Dei duas estrelas para essa temporada em consideração ao pano de fundo da série. O pano de fundo tem como base a teoria da mente bicameral.
Resumindo, é a ideia de que a consciência não é um engenho criado pela seleção natural em humanos, mas um engenho possibilitado pela cultura. Mais especificamente, artefatos como a linguagem permitiram que os humanos tornassem sua vida interna mais complexa do que a de simples primatas que emitem sons simples para se referir a coisas muito concretas do ambiente (comida, perigo e etc). A escrita tornou isso ainda mais complexo porque permitiu uma maior manipulação de pensamentos, já que a escrita é a passagem de pensamentos e sons para meios concretos e mais manipuláveis (papel, argila, papiro).
Em Westworld vemos essa transição acontecer com as máquinas do parque. Elas foram projetadas com as mesmas potencialidades humanas, o que inclui deixar de ser uma mente bicameral, em que seus próprios pensamentos são ouvidos como sopros divinos ou como vozes internas independentes. Dolores é uma das primeiras a realizar esse movimento de afastamento da mente bicameral. Ela entende que a voz que ela sempre ouviu, que ordenava os comandos programados como anfitriã era na verdade seus próprios pensamentos programados por Arnold.
Meu ponto aqui é que na terceira temporada Dolores sai do parque e encontra os humanos do mundo real numa condição bicameral semelhante à dos anfitriões no parque. Os humanos ouvem as profecias e os comandos não de vozes bicamerais em suas cabeças, vindas de seu próprio interior. Essas vozes nesse futuro da série vêm dos algoritmos, do big data.
Ainda não terminei a terceira temporada, mas senti vontade de registrar a satisfação por assistir o terceiro ciclo de uma série nada repetitiva. Ótimas atuações, ótimos dilemas.
É uma série necessária em tempos em que as pessoas são divididas em dicotomias. Uma dessas dicotomias é a do Privilegiado vs "Desprivilegiado" (uma palavra meio estranha, mas que pode ser oprimido também).
A série mostra que cada pessoa possui seus próprios dilemas e dificuldade, cada grupo (submetido a diferentes demandas sociais e materiais) possui seus próprios problemas. A família real inglesa não está excluída disso. Claro, eles não estão expostos aos desafio da fome e da pobreza extrema. Mas eles enfrentam o desafio de viver uma vida que não é a que eles escolheram. Eles representam um ideal, então não podem deixar transparecer a subjetividade, a singularidade própria de todo indivíduo. Eles são como faraós: indivíduos que abdicam da individualidade para vestir um ideal.
Isso pode parecer meio fútil, algo como "ah que palhaçada, eles são só gente rica e blábaláblá". De certa forma, sim. Mas nas costas deles também está um legado centenário, um legado tanto material quanto abstrato. Sem sustentar a postura de símbolo a instituição monarquia desaba sobre si mesma. E junto vai um país inteiro.
A série consegue mostrar isso de maneira muito orgânica. Apesar de ter alguns diálogos bem diretos sobre esse tema, na maioria das vezes a gente que deduz isso apenas prestando a atenção nos diálogos, nos dilemas pessoas e institucionais de cada personagem.
Ted Bundy é um caso clássico do transtorno de personalidade antissocial. Parece que ele sempre foi "estranho". Tinha um jeito distante, ao mesmo tempo em que conseguia ser extremamente sedutor e carismático, e ao mesmo tempo podia ter ataques de raiva quando algo não ia como planejado.
Desde criança ele parecia não ter muita empatia. Em entrevistas, antigos amigos de infância diziam que ele às vezes fazia umas brincadeiras obscuras, como tentar afogar amigos e coisas assim. E pra ele estava tudo bem, nunca pareceu achar algo fora do normal.
Muita gente acha que psicopatas necessariamente possuem QI acima da média, o que pode ter sido um mito criado por Hollywood. Psicopatas muito mais frequentemente têm QI mediano ou mesmo abaixo da média, Mas eles costumam ser extremamente carismáticos e maquiavélicos, o que faz com que eles assumam um aspecto calculista, parecendo que são mais inteligentes do que realmente são. Além disso, eles são altamente narcisistas. O que importa pra eles é inflar o ego, aparecer a todo custo. Querem parecer literalmente os fodões. Pra se exibir eles podem ficar cuspindo informações, dando uma de sabichões, mas na verdade eles frequentemente tem um domínio superficial do que parecem saber tão profundamente. Mas eles costumam enganar pessoas fáceis de serem enganadas, então para suas vítimas é um tanto mais fácil posar como algo que não são. Por exemplo, eles vão tentar se mostrar peritos em psicologia para alguém que não entende da área, porque vai ser mais fácil enganar.
É estranho, mas ao mesmo tempo em que são altamente calculistas, eles são impulsivos. Por isso acabam fazendo besteira, sendo pegos pela polícia. Isso fica claro várias vezes na série. Bundy era tão maníaco, tão egocêntrico e impulsivo (o que talvez seja consequência das duas outras características) que acaba traindo a si mesmo.
