O conceito e ambientação de lost media de um talk show dos anos 70 são maravilhosos, e ele consegue sustentar isso muito bem, até chegar no clímax, que é bem menos potente do que poderia ser, dada a excelente construção do filme. Dito isso, um filme bem consistente e gostoso de assistir, muito por conta do David Dastmalchian (que, depois de tanto ser coadjuvante, finalmente ganhou um papel de protagonista à sua altura).
Faz bem tudo o que uma prequel precisa fazer: respeita o original, ao mesmo tempo que não tenta ser uma "cópia barata" e tem espaço pra um pouco de autoralidade (aqui em especial, temos a mão feminina como um dos aspectos interessantes do filme). Destaque pra Neil Tiger Free, que está muito bem como a protagonista.
De negativo, acredito que algumas situações do 2° ato não tem as suas "consequências" devidamente exploradas e tem toda uma "questão" do 3° ato que claramente é muito mais uma decisão mercadológica do que artística, o que acaba tirando muito da força que o final do filme poderia ter.
Sabia que esse seria louco, mas ele é no mínimo umas 5x mais pirado do que do que eu imaginava...
Tetsuo é um filme independente de baixo orçamento dos anos 80, feito por um cineasta que podemos definir como um exército de um homem só (pois, além de dirigir, ele atuou, produziu, escreveu, editou, fotografou, etc...), que teve a inteligente decisão de mascarar suas limitações orçamentárias ao usar recursos cinematográficos que dão a impressão de que, na verdade, ele é um filme dos anos 50/60 dos mais bem feitos.
A vibe meio Lynch, meio Cronenberg é inegável e as comparações são inevitáveis, mas o verdadeiro charme do filme está na estética e loucura tipicamente japonesas, somadas com um ritmo bem direto, o uso inteligentíssimo de efeitos práticos e do stop motion em algumas cenas, a trilha sonora industrial, os visuais metade-cyberpunk metade-horror altamente estilosos, junto com sua história bem simples organizada de um jeito loucamente bagunçado, que combina perfeitamente com o caos que esse filme é.
Fui assistir achando que seria um filme meio que "isolado" na franquia e, pra minha surpresa, ele é bem conectado com o original de 1954 e com outros filmes dos anos 90, e serve bem como uma "conclusão" desses filmes (mas não é nada proibitivo, dá pro espectador preencher certas lacunas mesmo sem ter assistido esses outros, mas é claro que se perde um pouco da experiência).
O filme tem um desenvolvimento muito bem ritmado, um bom clímax emocional e o oponente da vez realmente convence como uma ameaça. Claro, tem algumas limitações técnicas (que, na real, até divertem) e o elenco humano da vez não é excepcional, mas também passa longe de ser comprometedor.
Dito tudo isso, Godzilla vs Destroyer não é Godzilla no seu nível máximo de qualidade (que é, na minha experiência, o original e o Minus One), mas é Godzilla com outros monstros em bom nível!
Apesar de breguíssimo desde a primeira cena, ao menos reconheço que o filme se esforça um pouquinho durante a primeira metade, mas quando começa a segunda... a sacanagem é 100% institucionalizada. Ainda bem que Dennis Villeneuve existe e fez uma verdadeira adaptação da obra original!!
Apesar dos pesares, não culpo o David Lynch nem um pouco, pois sei que ele não teve muita liberdade criativa (tanto que odeia o filme com todas as forças e não quis fazer uma versão de diretor posteriormente) e que a maioria das decisões questionáveis aqui partiram de executivos.
Sem dúvidas, o filme mais desafiador dessa temporada de premiações.
Basicamente, Zona de Interesse é como se fosse um "reality show" (o mais cru possível) de uma família nazista que mora ao lado de um campo de concentração. Então, às vezes ouvimos coisas horríveis enquanto a família segue sua rotina tranquila. Sendo assim, o trabalho de som é o maior destaque do filme (que é altamente cadenciado, sem hiperestimulos e deixa as maiores questões pra imaginação do espectador), tanto nos sons do ambiente quanto na trilha sonora, que passa a maior parte do tempo escondida, mas quando se mostra... não passa despercebida de forma alguma.
