações sexuais diferentes. De qualquer forma, eu não senti tanto as desmunhecadas do ator, que a meu ver, foi o melhor do filme.
Ainda no quesito atuação, o filme deixa a desejar, as atrizes que fazem ponta como a mãe e a irmã da protagonista, definitivamente não convencem com suas falas e expressões robóticas.
A direção de fotografia não ousa muito e o filme tem na maior parte do tempo o formato que estamos acostumados a ver nas novelas. Cenas que poderiam ser exploradas melhor, como as da cozinha (vale lembrar que a personagem é uma sub chefe de cozinha), foram feita de forma chapada, perdendo a oportunidade de mostrar o preparo da comida em ângulos menos óbvios como o que a gente vê no “Mais Você”.
O que funciona no filme? O suspense! Depois que a trama é estabelecida e as peças colocadas no tabuleiro o filme ganha ritmo e consegue proporcionar duas ou três cenas que deixam o publico apreensivo. (Destaque para a cena do “download”, quem assistir o filme vai entender do que estou falando).
A trilha sonora, é um verdadeiro desastre que ao invés de somar a trama e conversar com o filme, briga com as imagens, parecendo se tratar de uma música que foi feita para outra ocasião.
Apesar dos pesares, repito: o filme não é ruim. Dá pra assistir e achar “legal”, tem o seu valor já que de certa forma se trata de uma prestação de serviço, uma vez que o filme aborda uma problemática real que acontece com muitas mulheres em nosso país. Aliás, foi dessa forma que o diretor teve a ideia de fazer o filme, quando uma mulher próxima a ele passou por uma situação semelhante.
Um aspecto positivo do filme é a forma como ele expõe a problemática da pessoa que leva o golpe, afinal ela não perde só o dinheiro, junto com a grana tão vão o orgulho e a fé na humanidade, o que causa vergonha e constrangimento na vítima que na maioria das vezes prefere não denunciar o golpe a ter que se expor como “a trouxa” da história.
Como a personagem reage a essa situação na trama e como a história termina, vocês descobrem assistindo o filme que estreia dia 10 de abril nos cinemas. Ambientado em São Paulo e rodado em Paulínia, “Confia em mim” estreia em todo o Brasil em mais de 250 salas.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraA LINHA TÊNUE ENTRE O BIZARRO, O ERÓTICO E O POÉTICO
Confesso que cheguei a sessão de “Ninfomaníaca volume 2” com os dois pés atrás, para ser bem franco com vocês leitores, acabei vendo primeiro o volume 2 e só depois consegui conferir o volume 1.
Agora que já vi as duas partes dessa unidade, posso compartilhar com vocês minhas impressões e dizer o porquê dos meus pés atrás com a tão estimada obra de Lars Von Trier.
Sabe aquela frase que diz que toda unanimidade é burra? Pois bem, antes mesmo dos filmes serem lançados, muitos já o consideravam uma obra prima do cinema. O que automaticamente me fez querer ver o filme única e exclusivamente para contrariá-los.
Não que eu goste de ser do contra, mas acredito que muitas vezes um autor é tão superestimado que as pessoas preferem dizer que gostaram pelo simples fato de não quererem se dar ao trabalho de reunir argumentos para explicar os porquês de não terem gostado.
Como se não gostar de um filme X endeusado por muitos, fosse sinônimo de burrice ou falta de capacidade de compreendê-lo em sua totalidade… (Bobagem isso…)
O problema é que neste caso especifico eu amei o filme, e isso quebrou as minhas pernas. Impressionante como um filme que narra à saga de uma ninfomaníaca consegue ser tudo menos vulgar.
A forma como o sexo é abordado é tão fantástica e natural que mesmo contendo zilhões de cenas de sexo e nudez, o filme consegue ter conteúdo suficiente para que tamanha exposição não ficasse sem peso ou sem sentido. A verdade é que o filme não seria o mesmo sem tamanha exposição, pois o objetivo da obra (pelo menos essa foi minha interpretação) é justamente transformar em banal algo que na nossa sociedade ainda é um assunto tabu: o sexo.
