Alessandra Ferri é a Giselle definitiva, aquela por quem todas as outras bailarinas devem ser julgadas. Sua graça, elegância e carga dramática fazem dela uma bailarina ímpar nessa belíssima montagem do alla Scala de um dos mais belos ballets.
Ao que parece, Lynch só conseguia fazer bons curtas na época em que não tinha muito dinheiro. Com exceção de Rabbits, não me recordo de nenhum bom curta que ele tenha feito desde The Grandmother (meu absoluto favorito!)
A versão mais popular d'O Quebra-Nozes é também uma das mais polêmicas.
Baryshnikov, então recém chegado da Rússia, encenou sua versão com o American Ballet Theatre e posteriormente fê-la para a TV (com sérias modificações) e ela acabou se tornando um clássico que é anualmente reprisado nos Estados Unidos.
Fora o fato de que este é um dos ballets de que menos gosto, essa versão, além de ter envelhecido mal, têm diversas camadas adicionadas por Baryshnikov que não estavam presentes no libretto original. Como se isso fosse pouco, todo o conceito de filmar um ballet num estúdio de TV me parece um sacrilégio.
De todas formas, Baryshnikov está grandioso como o Príncipe Quebra-Nozes e este especial oferece uma das raras oportunidades de se ver em video a grande Gelsey Kirkland interpretando Clara no auge de sua carreira.
Na realidade, este foi o segundo curta no qual Chaplin usou a caracterização de Carlitos, o primeiro foi Carlitos no Hotel (Mabel's Strange Predicament).
Baseado na biografia do virtuoso ex-bailarino chinês Li Cunxin, o filme retrata a trajetória de Li desde a infância até o estrelato mundial. Uma das melhores biografias feitas para o cinema, sem dúvida. O uso de flashbacks foi feito na proporção certa, deixando o roteiro fluir. Para os que gostam de ballet, é um filme imperdível.
Os irmãos Kuchar foram de grande influência para cineastas como John Waters. Nesse filme, apesar do 'sexploitation', George expõe o dilema e a neurose que a maioria de nós já sentiu, vez ou outra, na vida: de que nossos amigos e conhecidos estão sempre se divertindo ou transando - sempre - e que nossas vidas são chatas e vazias. Acho que esse tipo de assunto não poderia ser abordado de outra forma, em um mainstream longa, por exemplo. Então, acho um filme muito bem realizado que exemplifica os anos 60 do underground do cinema underground.
Eu gostaria muito de escrever uma resenha que estivesse à altura da grandiosidade desse filme, mas como as palavras me faltam e com medo de ser injusto com essa preciosidade, fico calado, apenas admirando em silêncio um dos melhores filmes iranianos que já vi.
É difícil analisar um filme lançado em duas partes, cujo final ainda não vi. De todas formas, vou tentar resumir aquilo que esta metade do filme me transmitiu. Mas não vou fazer uma resenha como a maioria faz, listando personagens e como a trama se desenrola porque acho isso clichê e me dá gastura ler esse tipo de resenha.
O argumento de Trier é simples: ninfomania. Ao menos é essa a intenção que o filme transparece. Caso esteja correto, o diretor não consegue sustentar o argumento nesta primeira parte. Os diálogos distoam da teoria.
Joe não é uma ninfomaníaca. Tudo começa com um jogo, uma brincadeira, e isso não forma a doença. Aos poucos, a brincadeira se torna hábito, o que, de novo, não caracteriza a condição. Joe tem, na verdade, um Complexo de Édipo do qual não conseguiu se libertar; tem desejos libidino-incestuosos pelo pai, e tenta calar essa pulsão proibida com encontros sexuais com múltiplos parceiros, todos aqueles que não sejam proibidos para ela. O sexo desenfreado funciona como cura para as dores de Joe, mas ela sabe (ao menos nesta metade) dosar esse comportamento, já que mesmo no descontrole existe um controle.
Não sei se acabei dessensibilizado pela quantidade de filmes que assisti e que mesclam uma linguagem "formal" com sexo explícito, mas as supostas cenas de sexo - rapidíssimas - não me chocaram no mais absoluto. Este filme não tem nada de "pornô", já que as curtas tomadas de sexo se agregam ao storytelling de uma forma muito honesta.
