Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É legal de assistir até com os diálogos dos realizadores por trás das imagens, a cena das crianças entrando no ônibus fez eu me imaginar de volta a escola e de como deve ter sido divertido para as crianças realizar este filme. A cena em que aparece todos bebendo água do mesmo copo fez meu corpo tremer de aflição, principalmente neste mundo pós covid. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas que seguem este estilo, a cena deles tentando filmar o trânsito em ordem e não conseguindo foi ótima também, que loucura aquilo.
É a pior primeira temporada de uma série da franquia Star Trek, mas que vai melhorando muito na reta final e deixa a gente bem ansioso para a segunda.
Aquele capitão Lorca ganhou meu total desrespeito e minha antipatia já em uma das primeiras cenas em que coloca em uma mesma frase o Zefram Cochrane com o Elon Musk, fiquei pensando "putaquepariu! A gente vai ter que aguentar fã do Elon Musk até em 2255?"
Quem foi a ideia de fazer esses klingons? Um tremendo tiro no pé, descaracterizou toda a franquia e se criou um elefante branco na sala que não sei se resolvem até o final da série. Me incomodou demais isso.
A pena de perpétua para a Burnham é forçar demais também.
De resto a série vai crescendo e vai te envolvendo, os personagens vão se tornando bem interessantes e a relação de Stamets com Culber é linda demais. Já estou na segunda temporada que posso dizer que está beeeeeeeem melhor.
Filme de começo de carreira de Rasoulof e obrigatório para quem curte o diretor. A região sul do Irã é a que mais sofre com o abandono e com a pobreza no país, muito triste, pois é uma das regiões mais belas do país também. Aqui vemos um micro mundo com características sociais próprias e à parte do país, pessoas que vivem afastadas pela condição de pobreza em que estão submetidas. Parece algo tirado das Mil e Uma Noites misturado com o cinema cheio de simbologia da cultura iraniana. Aqui vemos quase um estágio embrionário de um lado estilístico do diretor que ele viria a aprimorar para realizar seu maravilhoso Os Campos Brancos. Há toda uma delicadeza e toda uma brutalidade no filme. Um choque tão comum para quem conhece o país.
Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio Especial no Festival de Berlim. Que filmaço! Nelson Xavier com mó pinta de galã e mandando muito bem, e Átila Iório roubando as cenas como o grande herói do filme. Ruy Guerra conseguiu fazer uma obra prima aqui, infelizmente a captação do som nessa época no cinema nacional era muito ruim, mesmo tendo assistido a cópia restaurada ainda tem momentos ruins de entender o diálogo. Acho que o filme podia explorar muito mais coisas, mas devido as tensões da época em que foi lançado entendo a necessidade de ser curto e direto. Merece ser visto e revisto, assisti logo depois da morte de Paulo César Peréio, um dos grandes atores brasileiros e que aqui fazia sua estreia de maneira brilhante e muito competente e ainda de quebra tem uma das melhores cenas do filme. Peréio vive! Infelizmente a fome no sertão também. Até quando?
Vencedor da Câmera de Ouro no Festival de Cannes. Difícil escrever sobre este filme, é um filme que você tem que sentir mais do que entender. Cheio de percepções e uma excelente fotografia. A relação do personagem principal com o sobrinho foi o que mais me cativou, acho que o ritmo cai um pouco mais para o final. O começo é meio estranho e não entendi muito bem, já que os amigos estavam no local do acidente, comentam sobre o mesmo até fazendo de que nada aconteceu com a criança, mas depois ele é notificado sobre o acidente enquanto faz massagem (o tio não reconheceu o próprio sobrinho no local?). É um bom filme que merece ser contemplado por quem curte este tipo de filme meio road movie, meio contemplativo, meio que não vai para lugar nenhum e cheio de significados escondidos.
Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
Pelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Vencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
Assisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
Que filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
A verdade é que achei bem meia boca, tentei gostar, mas não rolou. Truffaut é um dos meus diretores preferidos e Godard é sempre um gigante, mas aqui a união dos dois não funcionou para mim. A verborragia incessante é chata, meio pedante, é um problema que tenho com algumas obras do Godard, ele parece ter momentos que quer se mostrar demais como um intelectual erudito com ideias geniais e que só funcionam na cabeça dele. É quando o diretor deixa essas coisas de lado e pisa na realidade mais acessíveis a nós, meros mortais, que ele funciona. As cenas são lindas, a parte técnica do filme é perfeita. Quando a verborragia cessa e os personagens finalmente vão conversar é meio vergonha alheia, um diálogo bobo. Só vale a pena para quem for fã mesmo. Talvez funcione melhor no mudo.