“É possível classificar as qualidades humanas em uma palavra: hipocrisia”, dita por Joe nossa protagonista, esta frase defende bem qualquer crítica que possa vir do público mais moralistas.
Aliás, um dos grandes feitos do filme é questionar de forma contundente os conceitos de moral, ética e é claro como não podia deixar de ser da religião, que influenciou de forma definitiva nos conceitos supracitados. (Destaque para a cena em que Joe vai parar em um clube de Ninfomaníacas Anônimas, a fala dela nesta cena é realmente sensacional)
Sem maiores surpresas, a história do volume 2 continua exatamente do ponto que parou em seu anterior. O que fica claro, no entanto, é que enquanto o volume 1 tratou de mostrar as descobertas do prazer, o volume 2 esta mais focado nos conflitos que a busca incessante pelo sexo pode causar.
NINFOMANIACA VOLUME 201
Já com um filho para criar e um marido que por mais que se esforce não consegue saciar o apetite sexual de Joe, a parte 2 do filme traça uma linha imaginária que separa de forma fria amor e sexo. Onde é claro, o amor sucumbe em detrimento ao sexo, justificando assim o slogan do cartaz “Esqueça o amor”.
É interessante/ bizarro observar a “evolução” dessa personagem que é totalmente submissa aos seus desejos. De tal forma que na busca por novas sensações acaba por se colocar em situações de risco sem medir as consequências de seus atos.
Nesse novo capitulo da história, o sexo é abordado das mais diversas formas, desde o tradicional: sexo oral, masturbação até a dupla penetração, chuva de prata, masoquismo e até mesmo pedofilia é abordado. (Este último de forma não direta).
A impressão que dá, é que o diretor tentou colocar em um único filme tudo que havia de polêmico envolvendo sexo. (Por sorte ele se esqueceu da zoofilia, porque definitivamente eu não teria estomago para isso.)
A fotografia sem maiores exageros esta impecável, as tomadas de câmera estão gênias, alternando bastante entre o primeiro e segundo plano, foco e desfoco, o que em muitas vezes nos direciona a olhar as expressões dos atores e não o órgão genital que embora esteja na cena é colocado em segundo plano como algo banal.
Outro aspecto interessante do filme é a inserção de números que se sobrepõem as cenas de sexo. Além de dar um ar contemporâneo à obra e criar uma identidade visual impar, contribuiu na trama para colocar o sexo como algo tedioso, como se o ato em si para a personagem fosse algo mecânico e não orgânico.
A trilha sonora é composta majoritariamente por música clássica, mas também contém uma pitada de rock, uma mistura que deu certo.
Com um elenco que se doou de forma brilhante e por que não dizer chocante, o filme possui uma narrativa agradável, repleta de bons diálogos e pausas para divagações.
O volume 2 de “Ninfomaníaca” mantém o seu caráter polêmico e traz em sua conclusão uma espécie de tapa na cara da sociedade ao questionar a cultura machista.
“Ninfomaníaca 2” é a conclusão de um filme que realmente não cabia em apenas 2 horas. Diferentemente de filmes como Crepúsculo e O Hobbit cuja divisão em duas e três partes se deu apenas para visar lucro, aqui fica nítido que tal divisão se deu para aprofundar o assunto e explorá-lo das mais diversas formas.
Concluindo, o filme consegue encontrar espaço para cenas bizarras, hilárias, excitantes e poéticas. Da pra rir, ter nojo, se excitar, ficar constrangido enfim… Isso varia de pessoa pra pessoa… O que é certo, é que dificilmente alguém conseguirá passar indiferente a este filme.
Vale apena conferir, “Ninfomaníaca 2” que estreia hoje no Brasil. Em alguns cinemas será possível a façanha de assistir o Volume 1, sair e ver o 2 graças ao curto intervalo de lançamento entre um filme e outro. Uma ótima oportunidade para aqueles que curtem fazer uma sessão dupla no cinema!
E sim, eles estavam certos, trata-se de uma obra-prima.