Um dos filmes mais maduros e, certamente, o trabalho mais pessoal de Hayao Miyazaki. Ao mesmo tempo, está entre os seus menos pulsantes e encantadores, o que não é nenhum demérito, dado o histórico extraordinário desse gênio da animação. Sendo assim, não o coloco na prateleria de obras-primas do Studio Ghibli (só que é aquele negócio, eu também não coloco Meu Amigo Totoro nessa, e acho que sou um dos poucos, então não tenho lá essa moral toda...), mas certamente é um trabalho acima da média, que merece ser conferido na tela grande.
Através do Aranhaverso continua sendo, de longe, meu filme de animação favorito do ano passado (se bem que The First Slam Dunk tem um baita potencial, só esperando ficar disponível!), mas tenho que dizer que me sinto privilegiado por ter tido a oportunidade de ter visto um trabalho do mestre na tela do cinema da cidade em que nasci e cresci.
Um dos mais fracos dessa temporada de premiações. Levando em conta a quantidade de filme bom que saiu em 2023, consigo pensar em uns 9 filmes que poderiam ter entrado em "Melhor Filme" no lugar dele... Mas, apesar das duras palavras, não quero dizer que o filme é ruim, na verdade, a premissa do filme é muito boa e rende alguns momentos divertidissimos de humor ácido. O problema é que esses momentos, que são (ou deveram ser) a trama-base do filme, são diluidos no meio de uma trama familiar bem básica que ocupa a maior parte do tempo de tela, o que resulta num filme legalzinho, mas que claramente tinha potencial para ser ótimo. Em resumo, tirando desse contexto inicialmente citado, é um passatempo ok.
Quando as fotos dos bastidores de Garra de Ferro, em que o Zac Efron parecia uma espécie de He-Man, viralizaram e todo mundo fez gracinha, nunca imaginei que seria um filme que me faria chorar. Mas, bem, foi o que aconteceu.
O filme é o retrato da história de uma família de atletas tão trágica que você chega a duvidar da sua total veracidade, mas, ao pesquisar, se surpreende com o fato de que a história foi ainda pior na realidade. Felizmente, o filme tem consciência disso e não busca sugar até a última gota de tristeza de forma melodramática (pelo contrário, diria até que tem uma abordagem "crua"), mesmo que, para isso, tenham tomado a decisão criativamente coerente, mas eticamente problemática, de "cortar" um dos irmãos.
Se tem algo que poderia prejudicar a experiência é que nem sempre o filme lida bem com seus saltos temporais e não se aprofunda tanto nas particularidades de cada um dos irmãos, mas como o filme optou por focar no drama familiar de forma coletiva ao invés da jornada esportiva deles, o problema acaba sendo bem minimizado.
Infelizmente, por questões de timing, distribuição e de campanha, o filme recebeu bem menos atenção do que poderia (já que temos um ator principal com certo nível de popularidade em um papel que sai da sua zona de conforto, além do protagonista de The Bear interpretando um dos irmãos), o que o levou a passar em branco na temporada de premiações, o que é uma pena, pois acredito forte que o Zac Efron merecia estar entre os indicados a melhor ator principal.
Muito satisfatório ver essa delicinha de filme sendo indicada a Melhor Animação no Oscar, visto que tinham alguns filmes de grandes estúdios hollywoodianos que poderiam ter pego a vaga apenas por serem de grandes estúdios hollywoodianos.
Acho que tem certas redundâncias no 2º ato (que talvez sejam fruto da escolha artística de fazer a história sem diálogos), mas nada demais, e o final faz a gente esquecer isso fácil fácil. Baita escolha pra um domingo pós-almoço!
Red Rooms é um filme canadense (em língua francesa) de lenta combustão, difícil de se colocar numa caixinha, que me apareceu do nada e se tornou um dos meus favoritos de 2023.
A primeira cena (um plano-sequência num tribunal) já expõe o potencial dramático do filme, que segue por um ritmo cadenciado (mas nunca desinteressante), até se soltar de suas amarras após a hora inicial e demonstrar uma qualidade atmosférica de fazer inveja a muitos filmes de terror, mesmo nos seus momentos mais banais. Mérito compartilhado pela direção e trilha sonora, que se alinham perfeitamente para potencilizar a atuação cabulosa da atriz principal, resultando num conjunto hipnotizante.
Por ter sido lançado num ano com muitos lançamentos de peso, o filme acabou não recebendo a atenção merecida, mas definitivamente não pode passar em branco. Assistam!!