Odeio maratonas de séries, acho que perde completamente o sentido. Comecei a assistir Voyager em 2019 e terminei agora em Abril de 2024. Foram anos acompanhando os personagens como tem que ser. Foi emocionante e não esperava que fosse tão boa, melhor que DS9. Janeway é uma das melhores capitãs de toda a franquia, foram pouquíssimas vezes que discordei dela, coisa que acontecia com frequência com o Sisko, por exemplo. Essa última temporada teve episódios ótimos. O último episódio não decepciona, apesar de que a gente fica querendo muito mais quando acaba. Mas pensando acho que foi como tinha que ser. Tom Paris foi um personagem que torcia o nariz e que cresceu muito nas últimas temporadas.
Indicado a Palma de Ouro e vencedor de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Merve Dizdar que está muito bem no filme e tem os olhos exatamente iguais da minha companheira. É um filme maravilhoso, com várias camadas sobre a sociedade de um modo geral. Samet é mesquinho, egoísta, mas não é de todo sem coração: representa o produto padronizado da sociedade capitalista que o produziu. Kenan tem um coração mais puro e Nuray tenta se descobrir depois do trauma que passou. É complicado quando se tenta comparar o trabalho do diretor com o Sono de Inverno, que acho que talvez seja o melhor filme deste século, mas se deixarmos de lado as comparações o filme merece uma nota máxima. O final é lindo, faz a gente pensar em várias experiências de nossas próprias vidas, os erros e os acertos também. É o tipo de filme que eu gosto, fotografia linda, o pé na realidade e conceitos que colocam o seu cérebro para pensar em vários níveis diferentes sobre coisas diversas. Ece Bagci, que faz a aluna Sevim, também merece aplausos.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e mais outros 3 prêmios fora da competição principal. Que baita filme, o início do filme contemplativo já me ganhou na hora, o resto vai fluindo muito bem. Não entendo quem diz que nada acontece no filme, discordo completamente, há tanta coisa, tantas camadas de discussões. Vemos uma sociedade pós pandêmica e isto está bem incrustado no filme, fala sobre capitalismo, sobre a importância da vida em comunidade e tantas outras coisas. O final é muito "What Tha Fuck!" e confesso que fazia muito muito tempo que um filme não me tirava da zona de conforto assim. Dos filmes que assisti do diretor, o mais badalado Dirija Meu Carro, achei o mais fraco. Parte técnica do filme é impecável, mas ainda prefiro o Roda do Destino.
Há genialidade em praticamente tudo do Bergman, mas em alguns ele extrapola, este curta é das coisas mais lindas que ele fez, com uma mensagem tão grande e importante, de uma maneira tão sutil e delicada, e sempre vou achar que o diretor funciona muito melhor com a fotografia em preto e branco. O título da música de Monteverdi em italiano é "Il Ballo Delle Ingrate", que acaba dando o tom para a tradução do título do curta para o português que difere um pouco do original que foi mantido para o inglês "Baile das Mulheres Condenadas" que talvez faça mais sentido para o que Bergman queria dizer. Maravilhoso!
Fui assistir isso por indicação da Frances Cobain, que disse ser um dos filmes favoritos dela. Fui já preparado para a trasheira e o filme me divertiu muito mais do que eu esperava. É realmente muito bom porque não se leva a sério nem um minuto ao mesmo tempo que se mantém fingindo que se leva a sério. É tosco, mas é bom. Denise Richards está lindíssima e realmente convence quando chora abraçando o dinossauro. Hahahahahahahha, eu ri quase o filme inteiro, o cientista louco com a assistente sexy é dos clichês que não podiam faltar. Todo o clima dos anos 90 dá o toque final que precisava para esse filme existir, jamais funcionaria tão bem se fosse feito em qualquer outra época.