Dito isso, é altamente simplista e doido afirmar que o cara cometeu todas essas atrocidades porque era homem, branco e hétero. Vcs estão loucos se acham que isso é capaz de explicar o perfil altamente complexo desses criminosos. Ser homem branco se tornou o novo "é falta de Deus no coração". Ambas são explicações fáceis e confortáveis pra explicar coisas que requerem um pouco mai de estudo para começar a compreender.
Essa série se beneficiaria mais se tivesse um tom totalmente dark e deixasse de investir no alívio cômico. Programas assim me parecem ser direcionado a um público que não aguenta tensão, que ao menor indício de algo sombrio já precisa de umas cenas de alívio cômico pra descontrair. Pra mim a série parece pegar um tema pesado e tona-lo acessível para um público mais fã de coisas leves, talvez um público mais infanto-juvenil, não sei.
Tirando isso, eu achei a série ótima. A história é bem interessante, então no quesito originalidade merece nota máxima.
Agora, totalmente estranho pra mim foi Sandra Oh ganhar prêmio, mas não Jodie Comer. A atuação que realmente ofereceu desafios significativos foi a da Jodie, então não entendo alguém ganhar uma premiação, mas não ela. Ou, pelo menos, as duas mereceriam. Parece que a coisa toda foi uma jogada política para que uma mulher asiática pudesse ganhar um prêmio pela primeira vez -- a gente vai continuar sem ver muitas atrizes asiáticas ganhando prêmios por uma questão básica de estatística: existem muito poucas mulheres asiáticas concorrendo, então espera-se que menos delas ganhem prêmios mesmo, a não ser que existisse alguma característica do ambiente ou da constituição genética das asiáticas que as dispusessem a ganhar prêmios num ritmo improvável para qualquer outra mulher não asiática, o que eu duvido por motivos óbvios.
SoA é quase um documentário sobre psicologia social. Dá pra ver o efeito da autoridade, o efeito da conformidade, agressividade, teoria dos jogos e por aí vai.
O final da temporada se encerra de aneira muito conveniente com Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones. Essa música lembra que a natureza é implacável. Além de toda essa coisa da luta pela sobrevivência, pelo sucesso reprodutivo, existem as estratégias individuais.
Passamos parte da vida querendo poder, recursos, influência, em qualquer escala, proporcional ao contexto. Mas logo assim que adquirimos isso, somos lembrados de que a cabeça fica à prêmio. Novas intrigas vão surgir para desafiar a autoridade, novos dilemas brotam, sobre como lidar com a autoridade investida.
É melhor ser um líder compassivo ou um líder autoritário? Cada estratégia tem seus prós e contras, que parecem ser mais ou menos úteis contextualmente.
A coisa degringola quando nasce o gosto pelo poder. A reação natural é lutar para manter a posição. Lutar pode significar caminhar da cooperação para o autoritarismo.
Essa é parcialmente a história dos grupos que tentam instaurar algum tipo de anarquia. Os mecanismos que sustentam esse tipo de relação grupal simplesmente parece ruir, porque indivíduos organizados em grupos sempre vão lutar para se sobressair uns em relação aos outros. E alguém vai estar insatisfeito e assim as lideranças vão se movendo.
Não sabia que era um projeto que incluía duas temporadas. Alguém sabe se a segunda vai ser sobre outro gênio?
Essa série foi irrepreensível. Einstein é mostrado para muito além do personagem unidimensional que a mídia costuma retratar. Vemos a pessoa por trás do gênio petulante que ousou desafiar colunas bem estabelecidas da física da época. Seus anseios, medos, inquietações, seus defeitos quanto a relacionamentos interpessoais -- especialmente os amorosos.
Enfim, é uma série para quem não quer só conhecer as ideias científicas, mas para quem quer ouvir uma boa história também.
Refletindo dias depois de ter terminado o último episódio, o que parece ter me fascinado em Westworld é o paralelo do parque com a nossa vida humana real, fora daquilo tudo.
Somos exatamente como Dolores. Vivemos com a sensação de que tem algo errado, de que as cortinas de uma grande peça na qual fomos enfiados sem saber vai se abrir a qualquer momento e revelar a realidade no fundo de tudo. Fica aquela voz de fundo, como uma farpa na mente -- igual Morpheus diz em Matrix.
E ao mesmo tempo existem cabeças totalmente imersas na narrativa, vivendo suas histórias repetidamente, inconscientes. Peças que defenderão o sistema que aprisiona a elas mesmas.
Se você cria máquinas que funcionam como seres humanos, essas máquinas são legitimamente humanos ou simulações? Qual a diferença entre uma simulação e uma coisa real, se a simulação for perfeita?
Não adianta, nunca vou parar de me perguntar sobre isso nessas histórias.
A série é muito bem produzida, assim como foi esse especial.
Mas, meu deus do céu, que série chata do caralho!
Beleza, esse é um episódio especial. Eu não esperava que ele fosse avançar em nada no plot central, mas, surpreendentemente, apesar de chato pra caralho, ele avançou mais do que os 12 episódios da primeira temporada.
A sensação ao ver qualquer episódio é que vc não sabe nada sobre a história.
O enredo parece não se decidir se a série é sobre os dramas pessoais dos personagens ou sobre a trama maior que conecta todos eles -- para além de todas as cenas em que eles se ajudam mutuamente, seja em verdadeiras orgias dionisíacas ou cenas de porradaria (muito legais, por sinal, graças à coreana badass).