Legal que o Jacob Elordi não parece tanto assim com o Elvis (no fim das contas, acho que nem era uma grande preocupação do filme), mas executou bem o papel porque soube pegar os trejeitos dele. Mas o destaque mesmo vai pra protagonista, interpretada pela Cailee Spaeny, que se saiu muito bem interpretando a mesma personagem sendo uma adolescente (convenceu muito mesmo tendo 25 anos) e uma mulher adulta. Se me dissessem que são duas atrizes parecidas, mas diferentes, eu acreditaria.
Uma pena que exploraram muito pouco a "segunda fase" da personagem, pois o final veio de uma forma um tanto quanto abrupta, me causando a sensação de que o filme não alcançou todo o seu potencial dramático.
Como é que pode um país soltar Monster e Godzilla Minus One no MESMO ANO?! PQP, 2023 foi absurdo pro cinema japonês, e eu ainda nem vi O Menino e a Garça, The First Slam Dunk, etc...
Sobre o filme, queria ter palavras pra ele e fazer um baita texto, mas simplesmente não tenho, talvez eu precise de mais tempo. De qualquer forma, mesmo se eu conseguisse expressar meus sentimentos com precisão, não sei se faria isso aqui, acho que o ideal é assistir sem saber nada, no máximo a sinopse (desperta a curiosidade e não é muito reveladora), então, fica aqui somente o apelo: assista esse filme, pelo amor de deus!!
Ainda tô longe de ver todos os filmes de 2023 que estão na minha watchlist, mas acho que fui agraciado com a sorte de começar 2024 com o meu favorito.
O primeiro ato é sofrido porque ele meio que é propositalmente ruim, mas o resto do filme garantiu boas surpresas e um entretenimento bacana (com algumas pitadas de ódio) na véspera de Natal
A maior surpresa cinematográfica do ano! Arrisco a dizer que finalmente conseguiram superar (ou, ao menos, se igualar) o Godzilla original de 1954, que é um filmaço.
Tem muito mais "coração" e qualidade técnica que vários blockbusters hollywoodianos na casa das centenas de milhões (incluindo todos esses filmes do Godzilla que saíram recentemente), mesmo tendo um orçamento 10x menor.
Ainda preciso ver um bocadinho de filmes que saíram esse ano (até porque a maioria só começou a ter lançamento digital agora), mas acho que esse aqui tem um lugar fixo no meu top 5 de 2023.
Feliz demais por ter visto no cinema, ainda mais no idioma original.
Não que eu trabalhe com isso ou tenha um público que me acompanhe, então isso não é bem uma grande coisa, mas poucas vezes me senti tão desqualificado para escrever sobre um filme. Talvez seja porque Assassinos da Lua das Flores é o tipo de filme que só poderia ter saído das mãos de um mestre no auge da sua sabedoria. Ele não é o meu favorito do ano, mas sem dúvidas é o trabalho que mais admiro.
Vou ter que começar falando da duração, pois aparentemente é o tema que tomou o centro das atenções (normalmente eu diria que é bobagem, mas ok, são 3h30m), e a real é que não senti o peso do tempo em momento algum, não questionei a presença de cena alguma, o que é um baita feito para um filme desse porte que não se propõe a ter "hiperestímulos". Na verdade, eu não reclamaria se tivesse umas cenas a mais, pois sinto que ele não esgotou todos os temas que aborda. Provavelmente vou comprar o livro por conta disso (sem dúvidas o maior feito do Scorsese!!!).
Outro destaque é a interessante escolha criativa de não focar na investigação do FBI (talvez pra não transformar a tragédia em mais "entretenimento" do que o necessário?), que, ao meu ver, seria naturalmente o caminho mais "fácil", tanto pros realizadores quanto pro público (eu mesmo não tô isento disso, queria ter visto mais do FBI). Mas, bem, um mestre não precisa usar o caminho fácil.
Todo mundo sabe o que esperar do DiCaprio e do De Niro, ainda mais estando os dois nas mãos do Scorsese, então falar deles é chover no molhado. Mas não posso deixar de falar da Lily Gladstone, que consegue ser gigante ao lado desses dois monstros da atuação, mesmo tendo um papel mais "passivo". Ela é o coração do filme, mesmo não sendo a protagonista, e merece o devido reconhecimento nas premiações.
Não sei se esse vai ser o último filme do Scorsese (espero muito que não, pois ele claramente tem mais a oferecer e já anunciou seus planos pro próximo), mas, considerando o que ele fez aqui e o toque especial que ele colocou na cena final, esse aqui seria um baita presente de despedida. Te amo, seu velho lindo.