Ignorado por festivais, achei este filme mais legal do que o badalado "O Filme da Escritora" do mesmo ano feito pelo diretor e que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim. Parece que quanto menos badalado, melhor o Sang-soo funciona, pelo menos para mim. Esse filme é uma delícia de assistir: os pulos temporais, as relações se esfacelando, vícios e manias se alterando, ciclos que vão se iniciando e outros terminando. Incrível. Os diálogos extensos e corriqueiros dão o tom certo e funcionam melhor do que em vários dos seus outros filmes. Estava com medo de que a fórmula do diretor estivesse se desgastando, mas para mim, aqui ele prova o contrário. Um diretor que tenho tentado assistir mais filmes e não tenho me arrependido.
Vencedor de um prêmio fora das competições principais no Festival de Veneza. O filme me surpreendeu muito positivamente, achei lindo demais em tudo. Baya Medhaffar é uma baita atriz, tanto cantando quanto interpretando. Filme com uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi na vida, pena que a banda fictícia não gravou mais músicas para o soundtrack do filme. Tem pais que realmente não deveriam ter filhos porque não tem a mínima ideia do que estão fazendo, as atitudes da mãe me irritaram demais mesmo a personagem crescendo muito durante o passar da película. Em pensar que a Revolução de Jasmim alterou completamente a vida naquele país no ano seguinte e conseguiu manter depois, com o partido de esquerda, a garantia de estado laico em um país predominantemente muçulmano, que vem garantindo cada vez mais direitos para as mulheres. Tunísia é um exemplo para todo o mundo árabe. Amei!
O filme é tão intenso no que denunciava na época que foi censurado pela França só sendo lançado um par de anos depois. O filme é incrível, o personagem é grotesco em vários sentidos: egoísta, babaca, narcisista, chato (enfim, todas as qualidades básicas de um filiado de um partido de direita). Anna Karina está deslumbrante, cativa do momento que aparece ao último minuto em cena, fácil perder uma aposta em não se apaixonar. O último diálogo no apartamento dela entre os protagonistas é maravilhoso, mostra bem o que ambos defendem e de que lado estão (ele está do lado dele mesmo). O filme é intrincado, mas é genial.
Ordem e Desordem
3.6 2Outro curta feito para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. É legal de assistir até com os diálogos dos realizadores por trás das imagens, a cena das crianças entrando no ônibus fez eu me imaginar de volta a escola e de como deve ter sido divertido para as crianças realizar este filme. A cena em que aparece todos bebendo água do mesmo copo fez meu corpo tremer de aflição, principalmente neste mundo pós covid. Acaba sendo um pouco mais do mesmo que os outros curtas que seguem este estilo, a cena deles tentando filmar o trânsito em ordem e não conseguindo foi ótima também, que loucura aquilo.
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Star Trek: Discovery (1ª Temporada)
4.0 137 Assista AgoraÉ a pior primeira temporada de uma série da franquia Star Trek, mas que vai melhorando muito na reta final e deixa a gente bem ansioso para a segunda.
Aquele capitão Lorca ganhou meu total desrespeito e minha antipatia já em uma das primeiras cenas em que coloca em uma mesma frase o Zefram Cochrane com o Elon Musk, fiquei pensando "putaquepariu! A gente vai ter que aguentar fã do Elon Musk até em 2255?"
Quem foi a ideia de fazer esses klingons? Um tremendo tiro no pé, descaracterizou toda a franquia e se criou um elefante branco na sala que não sei se resolvem até o final da série. Me incomodou demais isso.
A pena de perpétua para a Burnham é forçar demais também.
De resto a série vai crescendo e vai te envolvendo, os personagens vão se tornando bem interessantes e a relação de Stamets com Culber é linda demais. Já estou na segunda temporada que posso dizer que está beeeeeeeem melhor.
Ilha de Ferro
3.8 7Filme de começo de carreira de Rasoulof e obrigatório para quem curte o diretor. A região sul do Irã é a que mais sofre com o abandono e com a pobreza no país, muito triste, pois é uma das regiões mais belas do país também. Aqui vemos um micro mundo com características sociais próprias e à parte do país, pessoas que vivem afastadas pela condição de pobreza em que estão submetidas. Parece algo tirado das Mil e Uma Noites misturado com o cinema cheio de simbologia da cultura iraniana. Aqui vemos quase um estágio embrionário de um lado estilístico do diretor que ele viria a aprimorar para realizar seu maravilhoso Os Campos Brancos. Há toda uma delicadeza e toda uma brutalidade no filme. Um choque tão comum para quem conhece o país.