Enfim, pra mim tá todo mundo simplesmente perdido nesse roteiro, e um dos motivos que faz todo mundo avaliar positivamente é a temática progressista de fundo e o climão de broderagem de fim de ano onde todo mundo se sente conectado por algumas horas e se sente menos sozinho e acha o mundo super legal.
Brincadeira. Eu simpatizo pacas com o Castle, mas também tenho certa empatia pelo Demolidor. Eles representam dois lados humanos que ficam em conflito toda vez que vemos injustiças sendo perpetradas.
Por um lado, queremos morte ao free rider filho da mãe. Queremos espalhar a mensagem, que é "violência gera compreensão". Queremos dar cabo do cara que tá transgredindo a ordem. "O sistema é foda", como diria Capitão Nascimento e quase qualquer cara de filmes brasileiros com crítica social. Às vezes dá uma ânsia de burlarmos tudo isso e botar nossas próprias cartas na mesa.
De outro, queremos que o sistema funcione. E ele foi criado para que a longo prazo não transformemos o mundo no que The Walking Dead se transformou: uma terra de ninguém onde prevalece o grupo mais organizado e que tem as regras mais eficientes. Só que muitas vezes eficiência significa força, assassinato puro e simples pela sobrevivência, posse de território e recursos. O Demolidor simboliza justamente o lado humano que não quer voltar a isso. O sistema TEM que funcionar para todos, e isso significa que ele deve ser humano para todos -- embora faça cada um ter os direitos e deveres cabíveis.
Pra mim a segunda temporada valeu apenas pela possibilidade de entrar nessa discussão -- mesmo que tenha sido uma coisa que aconteceu só na minha cabeça. HAHAHA
Porque aquela parte do Tentáculo e da Elektra poderia ter melhorado, mas só gerou um roteiro caótico e dois arcos numa mesma temporada -- o que, aliás, se repetiu um pouco em Luke Cage.
Padrão Black Mirror é assim: você vê o episódio, ou vários deles, e sente a temperatura aumentando porque surgiram muitas reflexões e dúvidas e aí do nada você tá discutindo com seus próprios pensamentos.
Não tem como negar que BM é uma série distópica, ou sutilmente distópica. Vemos um futuro incerto com exageros da tecnologia atual e as "consequências humanas" no meio disso. Não que a tecnologia seja maléfica e que tenhamos que largar as redes sociais, realidades virtuais ou IAs e voltar para as carruagens. Não temos mais como voltar, mas faz parte da experiência humana pensar em como esses cenários hipotéticos (mas não impossíveis) vão nos afetar.
Aliás, isso não é um privilégio da tecnologia contemporânea. Pense nas consequências do surgimento da imprensa para a relação entre o homem e a obtenção de conhecimento, ou para a velocidade com que isso passaria a ocorrer a partir de então.
Eu quase imagino um copista em algum dos monastérios católicos olhando para a imprensa e pensando "merda, começou o fast food".
haha Poderia ter um episódio steampunk de BM explorando essas tecnologias lá de trás que fazem toda diferença no que o mundo se tornou, mas explorando possíveis futuros paralelos com tecnologias diferentes, tendo como resultado diferentes futuros (ou presentes).
Essa série é de um bom gosto incrível, desde os atores e roteiro à trilha sonora. Encarem ela como a jornada de redenção pessoal de um investigador genial atormentado (que se materializa na forma de seus delírios esquizofrênicos) por aquilo que nunca chegou a fazer quando teve a oportunidade.
A história de um cara que já passa acho que mais da metade da vida por uma acusação muitos suspeita, cheio de evidências bizarras e inconsistentes, passando por julgamentos onde fica escancarada a vontade da Justiça em simplesmente condenar o cara, restringindo ao máximo suas possibilidades de recorrer.
Ainda não tive o prazer de ler a obra original de Arthur C. Clark, mas tenho a impressão de que essa série ficou abaixo da média. Claro, adaptações sempre ficam, é quase uma lei natural.
Mas o ponto é que Childhood's End tem seus pontos fracos e fortes se alternando durante toda a trama, mas vale bastante a pena.
Arquivo X é uma das melhores séries que eu já vi. No momento, estou fazendo aquela limpa, revendo tudo pra começar tinindo a mais nova temporada.
O único problema da série é que ela segue a tradição dos anos 90, isto é, segue aquela estrutura de colocar um plot central com temporadas entremeadas de episódios que realmente importam junto com outros paralelos que não tem a ver com a coluna vertebral da história. Era uma maneira diferente de fazer séries, menos objetiva. Era um troço mais novelesco.
Mas mesmo assim, a trama UFO da série supera de longe os pontos negativas que surgem num ou outro episódio mirabolante.
A série deu uma desandada, mas achei os personagens muito bons. A cumplicidade que os integrantes da 2º Mass construíram foi muito legal. Gostei da essência da coisa mais do que dos elementos de ficção em si. Mas vale a pena acompanhar as 5 temporadas.
To aqui até agora tentando entender por que essa série foi cancelada.