Um filme de tribunal que não reinventa a roda, mas que se sai muito bem em tudo que se propõe. Não é um filme curto, se desenrola com calma e, mesmo assim, não deixa a peteca cair em momento algum. E afirmo, sem medo algum de errar, que esse aqui é um dos mais fortes do ano em termos de atuação, até o cachorro impressiona (tremenda injustiça não ter a categoria de "melhor ator animal" no Oscar).
Mesmo que não tenha sido o filme selecionado pela França para representar o país nas premiações (talvez por ter muitas partes faladas em inglês?), espero que ele tenha algum nível de reconhecimento, pois não merece passar em branco.
Definitivamente não é um filme ruim, maaaaas particularmente senti um grande desequilíbrio entre a forma (digna de todos os elogios possíveis) e o conteúdo (que é interessante, mas, considerando a abordagem adotada, claramente estendido além da conta, o que acaba esgotando os efeitos da "forma"). Muita vibe de curta-metragem que decidiram alongar pra transformar em longa.
Funcionou só parcialmente pra mim, mas consigo entender quem gostou muito.
Infelizmente eu li algumas reviews antes de assistir o filme que me deixaram com expectativas altas e injustas demais (pô, dizer que ele faz Speak No Evil parecer Patrulha Canina é sacanagem, hein). Maaaaas, apesar de eu não o colocar na pratelheira dos melhores filmes de terror dos últimos anos, ele não deixa de ser um filme de terror bacana e uma boa opção de entretenimento. E o fato dele ser um filme argentino deixa tudo mais legal e me causa uma certa inveja dos hermanos, pois seria legal ver umas coisas parecidas saindo por aqui.
Muitas obras japonesas do final dos anos 90 e início dos anos 2000 estavam calcadas nas dúvidas, medos e até mesmo paranoias que surgiam em meio ao advento da internet. Desse modo, Pulse (o original, japonês, de 2001) é a expressão, na forma do terror, de uma possível onda de solidão que poderia surgir por conta desse fenômeno.
A junção entre os elementos de terror (simples, mas efetivos) e um certo clima de melancolia é impecável, tornando muito difícil ficar indiferente ao que está na tela (e eu não estou falando de jumpscares, gore, bichos feios, nada do tipo) em diversos momentos.
O problema é que a escala e a condução dos personagens (em outras palavras, partes do roteiro) trabalham contra a experiência do filme, e até tornam ele mais arrastado do que deveria depois de um certo tempo. E isso me deixou bem triste porque eu senti potencial para uma obra-prima (ou, ao menos, um puta filme) aqui.
Mas, enfim, de qualquer forma, Pulse é um ótimo retrato dos anseios japoneses em sua época e, apesar de estar longe da perfeição, não deixa de ter uma abordagem interessantíssima do terror em momentos-chave.
Revendo (depois de uns 13 anos, com muitas cenas ainda na minha memória) no mês do Halloween, pra poder reconfirmar uma teoria e afirmar que: O primeiro Exterminador do Futuro é, sim, um filme slasher (mas sem armas brancas). E vou além: qualquer lista de "top 5 melhores slashers dos anos 80" que não tenha ele está automaticamente errada!
Não vou demorar pra ver o segundo filme (esse eu vi apenas alguns pedaços durante a infância), que dizem ser ainda melhor.
Bicho, imagina ter acesso à Ellen Burstyn, 50 anos depois do filme original, pra fazer essa palhaçada aqui...
Não vou entrar em detalhes, até porque nem vale a pena, mas não é nenhum exagero dizer que, conceitualmente, esse filme representa o que há de pior em Hollywood.
Entrevista com o Demônio
3.5 298O conceito e ambientação de lost media de um talk show dos anos 70 são maravilhosos, e ele consegue sustentar isso muito bem, até chegar no clímax, que é bem menos potente do que poderia ser, dada a excelente construção do filme. Dito isso, um filme bem consistente e gostoso de assistir, muito por conta do David Dastmalchian (que, depois de tanto ser coadjuvante, finalmente ganhou um papel de protagonista à sua altura).
A Primeira Profecia
3.5 86Faz bem tudo o que uma prequel precisa fazer: respeita o original, ao mesmo tempo que não tenta ser uma "cópia barata" e tem espaço pra um pouco de autoralidade (aqui em especial, temos a mão feminina como um dos aspectos interessantes do filme). Destaque pra Neil Tiger Free, que está muito bem como a protagonista.