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Os Fuzis
4.1 73Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do Prêmio Especial no Festival de Berlim. Que filmaço! Nelson Xavier com mó pinta de galã e mandando muito bem, e Átila Iório roubando as cenas como o grande herói do filme. Ruy Guerra conseguiu fazer uma obra prima aqui, infelizmente a captação do som nessa época no cinema nacional era muito ruim, mesmo tendo assistido a cópia restaurada ainda tem momentos ruins de entender o diálogo. Acho que o filme podia explorar muito mais coisas, mas devido as tensões da época em que foi lançado entendo a necessidade de ser curto e direto. Merece ser visto e revisto, assisti logo depois da morte de Paulo César Peréio, um dos grandes atores brasileiros e que aqui fazia sua estreia de maneira brilhante e muito competente e ainda de quebra tem uma das melhores cenas do filme. Peréio vive! Infelizmente a fome no sertão também. Até quando?
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Inside the Yellow Cocoon Shell
3.6 3Vencedor da Câmera de Ouro no Festival de Cannes. Difícil escrever sobre este filme, é um filme que você tem que sentir mais do que entender. Cheio de percepções e uma excelente fotografia. A relação do personagem principal com o sobrinho foi o que mais me cativou, acho que o ritmo cai um pouco mais para o final. O começo é meio estranho e não entendi muito bem, já que os amigos estavam no local do acidente, comentam sobre o mesmo até fazendo de que nada aconteceu com a criança, mas depois ele é notificado sobre o acidente enquanto faz massagem (o tio não reconheceu o próprio sobrinho no local?). É um bom filme que merece ser contemplado por quem curte este tipo de filme meio road movie, meio contemplativo, meio que não vai para lugar nenhum e cheio de significados escondidos.
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O Casamento de Muriel
3.8 238Indicado ao Globo de Ouro de Melhor Atriz para Toni Collette, que realmente tinha apenas 22 aninhos aqui. Achava que tinha visto este filme inteiro antes, mas devo ter visto pedaços, pois não lembrava do final. Minha irmã gostava deste filme e acho que este fato fez eu gostar mais dele, foi um pouquinho como estar com ela na sala assistindo comigo. O filme é muito bom porque sabe usar de caricaturas exageradas dos personagens para contar uma história bem simples de um jeito único. Ao mesmo tempo que se passa em meados dos anos noventa e pode ser bastante datado por isso o filme também é super atual, Muriel quer ser aceita dentro de um padrão que hoje é super-potencializado por redes sociais na internet, tenta arranjar namorado por catálogos de namoros não muito diferente de um Tinder. Tudo no filme funciona super bem hoje em 2024. Toni Collette brilha, está perfeita no papel e Rachel Griffiths (que não lembrava que estava no filme e adoro) não fica devendo nada. Um filme sobre crescimento e também sobre as pressões patriarcais do universo feminino. Obrigatório.
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Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraIndicado a Palma de Ouro e vencedor dos prêmios de Direção de Arte e da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. É um filme muito bom, mas que perde a força na sua hora final exatamente por cair no clichê de um roteiro tipicamente comercial hollywoodiano, se ele seguisse da maneira que estava até o momento maravilhoso da dança de Jeon Jong-seo eu teria gostado bem mais. E falando em Jeon Jong-seo, é ela que brilha, atuação espetacular. Não quero dar spoiler, então a única coisa que vou falar sobre a hora final do filme é que, apesar de ter ido por um lado que não gostei, ainda assim o diretor mantém o roteiro previsível com uma narrativa unicamente dentro de suas características, dentro do ritmo do filme, isto faz com que funcione bem pelo menos. Prefiro ao outro filme (Poesia) que assisti do diretor.
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O Ovo da Serpente
4.0 131Única superprodução berginiana, mas que não fez tanto sucesso no mercado estadunidense que era seu alvo principal. Ignorado também pelas premiações. Acho que o filme perde um pouco sua força exatamente por tentar ser grande, por tentar mirar outro público, parece que Bergman perdeu um pouco seu estilo para querer agradas um mercado. Chegou a cogitar dar o papel principal para David Bowie e isso seria simplesmente perfeito. Há a incongruência da polícia que aparece caracterizada com roupas e chapéus da década de 40 quando o filme se passa em 1923. É interessante, mas se arrasta pela metade e vai ganhando nossa atenção mais em seu desfecho. Me deixou meio puto o fato de terem matado o cavalo só para filmar aquela cena em que o cortam para obter carne. Achei um filme meio apático, que cresce na parte final, mas que não deixa de ser um bom filme de modo geral. Confesso que esperava mais.