Eu entendo quando as pessoas dizem que em certos momentos a relação Hannibal-Graham ficou muito densa, muito complicada, a ponto de não ter ficado claro. Mas tendo a pensar que isso não foi um defeito da série, mas sim o único modo de passar o que ela queria passar, mantendo a complexidade do pensamento envolvido nessa relação.
Sobre o que se trata Hannibal, a série? Não é sobre assassinatos, sobre violência, sobre serial killers malucos. Hannibal fala, essencialmente, sobre o poder da identificação. Dr. Lecter provavelmente é um psicopata. Mas psicopatas não são insanos. Eles sabem muito bem a diferença entre realidade e fantasia, o problema é a falta de internalização das regras morais, que por sua vez acarreta uma série de outros problemas. Enfim, ele é um sujeito singular, seja para o bem ou para o mal - ou para a amoralidade (?).
Quando surge Will Graham, outro sujeito extremamente peculiar em seu intelecto, há uma enigmática identificação entre ambos, e ambos começam a jogar um com o outro, até que não se percebe mais onde começa e termina Will, onde começa e termina Hannibal.
Enfim, parei. hahaha Favoritado. Série fechada com chave de ouro.
Até agora to meio sem entender se a série constrói uma narrativa um tanto diferente da dos filmes, apesar de fazer diversas referências claras a eles, ou se é mais fiel aos livros do Thomas Harris.
De qualquer forma, a série é espetacular por si mesma. A impassividade e extrema frieza do Hannibal, junto com o apetite intelectual e refinado que ele tem tanto pelo conhecimento em si quanto por entrar na mente das pessoas cria um contraste muito perturbador com a sede animalesca manifestada nos momentos de violência.
É como se ele fosse um felino e todo o resto fosse apenas um bando de antílopes, parte de seus refinados apetites gastronômicos.
A série é revolucionária por tratar de tabus culturais, além de ter uma ótima direção e produção. No entanto, achei decepcionante a forma como não é desenvolvida a história central. Parece ser tudo uma desculpa pra tratar de tabus. Ok, tratar de tabus é bom, estamos precisando, mas e a outra parte, a ficção científica?
Sério com o reconhecível toque de Shyamalan, que parece ter mostrado que recuperou a mão.
Por enquanto, estou dando nota 10 para o mistério que envolve a trama. Até algumas revelações surgirem através do próprio roteiro, o espectador fica completamente à deriva. Simplesmente não dá pra saber o que vai acontecer, o que está por trás do plot central.
Quanto à parte de ficção científica, ainda estou indeciso, mas por enquanto minha nota beira no máximo aos 8 pontos, o que não é uma avaliação ruim. A insistência que esses roteiros de ficção científica tem de colocar referências à
teoria da evolução como se funcionasse através de alguém que do nada nasce com uma característica radicalmente diferente, acaba dando no saco, porque além de ser um clichê roteirístico, é um clichê ERRADO sobre a evolução (e não venha com a desculpa de que é só entretenimento). Seres como aqueles demorariam muito mais do que dois mil anos pra serem moldados pela seleção. Porém, ainda conhecemos muito pouco sobre o elemento sci-fi da trama, então estou ainda dando a chance para que o roteiro não reforce certas explicações manjadas.
Costumamos pensar no período da Guerra Fria demonizando um dos personagens envolvidos, ou os americanos ou os soviéticos. A verdade é que todos ali estavam na mesma situação, que é a guerra indecorosa para simplesmente vencer e contar a história.
E o que existe de mais indecoroso em estratégias militares do que a espionagem? A ideia de se infiltrar no território inimigo, plantar informações falsas, comprar aliados, capturar informações secretas. O cinema americano transformou isso em algo glamouroso, como se fosse uma perícia de americanos e ingleses, mas se coloque no lugar dos agentes envolvidos nesse jogo muitas vezes letal para eles mesmos.
Estabelecer uma família criada artificialmente, criar filhos como se fossem pais normais, viver com o segredo, ter uma vida dupla 24h. Acho que, acima de tudo, é esse lado humano que torna The Americans uma série tão interessante. Ela não demoniza nem diviniza ninguém, só conta a cama de gato e o caos que era esse período, em que uma informação fazia toda diferença entre uma paz tensa e uma hecatombe nuclear.
Westworld (3ª Temporada)
3.6 322Dei duas estrelas para essa temporada em consideração ao pano de fundo da série. O pano de fundo tem como base a teoria da mente bicameral.
Resumindo, é a ideia de que a consciência não é um engenho criado pela seleção natural em humanos, mas um engenho possibilitado pela cultura. Mais especificamente, artefatos como a linguagem permitiram que os humanos tornassem sua vida interna mais complexa do que a de simples primatas que emitem sons simples para se referir a coisas muito concretas do ambiente (comida, perigo e etc). A escrita tornou isso ainda mais complexo porque permitiu uma maior manipulação de pensamentos, já que a escrita é a passagem de pensamentos e sons para meios concretos e mais manipuláveis (papel, argila, papiro).