De negativo, acredito que algumas situações do 2° ato não tem as suas "consequências" devidamente exploradas e tem toda uma "questão" do 3° ato que claramente é muito mais uma decisão mercadológica do que artística, o que acaba tirando muito da força que o final do filme poderia ter.
Tetsuo, o Homem de Ferro
3.7 135Sabia que esse seria louco, mas ele é no mínimo umas 5x mais pirado do que do que eu imaginava...
Tetsuo é um filme independente de baixo orçamento dos anos 80, feito por um cineasta que podemos definir como um exército de um homem só (pois, além de dirigir, ele atuou, produziu, escreveu, editou, fotografou, etc...), que teve a inteligente decisão de mascarar suas limitações orçamentárias ao usar recursos cinematográficos que dão a impressão de que, na verdade, ele é um filme dos anos 50/60 dos mais bem feitos.
A vibe meio Lynch, meio Cronenberg é inegável e as comparações são inevitáveis, mas o verdadeiro charme do filme está na estética e loucura tipicamente japonesas, somadas com um ritmo bem direto, o uso inteligentíssimo de efeitos práticos e do stop motion em algumas cenas, a trilha sonora industrial, os visuais metade-cyberpunk metade-horror altamente estilosos, junto com sua história bem simples organizada de um jeito loucamente bagunçado, que combina perfeitamente com o caos que esse filme é.
Status de clássico merecidíssimo.
Godzilla vs. Destroyer
3.8 18Fui assistir achando que seria um filme meio que "isolado" na franquia e, pra minha surpresa, ele é bem conectado com o original de 1954 e com outros filmes dos anos 90, e serve bem como uma "conclusão" desses filmes (mas não é nada proibitivo, dá pro espectador preencher certas lacunas mesmo sem ter assistido esses outros, mas é claro que se perde um pouco da experiência).
O filme tem um desenvolvimento muito bem ritmado, um bom clímax emocional e o oponente da vez realmente convence como uma ameaça. Claro, tem algumas limitações técnicas (que, na real, até divertem) e o elenco humano da vez não é excepcional, mas também passa longe de ser comprometedor.
Dito tudo isso, Godzilla vs Destroyer não é Godzilla no seu nível máximo de qualidade (que é, na minha experiência, o original e o Minus One), mas é Godzilla com outros monstros em bom nível!
Duna
2.9 412 Assista AgoraApesar de breguíssimo desde a primeira cena, ao menos reconheço que o filme se esforça um pouquinho durante a primeira metade, mas quando começa a segunda... a sacanagem é 100% institucionalizada.
Ainda bem que Dennis Villeneuve existe e fez uma verdadeira adaptação da obra original!!
Apesar dos pesares, não culpo o David Lynch nem um pouco, pois sei que ele não teve muita liberdade criativa (tanto que odeia o filme com todas as forças e não quis fazer uma versão de diretor posteriormente) e que a maioria das decisões questionáveis aqui partiram de executivos.
Zona de Interesse
3.6 589 Assista AgoraSem dúvidas, o filme mais desafiador dessa temporada de premiações.
Basicamente, Zona de Interesse é como se fosse um "reality show" (o mais cru possível) de uma família nazista que mora ao lado de um campo de concentração. Então, às vezes ouvimos coisas horríveis enquanto a família segue sua rotina tranquila. Sendo assim, o trabalho de som é o maior destaque do filme (que é altamente cadenciado, sem hiperestimulos e deixa as maiores questões pra imaginação do espectador), tanto nos sons do ambiente quanto na trilha sonora, que passa a maior parte do tempo escondida, mas quando se mostra... não passa despercebida de forma alguma.
Boa ou ruim, certamente é uma experiência.
O Menino e a Garça
4.0 216Um dos filmes mais maduros e, certamente, o trabalho mais pessoal de Hayao Miyazaki. Ao mesmo tempo, está entre os seus menos pulsantes e encantadores, o que não é nenhum demérito, dado o histórico extraordinário desse gênio da animação. Sendo assim, não o coloco na prateleria de obras-primas do Studio Ghibli (só que é aquele negócio, eu também não coloco Meu Amigo Totoro nessa, e acho que sou um dos poucos, então não tenho lá essa moral toda...), mas certamente é um trabalho acima da média, que merece ser conferido na tela grande.