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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania
2.8 519 Assista AgoraPelas reações confesso que achei que ia ser bem pior, o filme até tem seus momentos. Mas é aquilo, né? Mais do mesmo, o pasteurizado cinema americano de super heróis que não trás mais nada de novo. Há escolhas ótimas para o público infantil que funcionam, há escolhas péssimas que não funcionam também para o público infantil. Achei o roteiro meio perdido em determinados momentos, a aparição do Bill Murray, por exemplo, gera um diálogo legal, mas não leva a lugar nenhum. No fim, diverte. Longe de ser o pior filme da Marvel como disseram, Homem de Ferro 3 e até o último Thor, para mim, está abaixo desse. Uma pena a Marvel não ter mais os direitos dos Micronautas, seria o filme perfeito para colocar eles.
Bom Trabalho
3.8 76 Assista AgoraVencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim. O filme deve ser encarado como um espetáculo de dança, pois é assim que ele funciona melhor. Há cenas maravilhosas, um elenco competente e todo o paralelo do roteiro, baseado em Billy Budd de Herman Melville, funciona muito bem. O que mais me decepcionou no filme foi o mal aproveitamento do personagem Bruno Forrestier (agora comandante), interpretado novamente pelo ator Michel Subor mais de 35 anos depois dele ter vivido o papel pela primeira vez em O Pequeno Soldado dirigido por Jean-Luc Godard. Esperei pelo menos um momento de verborragia do personagem ou um diálogo mais consistente, ou mesmo algum fanservice que justificasse a presença dele no filme. Houve alguns momentos que não consegui me conectar muito à película, mas no geral foi uma experiência gratificante.
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Houve uma Vez Dois Verões
3.4 211 Assista AgoraAssisti no cinema na época do lançamento e lembro que havia gostado muito, uma época em que o cinema nacional estava retomando alguma relevância depois de anos de falta de investimento. O diretor aqui prova que não precisa de orçamento milionário para se fazer um ótimo filme. Nessa época eu estava namorando pela primeira vez e descobrindo a sexualidade, assim como os garotos no filme, lembro inclusive que este foi um dos primeiros filmes que vimos juntos no cinema. Adorei mais ainda nessa reassistida, me vi de volta no tempo, a história é tão boa e podemos analisar como pensávamos de maneira diferente. Fazia tempo que não assistia algo que me tirava um riso gostoso do rosto, que me trouxesse uma saudades não só da minha vida daquela época, mas também do mundo daquela época. A trilha sonora é maravilhosa, inclusive o poster do The Pogues no quarto do guri eu já tinha aquele CD na época, o elenco funciona tri bem. Que saudade, que saudade, que saudade...
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Dias de Ira
4.3 38 Assista AgoraQue filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.
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A Fonte das Mulheres
4.2 128Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme funciona, acho que este é um ponto principal, a atriz principal (Leïla Bekhti) tem uma presença tão forte em todo momento que aparece que digo sem dúvida nenhuma que o filme é dela, o que funciona mais é por conta dela. Agora se analisarmos friamente alguns pontos o filme vai ladeira abaixo: Um filme tipicamente que deveria ser dirigido por uma mulher, falta a compreensão do universo feminino ao diretor para o que ele quer passar. Para mim é claramente visível se compararmos este com o Colméia, por exemplo. Além disso, o fato de um europeu-judeu ser o diretor me deixou com o pé atrás com algumas caracterizações estereotipadas do povo árabe. Porque não fazer o filme em um vilarejo judeu ortodoxo? Porque tentar mostrar os homens muçulmanos como retrógrados, machistas e folgados? Trabalho com vários árabes e coisa que não posso dizer de nenhum deles é de que são folgados, são pessoas que jamais deixariam as mulheres passarem por situações como mostradas no filme. Me incomodou demais esta visão euro centrista. Até onde percebo, pois trabalho com muitos romenos também, é de que o filme poderia passar em um vilarejo na própria Romênia, nacionalidade do diretor, pois são mais machistas e rigorosos em muitos pontos que o povo árabe. Já deu essa tentativa do ocidente de tentar difamar outros povos assim.