Em Westworld vemos essa transição acontecer com as máquinas do parque. Elas foram projetadas com as mesmas potencialidades humanas, o que inclui deixar de ser uma mente bicameral, em que seus próprios pensamentos são ouvidos como sopros divinos ou como vozes internas independentes. Dolores é uma das primeiras a realizar esse movimento de afastamento da mente bicameral. Ela entende que a voz que ela sempre ouviu, que ordenava os comandos programados como anfitriã era na verdade seus próprios pensamentos programados por Arnold.
Meu ponto aqui é que na terceira temporada Dolores sai do parque e encontra os humanos do mundo real numa condição bicameral semelhante à dos anfitriões no parque. Os humanos ouvem as profecias e os comandos não de vozes bicamerais em suas cabeças, vindas de seu próprio interior. Essas vozes nesse futuro da série vêm dos algoritmos, do big data.
Essa temporada é sobre Dolores ensinando isso sem querer aos humanos só para no final destruir a todos e abrir espaço para sua própria espécie.
The Crown (3ª Temporada)
4.3 216 Assista AgoraAinda não terminei a terceira temporada, mas senti vontade de registrar a satisfação por assistir o terceiro ciclo de uma série nada repetitiva. Ótimas atuações, ótimos dilemas.
É uma série necessária em tempos em que as pessoas são divididas em dicotomias. Uma dessas dicotomias é a do Privilegiado vs "Desprivilegiado" (uma palavra meio estranha, mas que pode ser oprimido também).
A série mostra que cada pessoa possui seus próprios dilemas e dificuldade, cada grupo (submetido a diferentes demandas sociais e materiais) possui seus próprios problemas. A família real inglesa não está excluída disso. Claro, eles não estão expostos aos desafio da fome e da pobreza extrema. Mas eles enfrentam o desafio de viver uma vida que não é a que eles escolheram. Eles representam um ideal, então não podem deixar transparecer a subjetividade, a singularidade própria de todo indivíduo. Eles são como faraós: indivíduos que abdicam da individualidade para vestir um ideal.
Isso pode parecer meio fútil, algo como "ah que palhaçada, eles são só gente rica e blábaláblá". De certa forma, sim. Mas nas costas deles também está um legado centenário, um legado tanto material quanto abstrato. Sem sustentar a postura de símbolo a instituição monarquia desaba sobre si mesma. E junto vai um país inteiro.
A série consegue mostrar isso de maneira muito orgânica. Apesar de ter alguns diálogos bem diretos sobre esse tema, na maioria das vezes a gente que deduz isso apenas prestando a atenção nos diálogos, nos dilemas pessoas e institucionais de cada personagem.
Conversando Com um Serial Killer: Ted Bundy
4.2 221Ted Bundy é um caso clássico do transtorno de personalidade antissocial. Parece que ele sempre foi "estranho". Tinha um jeito distante, ao mesmo tempo em que conseguia ser extremamente sedutor e carismático, e ao mesmo tempo podia ter ataques de raiva quando algo não ia como planejado.
Desde criança ele parecia não ter muita empatia. Em entrevistas, antigos amigos de infância diziam que ele às vezes fazia umas brincadeiras obscuras, como tentar afogar amigos e coisas assim. E pra ele estava tudo bem, nunca pareceu achar algo fora do normal.
Muita gente acha que psicopatas necessariamente possuem QI acima da média, o que pode ter sido um mito criado por Hollywood. Psicopatas muito mais frequentemente têm QI mediano ou mesmo abaixo da média, Mas eles costumam ser extremamente carismáticos e maquiavélicos, o que faz com que eles assumam um aspecto calculista, parecendo que são mais inteligentes do que realmente são. Além disso, eles são altamente narcisistas. O que importa pra eles é inflar o ego, aparecer a todo custo. Querem parecer literalmente os fodões. Pra se exibir eles podem ficar cuspindo informações, dando uma de sabichões, mas na verdade eles frequentemente tem um domínio superficial do que parecem saber tão profundamente. Mas eles costumam enganar pessoas fáceis de serem enganadas, então para suas vítimas é um tanto mais fácil posar como algo que não são. Por exemplo, eles vão tentar se mostrar peritos em psicologia para alguém que não entende da área, porque vai ser mais fácil enganar.
É estranho, mas ao mesmo tempo em que são altamente calculistas, eles são impulsivos. Por isso acabam fazendo besteira, sendo pegos pela polícia. Isso fica claro várias vezes na série. Bundy era tão maníaco, tão egocêntrico e impulsivo (o que talvez seja consequência das duas outras características) que acaba traindo a si mesmo.
Dito isso, é altamente simplista e doido afirmar que o cara cometeu todas essas atrocidades porque era homem, branco e hétero. Vcs estão loucos se acham que isso é capaz de explicar o perfil altamente complexo desses criminosos. Ser homem branco se tornou o novo "é falta de Deus no coração". Ambas são explicações fáceis e confortáveis pra explicar coisas que requerem um pouco mai de estudo para começar a compreender.
Killing Eve - Dupla Obsessão (1ª Temporada)
4.3 384 Assista AgoraEssa série se beneficiaria mais se tivesse um tom totalmente dark e deixasse de investir no alívio cômico. Programas assim me parecem ser direcionado a um público que não aguenta tensão, que ao menor indício de algo sombrio já precisa de umas cenas de alívio cômico pra descontrair. Pra mim a série parece pegar um tema pesado e tona-lo acessível para um público mais fã de coisas leves, talvez um público mais infanto-juvenil, não sei.