Não posso ser enfático o suficiente quanto ao meu desgosto em relação a filmes lançados em mais de uma parte. Acho um desrespeito com o público e uma forma barata de angariar bilheteria, principalmente quando o filme é uno.
Preciso assistir a segunda parte para ver o quadro completo, por enquanto vi apenas o fundo e algumas estruturas se formando.
"Perhaps the only difference between me and other people was that I've always demanded more from the sunset. More spectacular colours when the sun hit the horizon. That's, perhaps, my only sin."
Um dos filmes do Hitchcock com a mais bela fotografia. Os enquadramentos são ferozes e poéticos ao mesmo tempo. Apesar de pouco conhecido, é um dos melhores filmes do diretor e contém uma história repleta de analogias.
"Your father and I were the first in our families to graduate high school, and he wound up an award-winning poet.
You girls, just.. GIVEN a college education, taken for granted, no doubt. Where did you wind up? What do YOU do? What do YOU do? Who are YOU? Jesus, you worked as hard as us, you'd all be President."
A montagem do Nutcracker feita por Mikhail Shemiakin pode ser o que for, mas não passa despercebida por ninguém e se tornou uma forma única de encenar o ballet. Se destacam as cores utilizadas no vestuário e Leonid Sarafanov. De qualquer forma, as versões tradicionais, sejam com Baryshnikov ou Nureyev são superiores pois são mais fieis ao libretto original. Ainda assim, uma montagem bela.
LA Times afirma que integrantes da Academia votaram em 12 Anos sem assisti-lo:
"O jornal ainda diz que o motivo pelo qual o filme não teria sido visto era que os integrantes acharam que ele 'seria chato', mas 'devido à sua relevância social, se sentiram obrigados a votar no filme'. "
Eu cantei essa pedra de que 12 Anos ganhou Melhor Filme por causa do contexto racial e real no qual é baseado na mesma hora. Não precisa ser gênio pra ver isso.
Existe, ao que parece, uma constância que dita que quanto mais uma carreira se aproxima do fim, melhor a qualidade dos trabalhos. Para isso, obviamente existem exceções, mas no caso de Chaplin, ela parece se aplicar.
O que acontece quando um comediante decadente e bêbado encontra uma bailarina suicida? Uma grande catarse chapliniana!
Luzes da Ribalta, penúltimo filme estrelado por Chaplin, certamente não é seu melhor trabalho quando se analisa a proposta, mas a densidade colocada por ele no roteiro, e principalmente nos diálogos, faz dele uma obra prima. Certamente um de seus melhores filmes da fase em que não mais usava Carlitos como protagonista.
Apesar de em sua biografia Chaplin ter afirmado que o filme se baseia na vida de Frank Tierney, pode-se ver claramente a relação entre Calvero e o idoso Chaplin. Através de diálogos intensos e simbólicamente ricos, o comediante analisa sua própria condição de artista que vê sua carreira se acabando e sua popularidade indo embora. A fotografia contribui nesses momentos, pois sempre que Calvero fala como se sente em relação a algo refente ao público ou sua carreira, o faz de frente para a câmera, como se numa conversa com o público que o assiste. O desenvolvimento das personagens, apesar de seguir um parâmetro clichê, também é brilhante.
Calvero é Chaplin, mas Thereza é Chaplin também. O que se tem é um combate feroz entre duas personalidades que se unem e se polarizam ao mesmo tempo. Na bailarina traumatizada com medo do futuro e no comediante que já viu as luzes da ribalta brilharem e soletrarem seu nome, temos o mesmo homem, o mesmo Chaplin.
PS: o ballet do filme parece ter sido inspirado em Giselle, apesar do figurino e maquiagem que Thereza usam parecerem mais com Lago dos Cisnes.
Como curiosidade, e aumentando o caráter semi-autobiográfico da fita, as cenas dos espetáculos foram filmadas no mesmo teatro onde Chaplin viu sua mãe se apresentar pela última vez.
Uma dica pra quem for comentar sobre cinema é aprender a diferença que existe entre "argumento" e "roteiro".
Gravidade é, sem dúvida, o melhor e mais bem executado filme dentre os indicados. Confesso que quando li a sinopse achei que seria o filme que mais detestaria assistir (já que este ano eu assisti a todos os indicados ao Oscar pra poder ter uma noção melhor das coisas), mas acabei amando. Foi o filme que mais me prendeu e que mais mexeu comigo. Foram 90 minutos de atenção completa no filme, e isso não acontece comigo normalmente.