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La Chimera
3.7 18Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Alice Rohrwacher entrega aqui, talvez, seu melhor filme (preciso rever o As Maravilhas de novo, pois faz muito tempo que vi, e amei demais também). A densidade e camadas que o filme tem são mais do que pude contar. Fala-se sobre o sagrado, sobre o passado, como também se fala do profano e do presente, mas também vislumbramos sobre a esperança que é o futuro também. Os atores estão ótimos, Carol Duarte simplesmente rouba a cena em todo momento que aparece, se já estava encantado depois do A Vida Invisível, agora estou apaixonado. O final é espetacular, diz tanto sobre quem somos, sobre o que sentimos. Difícil me expressar em palavras sobre este filme, é uma experiência que vai te atingir dependendo da sua vivência, das experiências que teve na vida. Arrebatador!
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Dor de Dente
3.0 1Muito gostoso de assistir, é outro curta realizado pelo diretor para o Instituto para Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos. Serve para educar ao mesmo tempo em que este acaba divertindo mais, você fica com dó do Mohammad-Reza ao mesmo tempo em que pensa "viu? Bem feito!". A cena em que o dentista explica sobre escovação enquanto o garotinho murmura de dor ao fundo é brilhante, chega a dar uma agonia. No Brasil temos uma cultura de cuidar mais dos dentes que países da Europa, por exemplo, a maioria dos europeus que trabalham comigo aqui tem dentes faltando. Não sei como é a maioria das pessoas no Irã, minha mulher tem essa preocupação, mas não sei se é geral, talvez o Kiarostami tenha ajudado uma geração futura com isto aqui.
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Uma História da Água
3.5 33A verdade é que achei bem meia boca, tentei gostar, mas não rolou. Truffaut é um dos meus diretores preferidos e Godard é sempre um gigante, mas aqui a união dos dois não funcionou para mim. A verborragia incessante é chata, meio pedante, é um problema que tenho com algumas obras do Godard, ele parece ter momentos que quer se mostrar demais como um intelectual erudito com ideias geniais e que só funcionam na cabeça dele. É quando o diretor deixa essas coisas de lado e pisa na realidade mais acessíveis a nós, meros mortais, que ele funciona. As cenas são lindas, a parte técnica do filme é perfeita. Quando a verborragia cessa e os personagens finalmente vão conversar é meio vergonha alheia, um diálogo bobo. Só vale a pena para quem for fã mesmo. Talvez funcione melhor no mudo.
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Jornada nas Estrelas: Voyager (7ª Temporada)
4.1 11 Assista AgoraOdeio maratonas de séries, acho que perde completamente o sentido. Comecei a assistir Voyager em 2019 e terminei agora em Abril de 2024. Foram anos acompanhando os personagens como tem que ser. Foi emocionante e não esperava que fosse tão boa, melhor que DS9. Janeway é uma das melhores capitãs de toda a franquia, foram pouquíssimas vezes que discordei dela, coisa que acontecia com frequência com o Sisko, por exemplo. Essa última temporada teve episódios ótimos. O último episódio não decepciona, apesar de que a gente fica querendo muito mais quando acaba. Mas pensando acho que foi como tinha que ser. Tom Paris foi um personagem que torcia o nariz e que cresceu muito nas últimas temporadas.
Já sinto saudades.
Ervas Secas
4.0 13Indicado a Palma de Ouro e vencedor de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Merve Dizdar que está muito bem no filme e tem os olhos exatamente iguais da minha companheira. É um filme maravilhoso, com várias camadas sobre a sociedade de um modo geral. Samet é mesquinho, egoísta, mas não é de todo sem coração: representa o produto padronizado da sociedade capitalista que o produziu. Kenan tem um coração mais puro e Nuray tenta se descobrir depois do trauma que passou. É complicado quando se tenta comparar o trabalho do diretor com o Sono de Inverno, que acho que talvez seja o melhor filme deste século, mas se deixarmos de lado as comparações o filme merece uma nota máxima. O final é lindo, faz a gente pensar em várias experiências de nossas próprias vidas, os erros e os acertos também. É o tipo de filme que eu gosto, fotografia linda, o pé na realidade e conceitos que colocam o seu cérebro para pensar em vários níveis diferentes sobre coisas diversas. Ece Bagci, que faz a aluna Sevim, também merece aplausos.