Através do Aranhaverso continua sendo, de longe, meu filme de animação favorito do ano passado (se bem que The First Slam Dunk tem um baita potencial, só esperando ficar disponível!), mas tenho que dizer que me sinto privilegiado por ter tido a oportunidade de ter visto um trabalho do mestre na tela do cinema da cidade em que nasci e cresci.
Ficção Americana
3.8 370 Assista AgoraUm dos mais fracos dessa temporada de premiações. Levando em conta a quantidade de filme bom que saiu em 2023, consigo pensar em uns 9 filmes que poderiam ter entrado em "Melhor Filme" no lugar dele... Mas, apesar das duras palavras, não quero dizer que o filme é ruim, na verdade, a premissa do filme é muito boa e rende alguns momentos divertidissimos de humor ácido. O problema é que esses momentos, que são (ou deveram ser) a trama-base do filme, são diluidos no meio de uma trama familiar bem básica que ocupa a maior parte do tempo de tela, o que resulta num filme legalzinho, mas que claramente tinha potencial para ser ótimo. Em resumo, tirando desse contexto inicialmente citado, é um passatempo ok.
Garra de Ferro
3.9 110Quando as fotos dos bastidores de Garra de Ferro, em que o Zac Efron parecia uma espécie de He-Man, viralizaram e todo mundo fez gracinha, nunca imaginei que seria um filme que me faria chorar. Mas, bem, foi o que aconteceu.
O filme é o retrato da história de uma família de atletas tão trágica que você chega a duvidar da sua total veracidade, mas, ao pesquisar, se surpreende com o fato de que a história foi ainda pior na realidade. Felizmente, o filme tem consciência disso e não busca sugar até a última gota de tristeza de forma melodramática (pelo contrário, diria até que tem uma abordagem "crua"), mesmo que, para isso, tenham tomado a decisão criativamente coerente, mas eticamente problemática, de "cortar" um dos irmãos.
Se tem algo que poderia prejudicar a experiência é que nem sempre o filme lida bem com seus saltos temporais e não se aprofunda tanto nas particularidades de cada um dos irmãos, mas como o filme optou por focar no drama familiar de forma coletiva ao invés da jornada esportiva deles, o problema acaba sendo bem minimizado.
Infelizmente, por questões de timing, distribuição e de campanha, o filme recebeu bem menos atenção do que poderia (já que temos um ator principal com certo nível de popularidade em um papel que sai da sua zona de conforto, além do protagonista de The Bear interpretando um dos irmãos), o que o levou a passar em branco na temporada de premiações, o que é uma pena, pois acredito forte que o Zac Efron merecia estar entre os indicados a melhor ator principal.
Meu Amigo Robô
4.0 84Muito satisfatório ver essa delicinha de filme sendo indicada a Melhor Animação no Oscar, visto que tinham alguns filmes de grandes estúdios hollywoodianos que poderiam ter pego a vaga apenas por serem de grandes estúdios hollywoodianos.
Acho que tem certas redundâncias no 2º ato (que talvez sejam fruto da escolha artística de fazer a história sem diálogos), mas nada demais, e o final faz a gente esquecer isso fácil fácil. Baita escolha pra um domingo pós-almoço!
Red Rooms
3.7 40Red Rooms é um filme canadense (em língua francesa) de lenta combustão, difícil de se colocar numa caixinha, que me apareceu do nada e se tornou um dos meus favoritos de 2023.
A primeira cena (um plano-sequência num tribunal) já expõe o potencial dramático do filme, que segue por um ritmo cadenciado (mas nunca desinteressante), até se soltar de suas amarras após a hora inicial e demonstrar uma qualidade atmosférica de fazer inveja a muitos filmes de terror, mesmo nos seus momentos mais banais. Mérito compartilhado pela direção e trilha sonora, que se alinham perfeitamente para potencilizar a atuação cabulosa da atriz principal, resultando num conjunto hipnotizante.
Por ter sido lançado num ano com muitos lançamentos de peso, o filme acabou não recebendo a atenção merecida, mas definitivamente não pode passar em branco. Assistam!!
