Felipe Rico

Simplesmente meu pai me ligou no meio do filme. Tô arrepiado até agora.

Ruim, hein?

Acho que o problema aqui é uma dificuldade que ocorre muitas vezes de adaptar uma obra literária ao audiovisual, algo que ocorre e sempre vai ocorrer na história do cinema. O filme não conseguiu nem explicar o motivo do seu nome (Ruído Branco).

São linguagens diferentes, não tem jeito. A sátira presente na linguagem do livro desapareceu aqui, simplesmente não funcionou. Figuras de linguagem e simbolismos na literatura são completamente diferentes das do cinema, basicamente pq as linguagens se diferem, a escrita necessita criar a imagem na minha mente.

Não sei pq insistem em querer manter tanta fidelidade.

O diretor precisa se valer mais da sua liberdade de criador e fazer todas as adaptações necessárias. Por exemplo, o livro retrata o contexto de 1985, quase 40 anos atrás. Pq simplesmente não adaptou ao contexto atual, modernizando a sátira e a crítica?

O filme trata de uma nova autoria. O diretor não vai ter a mesma visão de mundo, a mesma ideologia e a mesma ideia que o escritor da obra.

Pano pra manga isso aqui. Mais de 100 anos de conteúdos cinematográficos, mas a literatura continua assombrando a sétima arte.

Uma disputa intensa para saber o que é pior: o roteiro ou a direção