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O Mal Não Existe
3.6 13Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza e mais outros 3 prêmios fora da competição principal. Que baita filme, o início do filme contemplativo já me ganhou na hora, o resto vai fluindo muito bem. Não entendo quem diz que nada acontece no filme, discordo completamente, há tanta coisa, tantas camadas de discussões. Vemos uma sociedade pós pandêmica e isto está bem incrustado no filme, fala sobre capitalismo, sobre a importância da vida em comunidade e tantas outras coisas. O final é muito "What Tha Fuck!" e confesso que fazia muito muito tempo que um filme não me tirava da zona de conforto assim. Dos filmes que assisti do diretor, o mais badalado Dirija Meu Carro, achei o mais fraco. Parte técnica do filme é impecável, mas ainda prefiro o Roda do Destino.
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Baile das Ingratas
4.2 6Há genialidade em praticamente tudo do Bergman, mas em alguns ele extrapola, este curta é das coisas mais lindas que ele fez, com uma mensagem tão grande e importante, de uma maneira tão sutil e delicada, e sempre vou achar que o diretor funciona muito melhor com a fotografia em preto e branco. O título da música de Monteverdi em italiano é "Il Ballo Delle Ingrate", que acaba dando o tom para a tradução do título do curta para o português que difere um pouco do original que foi mantido para o inglês "Baile das Mulheres Condenadas" que talvez faça mais sentido para o que Bergman queria dizer. Maravilhoso!
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Tammy and the T-Rex
2.6 15 Assista AgoraFui assistir isso por indicação da Frances Cobain, que disse ser um dos filmes favoritos dela. Fui já preparado para a trasheira e o filme me divertiu muito mais do que eu esperava. É realmente muito bom porque não se leva a sério nem um minuto ao mesmo tempo que se mantém fingindo que se leva a sério. É tosco, mas é bom. Denise Richards está lindíssima e realmente convence quando chora abraçando o dinossauro. Hahahahahahahha, eu ri quase o filme inteiro, o cientista louco com a assistente sexy é dos clichês que não podiam faltar. Todo o clima dos anos 90 dá o toque final que precisava para esse filme existir, jamais funcionaria tão bem se fosse feito em qualquer outra época.
Walk Up
3.5 7Ignorado por festivais, achei este filme mais legal do que o badalado "O Filme da Escritora" do mesmo ano feito pelo diretor e que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Berlim. Parece que quanto menos badalado, melhor o Sang-soo funciona, pelo menos para mim. Esse filme é uma delícia de assistir: os pulos temporais, as relações se esfacelando, vícios e manias se alterando, ciclos que vão se iniciando e outros terminando. Incrível. Os diálogos extensos e corriqueiros dão o tom certo e funcionam melhor do que em vários dos seus outros filmes. Estava com medo de que a fórmula do diretor estivesse se desgastando, mas para mim, aqui ele prova o contrário. Um diretor que tenho tentado assistir mais filmes e não tenho me arrependido.
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Assim que Abro meus Olhos
3.7 16Vencedor de um prêmio fora das competições principais no Festival de Veneza. O filme me surpreendeu muito positivamente, achei lindo demais em tudo. Baya Medhaffar é uma baita atriz, tanto cantando quanto interpretando. Filme com uma das melhores trilhas sonoras que já ouvi na vida, pena que a banda fictícia não gravou mais músicas para o soundtrack do filme. Tem pais que realmente não deveriam ter filhos porque não tem a mínima ideia do que estão fazendo, as atitudes da mãe me irritaram demais mesmo a personagem crescendo muito durante o passar da película. Em pensar que a Revolução de Jasmim alterou completamente a vida naquele país no ano seguinte e conseguiu manter depois, com o partido de esquerda, a garantia de estado laico em um país predominantemente muçulmano, que vem garantindo cada vez mais direitos para as mulheres. Tunísia é um exemplo para todo o mundo árabe. Amei!
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O Pequeno Soldado
3.8 57O filme é tão intenso no que denunciava na época que foi censurado pela França só sendo lançado um par de anos depois. O filme é incrível, o personagem é grotesco em vários sentidos: egoísta, babaca, narcisista, chato (enfim, todas as qualidades básicas de um filiado de um partido de direita). Anna Karina está deslumbrante, cativa do momento que aparece ao último minuto em cena, fácil perder uma aposta em não se apaixonar. O último diálogo no apartamento dela entre os protagonistas é maravilhoso, mostra bem o que ambos defendem e de que lado estão (ele está do lado dele mesmo). O filme é intrincado, mas é genial.
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