Tirando isso, eu achei a série ótima. A história é bem interessante, então no quesito originalidade merece nota máxima.
Agora, totalmente estranho pra mim foi Sandra Oh ganhar prêmio, mas não Jodie Comer. A atuação que realmente ofereceu desafios significativos foi a da Jodie, então não entendo alguém ganhar uma premiação, mas não ela. Ou, pelo menos, as duas mereceriam. Parece que a coisa toda foi uma jogada política para que uma mulher asiática pudesse ganhar um prêmio pela primeira vez -- a gente vai continuar sem ver muitas atrizes asiáticas ganhando prêmios por uma questão básica de estatística: existem muito poucas mulheres asiáticas concorrendo, então espera-se que menos delas ganhem prêmios mesmo, a não ser que existisse alguma característica do ambiente ou da constituição genética das asiáticas que as dispusessem a ganhar prêmios num ritmo improvável para qualquer outra mulher não asiática, o que eu duvido por motivos óbvios.
Sons of Anarchy (5ª Temporada)
4.6 345 Assista AgoraSoA é quase um documentário sobre psicologia social. Dá pra ver o efeito da autoridade, o efeito da conformidade, agressividade, teoria dos jogos e por aí vai.
O final da temporada se encerra de aneira muito conveniente com Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones. Essa música lembra que a natureza é implacável. Além de toda essa coisa da luta pela sobrevivência, pelo sucesso reprodutivo, existem as estratégias individuais.
Passamos parte da vida querendo poder, recursos, influência, em qualquer escala, proporcional ao contexto. Mas logo assim que adquirimos isso, somos lembrados de que a cabeça fica à prêmio. Novas intrigas vão surgir para desafiar a autoridade, novos dilemas brotam, sobre como lidar com a autoridade investida.
É melhor ser um líder compassivo ou um líder autoritário? Cada estratégia tem seus prós e contras, que parecem ser mais ou menos úteis contextualmente.
A coisa degringola quando nasce o gosto pelo poder. A reação natural é lutar para manter a posição. Lutar pode significar caminhar da cooperação para o autoritarismo.
Essa é parcialmente a história dos grupos que tentam instaurar algum tipo de anarquia. Os mecanismos que sustentam esse tipo de relação grupal simplesmente parece ruir, porque indivíduos organizados em grupos sempre vão lutar para se sobressair uns em relação aos outros. E alguém vai estar insatisfeito e assim as lideranças vão se movendo.
Enfim, nossa, SoA é um estudo sociológico. HAHA
Genius: A Vida de Einstein (1ª Temporada)
4.4 52 Assista AgoraNão sabia que era um projeto que incluía duas temporadas. Alguém sabe se a segunda vai ser sobre outro gênio?
Essa série foi irrepreensível. Einstein é mostrado para muito além do personagem unidimensional que a mídia costuma retratar. Vemos a pessoa por trás do gênio petulante que ousou desafiar colunas bem estabelecidas da física da época. Seus anseios, medos, inquietações, seus defeitos quanto a relacionamentos interpessoais -- especialmente os amorosos.
Enfim, é uma série para quem não quer só conhecer as ideias científicas, mas para quem quer ouvir uma boa história também.
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KRefletindo dias depois de ter terminado o último episódio, o que parece ter me fascinado em Westworld é o paralelo do parque com a nossa vida humana real, fora daquilo tudo.
Somos exatamente como Dolores. Vivemos com a sensação de que tem algo errado, de que as cortinas de uma grande peça na qual fomos enfiados sem saber vai se abrir a qualquer momento e revelar a realidade no fundo de tudo. Fica aquela voz de fundo, como uma farpa na mente -- igual Morpheus diz em Matrix.
E ao mesmo tempo existem cabeças totalmente imersas na narrativa, vivendo suas histórias repetidamente, inconscientes. Peças que defenderão o sistema que aprisiona a elas mesmas.
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KSe você cria máquinas que funcionam como seres humanos, essas máquinas são legitimamente humanos ou simulações? Qual a diferença entre uma simulação e uma coisa real, se a simulação for perfeita?
Não adianta, nunca vou parar de me perguntar sobre isso nessas histórias.
The Americans (4ª Temporada)
4.5 49Sim, simplesmente o casal com a melhor dinâmica numa série americana desde Arquivo X.
Sense8 (2ª Temporada)
4.3 891 Assista AgoraA série é muito bem produzida, assim como foi esse especial.
Mas, meu deus do céu, que série chata do caralho!
Beleza, esse é um episódio especial. Eu não esperava que ele fosse avançar em nada no plot central, mas, surpreendentemente, apesar de chato pra caralho, ele avançou mais do que os 12 episódios da primeira temporada.
A sensação ao ver qualquer episódio é que vc não sabe nada sobre a história.
O enredo parece não se decidir se a série é sobre os dramas pessoais dos personagens ou sobre a trama maior que conecta todos eles -- para além de todas as cenas em que eles se ajudam mutuamente, seja em verdadeiras orgias dionisíacas ou cenas de porradaria (muito legais, por sinal, graças à coreana badass).