Acho que o fato do filme ser relativamente curto, especialmente comparado com as 3 horas do previsível Lobo de Wall Street, é um ponto positivo. Um filme conciso e preciso, que ao mesmo tempo nos faz perder a noção do tempo.
Mereceu todos os prêmios que conseguiu e ainda merecia Melhor Atriz, pois Sandra segura o filme absolutamente sozinha por uma hora.
Fabuloso documentário que mostra como ativistas conseguiram, no início da epidemia, transformar o diagnóstico do HIV/AIDS de uma sentença de morte para uma possibilidade de vida longa com um tratamento adequado.
Esse filme me deixou muito esperançoso em relação aos problemas que enfrentamos na sociedade atual. Me deu uma sensação de "se eles podem, eu também posso",
Um filme extremamente desonesto. Mas não se pode esperar que um filme produzido pela Disney sobre acontecimentos que se passaram na Disney seja fiel aos fatos, né?
Obviamente temos um Walt Disney carismático, charmoso, bonzinho, levando Travers para o parque, quando na verdade, isso não aconteceu e ele simplesmente saia do escritório quando ela chegava. Por outro lado, temos uma Travers demoníaca, se opondo a tudo, mas as coisas não foram bem assim. Ela era uma pessoa difícil e estava defendendo sua propriedade intelectual, mas nos audios que existem disponíveis para o público, ela, de nenhuma maneira, se mostra tão defensiva quanto no filme. Mas como falei, óbvio que o filme santifica o salafrário do Disney e vilaniza a escritora.
Me preocupa ver que a grande maioria dos comentários reflete apenas opiniões sobre as atuações e o filme como obra, mas não se deve esquecer a realidade na qual o filme é baseado: a história real de Ron Woodroof, que durante o pico da epidemia de HIV/AIDS se viu desenganado pelos médicos. É um filme sobre o início da mudança na visão do vírus que se popularizou e trouxe mais discriminação ainda para a comunidade gay. Apesar disso tudo, Woodroof não foi um herói, ele lutou apenas por si e faturou muito dinheiro às custas de pessoas desesperadas por uma ajuda, qualquer ajuda.
Talvez eu esteja perdendo afinidade com o cinema americano, e talvez por isso tenha sido tão penoso assistir aos filmes indicados nas principais categorias. Tudo me parece previsível demais. O Lobo de Wall Street, por exemplo, segue uma esteriotipada fórmula de ser feito em 3 atos: ascensão, topo e declínio. A partir dos primeiros minutos do filme, o espectador já consegue ter a clara ideia de tudo que vai acontecer durante os 180 minutos da fita. É uma tipicidade de argumento e roteiro que está ultrapassada, e o pior de tudo é que essa previsibilidade roteirística pode ser percebida também por quem assiste os filmes sem muita atenção. Talvez a falta de atenção seja a mãe dos blockbusters...
Por ser uma comédia, é um filme que cumpre sua premissa básica: entreter o espectador. Sendo assim, não há muito o que dizer da execução do material, além da previsibilidade e da pobreza criativa.
Leonardo DiCaprio fez filmes muito melhores e mais dignos de um Oscar no início da carreira, como "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador", de 1994, pelo qual DiCaprio foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante; e "Diário de um Adolescente", de 1995. DiCaprio não parece estar tendo sorte na escolha dos personagens da fase adulta de sua carreira, e não acredito que Jordan Belfort seja uma atuação merecedora de uma estatueta, apesar dele ser um forte candidato (devido às performances mornas dos outros concorrentes na mesma categoria).
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista Agora- Au revoir, mon père.
- Au revoir, les enfants.
[Nó na garganta]
Giselle
4.7 1Alessandra Ferri é a Giselle definitiva, aquela por quem todas as outras bailarinas devem ser julgadas. Sua graça, elegância e carga dramática fazem dela uma bailarina ímpar nessa belíssima montagem do alla Scala de um dos mais belos ballets.
Ballerina
3.1 6Ao que parece, Lynch só conseguia fazer bons curtas na época em que não tinha muito dinheiro. Com exceção de Rabbits, não me recordo de nenhum bom curta que ele tenha feito desde The Grandmother (meu absoluto favorito!)
The Nutcracker
3.8 1A versão mais popular d'O Quebra-Nozes é também uma das mais polêmicas.
