Jean de Santana

Tem uma maneira muito interessante de colocar a gente de um ponto de vista externo a situação, que está chegando agora. Quase como se estivéssemos no lugar do Wilson, que vem de fora e não tem agência, é apenas submisso. Fica evidente o quanto somos bode expiatório para narrativa quando vaza algumas informações extras pelo ponto de vista da Silvia, mostrando que o Marcos não morreu, por exemplo, percebemos que falta informação para entender o todo que acontece ali. E olhando o próprio Wilson em comparação a gente, somos seduzidos e submissos ao personagem com mais poder o tempo inteiro, no começo o Marcos, depois a Silvia que simula ser mais poderosa que o próprio Marcos. Destaque para a construção do momento catártico mostrando o envolvimento das figuras importantes da cidade num processo para matar a Jandira, que não mais compactuava com o tráfico de drogas, e colocar a culpa toda em um laranja só pra tudo continuar como sempre foi, e dessa vez podendo vender o produto mais barato já que tem uma pessoa a menos pra pagar.

O jeito como sugere muito sobre os personagens no início mas não os desenvolve me capturou muito. De certa maneira gera uma confusão interessante pra construir um protagonista na história.

Achei um bom filme justificando uma guerra defensiva em contraponto a uma guerra de colonização da qual o personagem vem. Mostra que um certo niilismo do personagem vem daqueles própositos colocados na sociedade dele que não fazem muito sentido pra quem ele é/ou representa.