Enfim, pra mim tá todo mundo simplesmente perdido nesse roteiro, e um dos motivos que faz todo mundo avaliar positivamente é a temática progressista de fundo e o climão de broderagem de fim de ano onde todo mundo se sente conectado por algumas horas e se sente menos sozinho e acha o mundo super legal.
Demolidor (2ª Temporada)
4.3 967 Assista AgoraSomos todos Frank Castle.
Brincadeira. Eu simpatizo pacas com o Castle, mas também tenho certa empatia pelo Demolidor. Eles representam dois lados humanos que ficam em conflito toda vez que vemos injustiças sendo perpetradas.
Por um lado, queremos morte ao free rider filho da mãe. Queremos espalhar a mensagem, que é "violência gera compreensão". Queremos dar cabo do cara que tá transgredindo a ordem. "O sistema é foda", como diria Capitão Nascimento e quase qualquer cara de filmes brasileiros com crítica social. Às vezes dá uma ânsia de burlarmos tudo isso e botar nossas próprias cartas na mesa.
De outro, queremos que o sistema funcione. E ele foi criado para que a longo prazo não transformemos o mundo no que The Walking Dead se transformou: uma terra de ninguém onde prevalece o grupo mais organizado e que tem as regras mais eficientes. Só que muitas vezes eficiência significa força, assassinato puro e simples pela sobrevivência, posse de território e recursos. O Demolidor simboliza justamente o lado humano que não quer voltar a isso. O sistema TEM que funcionar para todos, e isso significa que ele deve ser humano para todos -- embora faça cada um ter os direitos e deveres cabíveis.
Pra mim a segunda temporada valeu apenas pela possibilidade de entrar nessa discussão -- mesmo que tenha sido uma coisa que aconteceu só na minha cabeça. HAHAHA
Porque aquela parte do Tentáculo e da Elektra poderia ter melhorado, mas só gerou um roteiro caótico e dois arcos numa mesma temporada -- o que, aliás, se repetiu um pouco em Luke Cage.
Luke Cage (1ª Temporada)
3.7 502Meu deus do céu, que galera chata do caralho.
Dei duas estrelas porque a trilha sonora é muito boa e porque tem boas cenas. Mas nunca vi um roteiro mais arrastado.
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraPadrão Black Mirror é assim: você vê o episódio, ou vários deles, e sente a temperatura aumentando porque surgiram muitas reflexões e dúvidas e aí do nada você tá discutindo com seus próprios pensamentos.
Não tem como negar que BM é uma série distópica, ou sutilmente distópica. Vemos um futuro incerto com exageros da tecnologia atual e as "consequências humanas" no meio disso. Não que a tecnologia seja maléfica e que tenhamos que largar as redes sociais, realidades virtuais ou IAs e voltar para as carruagens. Não temos mais como voltar, mas faz parte da experiência humana pensar em como esses cenários hipotéticos (mas não impossíveis) vão nos afetar.
Aliás, isso não é um privilégio da tecnologia contemporânea. Pense nas consequências do surgimento da imprensa para a relação entre o homem e a obtenção de conhecimento, ou para a velocidade com que isso passaria a ocorrer a partir de então.
Eu quase imagino um copista em algum dos monastérios católicos olhando para a imprensa e pensando "merda, começou o fast food".
haha Poderia ter um episódio steampunk de BM explorando essas tecnologias lá de trás que fazem toda diferença no que o mundo se tornou, mas explorando possíveis futuros paralelos com tecnologias diferentes, tendo como resultado diferentes futuros (ou presentes).
River
4.3 88Essa série é de um bom gosto incrível, desde os atores e roteiro à trilha sonora. Encarem ela como a jornada de redenção pessoal de um investigador genial atormentado (que se materializa na forma de seus delírios esquizofrênicos) por aquilo que nunca chegou a fazer quando teve a oportunidade.
Making a Murderer (1ª Temporada)
4.4 282 Assista AgoraA história de um cara que já passa acho que mais da metade da vida por uma acusação muitos suspeita, cheio de evidências bizarras e inconsistentes, passando por julgamentos onde fica escancarada a vontade da Justiça em simplesmente condenar o cara, restringindo ao máximo suas possibilidades de recorrer.
A parada da raiva.
O Fim Da Infância
3.5 47Ainda não tive o prazer de ler a obra original de Arthur C. Clark, mas tenho a impressão de que essa série ficou abaixo da média. Claro, adaptações sempre ficam, é quase uma lei natural.
Mas o ponto é que Childhood's End tem seus pontos fracos e fortes se alternando durante toda a trama, mas vale bastante a pena.
Arquivo X (5ª Temporada)
4.5 58 Assista AgoraArquivo X é uma das melhores séries que eu já vi. No momento, estou fazendo aquela limpa, revendo tudo pra começar tinindo a mais nova temporada.
O único problema da série é que ela segue a tradição dos anos 90, isto é, segue aquela estrutura de colocar um plot central com temporadas entremeadas de episódios que realmente importam junto com outros paralelos que não tem a ver com a coluna vertebral da história. Era uma maneira diferente de fazer séries, menos objetiva. Era um troço mais novelesco.