Baryshnikov, então recém chegado da Rússia, encenou sua versão com o American Ballet Theatre e posteriormente fê-la para a TV (com sérias modificações) e ela acabou se tornando um clássico que é anualmente reprisado nos Estados Unidos.
Fora o fato de que este é um dos ballets de que menos gosto, essa versão, além de ter envelhecido mal, têm diversas camadas adicionadas por Baryshnikov que não estavam presentes no libretto original. Como se isso fosse pouco, todo o conceito de filmar um ballet num estúdio de TV me parece um sacrilégio.
De todas formas, Baryshnikov está grandioso como o Príncipe Quebra-Nozes e este especial oferece uma das raras oportunidades de se ver em video a grande Gelsey Kirkland interpretando Clara no auge de sua carreira.
Luzes Apagadas
3.8 287É sério que alguém sentiu medo com isso? Vocês têm 5 anos de idade?
O Sonho de um Homem Ridículo
4.5 140Incrivelmente artístico. Me senti vendo uma pintura impressionista em forma de animação. Fabuloso! Uma dos curtas de maior beleza que existem.
Corrida de Automóveis para Meninos
3.6 44Na realidade, este foi o segundo curta no qual Chaplin usou a caracterização de Carlitos, o primeiro foi Carlitos no Hotel (Mabel's Strange Predicament).
O Último Dançarino de Mao
4.1 235Baseado na biografia do virtuoso ex-bailarino chinês Li Cunxin, o filme retrata a trajetória de Li desde a infância até o estrelato mundial. Uma das melhores biografias feitas para o cinema, sem dúvida. O uso de flashbacks foi feito na proporção certa, deixando o roteiro fluir. Para os que gostam de ballet, é um filme imperdível.
Hold Me While I'm Naked
2.9 16Os irmãos Kuchar foram de grande influência para cineastas como John Waters. Nesse filme, apesar do 'sexploitation', George expõe o dilema e a neurose que a maioria de nós já sentiu, vez ou outra, na vida: de que nossos amigos e conhecidos estão sempre se divertindo ou transando - sempre - e que nossas vidas são chatas e vazias. Acho que esse tipo de assunto não poderia ser abordado de outra forma, em um mainstream longa, por exemplo. Então, acho um filme muito bem realizado que exemplifica os anos 60 do underground do cinema underground.
A Separação
4.2 726Eu gostaria muito de escrever uma resenha que estivesse à altura da grandiosidade desse filme, mas como as palavras me faltam e com medo de ser injusto com essa preciosidade, fico calado, apenas admirando em silêncio um dos melhores filmes iranianos que já vi.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6KO direito soberano que toda mulher tem sobre seu corpo.
Talvez tenha sido essa a mensagem que Trier tenha querido passar depois de dar tantas voltas e patinar para manter o roteiro fiel ao argumento.
- But you fucked thousands of men...
[BANG!]
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7KÉ difícil analisar um filme lançado em duas partes, cujo final ainda não vi. De todas formas, vou tentar resumir aquilo que esta metade do filme me transmitiu. Mas não vou fazer uma resenha como a maioria faz, listando personagens e como a trama se desenrola porque acho isso clichê e me dá gastura ler esse tipo de resenha.
O argumento de Trier é simples: ninfomania. Ao menos é essa a intenção que o filme transparece. Caso esteja correto, o diretor não consegue sustentar o argumento nesta primeira parte. Os diálogos distoam da teoria.
Joe não é uma ninfomaníaca. Tudo começa com um jogo, uma brincadeira, e isso não forma a doença. Aos poucos, a brincadeira se torna hábito, o que, de novo, não caracteriza a condição. Joe tem, na verdade, um Complexo de Édipo do qual não conseguiu se libertar; tem desejos libidino-incestuosos pelo pai, e tenta calar essa pulsão proibida com encontros sexuais com múltiplos parceiros, todos aqueles que não sejam proibidos para ela. O sexo desenfreado funciona como cura para as dores de Joe, mas ela sabe (ao menos nesta metade) dosar esse comportamento, já que mesmo no descontrole existe um controle.
Não sei se acabei dessensibilizado pela quantidade de filmes que assisti e que mesclam uma linguagem "formal" com sexo explícito, mas as supostas cenas de sexo - rapidíssimas - não me chocaram no mais absoluto. Este filme não tem nada de "pornô", já que as curtas tomadas de sexo se agregam ao storytelling de uma forma muito honesta.