Priscilla
3.4 161 Assista AgoraLegal que o Jacob Elordi não parece tanto assim com o Elvis (no fim das contas, acho que nem era uma grande preocupação do filme), mas executou bem o papel porque soube pegar os trejeitos dele. Mas o destaque mesmo vai pra protagonista, interpretada pela Cailee Spaeny, que se saiu muito bem interpretando a mesma personagem sendo uma adolescente (convenceu muito mesmo tendo 25 anos) e uma mulher adulta. Se me dissessem que são duas atrizes parecidas, mas diferentes, eu acreditaria.
Uma pena que exploraram muito pouco a "segunda fase" da personagem, pois o final veio de uma forma um tanto quanto abrupta, me causando a sensação de que o filme não alcançou todo o seu potencial dramático.
Monstro
4.3 265 Assista AgoraComo é que pode um país soltar Monster e Godzilla Minus One no MESMO ANO?! PQP, 2023 foi absurdo pro cinema japonês, e eu ainda nem vi O Menino e a Garça, The First Slam Dunk, etc...
Sobre o filme, queria ter palavras pra ele e fazer um baita texto, mas simplesmente não tenho, talvez eu precise de mais tempo. De qualquer forma, mesmo se eu conseguisse expressar meus sentimentos com precisão, não sei se faria isso aqui, acho que o ideal é assistir sem saber nada, no máximo a sinopse (desperta a curiosidade e não é muito reveladora), então, fica aqui somente o apelo: assista esse filme, pelo amor de deus!!
Ainda tô longe de ver todos os filmes de 2023 que estão na minha watchlist, mas acho que fui agraciado com a sorte de começar 2024 com o meu favorito.
Perigo Próximo
3.4 484 Assista AgoraO primeiro ato é sofrido porque ele meio que é propositalmente ruim, mas o resto do filme garantiu boas surpresas e um entretenimento bacana (com algumas pitadas de ódio) na véspera de Natal
Renaissance: A Film by Beyoncé
4.7 67causa mortis: overdose após doses cavalares de poder feminino
Godzilla: Minus One
4.1 292A maior surpresa cinematográfica do ano! Arrisco a dizer que finalmente conseguiram superar (ou, ao menos, se igualar) o Godzilla original de 1954, que é um filmaço.
Tem muito mais "coração" e qualidade técnica que vários blockbusters hollywoodianos na casa das centenas de milhões (incluindo todos esses filmes do Godzilla que saíram recentemente), mesmo tendo um orçamento 10x menor.
Ainda preciso ver um bocadinho de filmes que saíram esse ano (até porque a maioria só começou a ter lançamento digital agora), mas acho que esse aqui tem um lugar fixo no meu top 5 de 2023.
Feliz demais por ter visto no cinema, ainda mais no idioma original.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 608 Assista AgoraNão que eu trabalhe com isso ou tenha um público que me acompanhe, então isso não é bem uma grande coisa, mas poucas vezes me senti tão desqualificado para escrever sobre um filme. Talvez seja porque Assassinos da Lua das Flores é o tipo de filme que só poderia ter saído das mãos de um mestre no auge da sua sabedoria. Ele não é o meu favorito do ano, mas sem dúvidas é o trabalho que mais admiro.
Vou ter que começar falando da duração, pois aparentemente é o tema que tomou o centro das atenções (normalmente eu diria que é bobagem, mas ok, são 3h30m), e a real é que não senti o peso do tempo em momento algum, não questionei a presença de cena alguma, o que é um baita feito para um filme desse porte que não se propõe a ter "hiperestímulos". Na verdade, eu não reclamaria se tivesse umas cenas a mais, pois sinto que ele não esgotou todos os temas que aborda. Provavelmente vou comprar o livro por conta disso (sem dúvidas o maior feito do Scorsese!!!).
Outro destaque é a interessante escolha criativa de não focar na investigação do FBI (talvez pra não transformar a tragédia em mais "entretenimento" do que o necessário?), que, ao meu ver, seria naturalmente o caminho mais "fácil", tanto pros realizadores quanto pro público (eu mesmo não tô isento disso, queria ter visto mais do FBI). Mas, bem, um mestre não precisa usar o caminho fácil.
Todo mundo sabe o que esperar do DiCaprio e do De Niro, ainda mais estando os dois nas mãos do Scorsese, então falar deles é chover no molhado. Mas não posso deixar de falar da Lily Gladstone, que consegue ser gigante ao lado desses dois monstros da atuação, mesmo tendo um papel mais "passivo". Ela é o coração do filme, mesmo não sendo a protagonista, e merece o devido reconhecimento nas premiações.