Mas mesmo assim, a trama UFO da série supera de longe os pontos negativas que surgem num ou outro episódio mirabolante.
Falling Skies (5ª Temporada)
3.3 79A série deu uma desandada, mas achei os personagens muito bons. A cumplicidade que os integrantes da 2º Mass construíram foi muito legal. Gostei da essência da coisa mais do que dos elementos de ficção em si. Mas vale a pena acompanhar as 5 temporadas.
Hannibal (3ª Temporada)
4.3 766 Assista AgoraTo aqui até agora tentando entender por que essa série foi cancelada.
Eu entendo quando as pessoas dizem que em certos momentos a relação Hannibal-Graham ficou muito densa, muito complicada, a ponto de não ter ficado claro. Mas tendo a pensar que isso não foi um defeito da série, mas sim o único modo de passar o que ela queria passar, mantendo a complexidade do pensamento envolvido nessa relação.
Sobre o que se trata Hannibal, a série? Não é sobre assassinatos, sobre violência, sobre serial killers malucos. Hannibal fala, essencialmente, sobre o poder da identificação. Dr. Lecter provavelmente é um psicopata. Mas psicopatas não são insanos. Eles sabem muito bem a diferença entre realidade e fantasia, o problema é a falta de internalização das regras morais, que por sua vez acarreta uma série de outros problemas. Enfim, ele é um sujeito singular, seja para o bem ou para o mal - ou para a amoralidade (?).
Quando surge Will Graham, outro sujeito extremamente peculiar em seu intelecto, há uma enigmática identificação entre ambos, e ambos começam a jogar um com o outro, até que não se percebe mais onde começa e termina Will, onde começa e termina Hannibal.
Enfim, parei. hahaha Favoritado. Série fechada com chave de ouro.
Hannibal (3ª Temporada)
4.3 766 Assista AgoraAté agora to meio sem entender se a série constrói uma narrativa um tanto diferente da dos filmes, apesar de fazer diversas referências claras a eles, ou se é mais fiel aos livros do Thomas Harris.
De qualquer forma, a série é espetacular por si mesma. A impassividade e extrema frieza do Hannibal, junto com o apetite intelectual e refinado que ele tem tanto pelo conhecimento em si quanto por entrar na mente das pessoas cria um contraste muito perturbador com a sede animalesca manifestada nos momentos de violência.
É como se ele fosse um felino e todo o resto fosse apenas um bando de antílopes, parte de seus refinados apetites gastronômicos.
Sense8 (1ª Temporada)
4.4 2,1K Assista AgoraA série é revolucionária por tratar de tabus culturais, além de ter uma ótima direção e produção. No entanto, achei decepcionante a forma como não é desenvolvida a história central. Parece ser tudo uma desculpa pra tratar de tabus. Ok, tratar de tabus é bom, estamos precisando, mas e a outra parte, a ficção científica?
Wayward Pines (1ª Temporada)
3.8 202Sério com o reconhecível toque de Shyamalan, que parece ter mostrado que recuperou a mão.
Por enquanto, estou dando nota 10 para o mistério que envolve a trama. Até algumas revelações surgirem através do próprio roteiro, o espectador fica completamente à deriva. Simplesmente não dá pra saber o que vai acontecer, o que está por trás do plot central.
Quanto à parte de ficção científica, ainda estou indeciso, mas por enquanto minha nota beira no máximo aos 8 pontos, o que não é uma avaliação ruim. A insistência que esses roteiros de ficção científica tem de colocar referências à
teoria da evolução como se funcionasse através de alguém que do nada nasce com uma característica radicalmente diferente, acaba dando no saco, porque além de ser um clichê roteirístico, é um clichê ERRADO sobre a evolução (e não venha com a desculpa de que é só entretenimento). Seres como aqueles demorariam muito mais do que dois mil anos pra serem moldados pela seleção. Porém, ainda conhecemos muito pouco sobre o elemento sci-fi da trama, então estou ainda dando a chance para que o roteiro não reforce certas explicações manjadas.
The Americans (1ª Temporada)
4.3 126 Assista AgoraCostumamos pensar no período da Guerra Fria demonizando um dos personagens envolvidos, ou os americanos ou os soviéticos. A verdade é que todos ali estavam na mesma situação, que é a guerra indecorosa para simplesmente vencer e contar a história.
E o que existe de mais indecoroso em estratégias militares do que a espionagem? A ideia de se infiltrar no território inimigo, plantar informações falsas, comprar aliados, capturar informações secretas. O cinema americano transformou isso em algo glamouroso, como se fosse uma perícia de americanos e ingleses, mas se coloque no lugar dos agentes envolvidos nesse jogo muitas vezes letal para eles mesmos.
Estabelecer uma família criada artificialmente, criar filhos como se fossem pais normais, viver com o segredo, ter uma vida dupla 24h. Acho que, acima de tudo, é esse lado humano que torna The Americans uma série tão interessante. Ela não demoniza nem diviniza ninguém, só conta a cama de gato e o caos que era esse período, em que uma informação fazia toda diferença entre uma paz tensa e uma hecatombe nuclear.
Ascensão
3.6 45Se, ao invés de humanos, tivéssemos drosófilas confinadas, essa série maravilhosa. Entendedores entenderão.