Não posso ser enfático o suficiente quanto ao meu desgosto em relação a filmes lançados em mais de uma parte. Acho um desrespeito com o público e uma forma barata de angariar bilheteria, principalmente quando o filme é uno.
Preciso assistir a segunda parte para ver o quadro completo, por enquanto vi apenas o fundo e algumas estruturas se formando.
"Perhaps the only difference between me and other people was that I've always demanded more from the sunset. More spectacular colours when the sun hit the horizon. That's, perhaps, my only sin."
Tampopo: Os Brutos Também Comem Spaghetti
4.0 67A jornada de uma viúva para salvar seu restaurante de ramen nunca foi tão deliciosa.
A Tortura do Silêncio
3.9 142Um dos filmes do Hitchcock com a mais bela fotografia. Os enquadramentos são ferozes e poéticos ao mesmo tempo. Apesar de pouco conhecido, é um dos melhores filmes do diretor e contém uma história repleta de analogias.
Álbum de Família
3.9 1,4K"Your father and I were the first in our families to graduate high school, and he wound up an award-winning poet.
You girls, just.. GIVEN a college education, taken for granted, no doubt. Where did you wind up? What do YOU do? What do YOU do? Who are YOU? Jesus, you worked as hard as us, you'd all be President."
The Nutcracker (Mariinsky Ballet)
4.1 1A montagem do Nutcracker feita por Mikhail Shemiakin pode ser o que for, mas não passa despercebida por ninguém e se tornou uma forma única de encenar o ballet. Se destacam as cores utilizadas no vestuário e Leonid Sarafanov. De qualquer forma, as versões tradicionais, sejam com Baryshnikov ou Nureyev são superiores pois são mais fieis ao libretto original. Ainda assim, uma montagem bela.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KLA Times afirma que integrantes da Academia votaram em 12 Anos sem assisti-lo:
"O jornal ainda diz que o motivo pelo qual o filme não teria sido visto era que os integrantes acharam que ele 'seria chato', mas 'devido à sua relevância social, se sentiram obrigados a votar no filme'. "
Eu cantei essa pedra de que 12 Anos ganhou Melhor Filme por causa do contexto racial e real no qual é baseado na mesma hora. Não precisa ser gênio pra ver isso.
Luzes da Ribalta
4.5 281Existe, ao que parece, uma constância que dita que quanto mais uma carreira se aproxima do fim, melhor a qualidade dos trabalhos. Para isso, obviamente existem exceções, mas no caso de Chaplin, ela parece se aplicar.
O que acontece quando um comediante decadente e bêbado encontra uma bailarina suicida? Uma grande catarse chapliniana!
Luzes da Ribalta, penúltimo filme estrelado por Chaplin, certamente não é seu melhor trabalho quando se analisa a proposta, mas a densidade colocada por ele no roteiro, e principalmente nos diálogos, faz dele uma obra prima. Certamente um de seus melhores filmes da fase em que não mais usava Carlitos como protagonista.
Apesar de em sua biografia Chaplin ter afirmado que o filme se baseia na vida de Frank Tierney, pode-se ver claramente a relação entre Calvero e o idoso Chaplin. Através de diálogos intensos e simbólicamente ricos, o comediante analisa sua própria condição de artista que vê sua carreira se acabando e sua popularidade indo embora. A fotografia contribui nesses momentos, pois sempre que Calvero fala como se sente em relação a algo refente ao público ou sua carreira, o faz de frente para a câmera, como se numa conversa com o público que o assiste. O desenvolvimento das personagens, apesar de seguir um parâmetro clichê, também é brilhante.
Calvero é Chaplin, mas Thereza é Chaplin também. O que se tem é um combate feroz entre duas personalidades que se unem e se polarizam ao mesmo tempo. Na bailarina traumatizada com medo do futuro e no comediante que já viu as luzes da ribalta brilharem e soletrarem seu nome, temos o mesmo homem, o mesmo Chaplin.
PS: o ballet do filme parece ter sido inspirado em Giselle, apesar do figurino e maquiagem que Thereza usam parecerem mais com Lago dos Cisnes.
Como curiosidade, e aumentando o caráter semi-autobiográfico da fita, as cenas dos espetáculos foram filmadas no mesmo teatro onde Chaplin viu sua mãe se apresentar pela última vez.