Não sei se esse vai ser o último filme do Scorsese (espero muito que não, pois ele claramente tem mais a oferecer e já anunciou seus planos pro próximo), mas, considerando o que ele fez aqui e o toque especial que ele colocou na cena final, esse aqui seria um baita presente de despedida. Te amo, seu velho lindo.
Anatomia de uma Queda
4.0 801 Assista AgoraUm filme de tribunal que não reinventa a roda, mas que se sai muito bem em tudo que se propõe. Não é um filme curto, se desenrola com calma e, mesmo assim, não deixa a peteca cair em momento algum. E afirmo, sem medo algum de errar, que esse aqui é um dos mais fortes do ano em termos de atuação, até o cachorro impressiona (tremenda injustiça não ter a categoria de "melhor ator animal" no Oscar).
Mesmo que não tenha sido o filme selecionado pela França para representar o país nas premiações (talvez por ter muitas partes faladas em inglês?), espero que ele tenha algum nível de reconhecimento, pois não merece passar em branco.
A Casa Lobo
4.1 47Definitivamente não é um filme ruim, maaaaas particularmente senti um grande desequilíbrio entre a forma (digna de todos os elogios possíveis) e o conteúdo (que é interessante, mas, considerando a abordagem adotada, claramente estendido além da conta, o que acaba esgotando os efeitos da "forma"). Muita vibe de curta-metragem que decidiram alongar pra transformar em longa.
Funcionou só parcialmente pra mim, mas consigo entender quem gostou muito.
Monty Python em Busca do Cálice Sagrado
4.2 740 Assista AgoraAchei A Vida de Brian bem melhor...
O Mal Que Nos Habita
3.6 534 Assista AgoraInfelizmente eu li algumas reviews antes de assistir o filme que me deixaram com expectativas altas e injustas demais (pô, dizer que ele faz Speak No Evil parecer Patrulha Canina é sacanagem, hein). Maaaaas, apesar de eu não o colocar na pratelheira dos melhores filmes de terror dos últimos anos, ele não deixa de ser um filme de terror bacana e uma boa opção de entretenimento. E o fato dele ser um filme argentino deixa tudo mais legal e me causa uma certa inveja dos hermanos, pois seria legal ver umas coisas parecidas saindo por aqui.
Kairo
3.4 165Muitas obras japonesas do final dos anos 90 e início dos anos 2000 estavam calcadas nas dúvidas, medos e até mesmo paranoias que surgiam em meio ao advento da internet. Desse modo, Pulse (o original, japonês, de 2001) é a expressão, na forma do terror, de uma possível onda de solidão que poderia surgir por conta desse fenômeno.
A junção entre os elementos de terror (simples, mas efetivos) e um certo clima de melancolia é impecável, tornando muito difícil ficar indiferente ao que está na tela (e eu não estou falando de jumpscares, gore, bichos feios, nada do tipo) em diversos momentos.
O problema é que a escala e a condução dos personagens (em outras palavras, partes do roteiro) trabalham contra a experiência do filme, e até tornam ele mais arrastado do que deveria depois de um certo tempo. E isso me deixou bem triste porque eu senti potencial para uma obra-prima (ou, ao menos, um puta filme) aqui.
Mas, enfim, de qualquer forma, Pulse é um ótimo retrato dos anseios japoneses em sua época e, apesar de estar longe da perfeição, não deixa de ter uma abordagem interessantíssima do terror em momentos-chave.
O Exterminador do Futuro
3.8 899 Assista AgoraRevendo (depois de uns 13 anos, com muitas cenas ainda na minha memória) no mês do Halloween, pra poder reconfirmar uma teoria e afirmar que: O primeiro Exterminador do Futuro é, sim, um filme slasher (mas sem armas brancas). E vou além: qualquer lista de "top 5 melhores slashers dos anos 80" que não tenha ele está automaticamente errada!
Não vou demorar pra ver o segundo filme (esse eu vi apenas alguns pedaços durante a infância), que dizem ser ainda melhor.
O Exorcista: O Devoto
2.1 397 Assista AgoraBicho, imagina ter acesso à Ellen Burstyn, 50 anos depois do filme original, pra fazer essa palhaçada aqui...
Não vou entrar em detalhes, até porque nem vale a pena, mas não é nenhum exagero dizer que, conceitualmente, esse filme representa o que há de pior em Hollywood.