Umberto D.
4.4 125De Sica tem o dom de me destruir.
Gravidade
3.9 5,1KUma dica pra quem for comentar sobre cinema é aprender a diferença que existe entre "argumento" e "roteiro".
Gravidade é, sem dúvida, o melhor e mais bem executado filme dentre os indicados. Confesso que quando li a sinopse achei que seria o filme que mais detestaria assistir (já que este ano eu assisti a todos os indicados ao Oscar pra poder ter uma noção melhor das coisas), mas acabei amando. Foi o filme que mais me prendeu e que mais mexeu comigo. Foram 90 minutos de atenção completa no filme, e isso não acontece comigo normalmente.
Acho que o fato do filme ser relativamente curto, especialmente comparado com as 3 horas do previsível Lobo de Wall Street, é um ponto positivo. Um filme conciso e preciso, que ao mesmo tempo nos faz perder a noção do tempo.
Mereceu todos os prêmios que conseguiu e ainda merecia Melhor Atriz, pois Sandra segura o filme absolutamente sozinha por uma hora.
Como Sobreviver a uma Praga
4.2 22Fabuloso documentário que mostra como ativistas conseguiram, no início da epidemia, transformar o diagnóstico do HIV/AIDS de uma sentença de morte para uma possibilidade de vida longa com um tratamento adequado.
Esse filme me deixou muito esperançoso em relação aos problemas que enfrentamos na sociedade atual. Me deu uma sensação de "se eles podem, eu também posso",
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580Um filme extremamente desonesto. Mas não se pode esperar que um filme produzido pela Disney sobre acontecimentos que se passaram na Disney seja fiel aos fatos, né?
Obviamente temos um Walt Disney carismático, charmoso, bonzinho, levando Travers para o parque, quando na verdade, isso não aconteceu e ele simplesmente saia do escritório quando ela chegava. Por outro lado, temos uma Travers demoníaca, se opondo a tudo, mas as coisas não foram bem assim. Ela era uma pessoa difícil e estava defendendo sua propriedade intelectual, mas nos audios que existem disponíveis para o público, ela, de nenhuma maneira, se mostra tão defensiva quanto no filme. Mas como falei, óbvio que o filme santifica o salafrário do Disney e vilaniza a escritora.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8KMe preocupa ver que a grande maioria dos comentários reflete apenas opiniões sobre as atuações e o filme como obra, mas não se deve esquecer a realidade na qual o filme é baseado: a história real de Ron Woodroof, que durante o pico da epidemia de HIV/AIDS se viu desenganado pelos médicos. É um filme sobre o início da mudança na visão do vírus que se popularizou e trouxe mais discriminação ainda para a comunidade gay. Apesar disso tudo, Woodroof não foi um herói, ele lutou apenas por si e faturou muito dinheiro às custas de pessoas desesperadas por uma ajuda, qualquer ajuda.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4KTalvez eu esteja perdendo afinidade com o cinema americano, e talvez por isso tenha sido tão penoso assistir aos filmes indicados nas principais categorias. Tudo me parece previsível demais. O Lobo de Wall Street, por exemplo, segue uma esteriotipada fórmula de ser feito em 3 atos: ascensão, topo e declínio. A partir dos primeiros minutos do filme, o espectador já consegue ter a clara ideia de tudo que vai acontecer durante os 180 minutos da fita. É uma tipicidade de argumento e roteiro que está ultrapassada, e o pior de tudo é que essa previsibilidade roteirística pode ser percebida também por quem assiste os filmes sem muita atenção. Talvez a falta de atenção seja a mãe dos blockbusters...
Por ser uma comédia, é um filme que cumpre sua premissa básica: entreter o espectador. Sendo assim, não há muito o que dizer da execução do material, além da previsibilidade e da pobreza criativa.
Leonardo DiCaprio fez filmes muito melhores e mais dignos de um Oscar no início da carreira, como "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador", de 1994, pelo qual DiCaprio foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante; e "Diário de um Adolescente", de 1995. DiCaprio não parece estar tendo sorte na escolha dos personagens da fase adulta de sua carreira, e não acredito que Jordan Belfort seja uma atuação merecedora de uma estatueta, apesar dele ser um forte candidato (devido às performances mornas dos outros concorrentes na mesma categoria).